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a). recursos de reforma: são aqueles que buscam a mudança do mérito da decisão
proferida anteriormente. Exemplo: a sentença julgou improcedente o pedido,
pela apelação se pretende a procedência do pedido.
b). recursos de invalidação: são aqueles que buscam a nulidade da decisão
anterior tendo em vista a existência de um vício formal.
c). recursos de esclarecimento: são aqueles em que se busca o sentido da decisão
anteriormente proferida, seja porque esta foi omissa, ambígua ou obscura.
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No sistema processual brasileiro, apenas as decisões interlocutórias, as sentenças
e acórdãos são atos judiciais recorríveis.
Vejamos:
a). decisões interlocutórias: atos judiciais em que o magistrado examina um
pedido ou questão incidente, sem que este exame acarrete a extinção do
processo.
b). sentenças: ato judicial de juízo monocrático que causam a extinção do
processo, seja com resolução do mérito (artigo 269, CPC) ou ainda sem a
resolução do mérito (artigo 267, CPC).
c). acórdão: ato judicial de juízo colegiado, que julga recurso ou ação originária
de segunda instância.
Ressalvamos que nosso Código de Processo Civil, expressamente, em seu artigo
504, estabeleceu que dos despachos não cabe recurso, assim considerados os atos
judiciais que apenas dão andamento ao processo, sem conte údo decisório e sem
qualquer potencial lesivo às partes.
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I ² Noções Gerais
Discute-se no plano doutrinário o caráter recursal dos Embargos declaratórios e
eminentes autores se colocam em correntes contrárias, uns em atitude formal,
outros em postura mais flexível.
João Monteiro não via no instituto ´própria ou rigorosamenteµ um recurso, is to
porque por via deles só é lícito ao juiz declarar a sentença já proferida, ´não
podendo, portanto, modificar em ponto algum a mesma sentençaµ.
Para Afonso Fraga, os embargos são um procedimento sui generis de
hermenêutica ou de lógica judiciária, para s e chegar a verdadeira inteligência da
sentença obscura ou anfibológica, a fim de torná -la clara e de fácil execução.
Lopes da Costa não vê nem no recurso ex officio nem nos embargos de declaração
recurso em sentido técnico, pois o primeiro não é interposto pela parte, não tem
prazo, não passando a sentença, desta forma, em julgando, qualquer que seja o
tempo decorrido e pelos embargos declaratórios ´não se procura a reparação do
erro ou da injustiça da sentençaµ. Não são seles propriamente recursos, ´se não o
único meio de, logicamente, desbravar a execução de dificuldades futuramente
prováveisµ.
No magistério de Machado Guimarães, deve -se distinguir, na sentença judicial,
como em qualquer exteriorização do pensamento, um ´conceitoµ, que é aquilo
que o juiz concebeu da frmula que é a expressão material desse conceito.
´Destinando-se a reformar, ou a corrigir apenas a fórmula da sentença, ou do
acórdão, e não o seu conceito, não se pode dizer que os embargos de declaração
sejam um recurso. Seu escopo é somente aperfeiçoar a forma através da qual a
vontade do juiz se exteriorizou, mas a decisão permanente imutável ao seu
conteúdoµ.
Em sentido contrário, processualistas não menos ilustres:
Paula Batista deu aos embargos de declaração à sentença um conceito singel o:
´Estes embargos consistem simplesmente em a parte expor, em seu
requerimento, os pontos em que acha a sentença obscura, contraditória ou
omissa, pedindo que seja explicada ou que se expresse o ponto omitidoµ.
Trata-se de procedimento recursal, porque ex iste, nos embargos de declaração,
´pedido de reparação de gravameµ, resultado de obscuridade, ou contradição
bem como de omissão (artigo 535, n. I e II).
Não houvesse tal gravame e interesse inexistiria, igualmente, para ser pedido e
reexame do acórdão. ´Cuida-se, no caso, de gravame especial e que sob quatro
modalidades se configura: obscuridade, contradição e omissaµ (Frederico
Marques, Manual, III, n. 632).
Seabra Fagundes disse sobre o tema, o seguinte: ´Não obstante as objeções que
alguns dos nossos mais notáveis processualistas opõem à sua conceituação como
recurso, parece-nos que, tomada esta expressão em sentido lato, os embargos
declaratórios assim se podem capitularµ (Recursos, n. 491).
