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ÉTICA

ROSARINHA BASTOS

2004
Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade, cujo objeto é a moral, ou seja, o conjunto de
regras de comportamento e formas de vida através das
quais tende o homem a realizar o valor do bem.
I - INTRODUÇÃO

As teorias éticas, no sentido puro do termo, são marcadamente diferentes


dos sistemas ou doutrinas morais, que têm por objetivo a elaboração de
conjuntos específicos de regras de conduta que orientem a vida (por exemplo,
a moral cristã). Também se distingue da ética prática ou aplicada, que analisa
os argumentos empregados para embasar determinadas premissas ou
conclusões morais (por exemplo, a condenação ou aceitação do aborto).
A questão geralmente considerada fundamental na ética filosófica é a
justificação da moralidade, isto é, se é possível ou não demonstrar que uma
ação moral é racional.
As escolas e correntes éticas podem ser divididas em três categorias:
 A primeira deriva da Ética de Aristóteles e privilegia as virtudes (justiça,
caridade e generosidade), tidas como propensas tanto a provocar um
sentimento de realização pessoal àquele que age quanto simultaneamente
beneficiar a sociedade em que o mesmo vive. A ética aristotélica, por
valorizar a harmonia entre a moralidade e a natureza humana, concebendo
a humanidade como parte da ordem natural do mundo, é também
qualificada como naturalista;
 A segunda categoria, representada de modo mais sistemático e profundo
por Kant, faz do conceito de dever o ponto central da moralidade (chamada
deontologia). Kant dizia que a única coisa que se pode afirmar que seja boa
em si mesma é a “boa vontade” ou boa intenção, aquela que se põe
livremente de acordo com o dever. O conhecimento do dever, segundo
Kant, é conseqüência da percepção, pelo sujeito, de que ele é um ser
racional e que, portanto está obrigado a obedecer ao que Kant chamou
imperativo categórico: a necessidade de se respeitar todos os seres
racionais na qualidade de fins em si mesmos. As idéias de Kant acerca da
moralidade estão estreitamente ligadas à sua visão do livre arbítrio;
 A terceira corrente dentro da ética é o utilitarismo, segundo o qual o
objetivo da moral é o de proporcionar o máximo de felicidade ao maior
número de pessoas. As teorias relativas à ética também podem ser
divididas conforme afirmação ou negação da existência de uma verdade
moral objetiva. Hume, por exemplo, como subjetivista, sustentava que a
moralidade está profundamente enraizada nos sentimentos humanos, e
não em um princípio objetivo. A ética, no último século, tem lidado
principalmente com a análise do significado da linguagem moral,
abordando, por exemplo, as relações entre as afirmações morais e a
expressão de atitudes emocionais.

