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Solução do Problema Eletromagnético da Cavidade Monomodo


Utilizando o FDTD
D. B. Oliveira1
1
Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil

Esse artigo vai apresentar a solução do problema eletromagnético de uma cavidade monomodo ressonante utilizando o Método
das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD). Será utilizado um modelo em duas dimensões para o problema com uma
malha regular e como a imposição na porta de entrada do guia uma condição de contorno ABC do 3º tipo. Serão mostrados os
resultados para os campos elétrico e magnético dentro da cavidade carregada com cargas em forma de barra e poste retangular e
uma validação do método utilizando um guia vazio terminado em um curto.
Por fim, será realizada uma discussão entre as vantagens e as desvantagens do FDTD e do Método dos Elementos Finitos (MEF)
na solução do problema da cavidade monomodo.

Palavras Chaves—Aquecimento por Microondas, Método das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo, Cavidade Monomodo.

I. INTRODUÇÃO monomodo ressonante.

A O LONGO das últimas décadas, a energia eletromagnética


da microonda vem cada vez mais sendo utilizada em
diversas aplicações industriais, principalmente como fonte de
II.METODOLOGIA

A. Descrição Física do Problema


calor [1]. O número de dispositivos e de processos
patenteados que utilizam esse tipo de energia vêm crescendo A Fig. 1 mostra uma visão tridimensional da cavidade
muito. monomodo. A cavidade é composta de um guia de onda, uma
A energia da microonda possui características muito íris (nesse caso, uma íris indutiva simétrica) e um curto (o
peculiares que a faz muito atrativa. Ao contrário do qual é responsável pela sintonia da cavidade). Na Fig. 2, se
aquecimento condutivo, o aquecimento por microondas tem vê uma visão superior dessa cavidade.
um caráter volumétrico permitindo um aquecimento mais
uniforme e rápido no material a ser processado.
Existem vários tipos de aplicadores que permitem a
interação da microonda com um objeto a ser aquecido.
y z
Porém os mais conhecidos e utilizados são as cavidades
multímodo e monomodo. A cavidade multímodo é utilizada curto
no processamento de materiais de grande dimensão e elevada
perda (ou tangente de perdas). x
Já a cavidade monomodo, que será estudada nesse artigo, é material
mais utilizada para materiais de pequena dimensão e baixa
perda. Esse tipo de aplicador é mais encontrado em
laboratórios de pesquisa ou em processos mais delicados íris
onde se deseja maior precisão no aquecimento realizado pela guia de
onda
microonda.
Apesar das vantagens da energia da microonda, é de difícil Fig. 1 - Cavidade Monomodo.
compreensão a interação entre a microonda, o aplicador e o
material a ser processado. O conhecimento detalhado dessa O sistema de aquecimento que alimenta a cavidade
interação conduz a uma mais completa caracterização do monomodo é composto pelo: magnetron (fonte), casadores de
processo de aquecimento (impedindo o aparecimento, por impedância, dissipadores de energia, entre outros. Todos
exemplo, de não uniformidades) e pode conduzir também a esses componentes são conectados à porta de entrada da
futuras otimizações no processo. Nesse contexto, é que surge cavidade.
a importância da modelagem numérica desses dispositivos. As dimensões do guia são escolhidas de tal modo que na
Esse artigo tem sua relevância nesse aspecto, pois resolve freqüência de trabalho (nesse artigo 2,45 GHz) somente o
numericamente o problema eletromagnético da cavidade modo fundamental, TE10, propague no guia.
monomodo ressonante. Para tal, será utilizado o FDTD. Será Na Fig. 2, especificamente no plano z=-z2, são mostrados
apresentada toda a formulação matemática envolvida e dois modos TE 10 que estão propagando no guia, Einc e R, nas
exemplos de aquecimento de cargas em forma de barra e direções +ẑ e −ẑ , respectivamente. O modo Einc é o
poste retangular. modo fonte que é proporcionado pela fonte de energia
E por fim, será apresentada uma comparação entre dois (magnetron) e que propaga por todo o dispositivo até
métodos de solução de equações diferenciais parciais, o interagir com a cavidade [2].
FDTD e o MEF, aplicados ao problema da cavidade Já o modo R, é o modo refletido pela cavidade. Ele é o
2

