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CONTRIBUIÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DE

MACROINVERTEBRADOS, PEIXES, E HABITATS DE


ÁGUA DOCE NO PANTANAL DE NHECOLÂNDIA E DO
RIO NEGRO, MATO GROSSO DO SUL
Donald P. Eaton1
1
Pesquisador, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (UNIDERP) - Fundação
Manoel Barros / Núcleo de Pesquisa Biodiversidade do Pantanal e Cerrado;
Instituto de Biologia da Conservação (IBC); Universidade Estadual Paulista
(UNESP) Bauru; ewrnegro@terra.com.br

RESUMO
Esforços de conservação e investigações biológicas no Pantanal encontram-se nos estágios iniciais de pesquisa básica e
identificação dos fatores de ameaça. Este trabalho pretende contribuir com tais esforços, estudando os hábitats aquáticos que
são caracterizados por comunidades de peixes e invertebrados altamente diversas e produtivas. Informações ecológicas básicas
para a maioria dos invertebrados e peixes de pequeno porte, sem valor comercial, são raras e até mesmo não existentes. Esses
organismos formam a base alimentar para muitas outras espécies que são mais conhecidas e mais valorizadas no Pantanal,
como jacarés, tuiuiús, ariranhas, etc. O status das comunidades de água doce também podem ser utilizadas como indicador
da saúde do ambiente. Os objetivos iniciais foram documentar a composição das espécies e características físico-químicas
na variedade dos hábitats aquáticos bem preservados no Pantanal de Nhecolândia e do Rio Negro. Alguns pontos de coleta
foram amostrados várias vezes a fim de detectar tendências sazonais. Foram observadas diferenças marcantes entre os hábitats
que corresponderam bastante com as descrições feitas pelo povo da região, os pantaneiros. Os dados preliminares serão
utilizados para desenvolver futuros projetos de cunho ecológico, projetos de monitoramento e estratégias de conservação. A
longo prazo, espera-se utilizar os dados das regiões bem preservados como uma referência para monitoramento ao longo de
tempo e para avaliações do nível de perturbação nas comunidades aquáticas em outros regiões.
Palavras-chave: Hábitats aquáticos. Características físico-químicas. Macroinvertebrados. Peixes. Conservação. Pantanal
de Nhecolândia e do Rio Negro.

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


100 DONALD P. EATON

1 INTRODUÇÃO medicinais. Comunidades de invertebrados e


peixes altamente diversificados e produtivos
Alterações ambientais associadas ao caracterizam os habitats aquáticos do Pantanal
desenvolvimento agrário no Planalto em torno da (Britski; SILIMON; BALZAC, 1999; Willink et al.,
Bacia do Pantanal e a proposta para canalizar o alto 2001). A produtividade resulta de uma rápida
Rio Paraguai, chamado “hidrovia”, são ameaças reciclagem de sua base alimentar, vegetação
sérias que podem alterar a hidrologia do Pantanal aquática e semi-aquática. Por outro lado, as
em grande escala (HAMILTON, 1999; Gomes; comunidades de invertebrados e peixes sustentam
VilLela, 1999). Outras ameaças importantes muitas das espécies de apelo turístico do Pantanal,
incluem a perda da pecuária tradicional, os impactos como o jacarés, tuiuiús, ariranhas e outras.
causados por pastos exóticos e o gado, os regimes Apesar da óbvia importância ecológica
de fogo alterados, as espécies exóticas introduzidas dessas comunidades aquáticas, existem poucos
nos ambientes aquáticos (e terrestres), a pressão estudos relacionados à história natural ou ao
de pesca, e a poluição causada pela mineração, o seu “status” em termos de ameaças ambientais
despejo de agrotóxicos nos rios e esgotos urbanos. e de conservação. Os habitats aquáticos na
No Pantanal de Nhecolândia e do Rio Negro, área de estudo estão ameaçadas pela acelerada
habitats relativamente prístinos têm persistido por sedimentação e assoreamento dos rios. Esses
causa da inacessibilidade do local e das práticas processos têm alterado severamente rios próximos
sensatas do uso da terra pelos fazendeiros locais. A como o Taquari e resultam da intensa atividade
flora e fauna permanecem razoavelmente intactas agrária e da erosão nas cabeceiras dos rios tributários
e são típicas da mata de galeria do Rio Negro e da bacia do Rio Paraguai. Poluentes tóxicos (e.g.
da sub-região de Nhecolândia (Adámoli, 1982). pesticidas) oriundos de cabeceiras de tributários
Por ser bem preservada, a área de estudo é o local são outro problema potencial. Localmente, as
ideal para a formação de uma base de dados de atividades relacionadas às mudanças na pecuária
referência para levantamentos de biodiversidade, e tradicional, isto é, desmatamento, queimadas
comparações com áreas perturbadas do Pantanal. não-controladas, formação dos pastos exóticos,
Uma variedade de habitats aquáticos alterações hidrológicas, eutroficação, erosão e
sazonalmente variáveis formam grande parte compactação do solo, também têm causado
da paisagem de Nhecolândia e do Rio Negro. impactos sobre os ambientes aquáticos.
Os habitats abrangem o rio de águas escuras, Por causa das lacunas no conhecimento
braços mortos (“oxbows”), floresta de galeria sobre a gama de habitats aquáticos e organismos no
inundada, áreas do campo inundado, lagos com Pantanal, a prioridade em termos de conservação
predominância de macrófitas e lagos de água a longo prazo foi a coleta de informação básica
salobra e altamente alcalina. Os pantaneiros sobre a composição das espécies e características do
nomearam cada um desses tipos de habitat e ambiente. Essa base de dados serviu como ponto de
reconheceram qualidades úteis, por exemplo, partida para futuros estudos ecológicos relacionados
água potável, peixes em abundância, ou mesmo, a habitats, comunidades e espécies que sejam
águas consideradas como tendo propriedades essenciais na implementação de estratégias efetivas

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de conservação. Os objetivos de nosso levantamento com as percepções do povo local sobre os habitats
preliminar foi classificar os habitats aquáticos da aquáticos?
região e documentar a composição de espécies e Esse questionamento permitirá confirmar
características físico-químicas. e/ou refinar as opiniões e as atitudes de
fazendeiros, peões, e outros naturalistas locais no
2. MATERIAL E MÉTODOS contato com a comunidade e a educação.

