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O panóptico virtual: dispositivos de vigilância eletrônica

O panóptico virtual:
dispositivos de vigilância eletrônica

Lisiane Priscila Roldão Selau Correio1

Resumo
Enquanto os mecanismos de vigilância da sociedade disciplinar eram centrados na
coerção, os mecanismos contemporâneos são voltados para a previsão, exercendo controle
sem o confinamento. Em busca de traçar perfis que antecipem ações, de forma a incitar as
pessoas ao consumo, os dispositivos de vigilância eletrônica coletam e cruzam suas
informações. Por meio desses dispositivos, os clientes recebem indicações de produtos em
nem sequer haviam pensado ou sabiam que existiam. O Panóptico, como descrito por
Bentham, pode ser tomado como uma analogia para uma situação real e atual – os cartões
de crédito tornando-se mecanismos de vigilância legitimados pelos clientes. Nesse
sentido, pretende-se avaliar como o conceito do dispositivo Panóptico, como forma de
exercer o poder sem ser visto, poderia ser utilizado de modo comparativo para entender
como acontece essa forma de dominação simbólica. Para tanto, realizou-se uma revisão
bibliográfica, procurando-se levantar as principais relações entre os dispositivos de
vigilância eletrônica e a forma de poder presente na visão foucaultiana, promovendo ainda
uma discussão a respeito da produção de sentido dos clientes sobre a utilização de suas
informações. A contribuição deste estudo está na demonstração de que diferentes teorias
podem ser aplicadas para entender e, possivelmente, auxiliar na formação de uma base
teórica para sua sustentação.
Palavras-chave: Vigilância eletrônica. Panóptico. Sensemaking.

The virtual panopticon: electronic surveillance devices


Abstract
While the mechanisms for monitoring the disciplinary society were focused on coercion,
the contemporary mechanisms are directed to forecast, controlling without confining. In
order to delineate profiles that anticipate actions, encouraging people to consume, the
electronic surveillance devices collect and cross their information. Through these devices,
customers receive recommendations on products that they had never thought or known
that they existed. The Panopticon, as described by Bentham, can be taken as an analogy to
a real and current situation – the credit cards – which become mechanisms of surveillance
legitimated by the customers. In this sense, this study has as its objective to evaluate how
the concept of the Panopticon device, as a way through which power is exercised without

1
Doutoranda em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
Professora Assistente do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade
Federal de Pelotas – UFPel. E-mail: lisianeselau@gmail.com
Gestão Contemporânea, Porto Alegre, ano 7, n. 8, p. 175-191, jul./dez. 2010 175
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being seen, can be used in a comparative manner to understand how this form of symbolic
domination happens. In order to do this, we carried out a literature review, seeking to raise
the main relationships between the monitoring electronic devices and the form of this
power in Foucault’s view, promoting a discussion about the production of meaning by
customers on the use of information. The contribution of this study is on the
demonstration that different theories can be applied to understand, and give support on the
structuring of theoretical basis its sustainance.
Keywords: Electronic surveillance. Panopticon. Sensemaking.

Introdução
– Cliente: [...] Eu queria encomendar duas pizzas, uma quatro
queijos e outra calabresa...
– Telefonista: Talvez não seja uma boa ideia...
– Cliente: O quê?
– Telefonista: Consta na sua ficha médica que o Sr. sofre de
hipertensão e tem a taxa de colesterol muito alta. Além disso, o seu
seguro de vida proíbe categoricamente escolhas perigosas para a sua
saúde.
– Cliente: É, você tem razão! O que você sugere?
– Telefonista: Por que o Sr. não experimenta a nossa pizza
Superlight, com tofu e rabanetes? O Sr. vai adorar!
– Cliente: Como é que você sabe que vou adorar?
– Telefonista: O Sr. consultou o site “Recettes Gourmandes au Soja”
da Biblioteca Municipal, dia 15 de janeiro, às 14:27h, onde perma-
neceu ligado à rede durante 39 minutos. Daí a minha sugestão...
– Cliente: OK, está bem! Mande-me duas pizzas tamanho família!
[...]
(Trecho de crônica de Daniel Kurtzman)
A partir da leitura deste trecho da crônica de Luiz Fernando
Veríssimo, verifica-se a ideia, tão presente nos tempos atuais, de
vigilância constante. Sem negar os possíveis benefícios dos disposi-
tivos tecnológicos, o que impressiona é a ausência de discussão crítica
sobre as vantagens e desvantagens que esses instrumentos podem
representar, e que convergem para uma temática central: a vigilância
eletrônica.
A vigilância eletrônica é a forma de monitoramento remoto de
pessoas dentro de um contexto organizacional por meio de disposi-
tivos tecnológicos diversos (câmeras de TV, microfones ou computado-