II- HISTÓRICO

A partir de Sócrates, a filosofia, que antes estudava a natureza, passa a se


ocupar de problemas relativos ao valor da vida, ou seja, das virtudes. O
primeiro a organizar essas questões é o filósofo grego Aristóteles, cujas obras
estudam a relação entre a ética individual e a social, entre a vida teórica e a
prática; classificando as virtudes, a justiça, a amizade e os valores morais
derivadas dos costumes e servindo para promover a ordem política. Para ele, a
sabedoria e a prudência estão vinculadas entre a inteligência e a razão.
Na idade média, predomina a ética cristã, baseada no amor ao próximo,
que incorpora as noções gregas de que a felicidade é um objetivo do homem, e
a prática do bem constitui um meio de atingi-la. Os filósofos cristãos partem
do pressuposto de que a natureza humana tem um destino predeterminado e de
que Deus é o princípio da felicidade e da virtude.
Entre a idade média e a modernidade, Maquiavel provoca uma revolução
na ética ao romper com a moral cristã, que impõe os valores espirituais como
superiores aos políticos. Defende a adoção de uma moral própria em relação
ao Estado. O que importa são os resultados, e não a ação política em si. Por
isso considera legítimo uso da violência contra os que se opõem aos
interesses estatais.
Nos séculos XVIII e XIX, Rousseau, Kant e Hengel, são os principais
filósofos a discutir a ética. Segundo Rousseau, o homem é bom por natureza, e
seu espírito pode sofrer um aprimoramento quase ilimitado. Para Kant, ética é
obrigação de agir segundo regras universais com as quais todos concordam. O
reconhecimento dos outros homens é o principal motivador da conduta
individual. Hengel, transforma a ética em filosofia do direito, dividindo-a em
ética subjetiva ou pessoal – consciência de dever, e ética objetiva, ou social –
formada pelos costumes, pelas leis e normas de uma sociedade.
Na filosofia contemporânea os princípios do liberalismo influenciam o
conceito de ética, que ganha traços de moral utilitária. Os indivíduos devem
buscar a felicidade e, para isso, fazer as melhores escolhas entre as alternativas
existentes. Para o filósofo inglês Bertrand Russell, a ética é subjetiva. Não
contém afirmações verdadeiras ou falsas. É expressão de um grupo. Não
obstante Russell diz que: o homem deve reprimir certos desejos e reforçar
outros, se pretende atingir a felicidade ou o equilíbrio.
III- DA ÉTICA SOCIAL

É parte da ética filosófica que trata das moralidades das ações e das
relações humanas sociais, isto é, da conformidade ou não conformidade dessas
ações e relações sociais com o fim último do homem.
É ciência autônoma e participa da filosofia prática, distinguindo de outras
ciências, tais como sociologia (descritivismo), e da filosofia social (essência,
estrutura, origem e o fim do social). A ética social examina a moralidade das
ações e das relações humanas sociais, estuda o fato humano social ou,
simplesmente, o fato social, enquanto o homem e sua existência social é
compartilhada, genericamente, por outras ciências (política, ciência do direito,
sociologia, psicologia social, etc.).
Quanto ao objeto, do ponto de vista material a ética social não se limita a
um significado exclusivamente dinâmico (conduta, ação). As sociedades são
unidades de ordem de relação, que, como tal, não atuam por si, senão que seus
integrantes operam em ordem ao fim societário. Em sendo assim, o objeto
dessa ética é amplamente o que está qualificado pelo ser social: a conduta
humana social, a união de conhecimento, a união afetiva, as diversas formas
sociais, o direito, as instituições e os complexos culturais. O objeto formal da
ética social é a moralidade das ações e relações sociais, a apreciação da
conformidade dessas ações e relações com a lei natural. Não se trata, portanto,
de legitimar o social pelo fato de sua existência:

Lo bueno se justifica por sí solo, y siendo


bueno no deja de difundir su bondad, ya
que el bien es común en cuanto bueno y
bueno, en cuanto común.
(Carlos Cardona)

O contrário - admitir a função social, o consenso, a consciência coletiva


como critérios últimos da eticidade - é recair em sociologismo ou numa ética
sociológica. A ética social não deve resignar-se em ser uma fonte de
convergência material dos resultados particulares das diversas ciências
humanas, nem em constituir-se à margem da realidade social.
IV- DA ÉTICA PROFISSIONAL

É parte da ética filosófica que estuda os atos humanos profissionais em


sua conformidade com o fim último do homem. De suma importância
sublinhar que a ética profissional não se cifra num capítulo da ética social.
Existem correntes doutrinárias que estudam os deveres profissionais como
parte dos deveres sociais. Esse estudo tem a vantagem de tornar mais gráfica a
importância social da profissão, mais é preciso não esquecer seu aspecto
individual e as exigências éticas que lhe correspondem.
Quando se cogita de uma ética social familiar, seu objeto específico – as
ações da e na comunidade familiar – embora desvele perspectivas individuais,
está muito mais vincado à idéia e à realidade comunitárias do que o exercício
da profissão. A família é um grupo social, a profissão tem função social, ou
seja, a profissão é um fato social, porém, seu principal aspecto é a
pessoalidade do agente. Nesse sentido, a conduta ética na profissão guarda
similaridade com o que se poderia denominar de ética das instituições (ética
da propriedade, do capital, etc.), porque propriedade e capital não são funções
sociais, têm-nas.
Não há que se falar em profissão sem sociedade – ubi officium ibi
societas.
A profissão é, essencialmente, uma atividade social, uma função social,
um fato social, com ordenação ao bem comum. A profissão não é outra coisa
do que a expansão ou a distinção da própria personalidade em favor do bem
comum. E, dentro deste contexto social existem as normas de ética que devem
ser respeitadas.