2.2 FUTUROS OBJETIVOS


2.1 PERGUNTAS COMENTADAS PARA
O LEVANTAMENTO PRELIMINAR 1. Realizar levantamentos quantitativos
de invertebrados aquáticos e peixes durante as
1. Quais são as características físico-
estações secas e chuvosas nos diversos habitats de
químicas que distinguem os habitats aquáticos?
água doce existentes no Pantanal de Nhecolândia
Identificação de fatores de fácil medição e do Rio Negro;
que distinguem os habitats poderiam facilitar
2. Proceder a medição dos fatores
levantamentos rápidos em regiões desconhecidas
ambientais que podem afetar invertebrados
e estabelecer critérios para identificação e
aquáticos e peixes;
comparação de regiões prístinas com regiões
3. Desenvolver a longo prazo de um
perturbadas, dentre as categorias de hábitat.
programa de monitoramento para avaliar mudanças
2. Quais e quantas espécies compõem as
na biodiversidade aquática da região e o nível de
comunidades aquáticas?
perturbação nas comunidades aquáticas.
3. Como as espécies estão distribuídas
entre os diferentes habitats? 2.3 MÉTODOS
Os itens 3 e 4 são a base de dados
A área de estudo, que no início foi
necessários para lançar futuros estudos ecológicos,
centralizada na Fazenda Rio Negro (19o30’S,
eles fornecem dados de referência que podem
56 o12,5’W), inclui todos os habitats
ser utilizados em programas de monitoramento e
aquáticos e terrestres típicos da região. Situada
recuperação em áreas perturbadas.
perpendicularmente em relação ao fluxo leste-
4. Como as características físico-químicas
oeste do Rio Negro, ela compreende toda a gama
e composição de espécies se alteram durante o
de habitats associados aos gradientes de umidade
ciclo de cheias anuais?
e elevação, isto é, de áreas baixas no rio até
Esses dados mostram a variabilidade áreas mais altas nas florestas de cordilheiras (uma
sazonal de habitats, permitem corrigir as avaliações diferença de altitude pequena de 5 até 10 metros).
dos habitats de acordo com o período do ano, e Para os levantamentos, considerou-se a área total
ajudam a identificar períodos críticos quando da Fazenda Rio Negro como a área de estudo e
eles estão mais vulneráveis a perturbações, por dividiram-se os esforços de coleta uniformemente
exemplo durante a desova. ao longo do eixo longitudinal da fazenda (norte-
5. Em que grau os resultados concordam sul). Esse sistema permitiu que todos os tipos

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de hábitats fossem amostrados em proporção 24 horas. Durante cada ciclo de amostragem,


à sua disponibilidade. Alguns locais dentro das mediram-se as variávies em pontos regularmente
categorias dos habitats (no início definidos pelos espaçados da margem até o meio do corpo d’água
naturalistas pantaneiros, em geral, salinas, baías, (ou a parte mais profunda) e em intervalos de um
o rio, etc.) foram amostrados repetitivamente metro de profundidade.
para detectar variabilidade durante o ciclo de Os pontos do GPS e os perímetros das
inundação e as estações. localidades foram mapeados. Os dados físico-
Um Global Positioning System (GPS) foi químicos coletados foram planilhados e colados
utilizado para registrar os pontos de amostragem. em gráficos para examinar os padrões. O processo
Eles também foram usados para medir a área de identificação dos invertebrados e peixes
de alguns locais. Utilizaram-se os métodos continua em andamento e para isso, conta-se com
limnológicos padrão para temperatura da água a colaboração de especialistas da Universidade
(oC), pH, condutividade (mS/cm), salinidade (ppt), Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) em Campo
alcalinidade (mg CaCO3/l), oxigênio dissolvido Grande, e da Embrapa de Corumbá. Os espécimes
(mg/l), e saturação de oxigênio (%) (Wetzel; Likens, serão depositados nas coleções de referência de
1991; APHA, 1995). Em cada local, as medições ambas instituições.
foram realizadas em três pontos aleatórios
perto de superfície da água. Foram amostrados 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
qualitativamente os macroinvertebrados de água
doce com redes de puçá e de arrasto (malha de tela
3.1 CARACTERÍSTICAS
= 1mm²). Os espécimes foram preservados com
FÍSICO-QUÍMICAS DE
álcool etílico (93%) para posterior identificação.
MACROINVERTEBRADOS E
Os peixes foram amostrados com redes de puçá,
PEIXES TÍPICOS DOS HABITATS
de arrasto, tarrafas e vara de pesca. Os peixes
foram triados no campo e, quando necessário,
AQUÁTICOS:

coletou-se uma sub-amostra de indivíduos para


Os tipos de habitats aquáticos na
uma coleção de referência e futura identificação
Fazenda Ro Negro estão descritos na Tabela 1. As
com a colaboração de museus.
características físico-químicas dos habitats variaram
Em Agosto de 2001, iniciou-se a
de forma dramática do Rio Negro até a planície
comparação de ciclos nictemerais (24 horas)
mais alta de Nhecolândia (Tabela 1, Figs. 1a - e).
das variáveis químicas da água em diferentes
As características do Rio Negro frequentemente
habitats (parte do objetivo 2, “medições dos
foram intermediárias aos de habitats lênticos de
fatores ambientais”). Foram escolhidos locais
águas escuras (braços mortos [“oxbows”], corixos,
contrastantes de diferentes categorias de habitats
e floresta de galeria inundada) e aos de habitats
que já haviam sido incluídos no levantamento
na planície de Nhecolândia (vazantes, baías, e
geral. Em cada local, mediu-se temperatura, pH,
salinas). A água cor de chá do Rio Negro, que se
condutividade, salinidade, oxigênio dissolvido
torna mais pronunciada durante a estação da seca,
e saturação de oxigênio a cada 4 horas durante
deve-se à presença de ácidos orgânicos dissolvidos

