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É o direito de requerer antes de formada a coisa


julgada, em uma relação processual em curso, a reforma, invalidação ou
esclarecimento de uma decisão judicial.
FUNDAMENTOS DO DIREITO DE RECORRER: A doutrina costuma mencionar que os
fundamentos filosóficos do direito de recorrer encontram sua sede no
inconformismo e na falibilidade do ser humano, assim como na possibilidade de
abuso de poder.
Vejamos:
a). Inconformismo humano: aquele que é vencido em uma demanda tende a não
aceitar aquela decisão como definitiva, logo a possibilidade de ter uma outra
chance de obter uma nova manifestação aquieta o espírito humano.
b). Falibilidade humana: é sempre possível que erros sejam co metidos no
julgamento de qualquer questão, posto que não há uma máquina de julgar e toda
decisão é tomada por pessoas que estão sujeitas a cometerem erros, log o a
possibilidade de reapreciação da questão também diminui a possibilidade de
equívocos serem perpetuados.
c). Abuso de poder: é sempre possível que a decisão prejudicial à parte tenha
sido fruto de dolo do seu julgador, de intenção deliberada de prejudic ar, logo a
possibilidade de revisão por outro órgão julgador mantém a higidez do sistema,
zelando por sua correição.

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a). duplo grau de jurisdição: consiste no direito da parte vencida ou prejudicada


obter do órgão jurisdicional uma nova apreciação da questão decidida. É princípio
constitucional implícito tendo em visa a previsão de órgãos de primeira e segunda
instância na Justiça brasileira.
b). taxatividade: consiste no fato de que a existência de um recurso está
vinculada a sua previsão expressa pelo sistema. As partes não podem se valer de
recursos ´implícitosµ e que não estejam literalmente previstos em lei.
c). unirrecorribilidade ou singularidade: para cada hipótese processual existe
apenas um recurso cabível, não sendo possível a utilização de mais de um recurso
contra a mesma decisão, com o mesmo objetivo, simultaneamente.
d). adequação: o recurso manejado pela parte deve ser o recurso indicado pelo
ordenamento jurídico.
e). fungibilidade: na hipótese de erro escusável sobre qual seria o recurso
adequado, e desde que o prazo do recurso certo ainda não tenha se expirado é
possível que o julgador receba o recurso inadequado como se fora o recurso
certo, tendo em vista a inexistência de prejuízo na hipótese.
f). vedação à ´reformatio in pejusµ: quando apenas uma das partes recorre de
uma decisão interlocutória ou sentença, o julgamento do recurso não pode
prejudicar o recorrente no sentido de colocá-lo em situação de desvantagem em
relação ao estado anterior.

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a). recursos de reforma: são aqueles que buscam a mudança do mérito da decisão
proferida anteriormente. Exemplo: a sentença julgou improcedente o pedido,
pela apelação se pretende a procedência do pedido.
b). recursos de invalidação: são aqueles que buscam a nulidade da decisão
anterior tendo em vista a existência de um vício formal.
c). recursos de esclarecimento: são aqueles em que se busca o sentido da decisão
anteriormente proferida, seja porque esta foi omissa, ambígua ou obscura.

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a). devolutivos: são aqueles em que a matéria é entregue para reexame a um


órgão jurisdicional diverso do prolator da decisão atacada. Exemplo: apelação.
b). não devolutivos: são aqueles em que a matéria será revista pelo próprio órgão
prolator da decisão. Exemplo: embargos de declaração.
c). mistos: são aqueles em que o órgão prolator tem a oportunidade de
reexaminar a matéria, entretanto não havendo mudanças, esta será encaminhada
para julgamento por outro órgão. Exemplo: no recurso de agravo onde é possível
a retratação do juiz prolator da decisão, o que não ocorrendo acarretará o exame
pelo Tribunal em segunda instância.

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a). suspensivo: o recurso impede que a decisão recorrida seja executada.


Exemplo: a apelação em uma ação de indenização por danos morais, em que o
vencido não será obrigado a cumprir a sentença enquanto estiver pendente o
julgamento da apelação (artigo 497, CPC).
b). não suspensivo: o recurso permite que a decisão recorrida seja executada.
Exemplo: recurso especial ao STJ.

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No sistema processual brasileiro, apenas as decisões interlocutórias, as sentenças
e acórdãos são atos judiciais recorríveis.
Vejamos:
a). decisões interlocutórias: atos judiciais em que o magistrado examina um
pedido ou questão incidente, sem que este exame acarrete a extinção do
processo.
b). sentenças: ato judicial de juízo monocrático que causam a extinção do
processo, seja com resolução do mérito (artigo 269, CPC) ou ainda sem a
resolução do mérito (artigo 267, CPC).
c). acórdão: ato judicial de juízo colegiado, que julga recurso ou ação originária
de segunda instância.
Ressalvamos que nosso Código de Processo Civil, expressamente, em seu artigo
504, estabeleceu que dos despachos não cabe recurso, assim considerados os atos
judiciais que apenas dão andamento ao processo, sem conte údo decisório e sem
qualquer potencial lesivo às partes.

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a). juízo de admissibilidade (conhecimento/recebimento ou não): consiste na


análise de requisitos formais, sem os quais o órgão julgador está impedido de
apreciar o mérito do recurso. Exemplo: a tempestividade do recurso é uma
análise que pertence ao juízo de admissibilidade dos recursos, portanto, diz -se
que um recurso intempestivo sequer é ´conhecidoµ ou ´recebidoµ.
O juízo de admissibilidade em alguns recursos pode será re alizado por duas vezes,
posto que é procedido pelo órgão jurisdicional que recebe o recurso e
posteriormente renovado pelo órgão julgador.
b). juízo de mérito (provimento ou não): consiste na análise das razões recursais,
ou seja, nos motivos do inconformi smo do recorrente, ou seja, os fundamentos
apontados para reforma, anulação ou esclarecimento. Exemplo: quando tais
fundamentos não são suficientes para que o recorrente atinja seus objetivos, diz -
se que foi negado provimento ao recurso.
       
