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da Previdência
© ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Ficha catalográfica
Livro Negro da Previdência, Texto: Paulo César Régis de Souza; Colaboração: Prof. JB Serra
e Gurgel
360 p.
ISBN 85 98760-02-01
Temas: 1) Previdência Social pública e privada; 2) custeio, financiamento, arrecadação, fisca-
lização, recuperação de crédito; déficit; 3) benefícios previdenciários, acidentários e assistenciais;
4) previdência complementar; 5) previdência dos regimes próprios; 6) gestão, administração,
fraudes, recursos humanos, Prevcidade; 7) Dataprev; 8) fórum e 3ª. reforma; 9) crédito con-
signado; 10) demografia , cálculo atuarial, fator previdenciário
Índice
Apresentação..................................................................................................................................05
A Previdência no Pré-Sal........................................................................................................08
Considerações do Ministério Público........................................................................................10
Defesa da Previdência Social Pública.........................................................................................14
Plano de Carreira do INSS............................................................................................................16
Produtividade dos Servidores do INSS......................................................................................19
Evolução da Previdência Social...................................................................................................21
Previdência Urbana........................................................................................................................23
Ação da Advocacia-Geral da União............................................................................................26
Fundo de Previdência do Servidor Público – Funpresp.........................................................29
Lei de Greve.....................................................................................................................................35
Servidores.........................................................................................................................................38
Censo Previdenciário.....................................................................................................................53
Reforma da Previdência................................................................................................................56
Envelhecimento da População....................................................................................................65
Crédito Consignado – endividamento de aposentados e pensionistas...........................78
Previdência Privada.......................................................................................................................82
Desoneração Previdenciária.........................................................................................................88
Previdência do Microempreendedor..........................................................................................96
Previdência Rural.........................................................................................................................101
Refis 5 – Super Refis, Refis da Crise.........................................................................................105
Ação do Supremo Tribunal Federal..........................................................................................114
Renúncia Contributiva................................................................................................................123
Ação do Tribunal de Contas da União......................................................................................128
Dataprev...................................................................................................................................................................135
Projetos Paulo Paim....................................................................................................................137
Benefícios Acidentários..............................................................................................................164
Benefícios Previdenciários.........................................................................................................170
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Prevcidade...............................................................................................................................183
Dívida Ativa...................................................................................................................................188
Previdência Complementar........................................................................................................191
Administração Previdenciária....................................................................................................202
Regimes Próprios.........................................................................................................................216
Acordos e Decisões Judiciais......................................................................................................240
Déficit.............................................................................................................................................250
Filantrópicas..................................................................................................................................257
Reajuste dos Benefícios Acima do Mínimo.............................................................................306
Reajuste de Benefícios do Salário-Mínimo..............................................................................309
Receita Previdenciária................................................................................................................314
Combate à Fraude........................................................................................................................326
Ação do Ministério Público Federal........................................................................................351
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Apresentação
laborativa e meio de prover sua própria subsistência. A contribuição deveria garantir, em princí-
pio, que o aposentado tivesse a mesma renda que tinha quando trabalhava, a fim de manter o
padrão de vida adquirido ao longo dos anos.
Dos 26,8 milhões de benefícios previdenciários e assistenciais mensalmente pagos pelo
governo, em março de 2009, cerca de 6,2 milhões (42,4%) dos 14,6 milhões de aposentados e
pensionistas urbanos recebem um salário-mínimo de benefício. A estes “pobres” acrescentem-
se os 7,6 milhões de “aposentados e pensionistas rurais” e os 3,1 milhões que recebem benefí-
cios assistenciais.
É um empobrecimento que se acentuou a partir do fator previdenciário, em 1999, e do
aumento diferenciado para os que recebem o mínimo e acima do mínimo.
O sonho de se aposentar com 10 salários-mínimos há muito virou pó. Na concessão, a
média de 2007 foi de apenas R$ 614,76, menos de dois salários; e na manutenção, R$ 602,30.
Uma Previdência que não mais assegura uma velhice tranquila serve para quê?
Ainda bem que não se levou adiante, em 2008, a 3a Reforma da Previdência Social,
urdida no Fórum da Previdência Social.
Os ministros Luiz Marinho e José Pimentel não tiveram entusiasmo pelo eixo da 3a
Reforma, que seria o de reduzir os benefícios assistenciais a 50% do salário-mínimo, adotar no
RGPS o teto do mínimo, mandando para a previdência privada aberta quem desejasse um bene-
fício superior ao mínimo, e elevar a idade mínima para 70 anos (homens) e 65 anos (mulheres),
mantendo-se o modelo do fator previdenciário que retarda a concessão e estabelece mais tempo
de contribuição.
O ministro Pimentel tem enfrentado questões objeto de críticas da ANASPS, nas edi-
ções anteriores do Livro Negro, tais como a melhoria salarial dos servidores, a modernização das
instalações, ampliação da rede de atendimento, recuperação da Dataprev, revisão do Prevcidade,
criado pelo tucanato para fazer politicagem, que tem tocado no financiamento da Previdência
Rural, mesmo não considerando a proposta da ANASPS de transferir tais benefícios para o
orçamento fiscal.
A lógica perversa desta solução é que o sistema atual de financiamento, da contribuição
sobre a folha, não tem como financiar a massa de aposentados e pensionistas. Mas tal sistema já
foi impactado, desde 2003, pelas transferências de grandes parcelas da Seguridade Social que
entraram no fluxo de caixa, cobrindo o déficit corrente, ou a “necessidade de financiamento”,
no eufemismo contábil do MPS.
No fracassado Fórum, “nenhuma proposta – insisto, nenhuma proposta – foi apresen-
tada para se corrigir as distorções existentes, persistentes e candentes, seja no financiamento do
RGPS, seja na Receita Previdenciária, incluindo dívida administrativa e dívida ativa. Nós da
ANASPS fizemos o possível e o impossível para propor a discussão do financiamento (Receita)
no tal Fórum, mas fomos barrados, com a alegação de que não somos sindicato...”.
Nesta edição, quebramos o paradigma das edições anteriores, sem prejuízo da qualidade
de nosso projeto editorial, de expor com a mesma veemência e mesma seriedade os “buracos
negros” que perpassam a Previdência Social, cuja situação estrutural se agravou substancialmen-
te em 2008.
Os agravos se deram especialmente no âmbito da receita previdenciária, extratada do
MPS e alocada na Fazenda, uma situação que, insistimos, é no mínimo atípica
Exemplos disto estão contidos nas propostas e nas intervenções feitas pelo Executivo,
sem que o MPS tivesse sido consultado: na reforma tributária, com a desoneração da contribui-
ção do empregador, de 22% sobre a folha de salários, mexendo numa estrutura de financiamen-
to que não está esgotada, na efetivação da renúncia da contribuição do empregador para os
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
A Previdência no Pré-Sal
Paulo César Régis de Souza (*)
A Previdência social pública em seus 86 anos foi alvo de múltiplas ações de desmonte,
tendo os vários governos utilizado seus recursos, que são dos trabalhadores para várias obras,
como CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), Brasília, Belém-Brasília, Itaipu, Transamazônica,
Ponte Rio Niterói etc, etc, etc. nenhuma como se vê com a finalidade de melhorar os benefícios
pelos quais os trabalhadores pagaram por 35 anos para uma aposentadoria decente.
O RGPS (Regime Geral de Previdência Social) brasileiro, por não ser de capitalização,
mas de repartição simples, foi mal interpretado pelos governos que sacaram a fundo perdido
sobre o patrimônio do trabalhador, dilapidando-o.
Além disso, governo e parlamentares, com a omissão das lideranças dos trabalhadores,
criaram ao longo dos anos vários benefícios, sem a devida fonte de custeio, entre elas aposenta-
doria para índio, pai de santo, prostituta, mãe solteira...
Hoje o INSS, paga em dia 26, 9 milhões de beneficiários, em 2008 teve uma arrecada-
ção líquida de R$ 163,3 bilhões, efetuou pagamentos de R$ 199,5 bilhões, e contabilizou um
déficit nominal de R$ 36,2 bilhões. As contas porem fecharam em azul com as transferências da
Seguridade Social de R$ 62,3 bilhões que também cobriram os pagamentos com os benefícios
assistenciais.
Lamenta-se porem que a Previdência tenha mais de R$ 300 bilhões de créditos públicos
e privados a receber, créditos administrativos e judiciais, decorrentes de uma gestão temerária
de sua receita, em má hora transferida à Receita Federal e à PGF (Procuradoria Geral da Fazen-
da Nacional). Mais do que isso: tem uma sonegação de 30% a 40% e vem sendo desequilibrada
pelos subsídios dados aos aposentados rurais e autônomos, e pelas renuncias contributivas de
R$ 17,0 bilhões projetadas para 2009, com benefícios concedidos às filantrópicas,
microempresários, exportadores rurais, exportadores de produtos de informática.
Tudo criado por quem?
Bem agora esta na hora da retribuição, por parte dos governantes, está na hora de
reajustar com a justiça devida as aposentadorias e pensões, está na hora de acabar com o fator
previdenciário, está na hora de devolver a dignidade aos nossos aposentados, está na hora de
devolver a esperança aos atuais 36,4 milhões de contribuintes (futuros aposentados), está na
hora de acabar com o falso déficit, amplamente atenuado pelos recursos da Seguridade Social
(COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social e CLSS – Contribuição
Social sobre Lucro Líquido) e que poderá desaparecer de vez através da criação de um fundo
previdenciário com parte dos recursos do pré-sal.
O ministro da Previdência Social, deputado José Pimentel, está propondo ao Presiden-
te Lula que uma parcela dos recursos gerados pelo petróleo extraído no pré-sal sejam destina-
dos ao financiamento da inclusão previdenciária aos trabalhadores rurais, autônomos e
microempresários. A idéia foi lançada em outubro de 2008 pelo ministro quando reivindicou
que recursos do pré-sal se destinassem ao custeio da previdência rural, altamente deficitária e
que impacta e trava a previdência urbana. Hoje, o custeio de tal previdência, a exemplo do que
acontece com os benefícios assistenciais, já é feito com recursos da Seguridade Social.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
(*) Paulo César Regis de Souza é presidente da Associação Nacional dos Servidores da Previdência e
da Seguridade Social - ANASPS.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Considerações do Ministério
Público
Ao Senhor
PAULO CÉSAR RÉGIS ICE SOUZA
Presidente da ANASPS – Associação Nacional dos Servidores da Previdência e
Seguridade Social – SCS Qd. 01 – Bloco K, no 30, Salas 1001/1004 Ed. Denasa
70398-900 – BRASÍLIA – DF
Senhor Presidente,
Atenciosamente,
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
De qualquer sorte, existem aspectos abordados no trabalho que se revelam úteis para o
aprimoramento do exercício das nossas atribuições. O primeiro ponto é que temos que conju-
gar o atendimento da legislação previdenciária aos cidadãos, sem descuidar da higidez do siste-
ma previdenciário, e o necessário combate à alta sonegação, que segundo o documento estaria
por volta de 30% a 40% do total da arrecadação, sendo ínfima a recuperação dos créditos
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sonegados.
Deve-se continuar o trabalho de verificação da cobrança dos maiores devedores do
INSS, de há muito iniciado. Do mesmo modo, talvez fosse interessante uniformizar as medidas
adotadas para fiscalizar o cumprimento das condições legais pelas instituições filantrópicas em
todo o país. Deve-se, ainda, acompanhar de forma mais detida a política de incentivos fiscais
que comprometam a arrecadação do INSS em áreas específicas, como o campo da informática,
que também é retratado no documento sob análise.
Além das observações apresentadas no trabalho, a própria história brasileira sobre a
previdência complementar demanda uma atuação coordenada para a garantia da liquidez futura
dos vários fundos previdenciários, sobretudo examinando a legislação vigente e o efetivo papel
fiscalizatório das instituições responsáveis.
Devemos, também, divisar um trabalho mais efetivo no que tange à implementação dos
regimes próprios de previdência, no âmbito federal, de modo que os direitos constitucionais dos
servidores não sejam comprometidos.
Um ponto que merece destaque é a necessidade do controle da implementação dos
programas de reabilitação e requalificação dos segurados doentes e inválidos, uma vez que há
um reconhecido déficit de atuação do Poder Público nesta matéria. A questão é bastante comple-
xa, pois demanda a conjugação da ação de vários setores da Federação e até mesmo da socieda-
de.
Não identificamos a existência de nenhum procedimento de acompanhamento das
tratativas sobre o leilão da folha da previdência, proposta que provavelmente será implementada
no decurso do ano de 2009 pelo governo federal, diante de recomendação do Tribunal de
Contas da União. Há que se ponderar o interesse público de obter ganhos com a administração
de uma folha de 26 milhões de beneficiários geradora de vantagens econômicas para instituições
financeiras e o interesse social de garantir a comodidade de todas as pessoas usuárias do serviço
de pagamento da previdência social.
Do mesmo modo, desconhecemos medidas de acompanhamento do funcionamento
do “Prevcidade”, que existe nos Municípios onde não há agência da previdência social, para
verificar a adequação dos serviços aos interesses da comunidade local, sem o seu indevido uso
político-partidário. Talvez fosse interessante obter uma listagem do INSS sobre todos os locais
onde existem convênios que permitem que órgãos municipais atuem como agência federal, e
avaliar se há algum tipo de comprometimento dos interesses que estão sob o encargo de nossa
instituição.
Por fim, gostaríamos de reconhecer a importância deste diálogo com a sociedade para
subsidiar e aprimorar o exercício das atribuições do Ministério Público Federal.
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Defesa da Previdência
Social Pública
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ANASPS mostra que aposentados do INSS terão perdas no novo plano de car-
reira aprovado pelo governo
Em 18.08, a ANASPS divulgou dados elaborados pelo DatANASPS provando que os
aposentados do INSS terão perdas com o novo Plano de Carreiras, Cargos e Salários do INSS.
Os de nível superior terão perdas de 33% já em julho de 2008, e chegarão a 36% em novembro
de 2011. Os de nível intermediário saltarão para 32% de perdas já em julho de 2008, e baterão os
33% em novembro de 2011.
O presidente da ANASPS citou, por exemplo, a enxurrada de gratificações de desempe-
nho, criadas por FHC e Lula, muitas vezes umas se superpondo a outras, como estratégia para a
quebra de paridade, sem que meçam desempenho de nada, e são concedidas aos ativos, na base
de 100 pontos, e quando não negadas, são repassadas aos aposentados na base de 40/50 pontos.
Tais gratificações estão excluídas das futuras aposentadorias, mas têm se constituído na única
melhoria salarial possível. Em diversas oportunidades manifestamos nossa opinião a esse siste-
ma.
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Os dados revelam ainda que, em relação aos benefícios acidentários, a ação da perícia
médica própria, em 2006 e 2007, funcionou como um inibidor de benefícios (auxílio-doença,
auxílio-acidente e aposentadoria por invalidez): para uma entrada de 2,8 milhões de pedidos em
2006, registrou-se um indeferimento de 1,6 milhão, 59,71%. Já em 2007, os pedidos chegaram
a 3,6, e os indeferimentos alcançaram 2,3 milhões, 64,19%.
Paulo César Régis de Souza informou ainda que, em 2007, “os servidores tiraram da
folha cerca de 5.662.210 benefícios, produzindo uma economia de R$ 3,6 bilhões. Enquanto
foram incluídos 4.173.350 benefícios, no valor de R$ 2,5 bilhões”.
Em 10.02, a ANASPS revelou que em 2007 o INSS concedeu 4,7 milhões de benefíci-
os, no valor de R$ 2,5 bilhões, sendo o valor médio de R$ 614,76 (urbanos, R$ 692,32, e rurais,
R$ 373,83 – abaixo do mínimo de R$ 380,00). No período de jan.-nov. de 2007, os servidores da
Previdência Social tiraram da folha 5,1 milhões de benefícios no valor de R$ 3,3 bilhões e
suspenderam outros 258,1 mil. A cessação de benefícios é muito maior do que a concessão,
tanto em quantidade quanto em valor. Na concessão, a média mensal foi de 347,7 mil benefíci-
os/mês. Na cessação, 469,6 mil.
O DatANASPS divulgou ainda uma tabela que mostra a evolução de cessação e con-
cessão entre 2004 e 2007:
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Evolução da Previdência
Social
Os 200 anos da chegada da família real ao Brasil, em 1808, e os 85 anos da Lei Eloy
Chaves, de 1923, foram lembrados pela FUNPREV Fundação ANASPS, Associação Nacional
dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social –ANASPS, com o lançamento do livro
Evolução da Previdência Social, do prof. JB Serra e Gurgel, da Universidade de Brasília, com prefá-
cio do ex-ministro da Previdência Social, Jarbas Passarinho, apresentação do presidente da
FUNPREV Fundação ANASPS, Paulo César Regis de Souza, e nota de contracapa do ministro
da Previdência, Luiz Marinho.
O primeiro marco da Previdência brasileira foi um decreto real, de 1821, antes da Inde-
pendência portanto, concedendo a jubilação ou aposentadoria para os professores que comple-
tassem 30 anos de serviços no Reino do Brasil, Portugal e Algarves. Nesta época, a família real
estava no Brasil. Não é exagero que coube a dom João VI criar a Previdência no Brasil, ainda que
tenha sido a previdência para os servidores públicos.
Mais tarde, a partir da Independência, as aposentadorias dos servidores públicos, civis e
militares, davam-se mediante proposta do Primeiro-ministro e aprovação do Parlamento. Ainda
no Império, em 1835, instituiu-se a previdência privada dos montepios, que eram instituições
privadas, de concessão pública, e recebiam afiliações de servidores públicos e de trabalhadores.
A nossa Previdência, tal como a conhecemos, só surgiria em 1923 com a Lei Eloy Chaves, que
criou as caixas de Previdência.
No livro, de 286 páginas, que a FUNPREV Fundação ANASPS está enviando aos
estudiosos, especialistas, professores, centros de estudos, pesquisadores de Previdência Social,
cadastrados na ANASPS pelas colaborações nos Cadernos FUNPREV de Previdência, o prof.
JB Serra e Gurgel, que desde 1974 vem trabalhando com Previdência Social, ex-servidor de
carreira do Ministério da Previdência e Assistência Social, lista os grandes marcos institucionais
e os acontecimentos cronológicos mais significativos. “O livro”, afirma o professor, “tem a
preocupação de mostrar como ocorreu a evolução da Previdência no Brasil, facilitando sua
compreensão e contribuindo para que seja mais bem entendida”.
Para o prof. JB Serra e Gurgel, os Grandes Marcos Institucionais da Previdência foram:
Século XIX
1815 – 1o Decreto do Reino de Portugal, Brasil e Algarves, concedendo jubilação aos
mestres professores com 30 anos de serviços.
1835 – Aprovação do 1o montepio no Brasil, de caráter privado.
Século XX
1923 – Aprovação da 1a legislação de Previdência Social, com a criação da 1a caixa de
pensões e aposentadoria.
1933 – Criação do 1o instituto de aposentadorias e pensões de caráter público.
1960 – Edição da Lei Orgânica da Previdência Social.
1966 – Unificação dos IAPs e criação do INPS.
1971 – Instituição do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural.
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Previdência Urbana
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Pimentel afirmou ainda que as micro e pequenas empresas são as responsáveis por
contratar os jovens até 19 anos e empresas de tecnologia e de exportação estão empregando as
pessoas cima de 50 anos.
Total de empregados que recolhem a contribuição todo mês para o INSS salta
de 45,5%, há dez anos, para 51,2% em 2007
Por Sandra Kiefer, do Estado de Minas (MG), em 1o.10:
A Previdência Social está recuperando o público que havia perdido para os camelôs, os
trabalhadores por conta própria e os terceirizados em geral. Pesquisa divulgada ontem pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, no ano passado, a proporção de
empregados que recolhiam a contribuição todo mês para o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) atingiu 51,2%, esbarrando no mesmo patamar verificado 20 anos antes (51,8%), em
1987. “Deu um empate técnico entre os indicadores, por arredondamento de vírgula”, define
Milko Matijascic, especialista em seguridade social e diretor do Centro Internacional de Pobreza
do Ipea pelas Nações Unidas. Ele lembra que, entre 2001 e 2007, o número de pessoas que
arrecadam o INSS aumentou 32%, enquanto a população ocupada cresceu apenas 19%.
Até 1997, o número de pessoas que recolhiam o INSS era de apenas 45,5%. Durante toda
a década de 1990, os indicadores mostram uma forte queda e, a partir de 2001, o início de uma
recuperação. “Estamos saindo de uma catástrofe no mercado de trabalho. Ainda não retornamos
aos níveis dos anos 80, mas tivemos uma alta importante. O trabalhador sem Previdência está
sujeito não apenas ao desamparo na velhice, mas também à perda total de renda na família caso
venha a sofrer um acidente na rua ou no ambiente de trabalho”, alerta o pesquisador.
Nas metrópoles, o índice de contribuição para o INSS caiu ainda mais, de 69,7% para
57,6%, na mesma base de comparação. Já em relação à zona rural, o número de contribuintes da
Previdência Social subiu de 18,2% para 26,2%, entre 1987 e 2007. Apesar do crescimento, sete
em cada dez ocupados não contribuem para a Previdência no campo. “Isso mostra que, na
verdade, muitos trabalhadores abandonaram o mundo rural em 10 anos, passando a contribuir
para o INSS”, compara.
Pela primeira vez na história, a proporção de contribuintes da Previdência que estão
empregados ultrapassou a marca de 70%, alcançando 71% em 2007. “Esse número nunca foi
tão alto. É um motivo para festejar, apesar de 29% ainda estarem descobertos”, observa o
pesquisador, lembrando que no melhor ano (1987) da série histórica, o índice era de 63,4%.
Segundo ele, o alto índice de formalização deixa o mercado de trabalho brasileiro mais fortale-
cido em relação à crise financeira americana. “É consenso entre as autoridades que nenhum país
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sairá totalmente imune se a crise for muito séria. No Brasil, entretanto, o movimento pode
demorar mais a afetar o mercado de trabalho, que está mais formalizado”, considera.
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Ação da Advocacia-Geral
da União
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Tíquete
As oito súmulas referem-se a assuntos distintos e são todas igualmente relevantes. A Súmula
33, por exemplo, trata do direito dos servidores públicos federais de receber, a partir de 2002, o
auxílio-alimentação também no período das férias, com efeitos retroativos. O Ministério do Planeja-
mento já havia reconhecido o direito dos servidores, mas não havia atribuído o efeito retroativo.
Dessa forma, multiplicaram-se as ações, com decisões desfavoráveis à União, suas autarquias e funda-
ções, relativas às férias gozadas entre os anos de 1997 e 2001. Com a edição da súmula, os advogados
públicos não terão mais que recorrer da decisão e os servidores receberão os atrasados.
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Fundo de Previdência do
Servidor Público – Funpresp
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res que entrarem após a aprovação do projeto e antes da criação efetiva do Funpresp. Para quem
entrar depois, o regime complementar será na prática obrigatório, se o servidor tiver salário
superior ao teto do INSS, pois, caso contrário, ele só poderá receber o teto na aposentadoria.
O projeto que criará o regime básico também vai prever sua centralização num único
órgão federal. Esse órgão, ainda não definido, também centralizará a gestão do atual regime
próprio, que terá que ser mantido por causa dos atuais servidores que não quiserem aderir ao
Funpresp. Hoje, essa gestão é descentralizada. Cada Poder cuida do seus aposentados. Mas isso
terá que mudar por força da Emenda Constitucional no 41. Um único órgão vai cuidar das
aposentadorias do Judiciário, Legislativo e Executivo.
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única serão entregues a um banco público (possivelmente o Banco do Brasil) que irá capitalizá-
los e obter rendimentos, aplicando-os no mercado financeiro, de preferência em títulos do Te-
souro. Hoje, o dinheiro arrecadado com as contribuições dos servidores e dos governos mistu-
ra-se com outras receitas no Tesouro e nada rende.
“Para os servidores que já estão na ativa só muda o modelo de gestão, não as regras de
cálculo dos benefícios, que continuarão sendo pagos com contribuições deles e do governo”,
explica Schwarzer. A ideia é forjar um sistema misto, de capitalização e repartição, pelo qual o
dinheiro terá rendimentos financeiros, mas não haverá contas individuais por servidor. Quem
está na ativa continuará pagando os benefícios de quem se aposentou. Mas isso só acontecerá
daqui a cerca de 30 anos, quando os primeiros servidores do novo sistema começarem a se
aposentar. Enquanto isso, a conta única continuará sendo capitalizada.
Publicou O Globo, em 12.05:
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aposentadorias correntes, elas seriam destinadas a uma conta única, e os valores aplicados no
mercado financeiro, de forma a construir uma reserva de capital para fazer frente ao crescimen-
to das despesas no futuro.
Segundo o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, o objetivo é colocar em
prática no funcionalismo público federal um mecanismo que já é adotado pelos regimes própri-
os de aposentadoria de Estados e Municípios, que juntos têm aplicados R$31,4 bilhões. Outros
países, como os Estados Unidos, já adotaram o sistema.
