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O que chama a atenção na escalada feminina no mundo das empresas é a maneira como
conduzem seus negócios e lidam com o poder. 'Pela necessidade de conjugar a rotina
doméstica com a agenda profissional, as mulheres são menos centralizadoras, cuidam de
vários assuntos ao mesmo tempo e estabelecem prioridades na hora de negociar', afirma
Rosa Bernhoeft, da Alba Consultores.
Segundo a consultora, a forma cautelosa como elas lidam com o dinheiro também se
revela um ponto positivo. De acordo com o estudo 'A Mulher Empresária', feito pelo
Sebrae, apenas 9,7% das empreendedoras se valem de empréstimos para montar seus
negócios. E, quando solicitam ajuda financeira, em 75% dos casos pensam em novos
investimentos e não em capital de giro. 'Quem controla o orçamento doméstico
administra o caixa de uma empresa. É uma questão de escala, porque as dificuldades são
as mesmas', compara Rosa. A consultora adverte, ainda, que o mundo dos negócios tem
valorizado outros atributos femininos, como o uso da emoção, a integração natural entre
o racional e o intuitivo, além da importância que dão ao relacionamento com as pessoas,
facilitando o trabalho em equipe.
'Trata-se de um exército bem-preparado, que divide espaço com os homens nos cursos
de gestão e MBAs', afirma Betânia Tanure, doutora em Administração e consultora da
Fundação Dom Cabral, observando que muitas entidades já oferecem programas
especiais para as mulheres (leia o quadro 'Parceiros valiosos').
No entanto, mesmo com muita bagagem, as mulheres ainda precisam trabalhar dobrado
para provar competência. Aos 25 anos, fluente em cinco idiomas e pronta para cursar
umMBA no exterior, Mariana Laskani foi surpreendida pela doença do pai e obrigada a
assumir os negócios da família. O começo foi difícil, pois enfrentava as barreiras de ser
jovem, mulher e descendente de árabe. Mas, como persistência sempre foi a sua marca,
não desanimou. Com a ajuda de uma consultoria, Mariana informatizou a empresa e
profissionalizou a equipe. 'Meu maior desafio foi mostrar que estávamos nos
modernizando sem esquecer a tradição', lembra. Para testar seu poder de fogo, os
fornecedores cortaram todos os benefícios conseguidos por seu pai, exigindo que ela
começasse do zero. Doze anos se passaram e a Jorge Laskani permanece líder de
mercado, com uma média de importação de cinco toneladas de pedrarias de cristal por
mês e 16 mil itens à venda. A próxima investida será a oferta de produtos mais baratos,
atendendo ao momento econômico. Além do próprio negócio, a moça preside a
Univinco, entidade que representa os 3 mil comerciantes da rua 25 de Março. Tem
fôlego para tanto? 'Claro! Estamos acostumadas a duplas jornadas', responde.
Ouvidos atentos