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Associação Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena – IES Instituto Superior de Educação do Vale do Juruena

Pós-Graduação Lato Sensu


Prof. AUREA CAVALVANTE SANTANA

LINGÜÍSTICA:
PRINCÍPIOS BÁSICOS

ESPECIALIZAÇÃO: LINGÜÍSTICA APLICADA AO ENSINO DE


LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA

DISCIPLINA: FILOSOFIA DA LINGUAGEM

PROFESSORA: ÁUREA CAVALCANTE SANTANA

Av. Integração Jaime Campos n 145 – Modulo 01 – Juina – MT – CEP 78320-000


www.ajes.edu.br – ajes@ajes.edu.br
Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didático.
De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.
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Prof. AUREA CAVALVANTE SANTANA
LINGÜÍSTICA - PRINCÍPIOS BÁSICOS1

A LINGUAGEM

O fascínio que a linguagem sempre exerceu sobre o homem vem


desse poder que permite não só nomear/criar/transformar o universo real,
mas também possibilita trocar experiências, falar sobre o que existiu,
poderá existir, e até mesmo imaginar o que não precisa nem pode existir. A
linguagem verbal é, então, a matéria do pensamento e o veículo da
comunicação social. Assim como não há sociedade sem linguagem, não há
sociedade sem comunicação.
O interesse pela linguagem é muito antigo, expresso por mitos,
lendas, cantos, rituais ou por trabalhos eruditos que buscam conhecer essa
capacidade humana. Remontam ao séc. IV a.C. os primeiros estudos sobre
a linguagem humana. Inicialmente foram razões religiosas que levaram os
hindus a estudar sua língua, para que os textos sagrados reunidos no Veda
não sofressem modificações no momento de serem proferidos.
No séc. XVI, a religiosidade ativada pela Reforma provoca a
tradução de livros sagrados em numerosas línguas, apesar de manter-se o
prestígio do Latim como língua universal.
O conhecimento de um número maior de línguas vai provocar, no
séc. XIX, o interesse pelas línguas vivas, pelo estudo comparativo dos
falares, em detrimento de um raciocínio mais abstrato sobre a linguagem,
observado no séc. anterior.

Concepções de Linguagem

Saussure considerou a linguagem “heteróclita e multifacetada”,


pois abrange vários domínios: é ao mesmo tempo física, fisiológica e
psíquica; pertence ao domínio individual e social. A língua, segundo ele, é
uma parte essencial da linguagem; é um produto social da faculdade da
linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo
social para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. É a parte
social da linguagem, exterior ao indivíduo; não pode ser modificada pelo
falante e obedece às leis do contrato social estabelecido pelos membros da
comunidade. O conjunto de linguagem/língua contém ainda um outro
elemento, a fala. A fala é um ato individual, resulta das combinações feitas
pelo sujeito falante utilizando o código da língua; expressa-se pelos
1
Apostila de uso da disciplina Filosofia da Linguagem, na Especialização em ling6uística Aplicada ao
Ensino de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira na AJES. Elaborada pela profª Áurea Cavalcante
Santana, a partir de resumos e paráfrases da bibliografia mencionada.
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mecanismos psicofísicos (atos de fonação) necessários à produção dessas
combinações.
Para Chomsky, a linguagem é um conjunto (finito ou infinito) de
sentenças, cada uma infinita em comprimento e constituída a partir de um
número finito de elementos. A linguagem é uma capacidade inata e
específica da espécie, isto é, transmitida geneticamente e própria da espécie
humana. Assim sendo existem propriedades universais da linguagem.
Assim como Saussure – que separa língua de fala – Chomsky
distingue competência de desempenho. A competência lingüística é a
porção do conhecimento do sistema lingüístico do falante que lhe permite
produzir o conjunto de sentenças de sua língua; é o conjunto de regras que
o falante construiu em sua mente pela aplicação de sua capacidade inata
para a aquisição da linguagem aos dados lingüísticos que ouviu durante a
infância. Ao desempenho corresponde o comportamento lingüístico, que
resulta não somente da competência lingüística do falante, mas também de
fatores não lingüísticos de ordem variada, como: convenções sociais,
crenças, atitudes emocionais do falante em relação ao que diz, pressupostos
sobre outras atitudes do interlocutor etc., de um lado, e, de outro, o
funcionamento dos mecanismos psicológicos e fisiológicos envolvidos na
produção dos enunciados. O desempenho pressupõe a competência, ao
passo que a competência não pressupõe desempenho.

A Dupla Articulação da Linguagem

Martinet afirma que a linguagem é duplamente articulada. O que


quer dizer isso? Antes de tudo deve-se entender o que é articulação. Em
latim, a palavra articulus significava “parte, subdivisão, membro”.
Portanto, quando se diz que a língua é articulada o que se quer dizer é que
as unidades lingüísticas são suscetíveis de ser divididas, segmentadas,
recortadas em unidades menores. Para Martinet, todo enunciado da língua
articula-se em dois planos. No primeiro, articulam-se as unidades dotadas
de sentido. A menor dessas unidades é o morfema. A frase Os lobos
andavam pode ser segmentada nos seguintes morfemas: o, artigo definido;
-s, morfema de plural; lob-, radical que significa um mamífero; -o,
morfema de masculino; -s, morfema de plural; and-, radical do verbo
andar, -a, morfema que indica que o verbo pertence à primeira conjugação;
-va, morfema de modo-temporal que indica o pretérito imperfeito do
indicativo; -m, morfema número pessoal que indica a 3ª pessoa do plural.
Essa é a primeira articulação da linguagem. Nela, as unidades são dotadas
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de matéria fônica e de sentido, ou seja, são compostas de significado e de
significante. Portanto, nesse plano, o enunciado pode ser recortado em
unidades menores dotadas de sentido, ou seja, morfemas, palavras,
sintagmas (combinações de palavras). Cada uma dessas unidades pode ser
substituída por outra no eixo paradigmático ou só combinar-se com outras
no eixo sintagmático.
Cada morfema pode, por seu turno, articular-se, dividir-se, em
unidades menores desprovidas de sentido. Essas unidades são os fonemas.
O morfema lob- pode articular-se nos fonemas /l/,/o/ e /b/. Essa é a
segunda articulação da linguagem. Nesse plano as unidades têm apenas
valor distintivo. Assim, quando se substitui o /l/ do morfema lob- por /b/ se
produz um outro radical, bob-, que aparece na palavra bobo, por exemplo.
A dupla articulação da linguagem é um fator de economia
lingüística. Com poucas dezenas de fonemas, cujas possibilidades de
combinação estão longe de ser todas exploradas em cada língua, formam-se
milhares de unidades de primeira articulação. Com alguns milhares de
unidades de primeira articulação forma-se um número ilimitado de
enunciados. Se os homens produzissem um som diferente para expressar
cada uma de suas experiências ou para designar cada elemento da realidade
teriam uma sobrecarga na memória e, além disso, o aparelho fonador não
seria capaz de emitir a quantidade de sons diferentes e necessários para
isso, nem o ouvido seria capaz de apreender todas essas produções fônicas.

A LINGÜÍSTICA

Falantes de qualquer língua fazem reflexões sobre o uso e a forma


da linguagem que utilizam. São capazes de fazer observações quanto ao
“sotaque” e às “palavras diferentes” utilizadas por um ou outro falante.
Quem não se lembra de ter um dia discutido o “jeito diferente de falar” de
uma pessoa que seja de outra região geográfica. Pode-se também
determinar se o falante é estrangeiro e muitas vezes até identificar o seu
país de origem. Qualquer indivíduo pode “falar sobre” a linguagem e
discutir aspectos relacionados às propriedades das línguas que conhece.
Isto faz parte do “conhecimento comum” das pessoas. Contudo, há um
ramo da ciência cujo objeto de estudo é a linguagem. Esta ciência é a
Lingüística.
A lingüística é a ciência que investiga os fenômenos relacionados
à linguagem humana e que busca determinar os princípios e as
características que regulam as estruturas das línguas. A palavra lingüística
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começou a ser usada em meados do século XIX para enfatizar a diferença
entre uma abordagem mais inovadora do estudo da língua, que estava se
desenvolvendo na época, e abordagem mais tradicional da filologia. Hoje
em dia, é comum fazer uma distinção clara entre a lingüística como ciência
autônoma, dotada de princípios teóricos e metodologias investigativas
consistentes, e a Gramática Tradicional, expressão que engloba um
espectro de atitudes e métodos encontrados no período do estudo
gramatical anterior ao advento da ciência lingüística.

Perspectiva Histórica

A especulação e investigação lingüísticas, tal como as


conhecemos até hoje, foram levadas a cabo somente num pequeno número
de sociedades. Embora as culturas mesopotâmica, chinesa e árabe tenham
se preocupado com a gramática, suas análises estiveram tão entranhadas
nas particularidades de seus próprios idiomas, e se mantiveram tão
desconhecidas do mundo europeu até pouco tempo atrás, que na prática não
tiveram impacto algum sobre a tradição lingüística ocidental. A tradição
lingüística e filológica dos chineses remonta a mais de 2.000 anos, mas o
interesse daqueles eruditos se concentrava amplamente na fonética, na
ortografia e na lexicografia; sua consideração dos problemas gramaticais
estava estreitamente vinculada ao estudo da lógica.
A história registrada da lingüística ocidental começa em Atenas:
Platão foi o primeiro pensador europeu a refletir sobre os problemas
fundamentais da linguagem. Em geral concorda-se que a mais
extraordinária façanha dos estudos lingüísticos do séc. XIX foi o
desenvolvimento do método comparativo, que resultou num conjunto de
princípios pelos quais as línguas puderam ser sistematicamente comparadas
no tocante a seus sistemas fonéticos, estrutura gramatical e vocabulário, de
modo a demonstrar que eram “genealogicamente” aparentadas.
O ímpeto principal para o desenvolvimento da filologia
comparativa chegou no final do séc. XVIII, quando se descobriu que o
sânscrito – a antiga língua dos livros sagrados da cultura indiana, já não
mais falada e preservada apenas na escrita – tinha algumas semelhanças
espantosas com o grego e o latim.
Um dos lingüistas mais originais, senão o de influência mais
marcante, em todo o séc. XIX, foi o erudito e diplomata alemão Wilhelm
Von Humboldt. Seus interesses, diferentemente dos da maioria de seus
contemporâneos, não eram exclusivamente históricos. Sua idéia mais
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original foi a teoria sobre a forma “interna” (o padrão, a estrutura) e
“externa” (matéria, os sons) da língua. Outra idéia de Humboldt era a de
que a língua é algo dinâmico, e não estático, sendo em si mesma uma
atividade e não um mero produto de uma atividade.
A Lingüística só foi adquirir status de ciência a partir do séc.
XIX. Até então o que havia era o estudo assistemático e irregular dos fatos
da linguagem, de caráter puramente normativo e prescritivo. Até chegar a
delimitar-se e definir-se a si própria, a Lingüística passou por três fases
sucessivas:
• 1ª fase: Filosófica - Os gregos foram os precursores
com suas profundas reflexões em torno da origem da
linguagem. Seus estudos, calcados na Filologia,
abrangeram a Etimologia, a Semântica, a Retórica, A
Morfologia, a Fonologia, Filologia e a Sintaxe. Esses
estudos, de início, tinham finalidades eminentemente
práticas; a gramática voltada para a práxis, para a ação,
o fazer.

