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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – CAMPUS IV/BIGUAÇU – SEGURANÇA PÚBLICA

DIREITO PENAL I – 2º PERÍODO


PROFESSOR JULIO CESAR PEREIRA

ESCOLAS PENAIS

Antecedentes:

“As correntes iluministas e humanitárias , que atingiram seu apogeu na


Revolução Francesa, cujos principais representantes foram Voltaire, Montesquieu
e Rosseau, fazem severas críticas aos excessos imperantes na legislação penall
da época, propondo a individualização da pena, a proporcionalidade, além da
necessária diminuição da crueldade.”1
No século XIX surgiram correntes de pensamento, denominadas de Escolas
Penais, que discutiam a legitimidade do direito de punir, a natureza do delito e o
fim das sanções.
As Escolas Penais constituíram sistemas de idéias e teorias político-
jurídicas e filóficas que expressavam o pensamento dos juristas sobre as questões
criminais fundamentais, firmando uma Doutrina sobre o Direito Penal.

ESCOLA CLÁSSICA

Surgiu no final do séc. XVIII e seus juspenalistas e filósofos defenderam a


idéia da legitimidade do Estado democrático-liberal, em contraposição ao Estado
absolutista então vigente.
Foi marcada por uma preocupação de natureza filosófica e por seu sentido
nitidamente liberal e humanitário.
Caracterizou-se por posicionar-se nitidamente acerca do conceito de crime,
do exercício do poder punitivo, da responsabilidade criminal e fundamento da
pena.
Os clássicos afirmavam que o crime é ato da vontade livre do indivíduo
(livre arbítrio) o qual escolhe entre o bem e o mal. Foi sobre esta concepção que
se assentou a construção teórica do sistema punitivo clássico.
A responsabilidade criminal é considerada como subjetiva, haja vista o
crime ser considerado ato de vontade livre, e portanto, de responsabilidade morall
e pessoal.
A pena criminal é retributiva ao mal causado, ou seja é um mal justo que se
contrapõe ao mal injusto, não assumindo caráter utilitarista (recuperação,
prevenção de crimes e defesa da sociedade) o que não significa dizer que os
clássicos tenham ignorado todo o fundamento utilitário da pena.
Os clássicos consideravam o crime como mera abstração jurídica, ou seja
como no dizer de CARRARA: “Crime é a infração à lei do Estado”. Portanto, não
há que se indagar sobre outras condutas que, embora nocivas, não estejam
definidas como crime pela lei penal.

1
Cesar Roberto Bitencourt, Tratado de Direito Penal: parte geral, volume I., São Paulo, Saraiva, 2003, p.45.
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Destacaram-se na Escola Clássica: César Beccaria, Paulo Feuerbach,
Emmanuel Kant e Jeremias Bentham, com suas idéias político filosóficas.

