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17/5/2011 Consulta à Jurisprudência - TJMG

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Inteiro Teor

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Número do processo: 1.0024.06.203204-0/001(1) Númeração Única: 2032040-82.2006.8.13.0024


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Relator: Des.(a) IRMAR FERREIRA CAMPOS
Relator do Acórdão: Des.(a) IRMAR FERREIRA CAMPOS
Data do Julgamento: 12/06/2008
Data da Publicação: 08/07/2008
Inteiro Teor:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA C/C AÇÃO DECLARATÓRIA. INÉPCIA
DA INICIAL. NÃO CONFIGURADA. CARÊNCIA DE AÇÃO. INOCORRÊNCIA. SUCESSIVAS CESSÕES DE
DIREITOS SOBRE O IMÓVEL. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. NECESSIDADE DE INCLUSÃO NO
PÓLO PASSIVO DE TODAS AS PESSOAS QUE SE ENVOLVERAM NAS SUCESSIVAS TRANSAÇÕES. Não
ocorre inépcia da inicial, se ela contém os requisitos exigidos pelo artigo 282 do Código de Processo Civil,
da narrativa dos fatos decorre logicamente a conclusão e sua redação é inteligível, tendo propiciado defesa
ampla. A legitimidade ad causam deve ser analisada a partir de um exame em abstrato da pretensão
deduzida em juízo. O interesse processual é a necessidade de se recorrer ao Judiciário para a obtenção do
resultado pretendido, independentemente da legitimidade ou legalidade da pretensão. Se a natureza da
relação jurídica demanda decisão uniforme para todas as partes que celebraram contratos de cessão de
direitos sobre o imóvel que se pretende adjudicar, se mostra imprescindível a integração à lide de todos
estes cedentes, uma vez que "a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no
processo" (artigo 47, do CPC).

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.06.203204-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S):


CONSTRUTORA ALFA S/A - APELADO(A)(S): LAURO ALVES GARCIA EM CAUSA PRÓPRIA - RELATOR:
EXMO. SR. DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 17ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas,
à unanimidade de votos, EM REJEITAR AS PRELIMINARES. ACOLHER A PRELIMINAR DE NULIDADE DO
PROCESSO POR AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE LITISCONSORTES NECESSÁRIOS, SUSCITADA DE OFÍCIO
PELO RELATOR. REJEITAR O PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, ADERINDO AO VOTO DA
VOGAL O RELATOR E O REVISOR.

Belo Horizonte, 12 de junho de 2008.

DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS - Relator

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05/06/2008

17ª CÂMARA CÍVEL

ADIADO

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.06.203204-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S):


CONSTRUTORA ALFA S/A - APELADO(A)(S): LAURO ALVES GARCIA - RELATOR: EXMO. SR. DES. IRMAR
FERREIRA CAMPOS

Proferiu sustentação oral o apelado Dr. Lauro Alves Garcia, em causa própria.

O SR. DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS:

VOTO

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Cuidam os autos de ação de adjudicação compulsória c/c ação declaratória ajuizada por Lauro Alves Garcia
em face de Construtora Alfa S.A.

Relata o autor, em sua inicial, que adquiriu, em 22 de novembro de 1991, os direitos sobre o lote de
terreno nº 11 da quadra nº 68 do Balneário Água Limpa, em Nova Lima/MG, através de procuração de
Aquiles Leonardo Diniz, sendo que este último também adquiriu referido lote em 08 de novembro de 1991,
por meio de procuração de Nelson Ferreira Pinto Júnior.

Aduz que Nelson Ferreira Pinto Júnior adquiriu referido lote igualmente através de procuração, em 07 de
janeiro de 1991, de Manoel Martins Ribeiro e sua esposa Ilva de Oliveira Ribeiro, sendo que é comum entre
os negociantes de imóveis para revenda se obter procuração para transferência em lugar de escritura.

Afirma que o senhor Manoel e sua esposa adquiriram o lote, objeto desta ação, por cessão de direitos
presente na Certidão de Registro e Averbação, datada de 08 de agosto de 1972, de Antônio Moreira Lima.

Assevera que quem adquiriu primeiramente o direito sobre o lote através de contrato de compromisso de
compra e venda com a empresa ré foi o senhor Antônio Moreira Lima em 16 de agosto de 1955.

Sustenta que na promessa celebrada entre a ré e o primeiro cedente, o preço do lote nº 11 da quadra nº
68 de Cr$25.000,00, foi dividida em cinqüenta e uma prestações, sendo uma entrada de Cr$3.750,00 e
cinqüenta prestações de Cr$425,00 cada.

Alega que, no decurso de cinco décadas, os comprovantes de pagamento se extraviaram, restando apenas
o contrato de compromisso de compra e venda, que foi registrado no cartório imobiliário.

Argumenta que adquiriu os direitos, através de cessões, sendo que a posse precária, que foi transferida na
cláusula 6ª do contrato, se consolidou como definitiva com a prescrição das prestações.

Requer, ao final, a procedência da ação, com a declaração de inexigibilidade da entrada de Cr$3.750,00 e


das cinqüenta prestações no valor de Cr$425,00 cada, perfazendo um total de Cr$25.000,00, vencidas de
16/08/1955 até 16/09/1959, face à prescrição. Pugna, ainda, pela expedição da carta de adjudicação do
imóvel ao Serviço Registral de Imóveis da Comarca de Nova Lima.

A ré apresentou contestação às f. 39/46, argüindo, preliminar de inépcia da inicial, carência de ação e


ausência de pressuposto processual.

