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Leucemia

Linfóide Crônica

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Introdução Índice

Este manual faz parte de uma série de publicações desenvolvida e distribuída Leucemia
pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE) sobre doenças onco- Linfóide Crônica
hematológicas. O objetivo é levar a pacientes, familiares e médicos um material
completo e confiável sobre a origem de cada doença, seus sinais e sintomas, os con-
sensos e avanços da medicina mundial em relação ao diagnóstico e ao tratamento, Sangue e Medula Óssea Normais 4
Sistema Linfático 7
os novos remédios que melhoram e aumentam a qualidade e a expectativa de vida,
Leucemia 9
além das perspectivas de cura.
Leucemia Linfóide Crônica (LLC) 10
• Causas e Fatores de Risco 10
Para isso, cada publicação contou com o apoio de um especialista no assunto,
• Sinais e Sintomas 10
convidado para supervisionar o conteúdo, além da revisão do Comitê Científico da • Diagnóstico 11
ABRALE, que reúne renomados oncologistas e hematologistas. Outros dois pontos • Curso da Doenças e Tratamento 14
em comum a todos os manuais foram os capítulos Condições Normais do Sangue e • Outros Tratamentos Auxiliares 20
da Medula Óssea – para que o leitor entenda melhor o funcionamento do organismo • Complicações e Seus Tratamentos 21
e, consequentemente, os mecanismos que podem levar à doença – e o Glossário de • Leucemias Linfóides Relacionadas 23
Termos Médicos – que tem a função de esclarecer o vocabulário comum, e muito • Leucemia Linfóide versus Linfoma 25
específico e técnico, associado ao universo da onco-hematologia. Aspectos Sociais e Emocionais 25
Perspectivas de Tratamento 26
Glossário de Termos Médicos 29
O tema deste manual é a leucemia linfóide crônica (LLC), que, assim
como na leucemia linfóide aguda (LLA), ocorre por conta de lesão adquirida (não
hereditária) no DNA de uma única célula na medula óssea. A diferença é que na LLC
este dano não impede a formação das células normais do sangue, o que explica a
evolução menos grave dessa doença em relação à LLA. Não à toa cerca de 50% dos
pacientes não precisam de tratamento por longo período de tempo e, muitas vezes,
nunca precisarão.

A LLC é incomum em indivíduos com menos de 45 anos de idade: 95% dos


pacientes têm mais de 50 anos e a incidência da doença aumenta muito após essa
faixa etária.

Revisão:
Prof. Dr. Roberto Passeto Falcão - Professor Titular do Departamento de Clínica Médica –
Hematologia – da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP.

Leucemia 3
Linfóide Crônica
se encontram nos gânglios linfáticos, circulam no sangue. Todos os ossos
Condições Normais do Sangue e no baço7, nos canais linfáticos e no apresentam medula ativa ao nasci-
sangue. Outros tipos de leucócitos mento. Entretanto, quando a pessoa
da Medula Óssea são os neutrófilos8 e monócitos9. alcança a idade adulta, a medula ós-
Já as plaquetas são pequenos sea é ativa nos ossos das vértebras,
fragmentos de sangue (em torno quadris, ombros, costelas, esterno
de um décimo do volume dos gló- e crânio, sendo capaz de produzir
O sangue é composto por plas- corpo. Também conhecidos como bulos vermelhos) que aderem ao novas células sanguíneas, processo
ma e células suspensas no plasma, hemácias ou eritrócitos, os glóbu- local onde um vaso sanguíneo foi chamado de hematopoese10. Um pe-
que, por sua vez, também é formado los vermelhos constituem em torno lesionado, se agregam uns aos ou- queno grupo de células, denomina-
por água, na qual se dissolvem vá- de 45% do volume do sangue em tros, vedando o vaso e interrom- das células-tronco hematopoéticas11
rios elementos químicos: proteínas indivíduos saudáveis. pendo o sangramento. , é responsável por produzir todas
(ex.: albumina), hormônios (ex.: Os glóbulos brancos (ou leu- as células sanguíneas no interior da
hormônio da tireóide), minerais (ex.: cócitos) são também denominados A medula óssea é um tecido es- medula óssea. Estas se desenvol-
ferro), vitaminas (ex.: ácido fólico) fagócitos3, ou células “comedoras” ponjoso que ocupa a cavidade cen- vem em células sanguíneas especí-
e anticorpos1, inclusive aqueles que por “ingerirem” bactérias ou fungos, tral do osso, onde ocorre o desen- ficas por um processo denominado
desenvolvemos a partir da vacinação ajudando a destruí-los. Assim, eles volvimento de células maduras que diferenciação12 (v. Figura 1).
(ex: anticorpos ao vírus da poliomie- saem do sangue e vão para os teci-
lite). As células presentes no sangue dos, local em que ingerem bactérias
incluem os glóbulos vermelhos, os ou fungos invasores, auxiliando na
glóbulos brancos e as plaquetas. cura de infecções. Os eosinófilos4 e
Os glóbulos vermelhos são os basófilos5 são subtipos de glóbulos
células sanguíneas que carregam brancos que participam da resposta 7
Baço é um órgão do corpo que se localiza na porção superior esquerda do abdômen, bem abaixo do diafragma. Contém
hemoglobina2, que se liga ao oxigê- a processos alérgicos. Já os linfóci- aglomerados de linfócitos (similarmente aos linfonodos), filtra células sanguíneas velhas ou gastas e é frequentemente afeta-
do, principalmente, pelas doenças onco-hematológicas. O aumento do baço é denominado esplenomegalia, e a sua remoção
nio e o transporta aos tecidos do tos6, outro tipo de glóbulos brancos, cirúrgica, a esplenectomia, deve ser realizada apenas quando forem esgotadas todas as outras opções de tratamento.
8
Neutrófilos são glóbulos brancos que são as principais células fagocitárias (“comedoras” de micróbios) do sangue. Um
neutrófilo pode ser polimorfonuclear ou segmentado.
9
Monócitos (ou macrófagos) são glóbulos brancos que auxiliam no combate às infecções. Os monócitos e os neutrófilos são
1
Anticorpos são proteínas produzidas principalmente pelos linfócitos B (dos quais são derivados os plasmócitos) como res- as duas principais células “matadoras e comedoras de micro-organismos” que encontramos no sangue. Quando os monócitos
posta a substâncias estranhas denominadas antígenos. Por exemplo, agentes infecciosos, como vírus ou bactérias, fazem com saem do sangue e penetram no tecido, transformam-se em macrófagos, que são os monócitos em ação, e podem combater
que os linfócitos produzam anticorpos para defender o organismo. Em alguns casos (como o vírus do sarampo), os anticorpos infecções nos tecidos ou exercer outras funções, como ingerir células mortas.
têm função protetora e impedem a segunda infecção. Esses anticorpos podem ser utilizados para identificar células específicas 10
Hematopoese é o processo de formação de células do sangue na medula óssea. As células mais primitivas da medula são
e melhorar os métodos de classificação das doenças onco-hematológicas. as células-tronco, que iniciam o processo de diferenciação das células do sangue. As células-tronco se transformam em vários
2
Hemoglobina é o pigmento das hemácias que transporta oxigênio para as células dos tecidos. Uma redução nas hemácias tipos de células maduras (cada qual com sua função específica no organismo), como os glóbulos brancos ou vermelhos. O
diminui a hemoglobina no sangue, o que causa a anemia. A diminuição da concentração de hemoglobina diminui a capa- processo da maturação ocorre quando as células sanguíneas jovens se transformam posteriormente em células sanguíneas
cidade do sangue em transportar oxigênio. Se for grave, essa diminuição pode limitar a capacidade de uma pessoa realizar totalmente funcionais, saindo, então, da medula óssea e penetrando na circulação sanguínea. A hematopoese é um processo
esforço físico. Valores normais de hemoglobina no sangue estão entre 12 e 16 gramas por decilitro (g/dl) de sangue. Mulheres contínuo, normalmente ativo ao longo da vida. A razão para esta atividade é o fato de que a maioria das células sanguíneas
saudáveis possuem em média 10% menos hemoglobina no sangue do que os homens. vive por períodos curtos e deve ser continuamente substituída. Diariamente são produzidos cerca de quinhentos bilhões de
3
Fagócitos são glóbulos brancos que “comem” (ingerem) micro-organismos, como bactérias ou fungos, matando-os como forma de células sanguíneas. Os glóbulos vermelhos vivem, aproximadamente, quatro meses; as plaquetas, em torno de dez dias; e a
proteger o corpo de infecções. Os dois principais tipos de fagócitos do sangue são os neutrófilos e os monócitos. A diminuição do maioria dos neutrófilos, de dois a três dias. Essa necessidade de reposição explica a deficiência severa do número de células
número dessas células sanguíneas é a principal causa de suscetibilidade a infecções em pacientes com doenças onco-hematológicas sanguíneas quando a medula óssea é lesada por tratamento citotóxico intensivo (quimioterapia ou radioterapia) ou pela
tratados com radioterapia e/ou quimioterapia intensivas que suprimem a produção de células sanguíneas na medula óssea. substituição de suas células por células cancerosas ou outras doenças hematológicas.
4
Eosinófilos são glóbulos brancos que participam de certas reações alérgicas e auxiliam na defesa contra algumas 11
Células-tronco hematopoéticas são células primitivas da medula óssea, importantes para a produção de glóbulos vermelhos,
infecções parasitárias. glóbulos brancos e plaquetas. Geralmente, as células-tronco são encontradas abundantemente na medula óssea, porém, algumas
5
Basófilos são glóbulos brancos que participam de certas reações alérgicas. saem e circulam no sangue. Por meio de técnicas especiais, as células-tronco do sangue podem ser coletadas, preservadas por
6
Linfócitos são glóbulos brancos que participam do sistema imunológico. Há três tipos principais de linfócitos: 1) Linfócitos B, congelamento e posteriormente descongeladas e utilizadas (transplante de células-tronco hematopoéticas – TCTH).
que produzem anticorpos para auxiliar contra agentes infecciosos como bactérias, vírus e fungos; 2) Linfócitos T, que possuem 12
Diferenciação é o processo pelo qual as células-tronco de uma única linhagem passam a ter função específica no sangue.
várias funções, inclusive a de auxiliar os linfócitos B a produzirem anticorpos e atacar células infectadas por vírus; 3) Células Os glóbulos vermelhos, plaquetas, neutrófilos, monócitos, eosinófilos, basófilos e linfócitos sofrem o processo de maturação a
NK (natural killer), que atacam células tumorais. partir de um grupo de células-tronco hematopoéticas.

4 Leucemia Leucemia 5
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
Figura 1. Desenvolvimento de Células Sanguíneas e Linfócitos Quando as células estão com- plaquetas tomam suas respectivas
pletamente maduras (com capaci- funções na circulação, que são levar
Esqueleto dade de funcionamento), deixam a oxigênio e sanar vasos sanguíneos
medula óssea em direção ao san- feridos. Os neutrófilos, eosinófilos,
gue, onde desempenham diversas basófilos, monócitos e linfócitos,
funções. Em indivíduos saudáveis, que coletivamente formam os gló-
Externo
existem células-tronco hematopoé- bulos brancos do sangue, possuem
Pélvis ticas suficientes para que haja pro- a habilidade de se locomover até
dução contínua das células sanguí- os tecidos para proteger o organis-
neas. Os glóbulos vermelhos e as mo contra infecções.

Sistema Linfático
Medula
Célula-Tronco
óssea O sistema linfático e a medu- ção de anticorpos, que se anexam
la óssea estão intimamente rela- aos micróbios. Os glóbulos brancos
cionados. A maioria dos linfócitos reconhecem esses anticorpos, pos-
encontra-se nos gânglios linfáticos sibilitando a ingestão do micro-
e em outros locais, como a pele, -organismo invasor. Esse processo,
baço, amígdalas e adenóides, re- então, mata e digere os micróbios.
Célula-Tronco vestimento intestinal e tórax. Os As células exterminadoras naturais,
linfócitos circulam através dos va- ou células NK (do inglês “natural
sos linfáticos que se conectam aos killer”), são o terceiro tipo de linfó-
gânglios linfáticos espalhados por citos e recebem esse nome porque
todo o corpo. têm uma função natural de atacar
Existem três tipos de linfócitos: as células infectadas por vírus, sem
Plaquetas os linfócitos B, que produzem an- precisarem de anticorpos ou de ou-
Glóbulos ticorpos em resposta a antígenos13 tro intermediário. As células T e NK
Vermelhos Glóbulos externos e estão presentes na me- também possuem outras funções e
Brancos dula óssea, local importante para a são elementos importantes em estu-
sua função; os linfócitos T, que pos- dos que desenvolvem medicações,
suem várias funções, dentre elas, a denominadas imunoterapia, para
de auxiliar os linfócitos B na produ- as doenças onco-hematológicas.

