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NOÇÕE DE DIREITO PROCESSUAL PENAL

CONCURSO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL – NÍVEL MÉDIO

EMENTA: Do inquérito policial. Da ação penal: denúncia, representação,


queixa, renúncia e perdão. Do juiz, do Ministério Público, do acusado e
defensor, dos assistentes e auxiliares da justiça. Competência penal do
STF, do STJ, dos TRFs, dos Juízes Federais e dos Juizados Especiais
Federais

Confia ao SENHOR as tuas obras, e teus pensamentos serão


estabelecidos (provérbio 16)

Professor: Marciano Xavier das Neves marciano.neves@hotmail.com.


Tel. 3642-7664/8118-0808/9997-5033
1. Inquérito policial.

1.1. Conceito e finalidade.


Inquérito policial, segundo Tourinho Filho1, “é o conjunto de diligências
realizadas pela Polícia Judiciária para a apuração de uma infração penal
e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em
juízo”.

A finalidade do inquérito policial é a apuração do fato previsto em lei


como crime e autoria, ou seja, trazer informações necessárias para o
oferecimento da denúncia por parte do Ministério Público ou a queixa
(pelo ofendido). Nos termos do art. 12, do CPP (“O inquérito policial
acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma
ou outra”) destina-se o inquérito a servir de base para a futura ação
penal (pública ou privada).

EXCEÇÃO: INQUÉRITO POLICIAL PARA EXPULSÃO DO


ESTRANGEIRO Não tem por finalidade apurar uma infração penal
(artigo 70, Lei 6815/80 – Estatuto do Estrangeiro), sua finalidade é
permitir a expulsão do estrangeiro. Para tanto tem que ser garantido o
contraditório e a ampla defesa.

1.2. Natureza jurídica


O inquérito policial, por não ser processo, tem natureza jurídica
eminentemente administrativa, de caráter informativo, preparatória da
ação penal. Justifica, também, tal natureza pelo fato de o inquérito ser
de atribuição de uma autoridade administrativa – delegado – e não de
uma autoridade judicial.
Em razão da sua natureza jurídica administrativa, meramente
informativa, o inquérito policial não se reveste de contraditório e ampla
defesa, exceto quando destinar a expulsar estrangeiro, caso em que o
contraditório e a ampla defesa são necessários.

Por ser meramente informativo, isto é, administrativa, os vícios do


inquérito não afetam a ação penal futura.

1.3) características
O inquérito policial apresenta várias característica que o identifica e
difere do processo judicial. São elas:

I) Procedimento escrito: As diligências realizadas no curso do


inquérito devem ser formalizadas de forma escrita, rubricadas pela
autoridade policial, não se admitindo a forma oral ou gravação
audiovisual. Até pode fazer uso desses instrumentos, porém, isso não
dispensa a autoridade policial da transcrição do conteúdo gravado. Tal
característica está prevista no art. 9º do Código de Processo Penal.

1
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 1. p. 192
Art. 9º - Todas as peças do inquérito policial serão, num só
processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso,
rubricadas pela autoridade.

II) Procedimento sigiloso: Os fatos ou circunstâncias que possam


causar prejuízo às investigações deverão ser mantidos em sigilo pela
autoridade policial ou seus auxiliares. O sigilo determinado pelo CPP não
se estende ao Ministério Público e ao juiz. Também não atinge o
advogado, exceto nos processos sob regime de segredo de justiça.

O sigilo serve também para proteger a intimidade do suspeito ou


indiciado. É o que determina o parágrafo único do art. 20, CPP: Nos
atestados de antecedentes que Ihe forem solicitados, a autoridade
policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a
instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir
condenação anterior.
Art. 20 - A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse
da sociedade.
Parágrafo único - Nos atestados de antecedentes que
Ihe forem solicitados, a autoridade policial não poderá
mencionar quaisquer anotações referentes a instauração
de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de
existir condenação anterior.

II.a) Incomunicabilidade do preso

Outra questão tormentosa é a incomunicabilidade do preso prevista no


artigo 21, CPP, que permite a decretação pelo juiz. Ela é uma medida de
natureza cautelar e permite que o Juiz a decrete pelo prazo de 03 dias.
Entretanto, a polêmica gira em torno de se saber se a Constituição
Federal recepcionou ou não o citado artigo (há corrente nos dois
sentidos: recepção ou não recepção).

Art. 21 - A incomunicabilidade do indiciado dependerá


sempre de despacho nos autos e somente será permitida
quando o interesse da sociedade ou a conveniência da
investigação o exigir.
Parágrafo único - A incomunicabilidade, que não
excederá de 3 (três) dias, será decretada por despacho
fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade
policial, ou do órgão do Ministério Público, respeitado,
em qualquer hipótese, o disposto no Art. 89, III, do
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei nº
4.215, de 27 de abril de 1963).

1ª corrente - NÃO RECEPÇÃO DO ARTIGO:


I – em decorrência do Artigo 5º. CF/88, que garante a presença de
advogado em caso de prisão em flagrante (Mirabete argumenta que na
CF/88 está garantido o acesso do preso à sua família e ao seu
advogado);
II – em decorrência do artigo 136, § 3º., IV, CF/88, que veda a
incomunicabilidade no Estado de anormalidade (Estado de Defesa e
Estado de Sítio), assim, muito menos, o será possível em situação de
normalidade. A posição dominante é a que entende que o artigo 21 não
foi recepcionado, portanto, inaplicável atualmente.

2ª corrente - RECEPÇÃO DO ARTIGO:


Aqueles que defendem ser possível a incomunicabilidade do preso na
fase do inquérito, fundamentam-se no próprio artigo 136, da
Constituição Federal. Argumentam que tal artigo veda a
incomunicabilidade somente no estado de defesa, por se tratar de um
período de exceção; em tal circunstância, a incomunicabilidade poderia
impedir que a autoridade competente tomasse conhecimento dos abusos
possivelmente cometidos, ou seja, alegam que o dispositivo
constitucional trata das situações de presos políticos em caso de estado
de anormalidade (DAMÁSIO). Posição minoritária.

Independentemente da posição adotada, a incomunicabilidade não se


estende ao advogado, de acordo com a própria sistemática do Código de
Processo Penal (art. 21, par. Único, parte final) e art. 7º, III, do Estatuto
da OAB.

Obs. Na prova, como devo responder? Qual a corrente devo


seguir?

Depende da pergunta. Se a pergunta centralizar no Código de


Processo Penal, a resposta deve ser positiva, ou seja, que é
possível a incomunicabilidade, já que o CPP não sofreu alteração
nessa parte.

Por outro lado, se a pergunta for genérica, de forma a abarcar a


Constituição Federal ou o entendimento da maioria dos
doutrinadores, a resposta deve ser negativa, ou seja, não sé
possível a incomunicabilidade, visto que a CF não recepcionou o
art. 21, do CPP.

III) Oficialidade: A autoridade que preside o inquérito policial


(delegado) faz parte de um órgão oficial do Estado – art. 144, § 4º, CF.
Dessa característica surge outra, denominada de autoritariedade, isto é,
o inquérito policial é presidido por uma autoridade ligada ao Estado.

IV) Oficiosidade: Com exceção da ação penal pública condicionada e a


ação penal privada, o delegado deve agir de ofício, ou seja, quando
tomar conhecimento do fato, seja pela imprensa ou qualquer outro
meio, deverá instaurar o inquérito policial, ainda que a vítima não queira
ou já tenha perdoado o ofensor.

Obs. A Oficiosidade não se aplica nas ações penais públicas


condicionadas e ações penais privadas, visto que nesses casos a
autoridade policial só poderá agir quando provocado pelo interessado –
art. 5º, § 4º e § 5º. Assim, por exemplo, em um crime de calúnia, se a
vítima não requerer ao delegado, este não poderá tomar a iniciativa da
investigação, ou seja, está impedido de agir de ofício.

V) Indisponibilidade: O inquérito policial depois de instaurado não


pode ser arquivado pela autoridade policial – art. 17, CPP.

Art. 17 - A autoridade policial não poderá mandar


arquivar autos de inquérito

VI) Inquisitivo: A produção das provas concentram nas mãos de uma


única autoridade – delegado. Também não existe no inquérito o princípio
do contraditório e da ampla defesa, exceto em inquérito policial federal
destinado à expulsão de estrangeiro – art. 184 da Lei nº 6.815/80.

VII) Dispensabilidade: O inquérito policial é dispensável para a


propositura da ação penal. Assim, se o Ministério Público tiver elementos
probatórios colhidos de outra forma, não precisa mandar instaurar o
inquérito, isto é, já pode o MP, dentro da sua discricionariedade,
oferecer denúncia com base nesses elementos.

1.4. instauração (início do inquérito policial).

A forma como se inicia o inquérito policial está descrita no art. 5º, do


CPP. Depende do tipo de ação penal que é cabível. Vejamos:

1.4.a. Ação Penal Pública Incondicionada.