No mérito, assevera que há absoluta falta de prova quanto à aquisição do imóvel; que não basta a simples
alegação de que os comprovantes de pagamento se extraviaram, sendo necessário produzir prova cabal da
existência da relação jurídica, que se teria processado em várias etapas, passando por diversas pessoas,
sem a observância de formalidades legais, sem se falar na prova do extravio; que o requerente parte de
falsas premissas para concluir pela existência de direito real em nome de terceiro; que o autor admite que
não possui nenhum recibo e com grande esforço pretende transformar esta absoluta inexistência de prova
em instrumento catalisador da prescrição; que não foi feita a prova da existência da obrigação; que o
contrato de compra e venda, por si só, não satisfaz as exigências legais relativas à trasladação da posse
ou da propriedade; que refuta o cumprimento do pretenso pacto pelo autor; que não reconhece nenhuma
das transferências, todas realizadas sem observância das formalidades legais; que negada a existência de
vínculo obrigacional entre as partes não há falar em prescrição de prestações mensais e sucessivas; que é
muito estranho o autor pretender obter um provimento jurisdicional declaratório sem exibir nenhum
documento apto a evidenciar o direito reivindicado; que a adjudicação compulsória exige o preenchimento
de determinados requisitos que não foram preenchidos; que não foi comprovada a titularidade do imóvel e
que a improcedência do pedido declaratório acarreta a improcedência do pedido de adjudicação. Requer, ao
final, a improcedência da ação.

Impugnação às f. 58/62.

O douto magistrado primevo proferiu sentença às f. 75/79, na qual julgou procedente o pedido para
adjudicar ao autor o imóvel constituído pelo terreno nº 11, da quadra 68 do Balneário Água Limpa, em
Nova Lima/MG, valendo esta sentença, após o trânsito em julgado, como título hábil para transcrição no
registro de imóveis, satisfeitas as exigências da Lei de Registros Públicos. Julgou procedente, ainda, o
pedido para declarar a inexigibilidade dos créditos relativos ao contrato de compromisso de compra e venda
do bem imóvel firmado entre Antônio Moreira Lima e a ré, face à prescrição operada.

Construtora Alfa S.A. interpôs apelação às f. 80/90 argüindo preliminar de inépcia da inicial, ao argumento
de que os fatos são narrados de maneira confusa, deles não se extraindo uma conseqüência lógico-
jurídica, sendo que a exordial não foi instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação;
de carência de ação, em virtude da ilegitimidade ativa, pois o autor não comprovou a titularidade sobre o
imóvel em questão e em virtude da falta de interesse processual e preliminar de ausência de pressuposto
processual, uma vez que o recorrido não comprovou a existência do negócio jurídico originário sobre o
bem imóvel em questão.

No mérito, alega que falta prova quanto à suposta aquisição do imóvel; que não basta a simples afirmação

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de que todos os comprovantes de pagamento se extraviaram, sendo necessário que se produza prova
cabal da existência da relação jurídica; que o contrato de promessa de compra e venda, por si só, não
satisfaz às exigências legais relativas à trasladação da posse ou da propriedade; que o recorrido não
cumpriu referido contrato; que não reconhece nenhuma transferência, todas realizadas sem a observância
das formalidades legais; que negada a existência de vínculo obrigacional entre as partes, não há falar em
prescrição das prestações mensais e sucessivas; que o contrato original celebrado entre a ora recorrente e
Antônio Moreira de Lima foi sucessivamente transferido para diversas pessoas, sem observância do art. 13
do Decreto-lei 58/37 e sem que tivesse qualquer conhecimento, ainda que por notificação particular; que se
houve pedido de declaração de inexigibilidade do pagamento das prestações é porque o próprio recorrido
reconhece sua inadimplência; que a sentença objurgada desprezou o art. 466 do CPC, pois o recorrido não
cumpriu sua prestação e que o magistrado singular inverteu claramente o ônus da prova no caso em
apreço. Requer, ao final, o provimento do recurso.

Contra-razões às f. 94/100.

Conheço do recurso, presentes os pressupostos de admissibilidade.

PRELIMINAR DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL

A apelante suscita preliminar de inépcia da inicial, ao argumento de que os fatos são narrados de maneira
confusa, deles não se extraindo uma conseqüência lógico-jurídica, sendo que a exordial não foi instruída
com os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Esta preliminar deve ser rejeitada.

Isso porque entendo que a inicial da presente ação de adjudicação compulsória c/c ação declaratória é apta.

Dispõe o artigo 295, inciso I e parágrafo único, do Código de Processo Civil:

"Art. 295. A petição inicial será indeferida:

I - quando for inepta;

(...)

Parágrafo único. Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe falta pedido ou causa de pedir;

II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

III - o pedido for juridicamente impossível;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si."

Ocorre que, no caso dos autos, a petição inicial não se inclui entre as hipóteses enumeradas no dispositivo
supracitado, uma vez que possui pedido e causa de pedir, da narração dos fatos decorre logicamente a
conclusão, o pleito é juridicamente possível e os pedidos são compatíveis entre si.

Além disso, impende destacar que os recibos de pagamento do imóvel que se pretende adjudicar não são
documentos indispensáveis à propositura da ação, nos termos do disposto no art. 283 do CPC.

Conclui-se, pois, que não ocorre inépcia da inicial sob exame, pois esta contém os requisitos exigidos pelo
artigo 282 do Código de Processo Civil, da narrativa dos fatos decorre logicamente a conclusão e sua
redação é inteligível, tendo propiciado defesa ampla.

Mediante tais fundamentos, rejeito a preliminar de inépcia da inicial.

O SR. DES. LUCIANO PINTO:

VOTO

De acordo.

A SRª. DESª. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS:

VOTO

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PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO

A apelante argüi preliminar de carência de ação, em virtude da ilegitimidade ativa, pois o autor não
comprovou a titularidade sobre o imóvel em questão e em virtude da falta de interesse processual.

Esta preliminar deve ser rejeitada.

Como se sabe, a legitimidade passiva ad causam, deve ser analisada com base nos elementos da lide, com
relação ao próprio direito de ação, afastando-se do conteúdo da relação jurídica material deduzida em
juízo, haja vista que o direito de ação caracteriza-se pela autonomia e abstração.

