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Já o novo Código Civil, em seu artigo 927, parágrafo único, preceitua que
haverá a obrigação de indenizar, independentemente de culpa, nos casos
previstos em lei, ou quando a atividade desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrém. Assim, o novo
diploma afasta a teoria da culpa e expressamente adota a Teoria do Risco,
chamada de objetiva, segundo a qual aquele que em virtude de sua atividade
cria um risco de danos a terceiro, fica obrigado a reparar, sendo irrelevante que
a ação do agente denote imprudência ou negligência.
Entendemos que tal preceito não tem caráter amplíssimo, sendo menos
abrangente que aquele contido no artigo 12 do Código de Defesa do
Consumidor. O mencionado artigo 12, para a proteção da parte vulnerável,
pressupõe que a simples atividade de produção e venda é suficiente para gerar
obrigação de indenizar, ainda que não haja culpa do fabricante ou do vendedor
(fornecedores).
Não pode ser essa a interpretação a ser conferida ao novo artigo 927 pois o
Código Civil disciplina a relação entre pares, entre iguais, e não há
desequilíbrio entre as partes, desequilíbrio esse inerente às relações de
consumo. Portanto, não será considerada perigosa a atividade de produção de
cigarros, em que pese o fato do cigarro ser produto potencialmente nocivo, pois
a atividade de produção em si não gera riscos a terceiros. Já as empresas
siderúrgicas, que trabalham com enormes caldeiras ou mesmo as químicas,
que trabalham com produtos venenosos, estas sim têm, pela natureza de sua
atividade, potencial de causar riscos a terceiros durante a confecção de seus
produtos (lembre-se do acidente da Union Carbide ocorrido na Índia em que
milhares de pessoas foram atingidas).