resultado da interação do modo fonte com a íris, a carga e o Discretizando (2) segundo a malha que vai ser mostrada no
curto. fim dessa seção (Fig. 3)

x H xn +1 2 ( i, j ) = H xn −1 2 ( i, j ) +
∆t
[
E n ( i +1, j ) − E yn ( i, j )
µ0 ∆ y
]
H zn +1 2 ( i, j ) = H zn −1 2 ( i, j ) − ∆t [E n
y ( i, j +1) − E yn ( i, j ) ]
Einc µ ∆
0

E yn +1 ( i, j ) = E yn ( i, j ) +
 H xn +1 2
 ( i, j ) − H xn +1 2 ( i −1, j )   2ε + σ

 ∆   2 ∆t
R  
 H zn +1 2 ( i, j ) − H zn +1 2 ( i, j −1)   2ε + σ ∆t 
z    
zL  
-z2 z=0 zc
 ∆   2 ∆t 
Fig. 2 – Vista Superior do guia. Descrição dos modos propagantes. (5)

A posição do plano z=-z2 é escolhida de maneira que todos Agora discretizando a equação que modela a condição de
os modos evanescentes excitados pela íris já tenham sido contorno (4)
atenuados. Isso permite que se escreva da seguinte forma o
campo elétrico nesse plano

∆t ω  E y ( 0, j ) − E y ( 2, j ) 
n n
π x  n +1
( ) ( )
[ cos (ωt − k1 z ) + R cos (ωt + k1 z )y] yˆ
n
E ( z = −z 2 ) = Eo sin  E 1, j = E y 1, j +
k1 


 −
 a   

(1) ∆t ω   π x 
onde a é a largura do guia, ω é a freqüência angular, k 1 é a  2 k1 sin (ωt − k1 z ) sin  
k1   a 
constante de propagação do modo TE . 10

Já dentro de todo o domínio da cavidade, −z 2 ≤ z ≤ z L , (6)


a equação diferencial (2) tem de ser respeitada: Por fim, a condição de contorno para as paredes
condutoras elétricas perfeitas (3) é imposta, simplesmente,
∂H x 1 ∂E y forçando o campo elétrico, Ey, nulo nos respectivos pontos da
= malha.
∂t µ0 ∂z
Uma figura representativa da malha implementada é
∂H z 1 ∂E y mostrada abaixo. Os pontos em preto são pontos interiores da
=− (2)
∂t µ0 ∂x cavidade, os pontos em vermelho são pontos que obedecem a
(3), os pontos em verde obedecem a (4) e a região em azul é
∂E y 1 ∂H x 1 ∂H z σ onde se posiciona a carga.
= − − Ey
∂t ε ∂z ε ∂x ε

As paredes da cavidade, assim como a íris, são condutoras


elétricas perfeitas. Por isso a seguinte condição de contorno é
imposta nessas superfícies

n×E =0 (3)
Hx
Ey
Hz
E no plano z=-z2, é aplicada a seguinte condição de x j
contorno que modela o comportamento explicitado em (1)
y
z i
∂E y k1 ∂E y π x 
− = 2k1 sin (ωt − k1 z ) sin   (4) Fig. 3 – Malha ilustrativa do problema.
∂z ω ∂t  a 
a equação acima é conhecida como condição de contorno do A malha utilizada, apresentada na Fig. 3, é uma malha
terceiro tipo. quadrada (Δx=Δz=Δ). A discretização espacial é governada
por duas razões principais dentro da cavidade.
B. Discretização
A primeira pois, como já dito, a cavidade monomodo
Nesta seção são obtidas as equações discretas do FDTD trabalha mais eficientemente no processamento de materiais
que são solução para o problema eletromagnético da de pequena dimensão. Essa dimensão é, muitas vezes, muito
cavidade monomodo [3]. menor que o tamanho da cavidade. Por isso a discretização
3

fica governada pela dimensão da carga.


