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FERREIRA
DIVIDENDOS
DIVIDENDOS
CONCEITO
De acordo com o art. 202 da Lei das Sociedades por Ações, os acionistas têm direito de receber
como dividendo obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto.
Cabe ao estatuto (ou contrato social, no caso das sociedades por cotas) a determinação da
parcela dos lucros a ser distribuída aos acionistas, observadas as restrições estabelecidas na lei.
O dividendo pode ser pago com base no lucro líquido do exercício, lucros acumulados ou reservas
de lucros.
Se o dividendo estiver fixado no estatuto, sua redução pela assembléia dá ao acionista dissidente
o direito de retirada da companhia, mediante reembolso do valor de suas ações (art. 45), nas
condições que a lei estabelece, no prazo de 30 dias, contados da publicação da ata da assembléia
geral (art. 137, com a redação dada pela Lei n° 9.457/97).
A princípio, os acionistas têm o direito de receber como dividendo mínimo obrigatório, em cada
exercício, a parcela dos lucros estabelecida no estatuto. Todavia, a Lei n° 6.404/76, art. 202, I, com
a redação dada pela Lei n° 10.303, de 31 de outubro de 2001, estabelece que, se houver omissão
estatutária, os acionistas têm o direito de receber como dividendo mínimo obrigatório, em cada
exercício, metade do lucro líquido do exercício ajustado da seguinte forma:
Se o estatuto desta companhia for omisso a respeito do cálculo do dividendo mínimo obrigatório,
ele será calculado da seguinte forma:
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RICARDO J. FERREIRA
DIVIDENDOS
Segundo a Lei n° 6.404/76, art. 202, II, com a redação dada pela Lei n° 10.303/2001, o pagamento
do dividendo, calculado com base no critério visto anteriormente, pode ser limitado ao montante do
lucro líquido do exercício que tiver sido realizado, desde que a diferença entre o dividendo mínimo
obrigatório e o montante do lucro líquido realizado seja registrada como reserva de lucros a
realizar.
Para esses efeitos, a Lei n° 6.404/76, art. 197, § 1°, com a renumeração dada pela Lei n°
10.303/2001, considera realizada a parcela do lucro líquido do exercício que exceder da soma dos
seguintes valores:
A redação atual do item 2 acima é mais ampla. A redação anterior fazia menção apenas ao lucro
em vendas a prazo realizável após o término do exercício seguinte.
Desse modo, se o lucro líquido do exercício foi de 1.000; o resultado líquido positivo da
equivalência patrimonial, de 300; e os lucros, ganhos e rendimentos em operações de longo prazo,
de 380, a parcela realizada do lucro líquido do exercício será de:
Consideremos, porém, que o montante realizado do lucro líquido do exercício, como vimos
anteriormente, tenha sido de apenas 320. A companhia poderá limitar o pagamento do dividendo a
essa parcela realizada do lucro líquido do exercício, desde que a diferença entre o dividendo
mínimo calculado e o montante realizado do lucro líquido do exercício (450 - 320 = 130) seja
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RICARDO J. FERREIRA
DIVIDENDOS
registrada como reserva de lucros a realizar. Assim, a companhia poderia pagar como dividendo o
valor de 320 e registrar os 130 restantes em reserva de lucros a realizar.
Nessa hipótese, conforme a Lei n° 6.404/76, art. 202, III, com a redação dada pela Lei n°
10.303/2001, os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando realizados e se não
forem absorvidos por prejuízos em exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos ao primeiro
dividendo declarado após a realização dos lucros. Ou seja, a parcela realizada da reserva de
lucros a realizar em cada exercício deve ser somada ao primeiro dividendo declarado e o total
deve ser pago aos acionistas. Para esses efeitos, serão considerados integrantes da reserva de
lucros a realizar os lucros a realizar de cada exercício que forem os primeiros a serem realizados
em dinheiro. À medida que os lucros a realizar forem sendo recebidos, a reserva de lucros a
realizar será considerada proporcionalmente realizada.