É lição do Prof. HUMBERTO THEODORO JÚNIOR, in verbis:

"Em síntese: como as demais condições da ação, o conceito da legitimatio ad causam só deve ser
procurado com relação ao próprio direito de ação, de sorte que 'a legitimidade não pode ser senão a
titularidade da ação.' E, para chegar-se a ela, de um ponto de vista amplo e geral, não há um critério único,
sendo necessário pesquisá-la diante da situação concreta em que se achar a parte em face da lide e do
direito positivo.

Outrossim, porque a ação só atua no conflito de partes antagônicas, também a legitimação passiva é
elemento ou aspecto da legitimação de agir. Por isso, só há legitimação para o autor quando realmente age
diante ou contra aquele que na verdade deverá operar efeito à tutela jurisdicional, o que impregna a ação
do feitio de "direito bilateral"." (In Curso de Direito Processual Civil, vol. I, 18ª edição, p. 58).

Os legitimados ao processo são os sujeitos da lide, isto é, os titulares dos interesses em conflito. Ainda,
na opinião de MOACYR AMARAL DOS SANTOS:

"Por outras palavras, o autor deverá ser titular do interesse que se contém na sua pretensão com relação
ao réu. Assim, a legitimação para agir em relação ao réu deverá corresponder à legitimação para contradizer
deste em relação àquele. Ali, legitimação ativa. Aqui, legitimação passiva." (In PRIMEIRAS LINHAS DE
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 171).

Ora, in casu, é patente a legitimidade ativa do apelado, uma vez que alega, em sua inicial, que adquiriu os
direitos sobre o imóvel objeto da presente ação, sendo certo que pretende obter a adjudicação
compulsória sobre referido imóvel.

Dissertando sobre o interesse processual, o ilustre Vicente Greco Filho em sua obra Direito Processual Civil
Brasileiro, 17. Ed., 2003, v. 1, p. 80-81 e 83-85, leciona:

"O interesse processual é, portanto, a necessidade de se recorrer ao Judiciário para a obtenção do


resultado pretendido, independentemente da legitimidade ou legalidade da pretensão.

(...)

O interesse processual, portanto, é uma relação de necessidade e uma relação de adequação, porque é
inútil a provocação da tutela jurisdicional se ela, em tese, não for apta a produzir a correção da lesão
argüida na inicial. Haverá, pois, falta de interesse processual se, descrita determinada situação jurídica, a
providência pleiteada não for adequada a essa situação."

Existindo possível interesse do autor, ora apelado, em obter a adjudicação compulsória do imóvel que alega
ter adquirido por cessão de direitos, claro está seu interesse processual.

Assim sendo, rejeito a preliminar de carência de ação.

O SR. DES. LUCIANO PINTO:

VOTO

De acordo.

A SRª. DESª. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS:

VOTO

PRELIMINAR DE FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL

A recorrente levanta, ainda, preliminar de falta de pressuposto processual, uma vez que o recorrido não

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comprovou a existência do negócio jurídico originário sobre o bem imóvel em questão.

Esta preliminar deve ser rejeitada.

No caso em apreço, verifico que foram preenchidos os pressupostos para constituição e desenvolvimento
válido e regular do processo, de forma que a comprovação ou não da existência do negócio jurídico
originário sobre o imóvel em questão é matéria afeta ao próprio mérito da ação, fato este que obsta sua
análise neste momento.

Por tais razões, rejeito a preliminar de falta de pressuposto processual para constituição e desenvolvimento
válido e regular do processo.

O SR. DES. LUCIANO PINTO:

VOTO

De acordo.

A SRª. DESª. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO:

VOTO

De acordo.

O SR. DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS:

VOTO

PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO POR AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE LITISCONSORTE NECESSÁRIO

Compulsando com acuidade os autos da presente ação de adjudicação compulsória c/c ação declaratória
tenho por bem suscitar, de ofício, e acolher a preliminar de nulidade do processo por ausência de citação de
litisconsorte necessário.

Analisando com acuidade o pedido formulado pelo recorrido, em sua petição inicial, observo que o mesmo
visa a obter da ré, Construtora Alfa S.A., a adjudicação compulsória sobre o imóvel que alega ter adquirido
por cessão de direitos através de procuração de Aquiles Leonardo Diniz.

O contrato de promessa de compra e venda do imóvel objeto da presente ação (f. 11/12) foi firmado entre
a requerida (promitente vendedora) e Antônio Moreira Lima (promitente comprador) em 16 de agosto de
1955, sendo que este último transferiu ao Sr. Manoel Martins Ribeiro todos os direitos, vantagens, ônus e
obrigações sobre o imóvel em 08/08/1972, conforme se verifica no registro do imóvel constante à f. 10.

Após a realização da transferência supramencionada, em 07 de janeiro de 1991, o Sr. Manoel Martins


Ribeiro e sua mulher Ilva de Oliveira Ribeiro constituíram como seu procurador Nelson Ferreira Pinto Júnior
com poderes especiais para representar os outorgantes junto à ré, Construtora Alfa S.A. (09).

Nelson Ferreira Pinto Júnior, por sua vez, constituiu como seu procurador Aquiles Leonardo Diniz (f. 08),
em 08 de novembro de 1991, conferindo a ele todos os poderes que lhe foram confiados por Manoel
Martins Ribeiro e sua esposa Ilva de Oliveira Ribeiro.

Em 22 de novembro de 1991, Aquiles Leonardo Diniz constituiu como seu bastante procurador o autor da
presente ação, Lauro Alves Garcia, e ou Leonardo Alves Garcia a quem substabeleceu, em todos os seus
termos, a procuração outorgada por Nelson Ferreira Pinto Júnior (f. 07).

Ora, o que se constata nos autos é que ocorreram várias cessões de direitos antes de o autor, ora
apelado, pleitear pela adjudicação compulsória do imóvel junto à construtora recorrente, sendo que
nenhum dos cedentes foi citado para integrar a lide.

