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Trecho da Crônica São Paulo by Night

Após uma longa viagem de avião de 3ª classe, muitos problemas, cachorro latindo, pacotes
e containers batendo em seu caixão e possivelmente um piloto bêbado... Sasha Romanov
retornara a São Paulo.
Já fazia tempo agora, um tempo razoável para um mortal... Quase nada para um vampiro
nascido na idade das trevas.
Nada parecia ter mudado.
Havia algo sobre Outdors, Sasha não sabia ao certo, eram boatos ouvidos por ele desde o
aeroporto até ali onde se encontrava no momento, a saudosa Praça da Sé...
Uma lei proibira os estabelecimentos comerciais de ter seus toldos, logotipos e logomarcas,
assim como os Outdors de estarem "visíveis"... Poluição visual ou algo assim.
Enfim, para Sasha a cidade havia perdido muito de sua "insanidade" original... Era realmente
uma pena, ele gostava do Caos que aquele turbilhão de propagandas, bundas e letras
traziam a cidade e a sí próprio...
Sasha ouviu dos mendigos da praça sobre a grande "treta" que teria acontecido na praça
semanas atrás... um verdadeiro caos segundo eles.
Show dos Racionais MC's e um conflito de primeira com o público bêbado contra a polícia
militar...
"- Poxa, só algumas semanas Buster... Chegamos tarde hein?" Lamentava-se o Malkaviano
russo com seu cão por seu atraso em presenciar a confusão.
Mas nada disso importava realmente...
Ele estava em São Paulo, e sua viagem até os Estados Unidos havia terminado...

Sasha Romanov[Diz a Buster]: - Éééé meu velho... Chegamos! Você pode sentir esse
cheiro? Ahhh Buster!!! Eu adoro esse lugar... Vamos pra uma volta por ai certo?

Buster[Late a Sasha] - AU!!! AU!!! AU!!!

Sasha Romanov[Diz a Buster]: - É rapidinho ow!!! Vamos até a República e voltamos ok?
Vamos!

Ambos cão e seu dono embrenham-se no centro de São Paulo e sua noite de luzes... E
sangue...

Apesar do inverno e do frio que vinha com o começo da noite a rua estava infestada de
gente.
O rebanho passa se esbarrando sem se olhar e sem dar muita atenção áquele vampiro
secular e seu inseparável Cão.
Um jornaleiro mostra entre os carros parados num sinal a primeira página da Folha, cuja
manchete fala qualquer coisa sobre uma greve na Universidade de São Paulo.
Ainda assim não existe nada que altere o fluxo natural dos transeuntes, que os despertem
de seu transe cotidiano ou que chame a atenção de Sasha.

Porém sentado numa cadeira na praça, um velho pedinte sorri um sorriso banguelo para
Sasha como que o reconhecendo de outros passeios com seu cão...
O velho pedinte se abaixa e retira do estojo um violino um tanto "gasto"... e começa a tocar
como celebrando o retorno do Rei.

http://www.youtube.com/watch?v=4_NQw34U794
Sasha Romanov[Diz]: - Uauuuuuuuu!!! BRAVO!!! BRAVO!!! Não foi lindo Buster?

Buster[Late]: -AU!!!AU!!!AU!!!!

Sasha rapidamente muda seu itinerário após as simples notas do velhinho ali a sua frente,
cada ruga em seu rosto contava uma história, de lutas de de vitórias contra uma vida
provavelmente sofrida, e das mais miseráveis... Sasha não podia conter sua emoção agora,
esse era o tipo de ser humano que possuía um conteúdo...
...algo a mais do que posses e títulos.
E como se não fosse o suficiente, ele era um violinísta. E Sasha Romanov retribuiria de
acordo as notas que lhe foram oferecidas, mas não sem antes agradecer ao bom velhinho
por sua música.
Sasha retira alguns dóllares de seu bolso, e os atira para dentro do chapéu do velhinho, bem
colocado aos seus pés, como é de costume aos artistas de rua fazerem...
Sasha Romanov[Diz]: -Antes de mais nada uma boa noite ao senhor, e se me permite
agradecer, fico muito grato por ter-me oferecido esta música...
...Lembrou-me de um promissor violinísta Judeu com quem tive o prazer de fazer incontáveis
duetos ainda em minha "adolecência" pelas noites deste cruél e impiedoso mundo no qual
vivemos... Seu nome era Jascha Heifetz, e juntos tocamos para muitos nobres.
Gostaria que aceitasse esta humilde melodia em meu nome, como agradecimento a você e
em memória deste velho amigo meu.
A música é "Paganini Caprice No. 24".