Exemplificando, se o primeiro dividendo declarado em determinado exercício teve valor de 2.000 e
houve a realização de 500 dos lucros a realizar que estavam lançados como reserva, a companhia
deverá pagar aos acionistas o total de 2.500.
De acordo com a Lei n° 6.404/76, art. 202, § 2°, com a redação dada pela Lei n° 10.303/2001,
quando o estatuto for omisso e a assembléia geral deliberar alterá-lo para introduzir a sua forma de
cálculo, o dividendo não pode ser fixado em percentual inferior a 25% do lucro líquido ajustado nos
termos do art. 202, I.
Na constituição da sociedade, o estatuto pode fixar o dividendo em percentual inferior a 25%,
desde que não conte com a oposição dos acionistas não controladores, que seriam os principais
prejudicados. Entretanto, se no momento da constituição da companhia, o estatuto for omisso
quanto à forma de cálculo do dividendo, prevalecerá o dividendo mínimo de 50% do lucro líquido
do exercício ajustado, enquanto o estatuto não for alterado. Nesse caso, havendo assembléia geral
extraordinária para fazer constar do estatuto, até então omisso, o critério para cálculo do dividendo
mínimo obrigatório, ele não poderá ser fixado em percentual inferior a 25%, considerando os
ajustes previstos no art. 202, I, da Lei n° 6.404/76, com a redação dada pela Lei n° 10.303/2001:
Para esses efeitos, a reserva de lucros a realizar não deve ser considerada no cálculo.
De acordo com a Lei n° 6.404/76, art. 202, § 3°, com a redação dada pela Lei n° 10.303/2001, a
assembléia geral pode, desde que não haja oposição de qualquer acionista presente, deliberar a
distribuição de dividendo inferior ao mínimo obrigatório ou a retenção de todo o lucro, nas
seguintes sociedades:
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RICARDO J. FERREIRA
DIVIDENDOS
2 - companhias fechadas, exceto nas controladas por companhias abertas que não se enquadrem
na condição prevista no item anterior.
D - Lucros Acumulados
C - Reserva Especial para Dividendos Obrigatórios não Distribuídos (PL)
DIVIDENDOS INTERMEDIÁRIOS
A companhia que, por força de lei ou de disposição estatutária, levantar balanço semestral, pode
declarar, por deliberação dos órgãos de administração, se autorizados pelo estatuto, dividendo à
conta do lucro apurado nesse balanço semestral. A companhia pode, nos termos de disposição
estatutária, levantar balanço e distribuir dividendos em períodos menores, desde que o total dos
dividendos pagos em cada semestre do exercício social não exceda do montante das reservas de
capital (art. 204, § 1°).
O estatuto pode autorizar os órgãos de administração a declarar dividendos intermediários, à conta
de lucros acumulados ou de reservas de lucros existentes no último balanço anual ou semestral.
Os lucros ou dividendos pagos ou distribuídos antecipadamente devem ser registrados como conta
redutora do patrimônio líquido e apresentados em conta retificadora da conta Lucros ou Prejuízos
Acumulados ou da reserva usada como origem:
O dividendo deve ser pago, salvo deliberação em contrário da assembléia geral, no prazo de 60
dias da data em que for declarado e, em qualquer caso, dentro do exercício social (art. 205, § 3°).
De acordo com a Lei n° 6.404/76, art. 202, § 6°, com a redação dada pela Lei n° 10.303/2001, os
lucros não destinados nos termos dos artigos 193 a 197 devem ser distribuídos como dividendos.
As destinações previstas nos artigos citados são:
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RICARDO J. FERREIRA
DIVIDENDOS
A companhia não pode reter os lucros para os quais não haja destinação específica. A partir da Lei
n° 10.303/2001, é vedado manter na conta Lucros Acumulados os lucros sem destinação. Após a
constituição das reservas de lucros e do cálculo do dividendo mínimo obrigatório, se houver lucro
remanescente, ele deverá ser distribuído como dividendo complementar.
No caso das companhias abertas, a Instrução CVM n° 59/86 já determinava que fosse adotado
esse procedimento.
A partir da Lei n° 10.303/2001, as companhias fechadas também estão obrigadas a distribuir o
lucro remanescente.