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SEXUALIDADE NA ESCOLA: PROPOSTA EDUCATIVA PARA ADOLESCENTES

CIPRIANO, Morgyanna A.1; FARIAS, Maria do C. A. D.de.2; ABRANTES, Maria J. G. de.3; COSTA, Lívia
Almeida3; PEREIRA, Güedijany Henrique.3

RESUMO

Este artigo apresenta os dados parciais de um projeto de Extensão PROBEX, desenvolvido por acadêmicas e
docente de enfermagem da UFCG/CFP, neste ano 2007, com um grupo de adolescentes de uma escola
Municipal, na cidade Cajazeiras, PB. O projeto versa sobre o oferecimento de oficinas abordando a sexualidade
na adolescência. A equipe realizou até o momento cinco oficinas educativas com o objetivo de desenvolver a
orientação sexual preventiva, promovendo discussões em reuniões com o grupo de adolescentes sobre alguns
aspectos envolvendo a sexualidade, como a anatomia dos órgãos sexuais, drogas, ficar X namorar, gravidez na
adolescência, DST´s. Para tal, foram utilizados os recursos metodológicos: dinâmicas de grupo, dramatizações,
colagens, desenhos, recortes e exposição oral de alguns temas. Esta forma de trabalho tem possibilitado
identificar o nível de conhecimento de adolescentes sobre os temas abordados, os preconceitos, a percepção do
significado da sexualidade, além de perceber a realidade sociocultural na qual os adolescentes estão inseridos. Os
adolescentes participam das oficinas esclarecendo suas dúvidas, discutindo as temáticas. Os resultados parciais
têm demonstrado a necessidade de se ter um trabalho desta natureza na escola. A experiência está sendo
considerada de suma importância para a formação profissional, permitindo aliar a teoria à prática, bem como
para a promoção de educação em saúde, relativa à sexualidade do adolescente.

Palavras-chave: educação sexual; sexualidade; adolescência.

INTRODUÇÃO

O referido Projeto de Extensão “Sexualidade na escola: uma proposta educativa para adolescentes”, na vigência
do PROBEX/UFCG 2007, está sendo desenvolvido na Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino
Fundamental Cecília Estolano Meireles, localizada no bairro Casas Populares, na cidade de Cajazeiras, PB, nas
imediações do CFP/UFCG, desde 17 de Abril, tendo como público alvo os alunos das 7ª séries e da 8ª série, na
faixa etária compreendida entre 12 e 18 anos.

Este projeto de extensão foi direcionado para os alunos desta instituição de ensino, devido ao fato de no ano de
2006 termos desenvolvido este mesmo trabalhado na referida escola com os alunos da 8ª série e o resultado ter
sido promissor. Assim, foi resolvido trabalhar também com os alunos da 7ª série, considerando que encontram-se
na faixa etária de 12 aos 18 anos de idade, considerada adolescência, conforme o Estatuto da Criança e do
Adolescente, e que foi critério de inclusão dos adolescentes para este projeto de extensão.

A adolescência é uma fase marcante do desenvolvimento humano, talvez definitiva para a formação da
personalidade, com limites imprecisos, que tem sido pesquisada e descrita por inúmeros autores. Segundo Silva;
Silva; Alves (2004, sp), a adolescência é entendida como uma fase de indefinição, de transição, e ainda, um
período passível de conflitos e crises, porém um período de busca de liberdade.

Para Ferreira (2001, p. 18), a adolescência é o período que começa com a puberdade e se caracteriza por
mudanças corporais e psicológicas, estendendo-se, aproximadamente, dos 12 aos 20 anos. De acordo com o

1
Aluna do Curso Graduação em Enfermagem; Bolsista PROBEX, Unidade Acadêmica de Ciências Exatas e da
Natureza/ CFP/ UFCG. E-mail morgyannacipriano@gmail.com
2
Enfermagem, Orientadora, Profa. Doutora Unidade Acadêmica da Escola Técnica de Saúde de
Cajazeiras/CFP/UFCG. E-mail carmofarias@hotmail.com
3
Alunas do Curso Graduação em Enfermagem; Bolsista voluntárias PROBEX, Unidade Acadêmica de Ciências
Exatas e da Natureza/ CFP/ UFCG.
2