Neutrófilos Linfócitos

Figura 1.Processo de hematopoese, responsável pelo desenvolvimento de células sanguíneas e 13


Antígenos são qualquer parte de uma molécula capaz de ser reconhecida pelo sistema imunológico como estranha ao
linfáticas funcionais a partir de células precursoras. organismo, que responde pela produção de anticorpos que se ligam ao antígeno.

6 Leucemia Leucemia 7
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
Figura 2. Localização dos Linfonodos no Corpo Humano Leucemia
NÓDULOS PERIFÉRICOS*
A leucemia é um tipo de câncer A leucemia aguda é uma doen-
Cervicais
Axilares que se origina como alteração gené- ça de progressão rápida, que afeta a
Ulnare tica adquirida nos glóbulos brancos maior parte das células que não es-
Inguinais produzidos na medula óssea. As pri- tão formadas, isto é, que ainda não
Poplíteos
meiras observações realizadas em estão completamente diferenciadas
NÓDULOS INTERNOS pacientes que apresentavam uma e, por isso, não conseguem realizar
Mediastinais Pulmões elevação significativa de glóbulos suas funções normais. As células do-
Esofágicos
Coração brancos no sangue foram feitas por entes (denominadas de “blastos13”),
Peripancreáticos
Fígado médicos europeus no século XIX, le- não possuem qualquer função, mul-
Para-aórticos
Ilíacos
Baço
Estômago
vando-os a criar a expressão “weis- tiplicam-se de forma incontrolável e
Retroperitoneais Intestino grosso ses blut” ou “white blood” (sangue acumulam-se na medula óssea.
Inguinais
Intestino delgado branco) para designar o distúrbio.
Bexiga
Mais tarde, o termo “leucemia”, de- Já a leucemia crônica progri-
Ovário
Linfonodo rivado das palavras gregas “leukos”, de lentamente e permite o cres-
Vaso linfático que significa “branco”, e “haima”, cimento de um maior número de
Medula óssea
que significa “sangue”, foi utilizado células diferenciadas que, em ge-
Útero
para designar a doença. ral, conseguem realizar algumas
de suas funções normais no orga-
As leucemias se dividem nas nismo do paciente.
categorias mielóide (ou mielocítica)
e linfóide (ou linfocítica), em rela- A habilidade do diagnóstico
ção ao tipo de célula envolvida no levou ao conhecimento das carac-
desenvolvimento da doença. Estas terísticas específicas adicionais das
se subdividem nas formas aguda ou células blásticas, bem como ao co-
crônica. Assim, existem quatro tipos nhecimento dos diversos subtipos
principais de leucemia: leucemia de leucemia. Essas categorias per-
mielóide aguda (LMA), leucemia mitem ao médico decidir sobre o
*Destacados em amarelo
mielóide crônica (LMC), leucemia melhor tratamento para cada sub-
Figura 2. Calcula-se que existam aproximadamente 600 linfonodos no corpo humano. As setas
linfóide aguda (LLA) e leucemia tipo específico de leucemia, trata-
apontam grupos de linfonodos que se encontram frequentemente envolvidos nos linfomas de linfóide crônica (LLC). mento este denominado protocolo.
Hodgkin e outros linfomas. Esses aglomerados podem estar envolvidos em um processo maligno,
crescendo e causando o envolvimento e o aumento do baço. 14
Blastos: esse termo, quando aplicado a uma medula normal, refere-se às células mais jovens da medula, identificadas por
microscópio ótico. Os blastos representam, aproximadamente, 1% das células de desenvolvimento normal da medula e são,
em sua maioria, mieloblastos, ou seja, células que se transformarão em neutrófilos. Em linfonodos normais, os blastos são ge-
ralmente linfoblastos, ou seja, células que são parte do desenvolvimento dos linfócitos. Nas leucemias agudas, as células blás-
ticas leucêmicas, que têm aparência similar aos blastos normais, se acumulam em grande número, chegando a corresponder
a até 80% de todas as células da medula. Na leucemia mielóide aguda (LMA), verifica-se um acúmulo de mieloblastos; já na
leucemia linfóide aguda (LLA) ou em certos linfomas, de linfoblastos. A distinção entre mieloblastos e linfoblastos leucêmicos
pode ser feita através da análise microscópica de células coradas da medula e pela imunofenotipagem das células.

8 Leucemia Leucemia 9
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
Leucemia Linfóide Crônica (LLC) ticos do pescoço, regiões inguinais, bem-estar da pessoa e pode ser des-
aumento do fígado e baço. Esse au- coberta devido a anormalidades de-
mento é bastante lento e, para o pa- tectadas no hemograma, realizado
A leucemia linfóide crônica cêmica). O resultado desse dano é
ciente, pode passar despercebido, por ocasião de exames periódicos,
(LLC) resulta de lesão adquirida o crescimento descontrolado de cé- porém, é frequentemente observa- ou ainda quando o paciente está em
(não hereditária) no DNA15 de uma lulas linfóides na medula óssea, le- do no exame físico. Após a divulga- tratamento de outra doença.
única célula, um linfócito, na medu- vando invariavelmente ao aumento ção da prática do hemograma nos O número elevado de glóbulos
la óssea. Por esta razão, esta doença no número de linfócitos no sangue. exames de check-up, a LLC passou brancos é o sinal o mais comum
não está presente no nascimento. As células leucêmicas acumuladas a ser diagnosticada precocemente que leva o médico a considerar o
Entretanto, os cientistas ainda não na medula, nos casos de leucemia numa fase totalmente assintomá- diagnóstico de leucemia linfóide
sabem o que produz essa lesão no linfóide crônica, não impedem a tica. Hoje em dia, cerca de 50% a crônica. Esse grande número de
DNA dos pacientes com LLC. formação de células normais, como 60% dos casos de LLC são diagnos- linfócitos leucêmicos (glóbulos
A lesão no DNA da célula con- ocorre no caso da leucemia linfóide ticados sem qualquer sintoma. brancos) se acumula no sistema
No estágio inicial, a leucemia linfático, e, com isso, os linfonodos
fere a ela maior capacidade de aguda. Essa diferença importante
linfóide crônica tem pouco efeito no (gânglios) podem aumentar.
crescimento e sobrevivência, tor- explica a evolução menos grave da
nando-a anormal e maligna (leu- leucemia linfóide crônica.
Diagnóstico
Possíveis Causas e Fatores de Risco Para que o diagnóstico da LLC A contagem baixa de plaque-
seja confirmado, é necessária a rea- tas e a diminuição de glóbulos
Diferentemente dos outros prin- de paciente com leucemia linfóide
lização de exames das células do vermelhos (anemia16) podem apa-
cipais tipos de leucemia, a leucemia crônica, teria três chances em 10 mil
sangue e, em muitos casos, da me- recer, mas essas são alterações le-
linfóide crônica não é associada a de desenvolver a doença, enquanto
dula óssea. A contagem de glóbulos ves no estágio inicial da doença.
altas doses de radiação ou à exposi- pessoas com 60 anos e sem histórico
brancos invariavelmente aumenta O padrão dos linfócitos na bi-
ção ao benzeno. Parentes de primeiro familiar da doença têm uma chance
no sangue como resultado do au- ópsia da medula óssea pode ser
grau de pacientes com a doença têm em dez. A LLC é incomum em indiví-
mento dos linfócitos. Um exame da fator útil na determinação da taxa
cerca de três vezes mais chances de duos com menos de 45 anos de ida-
medula óssea (mielograma) tam- provável de progressão da doen-
terem a doença do que outras pes- de - por ocasião do diagnóstico, 95%
bém mostrará um aumento na pro- ça. Junto a isso, pode ser reali-
soas. Mas isso deve ser interpreta- dos pacientes têm mais de 50 anos
porção de linfócitos frequentemen- zada a análise citogenética17 , ou
do com cuidado. Por exemplo, uma e a incidência da doença aumenta
te acompanhado pela diminuição seja, a análise de uma amostra de
pessoa com 60 anos, filho ou irmão drasticamente depois dessa idade.
das células normais. células da medula óssea para de-

Sinais e Sintomas
Os sintomas da leucemia linfói- Além disso, os pacientes também
de crônica, em geral, aparecem gra- podem perder peso, apresentar 16
Anemia é a diminuição do número de glóbulos vermelhos e, consequentemente, da concentração da hemoglobina no san-
dualmente. Os pacientes se cansam infecções recorrentes de pele, pul- gue (abaixo de 10%, quando o normal é de 13% a 14%). Como consequência, a capacidade de transporte de oxigênio do san-
gue é diminuída. Quando severa, a anemia pode causar fisionomia pálida, fraqueza, fadiga e falta de fôlego após esforços.
mais facilmente e podem sentir fal- mões, rins e em outros órgãos, bem 17
Citogenética é o processo de análise do número e possíveis alterações dos cromossomos celulares. O profissional que
ta de ar, quando fisicamente ativos. como o aumento dos gânglios linfá- prepara, examina e interpreta o número e o formato dos cromossomos é o citogeneticista. Além das alterações nos cromos-
somos, os genes específicos afetados também podem ser identificados em alguns casos. Essas descobertas são muito úteis
para o diagnóstico de tipos específicos de doenças onco-hematológicas, para determinar abordagens terapêuticas e para o
15
DNA (ácido desoxirribonucléico) é a carga genética do indivíduo. acompanhamento da resposta ao tratamento.