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lixiviados pela vegetação de floresta de galeria e das Siluriformes). Grandes invertebrados foram escassos
outras áreas inundadas. De forma geral, os níveis na areia do fundo do rio mas conchas de bivalves
de oxigênio no rio estiveram altos, o pH perto de de água doce foram freqüentemente encontradas.
neutro e a alcalinidade (capacidade tampão da Os habitats lênticos de água escura
água) baixa. Tabuleiros de vegetação flutuante de conectam-se ao rio durante a estação das cheias
aguapé (Eichornia sp., Pontederiaceae) chamados (Janeiro até Abril), mas tornam-se mais ou menos
de camalotes formaram-se ao redor de acúmulos isoladas durante a estação da seca (Julho a
de matéria orgânica nas margens do rio. Outubro). Ao longo do Rio Negro no Pantanal, as
A Tabela 2 mostra uma lista preliminar áreas de floresta de galeria inundada semelham os
das espécies de peixes encontradas na Fazenda igapós de Amazônia. São poças temporárias que
Rio Negro. A Figura 1f mostra a média de número se formam na época das chuvas e desaparecem
de espécies de peixes capturados em cada habitat na estação seca. Elas geralmente contêm muito
por localidade e por data de amostragem. O detrito orgânico da floresta, valores baixos de pH,
número de espécies capturados no Rio Negro foi baixas temperaturas (devido ao sombreamento
intermediário aos de outros habitats. Acredita- da floresta) e níveis baixos de oxigênio (Figs
se que houve uma subestimação causada pela 1a - c). Como todos os habitats intimamente
dificuldade de amostragem, especialmente, em associados ao rio, condutividade e alcalinidade
áreas mais profundas no meio do canal do rio. foram baixos (Figuras 1d - e). A comunidade de
Ao longo de praias arenosas rasas, encontraram-se peixes na floresta de galeria inundada consistiu
cardumes de pequenos caracídeos e ciclídeos, e.g. de umas poucas espécies de peixes pequenos,
Apareiodon affinis (Parodontidae: Characiformes), mas, às vezes, em grande quantidade (Figura 1f).
Astyanax sp. (Characidae: Characiformes), e Espécies típicas encontradas foram curimatídeos
Satanoperca pappaterra (Cichlidae: Perciformes). detritívoros (Curimatidae: Characiformes) e o
Em poças mais profundas, e.g. no fin jusante insentívoro Triportheus paranaensis (Characidae:
das praias, omnívoros como Leporinus friderici Characiformes). Essas poças foram as únicas áreas
(Anostomidae: Characiformes) e o detritívoro onde foram encontrados peixes anuais, Rivulus sp.
migratório Prochilodus lineatus (Prochilodontidae: (Rivulidae: Cyprinodontiformes). Essas espécies
Characiformes) foram bastante comuns. Durante são notáveis por sua habilidade de autofertilização
a estação chuvosa, pacus frugívoros/herbívoros e por seus ovos sobreviverem à dissecação na lama
Piaractus mesopotamicus (Characidae: seca de poças temporárias.
Characiformes) foram pescados próximos a bancos Corixos são canais sazonais que atravessam
de rios, com varas de pescas iscadas com frutos. as margens do rio durante a estação das cheias
Capturaram-se outros peixes de importância e interligam o canal do rio a habitats de floresta
comercial no canal principal do rio, incluindo de galeria, i.e., “oxbows” e poças temporárias.
a piraputanga, Brycon microleps (Characidae: Na estação seca, a água que permanece nos
Characiformes), o dourado, Salminus brasiliensis corixos sustenta uma fauna de peixes diversificada
(Characidae: Characiformes), e o pintado, formada por bagres, caracíneos e ciclídeos que
Pseudoplatystoma corruscans (Pimelodidae: ficaram represados quando as águas diminuíram

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de nível. Muitas espécies aparentemente desovam Characiformes), Tetragonopterus argenteus


e alimentam-se nas poças da floresta de galeria (Characidae: Characiformes), e Gymnogeophagus
durante a estação chuvosa e depois retornam balzanii (Cichlidae: Perciformes). Freqüentemente
aos rios à medida que o nível da água começa capturam-se grandes cascudos, incluindo o
a diminuir. Grandes detritívoros/omnívoros algívoro/detritívoro Liposarcus anisitsi (Loricariidae:
como Loricariidae, Callichthyidae e Pimelodidae Siluriformes), o omnívoro Pimelodus maculatus
(Siluriformes) foram abundantes, assim como vários (Pimelodidae: Siluriformes) e vários doradídeos
tipos de ciclídeos, por exemplo, Gymnogeophagus (Doradidae: Siluriformes).
balzanii (Cichlidae: Perciformes). Traíras predadoras O norte do Rio Negro com sua mata de
Hoplias malabaricus (Erythrinidae: Characiformes) galeria, baías, salinas e vazantes são os habitats
também foram capturadas. Insetos aquáticos aquáticos dominantes. As baías e as salinas são
gigantes (Belosomatidae: Hemiptera) e escorpiões pequenos lagos entre as elevações florestais
d’água (Nepidae:Hemiptera), que são predadores arenosas chamadas cordilheiras. Os lagos,
de insetos, girinos e pequenos peixes, foram comuns juntamente com os campos e florestas de cerrado
em corixos e na floresta de galeria inundada. dão à paisagem a aparência de mosaicos, típicos
Braços mortos, ou “oxbows”, meandros da região da Nhecolândia (ADÁMOLI, 1982).
do rio no passado que ficaram parcialmente ou Existem milhares dessas baías e salinas entre o Rio
totalmente separados do canal principal também Negro e o Rio Taquari. Conforme descritas por
contêm uma fauna de peixes diversificada (Fig. pantaneiros, as baías são lagos de água doce que
1f). Quimicamente, eles são semelhantes ao contêm plantas aquáticas e peixes em abundância,
rio, mas os níveis de pH e oxigênio são mais são consideradas fontes de água potável. Ao
altos durante o período de isolamento (Figs. contrário, as salinas apresentam água salobra
1a - e). Pelo menos duas espécies de bivalve e não-potável. Entretanto, grandes mamíferos
de água doce (Unionoida) foram comuns em como antas e capivaras freqüentam as salinas.
“oxbows”. Camarões (Palaemonidae: Decapoda) Os pantaneiros levam o gado e cavalos às salinas
e ninfas de libélulas (Gomphidae: Odonata) para curar feridas e retirar parasitas. Não ocorrem
foram encontradas em áreas próximas à margem muitas plantas aquáticas nas salinas, os peixes
do “oxbow”. Os bivalves são o principal estão ausentes e suas praias arenosas também não
alimento da raia de água doce, Potamotrygon sustentam plantas.
sp. (Potamotrygonidae: Rajiformes) que foi As características físico-químicas de
observado mas não foi capturado. Cardumes comunidades aquáticas de baías e salinas são
de piranhas Pygocentrus nattereri (Characidae: muito diferentes dos habitats de água escura
Characiformes) foram residentes característicos descritas acima (Figuras 1a-f). Parece haver pelo
de “oxbows”. Um único lançamento de tarrafa menos cinco tipos de baías na região, com base
poderia capturar uma duzia de indivíduos ou na permanência de água, ligações hidrológicas, e
mais. Alguns dos caracídeos e ciclídeos comuns extensão e tipos de cobertura de planta aquáticas.
foram curimatídeos (Curimatidae: Perciformes), As Figuras 1a-f mostram as características de dois
Popatella paraguayensis (Characidae: tipos de baías, baías de macrófitas e baías de