Quando o crime for de ação penal pública incondicionada, isto é, aquela
em que a autoridade policial pode e deve agir independentemente de
provocação ou autorização da vítima ou de qualquer pessoa, a
instauração do inquérito policial ocorre:

I) de ofício - por portaria da autoridade policial (notitia criminis de


cognição imediata);
II) pelo auto de prisão em flagrante (notitia criminis de cognição
coercitiva);
III) por requisição do juiz; (notitia criminis de cognição mediata);
IV) por requisição do Ministério Público ou (notitia criminis de cognição
mediata);
V) por requerimento da vítima ou de quem tiver qualidade para
representá-la (notitia criminis de cognição imediata).

Portaria
Portaria: é a peça que dá início ao IP; decorre do conhecimento pela
autoridade policial em razão de suas atividades de rotina, p. ex. boletim
de ocorrência (documento de natureza estatística), relatório de
investigação, etc.
Requerimento

Requerimento na ação penal pública: Esse requerimento não é


obrigatório, nos crimes de ação penal pública incondicionada, se a vítima
não o requerer o Delegado de Polícia pode e deve instaurar de ofício. Se
for indeferida a instauração, cabe recurso ao Chefe de Polícia (artigo 5º.
§ 2º., CPP). Como se trata de crime de ação penal pública
incondicionada, na verdade, esse recurso é totalmente desnecessário,
porque o ofendido pode escolher outra via: dirigir-se ao MP ou ao juiz
solicitando-lhes, que requisitem a instauração do IP.

Delação (delatio criminis): Qualquer pessoa do povo que tomar


conhecimento de prática de crime que deve ser apurada mediante ação
penal pública incondicionada poderá verbalmente ou por escrito
comunicá-la à autoridade, e essa verificando a procedência mandará
instaurar o IP. O CPP – art. 5º, § 3º, fala somente em crimes de ação
penal pública, mas deve-se entender como ação penal pública
incondicionada, porque se for condicionada é exigível a representação da
vítima ou de quem a representar.

Requisição
É a ordem emanada do MP ou do juiz para que o delegado instaure o
inquérito policial. Não é requerimento, pois este é feito pela vítima, e
pode ser indeferido pela autoridade policial. Como já disse, apenas se for
manifestamente ilegal é que a autoridade não está obrigado a atender a
requisição. Porém, neste caso, deverá informar ao MP ou ao juiz as
razões do não cumprimento.

1.4.b. Ação Penal Pública Condicionada


O início do inquérito policial, quando o crime for de ação penal pública
condicionada, depende de representação da vítima ou de requisição do
Ministro da Justiça.
A representação, nesse caso, constitui uma delação postulatória (porque
revela o crime e ainda postula (requerimento) a abertura do IP).
O instituto da representação será estudado com detalhes mais adiante.

1.4.c. Ação Penal Privada

O início do inquérito policial, quando o crime for de ação penal privada,


depende de requerimento da vítima ou de seu representante legal
(princípio da oportunidade). A vítima é obrigada a “denunciar” o fato?
Não. Sem requerimento da vítima, a autoridade policial não pode jamais
investigar o crime de ação penal privada. Mulher casada pode requerer
abertura de IP? Sim (CPP, art. 35: revogado – Lei 9.520/97).
Se o requerimento for indeferido, cabe recurso para o chefe do
delegado, como já salientado anteriormente.

1.5. Atribuição.
A atribuição para a condução de inquérito policial está prevista no art. 4º
do Código de Processo Penal, assim escrito:
Art. 4º: A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá
por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não
excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja
cometida a mesma função.

Verifica-se que cabe a autoridade policial investigar os fatos ocorridos


dentro da sua circunscrição, podendo realizar diligências em outra
circunscrição somente se estiver na mesma comarca. Caso contrário, ou
seja, para efetivação de diligências em comarca diversa da sua
circunscrição, o delegado deverá expedir carta precatória – art. 22 do
CPP.

1.5.a. Outras Autoridades

A atribuição do inquérito é do delegado. Isto, porém, não impede que


outras autoridades também procedam à investigação, desde que tal
função esteja prevista em lei. Seguem algumas hipóteses:
a) inquérito contra membros do ministério público (quem preside é o
PGJ - LONMP: Lei 8.625/93, art. 41, parágrafo único);
b) contra juiz de direito (quem preside é o Desembargador sorteado –
LOMN: Lei Complementar 35/79, art. 33, parágrafo único);
c) contra autoridade que goza de prerrogativa de função (parlamentares,
Ministros etc.) um Magistrado da Corte competente etc.. Exemplo:
Investigação contra Deputado Federal: quem preside é Ministro do STF;
investigação contra Desembargador: quem preside é Ministro do STJ e
assim por diante;
d) autoridades administrativas. Ex. processo administrativo disciplinar;
e) Procedimentos Administrativos instaurados pelo Ministério Público,
para apuração de ilícitos praticados contra a infância ou juventude, bem
como quando houver infração às normas de proteção ao idoso:
Lei nº 8.069/90 – ECA:
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências
investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial,
para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à
infância e à juventude;
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável
pelo uso indevido das informações e documentos que
requisitar, nas hipóteses legais de sigilo.

Lei 10741/2003 Estatuto do Idoso:

Art. 74. Compete ao Ministério Público:


VI – instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias
e a instauração de inquérito policial, para a apuração de ilícitos
ou infrações às normas de proteção ao idoso
f) Comissões Parlamentares de Inquérito – CPI.

As CPIs são órgãos do Poder Legislativo destinados a apurar quaisquer


fatos que tenham pertinência com a função legislativa.

g) Crimes praticados nas dependências sob a responsabilidade


do Senado Federal.
A Polícia do Senado assume a função de Polícia Judiciária referentes aos
crimes ocorridos em suas dependências, cabendo a ela a investigação e
a instauração do inquérito policial.
A fundamentação jurídica para a atuação da Polícia do Senado Federal
na função de Polícia Judiciária: Constituição Federal, art. 52, XIII,
súmula do Supremo do STF nº 397 e Resolução do Senado Federal nº
59/ 2002, Art. 2º, IX).

1.6) Diligências iniciais (providências)

O Código de Processo Penal estipula regras para a autoridade policial no


que tange às providências que deverão ser tomadas quando receber a
notícia de um fato definido como crime. Deverá a autoridade policial,
portanto, tomar as seguintes providências:

I) dirigir-se ao local dos fatos, isolando a área para atuação dos peritos
(zelar para que não se altere o estado das coisas até a chegada dos
peritos).
Tal providência é necessária para que os peritos possam colher todos os
dados (corpo de delito) necessários para a elaboração da perícia.
Interessante observar que a Lei nº 5.970/1973 (Código de Trânsito
Brasileiro), excluiu a incidência do inciso I, do art. 6º, do CPP,
estatuindo o seguinte:

Art 1º Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente


policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá
autorizar, independentemente de exame do local, a imediata
remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos
veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e
prejudicarem o tráfego.
Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou
agente policial lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o
fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais
circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade.

II) apreender os objetos que tiverem relação com o fato, depois de


liberados pelos peritos criminais;

III) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato


e suas circunstâncias;
IV) ouvir o ofendido, quando possível;

V) ouvir o indiciado;

O interrogatório perante a autoridade policial deve obedecer as regras


descritas nos arts. 185 a 196, do CPP, que trata do interrogatório na
fase judicial, sendo garantido ao indiciado o direito ao silêncio, bem
como fazer-se acompanhado por advogado. Caso não tenha advogado
constituído, o delegado não está obrigado a indicar advogado dativo,
porquanto na fase do inquérito não aplica-se o princípio do contraditório
e ampla defesa, em regra.

VI) proceder a reconhecimento de pessoas e as acareações;

VII) determinar a realização de exame de corpo de delito e perícias,


sempre que a infração deixar vestígios (crimes não transeuntes).
Referida diligência é imprescindível para atestar a materialidade quando
o crime deixar vestígio. Nem mesmo a confissão do agente supre a
perícia. Na hipótese de ser impossível realização da perícia por terem
desaparecidos os vestígios, a materialidade poderá ser demonstrada por
prova testemunhal, nos termos do art. 167, CPP.
VIII) ordenar a identificação datiloscópica do possível autor do fato,
salvo se portado de cédula de identidade.
Vale ressaltar que, mesmo sendo civilmente identificado, ou seja,
portador de cédula de identidade, o investigado poderá ser submetido a
identificação criminal, nos casos previstos em lei.

IX) determinar a juntada dos antecedentes criminais do indiciado;

X) averiguar a vida pregressa do indivíduo, levando-se em consideração os


aspectos individuais, familiar, social, condição econômica, estado de ânimo
antes, durante e depois do crime.

XI) reconstituição simulada dos fatos – art. 7º


Entre as diligências que podem ser produzidas no inquérito policial está a
reconstituição simulada dos fatos. Porém, considerando que ninguém é
obrigado a produzir provas contra a sua pessoa, o investigado não está
obrigado a participar da reconstituição dos fatos.
Não se realiza a reconstituição simulada se a sua efetivação colocar em
risco a ordem pública (rixa) ou contrariar os bons costumes (estupro).

