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ELASTÓMERO E BORRACHA
Os termos polímero, elastómero e borracha são definidos, de acordo com a “Norma
ISO 1382:1996 - Rubber Vocabulary” como:
Borracha - Elastómero que já está ou pode ser modificado para um estado no qual é
essencialmente insolúvel, se bem que susceptível de aumentar de volume num
solvente em ebulição, tal como benzeno, metiletilcetona e etanol-tolueno azeotrópico,
e que, no seu estado modificado, não pode ser reprocessado para uma forma
permanente por aplicação de calor e pressão moderadas.
O perfil das propriedades que pode ser obtido depende fundamentalmente do elastómero
escolhido, da formulação do composto utilizada, do processo de produção e da forma e
desenho do produto. As propriedades que definem um elastómero só podem ser obtidas
usando compostos adequadamente formulados e após vulcanização subsequente [1].
• O segmento individual da cadeia deve ser flexível para ter movimento Browniano, à
temperatura ambiente. Assim, as moléculas assumem alguma conformação
estatisticamente ordenada quando são sujeitas a tensões de tracção. Uma vez essa
tensão removida, elas retomam a sua conformação aleatória (estado de entropia
máximo), podendo o processo de deformação ser descrito termodinamicamente,
considerando que sob condições ideais, a energia interna do sistema não sofre
alteração.
• Deve haver uma interacção entre cadeias moleculares, para que não se possam
mover de uma forma inteiramente livre e independente. Nas borrachas vulcanizadas,
há uma interacção adicional devida à formação de pontes intermoleculares (ligação
química que reduz a mobilidade das cadeias), que melhoram a resistência à tracção e
a elasticidade [1];
• Devem ter uma distribuição do peso molecular tão larga quanto possível, para que
possam ser processadas utilizando as máquinas convencionais [1].
Elastômeros
Vantagens em versatilidade e processamento
Conjugando resistência mecânica, resiliência e versatilidade com possibilidades quase ilimitadas de processamento, o
elastômero de PU é um dos materiais poliméricos que mais se destaca no mercado
Os elastômeros de poliuretano estão em todo lugar. Eles estão, por exemplo, nas rodinhas de carri- nhos de supermercado, de
skates, de empilhadeiras e de macas de hospitais. Ainda visíveis, estão em cepos de calçados, buchas e diversos outros
produtos que associam absorção de choque, resiliência e resistência mecânica em geral. Menos visíveis, os elastômeros de
poliuretano estão também presentes em ambientes industriais, como em molas, réguas para guilhotinas, gaxetas,
acoplamentos, cilindros de impressão, luvas, coxins, cintas, rolos, revestimentos de superfícies e peças, etc. Às vezes, eles
estão onde mal se imagina: no núcleo de amortecedores de automóveis, por exemplo. Ou em acoplamentos de transmissão de
torque, também em automóveis. Com elastômeros é assim: aparecem onde for necessário.
Alguma história
Na primeira metade do século XX, sempre que se pensava em elastômeros o produto que quase sempre vinha à mente era a
borracha, que podia ser facilmente encontrada na natureza e depois fabricada artificialmente. Esse panorama mudou quando,
na segunda metade do mesmo século, a borracha natural começou a perder relevância e os avanços do progresso e da
economia elevaram exponencialmente as exigências feitas a materiais e processos. Surgiram então, os elastômeros artificiais,
dos quais o poliuretano é, há vinte anos pelo menos, um dos maiores destaques.
Descobertos na década de 40, os elastômeros de poliuretano são utilizados como material de engenharia, especialmente pela
resiliência (fator incomum aos outros materiais) junto com altas resistências à abrasão, impacto, tração, rasgo, corte, absorção
de choques, além de resistências química e dielétrica. De forma geral, as matérias-primas escolhidas definem as propriedades
físicas da peça ou aplicação, e são elas que fazem do elastômero de PU um substituto vantajoso em relação à borracha, PVC,
polipropileno, poliamidas, polietileno, ABS e policarbonato, entre outros. A única restrição de uso do elastômero de PU diz
respeito a aplicações sujeitas a temperaturas superiores a 100º C.
Processamento
Em processamento, o elastômero de poliuretano também oferece vantagens. Ele não precisa, por exemplo, limitar-se aos
processos de injeção e moagem, como a borracha.
O elastômero de PU pode sofrer, dentre outros processos, moldagem por vazamento (fundição), centrifugação ou rotação,
moldagem por injeção e reação (RIM), moagem e vulcanização, spray, injeção e extrusão (no caso dos TPUs). Os processos
de fabricação mais utilizados são moldagem por vazamento ou RIM, os quais, para além de suas características peculiares,
diferenciam-se em tempo de reação.
Cada um dos processos de fabricação de elastômeros de poliuretano possui vantagens e desvantagens. Junte-se as opções
de processamento com as opções de formulação e será possível entender que ainda não se sabe exatamente a que ponto,
como elastômero, o poliuretano pode chegar.