10 Leucemia Leucemia 11
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
terminar se há anormalidade nos do que a leucemia linfóide crônica células B dos indivíduos saudá- impede que os linfócitos normais
cromossomos 18. Mesmo que não de células B (v. Figura 3). veis produzem para se proteger o façam. Essa inabilidade em pro-
seja um exame obrigatório para A imunofenotipagem19 também de infecções e estão frequente- duzir anticorpos eficientemente
o diagnóstico, este tipo de aná- permite avaliar se os linfócitos do mente diminuídas em pessoas deixa os pacientes portadores de
lise pode ajudar na avaliação da sangue são derivados de uma úni- com leucemia linfóide crônica. Os LLC suscetíveis a infecções. De
progressão da doença. ca célula maligna, em outras pala- linfócitos B leucêmicos não são qualquer forma, esse exame é im-
Determinar o imunofenótipo vras, se são ou não monoclonais. efetivos na produção de anticor- portante principalmente quando
dos linfócitos no sangue ou medula A monoclonalidade20 é im- pos. Ao mesmo tempo, a leucemia houver infecções de repetição.
óssea é importante. Isso distingue portante, porque distingue a leu-
se os linfócitos que se acumulam cemia de outros casos raros que
são derivados da transformação levam ao aumento de linfócitos
maligna de um linfócito de linha- no sangue de indivíduos adultos,
gem de células B ou de células mas que não são resultado das
T, no processo de diferenciação. transformações malignas carac-
Esse exame é hoje fundamental terísticas do câncer. Esse teste é
para o diagnóstico correto e para especialmente importante se os
diferenciar a LLC de outras doen- linfócitos no sangue estiverem
ças parecidas. Apesar de ser pou- discretamente elevados.
co frequente, a leucemia linfóide Outro teste muito importan-
crônica de células T afeta a pele, te é a medida da concentração Figura 3. A figura mostra a aparência de grandes linfócitos granulares em paciente com esse tipo de
o sistema nervoso e os gânglios de imunoglobulinas no sangue. leucemia linfóide crônica. Dependendo do estágio de diferenciação do linfócito em que a transformação
maligna ocorre, as células leucêmicas podem ser principalmente células B, T ou NK. Essas diferenças
linfáticos com maior frequência e Imunoglobulinas são proteínas, podem ser atribuídas ao fato de que a transformação maligna tenha ocorrido depois que o linfócito
pode progredir mais rapidamente chamadas de anticorpos, que as comum se diferenciou em um dos três tipos diferentes de linfócitos. A maioria dos pacientes tem a
leucemia de células B. Uma minoria, de células T ou NK. O evento maligno (mutação no DNA) poderia
ocorrer no momento ou depois da diferenciação nos três tipos especializados de linfócitos
18
Cromossomos: todas as células humanas normais nucleadas contêm 46 estruturas denominadas cromossomos. Os genes,
segmentos específicos de DNA, são as principais estruturas que formam os cromossomos. Um cromossomo de tamanho médio-
possui DNA suficiente para conter dois mil genes. Por determinarem nosso sexo, os cromossomos X e Y são conhecidos como Cabe ressaltar que a desco- co (geralmente de semanas) e as
cromossomos sexuais: dois cromossomos X, em mulheres, e um X e um Y, em homens. Os cromossomos podem sofrer várias
alterações nas células em caso de doenças onco-hematológicas.
berta da doença é relativamente alterações do sangue são de curto
Seu arranjo sistemático, dos 46 cromossomos humanos de uma célula em 23 pares combinados (elemento materno e paterno
de cada par) por comprimento (do mais longo para o mais curto) e outras características, por meio do uso de fotografias, é
simples e deve ser feita por exame período de instalação.
chamado de cariótipo. Nele, os cromossomos sexuais são mostrados como um par em separado (XX ou XY). Qualquer dos médico cauteloso, com a palpação Portanto, o hemograma é
cromossomos que não sejam os sexuais são denominados autossômicos.
Já o bandeamento de cromossomos é a marcação de cromossomos com corantes que acentuam ou enfatizam suas bandas ou dos gânglios linfáticos (ínguas), obrigatório; a imunofenotipagem,
regiões. As bandas definem características mais específicas dos cromossomos, permitindo que seus 23 pares sejam distingui-
dos individualmente, com identificação mais precisa. do baço e do fígado. Também de- associada à criteriosa avaliação
19
Imunofenotipagem é o método que utiliza as reações dos anticorpos com os antígenos para determinar os tipos celulares
específicos em uma amostra de células do sangue ou da medula óssea. Um marcador é colocado em anticorpos reativos contra vem ser avaliados os sintomas de dos glóbulos brancos pelo médico
antígenos específicos de uma célula. Esse marcador pode ser identificado por um equipamento laboratorial utilizado para o
teste. À medida que as células, com seus arranjos de antígenos, vão reagindo contra anticorpos específicos, elas podem ser cansaço, fraqueza, infecções e, hematologista21, confirma a doença; a
identificadas pelo marcador. Esse método auxilia a subclassificar os tipos de células que podem, por sua vez, apontar qual
o melhor tratamento a ser utilizado para determinado tipo de linfoma ou leucemia. Da mesma forma, o exame de imuno- eventualmente, de hemorragias. biópsia da medula óssea e o exame
histoquímica é realizado em tecidos como linfonodos, com o mesmo objetivo e seguindo o mesmo método.
20
Monoclonalidade (Clonal) é a população de células derivadas de uma única célula primitiva. Praticamente todas as ne-
A LLC se diferencia das leucemias da cinética das células sanguíneas co-
oplasias malignas são derivadas de uma única célula, cujo DNA sofreu um dano (mutação) e, portanto, são clonais. A célula
mutante possui uma alteração em seu DNA que pode se manifestar pelo aparecimento de um oncogene ou do comprometi-
agudas, cujo aparecimento é brus- laboram na decisão do tratamento.
mento da ação de genes supressores de tumores. Isso a transforma em uma célula causadora de câncer, que é o acúmulo total
de células que cresceram a partir de uma única célula mutante. O mieloma, a leucemia, o linfoma e a síndrome mielodisplásica 21
Hematologista é o médico especializado no tratamento de doenças das células sanguíneas. Este profissional pode ser um
são exemplos de neoplasias clonais, ou seja, derivados de uma única célula anormal. clínico (que trata de adultos) ou um pediatra (que trata de crianças).

12 Leucemia Leucemia 13
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
Curso da Doença e Tratamento Tabela 1. Alguns sinais que influenciam na decisão de
Alguns pacientes com leucemia mas) é o principal tipo de leucemia
iniciar tratamento de pacientes com LLC.
linfóide crônica têm mínimas mu- que pode se manter estável sem
danças nas contagens sanguíneas: afetar o bem-estar do paciente por - Rápido aumento na contagem de linfócitos no sangue
um discreto aumento nos linfócitos um período prolongado, mesmo - Aumento no tamanho dos glânglios linfáticos
e pouca ou nenhuma diminuição sem tratamento. Pacientes sem tra- - Aumento no tamanho do baço
nos glóbulos vermelhos, glóbulos tamento são periodicamente moni- - Piora da anemia
- Diminuição nas contagens das plaquetas
brancos e plaquetas normais, e po- torados para se ter certeza de que
- Outros sinais ou sintomas resultantes da progressão da leucemia
dem permanecer estáveis por rela- não há progressão, além de serem
tivamente longos períodos (anos). orientados a procurar o médico
Já os pacientes com mínimas alte- caso tenham febre ou outro sinal
rações no sangue podem ter alguns de infecção ou doença.
Quimioterapia
problemas relacionados, como infec- A classificação usada no tra- A quimioterapia é o uso de são da leucemia linfóide crônica são
ções. Esses pacientes normalmente tamento de pacientes com LLC é substâncias químicas (medicamen- mostradas na Tabela 2 (pág. 20).
não recebem o tratamento de início. chamada estadiamento. Assim, os tos) para eliminar células malignas. Assim, combinações de medicações
Cerca de 50% dos pacientes não pacientes são classificados em es- Embora inúmeras medicações te- são utilizadas em alguns casos, de-
precisam de tratamento por longo tágios específicos da doença para nham sido desenvolvidas com esse pendendo do quadro geral de saú-
período de tempo e, muitas vezes, que possa ser avaliada a progressão, objetivo, a maioria atua causando de do paciente, idade e a rapidez
nunca precisarão de tratamento de- bem como o tratamento indicado danos ao DNA das células que, por aparente da progressão da doença.
vido ao curso clínico benigno. da doença. Nesse sentido, diversos causa disso, não conseguem crescer O tratamento da LLC não objetiva
É muito importante definir os estágios de classificação já foram ou sobreviver. Para uma quimiotera- curar a doença, já que as pessoas
pacientes que se beneficiarão ou propostos, mas os sistemas de esta- pia bensucedida, as células malignas convivem muito bem com a doença
não do tratamento. Mesmo aqueles diamento de Raí e Binet são os mais devem ser, pelo menos, ligeiramen- por longos períodos de tempo.
que, porventura, não necessitarem utilizados. Estes sistemas levam em te mais sensíveis às medicações que O mais importante é adaptar-se
de medicações, deverão se subme- consideração a elevação do número as células normais. Como as células a essa condição e convencer-se de
ter a avaliações médicas periódicas de linfócitos no sangue e na medu- da medula óssea, do trato intestinal, que não há necessidade de quimio-
para observar mudanças no curso la óssea, o tamanho e distribuição da pele e dos folículos de cabelo são terapia diante de um curso benig-
da doença que impliquem na neces- de gânglios, o tamanho do baço, mais sensíveis a esses medicamen- no. Há, entretanto, cerca de 30% a
sidade de tratá-las. o grau de anemia e a extensão da tos, efeitos colaterais nesses órgãos, 40% de pacientes que precisam de
Quando o paciente toma co- diminuição na contagem de plaque- como feridas na boca e queda tem- quimioterapia no início ou durante
nhecimento que tem leucemia e tas sanguíneas. Os pacientes que porária de cabelo, por exemplo, são o acompanhamento médico.
não receberá tratamento, pode têm progressão da doença (estágios
comuns na quimioterapia. O clorambucil (Leukeran) é
ficar preocupado. Entretanto, essa mais avançados) são normalmente
Saiba mais no manual ainda o medicamento mais utilizado
decisão de retardar o tratamento tratados com quimioterapia.
Terapia medicamentosa. mundialmente. Seu uso é recomen-
não deve ser motivo de preocupa- Alguns sinais de progres-
As medicações mais comumen- dado em pacientes com altas conta-
ção, pois a leucemia linfóide crô- são da doença são mostrados
te usadas no tratamento da progres- gens de linfócitos, que têm sua conta-
nica (e suas variantes mais próxi- na Tabela 1.
14 Leucemia Leucemia 15
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
gem dobrada em tempo inferior a um cientes que não responderem mais ao 20% dos casos no diagnóstico ou dos tratamentos anteriores. É um
ano, quando houver anemia, baixa tratamento com Leukeran. O maior ainda durante o seguimento e nos anticorpo humanizado (metade hu-
das plaquetas ou crescimento rápido inconveniente da fludarabina, entre- pacientes com número de plaquetas mano e metade de animal), portanto,
dos gânglios linfáticos. É um medica- tanto, é a indução de estado de baixa baixo. Comumente, a anemia hemo- com possibilidades menores de indu-
mento de fácil uso e manuseio, admi- das defesas, que geralmente não é in- lítica e a plaquetopenia têm fundo ção de alergias e produção de anti-
nistrado via oral, em doses pequenas tenso. Pelo fato de ser a LLC uma do- autoimune na LLC, e a prednisona corpo. Tem o inconveniente de poder
diariamente ou em doses mais eleva- ença de idoso, deve-se sempre consi- controla essas complicações. diminuir as defesas de forma até mais
das entre cinco a sete dias consecuti- derar este aspecto. A vigilância maior O alemtuzumab (Campath 1-H) intensa do que os análogos de purina
vos no mês. O tempo de tratamento é da imunossupressão induzida pela é um anticorpo monoclonal, cuja in- (Fludara, cladribina e pentostatina).
definido pelo seguimento mensal do medicação é importante nos casos dicação mais consagrada é para os ca- Quando empregada, a antibioticote-
exame físico, hemograma e, se neces- em que a fludarabina é indicada. As sos em que há resistência a quaisquer rapia preventiva é obrigatória.
sário, do exame da medula óssea. No doses para pacientes mais idosos de-
Brasil, também é o medicamento mais vem ser menores do que para os mais Terapia com Anticorpos Monoclonais
disponibilizado, com taxa de resposta jovens. Se necessário, deve-se utilizar
bastante elevada: mais de 80% dos antibióticos preventivamente. A cla- Vários anticorpos monoclonais afetar linfócitos normais, mas pou-
pacientes apresentam resposta clínica dribina é uma medicação alternativa introduzidos no tratamento dos lin- pam outros tecidos ao limitarem seus
e laboratorial favorável. É um trata- à fludarabina, e as taxas de resposta fomas podem ser úteis no tratamento efeitos indesejáveis.
mento de baixo custo e praticamente são próximas. Em curto prazo, a imu- da LLC (v. Tabela 2, pág. 20). Estes Um tratamento que tem se
sem risco. Apesar de ser um quimio- nossupressão da cladribina é ligeira- anticorpos são feitos por métodos de mostrado promissor, com altas ta-
terápico, não causa queda de cabelo, mente superior à da fludarabina. biotecnologia e visam causar a mor- xas de remissão22, é a combinação
vômitos e náuseas corriqueiras, como A associação de ciclofosfamida te dos linfócitos leucêmicos, quando de fludarabina, ciclofosfamida e o
a maioria dos esquemas mais agressi- + vincristina + prednisona (COP) se ligam a eles. Os anticorpos podem anticorpo monoclonal rituximab.
vos de quimioterapia. Seu uso pode ou de ciclofosfamida + vincristi-
ser repetido na evolução da doença. na + doxorrubicina + prednisona Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas (TCTH)
A fludarabina (Fludara) é o se- (CHOP) são recomendadas para
O transplante de células-tronco medula óssea de um doador saudá-
gundo tratamento mais utilizado casos de doença progressiva após
hematopoéticas é uma técnica desen- vel que apresentasse o mesmo tipo
mundialmente. Tem a vantagem de o Leukeran. O emprego do COP é
volvida para restaurar a medula óssea de HLA23 (sigla em inglês para antíge-
induzir uma taxa de resposta maior indicado principalmente para os
gravemente lesada de um paciente. A no leucocitário humano) do paciente,
do que o Leukeran e, praticamente, idosos com alterações da função do
fonte do transplante costumava ser a geralmente um irmão ou irmã. Entre-
normalizar o exame de sangue na coração que impossibilitem o uso da
maioria dos pacientes. Apesar da doxorrubicina. Nos pacientes resis-
taxa de resposta ser mais expressiva, tentes à fludarabina ou ao Leukeran, 22
Remissão é o desaparecimento completo de uma doença, como resultado do tratamento. A remissão pode ser com-
pleta (não há mais nenhuma evidência da doença) ou parcial (o tratamento provoca uma melhora acentuada, porém,
o tempo de vida dos pacientes que há chances de resposta por tempo ainda há evidências residuais da doença).
trataram com a fludarabina não foi geralmente limitado entre seis e 12 HLA é o antígeno leucocitário humano (do inglês Human Leukocyte Antigen). Essas proteínas se encontram na super-
23