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res, por exemplo), como percebido nos estudos de Knights (2002);


Elmer (2003) e Willcocks (2006). Os meios mais modernos de
vigilância eletrônica se utilizam de sistemas integrados, que incluem
dispositivos para sensoriar, medir, guardar, processar e trocar infor-
mações sobre ambientes (GANDY, 1989).
No campo dos estudos organizacionais, Hardy e Clegg (2001)
afirmam que a vigilância expande-se mediante formas de supervisão,
rotinização, formalização, mecanização, legislação e design que
buscam aumentar o controle sobre o comportamento, disposição e
incorporação dos empregados.
No livro “O Panóptico, são transcritas cartas em que Jeremy
Bentham descreve um modelo ideal de presídio na Rússia em 1787.
Esse modelo é baseado numa construção circular com celas na
periferia e um posto de vigilância no centro. O objetivo principal era
que os indivíduos inspecionados se sentissem sob vigilância cons-
tante, mesmo que isso não estivesse acontecendo a todo o momento.
Para isso, os vigiados não conseguiam ver quem os estava observando
(BENTHAM, 2000).
O Panóptico pode ser tomado como uma analogia para uma
situação real e atual os cartões de crédito tornando-se mecanismos de
vigilância legitimados pelos clientes. Nesse sentido, pretende-se
avaliar como o conceito do dispositivo Panóptico, como forma de
exercer o poder sem ser visto, poderia ser utilizado de modo compa-
rativo para entender como acontece essa forma de dominação simbó-
lica. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica, procurando-se
levantar as principais relações entre os dispositivos de vigilância
eletrônica e a forma de poder presente na visão foucaultiana, promo-
vendo ainda uma discussão a respeito da produção de sentido dos
clientes sobre a utilização de suas informações.
A primeira seção deste ensaio aborda a caracterização do
Panóptico como dispositivo do poder disciplinar. Em seguida, é
examinada a analogia do dispositivo com a realidade atual – o
Panóptico Virtual. Avalia-se, então, a produção de sentido do cliente
em relação à utilização de suas informações. Na sequência, é
apresentada uma organização das ideias na intenção de entender como
as teorias expostas explicam a utilização do modelo Panóptico nos

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estudos sobre vigilância eletrônica. Por fim, são apresentadas as


considerações finais e sugestões para trabalhos futuros.

1 O panóptico e o poder disciplinar

A disciplina impõe um modelo, uma norma previamente


estabelecida, padronizando os indivíduos e seus comportamentos. Ela
diz respeito ao adestramento dos indivíduos, tornando-os dóceis e
submissos. Para se concretizar, a vigilância deve ser exaustiva,
ilimitada e permanente. Porém, ela não deve ser visível, mas deve ser,
sim, extremamente subliminar. O modelo arquitetural ideal em que as
disciplinas operam da maneira mais eficiente possível é do já
amplamente difundido Panóptico (MOTTA; ALCADIPANI, 2004).
O Panóptico foi um projeto de construção arquitetônica
idealizado por Jeremy Bentham, no final do século 18, como forma
ideal para as prisões inglesas. Foucault (2004) descreve-o como uma
construção em forma de anel, com uma torre de observação no centro.
Possui uma parede espessa o suficiente para que o aprisionado não
possa comunicar-se com os demais aprisionados. Cada cela possui
duas janelas, uma para fora para a entrada de luz (que atravessa a cela,
projetando sua sombra na parede do lado oposto), e outra para dentro
(de forma a dar visibilidade para a torre central).
O Panóptico, instrumento do poder disciplinar, submete os
indivíduos a um estado de inconsciência diante da dominação, visto
que o processo contínuo de saber ser observado faz com que os
indivíduos abram mão integralmente de sua subjetividade. Dessa
forma, o Panóptico é um laboratório do poder, que pretende apro-
fundar cada vez mais a relação de dominação inconsciente, até que os
indivíduos estejam inteiramente submissos, porque são incapazes de
reagir a tal forma opressora de poder.
Segundo Foucault (2004, p. 143), os instrumentos de implemen-
tação do poder disciplinar são a vigilância hierárquica, a sanção
normalizadora e o exame. O autor os denomina de “os recursos para o
bom adestramento”, caracterizando-os como “humildes modalidades,
procedimentos menores, se os compararmos aos rituais majestosos da
soberania ou aos grandes aparelhos do Estado”, e ainda afirma que