Pressupostos de
admissibilidade dos recursos são os requisitos a serem cumpridos pelo recorrente,
a fim de que sua petição de recurso seja recebida para posterior exame de
mérito junto ao órgão julgador.
SUBJETIVOS:
Pressupostos subjetivos são aqueles que dizem respeito às partes na relação
processual.
a). interesse: é necessário que a parte recorrente demonstre a necessidade e
utilidade do recurso manejado, posto que assim demonstrará o seu interesse
jurídico em recorrer.
a-1)recurso contra motivação: como regra, não é admissível o recurso manejado
exclusivamente para alterar a fundamentação da sentença, até mesmo porque a
motivação não faz coisa julgada (artigo 469, I, CPC).O recurso só será admissível
caso esta motivação tenha sido objeto de uma declaração incidental(art 470,
CPC).
a-2) necessidade de sucumbência: a sucumbência, ou seja, a derrota do
recorrente em algum aspecto da sentença, demonstra o seu interesse de
recorrer, haja vista ter auferido um prejuízo, ainda que este exista em alguma
questão acessória, como por exemplo, honorários, custas, etc...
b). legitimidade: a legitimidade diz respeito a pertinência entre a figura do
recorrente e o sujeito que sofreu alguma espécie de prejuízo no ato judicial
contra o qual se recorre. Dessa forma podem recorrer as partes, o terceiro
interessado e o membro do Ministério Público, nas ações onde sua intervenção
seja obrigatória, caso o interesse que deve proteger esteja sendo de alguma fora
lesado.
OBJETIVOS: Pressupostos objetivos são aqueles que dizem respeito ao ato judicial
contra o qual se recorre.
a). recorribilidade: como outrora já dito, apenas as sentenças e as decisões
interlocutórias são recorríveis, os despachos não o são (artigo 504, CPC).
Caso ocorra dúvida quanto ao enq uadramento de um ato jurisdicional, podemos
levar em conta a sua repercussão no interesse da parte, pois havendo prejuízo
estamos sempre tratando de decisão interlocutória e não de mero despacho, pois
estes conceitualmente não podem acarretar danos.
b). tempestividade: todos os recursos possuem prazos estabelecidos na lei, sendo
sua observância obrigatória (artigos 508 combinado com 522 e 536, CPC).
Assim a apelação deve ser interposta em 15 dias (artigo 508, CPC), o agravo em
10 dias (artigo 522, CPC), os embargos de declaração em 5 dias (artigo 536, CPC),
os embargos infringentes, o recurso ordinário, o recurso especial, o
extraordinário e os embargos de divergência em 15 dias (artigo 508, CPC).
Lembramos que há hipóteses em que os prazos devem ser contado s em dobro,
como ocorre no LITISCONSÓRCIO, quando os litisconsortes estão assistidos por
patronos distintos (artigo 191, CPC), bem como na hipótese da Fazenda Pública e
Ministério Público (artigo 188, CPC) e para a Defensoria Pública (Lei no.1060/50).
Os prazos recursais serão contados na forma do artigo 184, do CPC, ou seja,
exclui-se o primeiro dia, conta -se sempre a partir de dia útil e termina -se a
contagem também em dia útil, entretanto o termo inicial poderá ser o da leitura
da sentença, se esta foi p roferida em audiência (artigo 506, I, CPC), a intimação
das partes (artigo 506, II, CPC), se esta não ocorreu em audiência ou ainda da
publicação do dispositivo do acórdão no órgão oficial (artigo 506, III, CPC).
Lembramos ainda que se durante o prazo recu rsal ocorrer o falecimento da parte
ou do advogado, ou ocorrer motivo de força maior, que suspenda nos termos da
legislação o processo, ocorrerá a restituição do prazo a parte recorrente, sempre
após intimação para tanto (artigo 507, combinado com 182, 183 e 265, do Código
de Processo Civil).
c). adequação (o recurso ´certoµ): é fundamental que a parte recorrente se
utilize do recurso correto para cada situação, exigindo -se perícia do advogado
para aplicar o ordenamento jurídico da forma correta. Assim, por exemplo, em
havendo uma decisão interlocutória que negue um pedido de chamamento ao
processo, sabe-se que o recurso adequado será o de agravo (artigo 522, CPC),
desse modo, o advogado não pode utilizar o recurso de apelação, posto que
inadequado à situaçã o.
d). preparo: alguns recursos exigem que a parte recorrente recolha aos cofres
públicos custas específicas para essa situação às quais a lei chama de ´preparoµ
do recurso. O Ministério Público, a União, os Estados, os Municípios e suas
autarquias são isentos legalmente de preparo (artigo 511, §1º, CPC). Além do
preparo há recursos que exigem também o recolhimento de um porte de remessa
e retorno, que seria valor correspondente ao envio dos autos ao órgão julgador do
recurso, bem como seu posterior retorno.
O preparo deve ser recolhido integralmente, entretanto se for recolhido a menor,
o recorrente deve ser intimado a complementá -lo, circunstância em que se não o
fizer em 5 (cinco) dias, será julgado DESERTO, ou seja, NÃO SERÁ RECEBIDO
(artigo 511, §2º, CPC).
A DESERÇÃO do recurso é penalidade que deve desde logo ser aplicada pelo órgão
jurisdicional a exercitar em primeiro plano o juízo de admissibilidade. Assim
sendo na hipótese de apelação, em que há juízo de admissibilidade feito em
primeira instância, o próprio juiz declarará o recurso deserto e com isso impedirá
que os autos sejam remetidos ao Tribunal, salvo se a parte agravar dessa decisão,
a fim de que o recurso suba ao Tribunal.
e). forma (regularidade e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito a
recorrer): o respeito a forma prevista em lei é também requisito de
admissibilidade do recurso na medida em que a legislação aplicável a exija.
Assim, o recurso de apelação só possui a forma escrita, não sendo admissível sua
interposição oral, ainda que a sentença assim o seja.
Neste tópico também analisamos a regularidade formal do recurso pela
inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer.
e-1). Fatos Impeditivos ou Extintivos do Direito de Recorrer:
a). desistência: ato através do qual o recorrente, após a interposição do recurso,
manifesta-se no sentido de que não pretende o julgamento do recurso (artigo
501, CPC).
b). renúncia: ato através do qual antes de recorrer, a parte prejudicada, que
teria em tese legitimidade para recorrer, manifesta o seu desinteresse em fazê -
lo. Esse desinteresse pode ser manifestado expressa ou tacitamente.
b-1). Expressa: quando por petição a parte renúncia ao direito de recorrer. Se
ambas renunciarem ao recurso, o que é comum em acordos , o trânsito em
julgado ocorrerá antecipadamente.
b-2). Tácita: quando a parte pratica algum ato que logicamente está em oposição
ao interesse de recorrer, dando causa a preclusão lógica. Exemplo: a parte ao
tomar ciência da sentença que lhe foi desfavoráv el cumpre a ordem judicial sem
ressalvas (artigo 503, parágrafo único, CPC).