1.7. Encerramento do inquérito policial


O inquérito policial é encerrado através de relatório do delegado, no qual
se relata tudo que foi apurado, sem emitir juízo de valor sobre o delito. É
dizer, não pode a autoridade policial emitir opiniões sobre o crime ou a
conduta do agente, pois isso é tarefa do Ministério Público. Assim, é
vedada a autoridade policial dizer em seu relatório que o investigado deve
ser punido com rigor, pois o crime por ele praticado causou clamor público
ou coisa parecida.

1.8. Prazo
O prazo para encerramento do inquérito policial está previsto no art. 10,
CPP. Varia de acordo com a situação do acusado, ou seja, caso esteja
preso ou não.
Estando solto, o prazo é de 30 dias, contado da data do recebimento da
requisição pela autoridade, ou da portaria, podendo ser prorrogado pelo
juiz, desde que o caso seja de difícil elucidação.
Quando o investigado estiver sido preso em flagrante ou preventivamente
o prazo para a conclusão do inquérito é de dez dias, improrrogável,
contado a partir do dia em que se efetivar a prisão. Caso o inquérito não
seja terminado dentro desse prazo, caracterizar-se-á constrangimento
ilegal, passível de ser corrigido pela via do hábeas corpus.

Além desses prazos, existem outros previstos em leis especiais, a saber:


I) Justiça Federal – estando o investigado preso, o prazo é de 15 dias,
podendo ser prorrogado por igual período, mediante requerimento
fundamentado da autoridade policial, ou 30 dias, para indiciado solto,
também permitida a prorrogação – sem limite, mediante justificativa da
autoridade policial;
II) Nos crimes contra a economia popular – Lei nº 1.521/51, art. 10,
§ 1º – o prazo é de 10 dias, esteja o indiciado preso ou solto;
III) Nos crimes de tóxicos – Lei nº 11.343/2006 – art. 51 – o prazo é
30 (trinta) dias se o indiciado estiver preso, e de noventa dias, quando
solto, podendo em um ou outro caso ser duplicado pelo juiz, mediante
pedido justificado da autoridade policial.
Nos crimes de menor potencial ofensivo, que são de competência dos
juizados especiais criminais, não vigoram mais dispositivos relativos a
prazos de inquérito, pois o que se instaura é o termo circunstanciado, o
qual deverá ser imediatamente remetido ao juiz competente – art. 69 da
Lei nº 9.099/95.

1.9. Trâmite do inquérito depois de relatado


Devidamente relatado, o inquérito policial será encaminhado ao juiz,
acompanhado dos instrumentos do crime e objetos pertinentes à prova.
Em seguida o juiz encaminhará o inquérito ao Ministério Público, em caso
de ação penal pública, ou mantê-lo-á em secretaria à disposição do
ofendido, em caso de ação penal privada.
Ao receber o inquérito policial, o Ministério Público poderá:

I) oferecer denúncia – art. 41, CPP: Se o réu estiver preso, o prazo


para oferecimento da denúncia é de cinco dias; se estiver solto, quinze
dias. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou a queixa – art. 12
CPP.

II) devolver o inquérito para novas diligências: Neste caso o


Ministério Público deverá especificar as diligências que entender
necessárias à elucidação dos fatos – art. 16, CPP;

III) requerer o arquivamento do inquérito: ocorre quando o fato


investigado não constituir crime, já estiver extinta a punibilidade, for
manifesta a ilegitimidade da parte ou faltar condição exigida pela lei para o
exercício da ação penal.
Caso o juiz não acate o requerimento de arquivamento deverá remeter o
inquérito ao chefe do Ministério Público – Procurador Geral de Justiça ou
Procurador Geral da República, conforme o caso – art. 28, CPP. O
Procurador-Geral poderá oferecer a denúncia ou designar outro membro do
Ministério Público para oferecê-la, bem como insistir no arquivamento,
hipótese em que o juiz deverá acatar o pedido de arquivamento.
A decisão de arquivamento é judicial, razão pela qual é vedado ao
delegado arquivar inquérito policial – art. 17 CPP.
A decisão que determinar o arquivamento do inquérito é irrecorrível,
porém, nos crimes contra a economia popular há previsão de recurso de
ofício.

1.10. Desarquivamento do inquérito policial


A decisão que arquiva o inquérito policial, em regra, não faz coisa julgada
material, mas sim formal. Assim, arquivado o inquérito, caso surjam novas
provas é possível realizar novas diligências, ou seja, é possível o
desarquivamento do inquérito – art. 18, CPP.

1.11. Valor probatório do inquérito


O inquérito policial não tem valor absoluto, porquanto serve apenas para
subsidiar a denúncia ou a queixa. As provas produzidas na fase do
inquérito, em regra, deverão ser reproduzidas durante a instrução
criminal. Sobre o tema o Supremo Tribunal Federal já decidiu que é vedada
a condenação em provas produzidas apenas na fase investigativa. A lei nº
11.690/2008, ao dar nova redação ao art. 155, do CPP, determina que o
juiz não poderá fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,
não repetíveis e antecipadas. utilização de provas produzidas
Por fim, não há nulidade no inquérito policial, consoante entendimento
jurisprudencial.

2. Da ação penal:
Nas palavras de Fernando Capez, ação penal é o direito de pedir ao
Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo a um caso concreto. É
também o direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular
do poder-dever de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito
penal objetivo, com a conseqüente satisfação da pretensão punitiva.

2.1. Denúncia
É o instrumento pelo qual o titular da ação penal pública (Ministério
Público) leva ao juízo os fatos e elementos probatórios constantes no
inquérito policial ou outra peça de informação. Em outras palavras, é o
requerimento do Ministério Público para que o Estado, através do Poder
Judiciário, abra o processo contra determinada pessoa.

2.1.a) forma e conteúdo da denúncia


A denúncia deverá preencher os requisitos previstos no art. 41, CPP:

I) exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias


Como o réu se defende dos fatos e não da capitulação legal, considera-se
inepta a denúncia que não preencher tal requisito, ou seja, que não
descrever os fatos de forma a possibilitar o exercício da ampla defesa e do
contraditório pelo denunciado. Tal falha caracteriza hipótese de rejeição da
denúncia – art. 395, I, CPP.
Assim, a denúncia deve ser certa, delimitada e clara. Certa porque deve
descrever os fatos e suas circunstâncias; delimitada, porque não se admite
denúncia alternativa, isto é, denúncia que, tendo em vista a dúvida do MP,
imputa dois fatos ao réu, para durante a instrução escolher apenas um;
clara, porque deve a denúncia expor os fatos supostamente praticados pelo
acusado, de forma que este possa exercer o seu direito de defesa.

II) a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se


possa identificá-lo (apelido, característica física)

Tal requisito dá efetividade ao princípio da intrancendência, o qual


determina que a pena não pode passar da pessoa do autor do fato – art.
5º, XLV, CF.
É bem verdade que a falta de dados pessoais, tais como número de CPF,
RG ou até o nome completo do denunciado não caracteriza inépcia da
inicial, uma vez que são necessários apenas dados capaz de individualizá-
lo (apelido, características físicas, filiação, etc).

III) classificação do crime;


Trata-se da obrigatoriedade em indicar na peça acusatória a tipificação
legal do fato.
Segundo entendimento majoritário, o juiz, no momento do recebimento da
denúncia, não pode mudar a classificação do delito. Caso não concorde
com a tipificação apontada na denúncia ou queixa, deverá proceder de
acordo com o art. 383, CPP (emendatio libelli), o que só é possível no
momento da sentença.

IV) indicação das testemunhas – art. 41 do CPP.


Um dos meios de provas é a testemunha. O momento para indicar
testemunha é por ocasião do oferecimento da denúncia, sob pena de
preclusão (o que na gíria é perder a vez).

Cuidado: A falta de indicação de testemunhas pelo MP ou querelante não


caracteriza inépcia da inicial. A única conseqüência é a preclusão, ficando a
acusação sem prova testemunhal. O que se vê na prática é o Ministério
Público esquecendo de arrolar testemunhas, vindo a arrolar depois e o juiz
acaba ouvindo-as como testemunha do juízo – art. 209, CPP.

2.1.b) prazo para oferecimento da denúncia:


Vários são os prazos para oferecimento da denúncia, a saber:
- regra geral – art. 46, CPP: investigado preso = 5 dias; investigado solto
= 15 dias;
- regras especiais, estando o investigado preso ou solto:
I) lei nº 11.343/2006 – 10 dias – art. 54.
II) lei 1.521/51 - 02 dias – art. 10, § 2º.
III) lei nº 4.898/65 – 48 horas – art. 13.
IV) crime eleitoral – 10 dias – art. 357, Código Eleitoral.