Ministério da Saúde, em termos de idade, a adolescência ocorre dos 10 aos 19 anos, caracterizando-se por
crescimento e desenvolvimento intensos, manifestados por mudanças fisiológicas, anatômicas, psicológicas e
sociais (BRASIL, 1999). A Organização Mundial da Saúde recomenda que seja considerado adolescente o
indivíduo cuja faixa etária esteja compreendida entre os 10 e 20 anos. Por essa proposta é que foi adotada a faixa
etária preconizada pelo Art. 2º do Estatuto da Criança e do Adolescente, que considera adolescente o indivíduo
entre os 12 e 18 anos de idade (BRASIL, 2000).

Seixas (1999, p. 123) considera que:

o indivíduo, nessa fase, está construindo uma identidade própria; e nessa busca, é
importante ressaltar que ele pode experimentar uma enorme multiplicidade de
identificações, as quais podem ser bastante contraditórias entre si. Essa instabilidade é
esperada e até mesmo desejada, porém cabe a seu meio ambiente, em especial a seus
pais, estabelecer limites e orientar esse processo investigativo, para que ele seja feito
com segurança, sem prejuízos permanentes para a sua saúde, como por exemplo, uma
gravidez indesejada, (...).

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 1999, p. 17-18), o desenvolvimento sexual do adolescente sofre
influências de si próprio, da família, de sua cultura e subcultura e de seus companheiros, sendo a pressão do
grupo, talvez, o fator mais poderoso para determinar seu comportamento.

Mesmo tendo despertado para agir sexualmente, o adolescente ainda não tem completa maturidade sexual e
responsabilidade reprodutiva. Os seus relacionamentos sexuais realizam-se mais para satisfazer os impulsos.
Entretanto, quando o adolescente tiver desenvolvido a sua identidade é que será possível uma verdadeira
intimidade afetiva (ZAGONEL, 1999).

O adolescente é um ser sexualizado, independente de praticar relações sexuais ou não, buscando assim, seu
espaço e identidade no mundo. Desta maneira, precisa-se compreender que a sexualidade

[...] envolve os sentimentos do ser homem ou mulher, característica como


feminilidade e masculinidade, as atividades (...) ligadas ao corpo e aos genitais, tais
como o próprio ato sexual, e a masturbação, que propiciam um tipo especial e
específico de contato enter e intra pessoal, cuja principal característica (...)) é a
busca do prazer com outra pessoa (PINTO, 1999, p.62).

Becker (2003, p. 32) considera que a evolução do jovem em direção ao estabelecimento de sua sexualidade
madura e completa é um processo complexo, às vezes difícil, cheio de conflitos e crises, e também de momentos
maravilhosos de paixão, descoberta e realização.

Não obstante, observa-se uma controvérsia entre a sexualidade/atividade sexual do adolescente e a atitude
familiar, a educacional e a social, frente a estes fatos. Por isso, muitas vezes, ele vivencia a sexualidade com
culpa e sentimentos ambivalentes. Por um lado, há o desejo e a curiosidade que o levam a novas experiências
sexuais e afetivas e, por outro, a repressão e o preconceito da família e do meio social. Ativados pela curiosidade
e pela busca do desconhecido, os adolescentes, em sua maioria despreparados, lançam-se nessas experiências,
expostos a riscos, como paternidade e maternidade precoces, bem como às doenças sexualmente transmissíveis.

Frente ao exposto, esta proposta de extensão, desenvolvida na escola com adolescentes, visa trabalhar os temas
relacionados à sexualidade através de oficinas. De forma que os participantes expressem seus desejos, dúvidas,
permitindo discussões sobre as temáticas trabalhadas por meio de dramatizações, colagens, desenhos, sendo
também utilizados questionários antes das oficinas para avaliar o nível de conhecimento da temática abordada e
observar o quanto foi apreendido nessas oficinas.

