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A estabilidade é garantia do empregado público ou este poderá ser demitido sem

qualquer fundamentação, mesmo quando tenha ingressado na Administração Pública


por meio de concurso? Fundamente sua resposta.

O questionamento apresentado demanda determinar qual seria o vínculo do instituto


da estabilidade com a figura do empregado público. Antes de qualquer coisa, vale a pena
trazer à baila as conceituações jurídicas envolvidas, visando trazer coesão lógica à conclusão
final.

O empregado público é uma espécie de servidor público, para o qual o vínculo com a
Administração Pública é firmado sob a égide da legislação trabalhista (CLT), ao contrário do
servidor estatutário, detentor de cargo e sujeito ao regime estatutário.1

Por seu turno, no que tange à relação servidor/Administração, a estabilidade é expressa


na Constituição Federal em seu artigo 41, concedendo a garantia da situação de servidor
público àqueles que completarem três anos de efetivo exercício e enumerando as situações em
que se perde o cargo, ainda que na condição de servidor estável.

Justamente no caput do referido artigo é que surge informação relevante e


imprescindível para o entendimento da questão: O dispositivo constitucional assevera que os
servidores passíveis de gozarem de estabilidade devem ser nomeados em cargo de
provimento efetivo.

Só há sentido falar-se em cargo quando este for ocupado por um servidor estatutário.
Em contrapartida, ao empregado está reservado um emprego. Consequentemente, se o
empregado não ocupa cargo, não é a espécie de servidor apontada no caso de estabilidade, não
fazendo jus a tal prerrogativa.

A conclusão faz sentido em se tratando de empregados de entes governamentais de


direito privado. É nesse sentido que vaticina a súmula 390 do TST: Uma vez que essas
pessoas públicas devem se sujeitar às normas de direito privado, não seria razoável impor o
ônus de administrar seu pessoal com regras mais rígidas que as empresas privadas no que se
refere a demissões. Cabe evidenciar a exceção da Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos, já que essa possui tratamento de fazenda pública (imunidade tributária, regime de
1
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. Ed. São Paulo: Atlas, 2004. p.
433, 434
precatórios, por exemplo), conforme decisão do STF no RE 220906-9 - DF. Nesse caso,
apesar de adotar o regime celetista, a dispensa do empregado da ECT deve ser motivada, uma
vez que, apesar de empresa pública de direito privado, tem prerrogativas de pessoa jurídica de
direito público, com vantagens fiscais, tributárias e processuais decorrentes dessa situação. É
essa a previsão da OJ 247 da SDI-1 do TST.

Há que se tratar ainda dos empregados da Administração Direta, Autárquica e


Fundacional. A mesma súmula 390, em seu inciso I, entende que esses empregados são
beneficiários da estabilidade prevista no artigo 41 da Carta Maior.

Verifica-se que o subsídio para esse entendimento é o mesmo utilizado no caso da


ECT: sendo o ente governamental sujeito a isenções tributárias, valendo-se de regime de
precatórios, entre outras vantagens, além de não estar inserido num âmbito de concorrência
mercadológica, seria razoável impor o ônus da estabilidade dos empregados ao ente em
questão.

De forma ampla, a questão da estabilidade de empregados públicos foi enfrentada pelo


professor Sérgio Pinto Martins, o qual se posiciona frontalmente contrário à concessão de
estabilidade a esses servidores lato sensu. Seu entendimento, além de usar a lógica da
ausência de cargo para o empregado, versa que

Só o fato de o empregado ter direito ao FGTS já exclui a estabilidade, em razão do


que não mais existe estabilidade na Constituição para empregados, mas a regra do
inciso I do artigo 7º da Constituição. O FGTS substitui a estabilidade. É um direito
do trabalhador (art. 7º, III, da Constituição).2

Aqui se percebe outro fato que depõe contra a estabilidade do empregado público. O
FGTS foi criado para substituir a estabilidade prevista para todos os trabalhadores celetistas
antes da Constituição vigente. Ora, se esse ônus de 10% sobre a remuneração do empregado
deve ser arcado pelo empregador (público ou provado) para custear um fundo que pode ser
utilizado pelo trabalhador depois de satisfeitas certas condições, entre elas, a hipótese de ser
demitido sem justa causa, não se configura coerente manter a estabilidade.

2
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários às súmulas do TST. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.
293.
Apesar da literalidade do artigo 41 em explicitar o detentor de cargo como o único
beneficiário da estabilidade, excluindo qualquer tipo de empregado dessa vantagem, conforme
o entendimento já exposto de Sérgio Pinto Martins, devem ser levados em consideração os
princípios constitucionais da proporcionalidade e razoabilidade para fazer uma interpretação
sistemática e coerente desse dispositivo. Nesse sentido, parece mais correto concordar em
parte com o renomado jurista, mormente no que se refere aos empregados de entes
governamentais de direito privado. Já com relação à Administração Direta, Autárquica e
Fundacional, bem como casos similares ao da ECT, a postura do TST na forma da súmula
390, I e da OJ 247 coadunam com os princípios arrolados, trazendo mais justeza às questões
pertinentes a estabilidade de empregados públicos.

Por fim, cumpre citar que existe um projeto de lei tramitando na Câmara dos
Deputados, sob o no 6873/10, de iniciativa da deputada Luciana Genro, o qual propõe a
proibição de demissão imotivada de empregados públicos, valendo a regra para toda a
Administração Pública, Direta ou Indireta. A justificativa é que os empregados são sujeitos às
mesmas limitações constitucionais que os servidores estatutários, tais como proibição de
acumular cargos e funções e que, assim como já ocorre com os servidores, os empregados não
poderiam “ficar reféns das vontades pessoais dos agentes políticos com poderes diretivos”.3

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 17. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

JUSBRASIL NOTÍCIAS. Proposta impede demissão de empregados públicos sem


justificação. < http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2139025/proposta-impede-demissao-de-
empregados-publicos-sem-justificacao>. Acessado em 04 nov 2010.

MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários às súmulas do TST. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

3
JUSBRASIL NOTÍCIAS. Proposta impede demissão de empregados públicos sem
justificação. < http://www.jusbrasil.com.br/noticias/2139025/proposta-impede-demissao-
de-empregados-publicos-sem-justificacao>. Acessado em 04 nov 2010.

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