V – DA ÉTICA NA JUSTIÇA
5.1 Ética e Direito em Agostinho

O homem, hoje, é o centro comum de todas as atenções, em que pese a


divergência das diferentes filosofias e ideologias, afinal, os problemas dessa
criatura central envolvem, sem sombra de dúvidas, soluções morais e éticas. O
que justifica a importância do estudo da ética em Agostinho é que ele se
preocupou, profundamente, com a vida boa e honesta mesmo sabendo que
está é passageira, temporal.
Garantir os direitos fundamentais da pessoa humana (tendo a vida beata como
principal deles), é um dos tópicos da Ética Agostiniana.
Os problemas sociais exigem soluções com um fundamento moral e ético
que, segundo o pensamento clássico e especialmente em Agostinho, essa
fundamentação remonta até Deus como princípio primeiro da normatividade
que passa a ter certa função reguladora em toda a civilização sucessiva.
Santo Agostinho toca no problema mais profundo da “autonomia” do
Estado, como fonte de direito, com relação à “Cidade Terrestre”.
As “duas cidades”, assim ditas de maneira alegórica, que dividem todo o
gênero humano e cujos últimos fins são bens diversos: o céu e o inferno, essas
cidades vivem em eterno conflito assim como o bem e o mal. E, para isso, fez-
se necessário definir a natureza e o valor do próprio Estado. Seria ele uma
Instituição de Direito Natural e em que sentido? Ou, seria ele Neutro
(independente) diante da Moral e da Religião, ou ao contrário, Ético e, ao
extremo, Teocrático? Tudo isso equivale, ainda, a se perguntar pelo sentido
genuíno para Agostinho da “verdadeira justiça” prerrogativa da “Cidade de
Deus” e que corresponde, aqui na terra, à “nossa justiça” participada e
imperfeita, distinta da justiça perfeita de Deus.

5.1.1 Pressupostos metafísicos e de fé da “Lei Temporal”

Segundo Agostinho, existe uma Lei ou Direito Natural como


fundamento, base ou justificativa da lei positiva, ambas referidas a uma lei
eterna ou divina, ou seja, tanto a “Lei Natural” como a “Lei Positiva” é
inspirada por Deus.
Ele define Lei Eterna como a razão divina ou a vontade de Deus
(expressa principalmente nos dois primeiros mandamentos ) enquanto ordena
guardar a ordem natural e proíbe perturbá-la.
Executar essa ordem é garantir a paz e assim a vida boa e honesta.
Agostinho explica que, se vivemos: com a fé não fingida que atua pela
caridade, já estamos vivendo justamente, segundo a lei eterna pela qual se
respeita a ordem natural.
“Ordem” e “Amor” constituem o ponto capital de toda a doutrina moral e
ascética agostiniana, ou seja, a ética de Agostinho centra-se no amor
ordenado, que se fundamenta, por sua vez, na própria ordem dos seres.
Respeitar essa “ordem” é ser justo.