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É o instituto jurídico criado exclusivamente para as hipóteses de sucumbência


recíproca, nos casos em que uma das apertes, tendo se conformad o com a
sentença, acredita ser esta também a conduta da parte contraria, mas é
surpreendida por um recurso de seu adversário.
Para evitar tal situação o legislador facultou ao surpreendido a possibilidade do
recurso adesivo.
a). Conceito: é o recurso inter posto no prazo de resposta, quando a parte
contrária recorreu, sendo por isso, denominado de adesivo, ficando subordinado
ao recurso principal, assim considerado o da parte contrária.
b). Prazo (artigo 500, I, CPC): o prazo é aquele que a parte dispõe para responder
ao recurso.
c). Admissibilidade: o recurso adesivo só é permitido para as hipóteses de
apelação, embargos infringentes, recurso extraordinário e recurso especial
(artigo 500, II, CPC).
c). Em reexame necessário: se a hipótese é exclusivamente de reexame
necessário, não tendo havido recurso voluntário, não há espaço para a
interposição de recurso adesivo, tendo em vista que este exige que a outra parte
tenha manifestado o interesse de recorrer, o que não há no reexame necessário
(artigo 475, CPC) que decorre da letra da lei e não da vontade do Poder Público.
d). Acessoriedade: consiste no fato de que se o recurso principal não for admitido
ou se houver desistência deste, ou mesmo deserção, o recurso adesivo estará
prejudicado, segundo o destino do principal (art.500, III, CPC).
e). Preparo: o recorrente adesivo pode efetuar o preparo a fim de evitar a
deserção do recurso principal.
f). Julgamento: os dois recursos, principal e adesivo, serão julgados em conjunto,
na mesma sessão de julgamento, haven do possibilidade de conceder provimento
ao recurso principal e negar ao recurso adesivo, vice -versa, conceder provimento
a ambos, ou ainda negar provimento a ambos, entendendo que a sentença em
nada deva ser modificada.

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Em segunda instância, a regra é a de que só o colegiado fará o julgamento do


recurso, sendo necessário, no mínimo três magistrados para que seja proferida
decisão.
Dentre esses três magistrados, um deles será designado como Relator do recurso
e terá por função elaborar o relatório dos autos, assim como decidir questões
urgentes, sendo também o primeiro a proferir o voto.
Por exceção o RELATOR PODERÁ JULGAR sozinho, quando (artigo 557, CPC):
A). Recurso seja manifestamente inadmissível: hipótese em que a parte
recorrente não cumpriu os pressupostos de admissibilidade do recurso e por isso
este não deve ser sequer recebido para exame. Exemplo: recurso para o qual não
houve preparo ou recurso intempestivo.
B). Recurso manifestamente improcedente: hipótese em que o fundamento do
recurso é evidentemente improcedente, tendo em vista o ordenamento jurídico
em vigor. Exemplo: apelação em que o recorrente argumenta apenas não caber
indenização por danos morais em face de pessoa jurídica.
C). Dar provimento imediato ao recurso para reformar ou anular a decisão
recorrida se é contrária a Súmula ou jurisprudência dominante no STF ou outro
Tribunal Superior.
Das decisões proferidas pelo Relator caberá RECURSO DE AGRAVO para o
colegiado em 5 (cinco) dias, mas se o rec urso for considerado procrastinatório o
Tribunal condenará o recorrente em multa de 1%(um por cento) a 10% (dez por
cento) do valor da causa, condicionado qualquer outro recurso ao pagamento
desta.
Em qualquer caso, entendendo haver urgência, o Relator pod erá atribuir-lhe
efeito suspensivo, caso o recurso não o tenha por disposição legal (art.558, CPC).

  

(artigo 513 a 521)


É o recurso cabível conta sentença, a fim de obter sua reforma total, parcial ou
ainda sua anulação, conforme autoriza o ar tigo 505 combinado com o artigo 513,
do Código de Processo Civil.
È indiferente se a sentença é terminativa (artigo 267, do CPC) ou definitiva
(artigo 269, CPC), se é proferida em processo contencioso ou de jurisdição
voluntária, se o processo é de conheci mento cautelar ou execução.
Na atual sistemática do processo civil brasileiro não existem mais as chamadas
´causas de alçadaµ, ou seja, recursos condicionados ao valor da causa,
atualmente, qualquer que seja este valor caberá apelação.

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A apelação terá sempre a forma escrita, não existindo na legislação a previsão de


