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Ocorre, contudo, que referidos conflitos não se limitam aos "incidentes da execução", tendo lu-
gar a intervenção do Poder Judiciário em qualquer fase do processo, uma vez que, conforme preceitu-
ado no art. S 2 , X X X V , da C F : "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de
direito". Inclusive, não é admitida a aplicação e a execução da pena sem o devido processo legal, em
obediência ao disposto no inciso LIV do citado artigo, que dispõe: "ninguém será privado da liberdade
ou de seus bens sem o devido processo legal".
Em razão disso, sustenta-se a "jurisdicionalização da execução penal", posto que a atividade do
juiz possui caráter jurisdicional, não obstante atos de cunho administrativo acompanharem o desempe-
nho da sua função.
Inclusive, o já mencionado art. 2- da Lei de Execução Penal cuida de ponto crucial, pois a inci-
dência do princípio da jurisdicionalidade garante o respeito aos direitos dos condenados e a não desvin-
culação do que foi previsto na sentença condenatória através de práticas parciais e arbitrárias.
3. Direitos do condenado
Preceitua o art. 3" da L E P : " A o condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não
atingidos pela sentença ou pela lei".
Portanto, aos condenados a pena privativa de liberdade estão restringidos os direitos de ir e vir e
o direito à intimidade, posto que são direitos incompatíveis com a natureza dessa pena. Mas não estão,
contudo, suprimidos os demais direitos individuais passíveis de serem exercitados com a pena imposta.
Estão garantidos, conforme previsão expressa da Lei de Execução Penal, os direitos à vida, à integrida-
de física, à alimentação, à liberdade de crença, ao sigilo de correspondência, à propriedade, dentre
outros.
Assim, o preso tem direito a tratamento médico, conforme disposto no art. 14 da lei, podendo,
inclusive, contratar profissional de sua confiança (art. 43). O art. 18 do mesmo diploma prevê o direi-
to ao ensino, já que, dentre as finalidades da pena, está a reeducação do condenado. Há também direito
à liberdade de culto, previsto no art. 24, permitindo aos condenados a participação aos cultos religio-
sos, se assim o desejar, uma vez que a liberdade de religião está garantida pela Constituição Federal.
Outro importante direito do condenado é a assistência jurídica, prevista nos arts. IS, 16 e 41,
VII, da LEP, asseguradas as consultas entre os presos e advogados.