2.1.c) recebimento da denúncia


O recebimento da denúncia dar-se-á se o juiz se convencer da prova da
materialidade do delito, da existência de indícios suficientes de autoria,
bem como se preenchidos os requisitos previstos no art. 41, CPP, acima
estudados. Tal conclusão é possível pela leitura do art. 395, III, o qual
manda o juiz rejeitar a denúncia quando faltar justa causa para a ação
penal. É sabido que justa causa está ligada com a existência de elementos
probatórios da materialidade e de indícios suficientes de autoria.
O pronunciamento judicial que recebe a denúncia, segundo entendimento
do STF e do STJ é mero despacho, o que desobriga o magistrado de
observar o art. 93, IX, CF, ou seja, não exige fundamentação. Aliás, o STF
admite até mesmo o recebimento tácito da denúncia ou da queixa, isto é,
se o juiz, em vez de receber expressamente a inicial, determinar a citação
do réu, considera-se que a denúncia foi recebida.

2.1.d) rejeição
A rejeição da denúncia está prevista no art. 395, CPP, e ocorre quando:

I - for manifestamente inepta; (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).


II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação
penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008).
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal

O recurso para a decisão que não receber a denúncia é denominado de


recurso em sentido estrito – art. 581, I.
Porém, quando se tratar de crime de menor potencial ofensivo, o recurso
para a decisão que rejeitar a denúncia é a apelação - lei 9.099/95 – art.
82.
Por sua vez, a rejeição da denúncia, quando o indiciado for detentor de
prerrogativa de função no STF ou STJ, o recurso cabível será o agravo para
o órgão colegiado indicado no art. 39, da lei nº 8.038/90.

2.2. representação
2.2.a) conceito
Segundo Denílson Feitosa Pacheco , ˝representação é manifestação do
ofendido ou do seu representante legal no sentido de desejar a persecução
penal do agente da infração legal˝. Em outras palavras, é a autorização da
vítima de um crime ou de seu representante legal para que o Estado
investigue e processe o autor do fato. Sem essa autorização, que recebeu
o nome de ‘representação’, o Estado está impedido de agir, ainda que para
tanto ocorra a impunidade.

As razões para a ação penal pública condicionada à representação são


várias, entre as quais se destacam:
a) evitar que o escândalo do processo cause um dano à vítima maior que o
decorrente do fato criminoso;
b) o interesse afetado pela infração penal, em primeiro plano, é o
particular e, em segundo, o de toda a sociedade;
c) dificuldade na colheita de provas sem a participação da vítima.
A representação pode ser encaminhada ao Ministério Público, à autoridade
judiciária ou ao delegado de policial – art. 39, CPP.

2.2.b) Natureza jurídica.


A natureza jurídica da representação é uma condição de procedibilidade da
ação penal. Ou seja, sem a representação a autoridade policial não pode
instaurar o inquérito policial, assim como não pode o Ministério Público
oferecer a denúncia.

2.2.c) titularidade
São titulares do direito de representação:
I) ofendido, quando for maior de 18 anos e portador de capacidade
mental;

II) Representante legal do ofendido


Se o ofendido for menor de 18 anos ou portador de deficiência mental, a
representação será oferecida pelo seu representante legal (pai, mãe, tutor
ou curador), independentemente da vontade da vítima menor ou incapaz.
Caso o ofendido incapaz não possua representante legal ou se o seu
interesse colidir com o interesse do seu representante (o incapaz deseja
ver o autor do fato processado, mas o seu representante legal se nega a
oferecer a representação), deverá o juiz, de ofício, ou mediante
requerimento do Ministério Público, nomear um curador para o incapaz.
Este curador pode ser qualquer pessoa maior de 18 anos.

Imperioso assinalar ainda que a emancipação ou qualquer outra forma de


cessação da maioridade antes dos 18 anos não legitima quem estiver
nessas condições, por força do art. 33 do CPP, que é expresso em conferir
direito de representação apenas a quem completou dezoito anos;

III) legitimidade concorrente


Se o ofendido tem de dezoito e menos de vinte e um anos de idade, tanto
ele quanto seu representante legal (pais, tutor ou curador) são titulares do
direito de representação, concorrentemente, conforme previsto no art. 34
do CPP, por extensão.
Convém ressaltar que a doutrina majoritária entende que, com a redução
da maioridade civil para 18 anos pelo novo Código Civil, restou derrogado
o art. 34 do CPP. Parte minoritária, por outro lado, entende que continua
valendo todas as referências quanto à idade, tanto no Código Penal,
quanto no Código de Processo Penal, por força do art. 2.043 do Código
Civil.

IV) morte ou ausência (decretada judicialmente) do ofendido


De acordo com o art. 24, § 1º, do CPP, em caso de morte do ofendido, o
exercício de representação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão – art. 24, § 1º, CPP.
Finalmente, comparecendo mais de uma pessoa com direito de
representação, terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais
próximo na ordem estipulada pelo art. 31, CPP (ascendente e depois
descendente e irmão), ou seja, se o ofendido tiver deixado cônjuge e pai, o
cônjuge tem preferência sobre o pai.

V) Pessoas jurídicas
Se o ofendido for pessoa jurídica, o direito de representação será exercido
por quem o ato constitutivo (estatuto ou contrato social) designar, ou, no
silêncio, pelos diretores ou sócios-gerentes (art. 37 CPP);

VI) Procurador com poderes especiais


Também terá legitimidade para oferecer representação, o procurador com
poderes especiais (a procuração deve conter expressamente poderes para
oferecer a representação) - art. 39, CPP;

2.2.d. Prazo da representação


O Código de Processo Penal estipula um prazo decadencial de seis meses
para o exercício do direito de representação, a contar do dia em que o
ofendido ou o seu representante vier a saber quem seja o autor do crime –
art. 38.

É bom lembrar que, por ser prazo decadencial, não se suspende e nem se
prorroga, sendo que o seu transcurso causa a extinção da punibilidade do
agente, conforme determina o art. 107, IV do Código Penal.
É de todo oportuno consignar que o prazo para exercer o direito de
representação é de direito material, cujo início inclui o dia do começo e
exclui o dia final. Diante disso, é irrelevante se o início ou o fim do prazo
ocorra em final de semana/feriado.
Em caso de morte do ofendido ou declaração da sua ausência, conforme já
salientado, o direito de representação passará aos sucessores – cônjuge,
ascendente, descendente ou irmão. Nesse caso, se na data do óbito do
ofendido ainda não tiver expirado os seis meses, os legitimados terão mais
seis meses para exercer o direito de representação – art. 38, parágrafo
único, c/c art. 24, § 1º, e art. 38, caput, todos do CPP. Exemplo: se,
quando o ofendido faleceu, já havia transcorrido cinco meses do dia em
que obteve ciência da autoria da infração, os sucessores terão mais seis
meses, contados do dia em souberem quem é o autor do ilícito penal, e
não apenas mais um mês, já que o prazo para eles é contado sem levar
em consideração o prazo do ofendido.

2.2.e. Forma da Representação:


A representação não exige forma específica, podendo ser feita por escrito
ou oralmente, neste último caso, porém, será reduzida a termo, conforme
se depreende do alcance do art. 39 CPP. O Supremo Tribunal Federal e o
Superior Tribunal de Justiça têm adotado entendimento que prestigia a
informalidade da representação, sendo suficiente a manifestação de
vontade do ofendido ou de seu representante no sentido de ver processado
o agressor. Assim, considera-se como representação a declaração prestada
perante a autoridade policial (boletim de ocorrência) indicando o autor da
infração.
Quando a infração penal for praticada por mais de um agente, a
representação contra um estende-se aos demais, tendo em vista a eficácia
objetiva da representação. Assim, pode o Ministério Público oferecer
denúncia contra todos os autores, ainda que a representação tenha se
referido apenas contra um.

2.2.f. Retratação
Estipula o Código de Processo Penal que antes do oferecimento da
denúncia poderá ocorrer a retratação da representação – art. 25 do CPP e
art. 102 do CP. Isso significa que o autor da representação (ofendido ou
ser representante) poderá arrepender-se, e assim desistir, até o momento
anterior à atuação do Ministério Público. Oferecida a denúncia, portanto,
não poderá ocorrer a retratação. Veja-se que o limite é oferecimento da
denúncia e não o seu recebimento pelo juiz, exceto na Lei Maria da Penha
(Lei nº 11.340/06), em que a retratação poderá ocorrer até o recebimento
da denúncia.

2.2.g. Retratação da retratação


O Supremo Tribunal Federal entende ser possível a retratação da retração,
ou seja, poderá o ofendido, após ter se retratado, oferecer novamente a
representação. Porém, isso só é possível se ainda não transcorreu o prazo
decadencial de seis meses. Essa tese não é pacífica na doutrina, sendo
repudiada por Tourinho Filho ao afirmar que admitir a retratação ˝é
entregar ao ofendido arma poderosa para fins de vingança ou outros
inconfessáveis˝
Por fim, a doutrina e a jurisprudência são pacíficas no sentido de não se
aplicar à representação o instituto da renúncia (art. 104 do CP), pois só se
renuncia ao direito de queixa, e mais, estar-se-ia sendo acrescentada uma
hipótese de extinção de punibilidade sem previsão legal.