A segunda razão é que quando menor a dimensão da carga
e mais baixa é a sua perda menor também é a abertura da íris.
Isso para que a cavidade funcione eficientemente do ponto de
d=0,0378 m 0,0108 m 0,1092 m
vista energético (sintonia da cavidade). A abertura da íris é
também muitas vezes menor que o tamanho da cavidade.
Então se tem a carga e a abertura da íris tendo pequena
dimensão em relação a toda a cavidade governando a
discretização espacial. Isso para uma cavidade trabalhando
1,5λ10 = 0,2216 m
com carga de baixa perda, pequena dimensão e sintonizada.
Outro fator que influencia na discretização espacial é a (a)
presença dos modos evanescentes excitados pela íris. Será 0,0108 m
necessário que a discretização na vizinhança da íris maior
que λ10/10 por essa razão (que é a discretização utilizada para
o modo fundamental, TE10).
Com isso a escolha para o valor de Δ tem de ser feito
escolhendo aquele que satisfaz os três critérios apresentados. d=0,0378 m 0,1092 m
Já para a discretização temporal respeita-se o limite para a
estabilidade numérica [4].
Por fim, o tempo total de simulação é o tempo necessário
para que a solução dentro da cavidade entre em estado
estacionário. 1,5λ10 = 0,2216 m
(b)
III. RESULTADOS Fig. 5 – Detalhes das geometrias analisadas.
Primeiramente será realizada a validação do FDTD. Para
tal irá se calcular a distribuição de campo elétrico dentro de O valor escolhido para a discretização especial do
um guia vazio em curto. Como essa solução é conhecida problema foi, Δ = 0,0027 m. Esse valor foi escolhido devido
analiticamente será feita então uma comparação dos ao valor do tamanho da carga. Determinou-se que o tamanho
resultados. Isso é mostrado na Fig. 4. da carga possuiria 4Δ. Percebeu-se que esse fator era o que
mais restringia o valor de Δ dentre aqueles apresentados na
2.5 FDTD Seção II.
2
Solução Analítica Já o valor do intervalo de tempo foi de Δt = 0,005.10 -9 s,
1.5
para evitar problemas de instabilidade numérica.
1
Para a solução chegar a seu estado estacionário é
necessário t = 500Δt.
0.5
Na Fig. 6, são apresentados os gráficos para as
|Ey|

0
componentes Ey, Hx e Hy da solução do problema da cavidade
-0.5
carregada com um poste retangular. O valor do módulo do
-1
campo incidente, Eo, é um.
-1.5
Já a Fig. 7, apresenta as mesmas componentes de campo
-2 para a carga em forma de barra. O valor de E o também é
0 20 40 60
i
80 100 120 140
unitário.
Fig. 4 – Validação do FDTD.
40

Mediante o realizado agora serão analisados dois


35
resultados: a distribuição de campo elétrico e magnético
utilizados no aquecimento de uma carga em forma de poste 30

retangular e em forma de barra. As características elétricas 25

da carga são apresentadas na Tab. 1 e detalhes da geometria


j

20
são mostradas na Fig. 5.
15

TABELA 1: PROPRIEDADE ELÉTRICA DO MATERIAL A SER AQUECIDO 10

εr 10
5
σ 0,01 (Ωm-1)
40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
i

(a)
4

40 40

35 35

30 30

25 25

20 20

j
j

15 15

10 10

5 5

20 40 60 80 100 120 140 20 40 60 80 100 120 140


i i

(b) (b)

40 40

35
35

30
30
25
25
j

20

j
20
15

15
10

10
5

40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 5


i

(c) 40 50 60 70 80 90
i
100 110 120 130 140

(c)
|Ey| em n = 1147 Fig. 7 - Descrição do campo na cavidade: (a) Ey para n=533, (b) Hx para
1 n=519, (c) Hz para n=556.