interposição oral ou por quota nos autos, razão pela qual deve ser elaborada uma
petição.
Esta petição deve conter, como requisitos mínimos:
I ² nome e qualificação das partes
II ² os fundamentos de fato e de direito;
III ² pedido de nova decisão
PRAZO: é de 15 (quinze) dias, conforme determina o artigo 508, CPC. Este prazo
vence em cartório, razão pela qual não será suficiente a existência de despac ho
do juiz, sendo fundamental que haja o protocolo em cartório naquele prazo.
DOCUMENTOS: em regra só se permite a juntada de documentos, se disserem
respeito a questões de fato novas, não suscitadas pela parte em razão de força
maior, conforme autoriza o artigo 517, CPC.
Esta regra também se excepciona na hipótese de terceiro recorrente, o qual
poderá juntar documentos, posto que não teve oportunidade de fazê -lo
anteriormente.
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A) DEVOLUTIVO: aptidão de a apelação fazer com que o Tr ibunal reexamine todas
e quaisquer matérias de fato e de direito, suscitadas em primeira instância pelas
partes, desde que a parte recorrente suscite essa questão em recurso.
É o chamado princípio ´tantum devolutum quantum apelatumµ.
São consideradas como exceção a esses princípios os seguintes dispositivos legais:
O artigo 515 seu §1°.
Esclarece que dentro do âmbito da devolução, o Tribunal examinará livremente
todas as questões de fato suscitadas e discutidas, ainda que o juiz não tenha se
manifestado sobre elas na sentença (exemplo: em uma ação de indenização em
que se pediu danos materiais e danos morais, se o juiz concluir que o fato lesivo
não ocorreu, sequer apurará a natureza dos danos, mas em apelação o Tribunal
poderá examinar tal questão por ter s ido suscitada e discutida pelas partes, em
primeira instância).
O artigo 515, em seu §2°: Determina que, se houve mais de um fundamento para
a pretensão ou defesa, e o juiz não os examinou, todos os demais serão
devolvidos ao Tribunal para reexame (exemplo : na inicial o autor requer a
procedência de uma ação rescisória de contrato por nulidade de várias cláusulas,
o juiz julga procedente com fundamento na nulidade de uma das cláusulas, o réu
apela alegando a improcedência daquele fundamento, o Tribunal pode rá
examinar os demais, ainda que a outra parte não tenha recorrido).
A devolução também ocorrerá em relação a questões anteriores à sentença e não
decididas por esta, embora discutidas nos autos.
O artigo 516:Refere-se a questões processuais, pois as quest ões de méritos não
decididas ou sequer discutidas (como no caso da sentença ´citra petitaµ), não
poderão ser decididas pelo Tribunal para que não ocorra supressão de instância.
Nesse caso o que o Tribunal fará é invalidar a sentença, para que nova seja
proferida, sem a omissão.
Atualmente, em virtude da Lei nº11.276/06 que reformou parcialmente o Código
de Processo Civil, caso o Tribunal constate a existência de qualquer nulidade
sanável, determinará em segunda instância a correção do ato processual,
intimando as partes para tanto, e uma vez cumprida a diligência poderá
prosseguir o julgamento do recurso. Se houve em primeira instância sentença
terminativa, como por exemplo, uma sentença de carência de ação por
ilegitimidade de parte, o Tribunal poderá não a penas anular a sentença
equivocada, mas sucessivamente, assumir o julgamento do mérito da demanda,
desde que:
a). a questão seja apenas de direito: ou seja não existem fatos a apurar, pois o
Tribunal não discute fatos, não havendo possibilidade de audiênci a de instrução
em segunda instância. Ex.: a demanda discute apenas a legalidade de uma
cláusula contratual.
b). a lide deve estar em condições de imediato julgamento: ou seja, o
contraditório já deve ter sido exercitado, estando o processo em sua fase fina l.
Quanto a novas questões de fato, o Tribunal somente poderá examiná -las e a
respeito delas decidir, se o apelante provar que não as suscitou em primeira
instância por motivo de força maior (artigo 517, CPC), já que quaisquer questões
de fato devem se submeter ao princípio do duplo grau de jurisdição.
Vedação da ´reformatio in pejusµ: princípio doutrinário recursal, segundo o qual,
o Tribunal, quando só uma das partes apelou, está proibido de decidir de modo a
piorar a situação do apelante. Exemplo: se fui condenada em uma ação de
indenizar a pagar R$ 30.000,00, para o autor, e só eu apelei, o Tribunal não
poderá reformar a sentença para aumentar a condenação, assim se entender que
não procedem as razões do meu recurso, deverá apenas não provê -lo, deixando
no mais inalterada a sentença.
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em regra a apelação suspende os efeitos da sentença,
impedindo o seu cumprimento.
Há exceções a essa regra, as quais estão dispostas no artigo 520, do CPC, ou seja,
hipóteses em que será possível a execução pr ovisória da sentença, mediante
extração de ´carta de sentençaµ, são elas:
I ² homologar a divisão ou demarcação;
II ² condenar à prestação de alimento;
III ² decidir o processo cautelar;
IV ² rejeitar liminarmente embargos à execução ou julga -los improcedentes;
V ² julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem.
VI ² confirmar a antecipação dos efeitos da tutela.
O artigo 1184, do CPC, acrescenta ainda a esse rol, a hipótese de sentença que
decreta a interdição, que uma vez registrada terá efeito i mediato.
Em qualquer caso, ou seja, mesmo nas hipóteses descritas acima, poderá o
relator do recurso, em entendendo necessário, e em caráter excepcional,
determinar que a apelação seja recebida, também em efeito suspensivo (artigo
558, parágrafo único, CPC ).
II). PROCEDIMENTO DA APELAÇÃO
PRAZO: conforme já ressaltamos em outras oportunidades, o prazo para apelação
é de 15 (quinze) dias, contados a partir da ciência da sentença
PETIÇÃO DA APELAÇÃO = RAZÕES DA APELAÇÃO
A petição da apelação é dirigida ao juíz o ´a quoµ, ou seja o juiz de primeira
instância que prolatou a sentença que se quer reformar ou anular, nela o
apelante, devidamente qualificado, apresenta se recurso e requer o
encaminhamento de suas ´razõesµ ao juízo ´ad quemµ, ou seja, ao Tribunal que
irá julgar a apelação.
Em sendo previsto preparo, o apelante também deve consignar que junta a sua
petição as respectivas guias comprobatórias (artigo 511, ´caputµ, CPC). O
legislador oportunizou ao recorrente a possibilidade de suprir deficiência de
preparo, para a qual deverá ser intimado (artigo 511, §2°, CPC), ou ainda, na
hipótese de apelação, caso alegue e prove justo impedimento para o preparo, o
perdão da pena de deserção (artigo 519, CPC) e fixação de novo prazo para
efetuar o preparo, decisão cuja legitimidade será reavaliada pelo Tribunal.
As ´razões de apelaçãoµ são dirigidas ao Tribunal, onde devem constar
obrigatoriamente, os fundamentos de fatos e de direito do recurso, bem como o
pedido de nova decisão.
c   (artigo 518. ´caputµ,CPC):
Ao receber a apelação e verificar a presença dos requisitos de admissibilidade do
recurso o juízo ´a quoµ, declara que a ´a recebeµ, consignando ainda os efeitos
em que o faz, ou seja, se recebe a apelação em ´ambos efeitosµ (devolutivo e
suspensivo), ou se apenas em seu devolutivo (nas exceções legais do artigo 520,
CPC).
Entende-se que, se em seu despacho, o juiz omite os efeitos da apelação, é
porque o recebeu em ambos, já que esta é a regra geral.
A última reforma processual autorizou o magis trado de primeira instância a não
receber o recurso também nas hipóteses em que entenda que a sentença está
fundamentada em Súmula do STJ ou do STF (artigo 518, §1º, CPC).
Caso o juiz de primeira instância entenda não estarem presentes os requisitos de
admissibilidade do recurso, não o receberá, negando -lhe seguimento, o que
caracteriza decisão interlocutória, passível de agravo de instrumento.
Se ao contrário, entender presentes os requisitos de admissibilidade, no mesmo
despacho em que recebe o recurso de clarando os efeitos em que o faz, o juiz
dará vistas ao apelado para apresentar suas ´contra razõesµ, para as quais terá o
prazo de 15 (quinze) dias, a contar da intimação.


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Igualmente a petição de contra -razões é dirigida ao juiz, onde se p ode o reexame


dos requisitos de admissibilidade, caso haja algum não preenchido pelo apelante,
e também o encaminhamento de contra -razões ao Tribunal.
Nas ´contra-razõesµ, o apelado apontando os fundamentos de fato e de direito,
deve requerer ao Tribunal q ue mantenha a sentença impugnada pela outra parte.
Ou em sendo também sucumbente, poderá nesse prazo, apresentar recurso
adesivo, que já estudamos anteriormente.