Outra forma de iniciar o inquérito policial, como já disse, é a requisição do


Ministro da Justiça. É um ato de natureza POLÍTICA e ADMINISTRATIVA.
Não está sujeita a prazo, como na representação do ofendido. Também
não tem previsão de retratação.
É destinado aos crimes contra a honra do Presidente da República e contra
a honra dos chefes de Estados estrangeiros.

2.3. queixa
2.3.a.Conceito.
Queixa é a peça que dá início ao processo em crimes de ação penal
privada. Diz-se queixa-crime subsidiária nas hipóteses de ação penal
privada subsidiária (quando o Ministério Público deixa de oferecer denúncia
dentro do prazo legal).

2.3.b. Titularidade
São titulares do direito de queixa:
I) Vítima maior de 18 anos e capaz

II) Representante legal do ofendido menor de 18 anos ou incapaz


Se o ofendido for menor de 18 anos ou portador de deficiência mental, a
queixa será oferecida pelo seu representante legal (pai, mãe, tutor ou
curador), independentemente da vontade da vítima menor ou incapaz.
Caso o ofendido incapaz não possua representante legal ou se o seu
interesse colidir com o interesse do seu representante (o incapaz deseja
ver o autor do fato processado, mas o seu representante legal se nega a
oferecer a queixa), deverá o juiz, de ofício, ou mediante requerimento do
Ministério Público, nomear um curador para o incapaz , o qual ficará
responsável para oferecer a queixa – art. 33, CPP.

III) legitimidade concorrente


Nos termos do art. 34, do CPP, “Se o ofendido for menor de 21 e maior de
18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu
representante legal”.
A doutrina majoritária, porém, entende que, com a redução da maioridade
civil para 18 anos pelo novo Código Civil, restou derrogado o art. 34 do
CPP. Parte minoritária, por outro lado, entende que continua valendo todas
as referências quanto à idade, tanto no Código Penal, quanto no Código de
Processo Penal, por força do art. 2.043 do Código Civil.

IV) morte ou ausência (decretada judicialmente) da vítima


De acordo com o art. 31, do CPP, em caso de morte do ofendido ou quando
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou
prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou
irmão.
Finalmente, comparecendo mais de uma pessoa com direito de queixa,
terá preferência o cônjuge, e, em seguida, o parente mais próximo na
ordem estipulada pelo art. 31, CPP (ascendente e depois descendente e
irmão.

V) Pessoas jurídicas
Se o ofendido for pessoa jurídica, o direito de queixa será exercido por
quem o ato constitutivo (estatuto ou contrato social) designar, ou, no
silêncio, pelos diretores ou sócios-gerentes (art. 37 CPP);

2.3.c. Prazo
O prazo para oferecimento da queixa-crime é de seis meses, a contar do
conhecimento da autoria do delito ou da data em que se esgotou o prazo
para o Ministério Público oferecer denúncia.
Trata-se de prazo decadencial, portanto, não se interrompe, não suspende
e nem se prorroga. Assim, a instauração de inquérito policial não
interrompe o prazo para oferecimento da queixa-crime.
Caso o ofendido seja menor de 18 anos, enquanto não alcançar a
maioridade, o direito de queixa só pode ser exercido pelo seu
representante legal, como já estudando anteriormente. Porém, caso o
representante legal não exerça esse direito, ingressando com a queixa, o
ofendido poderá fazê-lo após completar a maioridade, visto que o prazo
decadencial, neste caso, só se inicia após a data em que completar 18
anos e não a partir do conhecimento da autoria do delito.

É possível o aditamento da queixa pelo Ministério Público, cujo prazo é de


três dias, a contar do recebimento dos autos, ocasião em que poderá
incluir circunstâncias que influenciarão na classificação do delito e na pena
(dia, hora, local, maneira como foi praticado etc.). O que o Ministério
Público não pode fazer é aditar a queixa para incluir outros agentes ou
outros crimes.
Quanto ao recebimento e rejeição da queixa-crime, vale o que foi descrito
no item referente ao recebimento e à rejeição da denúncia.

2.4. renúncia
2.4.a. Conceito
Renúncia é a desistência do direito de ação por parte do ofendido. Com a
renúncia, o ofendido ou seu representante legal desiste de oferecer a
queixa contra o autor do fato.
Ocorrerá somente antes de oferecida a queixa, pois, uma vez oferecida,
apenas poderá ocorrer o perdão do ofendido ou a perempção.

2.4.b. Natureza jurídica


A renúncia constitui causa extintiva de punibilidade, conforme preceitua o
art. 107, V, do CP

2.4.c. Classificação:
A renúncia pode ser:
I) Expressa: É a renúncia por meio de declaração escrita, datada e
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou procurador com
poderes especiais – art. 50, CPP.
A renúncia é unilateral, ou seja, não depende da aceitação do ofensor, o
que não ocorre com o perdão, conforme se verá adiante.

II) Tácita: É a prática de ato incompatível com o direito de queixa. Em


outras palavras, é a prática de ato que revele ausência de interesse em
promover a ação penal privada contra o agente que praticou ou fato
definido como crime
Exemplo: o ofendido, sabendo quem seja o autor do crime, o convida para
ser padrinho do seu casamento.
A renúncia tácita pode ser provada por qualquer meio de provas
(testemunha, foto, documento, etc.) – art. 57, CPP.

2.4.d. Abrangência da renúncia:


A renúncia feita a um dos agentes a todos se estende. Daí, em caso de
concurso de pessoas, se o ofendido oferecer a queixa apenas contra um,
presume-se que renunciou quanto aos demais. Como a renúncia se
estende a todos os co-autores da infração penal, deve-se declarar extinta a
punibilidade em relação a todos.

Estipula o art. 50, parágrafo único, do CPP, que a renúncia do


representante legal do menor que houver completado 18 anos não privará
este do direito da queixa, nem a renúncia do último excluirá o direito do
primeiro. Dessa forma, havendo dois titulares da ação privada, o ofendido
menor de 21 anos e seu representante legal, a renúncia de um não
prejudica o direito de outro em propor a queixa. Porém, importa observar
que a maioria dos doutrinadores entende que esse dispositivo do CPP
deixou de ter validade com o novo Código Civil, uma vez que a menoridade
cessa aos 18 anos completos.
2.5. Perdão

2.5.a. Conceito
Perdão, diz Julio Fabbrini Mirabete, é ˝a revogação do ato praticado pelo
querelante, que desiste do prosseguimento da ação penal, desculpando o
ofensor2˝.
Do conceito depreende-se que só pode haver perdão se já tiver sido
proposta a queixa, pois antes dela o que poderá ocorrer é a renúncia.
O perdão pode ser concedido a qualquer tempo, desde que antes do
trânsito em julgado da sentença condenatória – art. 106, § 2º, CP.

2.5.b. Natureza jurídica


Assim como a renúncia, o perdão do ofendido caracteriza hipótese de
extinção de punibilidade, nos termos do art. 107, V, CP.

2.5.c. Classificação

O perdão pode ser:


I) Expresso: é o perdão que conste de declaração assinada pelo
querelante;
II) Tácito: ocorre quando o querelante pratica ato incompatível com a
vontade de prosseguir na ação (querelante e querelado pescam juntos
todos os finais de semana; unem-se a fim de montar uma sociedade
empresária etc), art. 57, CPP e art. 106, § 1º, CP;
III) Processual: ocorre dentro do processo;
IV) Extraprocessual: ocorre fora do processo. Neste caso, a aceitação do
perdão por parte do querelado deverá constar de declaração assinada por
ele (querelado), por seu representante legal ou procurador com poderes
especiais – art. 59, CPP.

Abrangência do perdão:
O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que
produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar – art. 51, CPP. Como
se vê, o ofensor (querelado) pode recusar o perdão, já que se trata de ato
bilateral, o que não ocorre com a renúncia. O prazo para o querelado dizer
se aceita o perdão é de três dias, sendo que o seu silêncio importará
aceitação tácita, desde que da notificação conste tal advertência (art. 58,
CPP). A aceitação poderá ser dada por procurador com poderes especiais
(art. 55, CPP).
Por fim, se o infrator for mentalmente enfermo ou incapaz, e não tiver
representante legal, ou se os seus interesses colidirem com os de seu
representante legal o juiz nomeará curador especial, o qual decidirá se
aceita ou não o perdão – art. 53, CPP.
O perdão, seja dentro ou fora do processo, seja ainda expresso ou tácito,
quando aceito pelo querelado extingue-se a punibilidade – art. 107, V, CP.
O prazo para o querelante perdoar o seu ofensor (querelado) é até o
trânsito em julgado da sentença condenatória – ar. 106, § 2º, CP. Note-se
a diferença, quanto ao prazo do perdão e da renúncia. Esta somente
poderá ocorrer antes de oferecida a queixa, enquanto que o perdão poderá
ser oferecido até o trânsito em julgado da sentença condenatória.
2
Código de Processo Penal Interpretado, Atlas, 11ª edição, 2006, pg. 241.
Finalmente, só é possível o perdão na ação penal privada exclusiva, uma
vez que na ação penal privada subsidiária da pública não é possível
extinguir-se a punibilidade pela vontade do querelante, porquanto o
Ministério Público é o exclusivo titular dessa ação. Caso o querelante
resolva perdoar o querelado, deverá o MP retomar a ação penal, nos
termos do art. 29, CPP.