II - Extensão dos embargos declaratórios.
O artigo 535, do CPC, trata de embargos de declaração contra acórdão e
sentença.
No STF eles estão estabelecidos nos arts. 337 a 339 do Regimento Interno.
Essa matéria também está prevista nos arts. 382, 619 e 620 do CPP e da CLT
constam apenas para as decisões do TST (art 70 2, II, ´eµ, e § 2°, ´dµ, da CLT).
A pergunta que se faz é se os embargos declaratórios podem ou não ser
interposto (ou opostos) contra decisões interlocutórias ou contra despacho de
mero expediente.
A questão interessa para a vida forense, mas há previsão no Código de Processo
Civil no sentido de que os embargos declaratórios cabem em caso de sentença ou
de acórdão e, assim, em uma interpretação literal, a contrario sensu, não
caberiam contra decisões interlocutórias ou despachos de mero expediente, aliás,
em relação a estes é preciso lembrar que o artigo 504 alerta que ´dos despachos
de mero expediente não cabe recursoµ.
Para aqueles que entendem não serem os embargos declaratórios um recurso, em
seu sentido técnico, não há qualquer óbice legal para seu liv re exercício,
inclusive nas decisões interlocutórias e nos despachos de mero expediente.
Todavia, não podem assim concluir, validamente, em relação aos que incluem os
embargos declaratórios como recurso propriamente dito, sem tecer algumas
considerações a respeito.
Decisão interlocutória é ato judicial que pode causar gravame à parte, sem por
fim ao processo, pois nestes casos haveria sentença.
O sempre citado Pontes de Miranda sustenta (Comentários ao Código de Processo
Civil. 1a. ed.,t. VII/400 e 4001, Ri o Forense,1975 ) que ´qualquer decisão
judicial, seja interlocutória ou sentença, é suscetível de embargos
declaratóriosµ.
Na jurisprudência existem algumas decisões no sentido afirmativo quanto ao
cabimento de embargo declaratório também contra decisões i nterlocutórias,
conforme segue.
´... a letra dos arts. 464 e 465 do CPC, em interpretação mais liberal conduz à
abrangência das decisões interlocutórias, porque é inconcebível que fique sem
remédio a obscuridade, a contradição ou a omissão existente no pro nunciamento
interlocutórioµ (RT 561/137).
Pontes de Miranda é o maior defensor da admissibilidade dos embargos de
declaração em face a despachos e decisões interlocutórias no sentido técnico,
sua posição permite que o juiz não se atenha rigorosamente à let ra da lei, não
ficando jungido à interpretação meramente gramatical, literal ou sintática da
norma, mas passando para uma interpretação mais liberal e, principalmente,
atenta à finalidade do processo (interpretação teleológica), por meio de seus
diversos elementos (ratio legis, sistemático, histórico etc.)
Vejamos o caso do juiz ao sanear o feito, deferindo, genericamente, as provas
que foram requeridas, dentre as quais se encontra a pericial, mas não nomeia,
desde logo, o perito, nem dá oportunidade às par tes de indicarem seus
assistentes técnicos e formularem quesitos, designando audiência de instrução e
julgamento.
Acontece que a prova pericial, em regra, deve ser realizada antes da
testemunhal.
Essa omissão do juiz causa dúvida às partes, no sentido de s aber se também
deferiu ou não a prova pericial. E, se a deferiu, por que a postergou para outra
oportunidade?
A situação enseja, a nosso ver, interposição (ou oposição) de embargos
declaratórios, pois, esclarecendo o juiz que deferiu ou indeferiu a prova p ericial,
tal decisão será, então, agravável.
E se o juiz esclarecer que deferiu a prova pericial mas a postergou para outra
oportunidade, quando a parte entender devida e necessária desde logo em
virtude da natureza da ação, este ato judicial, então, poder á ser atacado até
mesmo por meio de correição parcial, por constituir inversão tumultuária dos
atos e fórmulas da ordem legal do processo.
Além do mais, é sempre possível que, com a declaração dos embargos nenhum
outro recurso seja exercitado, porque a par te se deu por satisfeita como os
esclarecimentos prestados pelo juiz, e, assim estará atendido o princípio da
celeridade processual, tão almejado por todos quantos militam com seriedade
nos meios forenses.