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Após o
oferecimento das contra-razões ao juiz de primeira instância, com fundamento
na resposta do recorrido, poderá reavaliar os requisitos de admissibilidade do
recurso, no prazo de 5 (cinco) dias, e entendendo não estarem presentes negará
seguimento ao recurso, decisão interlocutó ria que será passível de agravo do
instrumento.

ENCAMINHAMENTO AO TRIBUNAL:Vindo aos autos as ´contra -razõesµ, o juiz


determinará que os autos sejam encaminhados ao Tribunal.
NO TRIBUNAL Chegando ao Tribunal os autos ser protocolados, verificando -se
numeração de folhas e encaminhando -os à distribuição (artigo 547, CPC).
A distribuição será feita de conformidade com o Regimento Interno de cada
Tribunal, entretanto esta deverá ser publicada, alternada e por sorteio (artigo
548, CPC), para que não haja o risc o de haver ´escolhaµ de relatores.
Na distribuição ficará determinado o magistrado que funcionará como Relator da
Apelação no Tribunal.
Em 48 (quarenta e oito) horas os autos deverão estar nas mãos do Relator, que os
estudará dando seu ´vistoµ e remetendo -o de volta com o seu ´relatórioµ, que é
uma síntese do ocorrido nos autos, bem como dos pontos sobre os quais incide a
apelação (artigo 549, CPC).
Um bom relatório é importante para que os demais membros da Turma ou
Câmara vislumbrem claramente o campo de incidência do recurso, ou seja, o
âmbito de sua devolução.
Recebendo os autos, a secretaria os encaminhará ao Revisor, que também os
estudará, porá o seu ´vistoµ e pedirá data de julgamento.
Em ações de procedimento sumário, nas de despejo e no caso de ind eferimento
liminar da inicial não haverá revisor, tendo em vista o princípio da celebridade e
economia processual (artigo 551, §3°, CPC), bem como o prazo de julgamento
será de 40 (quarenta) dias (artigo 550, CPC).
Após, os autos serão remetidos ao Preside nte do Tribunal, da Câmara ou Turma
(conforme Regimento Interno), e este designará data para a sessão de julgamento
da apelação, que será publicada em pauta própria, junto ao diário oficial,
observando-se que dentre a publicação e a sessão de julgamento de ve haver o
intervalo mínimo de 48 (quarenta e oito) horas (artigo 552, §1°, CPC), para que
as partes em desejando, preparem -se pra sustentação oral.
Na data do julgamento, a turma julgadora da apelação será composta por três
juízes: o relator, o revisor e um terceiro juiz (quem em alguns regimentos é
chamado de vogal).
No horário designado, o relator exporá a causa e após, o presidente dará a
palavra para o apelante e o apelado, pelo prazo de 15 (quinze) minutos para cada
um, a fim de que sustentem as razõe s e contra-razões do recurso. Em havendo
litisconsórcio, o prazo será contado em dobro (artigo 191, CPC), dividindo -se
entre os advogados que desejarem fazer a sustentação oral.
A seguir, se procederá ao julgamento.
Se quaisquer dos magistrados não se sent irem habilitados a proferir de imediato o
seu respectivo voto, poderão pedir vista dos autos, devendo devolvê -lo no prazo
de 10 (dez) dias, contados da data em que o recebeu, e o julgamento prosseguirá
na primeira sessão ordinária subseqüente à devolução, dispensada nova
publicação de pauta (artigo 555, §2º, CPC com redação determinada pela Lei
nº11.280/06).
Caso o magistrado não devolva os autos no prazo legal, nem solicite a
prorrogação de prazo, o presidente do órgão julgador requisitará o processo e
reabrirá o julgamento na sessão ordinária subseqüente, com publicação em pauta
(artigo 555, §3º, CPC com redação determinada pela Lei nº11.280/06), tudo em
nome da celeridade processual.
O julgamento apreciará as matérias na seguinte ordem:
a). agravos retidos: se existirem e se as partes requereram o seu exame na
petição da apelação ou contra -razões;
b). questões preliminares;
c). o mérito da apelação.
Proferidos os votos pelo relator, revisor e pelo terceiro juiz, nessa ordem, o
presidente anunciará o result ado do julgamento, designado a redação do acórdão
pelo relator, ou sendo este vencido, pelo primeiro magistrado que tenha
prolatado o voto vencedor (artigo 556, CPC).
Atualmente, os votos, acórdãos e demais atos processuais podem ser registrados
em arquivo eletrônico inviolável e assinados eletronicamente, na forma da lei,
devendo ser impressos para juntada aos autos do processo quando este não for
eletrônico (artigo 556, parágrafo único, acrescentado pela Lei nº11.419/06).
A ementa do acórdão será publicad a em 10 (dez) dias, no Diário Oficial (artigo
564, CPC).
É preciso lembrar que o artigo 557, do CPC, atribuiu ao Relator do recurso a
possibilidade de NEGAR SEGUIMENTO AO RECURSO quando:
a) Manifestamente inadmissível: circunstância em que é clara a ausênc ia de um
dos requisitos de admissibilidade. Ex: apelação intempestiva.
b) Manifestadamente improcedente: quando pela própria petição do recurso for
possível perceber que suas razões não são acolhíveis.
c) Recurso prejudicado: aquele que perdeu o objeto. Ex : ocorreu desistência do
recurso, renuncia ao direito, etc.
d) Em confronto com súmula ou jurisprudência dominante do tribunal, STF ou de
Tribunais Superiores.
Em sentido oposto o legislador admitiu que o Relator dê provimento imediato ao
recurso quando a decisão recorrida estiver em confronto com Súmula ou
jurisprudência dominante do STF ou dos Tribunais Superiores (artigo 557, §1º -A,
CPC).
Da decisão do Relator, caberá agravo ao órgão interno do Tribunal, competente
para julgar o recurso, no prazo de 5 (c inco) dias, e caso o Relator não se retrate o
processo será apresentado em mesa para julgamento, se provido o agravo
interno, o recurso terá seguimento normal (artigo 557, §1º, CPC).
Caso este agravo interno seja manifestamente inadmissível ou infundado, o
tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre 1% (um por
cento) e 10% (dez por cento) do valor da causa corrigido, ficando a interposição
de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor (artigo
557, §2º, CPC).

