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O momento da consumação dos crimes de furto e roubo

próprio

O artigo 157 do Código Penal Brasileiro traz a definição do que vem a


ser crime de roubo:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem,


mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de
resistência:

Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.

§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída


a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a
fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da
coisa para si ou para terceiro.

Como se vê, o artigo 157 fala de uma modalidade de roubo na qual a


violência ou grave ameaça é utilizada antes ou durante o crime,
tendo como objetivo reduzir a resistência da vítima. No parágrafo
primeiro do mesmo artigo, a violência ou grave ameaça é utilizada
após a subtração da coisa, tendo como finalidade garantir a
impunidade do crime ou a detenção da coisa.

O roubo com as características previstas no artigo 157 é chamado


pela doutrina brasileira de roubo próprio, enquanto o constante no
parágrafo primeiro do artigo supracitado é denominado de roubo
impróprio.

Já o furto encontra sua definição no artigo 155 do Código Penal, o


qual o descreve como o ato de subtrair para si ou para outrem coisa
alheia móvel.

Assunto atualmente muito discutido é o momento em que ocorre a


consumação dos crimes de furto e de roubo. No presente trabalho,
abordaremos mais especificamente o momento em que o furto e o
roubo próprio consumam-se.

Tanto o roubo quanto o furto implicam a subtração de coisa alheia,


devido á esta semelhança, são usados os mesmos parâmetro para
verificar o momento de consumação de um e de outro. Desta forma,
os apontamentos da doutrina e da jurisprudência que falarem sobre
consumação do furto, podem também serem utilizadas como
parâmetro para a consumação do roubo.

De acordo com Marcelo Valadares, existem quatro teorias acerca do


momento em que ocorre a consumação do furto: a teoria da
"contrectatio"; a teoria da "apprehensio" ou "amotio" a teoria da
"ablatio" e a teoria da "illatio.

Para a primeira teoria (contrectatio), para o crime ser consumado,


basta o contato entre o agente e a coisa alheia.

A teoria da "apprehensio" ou "amotio" é no sentido de que a


consumação ocorre quando a coisa alheia passa para o poder do
agente.

Segundo a teoria “ablatio”, para consumar o crime de furto é


necessário que a coisa, além de apreendida, seja transportada de um
lugar para o outro.

De acordo com última teoria (ilatio), para que crime seja consumado,
é necessário que a coisa seja transportada ao local desejado pelo
agente para que a mesma fique á salvo.

O nosso país adotou a teoria da "apprehensio" ou "amotio", a qual é


reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal como "teoria da inversão
da posse.
Existem, atualmente, duas orientações doutrinárias jurisprudenciais á
esse respeito.

De acordo com o nobre doutrinador Rogério Greco apud Adriano


Sampaio, a consumação do crime de furto ocorre

[...] quando o bem, após ser retirado da esfera de


disponibilidade da vítima, vier a ingressar na posse tranqüila
do agente, mesmo que por um curto espaço de tempo. O
agente, portanto, deve ter tido tempo suficiente para dispor
da coisa, pois caso contrário, se isso não aconteceu,
estaremos diante da tentativa.

Guilherme de Souza Nucci apud Adriano Sampaio segue a mesma


orientação ao afirmar que

O furto está consumado tão logo a coisa subtraída saia da


esfera de proteção e disponibilidade da vítima, ingressando
na do agente. É imprescindível, por tratar – se de crime
material, que o bem seja tomado do ofendido, estando, ainda
que por breve tempo, em posse mansa e tranqüila do agente.

No mesmo sentido é o entendimento de Bitencourt apud Emerson


Castelo Branco, ao afirmar que o furto é consumado “com a retirada
da coisa da esfera de disponibilidade da vítima, assegurando-se, em
conseqüência, a posse tranqüila, mesmo passageira, por parte do
agente”.

Sabiamente, Fernando Capez apud Bruno Cavalcante e Irving Marc


afirma o seguinte:

O roubo se consuma no momento em que o agente subtrai o


bem do ofendido. Subtrair é retirar contra a vontade do
titular. Levando-se em conta esse raciocínio, o roubo estará
consumado tão logo o sujeito, após o emprego de violência
ou grave ameaça, retire o objeto material da esfera de
disponibilidade da vítima, sendo irrelevante se chegou a ter
posse tranquila ou não da res furtiva.