• 2ª fase: Filológica – Definindo-se historicamente como


o estudo da elucidação de textos, a Filologia dos
alexandrinos, de preocupação marcadamente
gramatical, dedicou-se à Morfologia, à Sintaxe e à
Fonética. Além de interpretar e comentar os textos, a
Filologia procura também estudar os costumes, as
instituições e a história literária de um povo. Entretanto
seu ponto de vista se torna limitado, pelo fato dela ater-
se demasiadamente à língua escrita, deixando de lado a
língua falada.

• 3ª fase: Histórico-comparatista - Começa com a


descoberta do sânscrito entre 1786 e 1816, mostrando as
relações de parentesco genérico do latim, do grego, das
línguas germânicas, eslavas e célticas com aquela antiga
língua da Índia. A preocupação diacrônica em saber
como as línguas evoluem, e não como funcionam, é que
vai marcar toda essa fase.

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Saussure e a Teoria do Signo Lingüístico

As idéias motrizes de sua obra póstuma por oposição aos métodos


histórico-comparatista dominante até então, vieram revolucionar
completamente o pensamento lingüístico ocidental.
Saussure considera a língua como um sistema de signos formados
pela “união do sentido e da imagem acústica”. Para ela, sentido é a mesma
coisa que conceito ou idéia, isto é, a representação mental de um objeto ou
da realidade social em que nos situamos.

significado
conceito
_________________________
/kaza/ imagem
acústica

significante

Princípios do signo:
• arbitrariedade – não deve dar a idéia de que o significado
dependa da livre escolha do que fala, porque não está ao
alcance do indivíduo trocar coisa alguma num signo, uma
vez que ele seja estabelecido num grupo lingüístico. A
idéia de mar não tem nenhuma relação necessária e
“interior” com a seqüência de sons, ou imagem acústica ou
significante /mar/.
• linearidade – somente a parte material do signo – o
significante – é linear e que o pensamento, em si mesmo,
não tem partes, não é sucessivo, só sendo quando se
concretiza através das formas fônicas lineares do
significante. As unidades discretas têm de ser emitidas
sucessivamente. Elas não são concomitantes, não são
coexistentes, não são simultâneas. Ao contrário, são
sucessivas e, por isso, só podemos emitir um fonema de
cada vez, em linha, ou melhor, linearmente.

A doutrina de Saussure baseia-se ainda nos pares de distinções:


língua / fala; sincronia / diacronia; relações sintagmáticas / paradigmáticas.
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GRANDES LINHAS SEGUIDAS PELA LINGÜÍSTICA

O Estruturalismo

A lingüística estrutural na Europa - começa em 1916, com a


publicação póstuma do Curso de Lingüística Geral, de Ferdinand de
Saussure. Estruturalismo no sentido europeu, então, é um termo que se
refere à visão de que existe uma estrutura relacional abstrata que é
subjacente e deve ser distinguida dos enunciados reais - um sistema que
subjaz ao comportamento real – e de que ela é o objeto primordial de
estudo do lingüista.
Entre as mais importantes das diversas escolas de lingüística
estrutural surgida na Europa na primeira metade do séc. XX se destacam a
Escola de Praga (Trubetzkoy – Jakobson) e a Escola de Copenhague (Louis
Hjelmslev).
A lingüística estrutural nos Estados Unidos - o estruturalismo
americano e o europeu compartilharam um bom número de características.
Ao insistir na necessidade de tratar cada língua como um sistema mais ou
menos coerente e integrado, os lingüistas europeus e americanos daquele
período tenderam a enfatizar, senão a exagerar, a incomparabilidade
estrutural das línguas individuais. Depois de Boas, os dois lingüistas
americanos mais influentes foram Sapir e Bloomfield. Boas e Sapir eram
muito atraídos pela visão humboldtiana da relação entre linguagem e
pensamento, mas coube a um dos discípulos de Sapir, Whorf, apresentar
esta relação numa forma suficientemente desafiadora para atrair a atenção
geral do mundo intelectual: a tese de que a linguagem determina a
percepção e o pensamento tem sido conhecida como a “hipótese de Sapir-
Whorf”.
O trabalho de Sapir sempre exerceu atração sobre os lingüistas
americanos com maior inclinação antropológica. Bloomfield adotou
explicitamente uma abordagem behaviorista do estudo da língua,
eliminando, em nome da objetividade científica, toda referência a
categorias mentais e conceituais. Teve amplas conseqüências sua adoção da
teoria behaviorista da semântica, segundo a qual o significado é
simplesmente a relação entre um estímulo e uma reação verbal. Um dos
aspectos mais característicos do estruturalismo americano pós-
bloomfieldiano foi seu completo desprezo pela semântica.

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O Funcionalismo

O aspecto mais característico da Escola de Praga é sua


combinação de estruturalismo com funcionalismo. O termo funcionalismo
deve ser entendido como implicando uma apreciação da diversidade de
funções desempenhadas pela língua e um reconhecimento teórico de que a
estrutura das línguas é, em grande parte, determinadas por suas funções
características.
Na lingüística, o funcionalismo é mais certamente visto como um
momento particular dentro do estruturalismo. Caracteriza-se pela crença de
que a estrutura fonológica, gramatical e semântica das línguas é
determinada pelas funções que têm que exercer nas sociedades em que
operam.
A Escola de Praga é mais conhecida por seu trabalho na
fonologia. Trubetzkoy e seus colaboradores não consideram o fonema
como a unidade mínima de análise. Em vez disso, definem os fonemas
como feixe de traços distintivos. O trabalho dos funcionalistas atuais leva
adiante as propostas fundamentais da Escola de Praga.
Não apenas os lingüistas da Escola de Praga, mas também outros
que se consideraram funcionalistas, tenderam a enfatizar a
multifuncionalidade da linguagem, e a importância das suas funções
expressiva, social e conotativa, em contraste com sua função descritiva.
Um dos interesses duradouros da Escola de Praga, no que diz respeito à
estrutura gramatical das línguas, foi a perspectiva funcional da sentença.
Em geral, podemos dizer que o funcionalismo em lingüística tendeu a
enfatizar o caráter instrumental da linguagem.
A própria noção de função foi entendida de várias maneiras pelos
estruturalistas. Além do que já foi exposto, há também as funções que são
caracterizadas segundo o papel de cada um dos elementos do esquema da
comunicação, são as Funções Constitutivas da Natureza da Linguagem:
• Função Expressiva – centrada no emissor: quando uma
pessoa diz: “ai!”, a função dominante é expressar o
sentimento de quem fala.
• Função Conativa – centrada no receptor: se alguém diz
“João, você viu o filme do Odeon?”, ao dizer “João!” está
centrando a função de sua fala no destinatário, com quem
está falando.

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• Função Referencial – centrada no objeto da comunicação:
quando alguém diz “São duas horas”, está centrando sua
comunicação num estado de coisas do mundo (referente).
• Função Fática – centrada no canal, no contato que liga o
emissor e receptor: toda vez que se cumprimenta alguém –
“Oi!” – se está privilegiando na comunicação, o próprio
contato estabelecido com outra pessoa.
• Função Poética – centrada na mensagem: em geral, essa
função aparece na literatura, mas ela se dá toda vez que se
privilegia a própria mensagem, na comunicação. Por
exemplo, quando, em vez de dizer “garota”, eu digo “gata”.
• Função metalingüística – centrada no código: quando, por
exemplo, eu dou um sinônimo, ou explico o sentido de uma
palavra, ou digo que a palavra “casa” é um substantivo, etc.
Em todos esses casos, estou usando a linguagem para falar
da própria linguagem.

Quando falamos, colocamos em funcionamento todas essas


funções, sendo que algumas podem estar mais salientes que outras,
dependendo do contexto.
Essa espécie de funcionalismo foi muito rica em conseqüências
para a compreensão de aspectos fundamentais da linguagem com respeito a
seus usos nos diferentes processos de comunicação.
Vale a pena mencionar ainda outra forma de funcionalismo: a que
procura descrever a língua estudando, sobretudo, os “desvios”: erros,
inovações, usos populares, gírias, etc. Esta corrente considera que estes
desvios são funcionais, ou seja, eles mostram o que o sujeito falante espera
da língua e não encontra. Revelam assim as necessidades (funções) que
comandam o exercício da língua: a brevidade, a assimilação, a
diferenciação, a invariabilidade e a expressividade.
Essa forma de funcionalismo trouxe para os lingüistas uma
valiosa contribuição, na medida em que colocou que as “falhas” na
linguagem devem ser consideradas de forma produtiva e não apenas como
“erros” que seriam descartados da reflexão sobre a linguagem. Os desvios
são partes constitutivas da linguagem e estão inscritos no próprio
funcionamento dela.