Governo quer igualar Previdência. Projeto de lei está sendo elaborado para nive-
lar as regras para aposentadoria dos servidos públicos e privados
Por Suely Caldas, de O Estado de S. Paulo, Rio, em 02.03:
Até o fim deste ano, o governo vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei
igualando regras de aposentadorias e pensões dos funcionários públicos com as que vigoram
para os trabalhadores privados, entre elas a limitação do valor da aposentadoria ao máximo de
10 salários-mínimos aplicado aos aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer, anunciou ao Estado que a mu-
dança valerá apenas para quem ingressar no serviço público após a promulgação da lei e não será
aplicada aos que estão na ativa hoje, que continuarão se aposentando com o último salário,
geralmente muito acima do teto do INSS. Um desembargador, por exemplo, se aposenta com
mais de R$ 20 mil. Os militares do Exército, Marinha e Aeronáutica serão excluídos das mudan-
ças e continuarão regidos pelas regras atuais.
Entre novos e antigos, haverá uma faixa intermediária daqueles que ingressaram no
serviço público desde 1o de janeiro de 2004 – data da implementação da reforma previdenciária
do governo Lula –, que poderão optar entre a regra atual ou a nova – esta implica contribuir
para o INSS com até 11% sobre o teto de 10 mínimos e aplicar um excedente no fundo de
previdência complementar da União que tramita na Câmara dos Deputados, mas que precisa ser
aprovado simultaneamente ou até antes do novo projeto de lei.
Esta é a principal mudança nas regras de aposentadorias e pensões dos servidores que
os técnicos dos Ministérios da Previdência e Planejamento trabalham para começar a ser deba-
tida no governo este mês, no Congresso no próximo semestre e com aprovação prevista para o
33
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ano que vem, revelou o secretário Helmut Schwarzer. “A intenção é aproveitar o ano não eleito-
ral e aprovar o projeto em 2009, a tempo de implementá-lo em 1o de janeiro de 2010.”
Não haverá perdas para os funcionários atuais porque, para eles, não serão alteradas as
regras de cálculo da contribuição e dos benefícios. O peso das mudanças vai recair sobre os
novos que ingressarem no serviço público a partir de 2010, que passarão a receber aposentado-
rias e pensões equivalentes ao que ganham trabalhadores privados.
Hoje o abismo separando os servidores públicos e privados faz com que o déficit da
previdência pública da União, Estados e Municípios some mais do que o dobro do INSS, apro-
ximando-se de R$ 100 bilhões. Só o rombo da União fechou 2006 em R$ 30,4 bilhões, resultan-
tes de despesas de R$ 46,5 bilhões (pagamentos de aposentadorias e pensões) e receitas (R$ 10,7
bilhões de contribuições do governo federal e R$ 5,4 bilhões dos servidores). Proporcionalmen-
te, a previdência pública custa para o contribuinte brasileiro mais do que a dos trabalhadores
privados, visto que o INSS paga 25 milhões de benefícios e a União só 1 milhão (650 mil para
servidores civis e 350 mil militares).
Novas Regras
Valerão só para os novos servidores que ingressarem a partir de janeiro de 2010
Serão equiparados aos trabalhadores privados
Teto da aposentadoria será limitado a 10 salários-mínimos
Acima desse valor, só contribuindo para um fundo de pensão
Militares serão excluídos
Servidores dos poderes Executivo, Judiciário, Legislativo e Ministério Público terão
uma única previdência
Contribuições irão para uma conta única capitalizada pelo Banco do Brasil
INSS ampliado vai administrar também a previdência pública
Estados e Municípios vão aderir às regras depois
34
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Lei de Greve
País teve 316 greves no ano passado, diz Dieese. Embora número geral tenha
ficado estável em relação a 2006, houve aumento de paralisações no setor privado
Por Cleide Silva, de O Estado de S. Paulo, em 1o.07:
Trabalhadores brasileiros realizaram 316 greves no ano passado, o que resultou em 29
mil horas paradas e um total de 1,43 milhão de funcionários públicos e privados envolvidos nos
protestos. Pouco mais da metade (51%) das paralisações ocorreu no setor público, 47% no
privado e 2% foram mistas, de acordo com estudo divulgado ontem pelo Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Os números estão próximos aos do ano anterior, mas, na comparação com 2004, quan-
do a economia brasileira teve forte crescimento, houve queda de 13% nas greves promovidas
por funcionários públicos e aumento de 31% entre trabalhadores privados.
O número de grevistas no mesmo período cresceu 157% nas empresas privadas (para
641,7 mil participantes), e caiu 14% no público (para 713,2 mil). “Com o crescimento econômi-
co, houve maior possibilidade de buscar ganhos maiores no setor privado”, diz o diretor técnico
do Dieese, Clemente Ganz Lúcio. Na área pública, houve melhora nas negociações entre gover-
no e trabalhadores, principalmente na esfera federal, afirma ele.
“Mudou também o caráter das reivindicações”, constata Lúcio. Segundo ele, até 2004
predominavam reivindicações defensivas, contra perda de direitos já conquistados e reposição
salarial. A partir daquele ano, predominaram as reivindicações propositivas, por novas conquis-
tas ou avanços nas condições vigentes. Os trabalhadores passaram a buscar novos direitos,
como aumento real e participação nos lucros.
Salários
Lúcio ressalta que as paralisações organizadas pelos trabalhadores do setor público
normalmente reúnem maior contingente de manifestantes, por envolver categorias como a de
professores e policiais, e a duração da greve costuma ser mais longa. Um exemplo citado pelo
diretor do Dieese foi a greve dos policias civis de Alagoas, deflagrada em 1o de agosto e encer-
rada apenas em fevereiro deste ano, com a participação de 2,2 mil profissionais.
Do total de 29 mil horas paradas no ano passado, apenas 14% foram de responsabilida-
de dos trabalhadores privados.
Dos movimentos realizados no ano passado, cinco de cada seis reivindicações estavam
relacionadas às questões de remuneração, como reajustes, participação nos lucros e planos de
cargos e salários. O estudo do Dieese, de acordo com Lúcio, tem como base a divulgação de
paralisações pela imprensa em geral.
Números
1,43 milhão de trabalhadores de diversos setores paralisaram suas atividades em 2007
157% é o aumento do número de grevistas do setor privado em relação a 2004
29 mil é o total de horas não trabalhadas por causa de movimentos grevistas dos funci-
onários dos setores público e privado
35
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
320 foi o total de greves realizadas em todo o País em 2006, ante 209 em 2005, e 302 em
2004
Avança lei de greve de servidores. Projeto foi aprovado na Comissão de Traba-
lho da Câmara dos Deputados. Confira o texto, na íntegra, da matéria publicada no
jornal Correio Braziliense
Publicou o Correio Braziliense, em 08.05:
Com um atraso de 20 anos, o Congresso Nacional deu em 07.05 o primeiro passo para
estabelecer regras, punições e limites às greves no funcionalismo. A Comissão de Trabalho, de
Administração e Serviço Público da Câmara aprovou o Projeto de Lei no 4.497, que regulamenta
o direito de paralisação a servidores da União, Estados e Municípios. A proposta impõe a gover-
nos e trabalhadores novos papéis.
A negociação prévia passa a ter importância fundamental. Antes de decretar greve, os
sindicatos deverão apresentar ao órgão propostas claras e objetivas. O administrador público
terá 30 dias para avaliar as reivindicações e, se for o caso, apresentar ressalvas ou ajustes. O
diálogo prosseguirá por mais 45 dias. Nesse período, se houver paralisação, ela será declarada
automaticamente ilegal. Impasses serão solucionados pela Justiça do Trabalho.
Outro avanço refere-se ao corte de ponto de funcionários. Durante a greve haverá o
desconto dos dias parados e o lançamento das faltas na ficha e no contracheque dos servidores.
O ressarcimento do dinheiro retido poderá ocorrer, mas isso dependerá de novas rodadas de
negociações entre representantes de órgãos públicos e das categorias. “Haverá diálogo. As par-
tes vão se acertar ou não. É como acontece no setor privado”, explicou Tarcísio Zimermmann
(PT-RS). O texto, de autoria de Rita Camata (PMDB-ES), sofreu alterações, incorporando ou-
tros projetos, inclusive o substitutivo do próprio Zimermmann.
Os parlamentares decidiram retirar do texto final a lista de setores considerados
prioritários ou essenciais para o funcionamento pleno da máquina pública. A relação fazia refe-
rência a segmentos da segurança pública, da saúde, ligados à fiscalização e repressão, entre
outros, e por muitos anos acabou sendo foco de atritos entre partidos da base aliada e da
oposição.
O projeto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça, depois para o plenário da
Câmara e, em seguida, para o Senado. A proposta regulamenta o art. 37, inciso VII, da Consti-
tuição Federal de 1988 e, de acordo com Rita Camata, sua aprovação representará um marco na
história da Câmara e do Senado. “O texto melhorou bastante. Ter passado pela Comissão foi
uma vitória de todos, um alívio e uma satisfação”, resumiu. Para ela, trata-se de uma lei cidadã.
“É uma forma de valorizar o servidor, dando regras, e também à sociedade, que terá a certeza de
que poderá contar com o serviço. Diferente do que ocorre hoje”, reforçou.
Muleta
Atualmente, as greves no setor público seguem as mesmas normas previstas na lei que
rege as paralisações na iniciativa privada. Só é assim porque no ano passado o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu legislar sobre este tema.
Desde que essa definição legal passou a ser adotada as paralisações de servidores públi-
cos ganharam contornos diferentes. Os grevistas passaram a respeitar limites mínimos, manten-
do em seus postos de trabalho pelo menos 30% do efetivo, aprovando indicativos de greve em
assembleias com um maior número de participantes e, sobretudo, informando à sociedade o
passo a passo da negociação com os governos.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Seis meses depois de o Supremo Tribunal Federal ter decidido que a lei de greve do
setor privado também deve ser aplicada ao funcionalismo, o Governo ainda não fechou a pro-
posta para regulamentar os movimentos grevistas no serviço público. A Folha apurou que, na
avaliação do Ministério do Planejamento, a atual situação é a mais favorável ao Governo.
Ao aplicar as regras do setor privado aos funcionários públicos, o Planejamento consi-
dera estar adotando normas mais duras que as previstas na proposta legislativa do Executivo
para disciplinar as greves no funcionalismo. Por esse motivo, técnicos afirmam que o Governo
“relaxou” na intenção de enviar um projeto sobre o tema para o Congresso.
Além disso, ao colocar o assunto em banho-maria, o Planejamento atende a uma de-
manda dos sindicatos de servidores, que concordam em tratar do assunto somente depois de o
Executivo enviar ao Congresso uma proposta de emenda constitucional para assegurar as nego-
ciações coletivas no setor público.
No início do ano, o presidente Lula encaminhou ao Congresso uma proposta de ratifi-
cação de convenção da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que trata da negociação
coletiva no serviço público.
37
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Servidores
Contra reajustes para servidores. Mantega pede a senadores que impeçam au-
mento salarial concedido pelo governo ao funcionalismo
Por Vicente Nunes, Edna Simão e Letícia Nobre, da equipe do Correio, Correio Braziliense,
em 31.10:
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez em 30.10 um apelo aos senadores para que
vetem qualquer tentativa de aumento aos servidores públicos e de despesas da Previdência
Social. Ao ser indagado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), durante depoimento na
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, sobre os constantes reajustes dados ao funcio-
nalismo, Mantega foi enfático: “Conto com os senhores para que não aprovem mais nenhum
aumento de gastos com os servidores e com a previdência”, disse.
Segundo Mantega, até agora, o governo tem conseguido manter os gastos com o fun-
cionalismo dentro da normalidade.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
O MPS, que tinha 4.660 servidores em 2005, e 4.844 em 2006, tem agora 2.698, sendo
apenas 666 ativos, 1.730 aposentados e 1.293 pensionistas.
O MPS tem 286 comissionados, 176 requisitados,70 sem vínculo e 55 em exercício
descentralizado da carreira, no total 462 servidores, correspondendo a 88 % dos ativos.
39
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
40
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Previdenciário.
Art. 31. Os cargos da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor
Médico-Pericial, de que trata a Lei no 9.620, de 1998, são agrupados em classes e padrões, na
forma do Anexo XII.
Art. 32. A estrutura remuneratória dos cargos da Carreira de Médico Perito Previdenciário
e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial terá a seguinte composição:
I – Vencimento Básico; e
II – Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica Previdenciária –
GDAPMP.
Parágrafo único. Os integrantes da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da
Carreira de Supervisor Médico-Pericial não fazem jus à percepção da Gratificação de Desempe-
nho de Atividade Médico-Pericial – GDAMP e da Gratificação Específica de Perícia Médica –
GEPM, instituídas pela Lei no 10.876, de 2004.
Art. 33. O regime jurídico dos titulares dos cargos da Carreira de Médico Perito
Previdenciário é o instituído pela Lei no 8.112, de 1990, observadas as disposições desta Medida
Provisória.
Art. 34. Os servidores titulares dos cargos de Perito Médico da Previdência Social serão
automaticamente enquadrados na Carreira de Médico Perito Previdenciário, de acordo com as
respectivas atribuições, os requisitos de formação profissional e a posição relativa na Tabela, nos
termos do Anexo XIII.
§ 1o O posicionamento dos aposentados e pensionistas na tabela remuneratória será
referenciado à situação em que o servidor se encontrava na data da aposentadoria ou em que se
originou a pensão, com vigência a partir da data de publicação desta Medida Provisória.
§ 2o O enquadramento de que trata o caput dar-se-á automaticamente, salvo manifesta-
ção irretratável do servidor, a ser formalizada no prazo de noventa dias, a contar da data de
publicação desta Medida Provisória, na forma do Termo de Opção constante do Anexo XIV,
com efeitos financeiros a partir da data de implantação das Tabelas de Vencimento Básico
referidas no Anexo XV.
§ 3o O servidor que formalizar a opção pelo não enquadramento na Carreira de Médico
Perito Previdenciário no prazo estabelecido no § 2o permanecerá na situação em que se encon-
trar na data de publicação desta Medida Provisória, não fazendo jus aos vencimentos e às vanta-
gens por ela estabelecidas.
§ 4o O prazo para exercer a opção referida no § 2o deste artigo, no caso de servidores
afastados nos termos dos arts. 81 e 102 da Lei no 8.112, de 1990, estender-se-á até trinta dias
contados a partir do término do afastamento, assegurado o direito à opção a partir da data de
publicação desta Medida Provisória.
§ 5o Para os servidores afastados que fizerem a opção após o prazo geral, os efeitos
financeiros serão contados a partir das datas de implementação das tabelas de vencimento bási-
co constantes do Anexo XV ou da data do retorno, conforme o caso.
§ 6o Ao servidor cedido para órgão ou entidade no âmbito do Poder Executivo Federal
aplica-se, quanto ao prazo de opção, o disposto no § 2o deste artigo, podendo o servidor perma-
necer na condição de cedido.
§ 7o O disposto neste artigo aplica-se aos aposentados e pensionistas.
Art. 35. O ingresso nos cargos da Carreira de Médico Perito Previdenciário é condici-
onado ao cumprimento obrigatório da jornada de trabalho estabelecida no art. 19 da Lei no
8.112, de 1990, vedada a sua redução.
Parágrafo único. Fica mantida para os ocupantes dos cargos de que trata o art. 30 a
41
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
jornada semanal de trabalho dos cargos originários, conforme estabelecido na legislação vigente
na data de publicação desta Medida Provisória, sendo assegurado o regime de quarenta horas
para aqueles que, em 18 de fevereiro de 2004, se encontravam no exercício de jornada de qua-
renta horas, com base nos §§ 1o e 2o do art. 1o da Lei no 9.436, de 5 de fevereiro de 1997.
Art. 36. O ingresso nos cargos de Médico Perito Previdenciário dar-se-á sempre no
primeiro padrão da classe inicial, mediante habilitação em concurso público, de provas ou de
provas e títulos, conforme dispuser o regulamento, exigindo-se como pré-requisito a habilitação
em medicina.
Parágrafo único. O concurso referido no caput poderá ser realizado em uma ou mais
fases, incluindo curso de formação quando julgado pertinente, conforme dispuser o edital de
abertura do certame.
Art. 37. O desenvolvimento dos servidores da Carreira de Médico Perito Previdenciário
e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial ocorrerá mediante progressão funcional e promoção.
§ 1o Para efeito do disposto no caput, progressão funcional é a passagem do servidor
para o padrão de vencimento imediatamente superior dentro de uma mesma classe, e promoção,
a passagem do servidor do último padrão de uma classe para o primeiro da classe imediatamente
superior.
§ 2o A progressão funcional e a promoção observarão os requisitos e as condições a
serem fixados em regulamento, devendo levar em consideração os resultados da avaliação de
desempenho do servidor.
§ 3o Sem prejuízo de outros requisitos e condições estabelecidos no regulamento de
que trata o § 2o, são pré-requisitos mínimos para promoção à Classe Especial da Carreira de
Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial:
I – possuir, no mínimo, dezoito anos e meio de efetivo exercício no cargo;
II – possuir habilitação em avaliação de desempenho individual com resultado médio
superior a oitenta por cento do limite máximo da pontuação das avaliações realizadas no interstício
considerado para a progressão na Classe D; e
III – possuir certificado de curso de especialização específico, compatível com as atri-
buições do cargo, realizado após ingresso na classe D, promovido em parceria do INSS com
instituição reconhecida pelo Ministério da Educação, na forma da legislação vigente.
§ 4o O INSS deverá incluir, em seu plano de capacitação, o curso de especialização de
que trata o inciso III do § 3o deste artigo.
§ 5o Até que seja regulamentado o § 2o deste artigo, as progressões funcionais e promo-
ções serão concedidas observando-se, no que couber, as normas aplicáveis aos servidores do
Plano de Classificação de Cargos da Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970.
Art. 38. Fica instituída a Gratificação de Desempenho de Atividade de Perícia Médica
Previdenciária – GDAPMP, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da Carreira
de Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor Médico-Pericial, em função do
desempenho individual do servidor e do alcance de metas de desempenho institucional.
§ 1o A GDAPMP será paga observado o limite máximo de cem pontos e o mínimo de
trinta pontos por servidor, correspondendo cada ponto, em sua respectiva jornada de trabalho
semanal, ao valor estabelecido no Anexo XVIII, produzindo efeitos financeiros a partir de 1o de
julho de 2008.
§ 2o A pontuação referente à GDAPMP será assim distribuída:
I – até oitenta pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de
desempenho institucional; e
II – até vinte pontos serão atribuídos em função dos resultados obtidos na avaliação de
42
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
desempenho individual.
§ 3o A avaliação de desempenho individual visa a aferir o desempenho do servidor no
exercício das atribuições do cargo ou função, com foco na contribuição individual para o alcan-
ce dos objetivos organizacionais.
§ 4o A parcela referente à avaliação de desempenho institucional será:
I – paga integralmente, quando o tempo médio apurado entre a marcação e a realização
da perícia inicial no âmbito da Gerência Executiva de lotação do servidor for igual ou inferior a
cinco dias;
II – paga conforme percentual definido em ato do Ministro de Estado da Previdência
Social, quando o tempo médio apurado entre a marcação e a realização da perícia inicial no
âmbito da Gerência Executiva de lotação do servidor for inferior a quarenta e superior a cinco
dias; e
III – igual a zero, quando o tempo médio apurado entre a marcação e a realização da
perícia inicial no âmbito da Gerência Executiva de lotação do servidor for igual ou superior a
quarenta dias.
§ 5o Os critérios de avaliação de desempenho individual e o percentual a que se refere o
inciso II do § 4o deste artigo poderão variar segundo as condições específicas de cada Gerência
Executiva.
Art. 39. O servidor titular do cargo de Médico Perito Previdenciário ou do cargo de
Supervisor Médico-Pericial, em efetivo exercício nas atividades inerentes às atribuições do res-
pectivo cargo no Ministério da Previdência Social ou no INSS, perceberá a parcela da GDAPMP
referente à avaliação de desempenho institucional no valor correspondente ao atribuído à Ge-
rência Executiva ou unidade de avaliação à qual estiver vinculado e a parcela da GDAPMP
referente à avaliação de desempenho individual segundo critérios e procedimentos de avaliação
estabelecidos nos atos de que trata o art. 46.
Art. 40. Os ocupantes de cargos efetivos da Carreira de Médico Perito Previdenciário
ou da Carreira de Supervisor Médico-Pericial que se encontrarem na condição de dirigentes
máximos de Gerência Regional, de Gerência Executiva, de Agência da Previdência Social e de
Chefia de Gerenciamento de Benefícios por Incapacidade perceberão a GDAPMP conforme
estabelecido no art. 39.
Art. 41. O titular de cargo efetivo de que trata o art. 40, em exercício no Ministério da
Previdência Social ou do INSS, quando investido em cargo em comissão ou função de confian-
ça fará jus à GDAPMP da seguinte forma:
I – os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores – DAS, níveis 3, 2, 1, ou equivalentes, perceberão a GDAPMP
calculada conforme disposto no art. 39; e
II – os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-
riores – DAS, níveis 6, 5, 4, ou equivalentes, perceberão a GDAPMP em valor correspondente
à pontuação máxima possível de ser atribuída a título de desempenho individual somada à
pontuação correspondente à média nacional da pontuação atribuída a título de avaliação
institucional às unidades do INSS.
Art. 42. O titular de cargo efetivo referido no art. 40 que não se encontre em exercício
no Instituto Nacional do Seguro Social ou no Ministério da Previdência Social só fará jus à
GDAPMP quando requisitado pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou nas hipó-
teses de requisição previstas em lei, e a perceberá integralmente quanto a sua parcela de desem-
penho individual e pela média nacional em relação a sua parcela de desempenho institucional.
Art. 43. Ocorrendo exoneração do cargo em comissão, com manutenção do cargo
43
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
efetivo, o servidor que faça jus à GDAPMP continuará percebendo a respectiva gratificação de
desempenho correspondente ao último valor obtido, até que seja processada a sua primeira
avaliação após a exoneração.
Art. 44. Em caso de afastamentos e licenças considerados como de efetivo exercício,
sem prejuízo da remuneração e com direito à percepção de gratificação de desempenho, o
servidor continuará percebendo a GDAPMP correspondente à última pontuação obtida, até
que seja processada a sua primeira avaliação após o retorno.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de cessão.
Art. 45. Até que seja processada a primeira avaliação de desempenho individual que
venha a surtir efeito financeiro, o servidor recém-nomeado para cargo efetivo e aquele que
tenha retornado de licença sem vencimento, de cessão ou de outros afastamentos sem direito à
percepção de gratificação de desempenho no decurso do ciclo de avaliação receberá a GDAPMP
no valor correspondente a oitenta pontos.
Art. 46. Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem observados
para a realização das avaliações de desempenho individual e institucional da GDAPMP.
§ 1o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação individual e institucional e de
atribuição da GDAPMP serão estabelecidos em ato do Ministro de Estado da Previdência Social.
§ 2o As metas referentes à avaliação de desempenho institucional serão fixadas anual-
mente em ato do Presidente do INSS.
§ 3o Enquanto não forem publicados os atos a que se referem o caput e o § 1o e até que
sejam processados os resultados da avaliação de desempenho, para fins de percepção da GDAPMP,
os servidores integrantes da Carreira de Médico Perito Previdenciário e da Carreira de Supervisor
Médico-Pericial perceberão a gratificação de desempenho calculada com base na última pontu-
ação obtida na avaliação de desempenho para fins de percepção da GDAMP, de que trata a Lei
no 10.876, de 2004.
§ 4o O disposto neste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos em comissão e funções
de confiança.
Art. 47. O resultado da primeira avaliação de desempenho, para fins de percepção da
GDAPMP, gera efeitos financeiros a partir do início do período de avaliação, devendo ser com-
pensadas eventuais diferenças pagas a maior ou a menor.
Art. 48. Os servidores ativos beneficiários da GDAPMP que obtiverem na avaliação de
desempenho individual pontuação inferior a cinquenta por cento da pontuação máxima
estabelecida para esta parcela serão submetidos a processo de capacitação ou de análise da
adequação funcional, conforme o caso, sob responsabilidade do INSS.
Parágrafo único. A análise de adequação funcional visa a identificar as causas dos
resultados obtidos na avaliação de desempenho e servir de subsídio para a adoção de medidas
que possam propiciar a melhoria do desempenho do servidor.
Art. 49. A GDAPMP não poderá ser paga cumulativamente com qualquer outra grati-
ficação de desempenho de atividade ou de produtividade, independentemente da sua denomi-
nação ou base de cálculo.