fície da maioria das células e tecidos e fazem com que cada indivíduo tenha um tipo característico de tecido. O teste
superior ao tempo de vida dos pa- meses com essas associações. de antígenos HLA é conhecido como “tipagem do tecido”. Há quatro grupos principais de antígenos HLA: A, B, C e D.
O grupo D é dividido em DR, DP e DQ. Em um teste de compatibilidade, os seis grupos de antígenos (A, B, C, DR, DP e
cientes que empregaram o Leukeran. A prednisona é indicada quan- DQ) do doador e do receptor são comparados. Estas proteínas na superfície das células atuam como antígenos quando
doadas (transplantadas) a outro indivíduo, por exemplo, o receptor de células-tronco. Se os antígenos presentes nas
Não há, porém, dúvidas de que a flu- do houver anemia hemolítica, que células doadoras forem idênticos (gêmeos idênticos) ou muito similares (irmãos com HLA compatível), o transplante
terá maiores possibilidades de sucesso. Além disso, as células do corpo do receptor terão menor possibilidade de serem
darabina deva ser empregada nos pa- geralmente aparece entre 10% e atacadas pelas células do doador (doença do enxerto versus hospedeiro).

16 Leucemia Leucemia 17
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
tanto, programas de doadores foram coletadas do sangue de um doador, como tipo tissular. O termo “compa- divíduo para outro, devendo essa
criados para identificar doadores sem é necessário o uso de um ou mais tível não relacionado” é aplicado a técnica ser conhecida como infu-
parentesco, mas com tipo de tecido agentes que provoquem a liberação doadores recrutados a partir de pro- são autóloga de medula óssea.
compatível, abordagem que requer de grande número de células-tronco gramas de triagem de grandes popu- A técnica envolve a coleta de cé-
a triagem de milhares de indivíduos no sangue, de onde são retiradas por lações que buscam os raros indivídu- lulas-tronco da medula óssea ou do
não relacionados de etnia similar. meio de aférese24. os que apresentam tipo tissular muito sangue de um paciente em período
No Brasil, o Redome (Registro As células-tronco também semelhante ao do paciente. de remissão (ou quando a medula
Nacional de Doadores de Medula Ós- circulam em grande número no Outra modalidade de trans- óssea não estiver extremamente afe-
sea), ligado ao Instituto Nacional de sangue do feto e podem ser ob- plante consiste no uso das células- tada), para serem congeladas e ar-
Câncer (Inca), cadastra voluntários tidas do sangue, da placenta ou tronco do próprio paciente. Este mazenadas e, posteriormente (após
à doação de medula óssea, e o Re- do cordão umbilical após o nasci- procedimento tem sido erronea- quimioterapia intensiva), devolvidas
reme (Registro Nacional de Recepto- mento. A coleta, congelamento e mente designado de transplante ao paciente. As células são infundi-
res de Medula Óssea) possui em seu armazenamento de sangue do cor- autólogo ou autotransplante. O das através de um cateter implantado
cadastro os nomes de pacientes com dão umbilical proporcionam uma termo é inapropriado, porque a e retornam para a medula óssea, se
indicação para transplante. Os dois fonte alternativa de células-tronco palavra “transplante” significa a alojam e começam a produzir células
bancos cruzam suas informações, a para transplantes (semelhante ao transferência de tecido de um in- sanguíneas normais.
fim de checar se há pacientes e doa- Redome, a BrasilCord é uma rede
dores compatíveis. Quando não são nacional que armazena sangue de TCTH e LLC
encontrados, a busca por doadores é cordão umbilical e placentário).
realizada em bancos internacionais. Como tanto o sangue quanto a O TCTH é uma opção de trata- uma forma especial de transplante
Especificamente, o que se trans- medula óssea são ótimas fontes de mento para pacientes jovens (faixa de células-tronco que usa baixas
planta é uma fração muito pequena células-tronco para o transplante, o etária abaixo de 60 anos), cuidado- doses de radiação no pré-trata-
das células da medula óssea (célu- termo “transplante de medula óssea samente selecionados e que tenham mento/ou quimioterapia para pre-
las-tronco hematopoéticas), que po- (TMO)” tem sido substituído por doador de células-tronco hematopo- parar o paciente para receber as
dem ser encontradas tanto na medu- “transplante de células-tronco he- éticas compatível. Nesta condição, o células transplantadas. Este trata-
la quanto no sangue. Para que sejam matopoéticas (TCTH)”. uso de tratamentos mais intensivos mento é chamado de mieloablati-
que propiciam diminuição significa- vo ou “minitransplante”, porque
tiva da taxa de células leucêmicas não leva totalmente à diminuição
Tipos de TCTH
no organismo é importante para a acentuada nas contagens sanguí-
Quando o transplante é feito doador não for gêmeo idêntico, o realização do procedimento, em es- neas e pode ser usada em pessoas
entre gêmeos idênticos, é chamado transplante é chamado alogênico, in- pecial o transplante autólogo. Em mais velhas. Ele não destrói a fun-
singênico, termo médico que signi- dicando que é da mesma espécie e, situações bastante raras, no caso ção da medula óssea.
fica “geneticamente idêntico”. Se o na prática, quase sempre compatível de pacientes com doença agressiva
de faixa etária abaixo de 55 anos, O TCTH é mais detalhado no
24
Aférese (ou hemaférese) é o processo de remoção de certos componentes do sangue de um doador, restituindo-lhe os com-
ponentes não necessários. Esse procedimento funciona pela circulação contínua do sangue do doador através de uma máquina indica-se o transplante alogênico. manual Transplante de Células-Tron-
que separa as células desejadas (por exemplo, células-tronco hematopoéticas), retornando os demais elementos novamente ao
doador. Essa técnica permite, por exemplo, a coleta de plaquetas de um único doador em número suficiente para uma transfu- Também está sendo empregada co Hematopoéticas.
são (em vez de seis ou oito doadores diferentes). Assim, o receptor das plaquetas é exposto a um número menor de doadores
ou pode receber plaquetas compatíveis com o HLA de um único doador com quem tenha laços de sangue. Essa técnica também
é utilizada para remover células-tronco hematopoéticas da circulação, de forma que possam ser congeladas, armazenadas e
utilizadas posteriormente, substituindo a coleta de células-tronco hematopoéticas da medula óssea para um transplante.

18 Leucemia Leucemia 19
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
Tabela 2. Algumas Medicações e Anticorpos Monoclonais células sanguíneas (citocinas25) que agentes como esses pode também
Usados no Tratamento da Leucemia Linfóide Crônica podem ajudar a melhorar as bai- permitir que sejam ministradas do-
xas contagens de células. O uso de ses maiores de quimioterapia.

Alemtuzumab (Campath) Complicações e seus Tratamentos


Clorambucil (Leukeran)
Cladribina (Leustatin) Infecções recorrentes caracte- duzem um tipo restrito de anticorpos
Ciclofosfamida (Enduxam, Genuxal) rizam complicação frequente em contra suas próprias células. Esses
Doxoribicina (Adriamicina)
pacientes com leucemia linfóide “autoanticorpos” são normalmen-
Fludarabina (Fludara)
Prednisona (Meticorten) crônica. Há maior risco de infecções te direcionados contra os próprios
Vincristina (Oncovin) quando a quimioterapia diminui al- glóbulos vermelhos do paciente ou,
guns glóbulos brancos no sangue, menos frequentemente, contra as
mais especificamente os fagócitos, próprias plaquetas, causando a re-
Os efeitos benéficos se desen- temente, as células-tronco doa-
que ingerem micróbios e, conse- moção dessas células do corpo rapi-
volvem gradualmente por meses das e as células imunes tornam-se
quentemente, combatem as infec- damente. Esse efeito pode piorar a
e parecem ser resultantes de um dominantes. Esta metodologia é
ções. Assim, embora a deficiência anemia ou diminuir acentuadamen-
ataque imune dos linfócitos do do- experimental, aplicada em alguns
dos fagócitos permita que bactérias te as plaquetas. Um exame chamado
ador às células da LLC. Consequen- centros no Brasil.
e fungos provoquem infecções, são teste da antiglobulina, ou teste de
ministrados antibióticos para tratar Coombs, é utilizado para identificar
Outros Tratamentos Auxiliares infecções bacterianas ou por fungos os autoanticorpos.
Tratamentos com radiação po- mentado (esplenectomia) pode durante o curso da doença. Baixas O tratamento com predniso-
dem ser utilizados ocasionalmente melhorar as contagens sanguíne- contagens de neutrófilos e monóci- na é muitas vezes necessário para
para diminuir grandes massas de as. Isso ocorre porque os linfócitos tos (fagócitos), somadas à inabili- melhorar esse tipo de anemia, que
gânglios em locais que interferem leucêmicos podem se acumular dade dos linfócitos leucêmicos dos pode ser chamada de “anemia he-
no funcionamento de alguma es- no baço e se tornarem um proble- pacientes em produzir anticorpos molítica autoimune”, ou ainda
trutura vizinha (como o ureter ou ma para o paciente. A retirada do (imunoglobulinas), são uma combi- para melhorar a baixa contagem de
o intestino). É indicada a irradiação baço nesses casos pode ser neces- nação que aumenta muito o risco de plaquetas, que pode ser chamada de
esplênica para pacientes com esple- sária, mas apenas quando forem infecções. Pacientes com infecções “trombocitopenia26 imune”.
nomegalia volumosa, que tenham esgotadas outras possibilidades recorrentes podem também receber Em uma pequena proporção
dificuldade para responder à quimio- terapêuticas, uma vez que o ór- injeções de gamaglobulina com fre- de pacientes com LLC, acontece
terapia convencional e apresentem gão é importante para o sistema quência regular afim de corrigir a uma transformação e a doença se
contraindicação à esplenectomia. imunológico humano. deficiência imunológica. comporta como um linfoma rapi-
Em alguns pacientes, a remo- Tratamentos auxiliares in- Alguns pacientes com LLC pro- damente progressivo. Esse modelo
ção cirúrgica do baço muito au- cluem fatores de crescimento de
25
Citocinas são substâncias químicas produzidas e secretadas por algumas células e que agem sobre outras, estimulando ou
inibindo sua função. Aquelas derivadas dos linfócitos são denominadas linfocinas e as derivadas dos linfócitos que agem sobre
outros glóbulos brancos são denominadas interleucinas, porque interagem com dois tipos de leucócitos. Algumas citocinas podem
ser fabricadas comercialmente e utilizadas no tratamento. O fator estimulador das colônias de granulócitos (G CSF) é uma destas
citocinas. Ela estimula a produção de neutrófilos e encurta o período de baixa contagem destas células após a quimioterapia. As
citocinas que estimulam o crescimento de células são algumas vezes denominadas fatores de crescimento.
26
Trombocitopenia é a diminuição abaixo do normal do número de plaquetas do sangue.