   

O agravo é o recurso cabível contra decisões interlocutórias, que são atos


jurisdicionais que solucionam incidentes no curso do processo, sem extingui -lo.
O agravo pode ser processado sob duas formas:
a). RETIDO: quando a parte manifesta diretamente ao juiz de primeira instância o
recurso, declarando seu desejo de que o mesmo permaneça nos autos, para que
em havendo sentença que lhe seja desfavorável, o Tribunal, em apelação,
preliminarmente conheça e jul gue o agravo.
No agravo retido, o recorrente deverá requerer expressamente que o tribunal o
examine, sob pena de não ser o mesmo conhecido em segunda instância sem essa
formalidade (artigo 523,§1°,CPC), assim como quando apelar deve reiterar esse
requerimento .
O agravo retido passou a ser a regra no processo civil, conforme se lê do artigo
522, ´caputµ, primeira parte, onde se verifica que apenas na hipótese de risco de
lesão grave ou de difícil reparação ou ainda no que se refere ao recebimento da
apelação, é que o recorrente pode manejá -lo de outra forma.
É evidente que a mudança legislativa (operada pela Lei nº11.287/05) foi
determinada pela necessidade de desafogar os Tribunais, já bastante
assoberbados.
Na hipótese do recorrente utilizar -se do agravo de instrumento, contrariando a
regra processual, o Relator do recurso no Tribunal, o converterá em agravo retido
e o remeterá ao juízo de primeira instância (artigo 527, II, CPC).
Nas decisões proferidas em audiência de instrução e julgamento, mesmo antes d a
reforma processual, o agravo é sempre interposto na forma retida, sendo
indiferente o teor da decisão (artigo523, §4°, CPC).
A petição do agravo retido deve conter os mesmos requisitos da petição de
agravo de instrumento, conforme determina o artigo 524, do CPC, ou seja,
exposições do fato e do direito, razoes do pedido e de reforma da decisão, nome
e endereço completo dos advogados; tais requisitos só serão dispensados no
agravo retido interposto em audiência, quando então o será feito oral e
imediatamente, devendo constar do respectivo termo, de forma sucinta,
bastando a apresentação das razões pelas quais se pede nova decisão (artigo 523,
§3°, CPC).
Se antes de transcorrido o prazo para agravar for prolatada sentença, as matérias
impugnáveis por via de agravo, poderão ser impugnadas em apelação, desde que
não tenha ocorrido preclusão.
Recebendo o agravo retido o juiz mandará intimar o agravado para se manifestar
em 10 dias, e vindo sua resposta, o juiz poderá se retratar ou não (art 523 §2°,
CPC).
Devemos observar que a possibilidade de retratação do juiz no agravo é uma das
exceções expressas à preclusão ´pro iudicatoµ, consistente na impossibilidade do
magistrado alterar suas próprias decisões (artigo 471, II, CPC).
b). DE INSTRUMENTO: é o agravo dirigido diretamente ao Tribunal, sendo
denominado de ´instrumentoµ o procedimento de autuação própria e
independente em que constarão as razões e contra -razões do agravo, bem como
cópias das peças necessárias para a compreensão e julgamento do recurso.
Como dito anteriormente, após a reforma processual que passou a vigorar a partir
de 2006, o agravo de instrumento só poderá ser manejado em situações em que
haja risco de lesão grave ou de difícil reparação, ou ainda, quando a decisão
tratar de recebimento ou efei tos da apelação já interposta, pois neste caso não
haverá mais espaço procedimental para o agravo retido.
O agravante deverá juntar OBRIGATORIAMENTE ao seu recurso, cópias dos
seguintes documentos (artigo 525,I, CPC):
a) cópia da decisão agravada;
b) cópia da certidão de intimação da decisão agravada;
c) cópia das procurações dos advogados do agravante e do agravado;
d) comprovante de recolhimento do preparo, quando o Código de Organização
Judiciária do Estado (COJE) exija preparo (art 525, §1°, CPC).
O agravante poderá juntar, sendo -lhe FACULTATIVO (artigo 525,II,CPC),
quaisquer outras peças que entenda conveniente a sua pretensão.
Em regra, o agravo só terá efeito devolutivo, entretanto o agravante, alegando
urgência e possibilidade de lesão grave ou de di fícil reparação, poderá requerer
ao relator do recurso que lhe conceda também efeito suspensivo (artigo 527,III,
combinado com artigo 558, CPC), ou ainda conceder tutela antecipada (efeito
ativo).
O relator do agravo é o único competente para deferir ou nã o o pedido de
suspensão da decisão agravada, entretanto se entender prudente, poderá antes
ouvir o juiz da primeira instância, até porque há a possibilidade de ser exercitado
o juízo de retratação, e sendo concedido o efeito suspensivo, deverá
imediatamente comunicá-lo para que tal decisão seja cumprida em primeira
instância.
A petição do agravo de instrumento será dirigida ao Tribunal e em 3 (três) dias
uma cópia da mesma deverá ser juntada aos autos de primeira instância,
acompanhada da relação de documen tos que a instruíram e do comprovante da
interposição.
O descumprimento desta comunicação, se houver argüição e comprovação pelo
agravado, importará na inadmissibilidade do agravo (artigo 526, parágrafo único,
CPC).
Tal obrigação deve-se à possibilidade do juiz de primeira instância retratar -se.
Uma vez protocolado e distribuído no Tribunal o Relator se o receber e
determinar seu processamento, obrigatoriamente mandará intimar o agravado
para oferecer resposta em 10 (dez) dias e facultativamente, poderá req uisitar
informações do juiz de primeira instancia, em igual prazo (artigo 527, IV e V,
CPC).
Como já vimos, o legislador inovou e determinou junto ao artigo 527,II a
possibilidade de conversão do agravo de instrumento em agravo retido, por
determinação do relator, caso este entenda não haver urgência no julgamento.
Em sentido oposto, caso tenha havido pedido de efeito suspensivo ao recurso ou
antecipação de tutela (efeito ativo), o relator poderá decidir de plano,
liminarmente, assim que receba o recurso (a rtigo 527, III, CPC).
O relator NEGARÁ SEGUIMENTO AO AGRAVO LIMINARMENTE (artigo 527, II,
combinado com 557, ambos do CPC) quando:
a) Manifestamente inadmissível: circunstância em que é clara a ausência de um
dos requisitos de admissibilidade. Ex: agravo i ntempestivo ou agravo interposto
contra sentença, contra despacho, etc.
b) Manifestadamente improcedente: quando pela própria petição do agravado
perceber que suas razoes não são acolhíveis.
Nas duas hipóteses acima o agravante poderá ser condenado a multa de 1% a 10%
do valor da causa (art. 557, §2°, CPC)
c) Recurso prejudicado: aquele que perdeu o objeto. Ex: ocorreu desistência do
recurso, renuncia ao direito, ou o juiz se retratou.
d) Em confronto com súmula ou jurisprudência dominante do tribunal, STF ou de
Tribunais Superiores.
Em sentido oposto o legislador admitiu que o Relator dê provimento imediato ao
recurso quando a decisão recorrida é que estiver em confronto com Súmula ou
jurisprudência dominante do STF ou dos Tribunais Superiores (artigo 557, §1º-A,
CPC).
Da decisão do Relator, caberá agravo ao órgão interno do Tribunal, competente
para julgar o recurso, no prazo de 5 (cinco) dias, e caso o Relator não se retrate o
processo será apresentado em mesa para julgamento, se provido o agravo
interno, o recurso terá seguimento normal (artigo 557, §1º, CPC).
Caso este agravo interno seja manifestamente inadmissível ou infundado, o
tribunal condenará o agravante a pagar ao agravado multa entre 1% (um por
cento) e 10% (dez por cento) do valor da causa corr igido, ficando a interposição
de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor (artigo
557, §2º, CPC).
Não havendo negativa de seguimento ao agravo de instrumento, e vindo a
resposta do agravado, e sendo o caso, as informações do juiz de primeira
instância, deverá ser intimado o Ministério Público para no prazo de 10 (dez) dias
manifestar-se, caso trate-se de hipótese cuja intervenção do Parquet é
obrigatória.
De qualquer modo, em no máximo 30 (trinta) dias, contados da intimação do
agravado, deverá ser designada data para julgamento (art 528, CPC).
Sendo a hipótese de agravo de instrumento, transitado em julgado o acórdão que
julgou o recurso, os autos serão devolvidos à primeira instância, bem como será
ordenado ao juízo ´a quoµ, o cu mprimento do que fora deliberado pelo Tribunal.