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“são eles justamente que vão pouco a pouco invadir essas formas
maiores, modificar-lhes os mecanismos e impor-lhes seus processos”.
O dispositivo Panóptico exerce uma dominação silenciosa e
opressora, que leva os indivíduos a tolherem sua própria subjetividade
pelo temor. Os indivíduos são inconscientemente levados a obedecer,
visto que a dominação não se dá de maneira explícita, pelo autocon-
trole. Os indivíduos obedecem sempre porque temem estar sendo
observados todo o tempo. O princípio do poder apresentado pelo
Panóptico é invisível, exercido pelo próprio dominado, baseado na
suposição de que pode estar sendo vigiado. O mecanismo de poder é
introjetado no indivíduo, que passa a controlar a si mesmo. O poder
disciplinar internaliza a dominação a ponto de dispensar a figura do
controlador, ou seja, a ameaça dispensa a punição.
Esse sistema de dominação impede a interação entre os indiví-
duos. Estes, não podem, pois, exercer o papel de “sujeito numa
comunicação” e submetem-se constantemente à condição de “objeto
de análise”. A multidão existe, mas seus membros convivem em
estado de isolamento. As trocas que poderiam se processar através da
interação entre os indivíduos e que poderiam germinar as condições
para a revolta não acontecem. A analogia do poder disciplinar com o
Panóptico é uma retomada do conceito de que existem formas de
inibir a ação do indivíduo sem que haja um grande aparato coercitivo.
Ao introjetar a dominação nos indivíduos, estes passam a ser
impotentes diante da possibilidade de reação. O conjunto de
individualidades não representa uma multidão porque não é capaz de
se articular como tal através da interação. Trata-se de um processo
social de construção da dominação internalizada:
a multidão, massa compacta, local de múltiplas trocas, individuali-
dades que se fundem, efeito coletivo, é abolida em proveito de uma
coleção de individualidades separadas. Do ponto de vista do guar-
dião, é substituída por uma multiplicidade enumerável e controlável;
do ponto de vista dos detentos, por uma solidão sequestrada e olhada
(FOUCAULT, 2004, p. 166).
Com a coleção de individualidades separadas, imposta pelo
dispositivo, evita-se a interação entre os indivíduos. Sozinhos, eles
não têm coragem para desafiar o sistema, que teriam caso pudessem se
unir. Para Weber (2004), a disciplina é uma probabilidade; o indivíduo
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acata uma ordem se ele acredita na sua legitimidade. Para Foucault