A orientação sexual é algo que direciona o jovem na busca de se descobrir como um ser sexualizado e superar
seus bloqueios. Pinto (1999, p. 48) afirma que:

[...] a orientação sexual proporciona ao jovem assimilação do ambiente e de si


mesmo (com suas diferenças) diante desse ambiente. O espaço criado pela
orientação sexual visa proporcionar ao jovem a digestão da educação sexual que
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lhe foi oferecida, para que ele possa rechaçar o que não é aproveitável, ultrapassar
obstáculos selecionar o que lhe é apropriado, identificar-se sexualmente, buscando
um ajustamento criativo diante do que a vida sexual lhe possibilita.

Para Gherpelli (1996, p. 61),

a escola foi o lugar eleito para inserir, no processo educacional, a educação


preventiva. (...) O trabalho de educação preventiva ligado à sexualidade envolve a
definição de diretrizes que contemplem a formação integral do adolescente e a
participação efetiva de todos os integrantes do universo escolar. Na realização da
orientação sexual, são fundamentais, para a credibilidade das ações preventivas,
posturas seguras e assertividade.

Nesta perspectiva, o presente projeto de extensão tem por objetivos: Desenvolver uma proposta de educação
sexual preventiva na escola, destinada a adolescentes; Promover discussões em reuniões com o grupo de
adolescentes sobre: adolescência, puberdade, sexualidade, métodos contraceptivos, ciclos sexuais e reprodutivos
e temas afins;

PROCEDIMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

Para ser desenvolvido o Projeto de Extensão “Sexualidade na Escola: uma proposta educativa para adolescentes”
são realizadas reuniões semanais com a coordenadora do projeto, nas quais são debatidos os textos relacionados
à temática sexualidade; e definidos os temas a serem trabalhados nas oficinas, bem como as respectivas
dinâmicas. São, também, planejados e escolhidos os recursos didáticos: colagens, desenhos, pinturas,
dramatizações, etc.

As atividades de extensão são realizadas com dois grupos de adolescentes (os da 7ª série e os da 8ª série – por
opção dos próprios adolescentes), por meio de oficinas, às quintas-feiras, das 16:30 às 18:00, em uma sala ampla
da escola, com o número de adolescentes variando entre nove a treze em cada grupo. Segundo Carvalho;
Rodrigues; Medrado (2005, p. 379), entende-se por oficina como sendo

um trabalho estruturado com grupos, independentemente do número de encontros,


sendo focalizado em torno de uma questão central que o grupo de propõe a
elaborar, em um contexto social. A elaboração que se busca na oficina não se
restringe a uma reflexão racional, mas envolve os sujeitos de maneira integral,
formas de pensar, sentir e agir.

As oficinas iniciaram-se em maio de 2007, tendo sido realizadas até o momento 07 oficinas, nas quais foram
utilizados vários métodos como: colagens, recortes, desenhos, dramatizações e debates. Ao término de cada
oficina os integrantes expressam suas idéias e opiniões, individualmente e em grupo, quanto aos métodos e
temas abordados.

Destaque-se que, para cada oficina é selecionada uma dinâmica relacionada à temática a ser trabalhada. Durante
as oficinas é especulado o conhecimento prévio dos adolescentes acerca do tema abordado, e também são
observados os seus comportamentos e interações nas tarefas propostas. Esta forma de trabalho possibilita
identificar o nível de conhecimento destes adolescentes sobre o tema abordado, suas identidades sexuais e
realidades sócio-culturais. Essa dinâmica de trabalho permite que os alunos se comuniquem e interajam de
maneira expressiva, entre si e com o grupo extensionista.