  c 
I ² Noções Gerais
Discute-se no plano doutrinário o caráter recursal dos Embargos declaratórios e
eminentes autores se colocam em correntes contrárias, uns em atitude formal,
outros em postura mais flexível.
João Monteiro não via no instituto ´própria ou rigorosamenteµ um recurso, is to
porque por via deles só é lícito ao juiz declarar a sentença já proferida, ´não
podendo, portanto, modificar em ponto algum a mesma sentençaµ.
Para Afonso Fraga, os embargos são um procedimento sui generis de
hermenêutica ou de lógica judiciária, para s e chegar a verdadeira inteligência da
sentença obscura ou anfibológica, a fim de torná -la clara e de fácil execução.
Lopes da Costa não vê nem no recurso ex officio nem nos embargos de declaração
recurso em sentido técnico, pois o primeiro não é interposto pela parte, não tem
prazo, não passando a sentença, desta forma, em julgando, qualquer que seja o
tempo decorrido e pelos embargos declaratórios ´não se procura a reparação do
erro ou da injustiça da sentençaµ. Não são seles propriamente recursos, ´se não o
único meio de, logicamente, desbravar a execução de dificuldades futuramente
prováveisµ.
No magistério de Machado Guimarães, deve -se distinguir, na sentença judicial,
como em qualquer exteriorização do pensamento, um ´conceitoµ, que é aquilo
que o juiz concebeu da frmula que é a expressão material desse conceito.
´Destinando-se a reformar, ou a corrigir apenas a fórmula da sentença, ou do
acórdão, e não o seu conceito, não se pode dizer que os embargos de declaração
sejam um recurso. Seu escopo é somente aperfeiçoar a forma através da qual a
vontade do juiz se exteriorizou, mas a decisão permanente imutável ao seu
conteúdoµ.
Em sentido contrário, processualistas não menos ilustres:
Paula Batista deu aos embargos de declaração à sentença um conceito singel o:
´Estes embargos consistem simplesmente em a parte expor, em seu
requerimento, os pontos em que acha a sentença obscura, contraditória ou
omissa, pedindo que seja explicada ou que se expresse o ponto omitidoµ.
Trata-se de procedimento recursal, porque ex iste, nos embargos de declaração,
´pedido de reparação de gravameµ, resultado de obscuridade, ou contradição
bem como de omissão (artigo 535, n. I e II).
Não houvesse tal gravame e interesse inexistiria, igualmente, para ser pedido e
reexame do acórdão. ´Cuida-se, no caso, de gravame especial e que sob quatro
modalidades se configura: obscuridade, contradição e omissaµ (Frederico
Marques, Manual, III, n. 632).
Seabra Fagundes disse sobre o tema, o seguinte: ´Não obstante as objeções que
alguns dos nossos mais notáveis processualistas opõem à sua conceituação como
recurso, parece-nos que, tomada esta expressão em sentido lato, os embargos
declaratórios assim se podem capitularµ (Recursos, n. 491).
II - Extensão dos embargos declaratórios.
O artigo 535, do CPC, trata de embargos de declaração contra acórdão e
sentença.
No STF eles estão estabelecidos nos arts. 337 a 339 do Regimento Interno.
Essa matéria também está prevista nos arts. 382, 619 e 620 do CPP e da CLT
constam apenas para as decisões do TST (art 70 2, II, ´eµ, e § 2°, ´dµ, da CLT).
A pergunta que se faz é se os embargos declaratórios podem ou não ser
interposto (ou opostos) contra decisões interlocutórias ou contra despacho de
mero expediente.
A questão interessa para a vida forense, mas há previsão no Código de Processo
Civil no sentido de que os embargos declaratórios cabem em caso de sentença ou
de acórdão e, assim, em uma interpretação literal, a contrario sensu, não
caberiam contra decisões interlocutórias ou despachos de mero expediente, aliás,
em relação a estes é preciso lembrar que o artigo 504 alerta que ´dos despachos
de mero expediente não cabe recursoµ.
Para aqueles que entendem não serem os embargos declaratórios um recurso, em
seu sentido técnico, não há qualquer óbice legal para seu liv re exercício,
inclusive nas decisões interlocutórias e nos despachos de mero expediente.
Todavia, não podem assim concluir, validamente, em relação aos que incluem os
embargos declaratórios como recurso propriamente dito, sem tecer algumas
considerações a respeito.
Decisão interlocutória é ato judicial que pode causar gravame à parte, sem por
fim ao processo, pois nestes casos haveria sentença.
O sempre citado Pontes de Miranda sustenta (Comentários ao Código de Processo
Civil. 1a. ed.,t. VII/400 e 4001, Ri o Forense,1975 ) que ´qualquer decisão
judicial, seja interlocutória ou sentença, é suscetível de embargos
declaratóriosµ.
Na jurisprudência existem algumas decisões no sentido afirmativo quanto ao
cabimento de embargo declaratório também contra decisões i nterlocutórias,
conforme segue.
´... a letra dos arts. 464 e 465 do CPC, em interpretação mais liberal conduz à
abrangência das decisões interlocutórias, porque é inconcebível que fique sem
remédio a obscuridade, a contradição ou a omissão existente no pro nunciamento
interlocutórioµ (RT 561/137).
Pontes de Miranda é o maior defensor da admissibilidade dos embargos de
declaração em face a despachos e decisões interlocutórias no sentido técnico,
sua posição permite que o juiz não se atenha rigorosamente à let ra da lei, não
ficando jungido à interpretação meramente gramatical, literal ou sintática da
norma, mas passando para uma interpretação mais liberal e, principalmente,
atenta à finalidade do processo (interpretação teleológica), por meio de seus
diversos elementos (ratio legis, sistemático, histórico etc.)
Vejamos o caso do juiz ao sanear o feito, deferindo, genericamente, as provas