(2004), a disciplina é inevitável; o objetivo é introjetar a disciplina no
indivíduo. Ainda segundo Weber (2004), o poder é uma ação
estratégica em que o ator visa utilizar, da forma mais eficiente
possível, os meios a sua disposição para atingir um fim previamente
definido, isto é, submeter a vontade do outro à sua.
O Panóptico transfere a responsabilidade de vigilância para o
próprio vigiado, concretizando uma ideia paradoxal de controle
mínimo, exercido pelo próprio indivíduo. A disciplina nele incutida
através do constante temor da punição e, principalmente, a certeza de
que seus desvios de conduta seriam sempre captados pelo olhar de um
vigia invisível, chega a um ponto extremo de autocontrole condi-
cionado não pela própria subjetividade individual, mas pelo sistema de
dominação que tolheu tal subjetividade.
O dispositivo foi concebido não para que haja uma pessoa
constantemente vigiando os detentos. Para o bom funcionamento do
Panóptico é preciso apenas que o preso saiba que pode estar sendo
observado. Por não poder ser visto, o poder externo se faz onipre-
sente, os detentos fazem as regras funcionarem sobre si mesmos. A
presença do vigia torna-se desnecessária, é o próprio detento que vai
estar se vigiando. Este princípio do dispositivo é observado na seguin-
te passagem:
[...] Bentham colocou o princípio de que o poder deveria ser visível e
inverificável. Visível: sem cessar o detento terá diante dos olhos a
alta silhueta da torre central de onde se é espionado. Inverificável: o
detento nunca deve saber se está sendo observado; mas deve ter
certeza de que sempre pode sê-lo. [...] O Panóptico é uma máquina
de dissociar o par ver-ser visto: no anel periférico, se é totalmente
visto, sem nunca ver; na torre central, vê-se tudo, sem nunca ser visto
(FOUCAULT, 2004, p. 167).
É justamente a invisibilidade da vigilância que acaba com
qualquer possibilidade de resistência, pois, “se posso discernir o olhar
que me espia, domino a vigilância, eu a espio também, aprendo suas
intermitências, seus deslizes, estudo suas regularidades, posso des-
pistá-la” (BENTHAM, 2000, p. 78).
Segundo Foucault (2000), o dispositivo faz um trabalho de
naturalização quando o indivíduo não pensa mais no poder como um

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processo que resulta uma causa. O poder e suas consequências são


tomados como fatalidades, forças naturais contra as quais não se pode
lutar ou reagir. Essa abordagem não permite que sejam analisadas as
situações nas quais não há disciplina, no fenômeno da resistência. Esta
abordagem de Foucault não permite a possibilidade do comporta-
mento motivado pela disciplina não internalizada.
O Panóptico permite que a dominação se aprofunde cada vez
mais à medida que a dominação é mais internalizada, em um processo
contínuo que resulta na total inconsciência a respeito de tal domi-
nação. Ele define as relações de poder com a vida quotidiana dos
homens e funciona como um modelo de funcionamento dos sistemas
sociais baseados no poder disciplinar. A ideia do Panóptico como uma
máquina ou laboratório de poder é apresentada na seguinte pas-
sagem:
[...] pode ser utilizado como máquina de fazer experiências,
modificar o comportamento, treinar ou retreinar os indivíduos. [...]
funciona como uma espécie de laboratório de poder. Graças a seus
mecanismos de observação, ganha em eficácia e em capacidade de
penetração no comportamento dos homens; um aumento de saber
vem se implantar em todas as frentes do poder, descobrindo objetos
que devem ser conhecidos em todas as superfícies onde este se
exerça (FOUCAULT, 2004, p. 167-168).
Segundo Bentham (2000), sua essência consiste na centralidade
da situação do inspetor, combinada com os dispositivos mais bem
conhecidos e eficazes para ver sem ser vistos. Quanto maior for a
probabilidade de que uma determinada pessoa, em um determinado
momento, esteja realmente sob inspeção, mais forte será a persuasão,
mais intenso o sentimento que ele tem de estar sendo inspecionado. O
autor argumenta que, por essas razões, não vê qualquer outra forma
que não seja a circular como uma possível opção. No momento atual,
da era da informação, é pertinente que se coloque uma questão
importante: é necessária uma forma física para exercício do controle?

