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Data: 10/03/2008
Aula 01
Indicação Bibliográfica:
Autores:
Gustavo Binenbojm
Para quem não está focando PGE/PGM ou até está focando, mas está
a procura de um manual que traga a matéria de uma forma mais sintética,
mais didática, que tragas as controvérsias, qual é o manual hoje mais
recomendável? Eu tenho recomendado mais fortemente o manual do
Professor Carvalhinho. O manual serve para vocês terem uma idéia geral da
matéria. Claro que se você quiser estudar temas como Agências
Reguladoras, PPP vai ter que entrar em outras publicações, artigos ou livros
específicos. Mas manual para você ter uma idéia geral da matéria Direito
Administrativo eu recomendo fortemente o livro do Carvalhinho porque ele
fala do STF, fala do STJ, cita o Celso Antônio, cita a Di Pietro, Gasparini, cita
todo mundo. Cita o TJRJ. O Carvalhinho traz quase todos os posicionamentos
e controvérsias.
De um modo geral, quando você vai para a doutrina ela vai te dizer
que o início do Direito Administrativo está ligado a publicação de uma lei na
França (Lei de 28 pluviose do ano VIII (1800)) e também o surgimento está
ligado ao caso do que teria sido uma decisão fundamental, uma das
primeiras decisões que teria estabelecido princípios, institutos específicos
sobre o tema de Direito Administrativo.
Se o Rei não erra, o Estado também não erra. O Estado era a própria
pessoa dos representantes. O Estado não erra logo o Estado não pode ser
responsabilizado. Era aquela idéia, aquela tese inicial a irresponsabilidade
civil do Estado. O Estado não respondia pelos seus atos. Não respondia, pois
não tinha limites. Você não tinha como trazer parâmetros para afirmar que
a atuação do Estado teria sido em um caso específico ilegal, pois você se
quer concebia o princípio da legalidade.
Então, são três idéias fundamentais que vão dar o sustentáculo para
que amanhã venha surgir efetivamente como matéria autônoma, o Direito
Administrativo.
A Lei do 28 pluviose do ano VIII (1800) é uma lei francesa que pela
primeira vez traz normas específicas aplicáveis ao Estado, normas que
vão regular a atuação administrativa do Estado e a proteção do
cidadão.
Nesse caso Blanco, citado como o primeiro caso da história que traz
o Direito Administrativo como ramo autônomo do direito, nós tivemos a
seguinte situação: Agnès Blanco estava em uma rua na cidade de Bordeaux
na França e uma caminhonete que transportava fumo, mercadoria. Na
10Escola PGE/PGM – Praetorium
Aula 01 – Direito Administrativo – Rafael Oliveira
O Binenbojm tem uma visão mais crítica, ele tem uma visão um
pouco diferente. Ele entende que o Direito Administrativo não nasce
exatamente nesses dois momentos. A doutrina majoritária que fala que o
direito administrativo nasce com a Lei de 28 pluviose e com o caso Blanco
costuma dizer que o Direito Administrativo nasceu a partir de um milagre, é
fruto de um milagre. Um autor alemão chamado Prosper Weil costumava
dizer que o Direito Administrativo surge a partir de um milagre. Por que ele
dizia isso e por que a doutrina majoritária cita esse autor para falar que o
Direito Administrativo é fruto de um milagre? Porque do nada o Estado teria
resolvido se autolimitar. O Estado que não tinha limite até então, em
determinado momento resolveu se autolimitar. O Estado, vai dizer Prosper
Weil, em um momento milagroso resolve se autolimitar e proteger o
cidadão.
tem na prática uma ruptura com o momento anterior. Você continua tendo
um Estado arbitrário, um Estado que não tem realmente compromisso em
resguardar os direitos fundamentais das pessoas.
O Binenbojm faz essa crítica e ele não é ele que cria essa crítica. Ela
traz essa crítica a partir de um autor Português chamado Paulo Otero.
Pergunta do aluno.
visão um pouco geral da matéria, todo mundo também já ouviu falar nisso,
o Brasil acabou passando por fases.
Esse artigo diz que no caso de lacuna na lei o intérprete irá aplicar
os costumes, os princípios gerais de direito, analogia. Princípios gerais de
direito são aplicáveis apenas no caso de lacuna, omissão legal. É aquela
idéia subsidiária, a lei é mais importante. A lei (infraconstitucional) é tão
importante, é tão perfeita que ela não pode comportar defeitos. Se houver
alguma lacuna, já tem a liga que são os princípios gerais do direito,
analogia, os costumes.
Em relação aos princípios, você não vai ter essa questão do tudo ou
nada. Pela abertura textual do princípio, princípio da moralidade, o que é
moralidade? Princípio da eficiência, o que é eficiência? Pela própria abertura
conceitual do princípio, você não precisa aplicar um princípio e se desfazer
de outro princípio. Você pode aplicar um princípio e o outro princípio pode
permanecer em vigor pela abertura da sua forma, pela abertura das
expressões utilizadas pelo próprio princípio.
O que vai dizer Alexy e seus seguidores: você não aplica o critério
do tudo ou nada, pois princípios são mandados de otimização. Eles podem
ser aplicados em maior ou em menor intensidade. Você não precisa se
desfazer de um princípio para aplicar outro. Você pode aplicar um princípio
a um caso concreto e deixar o outro de lado nesse caso e em outro caso
concreto seguinte você fazer o inverso.
Pergunta do aluno.
Princípio da Legalidade
Essa é uma primeira noção, em tese, que poderia ser admitida para
a legalidade, mas é negativa de legalidade, vinculação negativa, idéia de
preferência da lei. A lei tem preferência sobre os atos administrativos. O
Administrador pode atuar e quando vier a lei, a lei terá preferência, ele vai
ter que se adequar.
A verdade é que esse princípio passa por uma releitura. Essa idéia
que eu estou trazendo é a idéia tradicional e que vigorou no Direito
Administrativo e é a idéia que vigorou no Brasil. A idéia de que o
Administrador só pode atuar se houver uma lei expressamente autorizando
e nos limites daquela lei é a idéia tradicional. Só que essa idéia passa por
uma releitura.
Por exemplo: uma ação judicial, você era autor de uma petição
inicial. Como autor, você procurava respaldar seu direito na lei. Se você não
tivesse uma lei x você nem entraria com uma ação no caso concreto. Hoje é
muito comum você encontrar uma ação judicial que não faz menção a lei
alguma e sua fundamentação só se baseia em dignidade da pessoa
humana.
Uma atuação ilegal pode ser válida. Vocês acham que eu estou
sendo contraditório? Alguém já ouviu falar em sanatória ou convalidação do
ato administrativo? Princípio constitucional. Eu não precisaria falar mais
nada. Eu poderia acabar por aqui.
Então, um ato pode ser ilegal e assim mesmo ser válido. O Gustavo
Binenbojm tem uma expressão que ele utiliza para isso e já traz no livro
dele, a expressão é dele, não tem nada de novo, mas a expressão é nova
porque é dele, ele fala em juridicidade contra legem.
Decreto Autônomo
Então, a legalidade passa por essa releitura. Vamos agora para uma
questão concreta de concurso.
I - ação normativa;
Fim da aula.