As dinâmicas, temáticas, os textos de fundamentação teórico-metodológica são selecionados, debatidos e


compartilhados previamente pela coordenadora/orientadora do projeto e pelas bolsistas, para que o conhecimento
advindo seja socializado com o universo dos adolescentes participantes do projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Primeira oficina - realizada com a oitava série em 29/05/2007 (10 adolescentes) e em 31/05/2007 com a sétima
série (19 adolescentes). Nestas oficinas, a proposta foi à verificação do conceito de ‘sexualidade’ dos
adolescentes, através de colagens de recortes de revistas. Inicialmente, realizou-se uma dinâmica que teve por
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finalidade apresentar cada componente do grupo. A seguir, procederam-se os recortes de revistas e colagens
explicando o conceito de sexualidade. Ao término, cada participante explicou o que era sexualidade, a partir de
sua colagem. Após a exposição oral de todos os adolescentes, as bolsistas também apresentaram a sua colagem,
explicando, de forma didática, o conceito de sexualidade, dando ênfase ao prazer e aos relacionamentos, não
apenas destacando os aspectos biológicos e reprodutivos abordados pelos adolescentes em suas colagens.

Sobre o conceito dos adolescentes acerca da sexualidade observou-se que as suas percepções se limitavam quase
sempre ao ato sexual, como pode ser percebido nas falas a seguir:

“eu coloquei aqui que sexo é vida e coloquei também que pra tudo a gente tem de
saber a hora certa e no meu caso eu não quero que seja agora, eu quero que eu saiba
o que eu to fazendo e eu coloquei que na vida tudo tem a hora certa e no meu caso
eu quero que demore um pouquinho porque sei lá, eu só quero quando eu casar e
tudo pra não ficar passando de mão em mão.Eu acho importante você saber o que
você ta fazendo e com quem ta fazendo”(feminino, 8ª série).

“Sexualidade é quando duas pessoas bonitas, um homem e uma mulher, têm uma
relação amorosa, então forma uma família” (masculino, 8ª série).

“Sexo é entretenimento e é uma coisa que todo mundo quer fazer quando está
pronto” (masculino, 7ª série)

“Isso daqui eu acho que é sexualidade... O prazer faz parte da sexualidade.Aqui é


um casal, aqui é outro e aqui é quando eles estão se casando.Essa daqui é quando
estão se beijando, é um casal de namorado, esse daqui é um casal casado”(feminino,
7ª série).

Neste item os adolescentes remetem a sexualidade simplesmente ao aspecto biológico. Para Caridade (1999), a
sexualidade tem como base biológica o sexo, no entanto, o transcende, uma vez que, tanto no indivíduo, como
no meio social, manifesta-se psicológica e afetivamente, e não apenas de forma genital ou reprodutiva. A
sexualidade não é apresentada em um contexto psíquico e social saudável, quando a atenção é direcionada
apenas para o corpo, desvalorizando o afeto. A mídia, por sua vez, apresenta a sexualidade no contexto do
aparente, vendendo-a como mercadoria. Dessa forma ao invés de pensada e refletida, ela basta apenas ser vista.

Segunda oficina – realizada em 21/06/2007 com os alunos das sétima e oitava séries (17 adolescentes). Nesta
oficina foi abordado o tema ‘anatomia dos órgãos sexuais’. Para tal, foi utilizada uma dinâmica intitulada
“desenho explicativo dos órgãos sexuais - dessensibilização pela palavra (sinônimos populares para os órgãos
sexuais)”, proposta por Vitiello (1997, p. 36). Essa dinâmica teve os objetivos de verificar o conhecimento
teórico sobre o tema abordado, bem como a aplicação desse conhecimento na prática, permitindo que os
participantes expressassem e visualizassem seus conceitos, através da técnica do desenho do corpo humano;
além de proporcionar a reflexão e a discussão sobre a exposição dos conceitos, e de como isso é projetado nas
relações sociais estabelecidas pelo individuo. Ademais, proporcionou aos integrantes do grupo a nomenclatura
correta dos órgãos genitais, para usá-la em situações específicas. Utilizou-se, também, papel madeira,
retroprojetor, transparências. Os alunos foram divididos em dois subgrupos e, através do desenho do corpo
humano, expuseram os seus conhecimentos sobre a anatomia do aparelho reprodutor e os nomes populares dos
órgãos genitais, atribuídos por eles. O subgrupo que ficou com a anatomia do órgão genital masculino teve muita
resistência em aceitar. Entretanto, desenharam os órgãos mais facilmente que o subgrupo que ficou com a
anatomia sexual feminina. Eles apresentavam-se muito eufóricos durante a realização dos desenhos,
principalmente ao colocarem os nomes populares dos mesmos. Após 20 minutos eles expuseram os desenhos e o
que fora escrito. As bolsistas indagaram se conheciam o nome cientifico dos órgãos genitais e fizeram uma
explanação utilizando transparências com a anatomia do aparelho reprodutor masculino e feminino e seus
respectivos nomes científicos.