Art. 50. A GDAPMP integrará os proventos da aposentadoria e as pensões, de acordo
com:
I – para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, a GDAPMP
será:
a) a partir de 1o de julho de 2008, correspondente a quarenta pontos, considerados o
nível, classe e padrão do servidor; e
b) a partir de 1o de julho de 2009, correspondente a cinquenta pontos, considerados o
44
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Seção IX
Da Carreira da Seguridade Social e do Trabalho
Art. 67. O art. 3o da Lei no 10.483, de 3 de julho de 2002, passa a vigorar com a seguinte
redação:
Art. 3o O vencimento básico dos cargos que integram a Carreira da Seguridade Social e
do Trabalho é o constante dos Anexos II, III e III-A, com efeitos financeiros a partir das datas
neles especificadas.
§ 1o A partir 1o de julho de 2009, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão de
fazer jus à Vantagem Pecuniária Individual – VPI, de que trata a Lei no 10.698, de 2003.
§ 2o A partir de 1o de julho de 2010, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão
de fazer jus à Gratificação de Atividade – GAE, de que trata a Lei Delegada no 13, de 1992.
§ 3o A partir de 1o de julho de 2010, os valores da GAE ficam incorporados ao venci-
mento básico dos servidores de que trata o caput. (NR)
Art. 68. A Lei no 10.483, de 2002, passa a vigorar acrescida do Anexo III-A, nos termos
do Anexo XXIX, com efeitos financeiros a partir das datas nele estabelecidas.
Seção X
Da Carreira Previdenciária
Art. 69. O art. 3o da Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, passa a vigorar com a
seguinte redação:
Art. 3o O vencimento básico da Carreira Previdenciária é o constante dos Anexos II e
II-A.
§ 1o A partir 1o de julho de 2009, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão de
fazer jus à Vantagem Pecuniária Individual – VPI, de que trata a Lei no 10.698, de 2003.
§ 2o A partir de 1o de julho de 2010, os titulares dos cargos de que trata o caput deixarão
45
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
de fazer jus à Gratificação de Atividade – GAE, de que trata a Lei Delegada no 13, de 1992.
§ 3o A partir de 1o de julho de 2010, os valores da GAE ficam incorporados ao venci-
mento básico dos servidores de que trata o caput. (NR)
Art. 70. A Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, passa a vigorar acrescida do
Anexo II-A, nos termos do Anexo XXX, com efeitos financeiros a partir das datas nele
estabelecidas.
Seção XXVII
Da Carreira do Seguro Social
Art. 159. Os arts. 2o, 6o, 16 e 21-A da Lei no 10.855, de 1o de abril de 2004, passam a
vigorar com a seguinte redação:
Art. 2o (...)
§ 3o A estrutura dos cargos de provimento efetivo de níveis superior, intermediário e
auxiliar da Carreira do Seguro Social é a constante do Anexo I-A, observada a correlação
estabelecida na forma do Anexo II-A. (NR)
Art. 6o Até 31 de maio de 2009, a remuneração dos servidores integrantes da Carreira
do Seguro Social será composta das seguintes parcelas: (...) (NR
Art. 16. (...)
I – para as aposentadorias concedidas e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004,
a gratificação a que se refere o caput será paga aos aposentados e pensionistas:
a) a partir de 1o de julho de 2008, em valor correspondente a quarenta pontos; e
b) a partir de 1o de julho de 2009, em valor correspondente a cinquenta pontos.
II – (...)
a) quando o servidor que deu origem à aposentadoria ou à pensão enquadrar-se no
disposto nos arts. 3o e 6o da Emenda Constitucional no 41, de 19 de dezembro de 2003, e no art.
3o da Emenda Constitucional no 47, de 5 de julho de 2005, aplicar-se-á o constante das alíneas
“a” e “b” do inciso I do caput deste artigo; (...)(NR)
Art. 21-A. Os cargos vagos de nível superior e nível intermediário da Carreira
Previdenciária instituída pela Lei no 10.355, de 26 de dezembro de 2001, do Plano de Classifica-
ção de Cargos – PCC instituído pela Lei no 5.645, de 10 de dezembro de 1970, do Plano Geral
de Cargos do Poder Executivo – PGPE instituído pela Lei no 11.357, de 19 de outubro de 2006,
e de planos correlatos, do Quadro de Pessoal do INSS, em 19 de março de 2007, ficam transfor-
mados em cargos de Analista do Seguro Social e de Técnico do Seguro Social, respeitado o nível
correspondente. (NR)
Art. 160. A Lei no 10.855, de 2004, passa a vigorar acrescida dos seguintes dispositivos:
Art. 4o-A. É de quarenta horas semanais a jornada de trabalho dos servidores integran-
tes da Carreira do Seguro Social.
§ 1o A partir de 1o de junho de 2009, é facultada a mudança de jornada de trabalho para
trinta horas semanais para os servidores ativos, em efetivo exercício no INSS, com redução
proporcional da remuneração, mediante opção a ser formalizada a qualquer tempo, na forma do
Termo de Opção, constante do Anexo III-A.
§ 2o Após formalizada a opção a que se refere o § 1o, a alteração de jornada de trabalho
do servidor só poderá ocorrer no interesse da administração, devidamente justificado pelo INSS.
§ 3o O disposto no § 1o não se aplica aos servidores cedidos. (NR)
Art. 6o-A. A partir de 1o de junho de 2009, a remuneração dos servidores integrantes da
Carreira do Seguro Social será composta das seguintes parcelas:
I – Vencimento Básico, nos valores indicados nas Tabelas constantes do Anexo IV-A
46
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
desta Lei;
II – Gratificação de Atividade Executiva, de que trata a Lei Delegada no 13, de 1992; e
III – Gratificação de Desempenho de Atividade do Seguro Social – GDASS, nos valo-
res indicados nas Tabelas constantes do Anexo VI-A desta Lei. (NR)
Parágrafo único. A partir de 1o de junho de 2009, os servidores integrantes da Carreira
do Seguro Social não farão jus à percepção da Vantagem Pecuniária Individual – VPI, de que
trata a Lei no 10.698, de 2003. (NR)
Art. 161. A Tabela I, do item “b”, Cargos de Nível Intermediário, do Anexo V, da Lei no
10.855, de 2004, passa a vigorar nos termos do Anexo CVIII.
Art. 162. A Lei no 10.855, de 2004, passa a vigorar acrescida dos Anexos I-A, II-A, III-
A, IV-A e VI-A, na forma dos Anexos CIII, CIV, CV, CVI e CVII, respectivamente. (...)
Seção XXXVI
Da Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Tra-
balho – GDPST
Art. 227. O art. 5o-B da Lei no 11.355, de 19 de outubro de 2006, passa a vigorar
acrescida dos seguintes parágrafos:
§ 7o Ato do Poder Executivo disporá sobre os critérios gerais a serem observados para
a realização das avaliações de desempenho individual e institucional da GDPST.
§ 8o Os critérios e procedimentos específicos de avaliação de desempenho individual e
institucional e de atribuição da GDPST serão estabelecidos em atos dos dirigentes máximos dos
órgãos ou entidades de lotação, observada a legislação vigente.
§ 9o As metas de desempenho institucional serão fixadas anualmente em atos dos titu-
lares dos órgãos e entidades de lotação dos servidores.
§ 10. O resultado da primeira avaliação gera efeitos financeiros a partir da data de
publicação dos atos a que se refere o § 8o deste artigo, devendo ser compensadas eventuais
diferenças pagas a maior ou a menor.
§ 11. Até que seja publicado o ato a que se refere o § 8o deste artigo e processados os
resultados da primeira avaliação individual e institucional, os servidores que fazem jus à GDPST
perceberão a referida gratificação em valor correspondente a oitenta pontos, observados o nível,
a classe e o padrão do servidor.
§ 12. O disposto no § 10 deste artigo aplica-se aos ocupantes de cargos comissionados
que fazem jus à GDPST.
§ 13. O titular de cargo efetivo integrante da carreira de que trata o caput, em exercício
nas unidades do Ministério da Previdência Social, do Ministério da Saúde, do Ministério do
Trabalho e Emprego e da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, quando investido em cargo
em comissão ou função de confiança fará jus à GDPST da seguinte forma:
I – os investidos em função de confiança ou cargos em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores – DAS, níveis 3, 2, 1, ou equivalentes, perceberão a respectiva grati-
ficação de desempenho calculada conforme disposto no § 2o deste artigo; e
II – os investidos em cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessoramento Supe-
riores – DAS, níveis 6, 5, 4, ou equivalentes, perceberão a respectiva gratificação de desempenho
calculada com base no valor máximo da parcela individual, somado ao resultado da avaliação
institucional do período.
§ 14. O titular de cargo efetivo integrante da carreira de que trata o caput, quando não se
encontrar em exercício nas unidades referidas no § 13, somente fará jus à GDPST:
I – requisitados pela Presidência ou Vice-Presidência da República ou nas hipóteses de
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
requisição previstas em lei, situação na qual perceberá a GDPST calculada com base nas regras
aplicáveis como se estivesse em efetivo exercício nas unidades referidas no § 13; e
II – cedido para órgãos ou entidades da União distintos dos indicados no inciso I e
investido em cargos de Natureza Especial, de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores – DAS, níveis 6, 5, 4, ou equivalentes, perceberá a GDPST calculada
com base no resultado da avaliação institucional do período.
§ 15. A avaliação institucional referida no inciso II do §§ 13 e 14 será a do órgão ou
entidade de lotação do servidor. (NR)
§ 16. A GEAAPST integrará os proventos da aposentadoria e as pensões. (NR)
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
“Atendemos o que podíamos, mas não vejo a menor necessidade de aumentos salariais
para o ano que vem”, afirmou. Segundo ele, o último reajuste será para 300 mil servidores do
Poder Executivo, que será concedido por meio de duas medidas provisórias (MPs) a serem
enviadas ao Congresso até amanhã (28).
“A LDO [Lei de Diretrizes Orçamentárias] estabelece que qualquer aumento de despe-
sa com pessoal tem de ser encaminhado ao Congresso até 31 de agosto”, informou Paulo
Bernardo. “Acredito que as MPs serão enviadas amanhã para serem publicadas na sexta-feira”,
concluiu
Lula assina MPS que reajustam salários de 350 mil servidores públicos
Por Lísia Gusmão, colaboração para a Folha Online, em Brasília, em 29.08:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou duas medidas provisórias que reajustam
os salários de cerca de 350 mil servidores públicos. Serão beneficiadas 54 categorias do funcio-
nalismo público – entre elas os do Ministério das Relações Exteriores, Advocacia-Geral da
União, Receita Federal e Banco Central.
A edição das MPs encerra as rodadas de negociação para reajustes salariais iniciadas em
maio pelo governo – quando foram beneficiados cerca de 800 mil civis e 600 mil militares,
incluindo aposentados e pensionistas.
O Senado aprovou medida provisória que reajusta os salários de 1,4 milhão de servido-
res da administração pública federal, entre civis, militares, aposentados e pensionistas. Como o
texto já foi aprovado pela Câmara, segue agora para a sanção do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
No total, servidores de 17 carreiras serão beneficiados com o reajuste. Os aumentos
serão progressivos, com reajustes anuais até 2010 ou 2011, de acordo com cada setor beneficia-
do com a medida.
O reajuste vai ser repassado a cerca de 800 mil servidores civis e 600 mil militares, com
o impacto de R$ 7,5 bilhões nos cofres públicos somente este ano. Entre os servidores que vão
ser beneficiados pela medida, estão docentes de universidades federais, servidores administrati-
vos das universidades federais, servidores do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Refor-
ma Agrária), do Hospital das Forças Armadas e de ministérios.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
diferenciados para servidores em cargos de chefia e para os membros das equipes de trabalho e
que não atuem na gestão de equipes.
Os servidores que obtiverem avaliação de desempenho individual inferior a 50% da
pontuação máxima prevista passarão por processo de capacitação. Os servidores com baixa
pontuação deverão participar dos cursos de aperfeiçoamento e capacitação oferecidos pelo INSS.
Para 2008 foram oferecidas 37 mil vagas para capacitação de servidores, em cursos presenciais,
e 46 mil, em cursos a distância.
Já a avaliação de desempenho institucional tem como objetivo garantir o alcance das
metas gerenciais que serão fixadas semestralmente, por portaria do ministro da Previdência
Social. Essas metas poderão ser revistas, a qualquer tempo, na ocorrência de fatores que exer-
çam influência significativa e direta em sua consecução, desde que o INSS não tenha dado causa
a tais fatores.
Funcionalismo. Lula assina MP que reajusta salário de 800 mil servidores. Sai
reajuste para servidores. Oitocentos mil funcionários civis do Poder Executivo e 700 mil
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Pressão
Remuneração média do funcionalismo
Funcionalismo
Em meio à negociação salarial com dez carreiras, o Ministério do Planejamento afirma
que a remuneração média da administração pública federal dobrou entre o último ano do gover-
no FH e o início do segundo mandato do presidente Lula. Diz ainda que atualmente apenas oito
servidores têm salário superior a R$ 24,5 mil, embora recebam esse valor, fixado como teto por
lei (aplica-se o abate-teto)
Funcionalismo. Reajuste para quase 800 mil .Dez categorias de servidores serão
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Censo Previdenciário
Regras estão definidas em Lei. Segurado com mais de 80 anos vai responder ao
Censo em casa
Em 24.06, o MPS divulgou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou
em 20.06 a Lei no 11.720, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 23.06, que contém
um conjunto de medidas que nortearão qualquer recadastramento que venha a ser realizado
pela Previdência Social. As novas normas serão aplicadas, inclusive, no próximo Censo
Previdenciário, previsto para 2009.
Entre as novidades previstas na Lei, que ainda serão regulamentas pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), estão: 1) os bancos terão de agendar dia e hora para que
os beneficiários com 60 anos ou mais compareçam às agências para se recadastrar; e 2) os
segurados com 80 anos ou mais ou aqueles que, por recomendação médica, não puderem se
deslocar, independentemente da idade, deverão responder ao Censo em casa.
A maioria das regras, no entanto, já foi aplicada no primeiro Censo Previdenciário,
realizado entre outubro de 2005 e dezembro de 2007. Nesse período, o INSS convocou
17.201.665 beneficiários – base de dados de dezembro de 2003 – para fazer o
recadastramento. Um total de 16.655.207 beneficiários foi às agências bancárias ou às Agên-
cias da Previdência Social, no caso dos que perderam o prazo dado pelo INSS, e se recen-
searam.
Entre as regras já utilizadas no último recadastramento e confirmadas na Lei, estão
a suspensão do benefício apenas nos casos em que os beneficiários não comparecerem aos
locais e prazos determinados para fazer o recadastramento. E como ocorreu no primeiro
Censo, todos os beneficiários serão previamente notificados sobre o processo de
recadastramento através de avisos eletrônicos nos terminais de autoatendimento, através da
Central 135 e do site da Previdência (www.previdencia.gov.br). Depois de receber o aviso, o
beneficiário tem, no mínimo, 90 dias para se recadastrar, caso contrário seu benefício
será suspenso.
Novas regras
A Lei no 11.720 determina que os órgãos recadastradores (instituições financeiras
onde os segurados recebem seus benefícios) terão de agendar dia e hora em que beneficiários
com 60 anos ou mais farão seu recenseamento. A convocação será feita em função da data
de aniversário ou da data de concessão do benefício. O INSS ainda vai regulamentar o
escalonamento das convocações e como será o processo de agendamento.
Os segurados com 80 anos ou mais ou aqueles que, por recomendação médica, não
puderem se deslocar, independentemente da idade, deverão receber um recenseador em casa.
No primeiro Censo Previdenciário, o segurado tinha a opção de realizar o Censo por intermé-
dio de seu procurador ou representante legal, mas depois recebia a visita de um funcionário
do INSS em sua residência. Este funcionário confirmava os dados e completava o levanta-
mento e checagem dos dados. O INSS também vai regulamentar esse procedimento.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Reforma da Previdência
Aposentadoria sem perdas exige mais tempo de serviço. Serão necessários mais
54 dias de trabalho; aumento é porque expectativa de vida é maior. De acordo com os
dados do IBGE, a expectativa de vida dos brasileiros aumentou de 72,3 anos em 2006
para 72,6 anos no ano passado
Por Julianna Sofia, da Folha de S. Paulo, em 1o.12:
O brasileiro precisará trabalhar 54 dias a mais a partir de agora para conseguir se apo-
sentar sem perdas no valor do seu benefício, segundo estimativa do Ministério da Previdência.
Com o aumento da expectativa de vida no país anunciado ontem pelo IBGE (Instituto Brasilei-
ro de Geografia e Estatística), o cálculo das aposentadorias foi alterado, exigindo do trabalhador
mais tempo em atividade para se aposentar.
Até 30 de novembro, um trabalhador com 63 anos de idade e 35 anos de contribuição
conseguiria se aposentar usando para o cálculo do seu benefício um fator previdenciário próxi-
mo de 1. A partir de 1o de dezembro, com a nova tábua de mortalidade do IBGE, esse mesmo
trabalhador precisará trabalhar 54 dias a mais para obter o mesmo fator.
O fator previdenciário, que entrou em vigor em 1999, é um mecanismo usado no cálcu-
lo das aposentadorias que reduz o valor dos benefícios de quem se aposenta mais cedo. Para
quem fica mais tempo no mercado de trabalho, o fator pode elevar o valor do benefício.
Um fator igual ou superior a 1 significa que o trabalhador não terá perdas na hora em
que a Previdência calcular seu benefício. Entram na fórmula de cálculo a idade do segurado, o
tempo de contribuição e a expectativa de vida a partir da aposentadoria. O mecanismo é obriga-
tório no cálculo dos benefícios por tempo de contribuição.
No Congresso, o fator previdenciário corre risco de ser extinto. Um projeto de autoria
do senador Paulo Paim (PT-RS) acaba com o mecanismo. O governo vem afirmando que o fim
do cálculo só poderá ocorrer se, em substituição, for criada uma idade mínima para as aposen-
tadorias – o que não há pelas regras atuais.
Sem o fator, o governo alerta que o rombo da Previdência – estimado em R$ 38 bilhões
para este ano – seria ainda maior. Entre 2000 e 2008, calcula-se que a economia com o fator
chegue a R$ 14,5 bilhões.
“Infelizmente, o fator vem funcionando muito mais para modificar o valor do benefício
do que para postergá-lo. As pessoas preferem um benefício menor a permanecer mais tempo
trabalhando”, afirmou o secretário de Previdência Social, Helmut Schwarzer. O secretário diz
que, em 1999, a idade média das aposentadorias era concedida aos 51 anos. Hoje, mesmo com
o fator previdenciário, é aos 53 anos.
Depois de amanhã, as centrais sindicais participarão de reunião no Ministério da Previ-
dência para reivindicar o fim do fator. Os sindicalistas, no entanto, são contra a instituição de
uma idade mínima.
A Previdência considera que a nova tábua de mortalidade trouxe aumento na expecta-
tiva de vida dos brasileiros dentro do esperado. De acordo com os dados do IBGE, a sobrevida
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
contribuinte comprovar seu direito, invertendo o ônus da prova para o INSS. O projeto vai
retomar ainda um antigo desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que é mudar formal-
mente a contabilidade da previdência.
As contas dos benefícios dos trabalhadores urbanos seriam separadas das contas da
previdência rural, além de deixar transparente os valores das renúncias previdenciárias em favor,
por exemplo, das entidades filantrópicas. “Podemos chegar em 2010 com a previdência urbana
superavitária”, completou.
O governo Lula ainda pretende fazer uma nova reforma da Previdência?
Os nossos cálculos apontam que, até 2050, (o Brasil) não precisa de reforma
previdenciária. A questão é gestão e crescimento econômico. A partir de 2050 é que uma refor-
ma será necessária por causa da queda na taxa de natalidade e o aumento de expectativa de vida
de quem completa os 60 anos. Em 2010, por exemplo, estará em 79,6 anos essa sobrevida para
os homens e em 82,9 anos para as mulheres. Em 2050, passará para 82,7 anos para os homens e
87 anos para mulheres. Não é melhor, então, começar a discutir agora uma reforma previdenciária
que entre em vigor nesse futuro? Evidente que se pode começar a pensar já em fazer isso, mas
nós estamos fazendo uma opção pela gestão, vamos cuidar da gestão.
O que a gente tem que ter clareza é que qualquer reforma previdenciária é para 2050. O
que será feito ainda na gestão da Previdência?
O presidente Lula determinou que seja feita a separação das aposentadorias rurais e
urbanas na contabilidade da previdência, algo que já fazemos administrativamente e agora va-
mos formalizar. Com isso, queremos deixar clara para a sociedade brasileira a situação do siste-
ma previdenciário público brasileiro. Explicitar que as aposentadorias especiais (rurais, artesanais
e extrativistas) serão sempre subsidiadas pela sociedade, mas que a previdência urbana nós que-
remos superavitária.
E como ela pode ser superavitária?
A leitura é que, se a economia continuar a crescer em 2009 pelo menos 4% e outros 4%
em 2010, ao final desse ano a previdência urbana será superavitária. Os dados do primeiro
semestre mostram uma queda de 17,5% no déficit em relação ao mesmo período do ano passa-
do. Boa parte desses R$ 18,5 bilhões de déficit acumulado nos seis meses vem das aposentado-
rias especiais. Aliado a esse esforço de redução do déficit, vamos aumentar o reconhecimento
dos direitos previdenciários.
Trata-se da proposta de inverter o ônus da prova para os segurados?
Isso mesmo. A atual legislação, de 1991, determina que o contribuinte comprove o
direito ao benefício. Vamos implantar o CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), que
permitirá ao trabalhador chegar ao balcão da agência da previdência, puxar o seu extrato e
homologar na hora seu pedido de aposentadoria. O objetivo é simplificar o atendimento e, ao
mesmo tempo, combater as fraudes. Porque nós passaremos a ter um banco de dados prévio e
certificado. Para quem tem direito às aposentadorias por idade, de 60 anos para mulher e 65
anos para homens, com tempo mínimo de contribuição de 13,5 anos, já temos condições de
certificar porque o nosso banco de dados de julho de 1994 para cá está completo. Portanto, na
hora em que o Congresso Nacional alterar a lei, nós temos condições de implantar a nova regra
imediatamente para quem pedir aposentadorias por idade no meio urbano.
E a aposentadoria por tempo de contribuição, que exige 30 anos das mulheres e 35 anos
dos homens?
Para esse pessoal, estamos montando o banco de dados que começará em 1976 (data de
criação da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Esse está dando mais trabalho porque
precisamos dos dados mês a mês. Já fizemos um primeiro grande batimento de dados e em mais
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
ou menos 40% do cadastro ainda falta alguma complementação. Na hora em que o Congresso
autorizar, vamos pedir informações aos empregadores e depois aos trabalhadores, se necessário.
O sr. tem falado em atrair mais contribuintes pessoas físicas para o INSS pagando
alíquota reduzida, de que forma?
A nossa grande preocupação é ampliar a cobertura previdenciária e mais um passo para
isso será a criação da figura do microempreendedor individual, cujo projeto está na Câmara. É
o feirante, o camelô, o sacoleiro, o pipoqueiro, o borracheiro, a cabeleireira, a manicure que, se
tiverem renda de até R$ 36 mil por ano, poderão ter um CNPJ nacional e único que valerá para
Municípios, Estados e União. Eles serão isentos de contabilidade e terão tributação zero de
todos os impostos federais devidos pelas pessoas jurídicas. Aí poderão contribuir com 11%
sobre o salário-mínimo para a previdência e terão direito a todos os benefícios, exceto aposen-
tadoria por tempo de contribuição.
Mas já existe um plano simplificado de contribuição, com alíquota de 11%, criado pela
Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas em 2007.
Esse é um segundo passo, pois agrega a possibilidade de formalização do
microempreendedor, algo que o primeiro plano simplificado não prevê. No próximo dia 12 de
agosto, vamos ter uma grande manifestação, em São Paulo, em favor desse novo sistema. Esse
projeto de lei tem acordo entre governo e oposição, mas só não foi votado ainda porque a pauta
da Câmara está trancada por medidas provisórias.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
déficit da Previdência vem das aposentadorias rurais – que não têm a contrapartida da contri-
buição –, e o governo quer deixar isso claro para a sociedade. Dos R$15,5 bilhões do rombo da
Previdência acumulado até maio, R$13,3 bilhões são das aposentadorias especiais, e apenas
R$2,2 bilhões são resultado da Previdência urbana.
Para Pimentel, trata-se de um problema, pois apenas os urbanos efetivamente contribu-
em para o sistema. Este fenômeno é antigo, mas só no ano passado o governo resolveu atacá-lo.
O nosso esforço é fazer a Previdência ser superavitária ainda neste governo. O projeto
vai dar mais transparência à contabilidade previdenciária no Brasil. Já fazemos a separação admi-
nistrativa, e vamos transformá-la em algo legal – explicou o ministro.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
mais pobres da população. Segundo ele, um homem que começa a trabalhar aos 18 anos pode se
aposentar após 35 anos de contribuição, aos 53 anos de idade. Com o fim do fator e a adoção da
idade mínima, esse mesmo homem teria que trabalhar até os 65 anos, ou seja, contribuiria por 47
anos. São 12 anos a mais. “Os pobres começam a trabalhar mais cedo. Portanto, a revogação do
fator é muito boa para os mais ricos e extremamente injusta com os mais pobres. Esse é o debate
que a sociedade precisa fazer”, defende.