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2 O panóptico virtual

Foucault advertiu que o poder disciplinar implicava controle do


tempo, do corpo e da vida dos indivíduos. Um novo paradigma diz
respeito a dispositivos tecnológicos de controle, que agem sem restringir
o sujeito a espaços confinados. Atualmente, segundo Bessi et al. (2007), a
captura do sujeito independe da imobilidade imposta para que o
controle possa ser exercido, uma vez que a atual configuração assumida
pelo espaço-temporalidade contribui para a passagem do sujeito de
uma situação de controle por confinamento para a de autocontrole.
Hoje se vivencia a chamada revolução informacional, que, a
partir da retroalimentação e da sinergia de uma série de tecnologias,
constituiu o que Castells (1999) chama de a era da informação e do
conhecimento. Para o autor
a tecnologia é entendida como “o uso de conhecimentos científicos
para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira
reproduzível”, e a tecnologia da informação como “o conjunto
convergente de tecnologias em microeletrônica, computação
(hardware e software), telecomunicações, radiodifusão, e optoele-
trônica” (CASTELLS, 1999, p. 49).
Bauman (1999) mostra que, para além do Panóptico, que exigia
vigilância constante e uma liberdade restrita a um espaço deter-
minado, tem-se agora o banco de dados, que oferece uma liberdade
maior de movimento, desde que se ofereça cada vez mais informações
de forma a permitir reconhecer os indivíduos e o que eles querem. O
objetivo do banco de dados é descobrir os intrusos, representados por
aqueles que não estão registrados e catalogados. Segundo Bauman
o Panóptico era antes e acima de tudo uma arma com a diferença, a
opção e a variedade. Semelhante objetivo não se coloca ao banco de
dados e seus usuários em potencial. Bem ao contrário – são as
empresas de crédito e marketing quem mais aciona e utiliza os
bancos de dados e o que buscam é garantir confirmação pelos
arquivos da “credibilidade” das pessoas listadas, sua confiabilidade
como clientes e eleitores, e que os incapazes de escolha sejam
peneirados antes que causem danos ou se desperdicem recursos; com
efeito, ser incluído no banco de dados é a condição primordial da
“credibilidade” e este é o meio de acesso à “melhor oportunidade
local” (BAUMAN, 1999, p. 58).
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Clarke (1988) define o termo dataveillance (junção de dados e


vigilância em inglês) como a prática de utilizar dados pessoais para
monitoração das ações e comunicações das pessoas. O autor afirma
que a vigilância eletrônica pode ter benefícios e desvantagens, mas
prefere não discutir os aspectos políticos, sociais e ideológicos a
respeito do assunto. Ainda classifica os dispositivos de vigilância
entre pessoal, de massa e os facilitadores, responsáveis pelo cruza-
mento de informações das pessoas.
Para Bauman (1999), o Panóptico tinha como principal função
garantir que ninguém escapasse do espaço vigiado; a principal função
do banco de dados é assegurar que nenhum intruso entre sob falsas
alegações e sem credenciais apropriadas. Quanto mais informações
sobre um indivíduo contenha o banco de dados, mais livremente ele
poderá se movimentar.
Segundo Chevitarese e Pedro (2005), essa liberdade de movi-
mentação depende menos da quantidade de informação que os bancos
de dados tenham sobre o individuo, do que da possibilidade de as
informações ali armazenadas atenderem aos critérios de creden-
ciamento vigentes. É um sistema de exclusão social que permite
sempre a mobilidade de algumas pessoas, e sempre uma mobilidade
controlada – uma forma diferente e sutil de “agrilhoar”.
Segundo Sewell (1998), a essência do panóptico está no controle
social, no desejo de direcionar comportamento que congrega a aplica-
ção de instrumentos de enumeração, mensuração e racionalização para
satisfazer a necessidade de saber o máximo possível sobre os
indivíduos.
Tomando o Panóptico como modelo central, Elmer (2003)
determina três linhas de análise a respeito da vigilância eletrônica. A
primeira das três linhas propõe a passagem de uma vigilância orga-
nizada em ambiente fechados, característico do poder disciplinar, para
uma vigilância baseada em análise de banco de dados. A segunda
linha estabelece a mudança da vigilância panóptica em que um vigiava
muitos, para uma vigilância sinóptica em que um é vigiado por
muitos. Já a terceira se apoia na passagem da ideia da coerção, em que
os vigiados eram forçados a uma condição de controle, para a ótica de
um observado que se voluntaria e fornece suas informações pessoais
na expectativa de alguns benefícios.