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taboas. Os outros tipos de baías identificados Mesonauta festivus, e Apistogramma spp. (ambos
estão descritos na Tabela 1. Cichlidae: Perciformes). Guarus (Poeciliidae:
Uma típica baía de macrófitas apresenta Cyprinodontiformes) e outro pequeno caracíneo,
várias zonas de macrófitas emergentes, flutuantes Pyrrhulina australis (Lebiasinidae: Characiformes)
e submersas. Gramíneas e arbustos semi-aquáticos foram muito abundantes em águas rasas próximos
ocorrem nas margens. Poucas baías de macrófitas à margem. Peixes pulmonados, Lepidosiren
apresentavam ligações diretas com o rio durante paradoxa (Lepidosirenidae: Lepidosireniformes),
a estação das cheias e a maioria delas recebia muçum, Synbranchus marmoratus (Synbranchidae:
água da chuva e freática (subterrâneo). À Synbranchiformes), tuviras, e.g. Eigenmannia
medida que o nível da água aumenta na estação trilineata (Sternopygidae: Gymnotiformes) e
chuvosa, cadeias de baías vizinhas se conectavam bagres, em geral Corydorus spp. (Callichthyidae:
pela inundação de áreas baixas de campos de Siluriformes) foram coletados no fundo lodoso
gramíneas denominadas vazantes. O nível da água e entre a vegetação flutuante de macrófitas.
oscilante é acompanhado por alterações sazonais Hoplias malabaricus (Erythrinidae: Characiformes)
na vegetação aquática e semi-aquática marginal. foi um predador comum em baías de macrófitas
A água de uma baía de macrófitas típica é e piranhas Serrasalmus sp. foram encontradas em
transparente e o substrato consiste de um camada algumas baías.
espessa de detritos de plantas aquáticas e lama. Baías de taboas são dominadas por
Os níveis de oxigênio e temperatura variaram conjuntos monoespecíficos de taboas, Typha sp.
substancialmente de acordo com a distância até (Typhaceae). Essas baías apresentaram valores mais
a margem e profundidade (discutido abaixo). altos de pH, condutividade e alcalinidade (Figs 1c
O pH esteve perto do neutro, mas os valores - e) em relação às baías de macrófitas e habitats
de alcalinidade e condutividade geralmente de água escura. A água é turva com partículas
estiveram um pouco maiores que os de habitats suspensas de sedimento e o substrato consistiu de
de águas escuras. lama anaeróbica. Apenas algumas poucas espécies
As comunidades de macroinvertebrados de peixes foram capturadas em tais baías, e.g.
aquáticos em um baía de macrófitas consistiram Pyrrhulina australis (Lebiasinidae: Characiformes),
de grandes caramujos-maçã, Pomacea spp. guarus (Poeciliidae: Cyprinodontiformes), e
(Ampullariidae: Gastropoda), caranguejos Crenicichla sp. (Cichlidae: Perciformes). A
(Trichodactylidae: Decapoda), camarões comunidade de invertebrados também apresentou
(Palaemonidae: Decapoda), sanguessugas menos diversidade, consistida principalmente de
(Hirudinae), ninfas de libélulas (Odonata), caramujos (Pomacea sp.), alguns poucos tipos de
hemípteras (Hemiptera), besouros (Coleoptera), ninfas de libélulas (Odonata) e insetos aquáticos
e moscas (Diptera). Várias espécies de pequenos de respiração aérea (Hemiptera).
caracíneos e ciclídeos habitam as baías de As salinas são os habitats aquáticos mais
macrófitas, e.g. Hyphessobrycon spp., Aphyocharax extremos e variáveis em termos de características
spp., Moenkhausia spp., Characidium spp., físico-químicas (Figuras 1a - e). As temperaturas
Roeboides spp. (todos Characidae: Characiformes), nas salinas registradas no final da estação seca

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chegaram a 42oC, os níveis de pH variaram Coleoptera), ninfas de Ephemeroptera (Baetidae),