3. Sujeitos do Processo
3.1. Introdução:

Sujeitos processuais são as pessoas entre as quais se constitui, se


desenvolve e se completa a relação jurídico-processual. Sendo uma
sucessão de atos realizados em sua dimensão temporal, o processo penal
exige a intervenção de pessoas que, de maneira permanente ou acidental,
no exercício de uma profissão ou em defesa de um interesse, intervenham
nos autos e façam possível a realização da atividade jurisdicional.
A relação processual é uma relação triangular, um ato de três pessoas
(actum trium personarum): juiz e partes, que são o autor e o réu. Essas
três pessoas são os sujeitos principais (ou essenciais) do processo.
Existem, porém, os sujeitos secundários (ou acessórios ou colaterais), que
são as pessoas que têm direitos perante o processo, mas podem existir ou
não, sem afetar a relação processual, como, por exemplo, o ofendido
(assistente da acusação) ou o fiador do réu. Por fim, existem os terceiros,
que não têm direitos processuais, e que apenas colaboram com o processo.
Podem ser eles interessados (v. g., o Ministro da Justiça, nos crimes de
ação pública condicionada à sua requisição) e os não interessados, como
as testemunhas, os peritos, os auxiliares da justiça, etc.

No processo penal, parte é aquele sujeito processual que deduz ou contra


o qual é deduzida uma relação de direito material-penal. São partes,
portanto, o autor (em geral o Estado, através do Ministério Público, e,
excepcionalmente o ofendido, por meio da ação penal privada) e o réu
(pessoa que transgrediu, ou se presume tenha transgredido, a ordem ou
direito com a prática da infração penal).

3.1.a. Juiz

O juiz ocupa posição proeminente na relação processual, detentor do poder


jurisdicional e presidente do processo.
Esses poderes conferidos ao juiz criminal, classificam-se de duas ordens:

a) poderes administrativos ou de polícia. Possilitam ao juiz garantir a


disciplina e a regular tramitação do processo, conforme displina o art. 251,
do CPP, assim redigido: “Ao juiz incumbirá prover à regularidade do
processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para
tal fim, requisitar a força pública”.

b) Poderes jurisdicionais.
São os poderes relacionados à prestação do serviço jurisdicional,
propriamente dito, tais como a colheita de provas, tomada de
decisões/sentença e suas execuções.

No exercício de suas funções, o juiz deve agir com imparcialidade. Em


razão disso o Código trata das hipóteses em que o juiz estará impedido ou
suspeito para atuar na causa.

c) Impedimento
Impedimento, como o próprio nome sinaliza, é a situação que torna o juiz,
o membro do Ministério Público, os peritos e interpretes, bem como os
servidores da justiça impedidos de atuarem no processo, em razão do
interesse que possui sobre o objeto da demanda. A lei presume que tais
profissionais, em razão do vínculo com o processo, perdem a
imparcialidade.
Observe-se que o impedimento do juiz decorre do vínculo dele com o
objeto do processo, ao passo que a suspeição decorre do vínculo do juiz
com uma das partes.

Importante consignar que não há impedimento ou suspeição para


autoridades policiais. Assim, as regras aqui estudadas não se aplicam aos
delegados.

c.1) hipóteses de impedimento


Nos termos do art. 252, do CPP, o juiz não poderá atuar no processo em
que:
I - tiver funcionado seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim, em
linha reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, como defensor ou
advogado, órgão do Ministério Público, autoridade policial, auxiliar da
justiça ou perito;

II - ele próprio (juiz) houver desempenhado qualquer dessas funções ou


servido como testemunha;

III - tiver funcionado como juiz de outra instância, pronunciando-se, de


fato ou de direito, sobre a questão;

IV - ele próprio ou seu cônjuge ou parente, consangüíneo ou afim em linha


reta ou colateral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente
interessado no feito.

Completa o rol de impedimento o art. 253, do CPP, estatuindo “Nos juízos


coletivos, não poderão servir no mesmo processo os juízes que forem entre
si parentes, consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral até o
terceiro grau, inclusive”.
Juízes coletivos são os tribunais, de forma que se um desembargador for
parente do outro desembargador, na extensão descrita acima, um não
poderá atuar no processo em que o outro atuar.

c.2) procedimento para declarar o impedimento


O juiz de ofício deverá declarar-se impedido, não o fazendo, qualquer das
partes (Ministério Público, assistente da acusação, réu) poderão argui-la.
A argüição será através de exceção de impedimento, a qual, caso não seja
acolhida pelo juiz considerado impedido, este a remeterá para o Tribunal
de Justiça para julgamento.

d) supeição
Suspeição decorre do vínculo do juiz com uma das partes, seja em razão
de amizade íntima, inimizade capital ou parentesco.

d.1. causas de suspeição


O Código de Processo Penal, através do art. 254, considera que o juiz
estará suspeito quando:

I – se for amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer deles;

II – se ele, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo


a processo por fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
controvérsia;

III – se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro


grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de
ser julgado por qualquer das partes;

IV – se tiver aconselhado qualquer das partes;

V – se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;

VI – se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no


processo.

d.2. Procedimento
O próprio juiz deverá declarar-se suspeito, quando ocorrer alguma das
hipóteses acima descrita.
Caso, no entanto, nao se declare suspeito, qualquer das partes poderá
rejeitá-lo, arguindo-se a suspeição através da exceção de suspeição.

O artigo 255 dispõe que “o impedimento ou suspeição decorrente de


parentesco por afinidade cessará pela dissolução do casamento que lhe
tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes; mas, ainda que
dissolvido o casamento sem descendentes, não funcionará como juiz o
sogro, o padrasto, o cunhado, o genro ou enteado de quem for parte no
processo”.

Finalmente, a suspeição não pode ser declarada nem reconhecida quando a


parte injuriar o juiz ou de propósito der motivo para criá-la (art. 256, CPP).

3.2. Ministério Público


O conceito do Ministério é trazido pela própria Constituição
Federal, estatuindo em seu art. 127 que O Ministério Público é instituição
permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e
individuais indisponíveis.

O Ministério Público não faz parte de nenhum dos três Poderes –


Executivo, Legislativo e Judiciário. O MP possui autonomia na estrutura do
Estado, não pode ser extinto ou ter as atribuições repassadas à outra
instituição. Os membros do MP possuem independência funcional
assegurada pela Constituição. Assim, estão subordinados a um chefe
apenas em termos administrativos, mas cada membro é livre para atuar
segundo sua consciência e suas convicções, baseado na lei.
As atribuições e os instrumentos de atuação do Ministério Público estão
previstos no artigo 129 da Constituição Federal, dentro do capítulo "Das
funções essenciais à Justiça".

No Código de Processo Penal, o Ministério Público é tratado nos arts. 257 e


258, onde concentraremos nosso estudo.

Dessa forma, vejamos os referidos artigos:


Art. 257. Ao Ministério Público cabe:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida
neste Código; e
II - fiscalizar a execução da lei.
O primeiro inciso está em consonância com o que dispõe o art. 129, I, da
Constituição Federal, os quais delegam ao Ministério Público a missão de
promover, privativamente a ação penal pública.
Neste passo, a palavra “privativamente” faz com que somente esse Órgão
Estatal está autorizado a oferecer denúncia, quando se tratar de crime de
ação penal pública.
É bem verdade que se o Ministério Público não agir dentro do prazo legal,
deixando de promover a ação penal (não oferecendo a denúncia), surge
para o ofendido o direito de levar ao Poder Judiciário o fato e pedir a
abertura de processo contra o ofenso. Isso se dá através da ação penal
privada subsidiária da pública, sendo o instrumento para promover tal açao
a queixa-crime. Neste caso, caberá ainda ao MP, se assim quiser, “aditar a
queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os
termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a
todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como
parte principal” (art. 29, CPP).

A segunda atribuição do Ministério Público, está estatuída no inciso II, do


art. 257, acima transcrito. Consisnte em fiscalizar a execução da lei.
Neste sentido, no âmbito crimininal, o Ministério Público, quando nao for
autor da ação, deverá atuar como fiscal da lei – custus legis. É o que
ocorre com as ações penais privadas, em que o ofendido figura como autor
da ação, na medida em que é o titular da queixa-crime. Em tal hipótese, o
Ministério Público terá a incumbência de fiscalizar a instuaração e o
desenvolvimento regular do processo e, ao final, zelar pela aplicaçao da lei
no caso concreto.
Como fiscal da lei, pode o MP, conforme já salientado, aditar a queixa-
crime, fazendo incluir circunstâncias que influenciarão na classificação do
delito e na pena (dia, hora, local, maneira como foi praticado etc.)