20 Leucemia Leucemia 21
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
tem sido chamado de “transfor- mente por outro tipo de glóbulo Leucemias Linfóides Relacionadas
mação de Richter”, pois esse foi o branco, os prolinfócitos (v. Figura
nome do médico que, pela primei- 4, Painel D). O baço pode aumen- Várias doenças se asseme- linfomas não-Hodgkin de baixo
ra vez, notou essa condição. O au- tar ainda mais e a resposta ao tra- lham à leucemia linfóide crônica grau e a variante “smoldering” do
mento dos gânglios pode ser mais tamento pode diminuir. A leucemia (v. Tabela 3, pág. 24). Em 95% dos linfoma/leucemia de células T do
aparente, ocorrem febre e perda de prolinfocítica progride com mais casos, o tipo de célula que repre- adulto. As distinções da LLC com
peso e tumores de linfócitos podem rapidez do que a leucemia linfóide senta a célula maligna na leuce- essas condições se fazem com o
surgir em outros lugares que não crônica. Em raríssimos casos, pode mia linfóide crônica é o linfócito histórico do aparecimento da do-
nos nódulos linfáticos. parecer com o modelo da doença B. Nos casos restantes, a célula ença, exame físico, exame do he-
Em outros pacientes, a mu- que mimetiza o da leucemia linfói- se transforma de normal em leu- mograma pelo hematologista, exa-
dança na doença pode lembrar de aguda. As mudanças para um cêmica e tem as características de me da medula óssea por aspiração
mais uma leucemia prolinfocítica. padrão mais agressivo da doença um linfócito T ou de uma célula ou biópsia, imunofenotipagem das
As células no corpo podem mudar afetam uma pequena proporção de NK (natural killer). Assim, os três células leucêmicas e, se necessá-
e serem compostas predominante- pacientes com LLC. principais tipos de linfócitos (célu- rio, pelo estudo citogenético das
las T, B e NK) podem sofrer trans- células leucêmicas.
Figura 3. Localização dos Linfonodos no Corpo Humano formação maligna que causará do-
enças similares à leucemia linfóide Macroglobulinemia é uma
crônica (v. Figura 3, pág. 13). doença que tem diversas caracte-
A leucemia linfóide de gran- rísticas em comum com a leucemia
des linfócitos granulares (LGL) linfóide crônica. É sempre um tu-
é outro tipo de leucemia crônica, mor das células B que ocorre em
caracterizada por linfócitos maio- indivíduos mais velhos e envolve,
res com granulações que aparecem principalmente, a medula óssea.
A B quando examinados no micros- Como na LLC, a habilidade de pro-
cópio (v. Figura 4, Painel C, pág. duzir células normais é debilitada
22). O imunofenótipo das células e uma complicação comum costu-
na leucemia LGL pode ter o tipo de ma ser a anemia. Por outro lado,
célula T ou NK. os linfócitos leucêmicos não en-
Outros tipos de doenças pro- tram normalmente no sangue em
liferativas crônicas dos linfócitos grande número.
C D são similares à leucemia linfóide A macroglobulinemia também
crônica. Como exemplos, podem é relacionada ao mieloma, pois,
Figura 4. A figura A mostra o linfócito normal no sangue de uma pessoa saudável. A figura B ser citadas a leucemia de células em ambas as doenças, as células
mostra a frequência aumentada de linfócitos no sangue de um paciente com leucemia linfóide
crônica. A figura C mostra a aparência de grandes linfócitos granulares em paciente com esse tipo pilosas (“hairy cell leukemia” – de- malignas produzem proteínas cha-
de leucemia linfóide crônica (as setas apontam para o grupo de grânulos nas células). A figura D talhada no manual Leucemia das madas de imunoglobinas monoclo-
mostra as células de leucemia prolinfocítica, que são maiores do que as das figuras A ou B e têm
Células Pilosas), a leucemia prolin- nais de forma anormal.
uma área mais clara no seu núcleo, chamado de nucléolo (veja seta). Esta estrutura no núcleo é
um sinal de célula mais imatura ou primitiva. focítica, a macroglobulinemia de A doença é algumas vezes cha-
Waldenström, leucemização dos mada de macroglobulinemia de Wal-

22 Leucemia Leucemia 23
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
denström, por causa do médico sue- é chamada de leucemia linfóide A maioria também tem ampla extremo, dificuldades associadas po-
co que primeiro descreveu os casos subaguda. Ela é tratada com as variação de severidade clínica. Em dem estar presentes no momento do
reconhecidos dessa doença. mesmas medicações usadas para um extremo, a doença pode estar diagnóstico e progredirem de uma
as outras leucemias linfóides. estável, sem avanço em sua severi- ou outra forma, requerendo trata-
A leucemia prolinfocíti- dade e trazer poucas consequências mento imediato, observação fre-
ca é uma doença que apresenta Cada uma das doenças men- durante meses, anos e, em alguns quente e prontidão para lidar com
grande número de linfócitos no cionadas acima possui característi- casos, indefinidamente. Em outro problemas novos e inesperados.
sangue, mas que é uma mistura cas específicas que permitem que o
de pequenos linfócitos parecidos hematologista ou o oncologista27 as Leucemia Linfóide versus Linfoma
com a leucemia linfóide crônica diferencie. Entretanto, todas resul-
e linfócitos mais imaturos que se tam da transformação maligna de As leucemias linfóides e os lin- a doença foi originada em um linfó-
parecem com os da leucemia lin- um tipo de linfócito e do acúmulo fomas são, ambos, resultado de uma cito no tecido linfático presente na
fóide aguda. A doença progride dessas células, principalmente na transformação maligna da célula medula óssea, a doença é chamada
com mais rapidez do que a forma medula óssea e no baço. Além dis- que deveria ter sido um linfócito. A de leucemia. Em alguns casos de
crônica, porém, mais devagar do so, o aumento do nódulo linfático distinção no nome é feita segundo o leucemia linfóide, os nódulos lin-
que a forma aguda, e muitas vezes pode também ocorrer. local onde se iniciou a doença: se co- fáticos também podem estar pre-
meçou em um linfócito, nódulo lin- dominantemente envolvidos, como
fático ou em outro tecido linfático, ocorre em alguns casos de linfoma,
Tabela 3. Tipos de Leucemias Linfóides
como pele, intestino ou outro órgão, em que a medula óssea e o sangue
a doença é chamada de linfoma. Se contêm linfócitos anormais.
Progressão menos rápida:
Leucemia Linfóide Crônica
Leucemia das Células Pilosas Aspectos Sociais e Emocionais
Leucemia de Grandes Linfócitos Granulares
Macroglobulinemia O diagnóstico de uma doença médicos e enfermeiros. O estresse
como o câncer pode provocar res- emocional pode ser agravado por di-
Progressão mais rápida: posta emocional significativa nos pa- ficuldades no trabalho, estudos ou na
Leucemia Prolinfocítica
cientes, em sua família e amigos. Ne- interação com a família e amigos.
Leucemia Linfoma de Células T do Adulto
gação, depressão, desespero e medo
são reações comuns que, por vezes, Explicações abrangentes, abor-
Existem características espe- desenvolvimento normal das células interferem na resposta aos esquemas dando, inclusive, perspectivas de
ciais que as distinguem (aparência sanguíneas e da medula óssea e seus médicos de tratamento. remissão e planos de tratamento po-
e imunofenótipo) das células ma- efeitos variados nos órgãos (como fí- dem trazer alívio em termos emocio-
lignas, como os efeitos variados no gado, intestino e sistema nervoso). As dúvidas sobre a doença, o nais, auxiliando o paciente a focar-se
medo do desconhecido e as incerte- no tratamento que tem pela frente e
27
Oncologista é o médico que faz o diagnóstico e trata os pacientes com câncer. São, normalmente, especializados em
clínica médica, no caso de adultos, e oncopediatras, quando tratam crianças. Oncologistas radioterapeutas especializam-se zas sobre o futuro são temas que os nas perspectivas de recuperação.
no uso de radiação para o tratamento do câncer. Já os cirurgiões oncologistas especializam-se no uso de procedimentos
cirúrgicos para tratarem o câncer. Esses médicos cooperam e colaboram para dar ao paciente o melhor tratamento (cirur-
pacientes devem discutir profunda e Membros da família ou entes
gia, radioterapia e quimioterapia). Os oncologistas lidam com os tumores sólidos, ao passo que os linfomas, leucemias,
mielomas e síndrome mielodisplásica são mais frequentemente tratados pelos hematologistas. Há também a especialida-
frequentemente com suas famílias, queridos podem ter perguntas a res-
de chamada Onco-Hematologia, que cuida dos cânceres do sangue.

24 Leucemia Leucemia 25
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
peito da quimioterapia e de mé- Cabe lembrar que também os apoptose28, normalmente é gover- da. Por isso, é importante ressaltar
todos alternativos de tratamento. profissionais de saúde por vezes nado pelos genes no núcleo das que alguns medicamentos que es-
Médicos e equipe de saúde devem apresentam respostas emocio- células. Se houver um dano a esse timulam a morte das células estão
conversar abertamente e de forma nais importantes diante de insu- mecanismo, a morte da célula pode sendo estudados na tentativa de be-
clara com o paciente que assistem, cessos terapêuticos, de pacientes não ocorrer, ou então, ser retarda- neficiar os pacientes com LLC.
esclarecendo suas dúvidas. Profis- ou familiares agressivos, de toda
sionais de saúde como psicólogos a carga de expectativas, ansieda- Melhorias no Transplante de Células-Tronco
ou psico-oncologistas, além de des e tensões que acompanham
compreenderem a complexidade todas as etapas das doenças Novos procedimentos para seja um tratamento possível para
das emoções e as necessidades onco-hematológicas, que vão do transplante de células-tronco he- mais pacientes com LLC. O método
especiais daqueles que convivem diagnóstico à cura ou à morte. É matopoéticas alogênico estão não-mieloablativo permite um tra-
com a doença, dispõem de recur- importante, e natural, que estes sendo estudados. Equipes de pes- tamento com medicamentos menos
sos e técnicas para lidar com elas profissionais também recebam quisadores estão buscando novas tóxicos que pode anteceder o trans-
de forma eficaz. apoio psicológico. maneiras de reduzirem a toxicida- plante, disponibilizando este trata-
de do transplante e fazer com que mento a pacientes idosos.

A ABRALE também pode ajudar. A associação oferece atendimentos psicológico e


jurídico gratuitos e promove encontros quinzenais em sua sede, entre outras atividades, Imunoterapia
voltadas tanto para pacientes quanto para familiares.
Pesquisas estão sendo con- molécula radioativa anexada a
duzidas por diversos métodos ela que causa a morte das célu-
que podem permitir o uso de las leucêmicas e limita os efeitos
Perspectivas de Tratamento células imunes ou seus produ- nos outros tecidos. Esses méto-
tos para combater a doença. Um dos têm sido introduzidos no tra-
Novos Medicamentos método é o uso de um anticor- tamento do linfoma e podem ser
po que identifica os linfócitos úteis em alguns casos de leuce-
Novos medicamentos e suas das em doses diferentes das co-
leucêmicos e que pode bloque- mia linfóide. O transplante de célu-
combinações estão sendo testa- nhecidas, bem como administra-
ar uma função crítica da célula, las-tronco pode ser uma forma de
dos, com vistas a tratamentos mais das em diferentes intervalos.
causando a sua morte. Às vezes, imunoterapia em que linfócitos
efetivos para os pacientes com Acredita-se que a leucemia
o anticorpo tem uma toxina da do doador atacam e matam os
LLC. Esse processo está em an- linfóide crônica é o resultado, em
célula, uma medicação ou uma linfócitos do paciente.
damento, uma vez que as indús- parte, de uma mudança que evita
trias farmacêuticas trabalham em a morte natural das células, por
conjunto, cooperando com as ins- isso, estas se acumulam em gran-
tituições de saúde e seus pesqui- de número. Com base nisso, alguns
sadores para introduzirem novas medicamentos estão em fase de de-
medicações nos testes clínicos. senvolvimento para permitirem que 28
Apoptose é a morte celular programada. Normalmente, os genes da célula determinam a duração de sua vida, pois esses codifi-
Em alguns casos, as medicações as células leucêmicas sejam levadas cam as proteínas que executam esse processo. Em algumas células sangüíneas cancerígenas, a morte rápida da célula pode impedir
o seu desenvolvimento normal, ao passo que a morte muito lenta pode levar ao acúmulo de grande número de células anormais.
já existentes estão se mostrando à morte. Este processo natural de O termo apoptose deriva do termo grego usado para “folhas que caem”, traçando uma analogia à morte das folhas em árvores
caducas, que são repostas por novas folhas. Assim, as células mortas são repostas por células novas em um processo normal, cuida-
mais eficientes se forem utiliza- morte das células, conhecido por dosamente controlado, para que se mantenha o número adequado de células em cada tecido em uma pessoa saudável.