Terceira oficina - realizada com a oitava série em 19/07/2007 (10 adolescentes) e em 26/07/2007 com a sétima
série (07 adolescentes). Nesta oficina, foi abordado o tema ‘Drogas’, por ser de grande relevância social e
presente no cotidiano de muitas famílias, com conseqüências biopsicossociais, proporcioando, muitas vezes,
relacionamentos interpessoais de risco. Corroborando Guimarães, Godinho, Cruz et al. (2004), o consumo de
drogas tornou-se motivo de preocupação constante da sociedade brasileira. Foi empregada uma dinâmica de
grupo intitulada ‘jogos de balões (Brasil, 2007)’ com o objetivo de proporcionar uma reflexão sobre o que eles
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conheciam a respeito das drogas, qual a visão da problemática e como podemos prevenir o uso indevido de
drogas. Foi também aplicado um questionário com questões relativas ao tema, bem como, sobre alguns aspectos
da sexualidade. Os adolescentes foram divididos em dois grupos. Iniciada dinâmica, as bolsistas entregaram a
cada grupo um código, bem como um balão de cor diferente. Os códigos foram: A percepção que você tem das
drogas e o que você sabe sobre drogas. Cada subgrupo fez o uso da linguagem não verbal, utilizando mímicas e
gestos aproveitando sempre o balão cheio para auxiliar o processo da dinâmica. Após a realização da dinâmica
foi aberto um debate com os adolescentes. Eles ressaltaram que quem usa drogas o faz por vontade própria; que
o uso das drogas favorece ao tráfico, as quadrilhas, seqüestros e assaltos. As bolsistas, utilizando cartazes,
explanaram sobre algumas drogas, tais como: álcool, tabaco, ecstasy, anabolizantes, crack, cocaína, maconha,
destacando a via de administração, efeitos colaterais e seus mitos. Destaque-se que, as sétimas séries se
mostraram muito tímidas para realizarem esse trabalho, falaram de forma muito sucinta. Já na oitava série os
adolescentes foram bastante criativos, e ficaram à vontade para a realização desse trabalho.

Quarta oficina - realizada em 14/08/2007 com os alunos oitava série (09 adolescentes) – Esta oficina não foi
realizada com os alunos da sétima série, pois eles não compareceram nas duas vezes em que foi agendada. Nesta
oficina foi abordado o tema ‘Ficar X Namorar’, com o objetivo de verificar as opiniões dos jovens com relação à
temática. Foram utilizados três cantos da sala, cada qual com as palavras: discordo, concordo, tenho dúvida. Para
debater o tema foram feitas algumas questões aos adolescentes, dentre elas: Namorar é melhor porque tem mais
carinho e amor? Para vocês o ‘ficar’ é uma relação de uso? O ‘ficar’ para a mulher é diferente do ‘ficar’ para o
homem? À medida que as perguntas eram feitas, eles iam para um canto da sala correspondente a sua opinião e
depois diziam o porquê das suas respostas. Após as opiniões dos adolescentes, as bolsistas fizeram uma
exposição oral com o objetivo de levá-los a refletir sobre os prós e os contras do ‘ficar’. A segui estão destacadas
algumas falas dos adolescentes durante esta oficina:

“ficar para mim é uma coisa passageira ou seja, é só por um momento” (sexo
feminino).

“é uma coisa que duas pessoas fazem em uma noite (beijos, conversas) e pronto”
(sexo masculino).