Em sua doutrina sobre o uso dos bens temporais, o pensador nos fala do
critério de uso para os bens temporários tal como usá-los de forma justa e, se
nos é permitido gozar deles nessa vida. Agostinho nos mostra que a alma é
racional, e ao usar da felicidade temporal há que se respeitar a ordem ou
hierarquia dos bens e assim se seja justo:

A alma racional pode também usar bem da


felicidade temporal e corporal, se não se
entregar à criatura, desprezando o criador...
(ela) se comporta bem com relação (...) a todas
as coisas que deus criou (...), se guardar a reta
ordem e distinguindo, escolhendo, julgando,
subordine os bens menores aos maiores, os
corporais aos espirituais, os inferiores aos
superiores, os temporais aos sepiternos, (...) com
amor ordenado (...).

Para Agostinho, a prioridade do amor na vida moral é a virtude que é a


caridade. A virtude ou “ordem de amor” é que faz com que o homem
reconheça sua origem divina e se incline para ela. Preleciona Agostinho que,
há uma inclinação – “apetite” - natural do homem em voltar-se para a sua
origem. O saber natural já existente no homem é que o leva naturalmente a
seguir para o “sumo bom”. Eis a metafísica da verdade e do bem de
Agostinho:
A alma racional tende para as coisas do alto e para Deus,
onde está o seu repouso, (...) é levada pelo amor como por
seu peso, seja qual for a direção em que seja levada. Trata-se
de um apetite natural, pressuposto pela vontade livre, que
deve, iluminada pela luz natural da razão, orientá-lo
finalmente para Deus, sumo bem.

Dessa forma, reconhecendo e explicando a inclinação do homem para


Deus, sua origem, Agostinho admite a “Lei Natural” e nos diz que ela está na
razão do homem que já tem o uso do livre-arbítrio, essa lei está escrita
naturalmente no seu coração, a qual nos sugere de não fazermos aos outros o
que não queremos que seja feito a nós mesmos.
E, é guardando essa “ordem” dos seres que o homem cumpre a justiça,
cujo papel é de dar a cada um, o que lhe é devido. Essa “ordem” consiste em
oferecer o próprio homem a Deus, nisso consiste o maior sacrifício:

(...) se estabelece no próprio homem certa ordem justa da


natureza que submete a alma a Deus, a carne à alma e, por
conseguinte, a alma e a carne a Deus.
O Homem deve observar à luz de sua razão esta ordem natural ou justa
ordem da natureza, pois esta ordem nos leva à paz, condição primeira para que
exista a harmonia, concórdia e a própria cidade – ESTADO, e quanto maior
essa paz for maior será perfeição do Homem e da Cidade. A obediência, à
justa ordem da natureza é o caminho da paz. Os níveis de paz são classificados
por Agostinho num quadro de paz, conforme colocação abaixo:

 A paz da alma racional: é a ordenada harmonia entre o conhecimento


e a ação;
 A paz entre o homem mortal e Deus: é a obediência ordenada pela fé
debaixo da lei eterna;
 A paz dos homens entre si: é a sua ordenada concórdia;
 A paz da cidade: é a ordenada concórdia entre os cidadãos que
governam e os governados;
 A paz da cidade celestial: é a comunidade perfeitamente ordenada e
perfeitamente concorde no gozo de Deus e no gozo mútuo em Deus;
 A paz de todas as coisas: é a tranqüilidade da ordem.

Compete, portanto, ao Homem usar das coisas temporais de forma justa


(respeitando a ordem), para assegurar a paz terrena:

Deus, pois, sapientíssimo criador e justíssimo


ordenador de todas as natureza, que na terra
estabeleceu o gênero humano para ser-lhe o mais
belo ornamento, deu aos homens certos bens
conscientes a esta vida, quer dizer, a paz
temporal, pelo menos a de que nosso destino
mortal é capaz, a paz na saúde, segurança e na
sociedade de seus semelhantes, e tudo o que é
necessário para conservar ou redobrar esta paz
(...).