de 9 a 10, alcalinidades de 8,2 a 93,0 meq/l, e e larvas de Chironomidae de cor vermelho
condutividades de 0,9 a 15,8 mS/cm. Os últimos intenso (Chironomidae: Diptera). Os únicos
valores de condutividade corresponderam a peixes foram uma espécie de guaru (Poeciliidae:
salinidades (ppt) que variam de 2 a 45% da água Cyprinodontiformes) que ocorreram em duas
do mar. A maioria das salinas não apresentou salinas adjacentes. Essa foi outra descoberta e
ligações com outros lagos, exceto em alguns contradiz a crença popular e científica que não
poucos casos em que a água conectou duas salinas, ocorrem peixes nas salinas. No entanto, a maioria
ou uma salina a uma baía de taboa vizinha. Duas das salinas estudadas não apresentaram peixes.
macrófitas foram comuns nas salinas, gramínea de
salina, Paspalum baginatum (Poaceae) e a macro- 3.2 TENDÊNCIAS SAZONAIS DAS
alga Chara spp. (Characeae). Uma espécie de CARACTERÍSTICAS FÍSICO-
macrófita, Potamogeton sp., não registrada no QUÍMICAS
Pantanal (POTT; POTT, 2000) foi encontrada em
As Figuras 2 (a – d) mostram as alterações
uma salina. Essa foi a primeira observação de
sazonais (Agosto 2000 a Outubro 2001) em
uma espécie de Potamogeton em uma salina e
temperatura, pH, alcalinidade e condutividade no
o primeiro registro da família Potamogetonaceae
rio, baías de macrófitas e salinas. As temperaturas
para o Pantanal. Os substratos das salinas variaram,
médias variaram de 18 a 37oC durante o ano.
mas de forma geral, a maioria é de fundo arenoso
As temperaturas mais altas ocorreram no final da
com crescimentos grossos de algas verdes-azuis
estação seca e no início da estação chuvosa, e as
(cianobacterias). As algas se desenvolveram-se no
menores durante curtos períodos de frio (frentes
topo das macrófitas e proporcionavam aos insetos
frias) durante a estação seca. As salinas foram
aquáticos, como libélulas, uma cor translúcida
geralmente os ambientes mais mornos e mostraram
esverdeada. Os níveis de oxigênio estiveram
a maior variabilidade entre lagos individuais. Os
extremamente altos nas salinas (Figura 1b). Em
níveis de pH das salinas foram extremamente
tardes quentes e ensolaradas, podiam-se observar
estáveis e variaram menos durante o ano, em
bolhas ficando presas nas formações de algas e
relação aos níveis de pH nas baías e em pontos do
subindo na coluna da água. A porcentagem de
rio. Durante a estação chuvosa, as baías e pontos
saturação de oxigênio durante o final da tarde
do rio apresentaram níveis decrescentes de pH.
ficou geralmente entre 150 a 200%, mas chegou-
se a registrar valores entre 350 a >400%. As tendências sazonais de alcalinidade
como em condutividade foram similares. Pontos no
A diversidade de invertebrados nas salinas
rio permaneceram estáveis durante o ano e baías
foi baixa, mas as espécies presentes freqüentemente
apresentaram pequenos aumentos em alcalinidade e
ocorreram em grandes densidades: duas ou
condutividade durante a estação seca. A variabilidade
três espécies de Odonata e uma espécie de
entre salinas individuais foi alta tanto em alcalinidade
Hemiptera aquático (Naucoridae: Hemiptera)
como em condutividade. Além disso, valores
foram comuns e abundantes em salinas. Outros
extremos foram observados durante a estação seca
invertebrados incluíram besouros (Hydrophilidae:
de 2001. Entre Agosto e Outubro de 2001, a água de
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várias salinas ficaram restritas a pequenas poças. Se a noite, o oxigênio estocado, que não foi usado pelas
perda de água se deve primariamente à evaporação, plantas, foi gradualmente liberado para a água do
bicarbonatos e outros íons poderiam estar altamente lago. Quando a taxa de respiração do lago excedeu
concentrados nos lagos. a liberação de oxigênio pelas macrófitas (em torno
da meia-noite), os níveis de oxigênio começavam
3.3 CICLOS NICTIMERAIS DA a diminuir novamente. Suspeita-se que a diferença
QUÍMICA DA ÁGUA entre as curvas de oxigênio nas duas salinas
refletiram as diferenças na biomassa de algas.
Medições nictimerais da química da água
A Figura 4 mostra os níveis de oxigênio
revelaram que os níveis de pH, alcalinidade e
bentônico e superfície, a partir da margem até o
condutividade estiveram relativamente estáveis em
meio da baía de macrófitas durante um período
duas baías e duas salinas. No entanto, temperatura
de amostragem durante a manhã. É possível
e oxigênio flutuaram substancialmente durante o
observar que os níveis de oxigênios estiveram
período de 24 horas. Uma das baías era a típica
baixos e diminuíram com a profundidade nas
baía de macrófitas com a condutividade média
zonas de macrófitas emergentes e flutuantes. Em
de 0,05 mS/cm e a outra continha taboas e
águas abertas, onde a mistura da água ocorre mais
condutividade média de 0,93 mS/cm. A salina 4
facilmente, as diferenças entre níveis de oxigênio
apresentou condutividade média de 2,93 mS/cm,
bentônico e superfície foram mínimas. Observa-se
e a salina 3 de 5,43 mS/cm.
um padrão similar na baía de taboas. No entanto,
As Figuras 3a e 3b mostram os resultados
as salinas, que estão bem misturadas por vento e
das medições registradas em água aberta perto de
não suportam muitas macrófitas, não mostraram
superfície da água. Ambas as salinas apresentaram
diferenças grandes nos níveis de oxigênio em relação
maiores temperaturas do que as baías mas as
à distância da margem nem à profundidade.
baías de taboas apresentaram a maior variação
de temperaturas num ciclo diário (Figura 3a).
4 CONCLUSÃO
As alterações em porcentagem de saturação de
oxigênio nas duas salinas e na baía de taboas Utilizando os registros de amostragem,
mostraram o padrão esperado de valores mínimos estima-se que os habitats aquáticos na Fazenda
no início da manhã e máximos no final da tarde Rio Negro compreendem 35% de habitats de água
(Figura 3b). No entanto, a baía de macrófitas escura, 44% de baías (todos os tipos), e 17% de
apresentou uma inversão brusca de padrões, com salinas. No futuro, serão integrados os dados do
valores mínimos de oxigênio no final da tarde e levantamento com análises de SIG e estimativas
máximos em torno da meia-noite. Esses resultados sobre a disponibilidade de habitats aquáticos em
sugerem um intervalo temporal na liberação de medições de área e volume. Medições de pH,
oxigênio, fato comum para algumas macrófitas alcalinidade, e condutividade/salinidade mostraram
(Wetzel, 1983). Nessas baías, apenas os efeitos da o maior potencial para distinguir e classificar
respiração foram observados durante o dia, porque habitats aquáticos. Tais medições podem ser obtidas
o oxigênio produzido durante a fotossíntese foi rapidamente e são relativamente estáveis tanto
estocado nos tecidos das macrófitas. Após o cair da

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108 DONALD P. EATON

diariamente como sazonalmente. Temperatura e elevação e às barreiras ao escoamento subterrâneo


oxigênio variaram substancialmente entre os tipos (e.g. solos impermeáveis). É provável que perdas
de habitat, portanto, para que comparações possam devido à evapotranspiração de macrófitas nas
ser feitas, é necessário realizar análises nictimerais baías devem exceder as entradas, especialmente
durante estações do ano específicas. Esses dados durante a estação seca, levando a um aumento
serão importantes para investigações ecológicas de pH e alcalinidade. A redução no volume de
detalhadas, mas exigem muito tempo para serem água também leva a uma concentração de íons
incluídos em levantamentos regionais rápidos. causando um aumento de condutividade.
Para uma classificação mais refinada dos habitats, Nas salinas, a taxa de evapotranspiração
por exemplo, a distinção das sub-categorias de das macrófitas é quase imperceptível. No
baías, também é necessária a coleta de mais dados entanto, a evaporação na superfície combinada
biológicos. Os sistemas de classificação, utilizando com sedimentos impermeáveis são as possíveis
as macrófitas e comunidades de peixes, mostraram- causas de altos valores de pH, alcalinidades e
se mais eficientes durante levantamentos rápidos. condutividades. É possível que um provável
Ambas mostraram grande variação entre habitats e mecanismo de “feedback” exista em salinas,
foram mais facilmente amostrados e identificados do causando um aumento de salinidade. Isso deve
que outros organismos aquáticos, por exemplo, algas envolver a evaporação e a precipitação de sais que
e macroinvertebrados. conferem sedimentos menos permeáveis à água.
Os resultados físico-químicos sugerem A maior impermeabilidade dos sedimentos deve
que existem gradientes de isolação hidrológica dificultar a entrada de água doce, levando a um
que aumentam ao longo de um transecto a partir aumento relativo da evaporação e precipitação
do rio e associados habitats de água escura até as de sais mais impermeáveis. Nesse cenário, as
baías e salinas. Maiores valores de pH, alcalinidade salinas eventuamente bloqueiam a entrada e a
e condutividade ao longo do transecto indicam saída de águas subterrâneas e o balanço hídrico
uma mudança no balanço hídrico dos habitats seria afetado somente pela entrada da água das
(HUTCHINSON, 1957; Wetzel, 1983). Os rios do chuvas e perdas por evaporação. No Pantanal de
Pantanal são endorréicos, isto é, a perda da água Nhecolândia, os principais íons encontrados nas
para os aquíferos e a evapotranspiração excedem os salinas consistem principalmente de carbonatos de
ganhos a partir da chuva e das cheias (POR, 1995). sódio e potássio (Pott; Pott, 2000) e sabe-se que o
Localmente, se esse desequilíbrio for pequeno sódio diminui a permeabilidade do solo (APHA,
como é esperado para rios sem represamentos 1995). Aparentemente as salinas apresentam
como o Rio Negro, os níveis de pH e alcalinidade as características incomuns de lagos alcalinos
devem ser baixos (WETZEL, 1983). Uma vez que descritos para África, i.e., altos valores de pH, de
a evapotranspiração é baixa, as condutividades alcalinidade e de condutividade, comunidades de
devem ser similares aos tributários à montante. Na algas cianofíceas altamente produtivas, e faunas de
planície alagada, no entanto, a entrada de água invertebrados pobres em espécies mas altamente
subterrânea e de superfície nos habitats aquáticos produtivas (Talling et al., 1973).
devem ser mais restritos devidos aos gradientes de Baías de taboas apresentaram valores de