Com relação à outra bomba-relógio armada no Congresso – uma emenda, de autoria
do senador Paim, que vincula todos os benefícios previdenciários aos reajustes do salário-míni-
mo –, o ministro aposta no bom-senso dos parlamentares. Ele classificou a volta da indexação
das aposentadorias ao mínimo como o “abraço dos afogados”. Hoje, dois terços dos aposenta-
dos e pensionistas do INSS recebem até um salário-mínimo (R$ 415). Os 8 milhões restantes
têm seu benefício corrigido de acordo com a inflação.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
“Já com o abono de permanência, o cidadão que já cumpriu os requisitos para a aposen-
tadoria poderá continuar trabalhando e terá um ganho mensal na sua renda”, disse Marinho. A
contribuição previdenciária do trabalhador varia de 8% a 11% até o teto de contribuições (R$
318,37).
O ministro acrescenta que o tempo de permanência no mercado será usado para efeitos
de aplicação do fator previdenciário. Ou seja, o período adicional em atividade influenciará
positivamente no cálculo, elevando o valor do benefício a ser concedido. “Estamos oferecendo
dois ganhos para o trabalhador”, afirmou.
Segundo ele, o “abono de permanência” já existe no funcionalismo público desde 2003
e deu resultados expressivos. Mais de 40 mil servidores federais adiaram suas aposentadorias. A
diferença é que o ganho mensal para esse funcionário é mais atrativo. No serviço público, todos
sofrem desconto de 11% do salário e não há teto para essa contribuição.
Para Marinho, dificilmente a medida encontrará resistência, pois contou com o apoio
das bancadas no fórum. O ministro avalia, porém, o melhor momento para levar o projeto ao
presidente Lula. “Vamos apresentar primeiro o relatório e depois tirar os pontos para transfor-
mar em projeto de lei.”
Reforma não será feita em 2008. Mudanças na Previdência serão pontuais, diz ministro
Por Isabel Sobral, de O Estado de S. Paulo, em 23.01:
O ministro da Previdência, Luiz Marinho, disse que o governo poderá enviar este ano
ao Congresso Nacional propostas de alterações pontuais nas regras da Previdência, praticamen-
te descartando um projeto mais amplo de reforma previdenciária em 2008. “Muito provavel-
mente o governo vai priorizar o debate da reforma tributária este ano”, afirmou Marinho após
anunciar o resultado nas contas do INSS em 2007.
“Quanto à Previdência, poderemos mandar projetos pontuais ao Congresso e ir avan-
çando na criação de condições para uma reforma mais ampla, mas tudo também vai depender
das condições políticas”, completou. Ele evitou antecipar temas que poderiam ser alvo de mu-
danças por projetos de lei
O Fórum Nacional de Previdência Social, realizado no segundo semestre do ano passa-
do, não chegou a um consenso sobre qualquer mudança de regras, mas entre os debates esteve
a possibilidade de novas regras para concessão de pensões por morte.
Em 2007, o estoque de pensões atingiu 6 milhões de benefícios, ante 5,9 milhões do ano
anterior. Alguns estudos de especialistas em Previdência mostraram que as regras brasileiras
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
estão entre as mais generosas do mundo na concessão de pensões. Na Europa, Estados Unidos
e Ásia, os valores das pensões são fixados de acordo com a idade do cônjuge viúvo ou a existên-
cia de filhos menores deixados pelo segurado falecido.
Marinho disse que a elevação do déficit do INSS em “apenas 2,4%” entre 2006 e 2007
é um sinal de que as contas estão controladas no curto prazo, mas alertou que a situação deve
mudar no longo prazo.
“Para o futuro, precisamos insistir na necessidade de ajustes da Previdência às mudan-
ças demográficas”, afirmou, lembrando que o envelhecimento populacional e a maior longevidade
das pessoas podem sobrecarregar o sistema.
As alternativas de fixar idades mínimas para aposentadoria ou aumentar o tempo de
contribuição para o INSS, como ajustes demográficos, só podem ser feitos por emendas à
Constituição Federal.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Envelhecimento da População
Expectativa de vida sobe para 72,57 anos no País. IBGE mostra que aumento foi
de 3 meses e 14 dias entre 2006 e 2007
Por Alexandre Rodrigues, de O Estado de S. Paulo, em 02.12 :
65
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
76,44 anos em 2007, os homens não tinham conseguido ainda passar de 70: a expectativa de vida
masculina no ano passado foi de 68,82 anos.
A explicação está na sobremortalidade dos homens em relação às mulheres, que está
aumentando entre os jovens. A chance de um homem na faixa de 20 a 24 anos morrer era quatro
vezes maior do que a de uma mulher na mesma idade em 2007. Essa relação aumentou quase
26% na comparação com 1991. Em São Paulo, a sobremortalidade masculina entre jovens é
ainda maior: quase 6 vezes. Essa relação aumentou 32,86% entre 1991 e 2007 em São Paulo, que
ultrapassou o Rio (5,15) nesse quesito.
Segundo o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez
de Castro Oliveira, se fossem eliminados os altos índices de morte por causas externas (violência
urbana, acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, afogamentos, etc.) entre os homens jovens,
o brasileiro poderia ter mais 2 ou 3 anos de vida.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Oliveira, disse que, com base no cálculo de que cada uma das vítimas ou o causador da morte
está relacionada a 2,5 famílias, em média, a morte violenta por trânsito ou crime envolveu, em
2005, 1,5 milhão de famílias brasileiras, que sofreram as consequências sociais e econômicas da
perda repentina de um parente.
A pesquisa também constatou que a mortalidade infantil diminuiu em 46% no país de
1991 a 2007. Todos os Estados nordestinos tiveram declínio considerável, principalmente Alagoas,
com 58, 23%.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
políticas, econômicas, culturais e sociais do nosso país. Isso, juntamente com o acesso delas aos
métodos de planejamento familiar, obviamente tem reflexos no perfil reprodutivo”.
Desafios
Outro ponto destacado por Helmut Schwarzer é que essa transição demográfica – além
de outras transformações pelas quais passa a sociedade brasileira – apresenta alguns desafios
para a sociedade brasileira. Um deles é o impacto sobre o sistema previdenciário, com o aumen-
to de duração dos benefícios e a diminuição do número de futuros contribuintes. O que vai
levar, evidentemente, à definição de novas regras de sustentabilidade para o sistema previdenciário
no longo prazo.
Ao comentar a constatação do estudo de que o Brasil passa pela chamada “janela
demográfica”, em que o número de pessoas com idades potencialmente ativas está em pleno
processo de ascensão, Schwarzer afirma que o país não pode desperdiçar esse momento. “Pre-
cisamos aproveitar esse bônus demográfico e universalizar urgentemente a cobertura dos traba-
lhadores ativos e formalizar sua contribuição ao sistema previdenciário”.
O estudo “Uma abordagem demográfica para estimar o padrão histórico e os níveis de
subnumeração de pessoas nos censos demográficos e contagens da população” traz a projeção da
população do Brasil, por sexo e idade, para o período de 1980-2050. Os dados divulgados pelo
instituto fazem uma revisão de projeções do IBGE, sobre o mesmo tema, publicadas em 2004.
Envelhecimento
O levantamento do IBGE mostra que a população brasileira continua envelhecendo em
ritmo acelerado e, em 2039, para de crescer, quando atingirá o chamado “crescimento zero”. A
partir desse ano, as taxas serão negativas.
Dados da pesquisa mostram que, enquanto no período 1950-1960 a taxa de crescimen-
to da população do país era de 3,04% ao ano, em 2008 não ultrapassou 1,05%. E o levantamento
indica que, em 2050, a taxa de crescimento cairá para menos 0,291%, projetando para uma
população de 215,3 milhões de habitantes.
O estudo também aponta que, se o ritmo de crescimento da população tivesse se man-
tido no mesmo nível observado na década de 1950 (aproximadamente 3% ao ano), a população
brasileira em 2008 chegaria a 295 milhões de pessoas, e não aos atuais 189,6 milhões divulgados
pelo IBGE.
População brasileira encolhe a partir de 2039, afirma IBGE. Queda mais intensa
na fecundidade alterou projeção, que apontava redução só após 2062. Número de ido-
sos deve superar o de crianças em 2036; em 2050, haverá 6,8 milhões de mulheres a mais
que homens
Por Antônio Gois, da Sucursal do Rio, Folha de S.Paulo, em 28.11:
O Brasil que o IBGE projeta para o futuro é um país mais envelhecido, com menos
crianças e com número crescente de mulheres a mais na população. É também uma nação que
atravessa um período único em sua história, que pode ser aproveitado para acelerar o crescimen-
to econômico e preparar melhor o país para os desafios de atender a uma proporção cada vez
maior de idosos.
As projeções também indicam que há um longo caminho até que o Brasil se aproxime,
em indicadores de qualidade de vida, do nível verificado hoje nas nações mais ricas.
Essas são conclusões da nova estimativa populacional do IBGE, divulgada ontem. Ela
substitui a divulgada em 2004, que não previa uma queda tão intensa na fecundidade quanto a
verificada nos últimos anos.
Em 2004, o IBGE projetou que a fecundidade chegaria 1,85 filho por mulher só em
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
2043. As últimas Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios), no entanto, já apon-
tavam que a queda ocorria num ritmo mais intenso, tendo chegado, já no ano passado, à média
de 1,95 filho, abaixo do nível de reposição populacional.
Segundo o gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Juarez
Oliveira, não houve erro: “Quando divulgamos a projeção de 2004, ainda não era possível
detectar com segurança que a fecundidade caía de forma mais intensa. Esperamos então os
resultados de 2001 a 2006 para confirmar essa tendência”.
Pela projeção antiga, a população só começaria a diminuir após 2062. Agora, a estima-
tiva mudou para 2039. Houve alteração também no ponto em que o total de idosos deve superar
o de crianças: de 2049 para 2036.
O envelhecimento populacional mais acelerado significará também que haverá um ex-
cedente cada vez maior de mulheres na população, já que a expectativa de vida delas é superior
à dos homens. Hoje, elas são 3,4 milhões a mais. Em 2050, serão 6,8 milhões.
Além de fatores culturais, como maior resistência masculina a buscar ajuda médica,
Oliveira explica que o excedente feminino cresce devido a mortes por causas violentas, como
acidentes de trânsito e assassinatos, que vitimam sobretudo jovens do sexo masculino.
Sem essas mortes, diz Oliveira, a expectativa de vida dos homens seria de dois a três
anos superior à atual, que é de 69,1 anos. A das mulheres é de 76,7; a da população total, 72,8
anos.
Bônus demográfico
Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatís-
ticas do IBGE, há pontos positivos e negativos na queda mais intensa da fecundidade. Uma das
vantagens é o chamado bônus demográfico. Com uma proporção maior de jovens e adultos e
menor de crianças e idosos, há, em tese, mais espaço para aumento da produtividade, desde que
sejam dadas oportunidades à população em idade ativa.
Esse período, porém, tem prazo para acabar, já que a população idosa será proporcio-
nalmente cada vez maior, o que terá impacto nos gastos públicos na saúde e Previdência. Para
Alves, o bônus demográfico deve acabar entre 2050 e 2055 – dependendo do comportamento
da fecundidade.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
População está mais velha e reduzindo taxa de fertilidade. Em 2030, o país terá
204 milhões de habitantes, muitos dos quais idosos
Publicou o Jornal de Brasília, em 08.10:
A queda acelerada das taxas de fecundidade e de mortalidade registradas no país provo-
ca mudanças rápidas no ritmo de crescimento da população. A mais importante, de acordo com
o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é o envelhecimento dos brasileiros. Os
dados fazem parte de um estudo divulgado, ontem, pelo instituto, elaborado com base na Pes-
quisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2007.
De acordo com a pesquisa Pnad 2007: Primeiras Análises, a taxa de fecundidade total
no ano passado foi de 1,83 filho por mulher. A média foi inferior à chamada taxa de reposição
(de 2,1), que significa o mínimo de filhos que cada brasileira deveria gerar para que, no período
de 30 anos, a população total do país seja mantida.
A queda teve início na segunda metade dos anos 1960 e poderá, a partir de 2030, refletir
em uma população “superenvelhecida” no Brasil, reproduzindo experiências de países da Euro-
pa Ocidental, além de Rússia e Japão.
Teto em 2030
A projeção é que a população brasileira irá atingir o seu máximo em 2030, com um
contingente de aproximadamente 204,3 milhões de habitantes. Para 2035, a expectativa cai para
200,1 milhões.
Como consequência direta, a população com idade inferior a 15 anos, que representou
33,8% da população total em 1992, passou a responder por 25,2% em 2007. Já a população
idosa que, em 1992 representava 7,9% da população, passou a responder por 10,6% no ano
passado.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
entender por quê. Se as pessoas vivem mais, elas receberão aposentadoria durante um período
de tempo maior. Por mais nobre que seja uma despesa destinada a assegurar a velhice digna, a
questão é: como financiá-la?
A cada ano, cresce o número de aposentados no país. Já a quantidade de pessoas na
ativa, contribuindo para o INSS (o sistema previdenciário oficial dos trabalhadores da iniciativa
privada), não avança na mesma velocidade. Com base na atual taxa de fecundidade das brasilei-
ras, de 1,8 filho por mulher, o economista Marcelo Caetano, do Instituto de Pesquisa Econômi-
ca Aplicada (Ipea), estimou que, se o ritmo se mantiver estável nos próximos anos, já em 2032
haverá mais gente recebendo aposentadoria do que contribuintes sustentando o INSS. Se não
houver ajuste no sistema, o rombo nas contas da Previdência assumirá proporções explosivas.
Atualmente, o déficit entre receitas e despesas é da ordem de 2% do produto interno bruto
(PIB) – ou 50 bilhões de reais ao ano. Pelas projeções de Caetano, sem reformas, o buraco
deverá quadruplicar e superar 8% do PIB dentro de quatro décadas, diz o Pesquisador. “A
pressão sobre os gastos é óbvia. Por isso, em todo o mundo os países correm para reformar seu
sistema antes que o desequilíbrio saia do controle.”
Esse cenário comprova que as reformas feitas nos últimos anos foram insuficientes. Os
brasileiros terão de se conformar com a realidade de que serão obrigados a se aposentar mais
tarde. Entre os ajustes necessários – mas sempre adiados, por ser impopulares – está o aumento
do período de contribuição e o estabelecimento de uma idade mínima obrigatória para que as
pessoas se aposentem. A idade média de aposentadoria entre os trinta países membros da Orga-
nização para Cooperação e Desen-volvimento Econômico (OCDE) é de 62 anos; no Brasil, é de
57 anos para homens e de 52 para mulheres. Esses números ajudam a entender por que, sendo
uma nação ainda relativamente jovem, o Brasil
gasta tanto com os seus aposentados. No Japão,
mais de 20% dos habitantes têm 65 anos ou mais,
e o país gasta o equivalente a 7% de seu PIB
com o pagamento de benefícios previdenciários.
Já os aposentados brasileiros custam 12% do PIB.
mas os idosos não chegam a 7% da população.
Lidar com a questão previdenciária não deixa de
ser um bom desafio, daqueles típicos dos países
desenvolvidos. Postergar sua reforma, por outro
lado, significará sacrificar recursos que poderiam
ser investidos no futuro do país, como a melho-
ra da educação e da infraestrutura.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
to de Pesquisa Econômica Aplicada), mostra, por exemplo, que o Brasil já vive um bônus
demográfico no acesso à escola.
Ou seja, o número de crianças a serem atendidas a cada geração é decrescente, o que
facilita que haja um aumento de recursos por aluno.
Esse “bônus”, para muitos pesquisadores, pode ser aproveitado também para acelerar o
crescimento econômico.
Essa situação acontece quando a população em idade ativa de um país começa a se
sobrepor à inativa.
A tese deles é de que um trabalhador que tenha menos crianças ou idosos para sustentar
pode ser mais produtivo do que um que tenha mais filhos ou inativos como dependentes.
Oportunidades
Essa situação, no entanto, só é aproveitada se forem dadas oportunidades de trabalho a
essa população.
Além disso, essa condição tem prazo para terminar, já que, a partir de algum momento,
a queda no número de crianças é compensada pelo aumento no total da população idosa, fazen-
do com que a proporção de dependentes passe a crescer novamente.
Para o demógrafo José Eustáquio Alves, estudioso do tema, o país precisará saber apro-
veitar esse momento.
“Antes do envelhecimento e da redução da população, o Brasil vai passar por uma janela
de oportunidade demográfica que possibilitará uma arrancada do desenvolvimento e um au-
mento da qualidade de vida, desde que este bônus seja inteligentemente aproveitado”, afirma o
pesquisador.
País envelhece com mais rapidez do que se previa. Taxa de natalidade atingiu
1,8 filho por mulher em 2006, nível esperado para 2043. Com cada vez mais velhos e
menos crianças, políticas públicas terão que ser revistas para se adaptar à realidade da
população
Por Antônio Gois, da Folha de S. Paulo, em 21.07:
O envelhecimento populacional brasileiro chegará antes do que se estimava. A divulga-
ção, no início deste mês, da PNDS (Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde) mostrou que o
país chegou, em 2006, a uma taxa de fecundidade de 1,8 filho por mulher. O IBGE, em sua
estimativa oficial, feita em 2004, previa que esse patamar só seria atingido em 2043.
Nem mesmo projeções da ONU menos conservadoras indicavam uma taxa abaixo de
2,0 antes de 2010. Diante dessa e de outras pesquisas que registraram fecundidade menor, o
IBGE revisará suas estimativas. Mais do que uma simples revisão de um cálculo estatístico, a
constatação de que o Brasil terá cada vez mais idosos e menos crianças antes do previsto tem
impacto em cálculos de aposentadoria e traz desafios para políticas públicas, que terão que se
adaptar a uma estrutura populacional envelhecida.
A demógrafa Elza Berquó, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e coordena-
dora da PNDS, lembra que as Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios, feitas
anualmente pelo IBGE) já indicavam que a fecundidade caía num ritmo mais acelerado do que
o estimado pelo instituto.
Em 2004, a taxa chegou ao nível de 2,1 filhos por mulher, patamar que indica tendência
de reposição populacional e que, pelas estimativas do IBGE, só seria atingido em 2014.
“O movimento de transição da fecundidade se iniciou há 40 anos e os dados recentes
são coerentes com a série histórica. Não sei por que o IBGE continuou trabalhando com essa
estimativa [de queda menor]. Não faço projeções, mas, a julgar por essa tendência, acho que a
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Mudanças demográficas pressionam por reforma. País tem mais idosos e me-
nos crianças
Por Geralda Doca, de O Globo, em 12.05:
Brasília – O governo avalia que, embora os dois regimes de aposentadorias e pensões –
o dos servidores públicos e o INSS dos trabalhadores da iniciativa privada – tenham passado
por duas reformas recentes, será necessário fazer novos ajustes, mirando os próximos 30 anos.
A maior pressão vem das mudanças demográficas: o país passa por envelhecimento da popula-
ção, aumento da expectativa de vida e redução do número de filhos.
A curto prazo, o governo está colhendo os frutos da reforma no regime dos servidores
públicos de 2003 e comemora o fato de os funcionários, nos últimos quatro anos, estarem
postergando o pedido de aposentadoria. A idade média da mulher que solicita aposentadoria
subiu de 54 anos em 2003 para 58 anos em 2006, e a dos homens, de 57 para 61 anos.
Isso fez com que a relação entre trabalhadores ativos e inativos caísse de 84,74%, há
cinco anos, para 69,3% em 2007. Apesar do crescimento do déficit em termos nominais, o
desequilíbrio em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 2,13% para 2,01% em 2006,
quando o rombo foi de R$46,5 bilhões.
“Com os ganhos, o governo pode, por exemplo, abrir novos concursos públicos”, ex-
plicou Helmut Schwarzer, secretário de Previdência Social.
Entre as principais mudanças feitas nas regras do regime público em 2003 estão a insti-
tuição da contribuição de 11% para os inativos, a isenção desta para quem decide continuar
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Precocemente envelhecidos
Por Martha Beck, de O Globo, em 28.04:
O forte ritmo de envelhecimento da população da América Latina fará com que os
países da região tenham menos tempo que as nações desenvolvidas para se adaptar às mudanças
que ocorrerão em sua estrutura populacional. A avaliação é do diretor do Centro Latino-Ame-
ricano e Caribenho de Demografia (Celade) da Comissão Econômica para América Latina e
Caribe (Cepal), Dirk Jaspers. Em entrevista ao Globo, ele afirmou que a população de 60 anos ou
mais cresce, em média, 3,5% por ano na região. Isso fará com que o grupo de pessoas nessa faixa
etária seja quadruplicado entre 2000 e 2050.
“No Brasil, por exemplo, a proporção de pessoas idosas (hoje em torno de 11%) chega-
rá a 25% da população em 2050. Trata-se de um aumento mais rápido que o registrado nos
países desenvolvidos da Europa. A principal conclusão desse fenômeno é que os países em
desenvolvimento terão menos tempo para se adaptar às consequências do envelhecimento da
população”, afirmou Jaspers.
Ele lembrou que o Brasil é um dos países da América Latina que passam por um pro-
cesso de envelhecimento moderado, assim como México, Costa Rica e Colômbia, mas que tem
um ritmo de crescimento acima da média. Segundo estimativas da Cepal, a população idosa no
Brasil crescerá, em média, 3,7% por ano até 2025. Já na Argentina e no Uruguai, países com
processo de envelhecimento avançado, essas taxas estão em torno de 1,8% e 1,1%, respectiva-
mente.
Um dos principais desafios gerados por esse fenômeno está na criação de uma rede de
proteção social para a população idosa. Outro desafio são os custos que isso pode ter para os
países. Segundo Jaspers, os governos precisam usar o atual momento de crescimento econômi-
co para realizar reformas que tornem a Previdência Social mais eficiente e ampliar as oportuni-
dades no mercado de trabalho. No entanto, especialistas ouvidos pelo Globo afirmam que uma
reforma dificilmente deve ocorrer no Brasil a curto prazo.
Reforma tem alto custo político, diz ex-ministro
Para o ex-ministro da Previdência Social José Cechin, o governo brasileiro não está
levando suficientemente a sério o processo de envelhecimento da população. Ele afirmou que o
fato de a população idosa estar crescendo num ritmo acima de 3% ao ano, enquanto a popula-
ção brasileira em geral está crescendo a um ritmo de 1,2%, mostra a gravidade do problema.
“A reforma da Previdência representa um alto custo político presente, enquanto o be-
nefício é futuro. O que já foi feito para melhorar a gestão do sistema no Brasil é pouco e está
longe de solucionar os efeitos das mudanças na população. Não estão levando suficientemente
a sério o que está ocorrendo com a população idosa”, disse Cechin.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Crédito Consignado
endividamento de
aposentados e pensionistas
Saldo de operações e volume de crédito consignado cresceram menos em no-
vembro
Em 07.01.2009, o MPS informou que as operações de crédito consignado – emprésti-
mo e cartão de crédito – realizadas por instituições financeiras conveniadas com o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), em novembro, cresceram R$ 115,5 milhões no volume de
recursos no mercado. Em novembro, foi registrado um saldo de 16.365 contratos a mais que no
mês anterior.
No total, as operações ativas de empréstimo chegaram a um total de 12.695.997 em
novembro, enquanto as operações com cartões de crédito somaram 2.292.622. Em outubro,
aposentados e pensionistas tomaram empréstimos no valor de R$ 198,4 milhões, em 60,7 mil
operações.
Desde 2004, o total de crédito injetado no mercado pelas operações de crédito consig-
nado chegou a R$ 23,828 bilhões. Em novembro havia 14,98 milhões de operações ainda ativas,
3.594.779 operações encerradas, 1.766.905 canceladas e 3.576.793 liquidadas. Elas correspondem
aos contratos de 9.369.167 aposentados e pensionistas que, ao longo desse mesmo período,
recorreram ao crédito com desconto em folha.
Em média, os empréstimos consignados tomados por aposentados e pensionistas são
de R$ 1.589,81, com quitação em 33 parcelas no valor de R$ 78,20. Beneficiários que recebem
até um salário-mínimo são responsáveis pela maior parcela dos contratos com empréstimos de
R$ 1.163,17, em média, e pagos em 34 parcelas de R$ 55,58.
Aqueles com benefícios entre um e três salários-mínimos tomam empréstimos de R$ 1.747,23,
em média, pagos em 32 parcelas de R$ 87. Já os beneficiários que recebem mais de três salários-
mínimos têm a média dos empréstimos em R$ 3.041,34, saldados em 32 parcelas de R$ 154,37.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
operações e por 44,49% do dinheiro utilizado. Eles tomam empréstimos médios de R$ 1.155,60,
pagos em 34 parcelas de R$ 56,28.