Retirando das costas seu inceparável estojo vermelho, Sasha sobe rapidamente em uma
mureta, joga seu chapéu coco a seus pés onde Buster se põs a guarda dos trocados como
sempre, pede atenção ed todos a sua volta e com um ar de repleta insanidade no olhar e um
sorriso que lhe cortava o rosto todo, emitiu estas notas:

http://www.youtube.com/watch?v=vPcnGrie__M
Após o término de sua performance o vampiro russo se curva ao velhinho em sua frente,
como forma de agradecimento... Pouco importava a ele os outros transeuntes que se
reuniram ali para ouví-lo tocar. Aquela música era para o velhinho violinísta...
E somente para ele.
Ao levantar sua cabeça, Sasha possuía o mesmo sorriso no rosto, um rosto que mostrava
uma satisfação insana, como um matemático que enfim encontra em seus muitos cáuculos a
tão procurada resposta para uma difissílima equação.

Sasha Romanov[Diz]: -Muito, muito obrigado a todos, espero que o senhor tenha
gostado... Eu particularmente adorei!!!
E você Buster meu velho? Gostou do show? hehehehehe!!! Espero que sim, porque ele me
deixou realmente com a cabeça a mil por hora!!!
Até qualquer dia meu bom velhinho, e continue tocando... É tudo uma questão de treino no
fim das contas... Realizar o mesmo movimento por muitas vezes, até que o mesmo se torne
automático, como respirar. Você respira, mas não precisa se lembrar de respirar para que
isto ocorra... Entende?
Até mais meu velho, e tenha uma boa noite.

Sasha despeja toda a coleta de seu espetáculo no chapéu do pobre velhinho, e rapidamente
fecha seu estojo e o coloca sobre a guarda de suas costas, dá um vigoroso assovio a Buster
e se direciona para o Teatro municipal...

Sasha Romanov[Diz a Buster]: -Que falha a nossa hein Buster!!! Esquecemos o principal...
Chegamos na cidade e nem ao menos nos apresentamos!!! Vem, vamos aproveitar e fazer
isso ainda esta noite. Se o regente ainda for quem eu estou pensando, é realmente
impressindível que o façamos o quanto antes.

Buster[Late a Sasha]: -AU!!!AU!!!AU!!!

Sasha Romanov[Diz a Buster]: -É eu sei... Eu também tenho medo dela... Vem Buster!!!

Ambos deixam a Praça da Sé, tendo como destino o Elísiu da cidade de São Paulo...
Narrador

O velho Nicolau apenas sorri quando o vampiro russo coloca os dólares em seu chapéu, a
generosidade era uma das características daquele senhor de rosto tão familiar que passeava
com seu cão...
Mas de onde ele conhecia aquele rosto?

Porém quando Sasha começa a tocar o velho inicia uma tremedeira destas que só se tem
diante do reencontro com algo sublime que procura-se a vida toda. Apenas uma vez na vida
Nicolau ouvira um som tão virtuoso. Um som ao qual nem mesmo os mais distraidos e
insensíveis transeuntes puderam ignorar por sua grandeza. Os corações mais duros
fraquejaram neste momento na praça da Sé, enquanto um vampiro russo passava a alma ao
arco.

Sim...
Primeiros dias da urbanização de São Paulo, se falavam muitas linguas ali na praça, que
nesta época estava infestada de imigrantes europeus.
Nicolau havia saido com a mãe apenas pela promessa do passeio de bonde e do Pastel de
Belém na volta... acontecesse o que fosse o dinheiro para o pastel já estava em seu bolso,
seria a recompensa no final da jornada.
Mas então passando pela praça da Sé Ouviu o som de um instrumento que lhe ficara
gravado para sempre na memória... bem como as feições daquele homem com "um ar de
repleta insanidade no olhar e um sorriso que lhe cortava o rosto todo". Nicolau deu o
dinheiro que trazia e levou consigo o eco daquela canção..
Era a mesma canção que estava sendo executada na sua cabeça em 1940, quando
caminhava como enfermeiro do exército na itália, durante a segunda guerra, com uma bala
alojada no intestino...
E a mesma que tocara em seu casamento... e no nascimento de seus filhos... a mesma que
fizera aprender violino aos 60 anos... e mesmo agora aos 98 anos, quando não havia mais
parentes vivos o fazia tocar para ganhar a vida.

Mas agora o violista de sua infância estava ali atando as duas pontas de sua vida...
Ele apenas acompanha com o olhar, sem dizer uma palavra, a silhueta de Sasha se
distanciando imutável...
O velho sorri mais uma vez seu sorriso sem dente e fecha os olhos.

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