O Gerativismo

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Em 1957, Chomsky publicou o livro Syntactic Structures, que
veio a se tornar um divisor de águas na lingüística do séc. XX. Chomsky
desenvolveu o conceito de uma gramática gerativa, que se distanciava
radicalmente do estruturalismo e do behaviorismo das décadas
anteriores.Um dos objetivos principais da gramática gerativa era oferecer
um meio de análise dos enunciados que levasse em conta o nível subjacente
da estrutura. Para alcançar esse objetivo, Chomsky traçou uma distinção
fundamentalmente o conhecimento que uma pessoa tem das regras de uma
língua (competência) e o uso efetivo desta língua em situações reais
(desempenho).
Chomsky empenhou-se em demonstrar a esterilidade da teoria
behaviorista da linguagem. Ele afirmou que a linguagem é independente de
estímulo. A criatividade, segundo ele, é uma qualidade peculiarmente
humana que distingue os homens das máquinas e, até onde sabemos, dos
outros animais. No entanto trata-se de uma criatividade regida por regras.
Produtividade não pode ser identificada com criatividade: mas
existe uma conexão intrínseca entre ambas. Nossa criatividade no uso da
linguagem – nossa liberdade em relação ao controle de estímulo manifesta-
se dentro dos limites estabelecidos pela produtividade do sistema
lingüístico.

A Pragmática

É comum dizer que a lingüística sofreu, na segunda metade do


séc. XX, uma “guinada pragmática”: em vez de se preocupar com a
estrutura abstrata da língua, com seu sistema subjacente, muitos lingüistas
se debruçaram sobre os fenômenos mais diretamente ligados ao uso que os
falantes fazem da língua. A pragmática estuda os fatores que regem nossas
escolhas lingüísticas na interação social e os efeitos de nossas escolhas
sobre as outras pessoas. Na teoria podemos dizer qualquer coisa que
quisermos. Na prática, seguimos um grande número de regras sociais (a
maioria delas inconscientemente) que constrangem nosso modo de falar.
Ex. Não há lei alguma que diga que não se pode contar piadas durante um
enterro, mas em geral não se faz isso. A pragmática, até o momento, ainda
não é um campo de estudo coerente. Há diversas áreas importantes que se
sobrepõem. Por ser uma corrente de estudo em pleno desenvolvimento, não
admira que a pragmática ainda não tenha fixado seus cânones, o que indica
que ela talvez seja o campo de estudo mais fértil para a lingüística do séc.
XXI.
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O CAMPO DA LINGÜÍSTICA

O campo da lingüística pode ser dividido por meio de três


dicotomias: sincrônica vs. diacrônica; teórica vs. aplicada;
microlingüística vs. macrolingüística.
Uma descrição sincrônica de uma língua descreve esta tal como
existe em dada época. Uma descrição diacrônica se preocupa com o
desenvolvimento histórico da língua e com as mudanças estruturais que
ocorram nela. Hoje em dia, no entanto, essas duas abordagens estão cada
vez mais em convergência, e muitos estudiosos até consideram impossível
separar o sincrônico do diacrônico.
O objetivo da lingüística teórica é a construção de uma teoria
geral de estrutura da língua ou de um arcabouço teórico geral para a
descrição das línguas. O objetivo da lingüística aplicada é, como diz o
próprio nome, a aplicação das descobertas e técnicas do estudo científico
da língua para fins práticos, especialmente a elaboração de métodos de
aperfeiçoamento de ensino da língua.
Os termos microlingüística e macrolingüística ainda não se
estabeleceram definitivamente, e de fato são usados aqui por pura
conveniência. O primeiro se refere a uma visão mais restrita, e o segundo, a
uma visão mais ampliada, do escopo da lingüística. Pela visão da
microlingüística, as línguas devem ser analisadas em si mesmas e sem
referência a sua função social, à maneira como são adquiridas pelas
crianças, aos mecanismos psicológicos que subjazem à produção e
recepção da fala, à função literária ou estética ou comunicativa da língua, e
assim por diante. Em contraste, a macrolingüística abrange todos esses
aspectos da linguagem.
Dentro da microlingüística, então, poderíamos incluir os estudos
que se preocupam com a “língua em si”:

• Fonética – estuda os sons da fala independentemente da


função que eles possam desempenhar numa língua
determinada. O meio fônico pode ser estudado sob, pelo
menos, três aspectos: o articulatório (investiga e
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classifica os sons da fala em termos da maneira como
são produzidos pelos órgãos da fala), o acústico (estuda
as propriedades físicas das ondas sonoras criadas pela
atividade do aparelho fonador e que se transferem no ar
de falante para ouvinte) e o auditivo (estuda como os
sons da fala são percebidos e identificados pelo ouvido
e cérebro do ouvinte). A fonética é basicamente
descritiva, a análise fonética se baseia na produção,
percepção e transmissão dos sons da fala.
• Fonologia – estuda os fonemas como unidades
discretas, distintivas e funcionais da língua. A fonologia
estuda as diferenças fônicas correlacionadas com as
diferenças de significado (ex. [p] ato / [m] ato), ou seja,
estuda os fones segundo a função que eles cumprem
numa língua específica, os fones relacionados às
diferenças de significado e sua inter-relação
significativa para formar sílabas, morfemas e palavras.
Um dos objetivos da fonologia está no desenvolvimento
de ortografias, ou seja, o emprego de um alfabeto pra
representar a escrita de uma língua.
• Sintaxe – é a parte dedicada à descrição do modo como
as palavras são combinadas para compor sentenças,
sendo essa descrição organizada sob forma de regras. A
sintaxe se distingue claramente tanto da fonologia
quanto da morfologia pela unidade lingüística que
constitui o seu foco de análise – a sentença. O estudo da
sintaxe está sob duas perspectivas: a visão formalista –
Chomsky - (corrente do pensamento lingüístico que se
dedica a questões relacionadas à estrutura lingüística,
sem se voltar especialmente para as relações entre a
língua e o contexto em que se insere) e a visão
funcionalista (esta vê a linguagem como um sistema
não-autônomo, que nasce da necessidade de
comunicação entre os membros de uma comunidade,
que está sujeito às limitações impostas pela capacidade
humana de adquirir e processar o conhecimento e que
está continuamente se modificando para cumprir novas
necessidades comunicativas). Pensar a sintaxe segundo
uma perspectiva funcionalista implica, então, alargar a
análise para além dos limites da sentença.
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• Morfologia – trata da estrutura interna das palavras. As
unidades mínimas da morfologia são os morfemas
(elementos que carregam significados dentro de uma
palavra). A morfologia é de crucial importância para o
estruturalismo, nesta perspectiva, uma parte central do
estudo envolve identificar morfemas de línguas não
previamente descritas. Na abordagem gerativa, a
morfologia e a descrição morfologia de línguas não
previamente analisadas, perdem espaço para os
universais da linguagem.
• Lexicologia – estudo científico dos vocábulos, tanto em
sua flexão, quanto nos processos para sua derivação e
composição.
• Semântica – Busca descrever o “significado” das
palavras e das sentenças.Dada a dificuldade de se
definir/descrever o significado, há várias semânticas,
cada uma elege a sua noção de significado: a semântica
formal (descreve o problema do significado a partir do
postulado de que as sentenças se estruturam
logicamente), a semântica da enunciação (a referência
é uma ilusão criada pela linguagem. Estamos sempre
inseridos na linguagem) e a semântica cognitiva (parte
da hipótese de que o significado é que é central na
investigação sobre a linguagem. O significado se baseia
na referência e na verdade, que entende a verdade como
correspondência com o mundo).

Diversas áreas dentro da macrolingüística têm recebido


reconhecimento sob forma de nomes próprios:

• Sociolingüística – o objeto da sociolingüística é o


estudo da língua falada, observada, descrita e analisada
no seu contexto social, isto é, em situações reais de uso.
Para a sociolingüística, língua e variação são
inseparáveis, ela encara a diversidade lingüística não
como um problema, mas como uma qualidade
constitutiva do fenômeno lingüístico.
• Pragmática – a pragmática analisa, de um lado, o uso
concreto da linguagem, com vistas em seus usuários na
prática lingüística; e, de outro lado, estuda as condições
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que governam essa prática. Pode ser apontada como a
ciência do uso lingüístico. Como a pragmática é uma
área genericamente definida por pesquisar sobre o uso
da língua, os temas para análise são amplos e variados:
estudo sobre a relação entre signos e falantes;
levantamento de aspectos de diálogos entre falantes de
uma mesma comunidade ou comunidades diferentes;
funcionamentos e efeitos de atos de fala.
• Psicolingüística – no campo de estudo da
psicolingüística podem ser levantadas as seguintes
questões: a questão entre linguagem e cérebro,
incluindo os fundamentos biológicos da linguagem, sua
neurofisiologia e os prejuízos do processamento
causados por lesão cerebral; as relações entre linguagem
e pensamento, como um produto do sistema cerebral; os
sistemas de processamento mental da linguagem,
incluindo os subsistemas lingüísticos como a fonética, a
sintaxe, a semântica, o léxico etc., e os subsistemas
psíquicos como a percepção, a memória, o
conhecimento do mundo etc.; o processamento de
unidades amplas da linguagem, como o texto e o
discurso; e a aprendizagem de outras atividades ou
sistemas lingüísticos como a leitura e a escrita.
• Análise do Discurso – os conceitos que embasam a
Análise do Discurso se fundamentam sobre uma
característica em comum, a construtividade: o discurso,
o sentido, o sujeito, as condições de produção vão se
construindo no próprio processo de enunciação.