Aqueles com benefícios entre um e três salários-mínimos respondem por 24,3% das
operações e por 26,75% do volume, com empréstimos de R$ 1.736,32, em média, pagos em 32
parcelas de R$ 87,88.
Os beneficiários que recebem mais de três salários-mínimos atendem por 15,1% das
operações e por 28,76% da quantidade de dinheiro. Eles são responsáveis por empréstimos de
R$ 3.002,54, que são saldados em 32 parcelas de R$ 155,03.
Segurança
Para aumentar a segurança no crédito consignado e reduzir o endividamento excessivo
dos segurados, o INSS editou uma série de normas, em vigor desde 3 de junho. Entre as medi-
das, destacam-se a proibição do saque em espécie com o cartão de crédito consignado e a
necessidade de o empréstimo ser creditado diretamente na conta de quem recebe o benefício.
No caso de cartão magnético, o valor deverá ser depositado em conta-corrente ou
poupança na qual o aposentado ou pensionista seja titular. Se não tiver conta, a ordem de
pagamento irá para a agência bancária em que o segurado recebe o benefício. O limite de crédito
no cartão também foi reduzido de três para duas vezes o valor do benefício.
Mudanças técnicas
O INSS mudou a metodologia de balanço das operações do crédito consignado. O
objetivo é permitir uma apuração mais precisa das informações e evitar qualquer possibilidade
de duplicação dos dados.
Foram reavaliados conceitualmente dados como, por exemplo, o de aquisição do cartão
com seu uso mensal. Assim, evita-se a soma da quantidade de cartões de crédito contratados
pelos beneficiários com a quantidade mensal descontada em função do seu uso.
Também foram revistos os valores publicados desde janeiro de 2008 (veja abaixo as
tabelas com a série histórica do consignado antes e após as mudanças).
79
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
para o cartão.
Balanço
Desde setembro de 2004, quando o consignado foi autorizado pelo Ministério da Previ-
dência Social, 28,9 milhões de operações de crédito foram realizadas, no valor de R$ 33,8 bilhões.
Esse montante considera tanto as operações ativas quanto as canceladas ou já liquidadas.
De 2004 até maio, 9.617.800 aposentados e pensionistas recorreram ao crédito consigna-
do. As estatísticas mostram uma divisão entre a preferência dos beneficiários quanto ao prazo para
pagamento. Das 15,2 milhões de operações ativas, 42,5% são contratadas para serem quitadas
entre 31 e 36 meses, enquanto 31,3% dos beneficiários preferem liquidá-las em apenas seis meses.
Ainda entre as operações ativas, 60% são feitas por aposentados e pensionistas com
renda de até um salário-mínimo. O valor médio dessas operações é de R$ 1.119, saldada em 32
parcelas de R$ 56,76. Outras 24,4% das operações atendem beneficiários que recebem entre um
e três salários-mínimos. Eles tomam, em média, R$ 1.641, que pagam em 30 meses, com parce-
las de R$ 87,25.
Aposentados e pensionistas que recebem mais fazem empréstimos maiores e saldam
suas dívidas em menos tempo. Os beneficiários que ganham acima de três salários-mínimos
contratam, em média, R$ 2.785, pagos em 29 parcelas de R$ 151,92.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Atualmente, o teto da taxa de juros para o empréstimo com desconto em folha na rede
bancária, estipulada pelo Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), é de 2,5% ao mês.
Para as operações com cartão de crédito, os juros máximos são de 3,5% – no caso de uso do
crédito rotativo –, bem abaixo dos juros médios do mercado de cartão de crédito, que estão em
torno de 10%. O limite dos juros do empréstimo consignado acompanha a taxa básica de juros
(Selic), determinada pelo Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central. O prazo
máximo para parcelamento de empréstimo é de até 60 meses, com comprometimento máximo
de até 20% para empréstimo consignado e até 10% para cartão de crédito.
Segurança
Para coibir a ação de fraudadores e aproveitadores, é proibido aos bancos realizarem
empréstimos consignados por telefone. O INSS alerta os beneficiários que, caso necessitem do
empréstimo, procurem a instituição financeira, pois isso evita a atuação de fraudadores.
As reclamações sobre descontos indevidos devem ser feitas pelo telefone 135, da Previ-
dência Social. A ligação é gratuita, se feita de telefone fixo, ou terá o valor de uma ligação local,
se feita de celular. As instituições têm dez dias úteis para responder às reclamações. Quando ela
é procedente, o banco tem 48 horas para depositar de volta os valores descontados indevidamente.
O INSS também orienta os aposentados e pensionistas a não passarem dados pessoais
caso alguém apareça em sua casa prometendo acelerar a liberação do empréstimo e pedindo,
para isso, o cartão, a senha do banco ou outros documentos.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Previdência Privada
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
OPINIÃO DA ANASPS
A ANASPS continua afirmando:
– os planos de previdência privada são títulos de investimento no mercado financeiro;
– gozam de isenção- fiscal;
– não se tem ideia precisa sobre fiscalização da SUSEP, historicamente sem estrutura de
fiscalização;
– não tem blindagem ou defesa das aplicações pelos investidores;
– apesar do sucesso apregoado em relação a 2008, teme-se que não seja verdade, em
face dos prejuízos sofridos por todos os investidores em bolsa; e as seguradoras tinham pesados
investimentos em bolsa, seja no capital especulativo.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Enquanto o mercado geral de previdência cresceu 10,8%, até julho de 2008, com reser-
vas acumuladas de R$ 133,4 bilhões, as reservas acumuladas no segmento para crianças e jovens
cresceram 42%, somando R$ 6 bilhões.
Segundo o diretor da área de Seguros, Vida & Previdência do Banco Itaú, Osvaldo
Nascimento, o setor de previdência brasileiro não é autorizado a aplicar em fundos de alavancagem,
portanto não há risco de grandes perdas com a volatilidade do mercado. Segundo ele, as regras
para a previdência no Brasil são mais conservadoras devido às experiências anteriores de crises
anteriores no País
“Só quem já passou sufoco sabe se prevenir. Além disso, a taxa Selic é bastante atrativa
para nossos rendimentos”, diz. Para Nascimento, se a alavancagem das carteiras de previdência
brasileira fosse permitida, com certeza os fundos teriam interesse em aplicar uma boa parcela
dos seus ativos nessa opção. De acordo com Nascimento, a crise vai ter um maior efeito nas
relações internacionais do Brasil, já que o crédito ao exportador vai diminuir devido à queda no
consumo externo. “A participação do mercado de previdência brasileiro gira em torno de 1,5%
do PIB. É muito pequena para ser atingida pela crise”, afirma. Segundo ele, o segmento de
previdência para crianças e jovens representa 4,5% das reservas do mercado geral de previdên-
cia. “Temos uma grande oportunidade de crescimento.”
85
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
cuja carteira é composta por 20% de papéis de renda variável e 80% de títulos de renda fixa. Ele
diz que, apesar da rentabilidade ruim dos últimos meses, não pensa em mudar sua estratégia de
poupança.
OPINIÃO DA ANASPS
Como já escrevemos mais acima: o lobby dos bancos e seguradoras que vendem planos
de investimentos como se fossem planos de previdência é muito forte. Fortíssimo. Com eles
ninguém pode, como não podem as agências que deveriam fiscalizar as telefônicas, etc.
Não são fiscalizadas por ninguém. A SUSEP não tem como fiscalizar, e nem chegar
perto;
Não prestam contas a ninguém. O Banco Central está ocupado com a inflação, e ponto.
Seus ativos, de R$ 102 bilhões, ninguém sabe onde estão. Ninguém fiscaliza.
Os 7,6 milhões de brasileiros que se iludiram com os planos de investimentos, como se
fossem de previdência, com nomes exóticos de PGBL e VGBL, também não sabem e não estão
nem aí, mas um dia estarão. No passado, os que se “atreveram a entrar na ciranda financeira”
receberam o mico que compraram. Entendemos que é uma situação de desespero diante de
uma Previdência Social pública impedida de oferecer segurança aos que se aposentarão.
Leiam a nota e vejam que desde 1998 estão autorizados a aplicar até 49% em ações.
Muitos deles, nesta crise do mercado, TÊM TIDO PERDAS DE ATÉ 4,9%.
Vocês acham que eles vão perder mesmo? Primeiro tirarão suas taxas de administração
e carregamento, em cima dos investidores, e depois utilizarão a massa dos 7,9 milhões para obter
vantagens do Governo? O que vai acontecer? O governo que afunda o INSS vai socorrê-los.
Aguardem.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Desoneração Previdenciária
Governo cede, e reforma tributária fica para 2009. Base governista e oposição
concordaram em adiar votação do projeto para março. Lula havia pedido que o texto
fosse votado ainda neste ano, mas oposição de governadores do Sul e do Sudeste foi
mais forte
Gustavo Patu, Folha On Line, Mato Grosso do Sul, 04.12:
No dia em que o presidente Lula decidiu intervir diretamente na tentativa de aprovar a
reforma tributária ainda neste ano, a base governista na Câmara dos Deputados cedeu à oposi-
ção e finalmente concordou em adiar a votação do projeto para março de 2009.
O acordo não significa o apoio de tucanos e de democratas ao texto do relator Sandro
Mabel (PR-GO), aprovado no mês passado em uma comissão especial, mas bombardeado pela
maior parte dos governadores do Sul e do Sudeste. Os deputados do PSDB e do DEM concor-
daram, porém, em encerrar as manobras regimentais que obstruíam a votação da reforma e de
outras propostas em tramitação na Casa.
Quinta proposta
Desde o governo FHC, esta é a quinta proposta patrocinada pelo Executivo de reforma
do sistema de impostos, taxas e contribuições – que, embora condenado quase unanimemente
por políticos e especialistas, tem produzido recordes sucessivos de arrecadação para a União,
Estados e Municípios.
Como suas antecessoras, a reforma busca atenuar a principal anomalia da tributação
nacional: o excesso de impostos e contribuições incidentes sobre a produção e o consumo de
bens e serviços, que gera burocracia para as empresas e prejudica os mais pobres, obrigados a
despender parcela maior de sua renda para pagar os tributos embutidos nos preços.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
recursos da Seguridade Social, mas um grande efeito negativo sobre as receitas aos programas
de seguro-desemprego, abono salarial e para as transferências para o Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico Social (BNDES).
Para esses três últimos itens, considerando a arrecadação de 2006, o volume de recursos
cairia de R$ 23,06 bilhões para R$ 20,2 bilhões. Na comparação da situação atual com a propos-
ta de reforma, os recursos para a seguridade social total teriam queda de apenas R$ 692 milhões
em 2006 e praticamente se igualariam em 2007.
A contribuição patronal representou em 2007 um total de R$ 54,8 bilhões, cerca de
40% da receita previdenciária. Estudos mostram que o impacto da desoneração de cada ponto
percentual da alíquota da contribuição sobre a folha devida pelas empresas e órgãos do poder
público representa uma queda de receita de R$ 3,12 bilhões. Assim, se a atual alíquota de 20%
fosse reduzida para 15%, haveria necessidade de compensação de R$ 15,6 bilhões.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
salarial também teria que crescer cerca de 27% até o último ano de transição para a nova alíquota.
Já no primeiro ano, a elevação da massa teria que ser de 3,7%.
O Tesouro Nacional é obrigado a cobrir o déficit da Previdência Social, seja ele qual for
(em 2007, por exemplo, o déficit foi de R$ 46 bilhões). Ainda assim, Helmut defendeu, perante
os deputados, que seja definida, na PEC ou na sua regulamentação, uma “garantia institucional”
de que a Previdência ganhará uma fonte alternativa de receita própria, que poderia ser, por
exemplo, a vinculação de parte do futuro Imposto sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F). A
reforma vincula 38,8% do IVA-F à seguridade social (que inclui saúde e assistência social), mas
não há parcela específica para a Previdência.
Appy disse que a Fazenda está disposta a discutir a criação da garantia institucional
cobrada por Shwarzer, a fim de encaminhar sugestão ao relator da PEC, deputado Sandro
Mabel (PR-GO). Mas não quis antecipar que fonte alternativa poderia ser colocada como receita
própria da Previdência. Apenas assegurou que isso não implicará elevação de qualquer imposto.
Ainda conforme Appy, uma das questões que precisa ser definida antes é se o volume de recur-
sos decorrentes dessa nova fonte levará em conta o efeito de crescimento de emprego e de
massa salarial.
INSS cobra fonte que vai financiar desoneração. Política industrial provoca im-
pacto de R$ 18,7 bi
Por Juliana Rocha, da Folha de S. Paulo, em 15.05:
O secretário da Previdência Social, Helmut Schwarzer, cobrou ontem do relator da
reforma tributária e do governo a definição de uma fonte de financiamento da Previdência para
evitar o aumento do déficit com a desoneração da folha de pagamentos.
Em audiência na Câmara, ele apresentou cálculo mostrando que, conforme a proposta
da área econômica, o impacto será de R$ 18,7 bilhões ao ano nas contas do INSS (Instituto
Nacional do Seguro Social), sem contar os efeitos da inflação. A cada redução de um ponto
percentual na parcela patronal da contribuição, a perda estimada é de R$ 3 bilhões ao ano.
Presente na audiência, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda,
Bernard Appy, que coordenou a proposta de reforma tributária, afirmou que o governo não irá
conceder outra desoneração setorial da folha, como a concedida nesta semana para a indústria
de software.
Schwarzer mostrou preocupação com desonerações diferentes para cada setor. Ele lem-
brou que políticas diferenciadas estimulam o lobby de empresas em benefício próprio, além de
eliminar o efeito de distribuição da arrecadação entre as intensivas em mão de obra e as não
intensivas.
A PEC (proposta de emenda constitucional) da reforma tributária prevê que, depois de
o Congresso aprovar o texto, o governo terá 90 dias para desonerar a folha de pagamentos.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
ção da Receita Federal com os órgãos de arrecadação do INSS), sem consultar o Ministério da
Previdência”, reclamou.
Atribuições
O projeto de reforma tributária, por sua vez, tornou política uma discussão até então
restrita aos corredores do Palácio do Planalto: o financiamento da Previdência. Schwarzer tam-
bém criticou a absorção de atribuições de sua Secretaria pela Super-Receita, que desde 2006
concentra a arrecadação de todos os tributos na esfera da União, incluindo as contribuições
previdenciárias até então recolhidas pelo INSS.
O secretário aponta que o esvaziamento da Secretaria da qual é titular prejudicará os
contribuintes. “É importante ficar claro que a formulação de políticas de previdência continua
sendo atribuição da Secretaria de Políticas de Previdência Social; e que cabe à Super-Receita a
operacionalização da política de arrecadação”, afirmou. “Gradativamente, estamos consolidan-
do esse processo para que não haja nenhum prejuízo a nenhum contribuinte.”
O secretário reclamou, ainda, que a Receita tem causado prejuízos ao Instituto Nacional
do Seguro Social (INSS). Ele citou, como exemplo, decisão recente da Super-Receita que deter-
minou a devolução de valores pagos indevidamente por segurados agentes políticos ao INSS,
após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que a lei sobre tais recolhimentos era
inconstitucional.
De acordo com o secretário, os benefícios pagos a contribuintes que foram excluídos
do INSS pela decisão judicial não foram reavidos.
Para Schwarzer, a Super-Receita deveria ir atrás das viúvas que estavam recebendo be-
nefícios com base na lei declarada inconstitucional, cancelar seu benefício e reaver os valores
que a Previdência já tivesse desembolsado.
Após a criação da Super-Receita, o órgão passou a se encarregar da cobrança de débitos
previdenciários e ao Ministério da Previdência restou apenas gerenciar a concessão de benefícios.
“Acho equivocado tratarmos financiamento e benefícios como duas coisas diferentes”,
criticou.
Reforma tributária
O que Schwarzer deixou transparecer em suas críticas à interferência da Super-Receita
na Previdência se consolida em alguns trechos da proposta da reforma tributária. No bojo do
projeto, o governo altera a forma de financiamento da Previdência no País. Mas o secretário de
Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, afirma que a reforma é neutra do
ponto de vista da seguridade social.
Appy lembra que a seguridade é financiada pela Cofins e pela CSLL. A reforma tributá-
ria unificará a Cofins com o PIS, a Cide e o salário-educação, que serão incorporados ao Impos-
to sobre Valor Adicionado Federal (IVA-F). Já a CSLL será unificada com o Imposto de Renda
da Pessoa Jurídica (IRPJ).
Desonerações de R$ 21,4 bi
Publicou o Jornal de Brasília, em 13.05:
A nova política industrial do governo federal, anunciada no Rio, visa baratear o investi-
mento e a produção e ampliar as exportações do país. Para isso, a chamada Política de Desenvol-
vimento Produtivo estima desonerações da ordem de R$ 21,4 bilhões entre 2008 e 2011, segun-
do o ministro Guido Mantega (Fazenda).
“É um plano ousado. Talvez em muito tempo não se apresente nada parecido. Dos idos
dos anos 70 para cá, nenhum plano deste porte foi apresentado”, afirmou Mantega. “O plano é
ambicioso, mas realista, que tem condições de ser implementado. (...) É ousado nas desonerações,
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
4 – Agente Sindical
Criar a figura dos representantes de sindicatos dentro da unidade fabril.
Perda com reforma pode chegar a R$ 15 bi. Valor do prejuízo calculado pela
Fazenda é referente à diferença entre a desoneração das empresas e os ganhos com o
fim da guerra fiscal
Por Mariana Mainenti, do Correio Braziliense, em 06.03:
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, admitiu
ontem que a reforma tributária proposta pelo governo trará uma perda de arrecadação próxima
a R$ 10 bilhões e que pode chegar a até R$ 15 bilhões. Esse valor foi calculado a partir da
diferença entre as estimativas da desoneração prevista da folha de pagamento das empresas –
equivalente a pelo menos R$ 24 bilhões – e o que deve ser recomposto com o fim da guerra
fiscal entre os Estados, valor que se situa entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
Durante debate, representantes das prefeituras manifestaram a preocupação de que o
projeto inclua a garantia de que haverá um aumento na proporção da arrecadação que é hoje
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
repassada às unidades da Federação. “Não tem como discutir a reforma tributária sem discutir
a máquina”, afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo
Ziulkoski, argumentando que nos últimos anos novas legislações impuseram às prefeituras a
responsabilidade de arcar com novos serviços em áreas como saúde e educação.
O secretário de Política Econômica, no entanto, deixou claro que este é um tema que só
será levado ao Congresso após a aprovação do texto já remetido aos parlamentares. O governo
luta para aprovar o projeto atual e não fatiá-lo. “Franknstein por Franknstein nós ficamos com
o modelo que nós já temos aí”, declarou o ministro das Relações Institucionais, José Múcio
Monteiro. “É melhor que se estude, que se tire a emoção da discussão, e que todos tenham
consciência de que é uma matéria absolutamente técnica e é preciso sair das discussões setorizadas
para que se aprove ela (a reforma) de maneira globalizada”, acrescentou Múcio, indicando ainda
que, para que a reforma seja aprovada, o governo não descarta a hipótese de que a oposição
fique com um cargo decisivo na comissão que avaliará o projeto.
Reforma elevará PIB, diz governo. Para secretário de Política Econômica, pro-
posta gerará alta de pelo menos 10% nas riquezas do país em 20 anos. Bernard Appy
nega que as mudanças sugeridas pelo Planalto ao Congresso acabem provocando um
aumento da carga tributária
Por Deise de Oliveira, da Folha de S. Paulo, em 1o.03:
O governo projeta crescimento adicional de 0,5 ponto percentual no PIB (Produto
Interno Bruto) do país a cada ano se a reforma tributária for aprovada. Segundo o secretário de
Política Econômica, Bernard Appy, o impacto corresponderá a um aumento estimado de 10,9%
a 12% sobre o valor atual das riquezas do país ao longo de 20 anos.
“O PIB do Brasil pode ser 12% maior que hoje com a aprovação da reforma. Será 0,5
ponto percentual [maior] a cada ano durante 20 anos”, disse Appy em São Paulo, em palestra
organizada pelo Lide (Grupo de Líderes Empresariais).
Ao falar sobre a PEC (proposta de emenda constitucional) da reforma tributária, entre-
gue anteontem pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) ao Congresso, Appy reconheceu que o
texto não é o projeto perfeito.
“Não é ideal do ponto de vista técnico, mas uma tentativa de resolver ao máximo as distorções
e ter o mínimo de resistência política ao projeto, para que não se inviabilize a aprovação.”
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
acabou sendo revogada, porque, até hoje, o governo não sabe como pôr em prática a desoneração
– que depende de uma simples medida provisória.
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Previdência do
Microempreendedor
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OPINIÃO DA ANASPS
O lobby dos microempresários ou dos “microempresários” é forte.
Tão forte quanto o dos bancos, seguradoras, telefônicas, ruralistas, donos de postos de
gasolina, etc.
Alardeiam o que existe. A ficção e a mentira acabam se transformando em realidade.
Na nota acima, contam vantagens de que a contribuição de 2.000.000 deles chegou a R$
2 bilhões/mensais.
Trocando por mariola, estão pagando mil reais/mês.
Desconhecem, claro, que só a Previdência está perdendo R$ 15,0 bilhões/ano. E a
Receita Federal? E as receitas estaduais e municipais? E o FGTS?
Por que não dizem, claramente, que seus trabalhadores amanhã terão suas aposentado-
rias pagas por toda a sociedade brasileira?
Seriam mais corretos e honestos.
Receita pode tirar 400 mil do Simples. Micro e pequenas empresas têm débitos
atrasados e já estão sendo notificadas sobre o risco de exclusão
Por Adriana Fernandes, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 05.09:
A Receita Federal informou que cerca de 400 mil empresas poderão ser excluídas do
Supersimples – sistema simplificado de pagamento de tributos federais, estaduais e municipais
de micro e pequenas empresas. Sem dar detalhes, a Receita informou, em uma curta nota à
imprensa, que iniciou os procedimentos para exclusão dessas empresas, que têm débitos atrasa-
dos e precisam regularizar a situação para permanecer no programa.
Será a primeira exclusão do Supersimples desde que o regime de tributação foi criado,
em julho do ano passado. A lei que criou Supersimples não permite que os contribuintes com
débitos atrasados permaneçam no sistema.
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) manifestou
surpresa com o volume elevado de empresas sujeitas à exclusão e com a forma como o anúncio
foi feito pela Receita. “A notícia é péssima e nos coloca numa situação de extrema preocupação.
Não temos conhecimento dos detalhes. Devido à repercussão de uma informação como esta, o
cuidado com a comunicação se faz necessário”, disse o gerente de Políticas Públicas do Sebrae,
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Bruno Quick. Ele destacou que o esforço de criação do Simples Nacional foi justamente para
estimular a formalização das empresas.
Na nota, a Receita informou que começou a enviar ontem às empresas notificação para
que regularizem o pagamento das dívidas. Elas terão prazo de um mês após a notificação para
acertar as contas. Do contrário, serão automaticamente excluídas do Supersimples a partir de
janeiro de 2009. O sistema tem hoje 3 milhões de empresas inscritas e 1,7 milhão pagam regu-
larmente o tributo por mês.
De acordo com a Receita, as empresas que receberem o documento de notificação terão
todas as informações disponíveis para a regularização das dívidas. Os débitos não previdenciários
de até R$ 100 mil podem ser parcelados diretamente na internet, no site www.receita.
fazenda.gov.br, sem que o devedor precise comparecer aos Centros de Atendimento ao Contri-
buinte.
Câmara aprova criação da figura do microempreendedor individual. Projeto
autoriza também o aumento da base certificada do CNIS
Em 13.08, o MPS informou que a Câmara dos Deputados aprovou, por 307 votos a 1,
a emenda substitutiva ao Projeto de Lei Complementar no 2/07, criando a figura do
microempreendedor individual no Supersimples e autorizando o aumento da base de dados
certificada do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) incluindo dados de 1976 em
diante.
O projeto será encaminhado ao Senado Federal, mas o ministro explicou que, também
entre os senadores, há o compromisso de colocar a matéria em votação o mais rápido possível.
“Os senadores já se comprometeram em aprovar o projeto assim que chegar à Casa. O presi-
dente do Senado já se comprometeu em colocar a matéria em votação na primeira sessão após
o recebimento da matéria”, disse Pimentel.
Microempreendedor
O projeto permitirá a formalização e a inclusão previdenciária de pipoqueiros, cabelei-
reiros, manicures, camelôs entre outros trabalhadores que atuam em pequenos negócios infor-
mais com faturamento anual de até R$ 36 mil. Para isso terão que contribuir para o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) com a alíquota de 11% sobre o salário-mínimo.
Para os microempreendedores com atividades ligadas à indústria e comércio, haverá
isenção de seis impostos (IRPJ, PIS/PASEP, IPI, COFINS, INSS patronal e ISS). O ICMS será
de R$ 1,05. A contribuição total, em valores atuais, será de R$ 46,70.