26 Leucemia Leucemia 27
Linfóide Crônica Linfóide Crônica
Citocinas
Glossário de Termos Médicos
Hormônios de crescimento que ou então aumentar o sistema imune
existem naturalmente, também pro- para atacar as células leucêmicas.
duzidos comercialmente pela bio- Esses e outros métodos têm o
tecnologia, podem ser usados para objetivo de, no futuro, aumentar
ajudar na restauração das células nor- a taxa de remissão e encontrar
Aférese (ou Hemaférese)
Processo de remoção de certos componentes do sangue de um doador, restituindo-
mais do sangue durante o tratamento a cura da LLC. lhe os componentes não necessários. Esse procedimento funciona pela circulação
contínua do sangue do doador através de uma máquina que separa as células
desejadas (por exemplo, células-tronco hematopoéticas), retornando os demais
elementos novamente ao doador. Essa técnica permite, por exemplo, a coleta de
plaquetas de um único doador em número suficiente para uma transfusão (em vez
de seis ou oito doadores diferentes). Assim, o receptor das plaquetas é exposto a um
número menor de doadores ou pode receber plaquetas compatíveis com o HLA de
um único doador com quem tenha laços de sangue. Essa técnica também é utilizada
para remover células-tronco hematopoéticas da circulação, de forma que possam
ser congeladas, armazenadas e utilizadas posteriormente, substituindo a coleta de
células-tronco hematopoéticas da medula óssea, para um transplante.

Anemia
Diminuição do número de glóbulos vermelhos e, consequentemente, da
concentração da hemoglobina no sangue (abaixo de 10%, quando o normal é de
13 a 14%). Como consequência, a capacidade de transporte de oxigênio do sangue
é diminuída. Quando severa, a anemia pode causar fisionomia pálida, fraqueza,
fadiga e falta de fôlego após esforços.

Antibióticos
Medicações que matam ou interrompem o crescimento de células. Derivados
de micróbios, como bactérias ou fungos, os antibióticos são utilizados
principalmente para tratar doenças infecciosas e têm como exemplo clássico a
penicilina. Em alguns casos, os antibióticos também podem ser utilizados como
agentes anticâncer, como a antraciclina.

Anticorpos
Proteínas produzidas principalmente pelos linfócitos B (do qual são derivados os
plasmócitos) como resposta a substâncias estranhas denominadas antígenos. Por
exemplo, agentes infecciosos, como vírus ou bactérias, fazem com que os linfócitos
produzam anticorpos para defender o organismo. Em alguns casos (como o vírus do
sarampo), os anticorpos têm função protetora e impedem a segunda infecção. Esses
anticorpos podem ser utilizados para identificar células específicas e melhorar os
métodos de classificação das doenças onco-hematológicas (v. Imunofenotipagem).

Antígenos
Qualquer parte de uma molécula capaz de ser reconhecida pelo sistema
imunológico como estranha ao organismo.

28 Leucemia
Linfóide Crônica
Apoptose a-Cath, Hickman, Broviac e outros) são utilizados em pacientes que recebem
Morte celular programada. Normalmente, os genes da célula determinam a duração quimioterapia intensiva e/ou apoio nutricional.
de sua vida, pois esses codificam as proteínas que executam esse processo. Em
algumas células sanguíneas cancerígenas, a morte rápida da célula pode impedir Células Brancas
o seu desenvolvimento normal, ao passo que a morte muito lenta pode levar ao (v. Glóbulos Brancos)
acúmulo de grande número de células anormais. O termo apoptose deriva do
termo grego usado para “folhas que caem”, traçando uma analogia com a morte Células Vermelhas
das folhas em árvores caducas que são repostas por novas folhas. Assim, as células (v. Glóbulos Vermelhos)
mortas são repostas por células novas em um processo normal, cuidadosamente
controlado, para que se mantenha o número adequado de células em cada tecido Células-Tronco Hematopoéticas
em uma pessoa saudável.
(ou Células Progenitoras)
Células primitivas da medula óssea, importantes para a produção de glóbulos
Baço vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas (v. Hematopoese). Geralmente, as células-
Órgão do corpo que se localiza na porção superior esquerda do abdômen, tronco são encontradas na medula óssea, porém, algumas saem e circulam no sangue.
bem abaixo do diafragma. Contém aglomerados de linfócitos (similarmente Por meio de técnicas especiais (v. Aférese), as células-tronco do sangue podem
aos linfonodos), filtra células sanguíneas velhas ou gastas e é frequentemente ser coletadas, preservadas por congelamento e, posteriormente, descongeladas e
afetado, principalmente, pelas doenças onco-hematológicas. O aumento do baço utilizadas (transplante de células-tronco hematopoéticas – TCTH).
é denominado esplenomegalia e a sua remoção cirúrgica, esplenectomia, deve ser
realizada apenas quando forem esgotadas todas as outras opções de tratamento.
Ciclo de Tratamento
Combinação de quimioterapia utilizada em determinado período. O ciclo pode
Basófilos incluir a mesma combinação de quimioterapia ou combinações diversas alteradas,
Glóbulos brancos que participam de certas reações alérgicas. para melhor resposta ao tratamento.

Biópsia de Medula Óssea


Remoção por agulha de uma amostra do tecido da medula óssea. Citocinas
Substâncias químicas produzidas e secretadas por algumas células e que agem sobre
outras, estimulando ou inibindo sua função. Aquelas derivadas dos linfócitos são
Blastos denominadas linfocinas e as derivadas dos linfócitos que agem sobre outros glóbulos
Esse termo, quando aplicado a uma medula óssea normal, refere-se às células mais brancos são denominadas interleucinas, porque interagem com dois tipos de
jovens da medula, identificadas por microscópio ótico. Os blastos representam, leucócitos. Algumas citocinas podem ser fabricadas comercialmente e utilizadas no
aproximadamente, 1% das células de desenvolvimento normal da medula e são, tratamento. O fator estimulador das colônias de granulócitos (G CSF) é uma destas
em sua maioria, mieloblastos, ou seja, células que se transformarão em neutrófilos. citocinas e tem a função de induzir a produção de neutrófilos e encurtar o período
Em linfonodos normais, os blastos são geralmente linfoblastos, ou seja, células de baixa contagem destas células após a quimioterapia. As citocinas que estimulam o
que são parte do desenvolvimento normal dos linfócitos. Nas leucemias agudas, crescimento de células são algumas vezes denominadas fatores de crescimento.
as células blásticas leucêmicas, que têm aparência similar aos blastos normais, se
acumulam em grande quantidade, chegando a corresponder a até 80% de todas as
células da medula óssea. Citogenética
Processo de análise do número e possíveis alterações dos cromossomos celulares.
O profissional que prepara, examina e interpreta o número e o formato dos
Cateter cromossomos é o citogeneticista. Além das alterações nos cromossomos, os
Tubo especial inserido em uma veia calibrosa na porção superior do peito. O genes específicos afetados também podem ser identificados em alguns casos.
cateter é tunelizado por debaixo da pele até o peito, para que se mantenha Essas descobertas são muito úteis para o diagnóstico de tipos específicos de
firmemente posicionado e possa ser utilizado para injeção de medicamentos, doenças onco-hematológicas, para determinar abordagens terapêuticas e para o
fluidos ou hemocomponentes, e também para a coleta de amostras sanguíneas. acompanhamento da resposta ao tratamento.
Com cuidados adequados, os cateteres podem permanecer posicionados, se
necessário, por longos períodos de tempo (muitos meses, sendo denominados
nestes casos cateteres de longa permanência). Vários tipos de cateteres (Porth- Citopenia
Redução na produção de células sanguíneas, devido à utilização de medicação
(por exemplo, quimioterapia), ou outros fatores, levando à redução no número de Já o bandeamento de cromossomos é a marcação de cromossomos com corantes
células circulando no sangue. que acentuam ou enfatizam suas bandas ou regiões. As bandas definem
características mais específicas dos cromossomos, permitindo que seus 23 pares
Clonal sejam distinguidos individualmente, com identificação mais precisa.
(v. Monoclonal)
Culturas
Condição Clínica (ou Status Clínico) No caso de suspeita de infecção, é útil conhecer o local envolvido e o tipo de
Estado que quantifica a capacidade de desempenho de atividades diárias do bactéria, fungo ou outros micro-organismos, de forma que antibióticos mais
paciente. Essa quantificação é importante para avaliar o estado de saúde de específicos possam ser indicados para o tratamento. Para determinar o local e o
pacientes sob tratamento em estudos clínicos. Se um grupo apresenta uma agente envolvido, amostras de fluidos corporais, como escarro, sangue, urina e
diferença significativa em termos de estado de desempenho, a interpretação dos esfregaços do interior do nariz e da garganta, bem como do reto, são colocadas
resultados de seu tratamento é influenciada. Além disso, o estado de desempenho em um meio de cultura em recipientes especiais estéreis e incubados em
também é importante na determinação da tolerância de um paciente a uma temperatura de 37ºC por um ou vários dias. Essas culturas são analisadas para
terapia intensiva. A seguinte versão resumida da definição do nível de atividades verificar a presença de microsseres. Caso estejam presentes, serão submetidos
descreve o estado de desempenho em termos de uma escala decrescente, a testes com vários antibióticos, para que se identifique o medicamento que
começando com atividades e capacidades normais. Outras versões utilizam um possui maior capacidade de matá-los. Isso é chamado de determinação da
percentual do normal como indicador. “sensibilidade a antibióticos” (antibiograma) de um organismo.