• Lingüística Histórica – estuda os processos de


mudança das línguas no tempo. Toda língua falada no
mundo está em constante processo de mudança.
(mudança de som, semântica, gramatical, analogia etc.)
• Análise da Conversação – os estudos mais recentes na
área da interação verbal definem a linguagem como
forma de ação conjunta, que emerge quando
falantes/escritores e ouvintes/leitores realizam ações
individuais, coordenadas entre si, fazendo com que tais
ações se integrem, formem um conjunto.
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• Neurolingüística – estuda as relações entre cérebro e
linguagem, com enfoque no campo das patologias
cerebrais, cuja investigação relaciona determinadas
estruturas do cérebro com distúrbios ou aspectos
específicos da linguagem (Caplan). Para Menn e Obler,
a Neurolingüística tem por objetivo teorizar sobre o
“como” a linguagem é processada no cérebro.
• Lingüística do Texto – faz parte de um amplo esforço
teórico, com perspectiva e métodos diferenciados, de
constituição de um outro campo que procura ir além dos
limites da frase, que procura reintroduzir, em seu
escopo teórico, o sujeito e a situação de comunicação.

FICÇÃO DA HOMOGENEIDADE E VARIAÇÃO


LINGÜÍSTICA

Em todas as comunidades lingüísticas do mundo, a não ser nas


muito pequenas, há diferenças mais ou menos óbvias de sotaque e dialeto.
Sotaque é mais restrito, refere-se unicamente à forma como a língua é
pronunciada e não traz quaisquer tipos de implicações com respeito à
gramática e ao vocabulário.
Não há língua melhor ou pior, primitiva ou mais evoluída. Toda
língua permite a expressão de qualquer conceito. Caso seja necessário
incorpora-se vocabulário novo ampliando-se o léxico da língua em questão.
Isto faz parte do caráter evolutivo das línguas. Todas as línguas mudam
continuamente.
Fazer uso da linguagem certamente leva-nos a compartilhar de
princípios sociais e lingüísticos. Estes princípios são determinados sem
nenhum encontro específico dos falantes para tal finalidade ou de uma lei
ou decreto criados especificamente para este fim. Entretanto, tais princípios
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são compartilhados pela comunidade em questão, são parte do universo
dinâmico e passíveis de mudanças a cada instante. A intuição de falante
nativo contribui para a seleção da variante a ser usada em cada contexto.
Em outras palavras, sabemos o que falar, para quem, como, quando e onde.
O termo variante, sinônimo de dialeto, caracteriza as
propriedades lingüísticas compartilhadas por um grupo específico de
falantes. Temos, assim, variantes etárias, variantes de sexo, variantes
geográficas, etc. O termo idioleto se refere à fala específica de um
indivíduo. As propriedades particulares da fala e um indivíduo
caracterizam seu idioleto.
Falantes de qualquer língua prestigiam ou marginalizam certas
variantes regionais. Assim determinamos variantes de prestígio e
variantes estigmatizadas. Algumas variantes podem ser consideradas
neutras do ponto de vista de prestígio. Temos em qualquer língua as
chamadas variante padrão e variante não-padrão. Os princípios que
regulam as propriedades dessas variantes geralmente extrapolam critérios
puramente lingüísticos. Na maioria das vezes o que se determina como
sendo uma variante padrão relaciona-se à classe social de prestígio e a um
grau relativamente alto de instrução formal dos falantes. Variantes não-
padrão geralmente desviam-se destes parâmetros.
Algumas variantes não-lingüísticas deixam marcas na
organização lingüística. A fala do homem e da mulher, por exemplo, se faz
marcar na organização lingüística. Temos variantes de sexo (masculino ou
feminino). De uma maneira geral observamos que o uso do diminutivo é
recorrente na fala feminina: “Olha que gracinha aquele vestidinho
amarelinho!” Parece difícil imaginar um homem dizendo o mesmo
enunciado. No caso do português, quando ocorre a variante de sexo, esta é
expressa em termos de freqüência de uso. Não há em português marcas
gramaticais, palavras específicas ou padrões de entonação que sejam
somente utilizados por falantes de um único sexo. Isto ocorre em algumas
outras línguas.
Como exemplo de variante etária, podemos notar que pessoas
mais idosas são mais propensas a pronunciar o r final das formas de
infinitivo dos verbos (cf. “cantar”), ou os s plurais dos substantivos (“os
meninos”). Jovens tendem a omitir estes sons nestes contextos. As
variantes formais e informais são estilísticas. Namorar ou brincar com os
filhos envolve o uso de uma variante diferente daquela utilizada em um
encontro formal em uma entrevista de emprego.
Ao se empreender uma análise lingüística, deve-se considerar
parâmetros lingüísticos e não-lingüísticos. Dentre os fatores não-
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lingüísticos ressalta-se: região geográfica, faixa etária, gênero (masculino,
feminino, neutro), estilo (formal, não-formal), grau de instrução, classe
social.

Gramática: o ponto de vista normativo / descritivo

A gramática tradicional, ao fundamentar sua análise na língua


escrita, difundiu falsos conceitos sobre a natureza da linguagem. Ao não
reconhecer a diferença entre língua escrita e língua falada passou a
considerar a expressão escrita como modelo de correção para toda e
qualquer forma de expressão lingüística. A gramática tradicional assumiu
desde sua origem um ponto de vista prescritivo, normativo com a relação à
língua.
A tarefa do gramático se desdobra em dizer o que é a língua,
descrevê-la, e ao privilegiar alguns usos, dizer como deve ser a língua.
Abordar a língua exclusivamente sob uma perspectiva normativa
contribui para gerar uma série de falsos conceitos e até preconceitos, que
vêm sendo desmistificados pela Lingüística. Está demonstrado que a língua
escrita não pode ser modelo para a língua falada. Está claro para todo
estudioso da linguagem que não há língua “mais lógica”, melhor ou pior,
rica ou pobre. Todas as línguas naturais possuem recursos necessários para
a comunicação entre seus falantes. Todas as línguas até hoje estudadas
constituem um sistema de comunicação estruturado, complexo e altamente
desenvolvido.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

SILVA, Thaís Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português. São Paulo:


Contexto, 2001.

WEEDWOOD, Bárbara. História Concisa da lingüística. São Paulo:


Parábola, 2002.

FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Lingüística – I Objetos teóricos.


São Paulo: Contexto, 2002.

LYONS, John. Linguagem e Lingüística: uma introdução. Rio de Janeiro:


LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1987.

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CARVALHO, Castelar. Para Compreender Saussure – Fundamentos e
visão crítica. Petrópolis: Vozes, 2000.

ORLANDI, Eni Pulcinelli. O que é Lingüística. São Paulo: Brasiliense,


1999. (Coleção primeiros passos; 184)

FILOSOFIA DA LINGUAGEM (1)

DA TORRE DE BABEL A CHOMSKY

Josué Cândido da Silva*

O surgimento da linguagem é um fato fundamental na história humana. Não


seria possível a organização dos seres humanos em sociedade sem a linguagem e vice-
versa. Isso indica que a linguagem e a vida em sociedade devem ter surgido
praticamente ao mesmo tempo. É difícil determinar qual a origem da linguagem, pois
não há muitas pistas a seguir.

As primeiras explicações sobre a origem da linguagem têm seus fundamentos


na religião. Deus teria dado a Adão uma língua e a capacidade de nomear tudo o que
existe. Haveria apenas uma língua, em que cada palavra teria apenas um significado.
Mas como explicar a diversidade das línguas?

Torre de Babel
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Na Bíblia, o Gênesis conta que "o mundo inteiro falava a mesma língua, com
as mesmas palavras" (Gn 11,1). Os homens resolveram, porém, criar uma cidade com
uma torre tão alta que chegaria a tocar o céu e os tornaria famosos e poderosos. Então
Deus, para castigá-los, fez com que ninguém mais se entendesse e os homens passaram
a falar línguas diferentes.

Assim, os construtores da torre se dispersaram e a obra permaneceu inacabada.


A diversidade das línguas surge como forma de evitar a centralização do poder. A
cidade dessa história bíblica ficou conhecida como Babel, que significa "confusão".

Rousseau e o 'grito da natureza'


O filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) supôs que a linguagem
humana teria evoluído gradualmente, a partir da necessidade de exprimir os
sentimentos, até formas mais complexas e abstratas. Para Rousseau, a primeira
linguagem do homem foi o "grito da natureza", que era usado pelos primeiros homens
para implorar socorro no perigo ou como alívio de dores violentas, mas não era de uso
comum.

A linguagem propriamente dita só teria começado "quando as idéias dos


homens começaram a estender-se e a multiplicar-se, e se estabeleceu entre eles uma
comunicação mais íntima, procuraram sinais mais numerosos e uma língua mais
extensa; multiplicaram as inflexões de voz e juntaram-lhes gestos que, por sua natureza,
são mais expressivos e cujo sentido depende menos de uma determinação anterior".
(Jean Jacques Rousseau, "Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade
entre os Homens").

Já o filósofo e psicólogo americano George Herbert Mead (1863-1931),


contrariamente a Rousseau, afirmava que a linguagem gestual precedeu a linguagem
falada. A necessidade de combinarem certos gestos para coordenarem suas ações
durante as caçadas ou fugas de outros animais levou os homens a desenvolverem certos
gestos comuns que se repetiam.

Mead e a experiência comum


Nesse processo, a comunicação se torna possível pelo fato dos indivíduos
adotarem o mesmo significado para um gesto evocando uma vivência anterior do
próprio indivíduo. Segundo Mead, quando o gesto chega a essa situação, converte-se no
que chamamos de "linguagem", ou seja, um símbolo significante que representa certo
significado.

Com o passar do tempo, esse conjunto de gestos significantes dá lugar a


formas mais elaboradas de linguagem, compondo um universo de discurso. Nesse
estágio, o sentido já não é articulado apenas tendo por base a interiorização das
expectativas de ação do outro. Há uma sofisticação da comunicação, que se torna
possível pelo fato dos indivíduos adotarem o mesmo significado para o objeto dentro
deste universo de discurso.

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"Esse universo de discurso é constituído por um grupo de indivíduos que
conduz e participa de um processo social comum de experiência e comportamento, e no
qual esses gestos ou símbolos significantes têm a mesma significação, ou uma
significação comum para todos os membros do grupo... Um universo de discurso é
simplesmente um sistema de significados comuns ou sociais." (Mead, G., "Mind, Self
and Society").