Para os microempreendedores prestadores de serviço, também haverá isenção de seis
tributos (IRPJ, PIS/PASEP, IPI, COFINS, INSS patronal e ICMS). A título de ISS será cobra-
do 2% sobre o salário-mínimo. A contribuição total, neste caso, será de R$ 53,95.
Previdência simplificada
Publicou o Correio Braziliense, em 26.06:
O governo vai criar uma forma simplificada de contribuição previdenciária para
microempreendedores individuais com faturamento anual de até R$ 36 mil. A ideia é substituir
o pagamento de sete impostos federais, incluindo Imposto de Renda, PIS e CSSL, por uma
contribuição fixa mensal de R$ 50. De acordo com o ministro da Previdência, José Pimentel, a
medida pode beneficiar 4 milhões de microempresários. “São feirantes, ambulantes, cabeleirei-
ros, manicures, mecânicos que poderão se formalizar”, disse o ministro, após participar da reu-
nião do Conselho Nacional de Previdência Social.
Pimentel explicou que não será necessário emitir uma guia de recolhimento da taxa,
pois a cobrança será feita na conta de luz. Além do valor fixo, esses profissionais deverão contri-
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buir com 11% sobre um salário-mínimo, o equivalente hoje a R$ 45,65, para ter direito aos
benefícios oferecidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), incluindo aposentadoria
por idade ou invalidez e auxílio-doença – a alíquota reduzida já está em vigor desde o ano
passado.
Para aprovar a nova modalidade de contribuição, o ministro disse contar com o apoio
dos líderes partidários no Congresso e da frente parlamentar da micro e pequena empresa.
Segundo Pimentel, o projeto, que promove alterações no Simples Nacional, será votado no
próximo dia 9. O ministro disse não haver projeções de aumento na arrecadação. “Não estamos
preocupados com a arrecadação, mas sim com a formalização. Temos 30 milhões de pessoas
entre 16 e 60 anos sem cobertura previdenciária”, afirmou Pimentel.
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Previdência Rural
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mos até mais rígidos do que a Justiça”, sustenta. O processo será julgado diretamente no mérito,
sem análise de liminar, porque a presidente do STF considera o assunto relevante para o interes-
se público.
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acertem os débitos.
“Se for aprovado, vamos apresentar destaque para derrubar. Não há problema em fazer
parcelamento de dívidas, o governo já fez sete ou oito. O problema é que a reforma tributária
não é ambiente para fazer isso. A reforma na Constituição não é para tratar de inadimplência”,
disse o vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), que comandou a base.
Mantega apresenta pacote para abater dívida. Ministro defende limpeza no es-
toque de créditos da União; montante chega a R$ 1,3 tri. Proposta apresentada a Lula
prevê eliminação de dívidas até R$ 10 mil, abatimento de débitos e reparcelamento de
financiamentos
Por Guilherme Barros, da Folha de S. Paulo, em 20.08:
O ministro da Fazenda Guido Mantega, apresentou a Lula novo modelo de cobrança
da dívida tributária federal para limpar o estoque de créditos da União com o setor privado. A
proposta prevê eliminar dívidas até R$10 mil, desconto no pagamento antecipado e alterações
no parlamento ordinário de tributos, entre outras medidas. Segundo Mantega, o total dos crédi-
tos da União é de R$1,3 trilhão.
A proposta apresentada por Mantega é composta por nove itens e prevê, entre outras
medidas, a eliminação das dívidas até R$ 10 mil, a facilitação e desconto no pagamento antecipa-
do de dívidas e alterações no parcelamento ordinário de tributos. Será o terceiro programa de
refinanciamento de dívida do governo Lula – os outros dois foram o PAES e o PAEX.
Segundo a apresentação de Mantega ontem às lideranças políticas, o valor total dos
créditos da União soma R$ 1,3 trilhão. O montante é dividido da seguinte forma: R$ 624 bilhões
inscritos na dívida ativa; R$ 649 bilhões não inscritos na dívida ativa; e R$ 43 bilhões de créditos
não tributários. Ao todo, existem hoje 11,6 milhões de processos correndo na Justiça nessa área.
Apesar do valor exorbitante, Mantega mostrou na reunião que esses créditos são de
difícil recebimento. No ano passado, só foram resgatados R$ 3 bilhões por meio de cobrança
judicial e R$ 10 bilhões em depósitos judiciais. Pela apresentação do ministro, o tempo médio de
cobrança de um crédito da União é de cerca de 16 anos, sendo 4 anos de processo administrati-
vo e os 12 anos restantes de processo na Justiça.
O objetivo da Fazenda é aumentar a arrecadação desses recursos com a série de incen-
tivos que estarão sendo criados para a liquidação desses créditos da União. Pela apresentação de
Mantega, o governo deve encaminhar a proposta ao Congresso por meio de medida provisória.
Alguns parlamentares que estavam ontem na reunião pediram que a proposta fosse encaminha-
da por meio de projeto de lei.
De acordo com a proposta de Mantega, só a extinção dos débitos antigos e de pequeno
valor – de até R$ 10 mil, em 31 de dezembro de 2007, vencidos há cinco anos ou mais –
eliminaria 2,1 milhões de processos, 18,1% do total. A medida também iria reduzir em R$ 3,6
bilhões o total de créditos da União.
Outra medida importante é a de incentivo aos pagamentos à vista e ao parcelamento
dos débitos relativos à alíquota zero e ao crédito-prêmio do IPI (Imposto sobre Produtos In-
dustrializados). As empresas que desistirem do contencioso envolvendo o IPI teriam uma série
de reduções na cobrança de multas de mora e de ofício, de juros de mora e de encargos legais
relativos a esses débitos.
Se o pagamento desses débitos for parcelado em até 24 prestações mensais, por exem-
plo, a redução chega a 80% nas multas de mora e de ofício, a 30% nos juros de mora e a 100%
nos encargos legais.
Outra medida do pacote tributário de Mantega é a de promover alterações no
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União analisa abrir mão de R$3,6 bi em dívidas para agilizar pagamento. Proje-
to prevê perdão de débitos de no máximo R$10 mil vencidos em 2002
Por Gustavo Paul, de O Globo, em 05.07:
Brasília – Para acelerar a recuperação de mais de R$ 1,3 trilhão em débitos, a União está
disposta a abrir mão de R$ 3,6 bilhões, o equivalente a 0,28% do total devido. A ideia consta do
esboço de um novo modelo de cobrança da dívida ativa da União que, se aprovado pelo Con-
gresso Nacional, permitirá o perdão de dívidas de no máximo R$10 mil vencidas até 31 de
dezembro de 2002. Além disso, o projeto facilita o pagamento de débitos vencidos após essa
data. A intenção do Ministério da Fazenda é tornar mais ágil o processo de cobrança e eliminar
custos de manutenção de processos cujo valor, diante do total de créditos da União, não é
significativo.
Do total da dívida, R$ 624 bilhões já passaram da fase de recursos e estão inscritos na
Dívida Ativa. Outros R$ 649 bilhões ainda estão em fase de recurso. O governo soma ainda R$
43 bilhões de créditos não relacionados a tributos. Ao todo, são 11,6 milhões de processos, dos
quais 8,5 milhões são de dívidas de pequeno valor, ou seja, de até R$ 10 mil.
Débitos vencidos entre 2003 e 2005 terão desconto
Elaborada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), a proposta prevê
ainda incentivos para quitar à vista débitos de até R$ 10 mil vencidos entre 1o de janeiro de 2003
e 31 de dezembro de 2005. Se pagar em até seis prestações, o devedor fica isento das multas de
mora e de ofício e terá uma redução de 30% nos juros de mora. Se o pagamento for em até 30
meses, as multas são reduzidas em 60%, mas os juros devem ser pagos integralmente. Para
prazo de 60 meses, as multas são reduzidas em 40%. Em todos os casos, o governo não vai
cobrar encargos legais, ou seja, o acréscimo de 20% sobre o total, quando ela é inscrita na Dívida
Ativa.
O projeto também prevê a contratação de instituições financeiras oficiais, como Banco
do Brasil e Caixa Econômica Federal, para cobrança amigável dos débitos de pequeno valor já
inscritos na Dívida Ativa.
Isenção de encargos legais também está em estudo
Quem pagar em até seis meses terá isenção de multas e desconto de 30% nos juros. A
quitação em até dois anos terá a redução das multas em 80%, mais o desconto do imposto.
A PGFN quer ainda reduzir progressivamente a incidência dos encargos legais de acor-
do com o prazo de pagamento. Hoje, há desconto de 10% se o pagamento ocorrer antes da
remessa da certidão para a Justiça. A proposta permite a isenção do encargo se for quitado até
60 dias após a comunicação da cobrança, por exemplo.
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A grande novidade é que será permitido o pagamento de acordo com o fluxo de caixa
do contribuinte. O contribuinte que quiser, no entanto, parcelar débitos acima de R$ 100 mil
terá obrigatoriamente de oferecer garantias.
No documento, o ministro reconhece que o atual sistema de cobrança de dívidas é
“ineficiente”. Segundo fontes ouvidas pelo Estado, o ministro concordou com o pedido dos
líderes para que proposta não fosse enviada ao Congresso Nacional por meio de Medida Provi-
sória (MP), mas sim por projeto de lei.
O governo também tem a intenção, com o projeto, de uniformizar a legislação sobre
créditos tributários (previdenciários e demais tributos) e a revogação da exigência de multa de
20% no parcelamento ou reparcelamento de créditos previdenciários.
De acordo com a proposta apresentada, serão extintos os débitos antigos e de pequeno
valor até R$ 10 mil, em 31 de dezembro de 2007, vencidos há cinco anos ou mais. Com isso, o
governo espera eliminar 2,1 milhões dos 11,6 milhões de processos de cobrança de dívida tribu-
tária federal.
Esses débitos somam atualmente R$ 3,6 bilhões, menos de 0,28% do total de R$ 1,3
trilhão de dívida inscritos e não inscritos em dívida ativa.
À vista com desconto
O projeto também inclui um programa de incentivo ao pagamento à vista e ao paga-
mento dos débitos até R$ 10 mil, inscritos em dívida ativa ou não, vencidos até 31 de dezembro
de 2005. Para o pagamento à vista ou em até seis prestações mensais, serão reduzidas em até
100% as multas de mora e ofício; em 30% os juros de mora e 100% dos encargos legais. No
pagamento em até 30 prestações mensais, o projeto do governo oferece a redução de 60% das
multas de mora e de ofício e 100% dos encargos legais.
112
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
De acordo com o texto, o contribuinte que optar em pagar em até 60 prestações men-
sais receberá desconto de 40% das multas e 100% dos encargos legais.
Alívio aos devedores
– R$ 10 mil é o teto de dívidas que podem ser perdoadas caso o projeto seja aprovado.
O critério do governo toma como base o dia 31 de dezembro de 2007 e inclui débitos em
atraso há mais de cinco anos.
– 2,1 milhões é a quantidade de processos de cobrança de dívida tributária federal que
o governo espera eliminar. Atualmente, há 11,6 milhões de processos
– R$ 3,6 bilhões é a soma dos débitos desses 2,1 milhões de processos
Governo debate nova lei de execução fiscal
Por Paulo de Tarso Lyra e Fernando Teixeira, do Valor Econômico, em 12.06
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve se encontrar com líderes da base aliada,
somados ao presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do Senado, Garibaldi Alves
(PMDB-RN), para discutir novas formas de acelerar a cobrança da dívida ativa da União, a
nova Lei de Execução Fiscal. Mantega apresentou, durante reunião da Câmara de Política
Econômica, o teor da nova lei que pretende encaminhar ao Congresso. Segundo relato de
assessores palacianos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostou da proposta, mas aconse-
lhou o diálogo com o Legislativo para facilitar a tramitação da iniciativa.
Cálculos da própria Fazenda apontam que a dívida ativa da União – composta de
pessoas físicas e pessoas jurídicas – é de aproximadamente R$ 700 milhões, sendo R$ 200
milhões só de débitos com o INSS. O Planalto não divulgou mais detalhes da proposta, mas
uma das alternativas pode ser a concessão de benefícios para os inadimplentes que quiserem
quitar suas pendências fiscais com a União
O diálogo com o Congresso pode ser importante para tentar desmontar uma das
principais barreiras ao texto: a possibilidade de os procuradores da Fazenda Nacional bloque-
arem os bens e as contas de devedores do Fisco. Pela legislação atual, apenas juízes têm
condições de dar uma autorização desse tipo. Pelo novo texto, os procuradores teriam condi-
ções de colocar uma senha nas contas dos grandes devedores para garantir o pagamento dos
débitos.
Essa iniciativa tem gerado bastante resistência dos magistrados e da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil. Para tentar minimizar as reações contrárias, já foi sugerido, por exemplo,
que essa decisão poderia ser tomada pelos procuradores, mas que, posteriormente, teria de
ser ratificada por um magistrado. Essa confirmação – ou recusa, se for o caso – aconteceria
em uma semana em alguns casos e em até 30 dias em outras situações.
Em relação ao bloqueio dos bens, existe uma reclamação do próprio governo sobre a
dificuldade de mapear bens móveis e imóveis dos grandes devedores da União. Para isso, uma
alternativa é instituir um Cadastro Nacional de Patrimônio, que englobaria registros de bens
em cartórios, Detrans (automóveis), patentes, ações e títulos públicos, entre outros.
Para agilizar a cobrança da dívida ativa, a proposta da PGFN é que o próprio órgão
passe a indicar, no processo de cobrança judicial, a existência de bens por parte dos devedo-
res. Atualmente, essa tarefa fica a cargo da Justiça Federal. Deste modo, além de a PGFN
entrar com o pedido de cobrança, também informará, no pedido, quais bens podem ser utili-
zados no pagamento, ou penhorados.
Outro ponto polêmico seria a inclusão dos devedores no Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC). Atualmente, pessoas físicas e empresas só são inscritas no SPC se tiverem
dívidas com empresas ou bancos. Dívidas com o Fisco ou a Previdência Social recebem um
tratamento diferenciado.
113
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Ação do Supremo
Tribunal Federal
Devedor em atraso que não entregar bem ficará livre de prisão, decide STF. Deter-
minação do Supremo, porém, não afeta quem deve pensão alimentícia
Por Carolina Brígido, de O Globo, em 04.12:
Pessoas que têm dívida com bancos e empresas garantidas por um bem e se recusam a
entregá-lo ou quitar o débito não correm mais o risco de prisão. A decisão foi tomada ontem pelo
Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento de ações movidas pelo Itaú e pelo Bradesco
contra clientes nessas condições. Juridicamente, estes cidadãos são conhecidos como depositários
infiéis civis.
Com a decisão, podem ser beneficiados, por exemplo, titulares de leasing que não pagam a
dívida e não entregam o carro ao banco. Ou ainda agricultores que obtêm empréstimo em bancos
e apresentam equipamentos rurais como garantia, mas não os devolvem na hora do pagamento.
No julgamento, os ministros derrubaram a Súmula no 619 do próprio STF, segundo a qual
depositários infiéis poderiam ser presos se não quitassem suas dívidas. A decisão, no entanto, não
afeta pessoas que devem pensão alimentícia e não pagam deliberadamente. Essa é a única possibi-
lidade de alguém ser preso no Brasil em decorrência de ação civil.
STF acaba com a prisão de depositários infiéis. Prisão pode ocorrer nos casos de
dívida de pensão alimentícia, mas não em contratos de leasing
Por Mariângela Gallucci, de O Estado de S.Paulo, em 04.12:
Ninguém poderá ser preso por ter uma dívida e se desfazer do bem que foi dado como
garantia ao empréstimo, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em 03.12. Na
prática, deixa de existir a prisão civil dos chamados depositários infiéis. Por maioria de votos, o STF
concluiu que esse tipo de prisão somente pode ocorrer nos casos de dívida de pensão alimentícia,
mas nunca em contratos como leasing.
Durante o julgamento, os ministros do STF fizeram questão de deixar claro que a Cons-
tituição Federal prevê como um dos direitos fundamentais a liberdade e não se deve privar um ser
humano dessa garantia por causa de uma dívida. Ou seja, para eles, a prisão de uma pessoa não
resolve o problema do pagamento da dívida.
Ao tomar a decisão, os ministros do STF também revogaram uma súmula segundo a qual
“a prisão do depositário judicial pode ser decretada no próprio processo em que se constituiu o
encargo, independentemente da propositura de ação de depósito”.
O entendimento do STF foi firmado durante o julgamento de recursos envolvendo os
bancos Itaú e Bradesco contra clientes. Também foi julgado o recurso de uma pessoa que teve sua
prisão decretada. No recurso, essa pessoa alegou que se fosse mantida a decisão que determinou a
sua prisão estaria “respondendo pela dívida através de sua liberdade, o que não pode ser aceito no
moderno estado democrático de direito”.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
115
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Supremo, que, segundo ele, afetará um grande volume de processos em que se coíbe o
contrato clandestino de trabalho – aquele em que há serviço subordinado, mas sem vínculo
formal.
O maior prejudicado não será o INSS, afirma Fava, mas o trabalhador, uma vez que
para conseguir o direito à aposentadoria o que conta é o tempo de contribuição, e não o de
trabalho – e se a dívida fiscal não for cobrada, o trabalhador nunca conseguirá o reconheci-
mento do tempo de serviço. (FT)
OPINIÃO DA ANASPS
Este é mais um “assalto jurídico”, numa lista interminável nos últimos tempos, contra
as combalidas contas do INSS, e mais uma vitória dos caloteiros e da impunidade.
Tememos que o Judiciário esteja a serviço do crime organizado com o rosário de deci-
sões adotadas, legalizando a fraude e os procedimentos desonestos de que utilizam os devedo-
res relapsos da Previdência.
Repetimos que são relapsos e desonestos, pois 70% dos empregadores brasileiros agem
com correção e dignidade no recolhimento das contribuições previdenciárias.
Súmula Vinculante limitará competência da Justiça do Trabalho para cobrança
de contribuição previdenciária
Em 11.09, por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu
editar uma Súmula Vinculante determinando que não cabe à Justiça do Trabalho estabelecer, de
ofício, débito de contribuição social para com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS)
com base em decisão que apenas declare a existência de vínculo empregatício. Pela decisão, essa
cobrança somente pode incidir sobre o valor pecuniário já definido em condenação trabalhista
ou em acordo quanto ao pagamento de verbas salariais que possam servir como base de cálculo
para a contribuição previdenciária.
A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 569056, interpos-
to pelo INSS contra decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que negou pretensão do
INSS para que também houvesse a incidência automática da contribuição previdenciária refe-
rente a decisões que reconhecessem a existência de vínculo trabalhista. Por unanimidade, aquele
colegiado adotou o entendimento constante do item I, da Súmula no 368 do TST, que disciplina
o assunto. Com isso, negou recurso lá interposto pelo INSS.
O TST entendeu que a competência atribuída à Justiça do Trabalho pelo inciso VIII do
art. 114, da Constituição Federal (CF), quanto à execução das contribuições previdenciárias,
“limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir e aos valores objeto de acordo
homologado, que integrem o salário-de-contribuição”, excluída “a cobrança das parcelas
previdenciárias decorrentes de todo período laboral”.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ainda estão em fase de análise, seja perante a própria Secretaria da Receita Previdenciária, seja,
em grau de recurso, perante o Conselho de Contribuintes
Mesmo assim, o Juízo da 3a Vara Criminal da Subseção Judiciária de São Bernardo do
Campo recebeu a denúncia do Ministério Público contra eles, expedindo precatórias para sua
citação e interrogatório. Um dos empresários já teria, até, sido interrogado na 10a Vara Criminal
Federal da Subseção Judiciária de São Paulo, o que comprovaria “grave e patente ilegalidade
derivada da abrupta e precipitada ação penal instaurada contra os pacientes”.
STF concede aposentadoria especial por insalubridade
Por Juliano Basile, do Valor Econômico, Brasília, em 04.07:
Se o Congresso demora a aprovar lei, deixando pessoas sem a garantia de um direito
previsto na Constituição, o Supremo Tribunal Federal (STF) se reúne e determina qual regra
deve ser aplicada. Esse entendimento foi aplicado pela segunda vez na terça-feira, durante a
última sessão de julgamentos do semestre e deverá custar caro ao governo federal.
Por unanimidade, os ministros do STF decidiram conceder aposentadoria especial a um
servidor público que trabalhou em condições de insalubridade. A aposentadoria especial existe
apenas para a iniciativa privada. Ela permite a redução dos anos necessários para se aposentar
aos trabalhadores que atuam em locais com risco à saúde. O problema é que os parlamentares
estão desde 1988 sem aprovar lei que beneficie os funcionários públicos que trabalham sob
condições desgastantes ou de risco. Assim, o STF determinou que eles devem ser atendidos pela
Lei no 8.213, de 1991, que favorece os trabalhadores da iniciativa privada.
Foi a segunda vez que o STF impôs uma norma ao constatar a demora do Congresso
em aprovar leis. No ano passado, o STF mandou aplicar a Lei de Greve do setor privado para as
paralisações de servidores públicos. Naquela decisão, pesou o fato de o governo enfrentar ame-
aças de paralisações de controladores de voo em plena crise aérea. Ficou decidido, então, que os
servidores teriam de garantir a continuidade dos serviços, como ocorre na iniciativa privada, e
entrar em procedimentos de negociação com o governo. A decisão envolvendo a greve dos
servidores foi extremamente inovadora, pois, no passado, sempre que o STF recebia mandados
de injunção cobrando a aprovação de leis do Congresso, apenas declarava a demora e alertava o
Parlamento. A partir daquela decisão, o STF passou a impor uma norma na falta de votação no
Congresso.
118
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
dência. Como o prazo foi fixado por lei ordinária, os ministros entenderam que ele é
inconstitucional.
Mas a inconstitucionalidade não se aplica aos contribuintes que já fizeram os pagamen-
tos. Segundo o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, “são legítimos os recolhimen-
tos efetuados nos prazos previstos nos arts. 45 e 46 da lei e não impugnados antes da conclusão
do julgamento”.
Significa dizer que os valores já pagos ao INSS com base no prazo de dez anos não
precisarão ser devolvidos aos contribuintes que não ajuizaram ações. Mas aqueles que ingressa-
ram com ações contra o prazo de dez anos antes do dia 11 (data do julgamento) terão direito de
receber de volta os valores pagos indevidamente.
Em nota, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional considerou que a decisão do STF
foi uma “vitória relevante”, já que “os valores que foram pagos nessas condições nos últimos
cinco anos somam R$ 12 bilhões, segundo levantamento feito pela Receita Federal”.
Esse valor equivale a contribuições que excederam o prazo de cinco anos, foram cobra-
das pelo fisco e pagas pelas empresas sem contestação. Como pagaram e não contestaram, agora
não haverá devolução.
Sem efeito retroativo
Especialista acha decisão “equivocada” que pode prejudicar a Previdência
Para o advogado Wladimir Novaes Martinez, especialista em legislação previdenciária, a
decisão do STF foi “equivocada”. Para ele, as contribuições previdenciárias não podem ser
equiparadas a outros tributos.
“Contribuição previdenciária não é tributo, mas contribuição social. Logo, deve ter
tratamento diferenciado.” Ele toma como exemplo as contribuições ao FGTS, cujo prazo de
prescrição é de 30 anos.
Segundo Martinez, a decisão do STF pode levar algumas empresas a não recolher as
contribuições dos empregados, “apostando” que não serão fiscalizadas no prazo de cinco anos.
Assim, o atraso superior a cinco anos não precisará ser pago em caso de fiscalização.
Ele diz que o encurtamento do prazo à metade prejudica a Previdência Social. E dá um
exemplo: se uma empresa não recolheu as contribuições descontadas do salário de um emprega-
do nos anos de 2001 e 2002, não dá mais para cobrá-las devido à decisão do STF.
Mas, na hora de pedir a aposentadoria, esse prazo será contado em favor do empregado.
O prejuízo: o INSS terá de contar o tempo correspondente às contribuições sem ter recebido os
valores devidos.
Além do prejuízo, Martinez diz que a decisão fere o princípio da isonomia – todos são
iguais perante as leis. É que, se um contribuinte individual (facultativo, autônomo, doméstico)
não pagar as contribuições durante determinado período, mesmo tendo trabalhado, esse tempo
não será contado para sua aposentadoria.
Plenário define efeitos do julgamento sobre prazos quanto à exigência de con-
tribuições sociais
Em 12.06, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram modular os
efeitos da declaração de inconstitucionalidade dos dispositivos que tratam dos prazos de pres-
crição e decadência em matéria tributária. Por maioria de votos, o Plenário decidiu que a Fazen-
da Pública não pode exigir as contribuições sociais com o aproveitamento dos prazos de 10 anos
previstos nos dispositivos declarados inconstitucionais, na sessão plenária de 11.06. A restrição
vale tanto para créditos já ajuizados, como no caso de créditos que ainda não são objeto de
execução fiscal. Nesse ponto, a decisão teve eficácia retroativa, ou seja, a partir da edição da lei.