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Poster (2004) também percebe a mesma mudança na vigilância


eletrônica, em que os próprios indivíduos são as fontes de informação,
preenchendo os formulários solicitados pelas empresas. O autor ainda
chama atenção para as ações das empresas privadas que, através de
transações com o cartão de crédito, a cada ato de compra, por
exemplo, podem gerar históricos, permitindo a criação de perfis dos
clientes. A essa forma de vigilância eletrônica o autor denomina de
“superpanóptico”, um meio de controle baseado nos bancos de dados e
nas informações por eles geradas.
Baumam (1999), citando Pôster, aponta que é bem verdade que a
quantidade de informação armazenada nos bancos de dados faz as
pessoas ficarem preocupadas:
a revista Time descobriu que 70 a 80 por cento dos seus leitores
estavam, “muito ou um tanto preocupados” em 1991 – mais com
informações coletadas pelo governo e empresas de crédito e seguros,
menos com dados armazenados por empregados, bancos e empresas
de marketing (POSTER apud BAUMAN, 1999, p. 58).
Em vista disso, Pôster (2004) se pergunta por que “a ansiedade
com os bancos de dados ainda não se tornou uma questão de impor-
tância política nacional”.

3 O sensemaking do “vigiado”

Uma crítica à abordagem de Foucault (2004) é que, apesar de se


constituir num excelente referencial de análise para compreender
como os indivíduos introjetam a disciplina, ele não considera a
resistência dos detentos. A definição de disciplina na obra de Foucault
tem o caráter excessivo de “verdade absoluta”. É possível estabelecer
um comparativo entre o conceito de disciplina de Weber (2004), que
trata a disciplina como uma possibilidade, porque depende da crença
individual, ou seja, da aprovação subjetiva da dominação. Portanto, é
necessário se questionar quanto à garantia dessa disciplina inevitável
defendida por Foucault e entender como se dá a produção de sentido
do indivíduo a respeito dessa disciplina.
Bauman (1999) aponta a existência de uma similaridade restrita
entre o Panóptico e os bancos de dados. Enquanto o primeiro consti-
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tuía-se numa maneira de normalizar os indivíduos, o segundo fun-


cionaria como uma espécie de mecanismo de seleção, separação e
exclusão. Surge daí o caráter voluntário do banco de dados. As
pessoas cedem suas informações de forma consciente, pretendendo a
sua inclusão em algo, com vistas a uma potencial credibilidade –
como, por exemplo, ter seu nome inserido numa promoção ou
habilitar-se à concessão de crédito numa instituição financeira.
Poder-se-ia adotar outra ótica em relação à análise do Panóptico
no contexto social atual. Segundo Bauman, estaríamos vivendo um
momento em que muitos vigiam poucos, ou seja, a superação do
Panóptico (no qual poucos vigiavam muitos) pelo Sinóptico. Assim,
enquanto, no Panóptico, havia necessidade de uma construção física
que serviria de ponto espacial propício à observação dos vigiados
(fixados territorialmente), no Sinóptico “o ato de vigiar desprende os
vigilantes de sua localidade, transporta-os pelo menos espiritualmente
ao ciberespaço, no qual não mais importa a distância, ainda que
fisicamente permaneçam no lugar” (BAUMAN, 1999, p. 60). Outra
diferenciação estaria estabelecida pelo fato de que o Panóptico sujeita-
va as pessoas à vigilância pela força, enquanto o Sinóptico as seduz.
Weick (1995) procura explicar, por meio da sua teoria de
sensemaking, a criação de sentido como um processo contínuo, social
e retrospectivo, procurando conceber nossas verdades ou fundamentar
nossas ações. A criação de sentido implica a seleção de um grupo de
interpretações para diminuir a ambiguidade dos sinais presentes no
ambiente. Interpretar consiste em analisar a experiência, selecionar
significados e absorver interpretações racionais. Desta forma, a
construção do sentido pode ser entendida como uma abordagem
interpretativa da realidade.
Segundo Weick (1995), a criação de sentido está relacionada ao
modo como as pessoas criam o que elas interpretam. Porém, ques-
tiona-se a criação e interpretação de sentido são a mesma atividade.
São distintas, apesar de interligadas, pois, para chegar à criação de
sentido é preciso antes interpretar os sinais ou sentidos escondidos.
Interpretar dá a ideia de que algo está pronto, só aguardando ser
descoberto. Por outro lado, sensemaking está relacionado mais à
invenção do que a descoberta. Neste sentido, o sensemaking é perce-
bido como uma invenção e a interpretação como descoberta, sendo