Portanto, a forma como o indivíduo organiza sua experiência é determinada


em grande parte pelo universo de discurso ao qual ele pertence e conforma seu
imaginário social e as formas de simbolização de sua experiência. Mas será que os
limites da minha linguagem e da minha cultura são também os limites para pensar e
significar a realidade?

Será que existem línguas mais apropriadas ao filosofar como o grego ou o


alemão, por exemplo? Ou existiriam estruturas de pensamento universais independentes
da cultura e da linguagem?

Noam Chomsky
Uma sugestiva contribuição sobre esse tema foi elaborada pelo lingüista e
ativista político americano Noam Chomsky (nascido em 1928), que revolucionou a
lingüística ao introduzir a relação entre o pensamento e a linguagem. Para Chomsky, a
criança disporia de pouca informação da língua para aprender como a linguagem
funciona. Ainda mais, se considerarmos que além de contarem com poucos estímulos,
os adultos, muitas vezes, não ajudam a criança em seu aprendizado dizendo-lhes coisas
sem muito sentido.

Mesmo assim, a maioria das crianças tem um domínio razoável da língua por
volta dos dois anos de idade. Se considerarmos que a linguagem é um sistema bastante
complexo com regras semânticas e sintáticas sutis e que o ambiente para o aprendizado
da língua não é suficiente, então o que torna possível o seu aprendizado?

A explicação estaria na estrutura mental geneticamente determinada, na qual


estaria fixado um conjunto de regras gerais para a utilização da linguagem, que são
universais por necessidade biológica e não por simples acidente histórico, e que
decorrem de características mentais da espécie.

'Gramática universal'
Chomsky define o conjunto de princípios e regras que determinam o uso da
linguagem como "gramática universal". Trata-se de um sistema de princípios, condições
e regras que são elementos ou propriedades de todas as línguas humanas. Esse sistema
seria o resultado de um longo processo de evolução biológica, que constituiria a
essência da linguagem humana.

Esta gramática universal seria, portanto, uma estrutura anterior ao aprendizado


de qualquer gramática específica, pertencendo a um estágio inicial do cérebro. Ela não

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se identifica a nenhuma linguagem particular, mas é subjacente a todas as línguas
possíveis.

Se a linguagem é aprendida a partir da interação social e por ela condicionada


ou é produto da relação entre o ambiente e as estruturas mentais geneticamente herdadas
é algo que ainda não podemos afirmar com certeza. Tal questão permanece guardada
como um fascinante segredo sobre sua origem.

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u52.jhtm Acesso em


26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

*Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa


Cruz em Ilhéus (BA).

FILOSOFIA DA LINGUAGEM (2)

AS PALAVRAS E AS COISAS

Josué Cândido da Silva*

A relação entre as palavras e as coisas é objeto de um longo debate na


filosofia. Seriam os nomes que damos aos seres meras convenções ou seriam eles
naturais e inerentes aos seres? Poderíamos chamar as mesas de cadeiras e as cadeiras de
mesas, por exemplo?

Muitos povos antigos consideravam o nome como parte indissociável do seu


ser. O nome seria tão parte da pessoa como suas mãos ou pés. Assim, o nome adquiria
muitas vezes um caráter sagrado, cabendo ao indivíduo honrá-lo e defendê-lo. Ainda
hoje, em muitas religiões, realizam-se ritos que tentam atingir uma pessoa através da
manipulação do seu nome.

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Entre os cristãos, era comum mudar de nome após converter-se ao cristianismo
como símbolo de uma nova vida. Existem pessoas que acreditam que falando o nome da
coisa a estamos chamando, como quando se fala da morte, por exemplo. Há outras que
acreditam que não se deve falar de pessoas mortas.

Será que o nome da pessoa é parte de sua identidade ou poderíamos ter um


nome diferente que isso não faria diferença? As pessoas se parecem com o nome que
têm? Ou há pessoas que têm nomes que não combinam com elas?

Platão
Um diálogo interessante de Platão (428-347 a.C.) sobre o assunto aparece no
"Crátilo". Platão inicia esse diálogo com uma discussão entre dois personagens: Crátilo
e Hermógenes. Crátilo afirma que Hermógenes não deveria se chamar assim, já que
"Hermógenes" significa "filho de Hermes" e para fazer jus a esse nome, Hermógenes
deveria ser uma pessoa rica e não estar em dificuldades financeiras, como era o caso do
personagem.

Hermógenes, no diálogo, defende a posição do convencionalismo, isto é, que


os nomes não têm nenhuma relação com as coisas e são completamente arbitrários,
podendo ser mudados segundo a nossa vontade. Já Crátilo defende a posição naturalista
de que a cada coisa corresponde o seu nome e conhecer o nome significa saber o que a
coisa é.

Platão defende uma posição intermediária. Ele irá reconhecer que existe certo
grau de convencionalismo, pois a mesma coisa pode ser chamada por nomes diferentes
nas diversas línguas. Por outro lado, as pessoas não poderiam ficar trocando o nome das
coisas à vontade, porque, nesse caso, a linguagem se tornaria impossível.

Ordem das coisas


Existe um limite para o convencionalismo, pois as palavras devem significar a
essência daquilo que representam. Mesmo que as palavras variem de uma língua para
outra, em cada uma delas a palavra sempre representa a essência daquilo que ela
nomeia. Ela é um instrumento para representar a ordem das coisas.

Assim como existe uma ordem nas coisas, existe uma ordem na linguagem,
que é tão mais verdadeira quanto melhor representar a ordem das coisas. Por isso, é
necessária uma crítica da linguagem para que ela se torne mais fiel como instrumento
para dar expressão à ordem natural das coisas. Tal tarefa cabe ao dialético, responsável
por criar os nomes e fazer com que a palavra possa exprimir em sons a idéia
correspondente à essência da coisa.

Contrariamente à posição de Platão, o filósofo inglês Guilherme de Ockham


(1285-1349) é um dos principais defensores da doutrina conhecida como "termismo" ou
"nominalismo". Segundo Ockham, o nome ou o termo "faz as vezes" do objeto na
proposição. Ele apenas substitui a coisa real, mas ele mesmo não tem nada a ver com a
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coisa que designa, é apenas uma convenção que empregamos para nos referirmos às
coisas.

Abstração
Somente os objetos singulares são reais. Como o número de palavras é
limitado e o de objetos, infinito, uma mesma palavra acaba tendo de designar um grande
número de objetos. Quanto maior o grupo de objetos que a palavra designa, mais
abstrata ela se torna e mais vaga também. Por exemplo, eu posso ter uma idéia muito
clara de quem seja André ou Maria, mas a idéia de "humanidade" já não é tão viva em
nossa mente. Disso se conclui que as palavras se prestam melhor para se referir às
coisas concretas e não para representar a essência (se é que ela existe), como pensava
Platão.

Os termos abstratos seriam apenas construções de nosso intelecto, não estando


de forma alguma nas coisas. Ou seja, as coisas não têm uma essência a ser simbolizada
através do termo, nós é que atribuímos uma essência para elas através do processo de
abstração.

Convenção versus essência


Percebemos determinadas características nas coisas e estabelecemos uma
relação de semelhança entre elas. Por exemplo, que determinados animais têm penas,
bicos e são bípedes e os chamamos de aves. Essas características comuns estão
presentes nos indivíduos singulares e nós as abstraímos formando uma idéia geral que
se aplica a um grupo de indivíduos.

A "ave" em si, porém, não existe. O que existem são patos, galinhas e canários
concretos dos quais chegamos à idéia geral de ave. O único modo de saber se essa
abstração é uma idéia verdadeira ou não é confrontá-la com o objeto real que ela
pretende representar.

Muitos outros filósofos se envolveram no debate sobre se a relação entre as


palavras e as coisas é puramente convencional ou a expressão da essência das coisas.
Um deles, Pedro Abelardo (1079-1142), colocou o problema nos seguintes termos: se
todas as rosas do mundo desaparecessem, o nome "rosa" ainda assim continuaria tendo
significado? Por trás dessa questão se esconde a secreta relação entre as palavras e as
coisas, além da teimosa recusa da linguagem em ser mero veículo de expressão dos
objetos ou das idéias dos sujeitos.

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult3323u53.jhtm Acesso em


26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

*Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa


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FILOSOFIA DA LINGUAGEM (3)

WITTGENSTEIN E A FIGURAÇÃO DO MUNDO

Josué Cândido da Silvai


Ludwig Wittgenstein (1889-1951) foi, sem dúvida, um dos filósofos mais
influentes do século 20 e o principal responsável pela chamada virada lingüística da
filosofia, movimento que colocou a linguagem no centro da reflexão filosófica,
deixando de figurar apenas como um meio para nomear as coisas ou transmitir
pensamentos.

Em Wittgenstein, como em Sócrates, vemos um filósofo que procura viver


coerentemente com suas crenças filosóficas. Ele recusou a fortuna de sua família e
trabalhou em funções humildes, como ajudante de jardineiro em um mosteiro e porteiro
em um hospital.

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Em sua trajetória intelectual, Wittgenstein foi capaz de realizar uma profunda
revisão de sua própria teoria, a tal ponto que muitos estudiosos de sua obra filosófica a
dividem em dois períodos: o "primeiro Wittgenstein", que corresponderia ao seu
"Tractatus Logico-Philosophicus", publicado em 1921, e o "segundo Wittgenstein",
cuja obra principal é "Investigações Filosóficas", publicada postumamente.

Embora se tratem de "dois wittgensteins", que influenciaram escolas


filosóficas diferentes, a linguagem permanece o tema principal de sua reflexão e o que
fornece unidade a sua obra.

Tractatus Logico-Philosophicus

No "Tractatus Logico-Philosophicus" - um conjunto de aforismos e corolários


divididos de 1 a 7 -, Wittgenstein tenta romper com a visão tradicional da filosofia, que
vê o mundo como um mero agregado de coisas que podem ser pensadas de modo
independente umas das outras. Tal visão não é incorreta, apenas incapaz de explicar
qual a relação existente entre as coisas.