Depressão da Medula Óssea


Estado Definição Diminuição da produção de células sanguíneas, o que pode ocorrer após
0 Atividade Normal quimioterapia ou radioterapia, quando esta envolver a radiação de grandes
áreas onde se encontram ossos que contenham medula óssea.
1 Sintomas Ambulatoriais
2 Na cama <50% do tempo Desidrogenase Láctica (LDH)
3 Na cama >50% do tempo Enzima presente em todas as células normais e anormais. Quando o sangue
é coletado e coagula, a porção fluida é denominada soro. Muitas substâncias
4 100% na cama
químicas são medidas no soro, inclusive a LDH. Um soro normal contém
baixos níveis de LDH, entretanto, esse nível pode se encontrar elevado
em muitas doenças, como na hepatite e em vários tipos de câncer. A LDH
Crista Ilíaca encontra-se geralmente elevada no linfoma e nas leucemias linfóides.
Borda do quadril, local de onde normalmente é retirada a amostra de medula óssea
para o diagnóstico de doenças nas células sanguíneas. Diferenciação
Processo pelo qual as células-tronco de uma única linhagem passam a ter
Cromossomos função específica no sangue. Os glóbulos vermelhos, plaquetas, neutrófilos,
Todas as células humanas normais nucleadas contêm 46 estruturas denominadas monócitos, eosinófilos, basófilos e linfócitos sofrem o processo de maturação
cromossomos. Os genes, segmentos específicos de DNA, são as principais estruturas a partir de um grupo de células-tronco hematopoéticas.
que formam os cromossomos. Um cromossomo de tamanho médio possui DNA
suficiente para conter 2 mil genes. Por determinarem nosso sexo, os cromossomos X e DNA
Y são conhecidos como cromossomos sexuais: dois cromossomos X, em mulheres, Ácido desoxirribonucléico, é a carga genética do indivíduo.
e um X e um Y, em homens. Os cromossomos podem sofrer várias alterações nas
células diante das doenças onco-hematológicas. Eosinófilos
Seu arranjo sistemático, dos 46 cromossomos humanos de uma célula em 23 Glóbulos brancos que participam de certas reações alérgicas e auxiliam na
pares combinados (elemento materno e paterno de cada par) por comprimento defesa contra algumas infecções parasitárias.
(do mais longo para o mais curto) e outras características, por meio do uso
de fotografias, é chamado de cariótipo. Nele, os cromossomos sexuais são Eritropoetina
mostrados como um par em separado (XX ou XY). Qualquer dos cromossomos Hormônio produzido pelos rins. Os pacientes com insuficiência renal não
que não sejam os sexuais são denominados autossômicos.
produzem eritropoetina o suficiente e, como consequência, apresentam anemia. Gamaglobulinas
Injeções de eritropoetina sintética podem ser úteis. A transfusão sanguínea Porção ou fração das proteínas que se encontram no plasma. Quando as proteínas
é outra alternativa, especialmente, em uma emergência. A eritropoetina do plasma são inicialmente separadas por métodos químicos, são denominadas
sintética está sendo utilizada profilaticamente antes da quimioterapia e como albuminas ou globulinas. As globulinas se dividem em três grupos principais:
terapia de suporte após a quimioterapia para evitar a anemia. alfa, beta ou gama. As gamaglobulinas contêm os anticorpos do plasma, e,
algumas vezes, são denominadas imunoglobulinas, porque são produzidas pelas
Estudos (ou Ensaios) Clínicos células do sistema imunológico, principalmente linfócitos B e seus derivados
Estudos de investigação que experimentam novas terapias contra diversos (células plasmáticas). As gamaglobulinas ou imunoglobulinas são elementos-
tipos de câncer. chave do sistema imunológico, porque contêm os anticorpos que nos protegem
Na Fase I de um estudo clínico, um novo agente, que já foi testado em células e das infecções. Pacientes com deficiências imunológicas, como os com linfoma
depois em animais de laboratório, é examinado em um número relativamente ou leucemia linfóide crônica cujos linfócitos B não são capazes de produzir
pequeno de indivíduos, geralmente com doença avançada e que responde mal, ou gamaglobulina, podem receber periodicamente injeções desta fração de proteínas,
não responde, aos tratamentos existentes, para determinar dosagens, tolerância numa tentativa de reduzir o risco de infecções.
do paciente e efeitos tóxicos agudos. Os subtipos de gamaglobulina são: IgG, IgM, IgA e IgE
Se a eficácia for evidente, a nova abordagem pode ser testada na Fase II,
em que mais pacientes são estudados e mais dados sobre dosagem, efeitos Glóbulos Brancos (ou Leucócitos)
e toxicidade são coletados. Na Fase III de um teste, a medicação ou nova Células que combatem as infecções, destruindo diretamente as bactérias e
abordagem é comparada em pacientes selecionados ao acaso para receber o vírus no sangue, além de produzirem globulinas, que fortalecem o sistema
melhor tratamento disponível atualmente ou o novo tratamento. Com isso, imunológico frente às doenças. Existem cinco tipos de glóbulos brancos:
um número maior de pacientes é estudado. neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos.
O médico pode recomendar um estudo clínico para o paciente em algum momento de seu
tratamento. A maior parte dos estudos é patrocinada por agências oficiais de incentivo à Glóbulos Vermelhos (ou Hemácias ou Eritrócitos)
pesquisa e por indústrias farmacêuticas. Com frequência, o mesmo ensaio é oferecido em Células sanguíneas que carregam hemoglobina, que, por sua vez, se liga ao
vários centros de tratamento de câncer, de maneira que os pacientes possam participar oxigênio, transportando-o aos tecidos do corpo. Constituem cerca de 45%
da mesma pesquisa em diferentes locais no Brasil ou em conjunto com outros países. do volume do sangue em indivíduos saudáveis.

Fagócitos Granulócitos
Glóbulos brancos que “comem” (ingerem) micro-organismos, como bactérias Glóbulos brancos que apresentam grande número de grânulos proeminentes
ou fungos, matando-os como forma de proteger o corpo de infecções. Os dois no corpo celular. Outras células sanguíneas apresentam menor número de
principais fagócitos do sangue são os neutrófilos e os monócitos. A diminuição grânulos, como os linfócitos, por exemplo. Os neutrófilos, eosinófilos e
do número dessas células sanguíneas é a principal causa de suscetibilidade basófilos são tipos de granulócitos.
a infecções em pacientes com doenças onco-hematológicas tratados com
radioterapia e/ou quimioterapia intensivas que suprimem a produção de células Granulocitose
sanguíneas na medula óssea. Aumento, acima do normal, da concentração de granulócitos no sangue.

Fatores de Crescimento Hematócrito


(v. verbete Citocinas) Proporção do sangue ocupada por hemácias. Os valores normais são de 40% a 50%
em homens, e de 35% a 47% em mulheres. Se o hematócrito está abaixo do normal,
Fator “Estimulador de Colônia” a pessoa tem anemia; se estiver acima do normal, a pessoa tem eritrocitose.
(v. verbete Citocinas)
Hematologista
Fosfatase Alcalina dos Leucócitos (FAL) Médico especializado no tratamento de doenças das células sanguíneas. O profissional
Enzima dos glóbulos brancos que tem sua atividade diminuída de maneira pode ser um clínico (que trata de adultos) ou um pediatra (que trata de crianças).
marcante em pacientes com leucemia mielóide crônica. Tem sido pouco utilizada
em testes laboratoriais para distinguir a causa do aumento da contagem dos Hematopoese
glóbulos brancos: se esse aumento está associado à LMC ou a outras causas. Processo de formação de células do sangue na medula óssea. As células
mais primitivas da medula são as células-tronco, que iniciam o processo (transplantadas) a outro indivíduo, por exemplo, o receptor de células-
de diferenciação das células do sangue. As células-tronco se transformam tronco. Se os antígenos presentes nas células doadoras forem idênticos
em vários tipos de células maduras (cada qual com sua função específica (gêmeos idênticos) ou muito similares (irmãos com HLA compatível), o
no organismo), como os glóbulos brancos ou vermelhos. O processo da transplante terá maiores possibilidades de sucesso. Além disso, as células
maturação ocorre quando as células sanguíneas jovens se transformam do corpo do receptor terão menor possibilidade de serem atacadas pelas
posteriormente em células totalmente funcionais, saindo, então, da medula células do doador (doença do enxerto versus hospedeiro).
óssea e penetrando na circulação sanguínea. A hematopoese é um processo
contínuo, normalmente ativo ao longo da vida. A razão para esta atividade Imunofenotipagem
é o fato de que a maioria das células sanguíneas vive por períodos curtos Método que utiliza as reações dos anticorpos com os antígenos para
e deve ser continuamente substituída. Diariamente são produzidos cerca determinar os tipos celulares específicos em uma amostra de células do
de quinhentos bilhões de células do sangue. Os glóbulos vermelhos vivem, sangue ou da medula óssea. Um marcador é colocado em anticorpos
aproximadamente, quatro meses; as plaquetas, em torno de dez dias; e a reativos contra antígenos específicos de uma célula. Esse marcador pode
maioria dos neutrófilos, de dois a três dias. Essa necessidade de reposição ser identificado por um equipamento laboratorial utilizado para o teste. À
explica a deficiência severa do número de células sanguíneas quando a medida que as células, com seus arranjos de antígenos, vão reagindo contra
medula óssea é lesada por tratamento citotóxico intensivo (quimioterapia anticorpos específicos, elas podem ser identificadas pelo marcador. Esse
ou radioterapia) ou pela substituição de suas células sadias por células método auxilia a subclassificar os tipos de células que podem, por sua vez,
cancerosas ou outras doenças hematológicas. auxiliar a decidir qual o melhor tratamento a ser utilizado para determinado
tipo de leucemia ou linfoma.
Hemoglobina Da mesma forma, o exame de imuno-histoquímica é realizado em tecidos
Pigmento das hemácias que transporta oxigênio para as células dos tecidos. como linfonodos, com o mesmo objetivo e seguindo o mesmo método.
Uma redução nas hemácias diminui a hemoglobina no sangue, o que causa a
anemia. A diminuição da concentração de hemoglobina diminui a capacidade Imunofixação
do sangue de transportar oxigênio. Se for grave, essa diminuição pode Método imunológico utilizado para identificar o tipo de proteína M (IgG, IgA,
limitar a capacidade de uma pessoa realizar esforço físico. Valores normais kappa ou lambda). É uma técnica de coloração muito sensível, que identifica
de hemoglobina no sangue estão entre 12 e 16 gramas por decilitro (g/dl) exatamente os tipos de cadeias (pesada ou leve) das proteínas monoclonais.
de sangue. Mulheres saudáveis possuem em média 10% menos hemoglobina
no sangue do que os homens. Imunoglobulinas
(v. Gamaglobulinas)
Hemograma (ou Contagem
de Células Sanguíneas) Infecções Oportunistas
Exame laboratorial que requer uma pequena amostra de sangue, de onde são Os pacientes submetidos à quimioterapia e/ou radioterapia apresentam maiores
medidas e contadas as células em circulação. O termo HMG é frequentemente riscos de infecção. “Oportunista” é o termo utilizado para infecções por bactérias,
utilizado, referindo-se a este exame. vírus, fungos ou protozoários aos quais indivíduos com um sistema imunológico
normal não são suscetíveis. Esses organismos tiram proveito da debilidade
Hepatomegalia proporcionada pela imunodeficiência, principalmente quando são verificadas
Aumento de tamanho do fígado. contagens muito baixas de glóbulos brancos resultantes do tratamento.