Também pode o MP, na qualidade de custus legis (fiscal da lei) pedir a


absolvição do réu, ainda que esteja atuando como parte, ou seja, em ação
penal pública.

Finalmente, assim como ocorre com o juiz, os membros do Ministério


Público estão sujeitos à argüição de suspeição e de impedimento (art. 258
do CPP: “Os órgãos do Ministério Público não funcionarão nos processos
em que o juiz ou qualquer das partes for seu cônjuge, ou parente,
consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau,
inclusive, e a eles se estendem, no que lhes for aplicável, as prescrições
relativas à suspeição e aos impedimentos dos juízes”).

Assim, tudo que foi estudado sobre o impedimento e suspeição do juiz, se


aplica ao Ministério Público, de forma que remetemos para aquele tópico.

3.3. Acusado:

O acusado é a pessoa que sofre a ação estatal, ou melhor, é aquele que


figura no polo passivo da relação processual; é o suposto autor do fato
definido como crime.
O Código de Processo Penal, nos arts. 259 a 260 trata do acusado, cujas
regras são as seguintes:

a) Identificação do acusado.
O art. 259 sintetiza que “ A impossibilidade de identificação do acusado
com o seu verdadeiro nome ou outros qualificativos não retardará a ação
penal, quando certa a identidade física. A qualquer tempo, no curso do
processo, do julgamento ou da execução da sentença, se for descoberta a
sua qualificação, far-se-á a retificação, por termo, nos autos, sem prejuízo
da validade dos atos precedentes.

Ao tratar do conteúdo da denúncia, no item 2.1.a, salientamos que a


ausência de identificação do acusado não autoriza a rejeição da denúncia.
Isso fica mais evidente com o art. 259, o qual determina que a qualquer
tempo, ainda que na fase do julgamento da sentença, o acusado pode ser
qualificado, ou seja, ter o seu verdadeiro nome esclarecido.
O que não se permite é a instauração de processo contra alguém que não
esteja corretamente individualizado. Individualizar o acusado é diferente
de identificá-lo. A individualização consiste na correta indicação daquele
que praticou o fato, podendo tal indicação ocorrer por meio de apelido,
características físicas etc.
Em fim, estando o acusado individualizado fisicamente, a ausência de
dados, como nome completo, CPF, RG, endereço, etc, não obsta o
processo.

b) Obrigação de comparecimento do acusado a atos do processo


É direito do acusado comparecer e acompanhar a produção de prova
contra a sua pessoa. Caso não compareça, a conseqüência é a decretação
da revelia, mormente quando se tratar de audiência destinada a
interrogatório do réu.
Para os atos que não possam ser realizados sem a presença do réu, tal
como reconhecimento, o art. 260 autoriza o juiz a determinar sua
condução coercitiva, o que na prática nada mais é do que a condução do
acusado, pela polícia, até a presença do juiz.
É bom lembrar que o acusado tem direito ao silêncio. Assim, ainda que
tenha sido conduzido de forma coercitiva, não está obrigado a responder
as perguntas feitas pelo juiz ou outra autoridade.

3.4. Defensor

O termo “defensor” abarca o advogado constituído pelo réu (advogado


particular), o defensor público e o advogado indicado pelo juiz (advogado
dativo). Defensor, em qualquer das espécies, é a pessoa com habilitação
técnica, sendo tal habilitação a efetiva inscrição na Ordem dos Advogados
do Brasil. O juiz, o promotor, o delegado, etc, ainda que possuam vasto
saber jurídico, não podem atuar como defensores, nem mesmo em defesa
própria. Dessa forma, se um promotor de justiça for acusado da prática de
algum fato definido como crime, deverá ter o acompanhamento de um
profissional inscrito na OAB, sob pena de nulidade do processo.

A necessidade de defensor persiste ainda que o réu esteja foragido,


conforme preceitua o art. 261, nos seguintes termos: “Nenhum acusado,
ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”.
O réu tem direito de constituir advogado da sua confiança. Porém, se
assim não fizer, o juiz deverá nomear defensor para acompanhar o
processo e exercer a defesa do réu. Neste caso, tratando-se de advogado
dativo, o juiz arbitrará os honorários a serem pagos pelo acusado, salvo se
não apresentar condições financeiras para tal.
Vale lembrar que o advogado, quando solicitado pelo juiz, deverá aceitar
tal encargo, a menos que apresente motivo relevante. A negativa de
prestar tal serviço é passiva de multa.
Ainda que o processo esteja sendo acompanhado por defensor público ou
advogado dativo, a qualquer tempo o réu poderá constituir advogado
particular para prosseguir no patrocínio da sua defesa.
Quando o réu possuir habilitação técnica, ou seja, possuir inscrição na
OAB, poderá defender a si próprio (advogar em causa própria).
Quando se tratar de defensor público ou advogado dativo, a defesa técnica
deverá ser sempre fundamentada. Isso significa dizer que não pode o
advogado dativo ou o defensor público fazer pedido vazio, sem a devida
argumentação. Ex. Não pode o defensor público simplesmente, pedir a
absolvição, sem demonstrar as razões do seu pedido.
Demais regras inerentes ao defensor estão descritas nos arts. 265 a 267,
do CPP, nos termos seguintes:

Art. 265. O defensor não poderá abandonar o processo senão por motivo
imperioso, comunicado previamente o juiz, sob pena de multa de 10 (dez)
a 100 (cem) salários mínimos, sem prejuízo das demais sanções cabíveis.

§ 1o A audiência poderá ser adiada se, por motivo justificado, o defensor


não puder comparecer.

§ 2o Incumbe ao defensor provar o impedimento até a abertura da


audiência. Não o fazendo, o juiz não determinará o adiamento de ato
algum do processo, devendo nomear defensor substituto, ainda que
provisoriamente ou só para o efeito do ato.

Art. 266. A constituição de defensor independerá de instrumento de


mandato, se o acusado o indicar por ocasião do interrogatório.

Art. 267. Nos termos do art. 252, não funcionarão como defensores os
parentes do juiz.

3.5. Assistente:

Assistente de acusação é a pessoa admitida a atuar no processo,


auxiliando o Ministério Público na tarefa de acusar. É assegurado tal direito
ao ofendido, ao seu representante legal e, em caso de morte ou ausência,
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão do ofendido – art. 268,
CPP.
O momento para a intervenção do assistente é durante a ação penal,
desde que não o ultrapasse o trânsito em julgado da sentença (art. 269,
CPP). Isso significa dizer que não é possível a atuação do assistente na
fase da execução definitiva da pena, visto que nessa fase já transitou em
julgado a sentença condenatória.
O pedido de habilitação da assistência será, antes de analisado pelo juiz,
submetido a parecer do Ministério Público – art. 272, CPP
A decisão de admitir ou inadmitir a habilitação do assistente é irrocorrível,
nos termos do art. 273, CPP, podendo, segundo entendimento majoritário
da doutrina e jurisprudência ser objeto de mandado de segurança.
Há vedação para o co-réu (comparsa) atuar no mesmo processo como
assistente de acusação (art. 270, CPP). Claro, pois seria um absurdo
conceber que alguém venha a auxilar o MP na busca da condenação do
próprio comparsa.
As atribuições ou poderes do assistente estão descritas no art. 271, do
CPP, sendo permitido ao assistente propor meios de prova, requerer
perguntas às testemunhas, participar do debate oral e arrazoar os recursos
interpostos pelo Ministério Público. Tais diligências e atos serão deferidos
ou indeferidos depois de ouvido o Ministério Público.
O assistente tem direito de ser intimado de todos os atos processuais.
Porém, uma vez intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da
instrução ou do julgamento, sem motivo de força maior devidamente
comprovado, o processo prosseguirá independentemente de nova
intimação.
Finalmente, além de poder arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério
Público, o assistente pode interpor os seguintes recursos, na omissão do
Ministério Público: apelação da sentença; apelação da impronúncia e
recurso em sentido estrito da decisão que extinguir a punibilidade do réu.

3.6. Auxiliares da justiça:

Auxiliares da justiça são as pessoas que auxiliam o juiz na prestação do


serviço jurisdicional. São os servidores (oficial de justiça, escrivão, etc),
peridos e intérpretes.

O art. 274, CPP, determina que aos auxiliares da justiça se aplicam as


regras sobre as suspeição dos juízes. Entende-se também que as regras
de impedimento do juiz se aplica aos auxiliares da justiça, por força do art.
112, do CPP.
Assim, em um processo em que o réu for sobrinho do oficial de justiça,
este não poderá atuar no referido processo, pois estará impedido. Da
mesma forma se o escrivão for inimigo capital de uma das partes estará
suspeito para atuar no processo.

Os peritos e os intérpretes são auxiliares eventuais da justiça para casos


que exijam conhecimentos especializados. Sobre tais auxiliares, vejamos
os dispositivos do CPP:

Art. 275. O perito, ainda quando não oficial, estará sujeito à disciplina
judiciária.
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o
encargo, sob pena de multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa
atendível.