Trata-se, na verdade, de litisconsórcio passivo necessário, por imposição legal, exatamente porque a
ausência dos cedentes na lide acarretará a ineficácia da sentença, nos exatos termos do artigo 47 do
Código de Processo Civil.

A norma contida no citado artigo é cogente e estabelece que o Juiz ordenará ao autor que promova a
citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que determinar, sob pena de declarar
extinto o processo.

E isso porque a natureza da relação jurídica demanda decisão uniforme para todas as partes que
celebraram contratos de cessão de direitos sobre o imóvel que se pretende adjudicar, daí a necessária
integração à lide de todos estes cedentes, uma vez que "a eficácia da sentença dependerá da citação de
todos os litisconsortes no processo" (artigo 47, do CPC).

Acerca da configuração de litisconsórcio necessário em sede de adjudicação compulsória, oportuna a lição


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de Ricardo Arcoverde Credie in Adjudicação Compulsória, Revista dos Tribunais, São Paulo, 1991, p. 48:

"Cuida-se então nesta hipótese de legitimidade ordinária complexa, do litisconsórcio necessário (art. 47,
CPC), em que a natureza da relação jurídica de direito material determina uma atuação coesa, no processo,
de todos os co-legitimados, para os quais a solução da lide é uniforme, e sobremodo para aqueles que se
situam como partes, como é o caso das ações que envolvam modificação judicial de um direito real com
pluralidade de titulares, o que se adequa plenamente à de adjudicação compulsória."

Vale citar, ainda, sobre o tema, o escólio de CELSO AGRÍCOLA BARBI:

"O litisconsórcio necessário, como já se viu mais acima, é aquele cuja formação não pode ser dispensada
pelas partes. Justifica-se a sua formação quando o direito em discussão vincula várias pessoas (exemplo:
casamento) ou então pertence ou interessa a uma pluralidade de pessoas (ex., domínio de um imóvel a ser
dividido). Nesses casos, seria injurídico que a causa fosse decidida sem a participação dessas pessoas
diretamente interessadas.

(...)

O ensino acertado e dominante é o de CHIOVENDA, para o qual a sentença, proferida sem que tenha sido
formulado o litisconsórcio necessário, considera-se inutiliter datur. Segundo esse autor, a sentença não
produz efeitos em relação aos que não participaram do processo nem em relação aos que dele
participaram" (In Comentários ao Código de Processo Civil. vol. I, tomo I, n.º 297 e sgtes).

Sobre o tema, o mestre Humberto Theodoro Júnior, em sua obra "Curso de Direito Processual Civil",
Forense, 38ª ed., p. 100, leciona:

"Somente ao litisconsórcio passivo é que se aplica a segunda parte do art. 47 (necessidade de decisão
uniforme para todas as partes), tanto que o dispositivo legal conclui com a afirmação de que, em tal
hipótese, 'a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo'. Assim,
podemos concluir que o litisconsórcio necessário, ativo ou passivo, é aquele sem cuja observância não será
eficaz a sentença, seja por exigência da própria lei seja pela natureza jurídica litigiosa. Ocorrerá, sem
síntese, nas seguintes hipóteses: a) (...omissis) b)quando, frente a vários interessados, pela natureza da
relação jurídica, a lide tiver de ser decidida de modo uniforme para todas as partes, caso que só ocorre
com o litisconsórcio passivo (exemplo: ação de anulação promovida pelo prejudicado contra os contraentes
de negócio jurídico fraudulento ou simulado). O que, de fato, torna necessário o litisconsórcio é a forçosa
incidência da sentença sobre a esfera jurídica de várias pessoas. Sem que todas elas estejam presentes no
processo, não será possível emitir um julgado oponível a todos os envolvidos na relação jurídica material
litigiosa e, conseqüentemente, não se logrará uma solução eficaz do litígio."

Destarte, em se tratando de litisconsórcio necessário, a falta de citação de litisconsortes implica na nulidade


do processo, entendimento este, aliás, já consolidado pela jurisprudência:

"Verificando o Tribunal do segundo grau de jurisdição a falta de citação dos litisconsortes passivos
necessários, deve anular o feito e determinar que o juiz singular cumpra o disposto no art. 47, parágrafo
único, do CPC" (STJ - 4ª Turma - Resp 28559 - SP - Rel. Min. Torreão Braz - j. 13/12/94, deram
provimento v. u., in Theotônio Negrão "Código de Processo Civil e legislação em vigor", Saraiva, 36ª ed.
2004, p. 168, nota 14ª ao artigo 47).

Em casos análogos ao dos autos assim já se decidiu:

"ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA - BEM IMÓVEL -


CESSÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES - CADEIA TRANSMISSIVA - LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO -
CITAÇÃO - INEXISTÊNCIA - VÍCIO SANÁVEL - ARTIGO 47, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC - NULIDADE
PROCESSUAL. Existe litisconsórcio necessário, por força do disposto no art. 47 do CPC, quando, pela
natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes. Em se
tratando de litisconsórcio necessário, é imprescindível a citação de todos os litisconsortes, sob pena de
nulidade do processo, devendo a petição inicial ser emendada, para propiciar a regularidade da relação
processual, com a inclusão de todas as pessoas que poderão ser atingidas pela tutela jurisdicional
reclamada." (TJ-MG; 1.0024.04.492069-2/001(1); Relator: RENATO MARTINS JACOB; Data do Julgamento:
07/07/2006; Data da Publicação: 18/07/2006).

"APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. OUTORGA DE ESCRITURA. EXECUÇÃO DOS


ARTS. 639 E 641 DO CPC. CONTRATOS ENVOLVENDO ALIENAÇÕES DO IMÓVEL A MAIS DE UMA PESSOA.
MORTE DE UM DOS COMPROMISSÁRIOS. CORREÇÃO DO PÓLO PASSIVO. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.
(...) 2. Havendo cadeia de sucessivas transmissões do imóvel mediante contratos particulares de promessa
de compra e venda, todos sem registro, devem integrar o pólo passivo da demanda aquele cujo nome se
encontra matriculado no Registro Imobiliário como proprietário, bem como os demais compromitentes
vendedores, em litisconsórcio necessário, pois, pela natureza da obrigação de outorga de escritura, o juiz
deve decidir a lide de modo uniforme a todos detentores de interesses jurídicos obrigacionais sobre a
coisa. 3. Havendo apenas irregularidade quanto à constituição do pólo passivo deve ser permitido aos
autores o aditamento da inicial, pois não acarreta alteração do pedido ou da causa de pedir. Apelo provido
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para desconstituir a sentença. Unânime. (TJ-RS; Apelação Cível Nº 70015434079, Décima Oitava Câmara
Cível, Relator: Mário Rocha Lopes Filho, Julgado em 13/07/2006; grifo nosso).

"CIVIL. AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA. CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA. BEM


IMÓVEL. AUSÊNCIA DE REGISTRO. UTILIDADE PRÁTICA DO PROCEDIMENTO. INADEQUAÇÃO DO
PROCEDIMENTO. RECEBIMENTO COMO AÇÃO DE PRECEITO COMINATÓRIO. CABIMENTO. LITISCONSÓRCIO
PASSIVO NECESSÁRIO. REGULARIZAÇÃO DO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO. (...)
Evidenciado a ocorrência de litisconsórcio passivo necessário, deve ser determinada a regularização
processual, sendo incabível a extinção da lide se esta não for oportunizada à parte autora. Apelação
provida e sentença cassada." (TJ-MG; 1.0017.03.005439-3/001(1); Relator: ALBERTO VILAS BOAS; Data
do Julgamento: 05/09/2006; Data da Publicação: 26/09/2006; grifo nosso).

"Apelação cível. Adjudicação compulsória. Litisconsórcio necessário. Proprietário e promitente comprador.


Possibilidade de emenda. Nulidade da sentença. Na hipótese do objeto da ação ensejar o litisconsórcio
passivo necessário sem que o autor tenha indicado na exordial todos os interessados, a teor do parágrafo
único do art. 47 do CPC, impõe seja concedida oportunidade ao demandante para promover a citação dos
litisconsortes. Deve ser possibilitada a emenda à exordial, aproveitando-se os atos válidos, em vista do
princípio da economia processual e da instrumentalidade do processo, descabendo a extinção do feito
antes que possibilitado à parte diligenciar para sanar a irregularidade." (TJ-MG; 1.0702.04.137711-
1/001(1); Relator: HELOÍSA COMBAT; Data do Julgamento: 29/06/2006; Data da Publicação: 28/07/2006).

"AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO - IMÓVEL - PROMESSA DE COMPRA E VENDA - CADEIA TRANSMISSIVA -


LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO - CITAÇÃO - OPORTUNIDADE - ART. 47, CPC.- A norma contida no art.
47, parágrafo único, do CPC é cogente e estabelece que o juiz ordenará ao autor que promova a citação de
todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.
(...)" (TJ-MG - Ap. Cível nº 467.760-5, 2ª C. Cível, Relª Juíza Evangelina Castilho Duarte, j. 09/05/2005).

Por fim, tenho por bem esclarecer que a ausência de litisconsortes passivos necessários não importa na
nulidade automática de todo o processo.

Os litisconsortes necessários devem ter a oportunidade de participar do processo, respeitando-se o


princípio do contraditório e da ampla defesa, sendo que a sua ausência até determinado momento não
implica, necessariamente, na nulidade de todos os atos processuais praticados antes de sua inclusão.

Na verdade, é perfeitamente possível que o litisconsorte necessário que não integrou o feito seja citado e
torne-se revel ou aceite todo o processo, de forma que, neste caso, como leciona Cândido Rangel
Dinamarco, não haverá fundamento algum para anular os atos já praticados, senão vejamos:

"Se ele [litisconsorte necessário] ficar revel ou se aceitar o processado, ratificando os atos já realizados,
anulação alguma haverá e o feito seguirá avante, a partir do ponto em que já estava. (...).

Nada justificará a decretação de nulidade nessas hipóteses, pois as exigências processuais são
estabelecidas em lei para garantia das partes e do correto exercício da jurisdição. Seria formalismo
irracional impor o primado da forma ainda quando desnecessário ao fim proposto: se a parte mesma
declara aceitar o processado ou se, revel, nada se inovou com a sua integração na relação processual, a
repetição constituiria mero culto à forma em si mesma, sem qualquer sentido instrumental" (Litisconsórcio,
7ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 259).

Neste sentido:

"AÇÃO DE ANULAÇÃO DE MATRÍCULA E DE ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA CUMULADA COM


AÇÃO REIVINDICATÓRIA - ALIENANTE DOS IMÓVEIS - LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO -
AUSÊNCIA DE CITAÇÃO - CASSAÇÃO DA SENTENÇA.

(...)

- O que se deve garantir ao litisconsorte necessário é a oportunidade de participar do processo, em


contraditório com os demais sujeitos, o que não quer dizer que a sua ausência até determinado momento
implique a nulidade de todas as provas produzidas e das peças apresentadas anteriormente à sua inclusão.
Isso porque pode ser perfeitamente possível que o litisconsorte necessário que não integrou o feito seja
citado e torne-se revel ou simplesmente aceite todo o processado, hipótese na qual não haverá
fundamento algum para anular os atos processuais já praticados. Por essa razão, deve-se apenas cassar a
sentença para que se determine a citação do alienante dos imóveis (litisconsorte passivo necessário) para
responder à ação e produzir as provas que eventualmente desejar." (TJ-MG; 2.0000.00.507764-7/000(1);
Relator: ELPÍDIO DONIZETTI; Relator do Acórdão: Não informado; Data do Julgamento: 15/12/2005; Data
da Publicação: 21/04/2006; grifo nosso).