III ² Prazo para interposição.
Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, conforme determina o
artigo 536, do Código de Processo Civil, sendo indiferente qual seja o ato
atacado, ou seja, tanto em primeira instância como em segunda, o prazo é de
cinco dias
IV ² Admissibilidade:
São três as hipóteses de admissibilidade dos embargos de declaração, resultantes
dos dois incisos do artigo 535, do CPC: obscuridade, contradição e omissão:
a) Obscuridade: quando o texto é ambíguo e de entendimento impossível, ante os
termos e enunciados que contém.
b) Contradição: se configura quando inconciliáveis entre si, no todo ou em parte,
proposição ou segmento do acórdão ou sentença. Exemplo: a motivação é toda
voltada para a improcedência do pedido e o dispositivo conclui pela procedência.
c) Omissão: quando a sentença ou acórdão deixa de pronunciar -se sobre questão
concernente ao litígio, que deveria ser decidida.
V- Interrupção do prazo de outros recursos:
Suspensão e interrupção têm em comum a eficácia de impedir o curso dos prazos,
detendo-os provisoriamente para que voltem a fluir depois, quando cessaria a
causa que os detivera.
A diferença é que o prazo interrompido volta a fluir como se antes não tivesse
começado, ou seja, sem reduzir o tempo passado anteriormente; enquanto que o
prazo suspenso, quando ret oma seu curso, já se considera desfalcado dos dias
passados antes do impedimento.
Na hipótese de interposição dos embargos de declaração ocorrerá a
INTERRUPÇÃO do prazo, que principiará do zero a partir do momento em que a
parte tomar ciência do julgamento deste.
O mesmo artigo 538, procurando dirimir dúvida que também pairava na
jurisprudência anteriormente, esclarece que a interrupção causada pela oposição
dos embargos de declaração beneficia ambas as partes e não só aquela que os
haja oposto.
O prazo interrompido pela oposição dos embargos permanece assim até que
julgados estes e, quando intimadas as partes, para todas volta ele a fluir como se
jamais tivesse fluído antes da interrupção.
VI - Procedimento
O pouco que dispõe o Código de Processo Civil a re speito do procedimento dos
embargos de declaração é que eles serão deduzidos em petição fundamentada
em alguma das hipóteses de admissibilidade anteriormente tratadas, sendo
endereçada ao juiz ou relator, devendo ser julgados, pelo juiz, no prazo (lembre -
se impróprio) de cinco dias ou, quando pelo relator, mediante voto a ser
proferido na sessão subseqüente (art. 537).
O Código não previu o exercício do contraditório nos embargos de declaração.
Tradicionalmente eles são processados sem oportunidade de respo sta pelo
embargado, até porque se consideram, pela lei e pela doutrina como mero
aperfeiçoamento na forma de expressão do julgado, sem a possibilidade de
alteração de conteúdo, ou seja, só seriam recebidos para dirimir obscuridade,
contradições ou lacunas, não podendo, em tese, causar prejuízo à parte
contrária.
Mas a realidade não é bem assim.
Primeiro porque é sempre muito difícil dizer se uma simples retificação na
fórmula do julgado não viria a afetar a idéia inicial, acabando por impor ao
embargado uma decisão menos favorável do que antes, ou mais desfavorável.
Ademais, na hipótese de omissão sobre ponto relevante do pedido, é sempre
possível que o exame da questão altere o rumo do julgamento tornando
sucumbente aquele que anteriormente era vencedor. Ex emplo: quando o juiz
deixou de se manifestar sobre a prescrição da ação e esta de fato houvera
ocorrido.
Nessa hipótese é notório que os embargos de declaração desbordam de sua
configuração clássica e assumem a condição de verdadeiro recurso,
excepcionalmente aceito com o objetivo de suprimir as omissões da sentença ou
acórdão.
A modificação do julgado, em casos assim, é absolutamente ilegítima quando
feita sem que a parte embargada tenha exercitado o direito ao contraditório nos
Embargos.
Ainda que nada di ga a lei a respeito, a observância do contraditório nesses casos
é de rigor constitucional e viola a garantia de contraditório o julgamento feito
sem oportunidade para a resposta do embargado.