5.1.2 A nossa justiça participada e imperfeita

Nesse quesito, Agostinho antevê a possibilidade real de o homem


cumprir a justiça já que a criatura não é contrária ao criador. Cessando a causa
– separação de Deus - se finda o efeito que é o pecado. O que torna o homem
mal é a distância dele em relação a Deus:
O homem em si, como de resto toda e qualquer
natureza, não é contrário a Deus, mas, enquanto
criatura mutável (...), feita do nada, pode falar
livremente, por sua vontade má, amar
viciosamente um bem de qualquer natureza,
torna-se, com efeito iníquo (...) pelo fato de
afastar-se do bem melhor e superior e voltar-se
para os bens mais mesquinhos e inferiores,
mesmo quando se voltasse apenas para si
mesmo.

Em sendo assim, a vontade má que surge quando o homem se afasta de


Deus, torna o homem mal. Sendo Deus o provedor da bondade humana, ao
afastar-se d’Ele amando um bem qualquer, o homem ainda ama, porém de
forma desordenada já que deixa de amar a sua origem:

Quando o homem não ordena seu amor e, em vez


de amar seu fim natural que é Deus, se escolhe
outros fins e, em definitiva, se faz fim de si
mesmo; quando tem fim os meios e meios de uns
fins, é vicioso.

O homem dependendo de sua própria vontade pode ser bom ou mal. O


verdadeiro mal do homem está no seu próprio íntimo e é a má vontade, e, é
essa má vontade que faz o homem se separar de Deus e assim pecar. Somente
a graça de Cristo pode sanar este mal: solo por la gracia el hombre puede
llegar a ser hombre.
No pensamento de Agostinho, a nossa justiça nos faz tanto mais
semelhante a Ele quanto mais participantes da sua justiça, porquanto de modo
imperfeito, plenamente na eternidade. O direito se reduz à justiça e esta ao
amor ordenado, que por sua vez não se atua sem a graça.
No entender de Agostinha, (...) só se possui de direito o que se possui
justamente, e só é justo o que é bom (...).
Em suma, a nossa justiça é imperfeita na terra, a caridade perfeita (por
sua vez), ninguém possui. E, apesar da temporalidade do homem, nossa norma
de vida deve ser usar de misericórdia, perdoar e dar, usar (sempre) de
eqüidade, pois, essa forma de ver e agir nessa vida passa a ser o remédio para
os pecados quotidianos e a garantia de um juízo benigno da parte de Deus.
VI – CONSIDERAÇÃOS FINAIS