A modulação dos efeitos da decisão faz uma ressalva, no entanto, quanto aos recolhimen-
119
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
tos já realizados pelos contribuintes, que não terão direito a restituição, a menos que já tenham
ajuizado as respectivas ações judiciais ou solicitações administrativas até a data do julgamento.
Dessa forma, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Men-
des, explicou que “são legítimos os recolhimentos efetuados nos prazos previstos nos arts. 45 e
46 e não impugnados antes da conclusão deste julgamento”.
Assim, os contribuintes que ajuizaram ações até a data do julgamento no STF, serão
beneficiados com a declaração de inconstitucionalidade e deverão receber de volta o tributo que
foi recolhido indevidamente. Já aqueles contribuintes que não ajuizaram ações até a última
quarta-feira, não terão direito a reaver o que já pagaram.
Essa proposta de modulação, inédita no âmbito do Supremo, foi feita pelo presidente
da Corte, ministro Gilmar Mendes, e tem o poder de garantir a necessária segurança jurídica na
resolução da matéria. A Procuradoria da Fazenda Nacional havia se pronunciado, durante o
julgamento de ontem, alegando que a questão envolve em torno de R$ 96 bilhões, entre valores
já arrecadados e em vias de cobrança pela União com base nas leis declaradas inconstitucionais.
Súmula Vinculante no 8
Após ouvir a opinião favorável do vice-procurador-geral da República, Roberto Monteiro
Gurgel, os ministros aprovaram a Súmula Vinculante no 8, sobre o tema julgado, que passa a
vigorar com a seguinte redação: “São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5o do Decreto-
lei no 1.569/77 e os arts. 45 e 46 da Lei no 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de
crédito tributário”.
120
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ser a apropriação indébita um crime material – o que, em outras palavras, quer dizer que, para
que o empresário ou representante da empresa seja responsabilizado criminalmente, deverá
ficar comprovado que ele utilizou a contribuição não recolhida em proveito próprio – como na
compra de bens, por exemplo. Assim, o empresário deixa de responder por crime pelo mero não
repasse das contribuições em função das dificuldades financeiras da empresa. Atualmente, há
milhares de inquéritos criminais abertos em razão do não repasse das contribuições sem que
neles se discuta a apropriação do dinheiro para uso próprio pelo empresário. Este tem sido o
entendimento, por exemplo, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o tema em diversos
casos.
No mesmo julgamento, o Supremo entendeu ser necessário ocorrer a finalização do
processo administrativo, onde se discute o débito com o INSS, para que um inquérito criminal
possa ser aberto contra o contribuinte. De acordo com o advogado Renato Nunes, do escritório
Nunes e Sawaya Advogados, neste sentido a decisão do Supremo também é importante, porque
o STJ tem vários precedentes no sentido de que não é necessária a conclusão do processo
administrativo em que se impugna os débitos previdenciários para que seja proposta uma ação
penal por crime de apropriação indébita de contribuições previdenciárias.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Renúncia Contributiva
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
será proporcional ao volume de exportações sobre a produção total. A cada 10% de exportações
de softwares ou serviços, a empresa poderá descontar 1 ponto porcentual da contribuição
previdenciária patronal, de 20% sobre a folha de pagamento. Se exportar 100%, a redução será
de 10% da folha e a empresa deixará ainda de pagar 3,1% do Sistema S – contribuições a
entidades como Sesc e Sebrae.
Além da venda de softwares, o setor de tecnologia da informação também exporta
serviços para corporações multinacionais, como operação de centrais de atendimento e de ban-
cos de dados. O governo acredita que o Brasil pode se inserir nesse mercado e criar mais postos
formais de trabalho. Mas a Previdência teme abrir precedente para reivindicações semelhantes
de outros setores.
Marinho disse que já alertou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a necessidade
de compensar as receitas do INSS em caso de desoneração da folha. Ele sugeriu, por exemplo,
que na reforma tributária fique claro que uma parte da receita do Imposto sobre Valor Agrega-
do (IVA) nacional seja vinculada à Previdência.
OPINIÃO DA ANASPS
A atitude unilateral do ministro Mantega merece repulsa.
Que ele queira desonerar a Previdência e acabar com a contribuição patronal para a
Previdência é uma posição conhecida. Agora, que aja no governo sem consultar as outras pastas,
é um desastre.
Tá certo que a Receita Previdenciária foi incorporada pela Fazenda. Tá certo que os
auditores fiscais da Previdência Social não queriam a receita no MPS.
Mas o que está despontando será um desastre total da Previdência Social Pública. Os
temores do ministro Marinho e do Secretário de Previdência Social são igualmente nossos.
A coisa começou na elaboração da proposta de reforma tributária em que o Ministério
da Previdência não foi consultado.
Lamentavelmente, nem o Supremo ainda entendeu que a contribuição previdenciária
não é imposto, não pode ir para o saco comum dos impostos. É uma contribuição definida, com
finalidade específica.
O governo dela dispõe para o que der e vier.
Como sempre dispôs da desoneração, na forma de renúncia contributiva, para favore-
cer determinados setores econômicos, em prejuízo do financiamento do RGPS.
Eis o nó da questão:
MEDIDA PROVISÓRIA No 428, DE 12 DE MAIO DE 2008
Altera a legislação tributária federal e dá outras providência
(...)
Art. 14. As alíquotas de que tratam os incisos I e III do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de
julho de 1991, em relação às empresas que prestam serviços de tecnologia da informação – TI
e de tecnologia da informação e comunicação – TIC, poderão ser reduzidas pela subtração de
um décimo do percentual correspondente à razão entre a receita bruta de venda de serviços para
o mercado externo e a receita bruta total de vendas de bens e serviços, observado o disposto
neste artigo.
§ 1o Para fins do disposto neste artigo, devem-se considerar as receitas auferidas nos
doze meses imediatamente anteriores a cada trimestre-calendário.
§ 2o A alíquota apurada na forma do caput e do § 1o será aplicada uniformemente nos
meses que compõem o trimestre-calendário.
126
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
ser realizada com base em período inferior a doze meses, observado o mínimo de três meses
anteriores.
§ 4o Para efeito do caput, consideram-se serviços de TI e TIC:
I – análise e desenvolvimento de sistemas;
II – programação;
III – processamento de dados e congêneres;
IV – elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos;
V – licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação;
VI – assessoria e consultoria em informática;
VII – suporte técnico em informática, inclusive instalação, configuração e manutenção
de programas de computação e bancos de dados; e
VIII – planejamento, confecção, manutenção e atualização de páginas eletrônicas.
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se também para empresas que prestam serviços de
call center.
§ 6o As operações relativas a serviços não relacionados nos §§ 4o e 5o não deverão ser
computadas na receita bruta de venda de serviços para o mercado externo.
§ 7o No caso das empresas que prestam serviços referidos nos §§ 4o e 5o, os valores das
contribuições devidas a terceiros, assim entendidos outras entidades ou fundos, ficam reduzidos
no percentual referido no caput, observado o disposto nos §§ 1o e 3o.
§ 8o O disposto no § 7o não se aplica à contribuição destinada ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – FNDE.
§ 9o Para fazer jus às reduções de que tratam o caput e o § 7o, a empresa deverá:
I – implantar programa de prevenção de riscos ambientais e de doenças ocupacionais
decorrentes da atividade profissional, conforme critérios estabelecidos pelo Ministério da Previ-
dência Social; e
II – realizar contrapartidas em termos de capacitação de pessoal, investimentos em
pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica e certificação da qualidade.
§ 10. A União compensará o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, de que
trata o art. 68 da Lei Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, no valor correspondente à
estimativa de renúncia previdenciária decorrente da desoneração de que trata este artigo, de
forma a não afetar a apuração do resultado financeiro do Regime Geral de Previdência Social.
§ 11. O não cumprimento das exigências de que trata o § 9o implica a perda do direito
das reduções de que tratam o caput e o § 7o ensejando o recolhimento da diferença de contribui-
ções com os acréscimos legais cabíveis.
§ 12. O disposto neste artigo aplica-se pelo prazo de cinco anos, contado a partir do
primeiro dia do mês seguinte ao da publicação do regulamento referido no § 13.
§ 13. O disposto neste artigo será regulamentado pelo Poder Executivo.
(...)
NE: A MP foi assinada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Guido
Mantega.
O ministro Luiz Marinho não subscreve nem a Exposição de Motivos nem a MP.
127
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Ação do Tribunal de
Contas da União
TCU confirmou o que o DatANASPS estimava: os créditos do INSS em R$ 252,0
bilhões em 2005
Em 18.06, a ANASPS divulgou documento do Tribunal de Contas da União – TCU
que fez acompanhamento relativo à relação de devedores do Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS) no exercício de 2005 e apurou que os recursos envolvidos, referentes aos créditos
do instituto alcançaram o montante de R$ 252 bilhões, com acréscimo de 24,3% em relação a
2004. Deste total, aproximadamente R$ 119 bilhões estavam em âmbito administrativo, e R$
133 bilhões em âmbito judicial. Chama atenção a magnitude dos créditos, que correspondem a
cerca de 224% da receita anual do INSS.
Para o DatANASPS, pelo descaso que atingiu a Receita Previdenciária, em 2006 e 2007,
antes, durante e depois da incorporação pela Receita Federal, não será desproporcional estimar-
se que o volume de créditos tenha alcançado, no final de 2007, R$ 350 bilhões.
O TCU verificou que o setor privado respondia por 81,6% dos créditos, e o setor
público, pelos restantes 18,4%, com aumento relativo na dívida dos Municípios, que respondi-
am por 5,8% do total, em 2004, e passaram a responder por 12,3% em 2005; a recuperação de
créditos de todas as categorias em 2005 (R$ 5,250 bilhões) foi de apenas 2,1% do total dos
créditos (R$ 252 bilhões); os 1.000 maiores devedores (0,1% dos devedores) representavam
50,43% (R$ 127 bilhões) do total de créditos; e que dos 102.327 devedores em condições de ser
inscritos no Cadin, apenas 33.013 (32,2%) efetivamente o foram.
O TCU determinou ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal – PGF que apurem os
motivos da aparente inconsistência no procedimento de inscrição de devedores no Cadin, me-
diante cruzamento entre créditos passíveis de inscrição neste cadastro existentes na base de
dados do INSS e os efetivamente remetidos ao Bacen, bem como informem o estágio atual de
implementação e os resultados do projeto de execução fiscal eletrônica dos créditos previdenciários
e do Sislocdb – Sistema Integrado de Localização de Devedores e Bens.
O TCU também determinou ao INSS que informe o resultado dos grupos de trabalho
criados para sistematizar o perfil dos devedores e do projeto piloto para definição dos 300
maiores devedores da Previdência Social; e, ainda, recomendou que a PGF, em conjunto com a
Secretaria da Receita Federal, ao classificar créditos judiciais quanto à dificuldade de recupera-
ção, leve em consideração, além da fase processual em que se encontra a execução, informações
sobre a situação econômico-financeira e patrimonial dos devedores da Previdência
128
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
trimestre, superou R$ 2,75 bilhões. Esse dado confirma que para cada real alocado ao tribunal,
no período, o retorno ao país foi superior a R$ 12,16. No período, foram condenados 374
responsáveis ao recolhimento de débito e pagamento de multa em montante superior a R$ 139
milhões.
Além disso, o TCU fez acompanhamento relativo à relação de devedores do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) no exercício de 2005. Os recursos envolvidos, referentes aos
créditos do instituto, alcançaram o montante de R$ 252 bilhões. Por determinação constitucio-
nal, o Tribunal encaminha ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório de suas
atividades. Os relatórios são distribuídos a todos os parlamentares e podem ser encontrados no
portal do TCU.
Veja o Relatório do TCU:
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e Secretaria da Receita Federal do Brasil
O TCU fez acompanhamento relativo à listagem de devedores do Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS no exercício de 2005. Os recursos envolvidos, referentes aos créditos
do Instituto, alcançaram o montante de R$ 252 bilhões. (Acórdão no 86/Plenário, de 30.1.2008,
TC no 020.225/2005-9, Relator: Ministro Aroldo Cedraz, Unidade Técnica: 4a Secex). Síntese
dessa decisão é apresentada no item 2.2.11 – Previdência Social.
2.2.11 – Previdência Social
São apresentados, a seguir, trabalhos relacionados ao tema previdência social apreciados
pelo TCU no período e que se destacaram pela importância ou interesse das questões envolvidas.
Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Secretaria da Receita Federal do
Brasil – SRFB
O TCU fez acompanhamento relativo à listagem de devedores do Instituto Nacional
do Seguro Social – INSS no exercício de 2005.
Verificou-se que os créditos do Instituto alcançaram o montante de R$ 252 bilhões e
que houve um acréscimo de 24,3% em relação a 2004. Deste total, aproximadamente R$ 119
bilhões estavam em âmbito administrativo e R$ 133 bilhões, em âmbito judicial. Chama atenção
a magnitude dos créditos, que correspondem a cerca de 224% da receita anual do INSS.
O TCU realizou acompanhamento de devedores do INSS em um total de créditos
no valor de R$ 252 bilhões
O Tribunal também verificou que: o setor privado respondia por 81,6% dos créditos e
o setor público, pelos restantes 18,4%, com aumento relativo na dívida dos Municípios, que
respondiam por 5,8% do total em 2004 e passaram a responder por 12,3% em 2005; a recupe-
ração de créditos de todas as categorias em 2005 (R$ 5,250 bilhões) foi de apenas 2,1% do total
dos créditos (R$ 252 bilhões); os 1.000 maiores devedores (0,1% dos devedores) representavam
50,43% (R$ 127 bilhões) do total de créditos; e que dos 102.327 devedores em condições de
serem inscritos no Cadin, apenas 33.013 (32,2%) efetivamente o foram.
O TCU determinou ao INSS e à Procuradoria-Geral Federal – PGF que apurem os
motivos da aparente inconsistência no procedimento de inscrição de devedores no Cadin, medi-
ante cruzamento entre créditos passíveis de inscrição no Cadin existentes na base de dados do
INSS e os efetivamente remetidos ao Bacen, bem como informem o estágio atual de
implementação e os resultados do projeto de execução fiscal eletrônica dos créditos previdenciários
e do Sislocdb – Sistema Integrado de Localização de Devedores e Bens.
O Tribunal também determinou ao INSS que informe o resultado dos grupos de traba-
lho criados para sistematizar o perfil dos devedores e do projeto piloto para definição dos 300
maiores devedores da Previdência Social; e, ainda, recomendou que a PGF, em conjunto com a
Secretaria da Receita Federal, ao classificar créditos judiciais quanto à dificuldade de recupera-
129
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ção, leve em consideração, além da fase processual em que se encontra a execução, informações
sobre a situação econômico-financeira e patrimonial dos devedores da Previdência Social.
(Acórdão no 86/Plenário, de 30.1.2008, TC no 020.225/2005-9, Relator: Ministro Aroldo Cedraz,
Unidade Técnica: 4a Secex)
Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social – Dataprev
O TCU tem acompanhado a implementação do Plano de Modernização Tecnológica
da Previdência Social – PMT/PS, mediante realização de reuniões mensais e análise de relatóri-
os, conforme previsto no Acórdão no 1510/2007-TCU-Plenário. Destaca-se a importância do
trabalho devido à necessidade de mudança de equipamentos e sistemas da Previdência para
outros que possibilitem controles mais efetivos de erros e fraudes.
Foi verificado que a Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social –
Dataprev tem encontrado dificuldades na implementação do Plano de Modernização Tecnológica
da Previdência Social e os prazos inicialmente previstos não foram cumpridos. A conclusão e a
consequente desativação do Programa CNIS – Cadastro Nacional de Informações Sociais, pro-
grama prioritário e que fará a migração para a nova plataforma tecnológica de todo CNIS,
deveriam ter ocorrido em 20.12.2007, mas estão previstas para junho e julho de 2008. Com isso,
a Dataprev não usufruirá das vantagens contratuais de antecipação da devolução de equipamen-
tos e deixará de economizar R$ 6.486.648,00, correspondentes a R$ 926.664,00 por mês de
atraso na devolução.
Em relação ao SIBE – Sistema Integrado de Benefícios, também programa prioritário e
em atraso, de igual modo levará a Dataprev a deixar de economizar R$ 1.212.843,00 mensais,
devido a gastos com a Unisys para prestação de serviços de locação e manutenção de hardware
e software dos equipamentos de grande porte. A Dataprev informou ao TCU que a principal
causa para adiamentos e atrasos dos projetos do PMT está nos problemas com a execução do
contrato da Fábrica de Software, a cargo do Consórcio Info-Prev-BR, para prestação de servi-
ços de desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação do projeto de implantação do
Novo Modelo de Gestão do INSS.
O TCU fez diversas determinações à Dataprev, entre as quais que apresente na próxima
reunião mensal para acompanhamento da implementação do PMT/PS: síntese dos fatores que
levaram à baixa execução orçamentária em 2007, em que somente R$ 20.772.191,00 foram
executados, do total de R$ 65.169.245,00 orçados para o exercício; bem como medidas adotadas
para incluir, nas informações do PMT sobre previsão orçamentária e execução financeira, os
recursos oriundos do orçamento do INSS.
O Tribunal alertou o Ministério da Previdência Social, o Instituto Nacional do Seguro
Social e a Dataprev para os baixos índices de execução dos programas SIBE-1a etapa e SIBE-2a
etapa, que apresentavam, até dezembro de 2007, percentuais de execução de 8% e 0%, respec-
tivamente; bem como para o adiamento de prazo de conclusão dos programas CNIS e SIBE, e
para o atraso acumulado no programa CNIS, que fará com que a Dataprev deixe de economizar
R$ 6.486.648,00. (Acórdão no 443/Plenário, de 19.3.2008, TC no 017.553/2005-8, Relator: Mi-
nistro Ubiratan Aguiar, Unidade Técnica: Secex-RJ)
TCU aponta prejuízo de R$ 300 milhões no INSS. Tribunal dá 90 dias para que
conselho responsável pela anulação de débitos com a previdência reexamine as deci-
sões e recupere os valores
Por Lúcio Vaz, da equipe do Correio, Correio Braziliense, em 19.05:
Irregularidades ocorridas na anulação de débitos pelo Conselho de Recursos da Previ-
dência Social (CRPS) podem resultar em prejuízo de cerca de R$ 300 milhões ao Instituto
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Nacional de Seguro Social (INSS), segundo apurou o Tribunal de Contas da União (TCU). Para
estabelecer a legalidade nos processos e recuperar esse dinheiro, o Tribunal deu prazo de 90 dias
para que o Conselho e a Receita Federal procedam ao saneamento dos processos cujos débitos
tenham sido anulados. Também determinou ao Ministério da Previdência Social a abertura de
procedimento administrativo para apurar responsabilidades pela anulação indevida das dívidas.
Segundo denúncia feita ao TCU, as anulações tratam de débitos apurados e cobrados de
empresas que contrataram prestadoras de serviços, em razão da solidariedade tributária prevista
na legislação. O CRPS entendeu que faltou nas notificações fiscais a indicação específica da
norma aplicável ao débito, o que teria prejudicado a ampla defesa do contribuinte. A falta come-
tida pelo INSS teria preterido o direito de defesa. A 4a Secretaria de Controle Externo (Secex)
realizou pesquisas e identificou 665 processos relativos a anulações que vieram a excluir débitos
levantados em fiscalizações. Desse total, 597 anulações, ocorridas de setembro de 2003 a março
de 2006, se relacionavam com a denúncia.
Em valores nominais, o prejuízo alcançou R$ 198 milhões, mas a atualização monetária
e a aplicação de juros e multas deverão elevar esse valor para R$ 300 milhões, calculam técnicos
do Tribunal. Outra conclusão da equipe de auditores: do total das anulações, 502 resultaram de
decisões da 4a Câmara de Julgamento. A falha nas notificações de débitos apontada pelo CRPS
foi considerada improcedente pelo TCU. O INSS aplicou os débitos com base no art. 33 da Lei
no 8.212/91. A anulação aprovada pelo Conselho se baseou na falta de indicação do § 3o do art.
33 como fundamentação legal. Ocorre que o § 3o faz parte do art. 33, concluiu o tribunal.
Grandes empresa
As irregularidades foram cometidas por empresas prestadoras de serviços que traba-
lham para grandes empresas públicas e privadas. Pela legislação, essas empresas são responsáveis
solidariamente pelo débito, porque tinham o dever de fiscalizar o recolhimento das contribui-
ções previdenciárias pelas suas contratadas. O maior volume de débito foi lançado contra a
Companhia Siderúrgica Nacional (CSN): R$ 52,7 milhões. Em seguida, aparecem a Prefeitura
de Guarulhos, com R$ 21 milhões; a Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro, com
R$ 15,7 milhões; Furnas Centrais Elétricas, com R$ 14 milhões; e Telemar Norte/Leste, com
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
lo ao INSS, sem a correção monetária. Ela era apropriada pelas instituições financeiras.
Entre as instituições condenadas estão os maiores do país, como Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Unibanco, e outros que já foram liquidados, como Banco
Nacional, Econômico e Banerj.
Hoje, a assessoria da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que as ins-
tituições financeiras vão recorrer judicialmente. O entender da entidade é que o Tribunal de
Contas é uma instância administrativa e não jurídica e que o acordo de 1991 foi autorizado pelo
INSS.
Tomada em abril, a decisão do TCU não permite mais recursos, e reitera o primeiro
julgamento contrário a Rossi e os bancos, concluído em 2002. A partir de então foram impetradas
vários ações para modificar a sentença, até a decisão final.
O acordo assinado entre os bancos e o INSS, sem contrato formal, era uma compensa-
ção pelo adiantamento que as instituições financeiras faziam ao instituto para garantir que as
pensões e aposentadorias fossem pagas na data certa, independentemente de os recursos já
estarem de fato disponíveis.
O TCU entendeu que a autorização do INSS era um benefício indevido ao sistema
bancário. Principalmente porque os bancos já recebiam a correção monetária pelo adiantamento
concedido ao instituto, conforme decisão do próprio Rossi.
De acordo com Marcelo Eira, secretário de Macroavaliação Governamental do TCU, os
bancos não estão sendo multados, já que havia a permissão de uma autoridade:
“Eles estão sendo cobrados a pagar a dívida com o INSS.”
O percurso desta ação foi longo. Em 1992, a então deputada federal Cidinha Campos
(PDT-RJ), atual deputada estadual, entrou com uma representação contra Rossi no TCU ques-
tionando o acordo. O processo foi aberto pelo Tribunal em 1996 e julgado em 2002.
Segundo Eira, os bancos poderão recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF).
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Dataprev
DATAPREV promete orçamento de R$ 80 milhões
Por Arnaldo Galvão, do Valor Econômico, em 1o.04:
A Empresa da Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev) está sendo
reforçada para ampliar sua atuação. Seu novo presidente, Lino Roque Camargo Kieling, informa
que a empresa vai ocupar mais espaço na prestação de serviços para outros ministérios das áreas
sociais, principalmente Trabalho e Desenvolvimento Social. “Somos uma empresa em atualiza-
ção. Nosso foco é a prestação de serviços para o governo federal”, diz Kieling.
A Dataprev completará 33 anos em novembro e Kieling revela que o ministro da Previ-
dência, Luiz Marinho, evitará cortes no orçamento de R$ 80 milhões previsto para este ano.
Afinal, diz, sem um eficiente processamento de dados é impossível dar bom atendimento a
aposentados e pensionistas. A estimativa é a de que o lucro de 2007, cerca de R$ 40 milhões, seja
repetido este ano.
Segundo o que comenta o presidente, a Dataprev viveu momentos “muito difíceis” em
2003 e 2004 porque, em governos anteriores, havia o plano de privatizar e, por esse motivo,
foram suspensos investimentos necessários. Na avaliação de Kieling, é “gravíssimo” impor a
uma empresa de tecnologia da informação essa situação porque é grande a velocidade da evolu-
ção. O investimento e o pagamento das dívidas foram retomados em julho de 2006.
O plano de reforçar a musculatura da Dataprev vem sendo intensificado. Em 2006,
depois de muitos anos, foi realizado um concurso para contratar 325 analistas. Agora, são 3.122
profissionais, o que significa metade do pessoal que trabalhava nos anos 90. Além da moderni-
zação dos equipamentos e de novos contratos com as operadoras de telecomunicações, Kieling
diz que serão integradas as três unidades de processamento, atualmente isoladas no Rio, São
Paulo e Brasília.
A rede de telecomunicações também passou a ter maior segurança e velocidade. Segun-
do a empresa, contratos de 36 meses de duração foram assinados com as operadoras Brasil
Telecom (R$ 27,49 milhões), Embratel (R$ 54,56 milhões) e Telefônica (R$ 17,75 milhões).
Também vem sendo dedicada atenção especial ao serviço prestado aos bancos que
operam com o crédito consignado do INSS, criado em 2004. Essa atividade respondeu por
7,12% da receita do ano passado. Em 2004, foi processado pouco mais de 1,1 milhão de regis-
tros (informações). Em 2007, esse volume de trabalho saltou para 24,6 milhões de registros.