Desta forma, em obediência ao disposto no parágrafo único do artigo 47, do Código de Processo Civil,
deverá ser determinada a citação de todos os litisconsortes passivos necessários, quais sejam, todas as
pessoas envolvidas nas sucessivas transações feitas com o imóvel objeto da lide, já que poderão ser
atingidas pela tutela jurisdicional reclamada.

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Por tais razões, suscito, de ofício, e acolho a preliminar de nulidade do processo por ausência de citação de
litisconsortes passivos necessários e determino o prosseguimento do feito na 1ª Instância, com a citação
de todas as pessoas que se envolveram nas sucessivas transações feitas com o imóvel objeto da lide,
quais sejam, Antônio Moreira Lima, Manoel Martins Ribeiro, Ilva de Oliveira Ribeiro, Nelson Ferreira Pinto
Júnior e Aquiles Leonardo Diniz, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito, na forma do
art. 47, parágrafo único do CPC, restando prejudicadas as demais questões trazidas no recurso.

Custas recursais ao final.

Sobre o pedido de uniformização, requerido da Tribuna, o apelado está citando alguns precedentes com
base nos quais suscita a necessidade de instauração deste incidente.

No entanto, entendo que o apelado deveria citar as decisões dissonantes entre os julgamentos anteriores
e este presente. De forma que, em primeiro lugar, até entendo que não caberia instauração desse
procedimento.

Uma observação, também, é importante: não tenho como decidir essa questão neste momento sem
conhecer o teor dos acórdãos invocados, das decisões invocadas para embasar esse pedido.

Dessa forma, mantenho o meu voto de indeferimento, enfatizando ser inoportuno esse pedido, no
presente momento, pelos motivos que expus e inclusive por não termos chegado nem sequer, ainda, ao
final do julgamento. Não houve uma decisão finda.

Foi proferido apenas o voto do Relator, sendo que o Revisor e a Vogal ainda não foram ouvidos.

Assim, não há nem como decidir pelo incidente neste momento. Não posso examinar um pedido se não
tenho sequer os elementos que o sustentam, a não ser a citação de números de acórdãos de decisões
proferidas. Não vejo como. Teria de verificar bem as decisões invocadas.

Por isso, entendendo ser inoportuno, indefiro o pedido formulado.

O SR. DES. LUCIANO PINTO:

VOTO

Sobre o pedido do incidente de uniformização, tem-se que ver as jurisprudências dissonantes.

A questão é a seguinte: o primeiro passo da uniformização de jurisprudência seria se saber se há uma


dissonância jurisprudencial nos acórdãos citados e se um está em dissonância com o outro, de modo que
possa sobrevir uma uniformização.

O resultado final, aqui, não se sabe ainda.

Então, acredito que o eminente advogado tinha que apresentar essas divergências já, de imediato. Os
acórdãos que o eminente advogado vai apresentar têm que demonstrar dissonância ou num sentido ou no
outro, porque, quanto ao presente, o voto ainda não terminou. O julgamento não terminou.

Por isso, o meu voto é para também negar o pedido de formação do incidente de uniformização da
jurisprudência.

A SRª. DESª. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO:

VOTO

Peço vista dos autos.

SÚMULA : REJEITARAM AS PRELIMINARES ARGÜIDAS NO RECURSO. APÓS O RELATOR, DE OFÍCIO,


SUSCITAR E ACOLHER A PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO POR AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE
LITISCONSORTES NECESSÁRIOS E INDEFERIR O PEDIDO DE INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE DE
UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, REJEITADO TAMBÉM PELO REVISOR, PEDIU VISTA A VOGAL.

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NOTAS TAQUIGRÁFICAS

SESSÃO DO DIA 12/06/2008

Assistiu ao julgamento o apelado Dr. Lauro Alves Garcia, em causa própria.

O SR. DES. PRESIDENTE:

Este feito veio adiado a pedido da Desª. Vogal.

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Foram rejeitadas as preliminares. Após o Relator suscitar e acolher a preliminar de nulidade do processo
por ausência de citação de litisconsorte necessário, o apelado, da tribuna, suscitou a instauração de
incidente de uniformização de jurisprudência, que foi rejeitada pelo Relator sob o argumento de ausência
dos acórdãos dissonantes mencionados da tribuna. O Revisor também rejeitou o pedido de uniformização.
Pediu vista a Vogal. Pela ordem, o apelado requereu a juntada aos autos dos acórdãos dissonantes, o que
foi deferido.

A SRª. DESª. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO:

VOTO

Acuso o recebimento de memorial.

Senhor Presidente, pedi vista dos autos na sessão anterior, após o voto do em. Des. Relator em que
rejeitou o pedido de formação de incidente de uniformização de jurisprudência solicitado pelo digno
advogado que assim o fez oralmente da tribuna (após o voto do Relator em que suscitara, de ofício, e
acolher a 4a. preliminar, de nulidade do processo para que fossem citados os litisconsortes necessários),
sendo que o em. Des. Revisor também rejeitou o pedido de formação do incidente da uniformização.

Inicialmente, ressalto que os arts. 446 a 448 do Regimento Interno deste Tribunal regulam a forma da
suscitação e do processamento do incidente de uniformização de jurisprudência, também previsto no art.
476 do CPC.

Dos referidos dispositivos extrai-se que é possível a suscitação no curso do julgamento, como ocorreu no
presente caso, ou seja, após o voto do Relator quanto à preliminar de nulidade e antes dos votos do
Revisor e do Vogal, que ainda não se pronunciaram quanto à referida preliminar de litisconsórcio
necessário. Esta também é a lição de Barbosa Moreira in Comentários ao Código de Processo Civil, Vol.V,
12a. ed., Forense:Rio de janeiro, p.9-11. Então, em primeiro lugar, não é de se rejeitar a suscitação pelo
fato de ter votado o em. Relator.