As coisas, por si só, não têm sentido, pois elas ganham significado quando
relacionadas com outras coisas. Da mesma forma como não conseguimos pensar em
algo fora do espaço e do tempo, "também não podemos pensar em nenhum objeto fora
da possibilidade de sua ligação com outros" (Tractatus, 2.0121).

Para que algo possa ter significado é preciso que apareça dentro de uma
relação com outros objetos em um determinado estado de coisas. Estar ligado a um
estado de coisas é, ao mesmo tempo, a condição para que um objeto possa aparecer e ser
pensado.

Com as palavras acontece a mesma coisa. Elas só adquirem significado


quando inseridas em uma frase, pois somente as frases podem ser consideradas
verdadeiras ou falsas. Dizer, por exemplo, "cadeira" é algo que carece de complemento
para se tornar uma unidade significativa. É somente quando tenho uma frase como "a
cadeira está na cozinha" que posso dizer se essa proposição é verdadeira ou falsa.

Eu não poderia, porém, saber se uma frase é ou não verdadeira se ela não
correspondesse à estrutura do mundo, ou seja, a ordem das coisas no mundo. Mas como
a linguagem pode representar a estrutura do mundo?

Conexão entre palavras e objetos


Para Wittgenstein isso só seria possível se existisse uma correspondência entre
o mundo, o pensamento e a linguagem. Dito de outra maneira, se houvesse uma
correspondência entre a figuração do mundo na linguagem e o próprio mundo
afigurado.

Como explica Wittgenstein, "na figuração e no afigurado deve haver algo de


idêntico, a fim de que um possa ser, de modo geral, uma figuração do outro". (2.161).
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"O que a figuração deve ter em comum com a realidade para poder afigurá-la à sua
maneira - correta ou falsamente - é a sua forma de afiguração" (2.17). Portanto, não
basta que exista uma correspondência entre a palavra e a coisa designada, pois nas
frases falsas também se fala sobre objetos. Caso contrário, elas não seriam falsas, mas
apenas absurdas.

O que determina a verdade ou falsidade é se a conexão entre as palavras na


proposição é igual à conexão entre os objetos no mundo, isto é, deve haver uma
identidade entre a estrutura das coisas e a estrutura do pensamento. O que permite que a
linguagem possa corresponder ao mundo é que ambos partilham da mesma forma
lógica. A forma lógica é, portanto, a condição de possibilidade da afiguração.

Mas como Wittgenstein pode demonstrar isso? Como pode ele provar que
pensamento, linguagem e mundo têm a mesma forma lógica? Aqui chegamos a um
ponto decisivo para a filosofia: segundo Wittgenstein, isso não pode ser demonstrado, é
algo que apenas se mostra. Para demonstrar aquilo que se mostra através da linguagem e
do mundo seria preciso uma teoria que se referisse à totalidade do mundo e da
linguagem.

Isso é, no entanto, impossível, pois quando falamos sobre o mundo já estamos


dentro da forma lógica e não há como vê-la de fora. "Para podermos representar a forma
lógica, deveríamos poder-nos instalar, com a proposição, fora da lógica, quer dizer, fora
do mundo" (4.12). Teríamos que colocar-nos, como diziam os medievais, no ponto de
vista de Deus, algo que é igualmente impossível, a menos que o próprio Deus o
revelasse para nós.

Função da filosofia: esclarecer pensamentos


Daí que as investigações sobre o sentido do mundo como totalidade não é
assunto para o filósofo, mas para o místico: "O sentimento do mundo como totalidade
limitada é o sentimento místico" (6.45). A filosofia não tem nada a dizer sobre a forma
lógica, já que a forma lógica é a condição de possibilidade de toda e qualquer figuração
e não pode, ela mesma, ser afigurada. A forma lógica não se explica, se mostra, e "o que
pode ser mostrado não pode ser dito" (4.1212).

Ao invés de especular sobre a totalidade do mundo e da linguagem, a filosofia


deveria ocupar-se de uma função mais modesta: a de esclarecer a linguagem e ajudar a
formular proposições claras. Nas palavras de Wittgenstein: "O fim da filosofia é o
esclarecimento lógico dos pensamentos. (...) Cumpre à filosofia tornar claros e delimitar
precisamente os pensamentos, antes como que turvos e indistintos" (4.112).

Assim, quando alguém quiser dizer algo de metafísico como "ser" ou


"essência", explicar-lhe que não conferiu um significado preciso ao que diz e sugerir
que ele reconstrua sua proposição. Os filósofos deveriam resignar-se ao sétimo aforismo
do Tractatus que diz que "sobre aquilo que não se pode falar, deve-se calar".

Todavia, não deixa de ser curioso que o próprio Wittgenstein teve de se valer
de proposições gerais e metafísicas para expor suas teses. Ele afirma, por exemplo, que
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a totalidade das proposições é a linguagem; que a proposição é uma figuração da
realidade; que os limites do mundo são os limites da minha linguagem etc. Ou seja, ele
não se limita ao que se mostra, mas pretende falar sobre como as coisas são em sua
totalidade.

Assim, o seu Tractatus deve também ser entendido como uma pretensão de
dizer algo de metafísico e, portanto, um contra-senso. Para sair dessa, Wittgenstein usa
a genial analogia da escada que deve ser jogada fora após se subir por ela (6.54). A
filosofia é essa escada que ele usou para descrever a estrutura lógica do mundo e da
linguagem. Feito isso, sua função está praticamente encerrada e Wittgenstein, coerente
com seu pensamento, preferiu mergulhar em um silêncio que durou vários anos a
continuar a dizer mais contra-sensos.

"Minhas proposições" - diz Wittgenstein - "elucidam dessa maneira: quem me


entende acaba por reconhecê-las como contra-sensos, após ter escalado através delas -
por elas - para além delas. (Deve, por assim dizer, jogar fora a escada após ter subido
por ela.)" (6.54).

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/filosofia-da-linguagem-3.jhtm.
Acesso em 26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Sugestão de leitura: Wittgenstein, Ludwig. "Tractatus Logico-Philosophicus". Tradução


e ensaio introdutório de Luiz Henrique Lopes dos Santos, São Paulo: Edusp.

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i
Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em
Ilhéus (BA).

FILOSOFIA DA LINGUAGEM (4)

WITTGENSTEIN E OS INFINITOS JOGOS DE LINGUAGEM

Josué Cândido da Silva*

Uma rápida comparação entre o "Tractatus Logico-Philosophicus" e as "Investigações


Filosóficas" é suficiente para perceber a radicalidade da mudança no pensamento de Wittgenstein.

Embora permaneça com a mesma temática, ou seja, o problema da linguagem, o


Wittgenstein das "Investigações Filosóficas" é profundamente crítico de si mesmo, a ponto de
abandonar a forma sistemática e precisa do Tractatus, por aquilo que ele chamou de um álbum de
"anotações" e "esboços de paisagens", às vezes saltando rapidamente de um tema a outro e usando
imagens e metáforas.

Por outro lado, há certa continuidade no trabalho de Wittgenstein. No Tractatus ele


pretendia romper com a visão tradicional da filosofia, que dava prioridade à função designativa da
linguagem e pouca importância às relações entre as palavras ou entre as coisas no mundo. Nas
"Investigações Filosóficas" ele aprofunda essa temática, criticando inclusive a si próprio.

Partes da realidade
Para Wittgenstein, o grande problema na filosofia da linguagem tem sua origem em
Platão, que interpretava todas as palavras como nomes próprios, em que cada nome corresponde a
um objeto. Os nomes comporiam as unidades simples das quais são tecidas as afigurações do
mundo, sua estrutura lógica. Sempre seria possível reduzir as unidades complexas de significação
aos seus elementos mais simples.

Nas "Investigações Filosóficas", Wittgenstein coloca esse modelo em xeque ao se


perguntar quais são as partes simples que compõem a realidade. Por exemplo: quais são as partes
constituintes simples de uma poltrona? A resposta, naturalmente, depende do contexto em que
surgiu a pergunta, se ela parte de empregados de uma empresa interessados em desmontar a
poltrona para transportá-la, ou de um cientista interessado em analisar os riscos de combustão dos
materiais etc.

Ou seja, o que é "simples" ou "composto" é completamente dependente do jogo de


linguagem que se está jogando. Mas o que é jogo de linguagem? Wittgenstein não nos dá uma
definição, pois é justamente com essa visão de filosofia que está tentando romper: a de que cada
palavra corresponde a um objeto.

Jogos de linguagem
A linguagem não é uma coisa morta em que cada palavra representa algo de uma vez por
todas. Ela é uma atividade humana situada cultural e historicamente. Os jovens, por exemplo,
adoram usar termos diferenciados que correspondem ao seu grupo, mas que fora dele poucos
compreendem. Assim, "radical" já foi usado para designar algo que é "maneiro" ou "massa", um
sujeito "legal" pode ser considerado "sangue bom" ou "moral" dependendo do lugar onde viva.
A idéia de jogos de linguagem rompe com a visão tradicional de que aprender uma língua
é dar nomes aos objetos. Imagine que você está em um passeio turístico e se perdeu de seu grupo.
No lugar em que você está a população só fala o idioma local, que você desconhece. Como você
faria para se comunicar?

Talvez você tentasse se comunicar primeiro por mímica ou tentasse desenhar o que queria.
Os nativos falariam alguma coisa na língua deles e você talvez repetisse na esperança de estabelecer
algum laço de comunicação. Talvez com um bocado de paciência vocês acabassem se entendendo e
essa história acabaria tendo um final feliz. Naturalmente, ocorreriam muito mais equívocos do que
acertos, isso porque mesmo gestos que para nós são banais como acenar a cabeça, podem significar
coisas muito diferentes em outra cultura.

Linguagem e forma de vida


É claro que designar objetos é uma parte importante da linguagem, mas ela não se reduz a
isso. Mesmo uma criança quando está aprendendo a falar ainda não é capaz de entender elucidações
indicativas (mímica, jogos com os olhos), justamente por desconhecer o significado daquela palavra
que queremos elucidar.