que foram requeridas, dentre as quais se encontra a pericial, mas não nomeia,
desde logo, o perito, nem dá oportunidade às par tes de indicarem seus
assistentes técnicos e formularem quesitos, designando audiência de instrução e
julgamento.
Acontece que a prova pericial, em regra, deve ser realizada antes da
testemunhal.
Essa omissão do juiz causa dúvida às partes, no sentido de s aber se também
deferiu ou não a prova pericial. E, se a deferiu, por que a postergou para outra
oportunidade?
A situação enseja, a nosso ver, interposição (ou oposição) de embargos
declaratórios, pois, esclarecendo o juiz que deferiu ou indeferiu a prova p ericial,
tal decisão será, então, agravável.
E se o juiz esclarecer que deferiu a prova pericial mas a postergou para outra
oportunidade, quando a parte entender devida e necessária desde logo em
virtude da natureza da ação, este ato judicial, então, poder á ser atacado até
mesmo por meio de correição parcial, por constituir inversão tumultuária dos
atos e fórmulas da ordem legal do processo.
Além do mais, é sempre possível que, com a declaração dos embargos nenhum
outro recurso seja exercitado, porque a par te se deu por satisfeita como os
esclarecimentos prestados pelo juiz, e, assim estará atendido o princípio da
celeridade processual, tão almejado por todos quantos militam com seriedade
nos meios forenses.
III ² Prazo para interposição.
Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, conforme determina o
artigo 536, do Código de Processo Civil, sendo indiferente qual seja o ato
atacado, ou seja, tanto em primeira instância como em segunda, o prazo é de
cinco dias
IV ² Admissibilidade:
São três as hipóteses de admissibilidade dos embargos de declaração, resultantes
dos dois incisos do artigo 535, do CPC: obscuridade, contradição e omissão:
a) Obscuridade: quando o texto é ambíguo e de entendimento impossível, ante os
termos e enunciados que contém.
b) Contradição: se configura quando inconciliáveis entre si, no todo ou em parte,
proposição ou segmento do acórdão ou sentença. Exemplo: a motivação é toda
voltada para a improcedência do pedido e o dispositivo conclui pela procedência.
c) Omissão: quando a sentença ou acórdão deixa de pronunciar -se sobre questão
concernente ao litígio, que deveria ser decidida.
V- Interrupção do prazo de outros recursos:
Suspensão e interrupção têm em comum a eficácia de impedir o curso dos prazos,
detendo-os provisoriamente para que voltem a fluir depois, quando cessaria a
causa que os detivera.
A diferença é que o prazo interrompido volta a fluir como se antes não tivesse
começado, ou seja, sem reduzir o tempo passado anteriormente; enquanto que o
prazo suspenso, quando ret oma seu curso, já se considera desfalcado dos dias
passados antes do impedimento.
Na hipótese de interposição dos embargos de declaração ocorrerá a
INTERRUPÇÃO do prazo, que principiará do zero a partir do momento em que a
parte tomar ciência do julgamento deste.
O mesmo artigo 538, procurando dirimir dúvida que também pairava na
jurisprudência anteriormente, esclarece que a interrupção causada pela oposição
dos embargos de declaração beneficia ambas as partes e não só aquela que os
haja oposto.
O prazo interrompido pela oposição dos embargos permanece assim até que
julgados estes e, quando intimadas as partes, para todas volta ele a fluir como se
jamais tivesse fluído antes da interrupção.
VI - Procedimento
O pouco que dispõe o Código de Processo Civil a re speito do procedimento dos
embargos de declaração é que eles serão deduzidos em petição fundamentada
em alguma das hipóteses de admissibilidade anteriormente tratadas, sendo
endereçada ao juiz ou relator, devendo ser julgados, pelo juiz, no prazo (lembre -
se impróprio) de cinco dias ou, quando pelo relator, mediante voto a ser
proferido na sessão subseqüente (art. 537).
O Código não previu o exercício do contraditório nos embargos de declaração.
Tradicionalmente eles são processados sem oportunidade de respo sta pelo
embargado, até porque se consideram, pela lei e pela doutrina como mero
aperfeiçoamento na forma de expressão do julgado, sem a possibilidade de
alteração de conteúdo, ou seja, só seriam recebidos para dirimir obscuridade,
contradições ou lacunas, não podendo, em tese, causar prejuízo à parte
contrária.
Mas a realidade não é bem assim.
Primeiro porque é sempre muito difícil dizer se uma simples retificação na
fórmula do julgado não viria a afetar a idéia inicial, acabando por impor ao
embargado uma decisão menos favorável do que antes, ou mais desfavorável.
Ademais, na hipótese de omissão sobre ponto relevante do pedido, é sempre
possível que o exame da questão altere o rumo do julgamento tornando
sucumbente aquele que anteriormente era vencedor. Ex emplo: quando o juiz
deixou de se manifestar sobre a prescrição da ação e esta de fato houvera
ocorrido.
Nessa hipótese é notório que os embargos de declaração desbordam de sua
configuração clássica e assumem a condição de verdadeiro recurso,
excepcionalmente aceito com o objetivo de suprimir as omissões da sentença ou
acórdão.
A modificação do julgado, em casos assim, é absolutamente ilegítima quando
feita sem que a parte embargada tenha exercitado o direito ao contraditório nos
Embargos.
Ainda que nada di ga a lei a respeito, a observância do contraditório nesses casos
é de rigor constitucional e viola a garantia de contraditório o julgamento feito
sem oportunidade para a resposta do embargado.

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