O Regimento Interno deste Tribunal prevê a forma escrita por petição, como também o art. 476, parágrafo
único do CPC. Todavia, é entendimento da doutrina processualista que o incidente pode ser suscitado
quando da sustentação oral, sendo esta também a lição de Barbosa Moreira na obra citada, p.17. Então,
em segundo lugar, não é de se rejeitar a suscitação pelo fato de ser sido apresentada em sustentação oral.

Resta a esta vogal, portanto, verificar os pressupostos da suscitação do incidente, feita pela parte nos
presentes autos, para decidir quanto ao seu cabimento.

No caso, o suscitante primeiramente indicou a numeração e em seguida apresentou/disponibilizou, em


sustentação oral e quando da suscitação do incidente, as cópias dos acórdãos que continham, segundo
seu entendimento, jurisprudência divergente deste mesmo Tribunal quanto ao tema da preliminar suscitada
de ofício e acolhida pelo Relator, oriunda de órgão outro fracionário, fazendo-o como fundamentação para
a suscitação. Referidas cópias de acórdãos foram juntadas aos autos, a pedido do suscitante, e agora
constam às fl.109/126.

Examinando com atenção o teor dos acórdãos ofertados pelo suscitante, como sendo divergentes da
posição do em. Relator, verifico que a fundamentação apresentada não autoriza o acolhimento do pedido
de instauração do incidente.

Isto porque a preliminar que o eminente Des. Relator suscitou de ofício e acolheu foi a de nulidade do
processo, tendo em vista tratar-se de ação de adjudicação compulsória em que não foram citados nenhum
daqueles que entendeu serem litisconsortes passivos necessários, vez que participaram da cadeia de
aquisição do imóvel e não foram citados nem ouvidos no primeiro grau.

Já as cópias de acórdãos deste Tribunal, de outros órgãos fracionários, apresentados para fundamentar a
instauração do incidente, juntados nos autos, tratam de tema inteiramente diferente, ou seja, tratam do
tema referente à quitação do preço na ação de adjudicação compulsória, e não do tema dos litisconsortes
necessários. Explico.

O primeiro acórdão paradigma, de fl.109, traz a seguinte ementa:

ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DA APELAÇÃO - REJEIÇÃO -


PRESCRIÇÃO DAS PRESTAÇÕES CONTRATUAIS - RECONHECIMENTO - ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA -
POSSIBILIDADE. Presentes nas razões de apelação os fundamentos de fato e de direito a justificar a
pleiteada reforma da decisão de primeiro grau, deve-se conhecer do recurso. Nos termos do art. 466-C do
CPC, o deferimento da adjudicação compulsória depende da comprovação, pelo autor, do cumprimento
integral da prestação que assumiu, salvo se esta não é mais exigível. Reputam-se prescritas as prestações
contratuais vencidas há mais de quarenta anos, pelo que, comprovado o pagamento das demais, deve-se
deferir a adjudicação pleiteada".

O segundo acórdão paradigma, de fl.116, contém a seguinte ementa:

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AÇÃO DE ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA - PETIÇÃO APTA - PROMESSA DE COMPRA E VENDA - CESSÃO -
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO - QUITAÇÃO DAS PRESTAÇÕES- EXIGIBILIDADE - PRESCRIÇÃO-
DECORRÊNCIA - Não é inepta a inicial que discorre logicamente sobre os fundamentos fáticos e do direito,
concluindo com o pedido decorrente. Não se vislumbra impossível juridicamente o pedido do autor que
pleiteia a respectiva pretensão adjudicatória daquele que injustificadamente se recusa a outorgar a
escritura. A prova da quitação do contrato de promessa de compra e venda é requisito essencial para o
deferimento da adjudicação compulsória, conforme Decreto 58, de 1937, contudo, reconhecida a prescrição
para a exigibilidade da obrigação assumida, extingue-se também o óbice à pretensão adjudicatória".

Ambos os acórdãos paradigma, destarte, trataram da questão do pagamento do preço como núcleo das
lides decididas, nenhum deles tendo tratado do tema do litisconsorte passivo necessário suscitado e
acolhido, de ofício, pelo em. Des. Relator.

Ressalto que divergências jurisprudenciais apresentadas pelo suscitante somente com memorial de
11.6.08, que ora mando juntar, ou seja, cópia de acórdãos apresentados fora do momento da suscitação
do incidente, previsto no CPC, ocorrido da tribuna, não podem ser conhecidos, porque a fundamentação
deve ser apresentada no ato da suscitação, e não depois.

Segundo lição de Barbosa Moreira na obra citada, p.11, são pressupostos do incidente de uniformização:
a- o julgamento em curso, já mencionado nesse voto; b- a divergência na interpretação do direito.

Como demonstrado com a transcrição dos temas dos acórdãos paradigmas e com a menção ao tema
levantado pelo Relator no presente recurso, não se verifica a presença do segundo pressuposto exigido
pelo CPC porque não ficou demonstrada a divergência na interpretação do direito no caso. O Relator, no
presente caso, levantou a questão do litisconsórcio passivo necessário. Já nos acórdãos paradigmas
decidiu-se a questão do pagamento ou quitação do preço.

Com tais breves considerações, acompanho os votos do Relator e do Revisor PARA REJEITAR o pedido de
instauração do incidente de uniformização de jurisprudência.

O SR. DES. IRMAR FERREIRA CAMPOS:

VOTO

Senhor Presidente, pela ordem.

Tive acesso ao voto da eminente Desembargadora Márcia De Paoli Balbino e gostaria que constasse que eu
estou aderindo às razões por ela expostas, justificadoras do indeferimento do pedido de uniformização.