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CONTRIBUIÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS, PEIXES, E HABITATS DE ÁGUA DOCE NO PANTANAL DE NHECOLÂNDIA E DO RIO NEGRO, MATO GROSSO DO SUL 109

pH, alcalinidade e condutividade intermediários são escassos; e a maior concentração de aves


aos de salinas e de baías de macrófitas típicas. pernaltas é observado nas salinas. Obviamente,
Freqüentemente, elas estão localizadas em faixas alterações no regime hidrológico do Pantanal pela
entre áreas de baías de macrófitas e áreas de realização de projetos como a hidrovia no Rio
salinas. Dessa forma, é esperado que essas baías Paraguai, ou relacionados a assoreamento dos rios,
apresentem um nível de isolação hidrológica afetariam não apenas os habitats aquáticos e suas
intermediário. É possível que as baías de taboas comunidades, mas também as espécies terrestres
sejam habitats transicionais que tendem a se que dependem deles.
comportar mais como salinas durante a estação Exceto por pequenas diferenças, os
seca e mais como baías de macrófitas durante a resultados concordam com o sistema pantaneiro
estação chuvosa. de classificação dos habitats aquáticos. É importante
As características físico-químicas fornecer base científica às diferenças que os locais
relacionadas à isolação hidrológica descritas já reconheciam, para que as futuras gerações e
anteriormente, assim como a conectividade pessoas que não conheçam o Pantanal entendam
e permanência de habitats e a habilidade de a importância de cada tipo diferente de habitat.
dispersão dos organismos são importantes Os resultados sugerem que a categoria de “baía”
determinantes na composição da comunidade compreende uma série de tipos de habitats e
aquática. Por exemplo, o número de espécies de portanto, irão ajustar a coleta para que todos
peixes diminuiu em habitats hidrologicamente sejam incluídos. A composição química das salinas
mais isolados na planície de Nhecolândia (e.g. também variou substancialmente, por exemplo,
baías de taboas) e em habitats de água escura acima de condutividades de 1,0 mS/cm, uma
temporários (e.g. floresta de galeria inundada) correlação íntima entre condutividade e alcalinidade
(Fig. 1f). Com base nas observações preliminares não foi mais aparente. Isso sugere diferenças pela
de invertebrados, peixes e plantas aquáticas, composição de íons nas salinas. Para melhorar
espera-se que as análises taxonômicas e de as predições dos modelos para classificação de
classificação mostrem comunidades aquáticas habitats, será necessário identificar os principais
distintas, típicas de cada tipo de habitat. Isso íons responsáveis pela variação da condutividade e
reforça a importância dos levantamentos da alcalinidade. Planeja-se incluir análises de íons
preliminares e a classificação dos habitats para específicos, em levantamentos posteriores.
o planejamento e implementação de programas Além de continuar a realizar o levantamento
de monitoramento e projetos de recuperação. nos habitats aquáticos bem preservados no
Também tem sido demonstrado por estudos de Pantanal de Nhecolândia e do Rio Negro, planeja-
Keuroghlian, eaton despiez (2005) e Donatelli se incluir locais com níveis deconhecidos de
(2003) que habitats aquáticos específicos contêm perturbação. Como o assoreamento dos rios é
importantes recursos para espécies terrestres, um processo lento e gradual de difícil detecção,
em geral, queixadas entram nas baías para se a identificação de locais de monitoramento
alimentar de plantas aquáticas, e possivelmente é uma prioridade. Apesar das limitações de
do caramujos, em períodos em que os frutos equipamento e dificuldades de amostragem, será

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110 DONALD P. EATON

iniciado também um levantamento quantitativo Peixes do Pantanal: Manual ilustrado com chave
dos peixes, especialmente ao longo dos rios. O de identificação das 263 espécies de peixes que
ocorrem na planície pantaneira. Embrapa do
monitoramento de alterações nas populações
Pantanal, Corumbá·, MS, Brasil. 1999, 184 p.
da ictiofauna será uma ferramenta muito útil na
demonstração dos efeitos do assoreamento e DONATELLI, R. J. 2003. Birds and dynamic
habitat mosaics in the Pantanal, southwestern
outras ameaças ao ambiente.
Brazil. Annual Report for Earthwatch Institute.
ABSTRACT
Conservation efforts and biological investigations in GOMES, L.; VILLELA, R. 1999. Uma ferida no
the Pantanal are in the early stages of identification verde. Veja. Editora ABRIL, edição 1 600, ano 32,
of environmental threats and baseline exploratory
n8 22, 96-99.
research. We plan to contribute to these efforts
by studying a range of aquatic hábitats that HAMILTON, S. K. 1999. Potential effects of a major
characteristically have diverse and highly productive navigation project (Paraguay-Paraná hidrovía) on
communities of freshwater invertebrates and fishes.
inundation in the Pantanal floodplains. Regulated
Basic ecological information is rare for these hábitats
and nonexistent for most of the invertebrates and Rivers: Research & Management 15: 289-299
smaller, non-commercial fishes. The latter are the food
HUTCHINSON, G. E. A treatise on limnology,
base for many of the charismatic species identified
volume I, geography, physics, and chemistry. John
with the Pantanal, e.g. caiman, jabiru storks, and giant
otters. The status of freshwater communities also can Wiley & Sons, Inc., New York, NY. 1957, 1015 p.
be used as an indication of environmental health. Our
KEUROGHLIAN, A.; EATON, D. P.; DESBIEZ,
initial goals were to document species composition and
physicochemical characteristics in the diverse array of A. 2005. Habitat fragmentation and potential
well-preserved aquatic hábitats in the Nhecolândia extinction of frugivores in two Neotropical
and Rio Negro regions of the Pantanal. We sampled ecosystems: role of fruit availability and diversity.
some sites repeatedly to monitor seasonal trends. Frugivores and Seed Dispersal International
Marked differences among the hábitats were observed Symposium, Brisbane, Australia.
and corresponded closely with hábitat descriptions
provided by native “pantaneiros” (local people). These POR, F. D. The Pantanal of Mato Gross (Brazil),
preliminary data will be used to plan and develop future Kluwer Academic Publishers, Dordrecht. 1995,
ecological investigations, monitoring programs, and
622 p.
conservation strategies. Our long-term goals are to use
the baseline (or reference) information collected from POTT, V.; POTT, A. Plantas Aquáticas do Pantanal.
well-preserved aquatic communities and hábitats for EMBRAPA, Brasília, Brasil. 2000, 404 p.
monitoring temporal changes and detecting disturbance
in other regions of the Pantanal. TALLING, J. F.; WOOD, R. B.; PROSSER, M.
V.; BAXTER, R. M. 1973. The upper limit of
photosynthetic productivity by phytoplankton:
REFERÊNCIAS
evidence from Ethiopian soda lakes. Freshwater
Biology 3:53-76.
ADÁMOLI, J. 1982. O Pantanal e suas relações
fitogeográficas com os Cerrados. Discussão sobre Wetzel, R. G. Limnology, second edition. Saunders
o conceito do “Complexo do Pantanal,” XXXII College Publishing. Philadelphia, PA. 1983, 767 p.
Congresso Nacional de Botânica. Teresina, Piaui:
109 -119. Wetzel, R. G.; G. E. Likens. Limnological analyses.
Springer-Verlag, New York, NY. 1991, 994 p.
APHA. Standard methods for the examination of
water, sewage, and wastewater, 19th Ed. American Willink, P. W.; Chernoff, B.; Alonso, L. E.;
Public Health Association, New York, NY. 1995. Montambault, J. R.; Lourival, R., Eds. A Biological
BRITSKI, H. A.; SILIMON, K. Z.; BALZAC, B. S. Assessment of the Aquatic Ecosystems of the Pantanal,