HLA Inibidores da Tirosina Quinase


Antígeno leucocitário humano (do inglês Human Leukocyte Antigen). Essas Categoria de medicamentos, entre os quais o mais notável é o mesilato de imatinibe
proteínas se encontram na superfície da maioria das células e tecidos e (Glivec®), que bloqueia os efeitos da tirosina quinase mutante, verificados na
fazem com que cada indivíduo tenha um tipo característico de tecido. O leucemia mielóide crônica. Essa abordagem específica é conhecida como terapia
teste de antígenos HLA é conhecido como “tipagem do tecido”. Há quatro molecular, já que a medicação é designada para bloquear as reações de uma
grupos principais de antígenos HLA: A, B, C e D. O grupo D é dividido em proteína específica que são a causa essencial da transformação leucêmica.
DR, DP e DQ. Em um teste de compatibilidade, os seis grupos de antígenos
(A, B, C, DR, DP e DQ) do doador e do receptor são comparados. Estas Interleucinas
proteínas na superfície das células atuam como antígenos quando doadas (v. Citocinas)
Isótopos Radioativos Mitose
Moléculas que emitem radiação. Como certos tipos de radiação podem lesar Processo pelo qual uma célula única se divide em duas. Esse processo também
células cancerígenas, médicos utilizam isótopos radioativos para tratar é conhecido como divisão celular, replicação celular ou crescimento celular.
o câncer de várias maneiras, inclusive aderindo o isótopo aos anticorpos
que, por sua vez, também se aderem às células cancerígenas, destruindo-as Monócitos (ou Macrófagos)
devido à radiação emitida. Glóbulos brancos que auxiliam no combate às infecções. Os monócitos e
os neutrófilos são as duas principais células “matadoras e comedoras de
Lesões Líticas micro-organismos” que encontramos no sangue. Quando os monócitos saem
Áreas danificadas do osso que podem ser identificadas no raio-X, quando do sangue e penetram no tecido, transformam-se em macrófagos, que são
uma quantidade suficiente do osso, que era normal, já estiver corroída. os monócitos em ação, e podem combater infecções nos tecidos ou exercer
Lesões líticas se assemelham a buracos no osso, evidenciando que ele está outras funções, como ingerir células mortas.
sendo enfraquecido.
Monoclonal
Leucocitose População de células derivadas de uma única célula primitiva. Praticamente
Aumento acima do normal da concentração dos leucócitos do sangue, dos todas as neoplasias malignas são derivadas de uma única célula, cujo DNA
granulócitos, monócitos, linfócitos e de outros leucócitos anormais, caso presentes. sofreu um dano (mutação) e, portanto, são clonais. A célula mutante possui
uma alteração em seu DNA que pode se manifestar pelo aparecimento de um
Leucopenia oncogene ou do comprometimento da ação de genes supressores de tumores.
Diminuição abaixo do normal do número de leucócitos (glóbulos brancos) Isso a transforma em uma célula causadora de câncer, que é o acúmulo total
do sangue. de células que cresceram a partir de uma única célula mutante. O mieloma, a
leucemia, o linfoma e a síndrome mielodisplásica são exemplos de neoplasias
Linfocinas clonais, ou seja, derivados de uma única célula anormal.
(v. Citocinas)
Mutação
Linfócitos Alteração de um gene como resultado de uma lesão no DNA de uma célula.
Glóbulos brancos que participam do sistema imunológico. Há três tipos Mutações de células germinativas ocorrem no óvulo ou no esperma e são
principais de linfócitos: 1) Linfócitos B, que produzem anticorpos para transmitidas de pai para filho. As mutações de células somáticas ocorrem
auxiliar contra agentes infecciosos, como bactérias, vírus e fungos; 2) em tecido específico e podem resultar no crescimento celular deste,
Linfócitos T, que possuem várias funções, inclusive a de auxiliar os linfócitos transformando-se em um tumor. No linfoma, leucemia ou mieloma, uma
B a produzirem anticorpos e atacarem células infectadas por vírus; 3) Células célula primitiva da medula óssea ou de um linfonodo sofre mutação(ões)
NK (natural killer), que atacam células tumorais. que leva(m) à formação de um tumor. Nesses casos, os tumores geralmente
se encontram amplamente disseminados quando são detectados e envolvem
Medicações Citotóxicas a medula óssea ou os gânglios em muitos locais.
Medicações anticâncer que atuam matando as células doentes ou impedindo
sua multiplicação. Mutação Somática
Alteração de um gene nas células de um tecido específico, fazendo com que ele
Medula Óssea se transforme em um gene causador de câncer, ou oncogene. Essa mutação é
Tecido esponjoso que ocupa a cavidade central dos ossos e desempenha papel denominada “somática” para que possa ser distinguida da mutação de células
fundamental no desenvolvimento das células sanguíneas. Após a puberdade, germinativas, que pode ser passada de pai para filho. A maioria dos casos de
a medula óssea da coluna cervical, vértebras, costelas, esterno, pelve, ombros leucemia, linfoma, mieloma múltiplo e síndrome mielodisplásica é provocada
e crânio continua ativa na produção e diferenciação de células do sangue. por uma mutação somática de uma célula primitiva da medula óssea ou
linfonodo. Se a mutação for resultante de uma anormalidade cromossômica,
Mielograma como uma translocação, ela pode ser detectada por exame citogenético.
Também conhecido como punção aspirativa de medula óssea, é o exame que Frequentemente, a alteração do gene é sutil e testes mais sensíveis são
define o diagnóstico da doença, mostrando os tipos de células presentes na necessários para que o oncogene seja identificado.
medula óssea e quais anormalidades elas apresentam.
Neutrófilos Púrpura
Glóbulos brancos que são as principais células fagocitárias (“comedoras” de Presença de sangramento na pele, que pode ocorrer na forma de manchas
micróbios) do sangue. Um neutrófilo pode ser polimorfonuclear ou segmentado. pretas e azuis de tamanhos variados (equimoses) ou pequenas manchas,
chamadas petéquias, ou ambas.
Neutropenia
Diminuição abaixo do normal do número de neutrófilos. Quimioterapia
Uso de substância química (medicamentos) para eliminar células malignas.
Oncogene Embora inúmeras medicações tenham sido desenvolvidas com esse objetivo,
Gene mutante causador do câncer. Vários subtipos de linfoma, leucemia a maioria atua causando danos ao DNA das células que, por causa disso,
aguda, e praticamente todos os casos de leucemia mielóide apresentam não conseguem crescer ou sobreviver. Para uma quimioterapia bensucedida,
consistentemente um gene que sofre mutação (oncogene). as células malignas devem ser, pelo menos, ligeiramente mais sensíveis
O antioncogene (ou gene supressor de tumores) é o gene que atua impedindo às medicações que as células normais. Como as células da medula óssea,
o crescimento celular. Se uma mutação ocorrer nesse gene, o indivíduo do trato intestinal, da pele e dos folículos de cabelo são mais sensíveis a
pode se tornar mais suscetível ao desenvolvimento de câncer no tecido esses medicamentos, efeitos colaterais nesses órgãos, como feridas na boca
correspondente. e queda temporária dos fios, por exemplo, são comuns na quimioterapia.
Outro efeito habitual é a redução na produção de células sanguíneas.
Oncologista
Médico que faz o diagnóstico e trata os pacientes com câncer. São, normalmente, Radioterapia
especializados em clínica médica, no caso de adultos, e oncopediatras, quando Tratamento que utiliza raios de alta energia para destruir ou diminuir a
tratam crianças. Oncologistas radioterapeutas especializam-se no uso de ação das células cancerígenas em determinada área. É realizado por meio
radiação para o tratamento do câncer. Já os cirurgiões oncologistas especializam- de equipamento semelhante a uma máquina de raios-X.
se no uso de procedimentos cirúrgicos para tratarem o câncer. Esses médicos
cooperam e colaboram para dar ao paciente o melhor tratamento (cirurgia, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
radioterapia e quimioterapia). Os oncologistas lidam com os tumores sólidos, Técnica para expandir quantidades de traços de DNA ou RNA, de forma
ao passo que linfoma, leucemia, mieloma e síndrome mielodisplásica são mais que o tipo específico de um ou outro possa ser detectado. Esta técnica é
frequentemente tratados pelos hematologistas. Há também a especialidade útil na detecção de baixas concentrações de células residuais de linfoma
chamada Onco-Hematologia, que cuida dos cânceres do sangue. ou leucemia, em número muito pequeno para que sejam detectadas no
microscópio. É necessário que haja uma anormalidade específica de DNA ou
Pancitopenia um marcador, como um oncogene, na célula de linfoma ou leucemia, para
Diminuição abaixo do normal do número de glóbulos vermelhos, glóbulos que ela possa ser identificada por esta técnica.
brancos e plaquetas.
Recidiva (ou Recorrência)
Petéquias Retorno (recaída) da doença depois de um período de remissão pós-
Pequenos pontos de sangramento na pele, resultantes de baixa contagem -tratamento (controle da doença).
de plaquetas. Esses pequenos pontos hemorrágicos são frequentemente
encontrados nas pernas, pés, tórax e braços, e desaparecem gradualmente Remissão
quando a contagem de plaquetas aumenta. Desaparecimento completo de uma doença, como resultado do tratamento.
A remissão pode ser completa (não há mais qualquer evidência da doença)
Plaquetas ou parcial (o tratamento provoca uma melhora acentuada, porém, ainda há
Pequenos fragmentos de sangue (em torno de um décimo do volume evidências residuais da doença).
dos glóbulos vermelhos) que aderem ao local onde houve lesão de um
vaso sanguíneo e se agregam uns aos outros, vedando o vaso lesado e, Resistência a Múltiplas Medicações
consequentemente, interrompendo o sangramento. Característica das células que faz com que elas resistam simultaneamente ao
efeito de várias classes de medicamentos. Há diversas formas de resistência
Punção Aspirativa de Medula Óssea a múltiplas medicações, determinadas pelos genes que controlam a resposta
(V. Mielograma) celular a substâncias químicas. O primeiro mecanismo celular identificado
de resistência a múltiplas medicações relaciona-se à capacidade de (BCR-ABL) que produz uma tirosina quinase anormal ou mutante. Essa enzima
bombeamento de várias medicações para o exterior da célula. Uma bomba anormal provoca uma cascata de efeitos na célula que a transformam em uma
na parede celular ejeta rapidamente as medicações para fora da célula, célula leucêmica.
impedindo-as de atingir uma concentração tóxica. Nas células, a resistência
a medicamentos pode estar relacionada à expressão dos genes que controlam Tomografia Computadorizada
a formação de grandes quantidades da proteína, impedindo-as de exercer Técnica utilizada para obtenção de imagens de tecidos e órgãos do corpo. Transmissões
efeito nas células malignas. de raios-X são convertidas em imagens detalhadas por um computador que sintetiza
os dados dos raios-X. As imagens são exibidas em seção transversal de qualquer
Resistência ao Tratamento nível, da cabeça aos pés. Uma tomografia computadorizada do peito ou do abdômen
Capacidade que uma célula tem de viver e se dividir, apesar de ter sido permite a detecção de linfonodos, fígado ou baço aumentados e pode ser utilizada
exposta a uma medicação que geralmente mata células ou inibe seu para medir o tamanho destas e de outras estruturas durante e após o tratamento.
crescimento. Isso é a causa de doenças malignas refratárias, em que uma
porcentagem de células malignas resiste aos efeitos danosos de um ou mais Toxinas
medicamentos. As células possuem várias maneiras de desenvolver esse tipo Substâncias derivadas naturais que causam danos às células, podendo se aderir
de resistência (v. Resistência a Múltiplas Medicações). a anticorpos que se ligam às células cancerígenas, para então matá-las.

Ressonância Magnética Translocação


Técnica que proporciona imagens detalhadas das estruturas do corpo. É diferente Anormalidade cromossômica em células da medula óssea ou dos gânglios
de uma tomografia computadorizada, pois o paciente não é exposto a raios-X. que ocorre quando uma porção de um cromossomo se solta e se prende
Imagens computadorizadas de estruturas do corpo convertem os sinais gerados à extremidade de outro cromossomo. Em uma translocação equilibrada,
nos tecidos em resposta a um campo magnético produzido pelo instrumento. porções de dois cromossomos se rompem e se prendem à extremidade
Assim, o tamanho e uma alteração de tamanho dos órgãos ou de massas tumorais, solta do outro. O gene localizado no ponto de ruptura é alterado. Essa é
como gânglios, fígado e baço, podem ser medidos. uma forma de mutação somática que pode transformar um gene em um
oncogene, ou seja, em um gene causador de câncer.
Sarcoma Granulocítico
Tumor local composto por mieloblastos leucêmicos e, algumas vezes, células Transplante de Células-Tronco
mielóides relacionadas. Estes tumores ocorrem fora da medula óssea, tendo Hematopoéticas (TCTH)
sido observados na pele e em outros locais. Podem ser a primeira evidência Técnica desenvolvida para restaurar a medula óssea gravemente lesada de
de leucemia ou aparecer após o diagnóstico da doença. um paciente. A fonte do transplante costumava ser a medula óssea de um
doador saudável que apresentasse o mesmo tipo de HLA (v. HLA) do paciente,
Sistema Imunológico geralmente um irmão ou irmã. Entretanto, programas de doadores foram
Sistema responsável pela proteção contra a invasão de agentes estranhos, criados para identificar doadores sem parentesco, mas com tipo de tecido
principalmente micro-organismos, como bactérias, vírus, fungos e outros compatível, abordagem que requer a triagem de milhares de indivíduos
parasitas. Esse termo engloba as células e tecidos envolvidos no processo, não relacionados de etnia similar. Quando não são encontrados em bancos
como os vários tipos de linfócitos, linfonodos e outras estruturas relevantes. nacionais, a busca por doadores é realizada em bancos internacionais. Hoje,
além da medula óssea, as células-tronco também são obtidas do sangue
Terapia Molecular periférico e do cordão umbilical – por isso, o termo transplante de medula
Utilização de medicamento designado a atacar uma anormalidade específica, óssea (TMO) vem sendo substituído por transplante de células-tronco
considerada como causa do distúrbio celular que resulta em uma doença. (TCTH). O TCTH pode ser dos seguintes tipos: alogênico (o doador podendo
Atualmente, refere-se geralmente a tratamentos em desenvolvimento para ser aparentado ou não), singênico (o doador é um irmão gêmeo idêntico) ou
cânceres específicos (v. Inibidores da Tirosina Quinase). autólogo (o doador é o próprio paciente).

Tirosina Quinase Transplante de Medula Óssea (TMO)


Tipo de enzima que desempenha um papel-chave no funcionamento (v. Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas)
celular. Encontra-se, normalmente, presente nas células e tem sua produção
direcionada pelo gene ABL normal no cromossomo número 9. Na leucemia Trombocitopenia
mielóide crônica, a alteração do DNA resulta em um gene mutante fusionado, Diminuição abaixo do normal do número de plaquetas do sangue.
Anotações
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Missão Coordenação Executiva
beneficiem um maior número de pessoas
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– leucemia, linfoma, mieloma múltiplo
seja padronizado e disponibilizado
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