O SR. DES. LUCIANO PINTO:

VOTO

Gostaria de declarar, primeiro, para assinalar que a minha manifestação proferida na sessão anterior,
quando rejeitei a postulação feita pelo eminente Advogado de uniformização de jurisprudência, àquela
manifestação eu acrescento as razões expostas pela eminente Desembargadora Márcia De Paoli Balbino,
razões essas que subscrevo integralmente, e assinalo que recebi memorial do ilustre Advogado, Dr. Lauro
Alves Garcia, li, com atenção, voltei, aos autos, com muito cuidado, e cheguei novamente à convicção de
que não é o caso de se acatar o incidente de uniformização de jurisprudência. Primeiro, porque, como já
assinalado pela Desembargadora Márcia Balbino, quando da suscitação do incidente, o eminente Advogado
juntou dois acórdãos que seriam os acórdãos dissonantes. Esses acórdãos estão nos autos. Nesses
acórdãos, a tese de direito é outra. Nesses acórdãos ditos dissonantes a tese de direito versou sobre
questão de quitação de preço, ao passo que a tese de direito do voto da preliminar do eminente
Desembargador Irmar Ferreira Campos versou sobre a necessidade de citação de todos os promissários
compradores que intervieram na cadeia negocial, que culminou com o autor da demanda. Essa é a tese do
voto do Desembargador Irmar Ferreira Campos.

Quando da apresentação do memorial, o eminente Advogado cita outros acórdãos. Também fiz a leitura
destes. Não vi a questão da diferenciação da tese. E acrescento mais ainda: em um deles, existe um voto,
sim, vencido, do então Desembargador Capanema, em que a tese vencedora foi no sentido de que a parte
poderia, sim, ajuizar ação diretamente contra o titular do domínio do imóvel. Contudo, Senhor Presidente,
o momento da apresentação do acórdão dissonante é quando da suscitação, não depois. E mais: a
questão de suscitar o incidente de uniformização de jurisprudência no curso do julgamento tem que ser
exercitada com prudência, porque ela pode ser, sim, suscitada até antes da proclamação do resultado. Isso
porque, somente conhecendo a essência de todos os votos da Câmara, poderá a parte, então, dizer que a
tese adotada pela Câmara é dissonante. No caso presente, o que se disse quando da suscitação foi que
esta Câmara estaria a entrar em dissonância, mas os votos ainda não foram dados, as teses jurídicas se
completam com o pronunciamento de todos os votos, e essa é mais uma razão pela qual eu rejeito a
suscitação do incidente.

Assim, sr. Presidente, acompanho o em. Relator e acresço às suas razões a convicção que retirei dos autos

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de que há como sucedâneo de contrato de promessa de compra e venda instrumento de mandato. O autor
da demanda veio ao pretório como promissário comprador, buscando a outorga da escritura do bem
imóvel, brandindo o seu título, que é uma procuração. Quem lhe outorgou essa procuração, por sua vez,
supostamente teria adquirido o imóvel por meio de procuração. É o que estava nos autos. Verifiquei essas
duas procurações, li-as com atenção, nelas não consta a expressa dispensa de prestação de contas. Na
teoria do mandato, sabe-se que, quando se outorga uma procuração, em casos que tais, com expressa
dispensa de prestação de contas, na verdade ali, de imediato, já se tem uma como que promessa de
compra e venda formal.

Pois bem, no caso dos autos, está claro, não há até então nenhuma contrariedade a esse argumento do
autor da demanda, de que ele teria adquirido o imóvel por quem, por sua vez, teria adquirido de outrem,
todos eles promissários compradores. Contudo, o que impõe, no caso, o litisconsórcio passivo necessário
é o fato de que somente aquela procuração que está nos autos não permite a inferência de que se tratou
de promessa de compra e venda, porque não há a dispensa da prestação de contas. Somente após a
citação desses litisconsortes necessários é que se poderá atribuir cidadania àquelas procurações, na
qualidade de verdadeiras promessas de compra e venda, diante do silêncio das partes, que, eventualmente,
citadas, não venham ao processo e não impugnem aquele instrumento.

Não há nos autos nenhum outro documento que permita a inferência, pelo contrário, o documento que há
ali é uma procuração que não está dispensando prestação de contas. Se nós formos tomar aquela
procuração tal com está, nós seríamos obrigados a dizer que o autor da ação é parte passiva ilegítima,
porque é somente procurador e, como procurador, não pode agir em nome próprio, em substituição ao
mandante. É exatamente para isso, para mais assegurar a concretude do processo, com garantia para as
partes, que se impõe, nesse caso, a citação dos litisconsortes necessários.

Citados que sejam - trata-se de negócios já muito antigos - se não vierem aos autos, ocorrerá cidadania
para aquela procuração. E se vierem e alegarem alguma coisa, será uma coisa para dilação probatória.

Com essas razões que acresço ao voto do em. Des. Relator, e já assinalando que essas razões não
constam de nenhum outro acórdão dito como dissonante, por isso que se teria de esperar o resultado de
todos os votos antes da proclamação do resultado, seria prudente esperar essa manifestação dos três
Desembargadores que compõem a turma, e antes da proclamação do resultado, para então se postular a
uniformização. Não foi o caso. Essas são as explicações que acresço porque reconheço, li o processo com
muita atenção, dei toda a atenção necessária, e acredito que assim o fazendo daremos a este processo
condições de segurança para todas as partes.

Por isso estou a acompanhar o voto do em. Des. Relator.

A SRª. DESª. MÁRCIA DE PAOLI BALBINO:

VOTO

Sr. Presidente, estou acompanhando integralmente o voto do em. Des. Relator, com os acréscimos orais
apresentados pelo digno Revisor.

SÚMULA : REJEITARAM AS PRELIMINARES. ACOLHERAM A PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO


POR AUSÊNCIA DE CITAÇÃO DE LITISCONSORTES NECESSÁRIOS, SUSCITADA DE OFÍCIO PELO
RELATOR. REJEITARAM O PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA, ADERINDO AO VOTO DA
VOGAL O RELATOR E O REVISOR.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.06.203204-0/001

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