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


CONTRIBUIÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS, PEIXES, E HABITATS DE ÁGUA DOCE NO PANTANAL DE NHECOLÂNDIA E DO RIO NEGRO, MATO GROSSO DO SUL 111

Mato Grosso do Sul, Brasil, RAP Bulletin of Biological


Assessment, 18. Center for Applied Biodiversity
Science (CABS), Conservation International, The
Field Museum, Museu de Zoologia, Universidade de
São Paulo, EMBRAPA, Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul. 2001, 137 p.

TABELA 1 - Hábitats aquáticos no Pantanal de Nhecolândia e do Rio Negro, Fazenda Rio Negro, Aquidauana, Mato
Grosso do Sul, Brasil
Alcalinidade total Condutividade
Hábitats pH Descrição do Habitat
(meq/l) específica (mS/cm)

Hábitats de águas escuras:

Rio Negro 6,5 – 7,5 0,2 – 0,5 0,02 – 0,05 Rio de águas escuras; substrato
arenoso; presença de camalotes
represados pelas raízes e árvores
caídas

“Oxbows”, 6,5 – 9,3 0,2 – 0,3 0,03 – 0,04 Habitats lênticos; remanescentes
braços mortos, de meandros do rio; águas
lagos marginais escuras; parcialmente ou
totalmente isolados do rio
durante a estação seca; substrato
arenoso ou de silte; hábitats
longos e profundos com a
presença de camalotes

Corixos 6,1 – 7,0 0,2 – 0,9 0,02 – 0,09 Canais sazonalmente inundados;
ligando poças, “oxbows” e outras
águas da floresta de galeria ao rio
durante a estação chuvosa; poças
isolados do canal persistem
durante a estação seca

Floresta de 5,3 – 6,7 0,4 – 0,5 0,03 – 0,06 Poças de água inundados
galeria inundada sazonalmente na floresta de
galeria; bem sombreadas;
substrato arenoso e de silte
com muito detrito orgânico da
floresta

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


112 DONALD P. EATON

TABELA 1 - Hábitats aquáticos (página 2)

Alcalinidade total Condutividade


Habitats pH Descrição do Habitat
(meq/l) específica (mS/cm)

Habitats de Nhecolândia:
Vazantes 4,2 – 6,4 0,2 – 0,5 0,5 – 0,07 Campos inundados
sazonalmente; largos e rasos;
drenagem das águas de chuva;
ligações entre baías e outros
habitats durante a estação
chuvosa

Baías 4,2 – 9,3 0,1 – 8,2 0,02 – 1,13 Lagos rasos; permanentes
ou temporários; com baixa a
média salinidade; zonas de
plantas aquáticas diversificadas
e produtivas; substratos de silte
e detrito orgânico
- baías de 5,3 – 7,7 0,2 – 1,8 0,02 – 0,22 Zonas de plantas aquáticas
macrófitas diversificadas e produtivas

- baías 4,2 – 6,7 0,1 – 0,6 0,02 – 0,24 Apresentam água apenas durante
temporárias alguns anos na estação chuvosa

- baías de 5,5 – 9,3 0,2 – 2,7 0,02 – 0,40 Grandes baías com alta
água aberta porcentagem de água aberta e
estreita faixa de macrófitas

- baías de 5,0 – 6,8 0,2 – 0,5 0,02 – 0,07 Associadas a grandes campos
vazantes inundados

- baías de 7,1 – 8,5 3,6 - 5,1 0,22 – 0,60 Presença de grandes


ninféas quantidades de plantas
aquáticas denominadas ninféas
(Nymphaeaceae)
- baías de taboa 7,2 – 8,7 3,6 – 8,2 0,59 – 1,13 Baías dominadas por taboas
(Typha sp.)

Salinas 8,8 – 10,5 8,3 – 93,0 0,90 – 15,88 Lagos rasos de água salobra e
altamente alcalina; salinidades
entre 2 - 45% da água do
mar; tipicamente, com poucos
tipos de plantas aquáticas e
nenhuma espécie de peixe,
mas comunidades de algas e
invertebrados produtivas

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


CONTRIBUIÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS, PEIXES, E HABITATS DE ÁGUA DOCE NO PANTANAL DE NHECOLÂNDIA E DO RIO NEGRO, MATO GROSSO DO SUL 113