Como ilustra Wittgenstein, quando mostramos um objeto para uma criança e dizemos:
"este é o rei", essa elucidação só passa a fazer sentido enquanto denominação de uma peça de
xadrez se a criança "já sabe o que é uma figura do jogo". O que pressupõe que ela já tenha jogado
outros jogos ou que tenha assistido a outras pessoas jogando "com compreensão" ("Investigações
Filosóficas", § 31).

Portanto, o aprendizado de uma língua não pode ser visto apenas como mero aprendizado
da designação de objetos isolados. Esse é apenas um ato secundário dentro de um processo em que
a criança, ao mesmo tempo em que aprende a língua materna, também se apropria de um
determinado entendimento do mundo. A criança aprende junto com a linguagem uma determinada
forma de vida.

Formas de vida e jogos de linguagem constituem, portanto, as categorias centrais da nova


imagem da linguagem elaborada por Wittgenstein. Nessa nova imagem, a linguagem é sempre
ligada a uma forma de vida determinada, contextualizada dentro de uma práxis comunicativa
interpessoal.

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/filosofia-da-linguagem-4.jhtm Acesso em


26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

*Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em


Ilhéus (BA).

FILOSOFIA DA LINGUAGEM (5)

WITTGENSTEIN: PRAGMÁTICA ANTES DA SEMÂNTICA

Josué Cândido da Silva*


Diferentes formas de vida apresentam diferentes modos de uso da linguagem, ou melhor,
diferentes jogos de linguagem. Wittgenstein pretende acentuar, com o conceito de jogos de
linguagem, que a partir de diferentes contextos seguem-se diferentes regras de uso das palavras.

Tal posição implica uma mudança na filosofia. Essa mudança coloca a pragmática como
anterior à semântica, ou seja, o uso da linguagem em contextos determinados acima de seu
significado estabelecido, pois o significado das palavras e frases só pode ser resolvido pelo uso que
se faz delas em contextos pragmáticos.

Só podemos avaliar se o emprego de uma determinada palavra é correto ou não dentro do


contexto de uma comunidade lingüística que dela faz uso, pois é justamente o acordo da
comunidade que torna a comunicação possível. "Correto e falso é o que os homens dizem, e na
linguagem os homens estão de acordo. Não é um acordo sobre as opiniões, mas sobre o modo de
vida" ("Investigações Filosóficas", § 241).

Linguagem depende da liberdade humana


O modo de vida se assenta em hábitos determinados, intersubjetivamente válidos, que
constituem os jogos de linguagem. Já que, como diz Wittgenstein, não se pode seguir uma regra
apenas uma vez, ou dito de outra maneira: aprendo o significado de um signo porque fui treinado
"para reagir de uma determinada maneira a este signo e agora reajo assim" ("Investigações
Filosóficas", § 198). A comunidade que participa de um jogo de linguagem estabelece determinados
hábitos compartilhados por seus participantes.

A linguagem é resultado da interação social historicamente determinada, na qual os


sujeitos se inserem, não sendo, portanto, um fenômeno puramente natural. Ela é dependente da
capacidade de criação e liberdade humanas, sempre aberta à invenção e modificações como
qualquer outra instituição social.

O fato de nos apropriarmos do uso da linguagem como quem domina uma técnica não
significa que o fazemos de um modo puramente mecânico. Cada participante é capaz de interpretar
a regra de um modo inovador e assim provocar mudanças na significação das expressões
lingüísticas.

Afinal, as regras são apenas "indicadores de direção", nada mais que isso. O emprego que
fazemos dos indicadores de direção permanece aberto a interpretações, pois "cada interpretação,
justamente com o interpretado, paira no ar; ela não pode servir de apoio a este. As interpretações
não determinam sozinhas a significação" (IF, § 198).

Usuários e inventores da língua


É por isso que Wittgenstein usa a expressão "jogos de linguagem", pois é no jogo que os
sujeitos elaboram consensos sobre as regras a serem seguidas e, eventualmente, as modificam (IF,
§§ 84, 85). Cada um de nós, portanto, é ao mesmo tempo usuário e inventor da língua.

Nessa nova maneira de ver a linguagem, Wittgenstein realiza uma crítica ainda mais
radical da metafísica, que busca encontrar uma "essência" ou "substância" última das coisas. Para
ele, não existe um sentido a ser buscado fora daquele que estamos acostumados a usar.

Os problemas filosóficos começam justamente por nos alienarmos do uso comum da


linguagem cotidiana, comprovado pela prática, e extraímos um termo do seu jogo de linguagem:
"Quando os filósofos usam uma palavra - 'saber', 'ser', 'objeto', 'eu', 'proposição', 'nome' - e quando
tratam de apreender a essência da coisa, então é preciso sempre perguntar: essa palavra é realmente
usada assim, na língua em que ela se sente em casa? - Nós é que acabamos por reconduzir as
palavras de seu uso metafísico a seu uso cotidiano" ("Investigações Filosóficas", § 116).

Cabe ao filósofo realizar uma "terapia" da linguagem através da elucidação dos conceitos
em seus jogos de linguagem específicos. Novamente, Wittgenstein relega um papel bastante
modesto para a filosofia: "A filosofia deixa tudo como está".

Wittgenstein não deixou, porém, tudo como estava com sua filosofia. Ele abriu uma
intensa discussão na filosofia sobre se podemos passar de um dos infinitos jogos de linguagem
ligados às formas de vida para outro ou se seriam realmente incomensuráveis, o que levaria
inevitavelmente ao relativismo.

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/filosofia-da-linguagem-5.jhtm Acesso em


26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Sugestão de leitura: Spaniol, Werner. "Filosofia e Método no Segundo Wittgenstein". São Paulo:
Loyola, 1989.

*Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em


Ilhéus (BA).

FILOSOFIA DA LINGUAGEM (6)

AUSTIN E SEARLE E OS ATOS DE FALA

Josué Cândido da Silva*

Costuma-se dizer que "quem fala demais não faz", ou que se deve "falar menos e agir
mais". Tais provérbios indicam uma quase oposição entre o agir e o falar. Mas você ficaria surpreso
se alguém lhe dissesse que é possível agir através de palavras? Ou que, em alguns casos, podem-se
fazer coisas através da fala? Pois é justamente disso que trata a teoria dos atos de fala.

Atos de fala
A teoria dos atos de fala foi elaborada inicialmente por John L. Austin (1911-1960) e
desenvolvida posteriormente por J.R. Searle. Austin parte da teoria pragmática de Wittgenstein de
que é o uso das palavras em diferentes interações lingüísticas que determina o seu sentido. Esse
sentido, porém, não se reduz apenas ao das proposições declarativas do tipo: "a parede é azul".

Vimos com Wittgenstein que, dependendo do jogo de linguagem, o sentido de uma


proposição pode mudar. Por isso, é necessário investigar os diversos tipos de enunciados que,
diferentemente do exemplo acima, não são uma mera constatação de coisas.

Ao investigar essa questão, Austin descobre que determinadas sentenças são na verdade
ações. Ou melhor, que dizer é fazer, na medida em que, ao proferir algo, estou simultaneamente
realizando uma ação. Vários são os tipos de ações que podemos realizar ao dizer algo. Quando, por
exemplo, digo "sim" perante um juiz ou padre; ao dizer: "nos encontraremos amanhã pela tarde"
para um colega; ou ainda, quando pergunto a um amigo: "você tem dez reais para me emprestar?".

Em cada uma dessas frases é realizada uma ação, embora seu sucesso não dependa apenas
do sujeito que as profere, mas de uma série de condições. Por exemplo, a noiva pode dizer "não";
posso, mesmo contra a minha vontade, faltar à reunião; meu amigo pode não ter o dinheiro para me
emprestar. Isso, contudo, não significa que o que eu disse é falso, apenas que não teve sucesso, do
mesmo modo que ocorre com outras ações, quando, por exemplo, corro para pegar o ônibus, mas
chego tarde demais. Tendo sucesso ou não, prometer, pedir, exigir, protestar, jurar etc. já são ações
por si mesmas.

Diferentes tipos de atos de fala


Chamamos de ato de fala, portanto, a toda ação que é realizada através do dizer. As ações
que se realizam através dos atos de fala podem ser muito diferentes. Daí a necessidade de distinguir
as diversas dimensões que um ato de fala possui. Falamos em dimensões porque em uma única
locução podemos realizar diferentes atos de fala. Por exemplo, na frase: "o senhor está pisando no
meu pé", realizo ao mesmo tempo três atos de fala.

O primeiro deles é o ato locucionário, ou seja, o ato de dizer a frase. O segundo ato é o
que Austin chama de ilocucionário, o ato executado na fala, ou seja, ao proferir um ato
locucionário. Nesse caso, ao dizer "o senhor está pisando no meu pé" não tive a simples intenção de
constatar uma situação, mas a de protestar ou advertir para que a outra pessoa parasse de pisar no
meu pé. Por fim, há ainda um terceiro ato, chamado de perlocucionário, que é o de provocar um
efeito em outra pessoa através da minha locução, influenciando em seus sentimentos ou
pensamentos. Na situação descrita, para que o outro tire o pé de cima do meu.

Temos assim o ato locucionário de dizer algo, o ato ilocucionário que realiza uma ação ao
ser dito e o perlocucionário quando há a intenção de provocar nos ouvintes certos efeitos
(convencer, levar a uma decisão etc.).

É claro que nem todas as expressões são dotadas dessas três dimensões, pois isso depende
da força ilocucionária de um ato de fala. A força ilocucionária é algo bem diferente do significado
puro e simples da frase, pois ela está diretamente ligada às interações sociais que se estabelecem
entre os falantes, relações que podem ser de autoridade, cooperação etc.

