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Gato, o novo flâneur

Desenho do Conceito
desenvolvido por Raquel Barros Pinto e Filipe Leite
na implementação colaboração de Ricardo Lobo,
no contexto do Mestrado em Tecnologia e Arte Digital da Universidade do Minho.

O fascínio pela observação das mutações que ocorrem nos ambientes urbanos e a
necessidade de os registar conduziu-nos, em termos de pesquisa, à obra “o pintor da
vida moderna”, de Charles Baudelaire.
Na referida obra, deparámo-nos com a apresentação da figura do flâneur. Trata-se
dum burguês, do século XIX, que vive momentos de puro prazer com as observações do
constante desenhar da cidade moderna. A sua natureza e espírito curioso transportam-
nos para o universo de novas experiências através da sua capacidade de apreender o
mundo. Ele vive do deleite das imagens efémeras captadas no ambiente citadino, que
focam principalmente os movimentos sinuosos da multidão, onde gosta de se imiscuir.
Um dos aspectos pertinentes deste personagem prende-se com uma não procura de
explicação da realidade observada. A sua intenção visa mostrar a sua visão particular
do mundo e a base da sua captura é a experimentação do momento individual no meio
da multidão. Desta forma, ele regista as tensões próprias da ambiência bem como o
caos gerado pela velocidade das mutações.
Com base na exploração introdutória da obra nasce a figura central do projecto a
desenvolver, trata-se da personagem do gato. Cada fruidor da obra assumirá o ângulo
de visão do gato.
“Gato, o novo flâneur” é a designação do projecto de vídeo-arte apresentado na
instalação.

Desenho da Narrativa e da Experiência

O cenário onde decorre a acção, no contexto da instalação, remete-nos para ambientes


de natureza distinta. De um lado afirma-se um leque de elementos que assumem o
carácter escultórico. Trata-se de um conjunto de bancos que desencadeiam o desenrolar
das projecções de vídeo, no chão. A posição assumida pelo agente contemplador da
obra, irá conduzi-lo para um universo repleto de imagens e de sons. A obra completa-se
no desenrolar da vivência experimental. Esta é reforçada pelo apelo sensorial contido
nas qualidades dos materiais que revestem os bancos e presente na tela negra que se
apresenta numa das laterais. A apresentação da tela despida de imagens procura
remeter para o universo da obra literária que serviu os intentos primários deste
projecto. A moldura, de aspecto robusto e barroco, visa contemplar o carácter temporal
das imagens e dos instantes captados. Estes sendo efémeros ficam aprisionados num
negro que não os deixa reproduzir. Procura-se explorar a capacidade de comunicação
dos elementos que se conjugam num espaço restrito delimitado por uma conjugação de
elementos ordenados. O observador é convidado a interagir no espaço de forma a
explorar o jogo antagónico sugerido pela presença ou ausência de sons e imagens.
Na questão da interactividade do projecto procurou-se uma linha condutora entre o
conceito e a apresentação da mesma. Neste sentido foi explorada a questão do flâneur
como o indivíduo que tem uma experiência de deleite com as imagens que captadas. O
observador assume o papel do Gato e torna-se o novo flâneur. Qual a sua interferência
com a realidade que se lhe apresenta? Nenhuma. Ele não muda os cenários nem altera
os acontecimentos. Apenas vive o gozo de relatar o que decorre perante os seus olhos.
Compete ao personagem a escolha do lugar a observar bem como os aspectos que
procura explorar. Neste sentido e fazendo um paralelismo entre a obra literária e o
projecto apresentado, o personagem escolhe uma das posições possíveis, dada pelos
bancos apresentados. E porque foram escolhidos os bancos? Os bancos surgem neste
contexto como elementos condutores, um ponto de conexão, entre a realidade e o
mundo digital.
A cada um destes, corresponde um tipo de registo de vídeo que explora a realidade
da cidade sobre o olhar de diferentes técnicas. Foram exploradas as imagens de
colagens, registos fotográficos e desenhos digitais, resultantes da exploração da
ferramenta de Visualização de Informação, o ParaView. As escolhas destas técnicas
procuraram por um lado uma aproximação directa à contextualização da componente
humana, conseguida pelo registo fotográfico. Um ponto considerado intermédio é o
fornecido pelo registo das colagens, que remetendo para a ambiência da cidade,
explora uma vertente muito particular do desenho, ou seja, o aspecto do registo
enquanto apelo à memória. Uma memória que é alcançada em cada corte, em cada
decisão de abertura, em cada incisão. A descrição urbana conseguida nos desenhos
digitais apela à dimensão da tensão bem como do caos atingidos na repetição dos
elementos geométricos e na disposição oblíqua das linhas exploratórias do desenho. Os
registos apelam a um olhar atento no sentido da descoberta dos significados e vivem de
forma harmoniosa no conjunto desenhado. O flâneur que estende o seu olhar curioso
pelas imagens capta a sua vida através da componente do som.
O projecto que vive na tridimensionalidade do espaço realiza-se nos contactos visuais e
auditivos vivenciados no acto exploratório da obra.

Tecnologia
O projecto de vídeo-arte implica na sua exibição, um pc equipado com Arduíno e
Processing, a implementação de um sistema de som, a ligação de sensores e um
projector.

Desenho da arquitectura do sistema

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