Sobre o assunto,Damásio de Jesus apud Adriano Sampaio afirma que


“o furto atinge a consumação no momento em que o objeto material
é retirado da esfera de posse e disponibilidade do sujeito passivo,
ingressando na livre disponibilidade do autor, ainda que este não
obtenha a posse tranqüila [...]”

Como se vê, existem doutrinadores que defendem que para que o


crime de furto seja consumado, não basta que o agente subtraia a
coisa alheia. É necessário para tanto que o agente tenha a posse
mansa do bem mesmo que por curto espaço de tempo. Outros, com
entendimento totalmente oposto, como Damásio de Jesus e Fernando
Capez, defendem que não importa se houve posse mansa da coisa
para a consumação do furto, bastando para tanto que haja a inversão
da posse.

No entanto, conforme dito anteriormente, o Brasil adotou a teoria da


inversão da posse, sendo irrelevante se houve ou não a posse mansa
da coisa.

Neste sentido, eis o posicionamento do STF:

PENAL. HABEAS CORPUS. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-


PROBATÓRIO. INEXISTÊNCIA. ROUBO. MOMENTO
CONSUMATIVO. INVERSÃO DA POSSE DA RES FURTIVA.
ORDEM DENEGADA. 1. O presente caso não exige o reexame
de matéria fático-probatória. O que se discute, na hipótese, é
tão-somente o enquadramento jurídico dos fatos. 2. Para a
consumação do crime de roubo, basta a inversão da posse da
coisa subtraída, sendo desnecessária que ela se dê de forma
mansa e pacífica, como argumenta a impetrante.
Precedentes. 3. Ordem denegada.

(HC 100189, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Segunda Turma,


julgado em 23/03/2010, DJe-067 DIVULG 15-04-2010 PUBLIC
16-04-2010 EMENT VOL-02397-03 PP-01098).

De acordo com o STJ:

RECURSO ESPECIAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO


CIRCUNSTANCIADO.
TENTATIVA. NÃO CONFIGURAÇÃO. DESNECESSÁRIA A POSSE
TRANQUILA DA
COISA SUBTRAÍDA. CRIME CONSUMADO.
1. De acordo com a jurisprudência firmada pelo Superior
Tribunal de
Justiça, considera-se consumado o crime de roubo, assim
como o de
furto, no momento em que o agente se torna possuidor da
coisa alheia
móvel, ainda que não obtenha a posse tranquila, sendo
prescindível
que o objeto subtraído saia da esfera de vigilância da vítima
para a
caracterização do ilícito.
2. Vale ressaltar que "a questão do momento consumativo do
crime de
roubo é por demais conhecida desta Corte Superior, não se
tratando,
nos autos, de reexame de provas, mas sim de valoração
jurídica de
situação fática." (AgRg no REsp 721.466/SP, Relator Ministro
CELSO
LIMONGI – DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP, DJe
1º/7/2009).
3. Todavia, não justifica o regime fechado, pois os acusados
são
primários, sem antecedentes criminais, e as circunstâncias
judiciais
lhes foram tidas como favoráveis, tanto que a pena-base foi
estabelecida no patamar mínimo. Dessarte, o regime
semiaberto se
mostra adequado.
4. Recurso especial parcialmente provido para reconhecer a
consumação do crime de roubo, ficando a pena definitiva,
para cada
um dos recorridos, em 5 (cinco) anos 4 (quatro) meses de
reclusão,
no regime semiaberto, e 13 (treze) dias-multa.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, eis o posicionamento do


Tribunal de Justiça do Distrito Federal:

APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO E FURTO - CONCURSO


MATERIAL - PROVAS TESTEMUNHAIS COESAS E HARMÔNICAS
- CONFISSÃO - CONDENAÇÃO - CONSUMAÇÃO DO CRIME -
FIXAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL - SEM REPAROS.

I. MANTÉM-SE A CONDENAÇÃO SE O ENCADEAMENTO DOS


FATOS E AS NARRATIVAS EM JUÍZO CORROBORAM A
CONCLUSÃO DO JULGADOR.