Tipos de expressão
Austin classificou em cinco grupos os tipos de expressões de acordo com a força
ilocucionária de cada uma delas. São elas:

1) Expressões veridictivas: que dão um veredicto sobre determinado assunto, podem ser
feitas por um juiz, um médico falando sobre uma doença, ou mesmo em situações cotidianas em
que sustentamos algo com base em valores ou provas;

2) Expressões exercitivas: consistem em tomar uma decisão a favor ou contra determinado


comportamento. Diferenciam-se da situação anterior por não serem apenas juízo, mas decisão.
Exemplos: proibir, estimar, confiar, prescrever, conceder, exigir, propor etc.

3) Expressões comissivas: aquelas que comprometem o falante com o cumprimento de


algo. Exemplos: jurar, garantir, provar, combinar etc.

4) Expressões conductivas: trata-se de uma reação em relação ao destino ou conduta de


outros. Exemplos: felicitar, criticar, saudar, desejar, lamentar, queixar-se etc.
5) Expressões expositivas: sua intenção é tornar claro como a expressão do falante deve
ser considerada para permanecer fiel ao seu pensamento. Exemplos: comunicar, relatar,
testemunhar, reconhecer, corrigir etc.

Papel da filosofia
Ao apresentar a teoria dos atos de fala, ou de que o uso da linguagem tem precedência
sobre a semântica, nos distanciamos das posições essencialistas da filosofia. Por outro lado, parece
que a filosofia não tem mais nada a fazer ou que se confundiu com a sociologia ou antropologia.

Segundo Austin, existe um campo de investigação que é próprio da filosofia e que só ela é
capaz de realizá-lo. Trata-se da análise da linguagem que parte da linguagem comum, como outras
ciências, mas que não permanece na mera superfície dos fenômenos. Interessa à filosofia não o uso
que se faz de uma língua nesta ou naquela cultura, mas sim as regras subjacentes às diferentes
interações lingüísticas.

Ao contrário do cientista, que busca regularidades empíricas através de entrevistas com os


usuários de uma determinada língua, o filósofo realiza um saber reconstrutivo da língua como um
sistema de ação regrada. Ou seja, interessa à filosofia quais as condições de possibilidade de
funcionamento de uma linguagem. Por exemplo: o que torna possível um ato de fala?

A filosofia não busca meramente apresentar os fenômenos, mas entender as condições de


possibilidade e de validade em que eles se realizam. Dizer, por exemplo, que o sentido de uma
locução é dependente do contexto, não explica como é possível traduzir uma expressão de uma
língua para outra. A tradução mostra justamente que é possível passar de um jogo de linguagem
para outro, o que colocaria a questão: será que além dos contextos específicos em que se realiza
uma fala, não existem determinadas regras ou condições que são independentes do contexto? Ou
ainda: existem regras comuns a qualquer jogo de linguagem (por exemplo, seguir regras)?

Austin não chegou a investigar sobre a possibilidade de fazer uma crítica da linguagem a
partir de princípios normativos, isto é, a partir de uma "metarregra" ou "metalinguagem" capaz de
oferecer critérios para avaliar a linguagem comum, mas abriu o caminho para uma nova geração de
filósofos contemporâneos, como John Searle, Jürgen Habermas e Karl-Otto Apel, entre outros.

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/filosofia-da-linguagem-6.jhtm Acesso em


26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Sugestão de leitura:

Oliveira, Manfredo A. "Reviravolta Lingüístico-Pragmática na Filosofia Contemporânea". São


Paulo: Loyola.

Austin, John. "Quando Dizer É Fazer". Porto Alegre: Artes Médicas.

*Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em


Ilhéus (BA).

FILOSOFIA DA LINGUAGEM (7)

HABERMAS, APEL E A ÉTICA NA LINGUAGEM


Josué Cândido da Silva*

A teoria dos jogos de linguagem de Wittgenstein e a dos atos de fala de Austin e Searle
influenciaram decisivamente os filósofos alemães Jürgen Habermas (1929) e Karl-Otto Apel
(1922), que desenvolveram, primeiro conjuntamente e depois cada um ao seu modo, a chamada
ética do discurso.

A ética do discurso parte do pressuposto de que existem algumas regras no uso da


linguagem que possuem um conteúdo normativo, isto é, que condicionam determinadas formas de
agir. Ora, o agir é justamente o assunto da ética. Então, se é possível agir através da linguagem,
como vimos na teoria dos atos de fala, seria igualmente possível extrairmos regras de ação a partir
das estruturas da linguagem? Investigando essa questão, Habermas e Apel chegaram a uma resposta
semelhante por caminhos diferentes.

Habermas partiu da distinção de Austin entre atos de fala ilocucionários e


perlocucionários. Segundo Habermas, os atos perlocucionários corresponderiam a certo tipo de
ação, que é a ação estratégica, ou seja, aquela em que uma pessoa usa a outra como um meio para
realizar um determinado interesse.

Uso parasitário da linguagem


Esse uso estratégico, típico de situações de manipulação e engano, só é possível porque a
linguagem está voltada para o entendimento. Ou seja, nosso objetivo ao nos comunicarmos é o
entendimento. É sobre essa base de entendimento que o uso estratégico se instala como um uso
parasitário da linguagem.

Se eu, por exemplo, pretendo pedir dinheiro a um amigo, sei que ele não vai me emprestar
se souber que é para comprar drogas; então invento um motivo aceitável para que ele me empreste.
Esta é a diferença entre o uso comunicativo e o uso estratégico da linguagem: enquanto no uso
comunicativo o entendimento se realiza ao tornar explícito o que cada um dos participantes
pretende ao dizer algo, o uso estratégico não pode confessar-se enquanto tal para que a ação possa
ter sucesso.

Por isso, Habermas chama o uso estratégico da linguagem de parasitário, porque ele só é
possível quando pelo menos uma das partes toma como ponto de partida que a linguagem está
sendo utilizada no sentido do entendimento.

Teoria da ação comunicativa


Para Habermas, só a interação voltada para o entendimento, que se realiza no interior do
mundo da vida, onde os participantes harmonizam sem reservas seus planos individuais e buscam,
por conseguinte, sem reserva alguma seus fins ilocucionários, pode ser chamada de ação
comunicativa.

São ações em que os participantes, através de atos de fala, só perseguem fins


ilocucionários. Se ao menos um dos participantes na comunicação pretender, através de seus atos de
fala, realizar fins perlocucionários, então se trata de uma ação estratégica mediada lingüisticamente.
O uso da linguagem busca alcançar comunicativamente um consenso sob uma base racional. Este
acordo não pode ser forçado por um influxo externo ou mediante o uso da violência, pois não se
trataria de um acordo e sim de uma imposição.
Partindo do uso comunicativo da linguagem, livre de coerção e voltado para o consenso,
Habermas elabora o princípio D (de discurso) da ética: "Toda norma válida deveria poder encontrar
o assentimento de todos os afetados se estes participassem em um discurso prático". Resta
acrescentar que Habermas entende por discurso prático o diálogo voltado para o consenso e livre de
violência entre todos os sujeitos capazes de argumentação.

Falsos consensos
É comum em nossa sociedade que os que têm mais dinheiro e poder imponham sua
vontade e interesses aos outros, ou que se fabriquem falsos consensos através da manipulação de
informações de forma unilateral. Os grandes meios de comunicação são um bom exemplo disso,
pois difundem certas visões de mundo sem permitir que sejam submetidas à crítica. Grande parte do
público acaba acatando tais opiniões como se fossem verdades indiscutíveis.

A saída apontada por Habermas seria a democratização cada vez maior das formas de
tomada de decisão na sociedade e a substituição de formas ideológicas de formação de consenso por
formas comunicativas, orientadas pelo critério do melhor argumento e não de quem tem mais poder
e dinheiro, como é hoje.

Se problemas como o aquecimento global e a fome afetam, em maior ou menor grau,


todos os habitantes do planeta, por que só meia dúzia de chefes de Estado ou de banqueiros devem
decidir sobre eles? Por que imaginar que eles estariam mais habilitados para encontrar soluções, se
são eles próprios os grandes causadores dos problemas?

O a priori da comunidade de comunicação


Na mesma linha de raciocínio, Karl-Otto Apel postula a necessidade de se fundamentar
uma ética capaz de responder às grandes crises de nosso tempo. Tal fundamento Apel encontrará
igualmente na linguagem. A linguagem possui regras pragmáticas que são transcendentais, no
sentido de não poderem ser negadas.

Não é possível, por exemplo, negar a situação de argumentação, pois ao tentar fazer isso
acabamos por provar justamente o contrário. Se alguém disser "eu não acredito que seja impossível
não argumentar, porque...", ele já esta argumentando, caindo assim no que Apel chama de
contradição performativa. Portanto, todo aquele que participa de uma comunidade real de
argumentação pressupõe determinadas regras a priori que orientam a discussão dos participantes.

Se alguém mentir o tempo todo, por exemplo, ele não vai conseguir se comunicar. Para
que a mentira seja possível há o pressuposto de que a linguagem está voltada para o entendimento e
não para o engano. Dessa forma, todo aquele que argumenta pressupõe uma comunidade ideal de
comunicação de modo a priori, que é antecipada contrafaticamente em nossas interações cotidianas.
Disso, Apel deriva duas conseqüências éticas:

1) A comunidade real (onde predomina a ação estratégica) deve buscar aproximar-se da


comunidade ideal de comunicação, ou seja, da tomada de decisões através de consensos construídos
argumentativamente, livres de coerção e violência.

2) Deve-se assegurar a sobrevivência da humanidade, enquanto comunidade real, como


condição de possibilidade para a realização da comunidade ideal de comunicação.

Apesar das divergências tornadas públicas em várias publicações e debates, Apel e


Habermas têm mais pontos em comum do que diferenças. Ambos estão empenhados em apresentar
soluções para problemas contemporâneos, da clonagem de seres humanos ao fortalecimento de
instituições internacionais mais democráticas e plurais. Além disso, têm também em comum o fato
de aplicarem a si próprios os princípios que preconizam, submetendo seus pontos de vista à crítica e
à autocorreção.

Referência: www.http://educacao.uol.com.br/filosofia/filosofia-da-linguagem-7.jhtm Acesso em


26/11/2008. Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

*Josué Cândido da Silva é professor de filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz em


Ilhéus (BA).

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