Moldes
Os elastômeros adaptam-se a diferentes tipos de moldes, conforme o material que vai ser trabalhado. Entre os metais, usa-se
ferro fundido, de fácil usinagem, com a desvantagem que sua porosidade pode interferir no resultado da peça final. Alumínio,
zinco e cobre têm boa vida útil, mas sofrem a ação do calor. Os moldes podem também ser de plástico, polietileno,
polipropileno, plástico reforçado (resina poliéster insaturado com fibras de vidro) e o próprio PU, indicado para pequena
produção. Porém, esses moldes plásticos não são tão resistentes e deformam, precisando ser substituídos. O mais indicado
para moldes acaba sendo o aço carbono, que possui uma relação custo-benefício mais satisfatória.
Elastômero fundido
São basicamente duas as formas de processamento de poliuretano por vazamento, as quais se diferenciam, em linhas gerais,
pela ordem em que são adicionadas as matérias-primas.
A forma mais simples de processamento por vazamento é feito em uma etapa. Por esse processo, poliol, isocianato, extensor
de cadeia e catalisador são misturados simultaneamente e em seguida derramados no molde. Caracterizado por requerer
viscosidade baixa e proporcionar menor custo, o processo em uma única etapa resulta numa estrutura polimérica aleatória que
acaba apresentando propriedades físicas inferiores às estruturas poliméricas que fazem uso de pré-polímeros.
A forma mais complexa de processar poliuretano por vazamento consiste em duas etapas, primeiro trabalhando-se o
isocianato com parte do poliol e, numa segunda etapa, fazendo o polímero reagir com a outra parte do mesmo poliol com
extensor de cadeia/agente de cura. Determinantes quanto à qualidade e aplicação do elastômero de poliuretano, os sistemas
baseados em pré-polímeros têm adição mais fácil de controlar, possibilitando a formação de estruturas diferenciadas. Para
atingir uma determinada característica, existe uma gama muito ampla de aditivos, que também levam em conta o
processamento a ser utilizado.
Mineração e siderurgia
Um exemplo prático de que o elastômero de PU chegou para ficar é a trajetória da Comercial
e Industrial Petropasy (Barueri, SP), que há 40 anos era processadora de borracha e que, há
20 anos, com a entrada do poliuretano no mercado, mudou de segmento. A empresa
identificou como alvo de grande consumo do produto as mineradoras, siderúrgicas e
metalúrgicas, além de ferrovias. A partir daí, direcionou investimentos para oferecer
tecnologia e suporte técnico, participando da transição para uma nova era, a do poliuretano.
Grandes dutos de mineradoras, antes confeccionados em aço, passaram a usar reforços e
revestimentos em elastômeros (foto abaixo) e evitaram as
paradas para manutenção, que comprometiam o processo desde
a coleta de materiais até o envio do minério. “Alguns
componentes, que sempre davam problema, substituídos pelo
poliuretano geram uma série de benefícios”, afirma Sidnei
Cabral, gerente técnico da Petropasy. “O mercado, que antes era
voltado para custo, hoje privilegia o custo-benefício. Uma peça
chega a passar um ano inteiro sem precisar ser trocada”, afirma
Cabral. É possível também, acompanhando o desgaste da peça, realizar a manutenção antes do
rompimento, evitando conseqüências indesejáveis.
A Petropasy mantém um laboratório de desenvolvimento do produto e apresentará, ainda este
ano, um spray de PU, incrementará sua linha de pré-polímeros com a caprolactona, lançará
formulação de materiais atóxicos e um poliuretano com maior resistência térmica, resistindo a até
150º C.
Calçados
A indústria de calçados é outro segmento que descobriu o elastômero, usando cepos de várias medidas. A Perk Plast
Comercial e Industrial (Diadema, SP) é uma dessas empresas. O maquinário, que antes utilizava polipropileno e sofria com a
liberação de resíduos e danificação das facas, encontrou no PU uma alternativa de custo-benefício. “A elasticidade e o efeito
memória do elastômero nos cepos de PU não interferem no processo do cliente, que ainda tem o recurso da usinagem,
aproveitando a peça por mais algum tempo”, afirma Ricardo Pellizer, diretor industrial da Perk Plast.
Há 10 anos no mercado, a Perk Plast começou como fornecedora de semi-acabados para revendas e hoje atua em quase
todos os segmentos industriais do poliuretano. Com marketing centrado na satisfação do cliente, segundo Gildásio R. Cordeiro,
diretor comercial da empresa, a Perk Plast oferece amostras do material aos clientes, para que eles próprios avaliem o
trabalho. “Atuamos no sentido de mostrar a peça conforme a especificação. Nesse sentido, sugerimos opções ainda mais
apropriadas, informando as vantagens e desvantagens de cada provável escolha”, acrescenta.
Produção e Automatização