0
Percebe-se que nas soluções dos dois casos uma
concentração de linhas de campo elétrico perto da carga o
que é desejado. A conversão de energia eletromagnética para
-1
energia térmica no material é diretamente proporcional à
perda do material e ao quadrado do campo elétrico.
Como a perda é baixa nos materiais processados na
(d) cavidade monomodo deseja-se um elevado campo elétrico no
Fig. 6 – Descrição do campo na cavidade: (a) Ey para n=535, (b) Hx para material.
n=518, (c) Hz para n=508, (d) Densidade de cor para Ey em n=1147.
IV. COMPARAÇÃO ENTRE O FDTD E O MEF
40
Os dois métodos de solução de equações diferenciais
parciais utilizados em problemas de aquecimento por
microondas são o FDTD e o MEF. Os dois métodos
35

30 apresentam suas vantagens e desvantagens quando aplicados


25 ao problema da cavidade monomodo.
O FDTD é um método de simples implementação e que
j

20
não necessita de inversão de matrizes. Já o MEF é um
15
método mais complexo para se implementar (e que necessita
10 de mais recursos computacionais) e precisa de métodos
5
robustos de inversão de matrizes. No caso do problema
eletromagnético da cavidade monomodo, a inversão de
40 50 60 70 80 90
i
100 110 120 130 140
matriz feita pelo MEF é mais complicada, pois a matriz
(a)
resultante desse problema é mal-condicionada [3].
Entretanto, o MEF consegue modelar geometrias mais
complicadas sem mudar seu desempenho. O que não
acontece no FDTD que muda muito seu desempenho com
geometrias ricas em detalhes. A cavidade monomodo possui
a íris e a carga que introduzem uma piora no desempenho do
5

FDTD analisando por esse aspecto.


Outro aspecto em relação ao FDTD que merece destaque é
o fato de que para a sintonia da cavidade os valores da
abertura da íris (d) e o tamanho da cavidade (zL) são
ajustados com extrema exatidão. Um desvio de apenas
0,03mm em zL pode ser responsável pela perda da sintonia da
cavidade (para cargas em forma de poste cilíndrico e
considerando uma diminuição de 70% na magnitude do
campo elétrico dentro da cavidade [2]).
Com isso, no caso de malhas quadradas como foi utilizado
nesse estudo, tem que se ter a razão d z L igual ao um
número inteiro, para que se consiga modelar com exatidão a
abertura da íris e o comprimento da cavidade.
A solução para alguns dos problemas mostrados acima
com o FDTD é o uso de malhas não regulares. Contudo a
construção de soluções com esse tipo de malha retira muito
da simplicidade do FDTD.
Outro aspecto que piora o desempenho do FDTD na
cavidade é o fato de que as cargas processadas têm baixa
perda, o que faz com que a solução gaste um tempo grande
para se estabilizar. Acarretando no aumento do tempo total
de simulação. A dificuldade de estabilização se dá aos
inúmeros processos de reflexão e transmissão que ocorrem
dentro da cavidade.

V. CONCLUSÃO
Esse trabalho apresentou a modelagem do problema
eletromagnético da cavidade monomodo ressonante
utilizando o FDTD.
Foram apresentados resultados para o campo elétrico e
para o campo magnético para a cavidade carregada com
objetos com forma de barra e poste retangular.
Uma discussão sobre o uso do FDTD e do MEF foi
apresentada no fim do trabalho.
Está em estudo, como continuidade desse trabalho, a
implementação em três dimensões do problema e a aplicação
de um método semi-analítico que melhora o desempenho
computacional do FDTD.

REFERÊNCIAS
[1] John M. Osepchuk, “Microwave Power Applications”. IEEE Transactions
on Microwave Theory and Techniques, v. 50, n. 3, p. 975-985, mar. 2002.
[2] Diogo B. Oliveira, “Análise do Aquecimento por Microondas em uma
Cavidade Monomodo Utilizando uma Técnica Semi-Analítica”, Belo
Horizonte, Brasil: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica,
UFMG, 2007. 90 p. Dissertação.
[3] Cheryl V. Hile, Gregory A. Kriegsmann, “A Hybrid Numerical Method for
Loaded Highly Resonant Single Mode Cavities”. Journal of Computational
Physics, v. 142, n. CP985951, p. 506-520, 1998.
[4] A. Taflove, S.C. Hagness, The Computational Electrodynamics. Norwood:
Artech House, 3o edition, 2005.

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