ESCOLA POSITIVA

Em fins do séc. XIX o liberalismo extremado tornou-se insustentável. O


capitalismo sem limites havia conduzido as sociedades européias industrializadas
a uma situação social jurídica desumana.
Passada a euforia do Iluminismo, no campo filosófico o conhecimento
racional cede lugar ao experimental e no campo do saber científico a verdade
deve se pautar na ciência e não na razão.
Passou-se assim, a buscar-se na experiência e na observação, uma
explicação para o crime, visto como fenômeno humano e social.
Neste contexto, surgiram as idéias da Escola Positiva, a qual buscava uma
teoria científica que explicasse adequadamente as causas que levam o homem a
delinqüir.
Lombroso, acreditava que o verdadeiro criminoso era portador de
anomalias orgânicas, portanto primitivo e agressivo; e psiquicamente incapaz de
assimilar os valores morais correntes (louco moral).
Com o finco neste entendimento, a Escola Positiva caracterizou-se por
defender o determinismo, a responsabilidade legal, o crime como fenômeno sócio-
humano e a medida de segurança como sanção do Direito Penal.
Ao defender que o criminoso é predisposto organicamente ao crime, os
positivistas criminológicos defendiam que o crime não poderia ser ato de vontade
livre do mesmo, mas sim determinado por sua própria constituição biopsíquica.
Ao contrário dos clássicos, entendiam que a responsabilidade criminal é
social ou legal e não individual ou moral, pois ao cometer um crime, o indivíduo
não age livremente, mas determinado por fatores endógenos; assim a lei ao
expressar interesses sociais, atribui responsabilidade criminal aos indivíduos.
Para o pensamento positivista, o crime é um fenômeno humano e social e
como tal deve ser entendido e investigado, cabendo ao Direito Penal estudar seus
aspectos jurídicos e também as causas da delinqüência.
Os positivistas, ao buscar elaborar um conceito de delito natural resistente
às mudanças, esqueceram que os valores éticos e os bens jurídicos (interesses)
se transformam segundo o momento histórico.
Por entender que o delinqüente não agia com liberdade, mas sim,
impulsionado por uma causa psicossomática os positivistas não falavam em
aplicação de pena retributiva como castigo pelo crime causado voluntariamente,
mas sim, da aplicação de uma medida de segurança por pressupor a
periculosidade do agente e não sua culpabilidade.
O grande equívoco dos positivistas, foi acreditar na possibilidade de se
descobrir uma causa biológica para o fenômeno criminal.
Primeiro, não se pode falar em causa única da delinqüência;
Segundo, os fatores exógenos são preponderantes na causa da
delinqüência.
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Já o grande mérito do positivismo criminológico foi o de criar o necessário


espaço para a Criminologia que tem por objetivo o estudo dos fatores da
delinqüência, de sua prevenção e de suas consqüências na sociedade.

ESCOLAS ECLÉTICAS

Hoje se pratica um Direito Penal Neoclássico, com a adoção de alguns


princípios da Escola Positiva, porém com o compromisso de evitar no campo da
dogmática jurídico-penal especulações de ordem política-filosófica, ou científica,
como fizeram os clássicos e os positivistas.
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QUADRO COMPARATIVO DAS ESCOLAS PENAIS|

ESCOLA CLÁSSICA ESCOLA POSITIVA ESCOLA ECLÉTICA


Final do séc. XVIII. Final do séc. XIX. Escola Intermediária
Defesa do Estado Liberalismo. Caos. Situação social e (França e Itália);
Democrático Liberal, jurídica desumana; Direito Penal
contra o Estado Fim do Iluminismo. Racionalismo cede Neoclássico com
Absolutista; lugar a ciência; princípios positivistas;
Atividade repressiva Busca de explicação para o crime; Dogmática Penal sem
legítima se exercida nos rime visto como fenômeno humano e especulações
termos da lei positiva; social; excessivas de ordem
Princípio da Legalidade Idéias positivistas: Busca de Teoria política-filosófica ou
e abolição da tortura e Científica que explicasse as causa que científica;
processo inquisitório; levam o homem a delinqüir; Criminologia, Filosofia
Preocupação filosófica Lombroso – Criminoso, anomalias e Sociologia orientam o
e sentido liberal e orgânicas (selvagem, primitivo e Direito Penal.
humanitário; violento) – deficiência afetiva (louco
Posicionamento moral);
definido: Conceito de Defesa do determinismo,
crime, poder punitivo, responsabilidade legal, crime como
responsabilidade criminal fenômeno sócio-humano, medida de
e pena; segurança;
Crime é ato de vontade Determinismo – Crime não é ato de
livre (livre arbítrio) bem x vontade, mas determinado por
mal; constituição biopsíquica do indivíduo;
Responsabilidade Responsabilidade Social – Indivíduo
Moral – Culpa subjetiva; age determinado endogenamente,
Pena criminal portanto a responsabilidade é social ou
retributiva ao mal legal;
causado, sem função Delito fenômeno natural – Direito
utilitária; Penal, além dos aspectos jurídicos deve
Crime é infração a Lei investigar as causas da delinqüência;
do Estado; Crime é pura Medida de Segurança (MS) – Se não
criação jurídica. age com liberdade, desaparece a
Beccaria, Kant e Carrara. culpabilidade e portanto não cabe pena,
mas sim MS em razão da
periculosidade;
Erro: Atrelar o crime a uma causa
biológica – pois não há causa única para
a delinqüência e os fatores exógenos
preponderam como causa;
Mérito: Deu origem a Criminologia.
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