Vários autores afirmam que o ‘ficar’ caracteriza uma relação descompromissada, embora a pessoa esteja afim da
outra com quem vai ficar. Entretanto, embora no “ficar” nem sempre o tipo de relação seja planejado, pode
ocasionar algumas conseqüências, a exemplo da gravidez indesejada e das IST´s, posto que, em virtude do
impulso e das emoções do momento, nem sempre há possibilidade de prevenção (HEIDEMANN, 2006; JUSTO,
2005).

Quinta oficina - realizada em 30/08/2007 com os alunos oitava série (15 adolescentes). Nesta oficina, foi
abordado o tema Gravidez na Adolescência com finalidade de fazer com que os adolescentes refletissem sobre as
demandas/custos de uma gravidez na adolescência. Para suscitar reflexões sobre o tema, foi entregue a cada
adolescente um ovo, uma semana antes da oficina, solicitando que estes dispensassem cuidados ao ovo, como se
fosse uma criança. No dia desta oficina foi perguntado aos adolescentes sobre os cuidados dispensados ao ovo.
Alguns afirmaram que colocaram o ovo em um lugar “seguro”, outros relataram que levaram o ovo para passear,
e os colegas perguntaram se eles estavam “doidos”, (foi uma risada só), outros foram sinceros ao dizer que não
cuidaram do ovo. Após seus relatos, foram fixadas algumas questões em diversos locais da sala: Por que ocorre a
gravidez na adolescência: desconhecimento dos métodos? Prova de amor? Esqueceu da camisinha? Desejo
“real” de engravidar? Gravidez como forma de segurar o namorado? Os adolescentes participantes ao serem
questionados, se deslocaram para o local da sala onde estava o cartaz com cada sugestão de resposta dizendo o
porquê de tal escolha. Paralelamente, as bolsistas faziam intervenções, propiciando reflexões sobre a
problemática da gravidez na adolescência, destacando o adiamento dos projetos de vida do adolescente, o aborto,
as demandas da gravidez (físicas, psicológicas e sociais) e como os papéis homem/mulher são diferentes frente a
essa situação. Ainda foi apresentada aos adolescentes participantes uma lista de produtos básicos de que uma
criança necessita, destacando os custos financeiros. Ressalte-se que o ovo foi uma simbologia utilizada para
abordar o tema gravidez na adolescência, mostrando que, como o ovo, uma criança apresenta fragilidades, as
quais demandam recursos e cuidados específicos e diferenciados daqueles que os adolescentes têm consigo
mesmo. Dos 15 adolescentes participantes, 13 afirmaram que a causa da gravidez na adolescência é esquecer da
camisinha; 01 afirmou que é prova de amor; e 01 que é por desconhecimento dos métodos. Tais respostas
permitem inferir que os adolescentes, em sua maioria, conhecem a importância do preservativo masculino para a
prevenção da gravidez, mas não utilizam (Silva; Silva; Alves 2004).
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Segundo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência abrange a faixa entre 10 e 19 anos de idade, período
da vida que liga a infância à vida adulta. Nesta fase, principalmente após os 15 anos (22%), pode ocorrer a
primeira relação sexual, a qual, na maioria das vezes é desprotegida; 23% das adolescentes usaram algum
método anticoncepcional naquele momento, apontando inúmeros pretextos: pouco uso de métodos
anticoncepcionais por adolescentes: medo dos pais descobrirem, medo de encarar a própria sexualidade, falta de
conhecimento sobre os riscos de se engravidar, pensamento "mágico", etc. Todavia, não importando as causas,
milhares de gravidezes em adolescentes apresentam conseqüências nefastas, tanto para a sua saúde quanto para
sua integração e desenvolvimento social (BRASIL, 2007).