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que estas atividades se complementam. Um reflexo disso está no fato


de que as pessoas criam sentido das coisas observando o mundo sob a
ótica do que acreditam. Sensemaking, ao nos levar além da interpre-
tação, indica que é preciso se aproximar da ação, ou seja, o objeto a
ser interpretado é por nós produzido, assim atribuímos significado aos
acontecimentos e os estruturamos.
Sensemaking, segundo Weick (2005), é uma atividade social e
individual, e a discussão se as duas são mesmo separadas é uma
tensão que perdura na condição humana. Para este ensaio, no entanto,
analisa-se o sensemaking como uma atividade individual, mais
especificamente focada na tomada de decisão individual. Foi
Garfinkel (1967 apud WEICK, 1995) que apresentou esta abordagem
do sensemaking individual focado na tomada de decisão. Outro autor
que tem relação com esta abordagem é Festinger (1957 apud WEICK,
1995) com a teoria da dissonância cognitiva. Sua teoria foca na pós-
decisão e no esforço dos indivíduos de revisar o significado de
decisões, principalmente as que possuem consequências negativas.
Segundo Weick (1995), o processo de criação de sentido se dá de
forma retrospectiva, olhando para o passado, sendo que esta com-
paração serve de apoio para a tomada de decisão. O autor descarta a
forma prospectiva de criação de sentido, em que se olha para o futuro
para avaliar as consequências das decisões tomadas. A questão central
que se coloca é que a construção de sentido se dá tanto de forma
retrospectiva como prospectiva, visto que as duas formas de cons-
trução tendem a se complementar.
A criação prospectiva de sentido é uma tentativa mais experi-
mental e criativa que a criação retrospectiva de sentido. A visão de
Weick está afinada com a forma retrospectiva de criação de sentido,
mas minimiza a forma prospectiva. Todos nós utilizamos projeções do
futuro com o objetivo de evitar decisões erradas na vida. Segundo
Gioia (2006), através da criação prospectiva de sentido é possível
imaginar um estado futuro hipotético, porém é somente com a criação
retrospectiva de sentido que é possível identificar como chegar lá.
Desse modo, é o próprio ato de imaginar o futuro que permite o
impulso à ação. Nesse contexto, é pertinente uma ampliação do
domínio da construção de sentido, incluindo elementos retrospec-
tivos e prospectivos.

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Ferreira (1997) ressalta que qualquer informação só tem sentido


quando incorporada a algum contexto. A informação por si só se
constitui em um dado incompleto, sendo o indivíduo que lhe atribui
sentido a partir de suas experiências passadas e interesses futuros. Para
a autora, fatores determinantes de frequência no uso de serviços de
informação ou de fontes específicas de informação estão relaciona-
dos com a percepção que os usuários têm quanto às facilidades e
acessibilidade para usá-los, incluindo custos, risco, disponibilidade de
múltiplas fontes de informação e de canais de comunicação tanto
formais como informais.
A relação entre subjetividade e visibilidade ganha novos contor-
nos com as tecnologias contemporâneas. Tais tecnologias participam
de uma transformação no modo como os indivíduos constituem a si
mesmos e modulam sua identidade a partir da relação com o outro,
mais especificamente com o “olhar” do outro. As tecnologias consti-
tuem novos dispositivos de visibilidade com diferentes implicações na
sociedade e na subjetividade (BRUNO, 2004).
Segundo Martucci (1997), pouco se indagou sobre como as
pessoas fazem uso dos sistemas ou para que fins e como a informação
está sendo utilizada. A autora afirma que para conseguir responder a
estas questões é preciso conhecer a natureza e identidade das pessoas,
seus propósitos, seus comportamentos e o significado da ajuda do uso
da informação para suas vidas.

