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Arqueologia da Amazônia está ameaçada

de extinção
Tempo curto para pesquisas na região tem intrigado os especialistas
quanto à eficiência dos estudos desenvolvidos
CAMILA RIBEIRO

Investimentos econômicos com o objetivo de desenvolver o país tem sido


frequentemente discutido pelo Governo Federal. Visando o crescimento e a melhoria de
tráfego nas areas mais desprovidas, obras com impactos ambientais e sociais estão em
andamento neste momento. Isso pode acabar com toda uma história de milhares de
anos. Segundo o arqueólogo Doutor Eduardo Góes Neves, professor do Museu de
Arqueologia e Etnologia da USP, que esteve com os jovens participantes do projeto
“Repórter do Futuro” no último sábado (30) no Auditório Oswaldo Fadigas Fontes
Torres, na USP, esses impactos podem significar uma perda histórica muito grande.

Para ele, todas essas obras, mesmo tendo acompanhamento de leis ambientais e
patrimoniais, ainda são um problema para a arqueologia, pois há uma “limitação física e
intelectual quanto ao número de arqueólogos disponíveis hoje em dia para fazer justiça
à complexidade que esses projetos estão propondo”.

Estudos revelaram que a Amazônia já teria sido habitada há cerca de 12.000 anos antes
do descobrimento. “A arqueologia tem mostrado para nós que muitas dessas
civilizações [que aqui viveram] eram muito bem adaptadas”, afirma o professor.

Muitas outras histórias sobre o passado dessa região ainda precisam ser descobertas.
Mas, com as dificuldades encontradas pelos especialistas por conta dos novos projetos,
isso poderá não acontecer. Segundo o arqueólogo, “não é uma questão de ser a favor ou
contra eles. Mas, se por um lado são importantes para o Brasil, por outro eles geram
impacto no aspecto arqueológico para o país”.

Para qualquer obra que se faça no país, um estudo arqueológico prévio deve ser feito no
terreno antes de começar a construção. Isso tem aumentado o mercado para essa area.
Porém, nenhum estudo é bem elaborado se não for bem feito. “A maneira como isso
está acontecendo faz me preocupar com a qualidade e com os resultados que essas
pesquisas podem trazer para nós. Será que estamos construindo de fato mais
conhecimento? A gente está fazendo mais pesquisa, mas será que essa pesquisa vai se
converter de fato em um estudo mais sofisticado e mais profundo da Amazônia?”,
questiona Eduardo. Para ele, estamos vivendo um “estágio de desconhecimento
completo sobre a arqueologia de areas importantes da Amazônia. Vamos ter que correr
atrás no atraso e é muito difícil construir estudo científico de qualidade num período
curto de tempo”.
Nas muitas escavações feitas em regiões de mata da Amazônia, milhares de cacos de
cerâmicas são encontrados, traçando um perfil historiográfico muito amplo, que poderia
de fato contar a história do Brasil, pelo menos naquela area, de antes do descobrimento.
Para isso, os pesquisadores precisariam de muito tempo para fazer esses levantamentos.
Mas o desafio principal são as obras que acontecem e que podem deixar no escuro esse
trecho da nossa história para sempre.

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