A ética é universal e pertinente ao gênero humano. Ao abordamos a


conduta ética, priorizamos fazê-lo de um modo um tanto quanto simples, isto
porque, a rigor, até a população infanto-juvenil (nos dias de hoje), através da
mídia, questiona-se o porquê de tantas coisas feias que acontecem na nossa
justiça. Ou seja, a ausência da ética neste campo é gritante, que se percebe a
olhos nus e leigos. Em sendo assim, optamos por traçar um paralelo (abstrato),
com a conduta ética que predomina hoje – do conhecimento de todos – e
aquela transmitida por Agostinho.
A formação ética do ser humano se desenvolve durante toda a vida.
Desde o nascimento, os cuidados maternos, a conduta do pai, a vida familiar,
tudo é somado na formação da personalidade do homem. O homem nasce
livre, Deus o criou self (homem total), pleno conhecedor da lei natural, da
liberdade e, claro das limitações humanas. Não necessitava do direito escrito:
tinha-os nas tábuas de carne do seu coração e da sua mente.
A ética decorre da conseqüência lógica do desenvolvimento social, da
vida do homem em sociedade e das relações humanas de toda natureza, à
procura da boa convivência e da felicidade. Contém princípios que regulam o
comportamento humano em seu relacionamento do dia-a-dia, a fim de que as
pessoas possam manter conduta mais próxima possível do ideal de vida
almejado pelos cidadãos de bem, que tem como um dos princípios a
liberdade, que é o grande tema da ética moderna, e que ao lado da vida é o
bem mais precioso do homem, e que hoje o liberalismo excessivo acabou por
destituí-la. O caminho para a verdadeira liberdade, ou através o qual a
liberdade se liberta e transcende o mundo historicamente dado não é a via
revolucionária, mas a via ascética, entendendo-se por ascese o exercício e a
ação exemplar. Em todos os homens existe uma consciência do bem e do mal.
Todos são dotados de sensibilidade e sentimentos, e têm consciência daquilo
que se considera certo ou errado. Essa consciência de uma justiça universal,
dentro da ética, é que recebe o nome de lei natural – lex naturae .
O homem – ser indefinido – vive entre a liberdade e a dependência do
instinto. Está em constante ir e vir possui a nota da mutabilidade, da fraqueza,
do medo. Não vivem na dependência do instinto como os animais, mas não
sobrevive totalmente livre dele.
Nesse diapasão, Savigny nos transmite que: os hábitos e os costumes são
uma primeira manifestação da ética de um povo, uma espécie de ética
natural, que encontra seu terreno de formação na primeira instituição social
que é a família. O direito era, então, a expressão genuína de um povo e não
um produto do legislador; que, segundo diziam, o legislador não cria o direito,
apenas traduz em normas escritas o direito existente no espírito do povo.
Desta forma, assevera Bobbio: o costume era o verdadeiro direito. E, a
lei deveria ser o espelho do costume. Mas a discrepância entre a lei e os
costumes é o signo da barbárie. O homem foi criado em um estado de
consciência pura. O mal ainda não havia contaminado seu padrão de justiça.
No idealismo ético, o conceito de consciência recebeu uma nova
dimensão com o filósofo alemão Fitche, no seu pensamento, a consciência é
uma discriminação natural entre o bem e o mal, capaz de tomar decisões
morais que provocam auto-satisfação ou insatisfação. A consciência é
categórica, significando dizer que só conhece dois resultados culpado ou
inocente. O filósofo se refere ao absolutismo da consciência, um homem não
pode ter a consciência do outro. Dizia ele que, nem o Estado, nem Deus têm o
direito de julgar a consciência de alguém. Daí surgiu o seu adágio: a
consciência nunca erra e nunca pode errar. Será?
Esse idealismo ético forneceu a combustão para o nacionalismo alemão
que causou a morte de milhares de pessoas, em duas guerras mundiais.
Culminando com a alegação nazista nos julgados do Tribunal de Nuremberg
que: mataram seis milhões de judeus com uma boa consciência. (Reifler).
Na Carta aos Hebreus (9.14), Paulo refuta o idealismo ético ao ensinar
que a consciência precisa de purificação. Aquilo que seria justo fazer, aquilo
que não se deve fazer ou aquilo que não se pode fazer em nenhuma hipótese,
não está mais na consciência humana.
O conhecimento do bem e do mal se tornou relativo e peculiar a cada
povo – ética relativista.
Acreditamos que, a consciência ética só voltará ao seu estágio original
depois de passar pelo processo de purificação aludido por Paulo. Não há
receitas infalíveis nem remédios miraculosos, se alguém descobrisse uma
vacina para imunizar a conduta de qualquer falha ética, teria aberto uma senda
para transformação da humanidade. Humanidade que atingiu tanto progresso,
mas que ainda padece de enfermidades notórias no seu processo civilizatório.
Afinal, nada é puro para os impuros, ou seja, não usa de conduta ética quem
não a possui.
BIBLIOGRAFIA

DIP, Ricardo Henry Marques, Da Ética Geral à Ética Profissional dos


Registradores, 2ª edição revista e atualizada. Porto Alegre: Sergio Antonio
Fabris Editor, 1998.

NALINI, José Renato. Érica Geral e Profissional. 1ª edição. São Paulo:


Editora Revista dos Tribunais, 1997.

Nova Enciclopédia Ilustrada da Folha de São Paulo. Volume I. Editora Folha


de São Paulo, 1996.

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1998. Cuiabá/MT: EDUFMT, 1.998.

Almanaque Abril, 1997. Editora Abril. São Paulo – SP.

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