TABELA 2 - Lista preliminar das espécies de peixes encontradas na Fazenda Rio Negro, Aquidauana, MS, Brasil entre
Janeiro de 2001 e Dezembro de 2002. A classificação e os nomes comuns seguem (BRITSKI et al.,1999). As estimativas
do número das espécies não identificadas nas categorias taxonômicas são mostradas entre parênteses.
Ordem:
Família:
Subfamília: Gênero Espécie Nome comum
Myliobatiformes:
Potamotrygonidae: Potamotrygon motoro raia
Lepidosireniformes:
Lepidosirenidae: Lepidosiren paradoxa pirambóia
Characiformes:
Characidae:
Bryconinae: Brycon microlepis piraputanga
Triportheinae: Triportheus paranensis sardinha
Tetragonopterinae: Tetragonopterus argenteus sauá
Markiana nigripinnis lambari-campo
Gymnocorymbus ternetzi tetra-preto
(2 espécies não-
Moenkhausia lambari
identificadas)
Bryconops melanurus
Astyanax bimaculatus lambari
(> 5 espécies não-
Astyanax lambari
identificadas)
(3 espécies não-
Hemigrammus
identificadas)
Hyphessobrycon eques mato-grosso
(2 espécies não-
Hyphessobrycon mato-grosso
identificadas)
Aphyocharacinae: Aphyocharax anisitsi
Aphyocharax paraguayensis
Aphyocharax rathbuni
(2 espécies não-
Cheirodontinae: Odontostilbe
identificadas)
Salmininae: Salminus brasiliensis dourado
(2 espécies não-
Characinae: Roeboides saicanga
identificadas)
Acestrorhynchinae: Acestrorhychus pantaneiro peixe-cachorro
Stethaprioninae: Poptella paraguayensis saia-branca
Myleinae: Catoprion mento catirina
Myloplus levis pacu-peva
Metynnis mola pacu-peva
Metynnis maculatus pacu-peva
Mylossoma orbignyanum pacu-peva
Piaractus mesopotamicus pacu
Serrasalminae: Pygocentrus nattereri piranha
Serrasalmus marginatus piranha
Serrasalmus spilopleura piranha

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


114 DONALD P. EATON

TABELA 2 - Lista preliminar das espécies de peixes (página 2)


Ordem:
Família:
Subfamília: Gênero Espécie Nome comum
Characiformes:
Crenuchidae:
Characidiinae: Characidium (2 espécies não-identificadas) piquira
Parodontidae: Apareiodon affinis duro-duro
Hemiodontidae: Hemiodopsis semitaeniatus peixe-banana
Hemiodus orthonops peixe-banana
Prochilodontidae: Prochilodus lineatus curimbatá
Curimatidae: Curimatopsis myersi
Psectrogaster curviventris sairu-cascudo
Curimatella dorsalis curimbatazinho
Potamorhina squamoralevis sairu-liso
Cyphocharax gillii curimbatazinho
curimbatazinho
Steindachnerina nigrotaenia
ou sagüíru
Anostomidae: Leporellus vittatus piava
Leporinus striatus piava
Leporinus friderici piau
Leporinus macrocephalus piavuçu
Lebiasinidae:
Pyrrhulininae: Pyrrhulina australis
Erythrinidae: Hoplias malabaricus traíra
Erythrinus erythrinus jeju
Hoplerythrinus unitaeniatus jeju
Gymnotiformes:
Rhamphichthyidae: Gymnorhamphicthys hypostomus
Gymnotidae: Gymnotus cf. carapo
Hypopomus (1 espécie não-identificada)
Sternopygidae: Eigenmannia trilineata tuvira
Siluriformes:
Trichomycteridae: (2 espécies não-identificadas)
Ageneiosidae: Ageneiosus (1 espécies não-identificada) palmito
Pimelodidae: Rhamdia (1 espécies não-identificada) bagre
Pimelodella (1 espécies não-identificada) chum-chum
Pimelodus ornatus cabeçudo
Pimelodus maculatus bagre, or mandi
Hemisorubim platyrhynchos jurupoca
Sorubim cf. lima jurupensém, bico-de-pato
Pseudoplatystoma corruscans pintado
Pseudoplatystoma fasciatum cachara
Auchenipteridae: (1 espécie não-identificada)
Doradidae: Platydoras armatulus roque-roque

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CONTRIBUIÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS, PEIXES, E HABITATS DE ÁGUA DOCE NO PANTANAL DE NHECOLÂNDIA E DO RIO NEGRO, MATO GROSSO DO SUL 115

TABELA 2 - Lista preliminar das espécies de peixes (página 3).


Ordem:
Família:
Subfamília: Gênero Espécie Nome comum
Siluriformes:
Scoloplacidae: (1 espécie não-identificada)
Callichthyidae: Callichthys callichthys camboatá
Hoplosternum littorale camboatá
Corydoras hastatus camboatazinho
Corydoras (1 espécie não-identificada)
Brochis splendens
Loricariidae:
Loricariinae: (3 espécies não-identificadas)
Hypostominae: Liposarcus anisitsi cascudo
Hypostomus (2 espécies não-identificadas) cascudo

Cyprinodontiformes:
Poeciliidae: Pamphorichthys hasemani guaru
Rivuliidae: (3 espécies não-identificadas)
Beloniformes:
Belonidae: Potamorhaphis eigenmanni peixe-agulha
Perciformes:
Sciaenidae: Plagioscion ternetzi corvina
Cichlidae: Apistograma (4 espécies não-identificadas) cará
Gymnogeophagus balzanii cará
Satanaperca pappaterra cará
joana-guensa
Crenicichla vittata
ou joaninha
joana-guensa
Crenicichla lepidota
ou joaninha
Aequidens plagiozonatus cará
Laetacara dorsigera cará
Mesonauta festivus cará
Synbranchiformes:
Synbranchidae: Synbranchus marmoratus muçum
Pleuronectiformes:
Achiridae Catathyridium jenynsii solha ou linguada

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116 DONALD P. EATON

Figura 1a-f – Valores médios e erro-padrão de temperatura (a), porcentagem de oxigênio saturado (b), pH (c), alcalinidade (d),
condutividade (e), número de espécies de peixes capturados por localidade e por período amostral (f) em habitats
aquáticos; de janeiro, 2000 a Outubro, 2001, Fazenda Rio Negro, Aquidauana, MS, Brasil (n=96 localidades).

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


CONTRIBUIÇÃO PARA CONSERVAÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS, PEIXES, E HABITATS DE ÁGUA DOCE NO PANTANAL DE NHECOLÂNDIA E DO RIO NEGRO, MATO GROSSO DO SUL 117

Figura 2a-d - Padrões sazonais (média ±desvio-padrão) de temperatura (a), pH (b), alcalinidade (c), e condutividade (d)
para salinas, baías de macrófitas e localidades no rio, Fazenda Rio Negro, Aquidauana, MS, Brasil.

Figura 3a-b - Mudanças de temperatura (a) e oxigênio, expressado como % saturado (b), durante 24 horas em 2
salinas e 2 baías (medidas em águas abertas, perto da superfície, no meio do lago), Fazenda Rio Negro,
Aquidauana, MS, Brasil

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006


118 DONALD P. EATON

Figura 4 - Padrões de superfície e bêntico (no substrato) de oxigênio dissolvido (OD) e profundidade, da margem para
o centro do lago; baía 3, 8/Agosto/2001, 9:00, Fazenda Rio Negro, Aquidauana, MS, Brasil.

Ensaios e ci., Campo Grande, v. 10, n. 1, p. 99 - 118, abr. 2006

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