II. CONSIDERA-SE CONSUMADO O CRIME DE ROUBO


NO MOMENTO EM QUE
OAGENTE SE TORNA POSSUIDOR DA COISA ALHEIA MÓVEL,
AINDA QUE NÃO TRANQUILA. É PRESCINDÍVEL QUE O OBJETO
SUBTRAÍDO SAIA DA ESFERA DE VIGILÂNCIA DA VÍTIMA PARA
A CARACTERIZAÇÃO DO ILÍCITO OU QUE LOGO EM SEGUIDA
HAJA PERSEGUIÇÃO DA POLÍCIA. PRECEDENTES DO STJ.

III. NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO.


Conforme o exposto, claro é que a doutrina e a jurisprudência
majoritária entendem que para que haja a consumação do crime de
roubo próprio, basta que ocorra, mediante violência ou grave
ameaça, a inversão da posse da coisa. No caso do crime de furto, é
necessária apenas a inversão da posse da coisa. Desta forma,
conclui-se que em ambos os crimes, a posse mansa não tem
nenhuma importância para fins de verificação sobre a consumação ou
não do delito, visto que o que prevalece é a teoria da inversão da
posse da coisa.

CONCLUSÃO

Apesar de ainda haver divergência entre os doutrinadores á respeito


do momento da consumação dos crimes de roubo e furto, prevalece o
entendimento do STF e do STJ no sentido de que é desnecessário que
o agente tenha a posse mansa da coisa.

Tal posicionamento tem embasamento na teoria da apprehensio ou


amotio, as quais foram reconhecidas pelo STF como teoria da
inversão da posse, o que significa dizer que, para ocorrer a
consumação de tais crimes o que importa é que a posse da coisa seja
invertida, passando da vítima para o agente.

Claro que cada crime tem suas peculiaridades (para que seja
considerado roubo, necessário é, também, agir com violência ou
grave ameaça), porém, a base de ambos é a mesma: subtrair coisa
alheia. Sendo assim, tanto o roubo quanto o furto, segundo doutrina e
jurisprudência dominante, consumam-se pela inversão da posse.

BIBLIOGRAFIA

BRANCO, Emerson Castelo. A Polêmica Questão do Momento


Consumativo do Furto. Disponível em:
http://www.euvoupassar.com.br/?
go=artigos&a=_2HIb0hZBcSJNN61l9dg6otn7NQdrvdKQKkjPaIHEUs~.
Acesso em 12 de Maio de 2011.

MACIEL, Marcelo Valadares Lopes Rocha. Consumação no crime de


furto. Disponível em: http://jus.com.br/revista/texto/10120. Acesso
em: 12 maio 2011.
MUNIZ, Adriano Sampaio. Furto: Análise Crítica. Disponível em:
http://jusvi.com/artigos/29769/2. Acesso em 12 de Maio de 2011.

NAGIMA, Irving Marc Shikasho; oliveira, Bruno Cavalcante De.


MOMENTO CONSUMATIVO DO CRIME DE ROUBO. Disponível em:
http://www.fiscolex.com.br/doc_19886296_MOMENTO_CONSUMATIVO
_CRIME_ROUBO.aspx. Acesso em: 12 maio 2011.

STF. Acórdão. Disponível em:


http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?
s1=basta+a+invers%E3o+da+posse+da+coisa+subtra
%EDdA&base=baseAcordaos. Acesso em 12 de Maio de 2011.

STJ. Acórdão. Disponível em:


http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?
tipo_visualizacao=null&livre=consumado+o+crime+de+roubo
%2C+assim+como+o+de+furto%2C+no+momento&b=ACOR.
Acesso em 12 de Maio de 2011.

TJDFT. Acórdão. Disponível em: http://tjdf19.tjdft.jus.br/cgi-bin/tjcgi1?


DOCNUM=1&PGATU=1&l=20&ID=62223,60487,5452&MGWLPN=SER
VIDOR1&NXTPGM=jrhtm03&OPT=&ORIGEM=INTER. Acesso em 12 de
Maio de 2011.

YOSHIKAWA,Daniella Parra Pedroso. Qual a diferença entre roubo


próprio e roubo impróprio?. Disponível em:
http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?
story=20090508174554346. Acesso em: 12 maio 2011.

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