4 Organizando as ideias e as teorias

Tomando por base o que foi discutido até aqui, é importante


voltarmos à nossa questão central: A utilização das tecnologias de
informação no contexto dos cartões de crédito pode ser vista como
uma espécie de panóptico virtual, gerando uma forma de controle
social? Ou seja, o Panóptico pode ser considerado como uma analogia
dos mecanismos de vigilância mediada por dispositivos tecnológicos,
como por exemplo, os cartões de crédito? No que se refere à
generalização do modelo Panóptico para a realidade dos sistemas de
informação, Motta (1981) afirma que o campo de atenção de Foucault

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se restringe, porém, à prisão e que, portanto, generalizações que pos-


samos fazer são por nossa conta e risco.
No Panóptico, o controle se dá por meio da visibilidade total e
constante dos indivíduos, tornando-se, assim, o modelo dos sistemas
sociais de controle e vigilância total. Nas sociedades atuais, o mesmo
princípio parece continuar ativo nas novas formas de controle social
contidas nas novas tecnologias, sendo observadas novas práticas e
relações de poder devido a sua quase onipresença.
Para Bauman (1999), o Panóptico colocava seus internos como
soldados, dos quais se exigia uma conduta monótona e rotineira; já os
bancos de dados registram os consumidores confiáveis e dignos de
crédito, eliminando todo o restante que não deve ser considerado no
jogo do consumo pelo simples fato de não haver nenhuma informação
sobre suas atividades.
No caso dos cartões de crédito, os bancos utilizam as bases de
dados dos clientes para oferecer produtos de créditos, muitas vezes,
não solicitados. Por meio de qualquer movimentação via cartão de
crédito, os bancos armazenam históricos de compras que permitem
criar perfis de consumo, utilizados em sistemas de CRM (Customer
Relationship Management). Desta forma, se a função principal do
Panóptico era assegurar que ninguém escapasse do espaço vigiado,
hoje a função principal do banco de dados é assegurar que ninguém
entre sem que tenha as credenciais adequadas.
Zimmer (2009) salienta que as maiores críticas nessa forma de
vigilância não estão somente no uso das informações por parte de
empresas, mas também no fato de que muitas vezes tais informações
são fornecidas voluntariamente pelos próprios clientes. Observa-se,
portanto, que as pessoas são vigiadas não mais por coerção, mas por
sedução, que se dá pela possibilidade de serem registradas nos bancos
de dados que confirmam sua credibilidade e confiabilidade como
cliente.

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O panóptico virtual: dispositivos de vigilância eletrônica

Considerações finais

A vigilância contemporânea monitora os indivíduos e suas


atividades durante as interações, através das trocas de informações. A
intenção é combinar traços, cruzar características, interesses e
comportamentos, a fim de construir um banco de dados e formar
perfis para fins de previsão. Se a eficácia do Panóptico estava em
instaurar um poder despersonalizado e difuso, atualmente ocorre uma
estranha inversão: somos nós que, voluntariamente, abrimos nossa
vida privada ao olhar alheio. Fazer parte das redes de informação e de
consumo e, portanto, integrar-se ao Sinóptico é uma maneira de se
evitar a exclusão social.
As ameaças à privacidade, à liberdade de expressão e pensa-
mento e à limitação do ir e vir são o ápice de uma realidade ainda
distante, porém possível de existir. Dado o uso disseminado das
tecnologias de informação pela sociedade, que tem permitido níveis de
detalhamento e construção de perfis, há necessidade de que o assunto
seja pensado e analisado com mais profundidade. O que se busca é
uma outra perspectiva de leitura, que percebe esses sistemas não como
“forças do mal”, mas sim analisar como o seu uso pode atender a
outros interesses.
Como sugestão de trabalhos futuros, acredita-se que podem ser
realizados estudos mais específicos dentro das teorias organiza-
cionais. Este ensaio poderia ser ampliado através de obras de outros
pensadores que consideram encerrado o apogeu do modelo de
sociedade disciplinar proposto por Foucault e propõem o surgimento
de outros tipos de sociedade. Outra possibilidade de extensão deste
assunto diz respeito à análise da utilização dos dispositivos de vigi-
lância eletrônica sob o tema da Segurança da Informação de forma a
verificar como se constituem esses mecanismos de vigilância nas
organizações.

Recebido em novembro de 2010.


Aprovado em novembro de 2010.

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