Parágrafo único. Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa,
provada imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos
prazos estabelecidos.
Art. 278. No caso de não-comparecimento do perito, sem justa causa, a
autoridade poderá determinar a sua condução.
Art. 279. Não poderão ser peritos:

I - os que estiverem sujeitos à interdição de direito mencionada nos ns. I


e IV do art. 69 do Código Penal;

II - os que tiverem prestado depoimento no processo ou opinado


anteriormente sobre o objeto da perícia;

III - os analfabetos e os menores de 21 anos.


Art. 280. É extensivo aos peritos, no que Ihes for aplicável, o disposto
sobre suspeição dos juízes.

Art. 281. Os intérpretes são, para todos os efeitos, equiparados aos


peritos.

4. Competência Penal
Competência, no processo penal, é o âmbito dentro do qual cada órgão
jurisdicional (juiz ou tribunal) exerce a jurisdição – aplica o direito aos
casos concretos.
Como se sabe, a jurisdição é exercida por pessoas físicas devidamente
investidas, ou seja, a jurisdição se concretiza na pessoa do juiz.
Ocorre que, como não é possível que um juiz preste o serviço jurisdicional
em todas as matérias ou em qualquer lugar, a competência vem delimitar
a área de atuação desse profissional.

4.1. Supremo Tribunal Federal - STF


A competência criminal do STF se divide em duas vertentes, a saber:
competência recursal e competência originária.
Através da competência recursal, cabe ao STF julgar os recursos contra
decisão dos demais tribunais, quando a questão versar sobre matéria
constitucional. Nesses casos o recurso é denominado de Recurso
Extraordinário – RE, com previsão no art. 102, III, e alíneas, da CF.
Há também os chamados recursos ordinários, quando se tratar de habeas
corpus, mandado de segurança e matéria envolvendo crime político.

A competência originária, por sua vez, é aquela em que o STF recebeu da


Constituição Federal a missão de processar algumas autoridades, em
crimes comuns e/ou de responsabilidades.

Vejamos cada uma dessas hipóteses:

- São processados e julgados originariamente pelo STF, em crimes


comuns:
Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso
Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.

Em crimes de responsabilidade, essas autoridades são julgadas pelo


Senado Federal, exceto os Deputados Federais, que são julgados pela
Câmara dos Deputados

Obs. Para o processamento do Presidente da República e o Vice-Presidente,


seja em crime comum ou de responsabilidade, é necessária a autorização
da Câmara dos Deputados, mediante votação de 2/3 dos seus membros.
Sem essa autorização não poderá dar início ao processo.

- São processados e julgados pelo STF, em crimes comuns e de


responsabilidades:
Os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente.

Obs. os Ministros de Estado e os comandantes do Exército, da Marinha e


da Aeronáutica, quando o crime de responsabilidade for conexo com crime
praticado pelo Presidente ou o Vice-Presidente da República, a
competência para julgamento do Senado Federal – 52, I, CF.
Neste caso, em se tratando de Ministros de Estado, tem que haver a
autorização da Câmara dos Deputados – art. 51, I, CF.

Atenção: para os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica não é


necessária a autorização, ainda que o crime de responsabilidade seja
conexo com o Presidente ou Vice-Presidente da República.

- Demais competência do STF:


*Extradição solicitada por estado estrangeiro
*revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;
*execução de sentença nas causas de sua competência originária,
facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais;

4.2. Superior Tribunal de Justiça


Assim como o STF, o Superior Tribunal de Justiça detém competência
recursal e originária.
A competência recursal é exercida através do Recurso Especial – Resp,
quando a matéria envolver discussão de lei federal.

Já no que tange à competência originária, a Constituição Federal listou as


autoridades que só podem ser processadas e julgadas pelo STJ. Vejamos
as hipóteses:

- Crimes comuns, art. 105, I, a, CF:


Governadores dos Estados e do Distrito Federal

Obs. A competência para o julgamento de crime de responsabilidade


praticado por Governador de Estado ou do Distrito Federal é de um tribunal
especial, composto por 5 desembargadores e 5 deputados estaduais - art.
78, da Lei 1.079, recepcionado pelo art. 85, § único, da CF, conforme
entendeu o STF ao julgar a ADI 1628/SC, em 10/08/2006.

- crime comum e de responsabilidade - 105, I, a, CF: Membros dos TJ,


TRT, TRE, TCE, TCM e TRF, membros do MPU que atuem perante Tribunais.

Obs. A competência do STJ para crimes comuns abarca os crimes eleitoral


e os crimes militares, já que a CF não fez nenhuma ressalva. Assim,
cuidado com as questões de provas, já que podem ter pegadinhas quanto
a esses crimes. Não interessa se é crime militar ou eleitora, a competência
será sempre do STJ, caso praticados por uma das autoridades acima
apontadas (art. 105, I, a, CF).
4.3. Tribunais Regionais Federais
Os Tribunais Regionais Federais são órgãos de segunda instância da Justiça
Federal. No Brasil atualmente há cinco Tribunais Regionais Federais.
Esses Tribunais detêm competência para julgar os recursos oriundos da
primeira instância da Justiça Federal, bem como possuem competência
originária.

Para o nosso estudo interessa a competência originária, assim distribuída:

- crime comum: Prefeitos, quando o crime praticado for federal – súmula


STJ 208.
Quanto aos crimes de responsabilidade cabe, em regra, à Câmara de
Vereadores o julgamento. Os crimes de responsabilidade dos prefeitos
estão descritos no DL. 201/67).
Se o crime for o descrito no art. 1º, do DL 201/67 – crimes de
responsabilidade impróprios – a competência é do TJ.

- crime comum e de responsabilidade: Juízes Federais, do Trabalho e


juízes militares, membros do MPU que não atuem perante tribunal.
Para o TRF a CF excetuou a competência da justiça eleitoral. Significa dizer
que se o crime for eleitoral, a competência desloca-se para o TRE. Não fez
a ressalva, porém, quanto à competência da justiça militar.

4.4. dos Juízes Federais


A competência dos Juízes Federais está prevista no art. 109, da
Constituição Federal, da seguinte forma:

I) os crimes políticos 109, IV, 1ª parte.


Mister observar que a competência recursal para o crime político é do STF
– art. 102, II, b, CF.

II) as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou


interesses da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvadas a competência da
Justiça Militar e da Justiça Eleitoral – art. 109, IV da CF.

Observe que não são de competência da Justiça Federal os crimes


praticados em detrimento de bens, serviços ou interesses de sociedade de
economia mista. Também as contravenções penais, ainda que contra a
União suas entidades da administração indireta.

III) os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,


iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
estrangeiro ou reciprocamente – art. 109, V, CF;

IV) As causas relativas a direitos humanos – 109, V-A


Tal hipótese foi inserida pela EC 45/2004, que possibilita o incidente de
deslocamento de competência da justiça estadual para a federal, nos caso
em que há grave violação de direitos humanos.
A competência para julgar tal incidente é do STJ, mediante provocação do
Procurador-Geral da República - PGR.
V) os crimes contra a organização do trabalho – 109, VI;
Segundo o STF, ofende a organização do trabalho as condutas
consistentess em de redução de trabalhadores à condição análoga à de
escravo, de exposição da vida e saúde dos referidos trabalhadores a
perigo, da frustração de seus direitos trabalhistas e de omissão de dados
nas suas carteiras de trabalho e previdência social – informativo 450 e
524, do STF.

VI) crimes contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira,


desde que assim disponha a lei – art. 109, VI.
O art. 26, da lei 7.492/86 – crimes contra o sistema financeiro – prevê a
competência da justiça federal para tais crimes.
Por sua vez, as leis que cuidam dos crimes contra a ordem econômica –
8.137/90 e 8.176/90 – foram omissas quanto à competência para
julgamento de tais crimes. Assim, a regra é que a competência seja da
justiça estadual, ficando para a justiça federal apenas se a conduta ofender
bens, serviços ou interesses da União. Ex. sonegação de IPI.

VII) os crimes cometidos a bordos de navios ou aeronaves, ressalvada a


competência da Justiça Militar – art. 109, IX.

VII) o ingresso ou permanência irregular de estrangeiro – art. 109, X;

VIII) crimes praticados por índio ou contra índio


Será da competência da justiça federal se afetar a coletividade indígena.
Ou seja, se a conduta não tiver como escopo a defesa da coletividade ou a
terra indígena, a competência fica para a justiça estadual. Súmula 140,
STJ.

4.5. Juizados Especiais Federais


Os Juizados Especiais Federais foram criados pela Lei nº 10.259/2001.
Compete a esses Juizados processar e julgar os crimes de menor potencial
ofensivo – art. 2º, da Lei 10.259/2001.
Crimes de menor potencial ofensivo são aqueles apenados com pena
privativa de liberdade não superior a 02 (dois) anos, cumulada ou não com
multa, conforme preceitua o art. 61, da Lei nº 9099/95.

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