Sexta oficina - realizada em 13/09/2007 com os alunos da oitava série (06 adolescentes). Esta oficina não foi
realizada com os alunos da sétima série, pois eles não compareceram. Nesta oficina, foi abordado o tema
‘Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST’s - AIDS, Sífilis, HPV, Gonorréia, Herpes labial e genital,
Candidíase e Thichomonas Vaginalis’. A oficina teve início com a aplicação de um questionário referente ao
tema, em seguida foi realizada à dinâmica: Dramatização - Infecções Sexualmente Transmissíveis com objetivo
de propiciar aos participantes vivenciar determinadas situações mediante a problemática enfrentada pelos
portadores de IST’s. Foram sugeridas para a dramatização: uma adolescente que descobre ser HIV soropositivo
(1) e um adolescente que descobre ser portador de uma outra IST (2). O grupo foi dividido em dois subgrupos,
cada um com um tema, sendo-lhes permitido trinta minutos para criarem a dramatização. O grupo 01 abordou a
temática de forma clara retratando a reação da família em receber tal notícia, onde “alguns defendem, outros
discriminam”. A princípio, a reação do pai foi de revolta, mas ao final aceitava bem a situação e acompanhava a
adolescente no tratamento. O grupo 02 teve dificuldade em realizar a dramatização já que eles não tinham o
conhecimento de outra IST, as bolsistas explanaram de forma rápida e sucinta sobre algumas IST´s para que eles
pudessem realizar a dinâmica. Eles abordaram a “herpes labial” onde a forma de transmissão relatada por eles
não foi a relação sexual, como pode ser percebido nesse trecho da dramatização “você foi a algum bar e bebeu
em algum copo de vidro?”, eles também abordaram a questão da exclusão ao relatarem que a médica pediu para
a mãe separar os objetos da filha. No primeiro momento a adolescente tomava um “choque” com a notícia, mas
depois aceitava e fazia o tratamento. Após as idéias expostas pelos adolescentes através das dramatizações,
foram explanadas pelas bolsistas as IST’s mais comuns, utilizando como recurso didático folders explicativos e
transparências com imagens de pessoas acometidas pelas doenças. O pensamento abstrato ainda incipiente nos
adolescentes faz com que se sintam invulneráveis. Por isso, se expõem a riscos sem prever suas conseqüências,
como afirmam TAQUETTE, VILHENA, PAULA (2004, p.148).

As demais oficinas: até o final da vigência deste projeto estão previstas oficinas sobre ‘métodos contraceptivos’,
‘noções de gênero’, ‘abordagem da sexualidade no relacionamento dos adolescentes com seus pais’.

CONCLUSÕES

A orientação sexual é um trabalho extremamente importante, pois se percebe a necessidade que os adolescentes
têm de orientação e educação sexual. A escola, bem como a família, deveriam ser as instituições responsáveis
por essa orientação e educação, mas infelizmente isso não acontece, pois muitas vezes não se sentem preparados.
Dessa forma, os jovens, em maioria, buscam essas orientações em fontes que podem não ser seguras, baseada
nas experiências de “amigos”.

Neste projeto observa-se que, ao final de cada oficina, os participantes se mostram à vontade para se expressar
de forma escrita e oral. O sucesso alcançado junto aos adolescentes tem um grande valor, não apenas do ponto de
vista profissional, como também afetivo. Desde o início das oficinas, os adolescentes se mostraram receptivos à
equipe do projeto, participando de todas as atividades, não só ouvem as explanações, mas interagem fazendo
perguntas e respondendo aos questionamentos, com espontaneidade. O desenvolvimento do projeto tem sido
satisfatório, no que diz respeito à interação entre a equipe (bolsistas, professores e extensionistas), e entre essas e
os adolescentes.

As oficinas realizadas durante o projeto além de ampliar o conhecimento dos participantes, possibilitam que eles
identifiquem que a sexualidade não se limita apenas ao ato sexual, abrangendo outros fatores. Sua relevância
reside no fato de que esse projeto de extensão possa estar cooperando para que os participantes estejam
preparados a exercer sua sexualidade de forma segura e preventiva, diminuindo assim, os riscos à saúde, e
proporcionando o bem-estar físico, psicológico e social.
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Sendo assim, um projeto dessa natureza é uma forma de cooperar na conscientização dos adolescentes e na
tomada de decisões acerca da sexualidade, para que eles adotem comportamentos que não comprometam suas
relações afetivas, nem a sua saúde.

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