Com relação às finanças, o INSS, principal cliente, ainda deve R$ 255,76 mil à Dataprev. Há um
rombo de R$ 222,4 mil no fundo de pensão Prevdata, mas ainda não se definiu o destino desse
passivo.
Neste ano, o orçamento para a evolução de hardware, software, qualificação e contratação
de pessoal é de R$ 80 milhões. A área de TI vai receber R$ 40 milhões, a gestão de imóveis terá
R$ 15 milhões e os equipamentos outros R$ 4 milhões.
A receita total em 2007 foi de R$ 552,28 milhões, e consignações atingiram R$ 39,32
milhões, correspondendo a 7,12%. A previsão de receita para 2008 é de R$ 634 milhões. O valor
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Diante da oposição das centrais sindicais à fixação de idade mínima para as aposentado-
rias pelo INSS, o governo anunciou ontem que pode flexibilizar o fator previdenciário, mas não
extingui-lo. A ideia é alterar a fórmula atual de modo que o tempo de contribuição e a idade do
trabalhador, somados, atingissem 95 (homens) e 85 (mulheres), para que o benefício seja equiva-
lente a 100% da média das contribuições.
Essa combinação existe hoje no cálculo das aposentadorias dos servidores públicos que
já trabalhavam antes da reforma previdenciária de 1998. O mecanismo, conhecido como “fór-
mula 95”, foi criado no Congresso com a ajuda do senador Paulo Paim (PT-RS). Quem entrou
no serviço público após a reforma de 2003 tem de cumprir, cumulativamente, 35 anos de con-
tribuição e 60 anos de idade (homens) e 30 e 55 anos (mulheres).
Para o governo, levar esse mecanismo para as aposentadorias do setor privado pode
amenizar as queixas de que o fator previdenciário pune quem começa a trabalhar jovem, pois
estuda a criação de um bônus para quem atingir a composição de idade e tempo de contribuição.
O governo, contudo, não abre mão de um mecanismo que adie as aposentadorias precoces. O
ministro da Previdência, José Pimentel, reconheceu ser difícil a fixação de idade mínima porque
isso exige alteração na Constituição. Uma mudança no cálculo do fator pode ser feita por proje-
to de lei, que requer maioria simples de votos.
“Queremos trazer para o Regime Geral (do INSS) regras que hoje já incentivam os
servidores a permanecerem em atividade e não dependam de emenda constitucional”, disse o
ministro.
O deputado Pepe Vargas (PT-RS), relator, na Câmara, do projeto de Paim que extingue
o fator previdenciário, considerou a alternativa “um pouco melhor”. “Não é uma ideia tão
draconiana, mas não tenho posição definida”, disse. Ele se diz convencido de que o fator
previdenciário não atingiu o objetivo, algo com o qual o governo também concorda.
“A avaliação técnica é que as pessoas não estão postergando a aposentadoria por causa
da aplicação do fator”, reconheceu o secretário de Previdência, Helmut Schwarzer. A idade
média atual de aposentadoria pelo INSS dos homens é 54 anos e das mulheres, 52 anos, ainda
longe da expectativa do governo de que o fator faria essa média se elevar para próximo dos 60
e 55 anos exigidos dos servidores públicos.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Para quem estava na reunião, ficou claro que o ministro falava da modalidade conhecida
como 85-95. Ela leva em consideração a soma da idade com que o trabalhador se aposenta e o
tempo de contribuição. Esses dois elementos somados precisam chegar a 85 para mulher e 95
para homem se o trabalhador quiser alcançar o benefício integral.
“Não onera o sistema e fica melhor para o cidadão do que a aplicação do fator. Mas é só
uma alternativa. Estamos negociando”, afirma o deputado Pepe Vargas (PT), relator na Câmara
do projeto que elimina o fator previdenciário.
Pepe garante que o governo descartou a troca do fator pela simples exigência da idade
mínima. Por isso, busca fórmulas que possam adaptar o cálculo do benefício sem estimular a
aposentadoria precoce. As centrais se reúnem na terça-feira em São Paulo para apontar suges-
tões a serem apresentadas ao governo.
Aposentadoria pode ter idade mínima de 60 anos. Governo admite acabar com o
fator previdenciário, mas, em troca, trabalhador só poderia pedir o benefício após com-
pletar 60 anos
Publicou O Popular, Goiás, em 1o.12:
O polêmico fator previdenciário, criado durante a gestão do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso na tentativa de equilibrar as contas da Previdência Social, pode ser extinto. O
governo admitiu pela primeira vez que poderá negociar o fim desse indicador.
Contudo, isso não viria de graça. Em contrapartida, o presidente Luiz Inácio Lula da
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Silva poderia instituir uma outra regra: além de completar o tempo de contribuição (35 anos
para homens, e 30 para mulheres), os segurados também seriam obrigados a atingir uma idade
mínima para solicitar o benefício – que deve ficar em 60 anos.
A principal crítica atribuída a esse fator é que ele achata o valor inicial da aposentadoria
em praticamente todos os casos. Pelas regras vigentes, o Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS) calcula o valor do benefício com base na seguinte fórmula: pega-se a média das 80%
maiores contribuições à Previdência feitas desde 1994 e, com base no resultado, aplica-se o
polêmico indicador.
Esse último causaria um rombo de R$ 76,6 bilhões nos cofres da Previdência em 2009.
Paim disse que contará, na vigília, com a presença de deputados, inclusive do PT, e de represen-
tantes das principais centrais sindicais, como CUT e Força Sindical.
“O governo já concorda com a adoção de uma idade mínima, mas o problema do
governo é saber qual a idade mínima. Quero, pelo menos, que os aposentados do INSS e do
serviço público tenham as mesmas regras”, disse Paim, anunciando que Pepe Vargas passaria
pela vigília, o que não foi confirmado pelo relator.
No caso dos servidores, para ter o benefício integral eles têm que cumprir 30 anos de
contribuição e ter 55 anos de idade, para as mulheres, e 35 anos de contribuição e 60 anos de
idade, para os homens. Mas, depois de aposentados, contribuem com uma alíquota de 11% ao
sistema previdenciário.
Se o fator previdenciário acabar no âmbito do INSS, para receber o benefício a pessoa
teria que cumprir o tempo de contribuição e ter a idade mínima exigida.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
ção e/ou da idade de aposentadoria para o futuro”. Os empresários concordaram com o gover-
no e foram os únicos a propor claramente um limite de idade.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), será oferecida alternativa aos projetos.
Paim anunciou ontem da tribuna a realização da terceira vigília no plenário do Senado.
Será na terça-feira com a participação de parlamentares, representantes das centrais sindicais e
de associações. O senador informou que no próximo dia 5 mais de 90 entidades sindicais farão
uma paralisação simbólica de duas horas em Santos (SP). Segundo ele, atos semelhantes ocorre-
rão nas câmaras de vereadores de Santo André, Piracicaba, Limeira, e Jundiaí. Em Porto Alegre,
a vigília será feita na Assembleia Legislativa.
Governo admite rediscutir fator previdenciário. Deputado petista vai relatar pro-
posta de Paim que acaba com mecanismo de cálculo das aposentadorias do INSS
Por Cristiane Jungbut, de O Globo, em 29.11:
Diante da pressão de sindicalistas que se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva esta semana, o governo sinalizou para a reabertura de negociações em torno dos projetos do
senador Paulo Paim (PT-RS) que mudam as regras de aposentadoria do INSS. O deputado Pepe
Vargas (PT-RS) foi escolhido relator do projeto de Paim que acaba com o fator previdenciário
como fórmula de cálculo das aposentadorias e cujo objetivo é desestimular as aposentadorias
precoces. Depois de uma conversa com Paim, Vargas disse que tentará encontrar uma alternativa.
Uma das ideias debatidas é aceitar o fim do fator previdenciário desde que seja fixada
uma idade mínima para aposentadoria. Desde abril o governo tem um Plano B para o eventual
fim do fator previdenciário. Na ocasião, quando a proposta foi aprovada no Senado, O Globo
revelou estudo da Previdência chamado “Opções ao Fator Previdenciário”. Nos próximos dias,
Vargas conversará com o ministro da Previdência, José Pimentel, e com as centrais sindicais.
“Devemos ter alternativa ao fator previdenciário, que embute uma grande injustiça,
quando chuta para baixo o valor das aposentadorias. O próprio Paim tem uma proposta de
emenda constitucional que trata de idade mínima”, disse Vargas.
“Há alternativas. Defendo que o fim do fator previdenciário pode ser discutido, substi-
tuído por um limite de idade. E que se discuta a recomposição das aposentadorias, mas que o
índice não seja o salário-mínimo”, confirmou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
O projeto de Paim, aprovado no Senado, está parado desde abril na Câmara. Só passou
pela Comissão de Seguridade Social. Vargas será relator na Comissão de Finanças. A pressão
aumentou depois que o outro projeto de Paim – que cria um índice de recuperação do valor das
aposentadorias – foi aprovado no Senado. O rombo desse projeto nas contas do INSS seria de
R$76,6 bilhões em 2009.
Hoje, a pessoa se aposenta por idade (65 anos para homens e 60 para mulheres) ou com
o mecanismo do fator previdenciário – nesse caso, é necessário ter 35 anos de contribuição, para
os homens, e 30 para as mulheres. Uma das alternativas é adotar as regras do funcionalismo: 30
anos de contribuição e 55 anos de idade, para as mulheres, e 35 anos de contribuição e 60 anos
de idade, para os homens, para ter o benefício integral. Após a aposentadoria, contribuem com
uma alíquota de 11% ao sistema previdenciário.
O estudo “Opções ao Setor Previdenciário” tem duas alternativas. Nova fórmula para
o fator, onde o valor do benefício é preservado, mas o tempo de contribuição passa dos 35 anos
para 42. Ou a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria por tempo de serviço.
Opinião
Fórmula Explosiva
O Senador Paulo Paim (PT-RS) deve ler com atenção a última projeção populacional
feita pelo IBGE.
ELE FICARÁ sabendo que a idade média dos brasileiros sobe em passo acelerado.
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Projeto da Previdência será vetado, diz Bernardo. Proposta aprovada pelo Sena-
do cria rombo de R$ 76,6 bilhões nas contas do governo
Publicou O Estado de S. Paulo, em 18.11:
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva não terá alternativa a não ser a de vetar o projeto de lei que atualiza pelo valor do
salário-mínimo os benefícios pagos aos aposentados e pensionistas da Previdência Social. A
proposta, aprovada na semana passada em caráter terminativo pelo Senado, ainda precisa ser
votada pela Câmara dos Deputados.
Bernardo disse que o projeto é “absurdo” e “corrosivo” porque significaria um impacto
de R$ 76,6 bilhões nas contas da Previdência Social em 2009. Segundo o ministro, esse valor é
quase a metade do que o governo gastará com a Previdência durante todo este ano. Bernardo
disse que, se o projeto for aprovado, também anulará todos os ganhos da política de valorização
do salário-mínimo. “Isso significa que a política feita para valorizar o salário-mínimo vai ser
anulada. O aposentado (que ganha mais de um salário-mínimo) não teve perdas”, afirmou.
O ministro argumentou que os benefícios e pensões pagos de 2003 a 2007 tiveram um
ganho real (acima da inflação) de 0,89%. “O que teve é que valorizamos mais o salário-mínimo.
Mas, se transportar isso para todo mundo, significa que de fato anulou o ganho do salário-
mínimo.”
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esses cálculos?. A correção dos benefícios superiores ao mínimo custaria por ano muito me-
nos”, afirmou o senador gaúcho, mas sem detalhar seus números. “Se há dinheiro para bancos,
montadoras, construção civil e ruralistas, por que só os aposentados é que ficam sobrando?”,
questiona Paim, referindo-se à ajuda financeira que o governo Lula está dando a esses setores da
economia.
Paim lembra, ainda, da MP do reajuste de servidores públicos que, segundo ele, implica
gastos de “algo em torno de R$ 50 bilhões”. E volta a rebater: “Se tem tudo isso para os
servidores, por que não tem para nossos idosos?”.
Já passou na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado o projeto que estabelece
um novo parâmetro de atualização do poder de compra dos benefícios pagos a aposentados.
Pelo Índice de Correção Previdenciária, Paim espera atualizar em cinco anos o valor dos bene-
fícios.
Pela proposta, na data da aposentadoria cada segurado passará a ter um ICP individual, a
ser usado para cálculo dos reajustes por toda a vida. “E quem se aposentou com, por exemplo, três
salários-mínimos mantém o valor anos depois”, explica. “Ou seja, é preciso manter uma República
só para os projetos do Paim”, disse a líder do governo, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
OPINIÃO DA ANASPS
O governo espalhou através de seus porta-vozes que o fator previdenciário produziu
economia de R$ 10 bilhões.
O número mágico, como tantos outros números, é contestado pela ANASPS e pelo
senador Paulo Paim.
Na realidade, o governo deveria ter vergonha de anunciar “economia” à custa da des-
graça humana.
O governo não divulga, por exemplo,os prejuízos causados a milhões brasileiros vitima-
dos pelo fator previdenciário.
Depois dele, aumentou o número de aposentados e pensionistas empurrados para o
salário-mínimo e tornou impossível a qualquer brasileiro alcançar o teto do salário de benefício.
Isto significa que sacrifícios e perdas foram impostos aos segurados da Previdência
Social.
Paim chamou de “terrorismo” dizer que há risco de quebrar a Previdência Social. “Va-
mos ser francos: ao longo da história – e não só nesse governo –, quando se fala em alguns
bilhões para bancos, para montadoras, para construção civil e para ruralistas, buscamos saída.
Quando chega na questão dos idosos, dos velhinhos, parece que se cria um mundo irreal”, disse.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
– integrantes das chamadas carreiras de Estado, portanto, com salários altos – vão incorporar a
seus salários gratificações e adicionais que não podiam ser incluídos na aposentadoria.
Se a correção dos salários dos aposentados do INSS for ao plenário, o líder do PSB,
senador Renato Casagrande (ES), disse que votará favoravelmente à proposta de Paim.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ficam uma minirreforma da Previdência. E também a terceira proposta de Paim, aprovada nesta
quarta no Senado.
Reajuste de aposentadorias causaria rombo de R$ 4,5 bilhões
No caso do reajuste para as aposentadorias acima do mínimo, o aumento dado pelo
governo tem por base a inflação do período. Em 2008, por exemplo, o mínimo e os benefícios
no mesmo valor foram reajustados em 9,21% (variação da inflação mais a variação do PIB). Os
benefícios acima do mínimo ganharam 5%, pouco mais do que a inflação.
Segundo dados da Previdência, a extensão do reajuste dado ao salário-mínimo a todas
as aposentadorias pagas pelo INSS causaria um rombo de R$ 4,5 bilhões em 12 meses. A longo
prazo, as despesas do INSS saltariam dos atuais 7,14% do PIB para até 26% em 2049, segundo
as estimativas.
O governo argumenta que, desde 2002, o piso da Previdência teve ganho real de 37,05%
– ou seja, acima da inflação. Já os benefícios com valores acima do mínimo obtiveram ganho real
de 0,89% no período. Com esses números, o governo rebate também o projeto de criar uma
fórmula para manter o poder aquisitivo das aposentadorias, argumentando que o poder de
compra foi preservado.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
salários-mínimos quando se aposentou e hoje recebe apenas um volte a ter o mesmo poder
aquisitivo da época da aposentadoria.”
Embora a base governista não tenha tentado barrar mais esse projeto, a líder do PT no
Senado, Ideli Salvatti (SC), criticou a iniciativa do colega:
“Daqui a pouco será preciso criar uma República só para os projetos do Paim. Não tem
a menor condição de a Câmara aprovar isso.”
Projetos podem causar rombo
O ministro da Previdência, José Pimentel, não esconde a preocupação com a tramitação
no Congresso de nada menos do que 105 projetos sobre aposentadorias que, se aprovados,
levariam a União a comprometer 25% do Produto Interno Bruto (PIB) com o pagamento de
benefícios previdenciários até 2050. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR),
ex-ministro da Previdência, tentou dividir com a oposição a responsabilidade de barrar iniciati-
vas que aumentem gastos:
“Temos de discutir o modelo de Previdência que o país quer. Essa não é uma conta para
o governo Lula pagar, mas para o futuro.”
“O Paim é da base do governo e se entende diretamente com o presidente Lula o tempo
todo. Se o governo concordou, não somos nós que vamos discordar”, retrucou o líder do
Democratas, José Agripino (RN).
A oposição lembrou que foi a própria base que não atendeu ao pedido do ministro Guido
Mantega (Fazenda) para que o Senado não aprovasse projetos com impacto na Previdência.
“É preciso que se aponte a fonte de custeio para novas despesas”, tem repetido o
ministro Pimentel.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Interno Bruto por ano, diz o ministro da pasta, José Pimentel. Ele pretende divulgar nos próxi-
mos dias dados atualizados sobre o potencial impacto dos dois projetos. Mas números forneci-
dos pelo seu antecessor, Luiz Marinho, a diversos senadores, há poucos meses, dão uma noção
do tamanho do problema.
Conforme esses dados (que não deverão mudar muito com a atualização), na hipótese
de as duas propostas de Paim serem aprovadas ainda este ano, o Brasil chegará ao ano de 2050
gastando por ano 26,4% de seu PIB com pagamentos de aposentadorias e pensões, só no âmbi-
to do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Em pouco mais de 30 anos, portanto, os
gastos quase se quadruplicariam como proporção do PIB, crescendo gradualmente.
Nem toda a diferença em relação aos atuais 7,2% do PIB ao ano refere-se ao efeito dos
dois projetos. Ainda que não mudem as atuais regras de concessão e de reajuste, as despesas do
RGPS com benefícios vão atingir 11% do PIB até 2050, só em função de fatores demográficos
(queda da taxa de natalidade, aumento da expectativa de sobrevida na velhice, portanto, envelhe-
cimento da população e queda no ritmo de ingressos de novos contribuintes no regime). Na
hipótese de ser aprovado apenas o projeto que põe fim ao fator previdenciário e retoma o antigo
período de cálculo (36 meses), já considerado o fator demográfico, o nível de gastos atingiria
16% do PIB. Já na hipótese de aprovação somente da vinculação de todos os benefícios ao
mínimo, o impacto seria maior, pois as despesas subiriam para 18% do PIB. Na hipótese de
aprovação de ambos, a projeção indica despesas anuais de 26,4% porque um projeto teria efeito
sobre o outro, explica técnico ouvido pelo Valor.
Esse número é assustador porque ultrapassa em muito o nível de arrecadação líquida de
receitas primárias do governo. Pelas estimativas do orçamento encaminhado em agosto, antes
do agravamento da crise, portanto, o governo esperava obter, em 2009, receita primária líquida
de 20,85% do PIB. Mesmo a receita primária bruta, estimada em 25,38% do PIB, não seria
suficiente.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
logo o projeto que tramita há cinco anos no Congresso Nacional tenha sua apreciação concluída
no Parlamento, seja sancionado pelo Executivo. A aprovação se deu um dia depois da passagem
do ministro da Previdência Social, José Pimentel, pelo Senado. Ele foi pedir que os senadores
não aprovassem a proposta, que vai triplicar, segundo ele, os gastos com a previdência do traba-
lhador da iniciativa privada.
Além dessa proposta, outros 104 projetos de lei sobre aposentadorias tramitam no
Congresso Nacional. “Se esses 105 forem aprovados, vamos comprometer 25% do Produto
Interno Bruto com benefícios previdenciários. O Congresso Nacional sempre agiu com respon-
sabilidade.”
Comissão aprova fim do fator previdenciário. Projeto passará por mais duas
votações antes de ir ao plenário
Publicou O Globo, em 09.10:
Brasília – O projeto de lei do Senado que acaba com o fator previdenciário foi aprovado
pela Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.
O projeto passará por outras duas comissões antes de ir a plenário. O governo é contra
a extinção, embora o projeto seja de autoria do senador petista Paulo Paim (RS).
Criado no governo Fernando Henrique, o fator previdenciário é um mecanismo que
tenta dar sustentabilidade à Previdência Social e baseia-se em quatro pontos para cálculo de
aposentadorias: alíquota de contribuição, idade do trabalhador, tempo de contribuição à Previ-
dência e expectativa de sobrevida.
Antes de o projeto ir ao plenário da Câmara, o governo calculará o impacto da extinção
nas contas da Previdência para justificar a necessidade de sua permanência. O ministro Paulo
Bernardo (Planejamento) disse anteontem na Câmara que não seria bom para o sistema o fim
do fator.
Com a extinção, as aposentadorias poderiam aumentar em média 30%, segundo econo-
mistas, o que aumentaria ano a ano o déficit da Previdência.
Para o senador Paim, o fim do fator favorece o trabalhador e acaba com o que considera
uma distorção, que é o uso da Previdência, pelo governo, como instrumento de ajuste fiscal.
Comissão de Seguridade aprova extinção do fator previdenciário
Em 08.10, a Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, apro-
vou o Projeto de Lei no 3.299/08, do Senado, que extingue o fator previdenciário. Esse índice é
usado para calcular as aposentadorias e leva em conta a idade do trabalhador, o tempo de con-
tribuição e a expectativa de sobrevida no momento de aposentadoria. Na aposentadoria por
tempo de contribuição (30 anos para mulheres e 35 para os homens), o fator funciona como um
redutor do benefício.
Em abril, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a aprovação do projeto pelo
Senado, pelo fato de não indicar a fonte de recursos para custear o aumento de despesas, e
ameaçou vetar a proposta. No mês passado, no entanto, Lula admitiu a possibilidade de sancio-
nar o projeto, se ele for aprovado pela Câmara.
A Comissão de Seguridade aprovou o parecer do relator, deputado Germano Bonow
(DEM-RS), que foi favorável à proposta, sem alterações.
Voto em separado
Durante a reunião, a deputada Rita Camata (PMDB-ES) apresentou voto em separado
para que o projeto considerasse, no cálculo da aposentadoria, os melhores salários-de-contribui-
ção referentes a 70% do período contributivo. A proposta do Senado considera os últimos 36
meses, o que a deputada afirma ser um prazo muito curto. “Quando as pessoas chegam a uma
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
idade mais avançada, acabam se submetendo a um trabalho com menor remuneração. Esse
cálculo [do projeto] vai fazer com que o benefício seja reduzido”, afirmou.
Diversos deputados reconheceram a importância da emenda apresentada por Rita Camata,
mas argumentaram que qualquer alteração no texto do Senado poderia atrasar a tramitação da
proposta. Germano Bonow lembrou que a possibilidade de veto existe em qualquer projeto e
defendeu a aprovação sem alterações, como foi aceito na comissão. “A proposta da deputada Rita
é excelente, vem até do Ministério da Previdência, que apresentou um gráfico. Mas, se nós emen-
darmos aqui, vai para o Senado e vai atrasar mais. As pessoas que hoje se aposentam aos 55, 56
anos talvez não estejam conosco daqui a 10 anos. Elas têm muita pressa, sim.”
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gurança dos segurados do INSS que estão recebendo aposentadorias miseráveis, ao revelar que
dos 2.550.081 benefícios concedidos de janeiro a julho de 2008, no valor de R$ 1.677 mil,
52,96% foram para benefícios de até 1 salário-mínimo, R$ 415,00, ou seja, 1.350.052 pessoas. O
fator previdenciário foi criado para reduzir o déficit previdenciário, complicar, retardar e achatar
o valor do benefício. Não reduziu o déficit, mas realmente complicou, retardou e achatou o
valor do benefício.
Os dados do DatANASPS são contundentes, pois mostram que 79,54% foram aposen-
tados com até dois salários-mínimos R$ 830,00, compreendendo um grupo de 2.028.334 segu-
rados contribuintes, o que é muito expressivo, sendo que o contingente entre 1 e 2 salários-
mínimos envolveu 678. 282 pessoas.
Os 2,09% que se aposentaram com 5 a 6 salários-mínimos, recebendo entre R$ 2.075,00
e R$ 2.490,00, foram 53.296 pessoas. Nenhum conseguiu nove ou dez salários-mínimos de
aposentadoria ou pensão. o que transforma o teto previdenciário de R$ 3.088,99 inalcançável,
mesmo já se sabendo que não representam 10 salários-mínimos, R$ 4.150,00, exatos 74,4%. Por
outro lado, apenas 0,01% chegou aos 8 salários-mínimos, o que é um grupo ínfimo.
Bonow pode acolher fim do fator previdenciário. “São pessoas que trabalharam
a vida inteira e que ganham pouco mais que o salário-mínimo e estão sendo prejudica-
das agora”, diz Germano Bonow
Por Janary Júnior, Jornal da Câmara, Brasília, em 11.07:
O deputado Germano Bonow (DEM-RS) deverá apresentar em agosto seu parecer ao
projeto de lei que extingue o fator previdenciário (PL no 3.299/08). Até lá, ele espera receber
alguns dados do Ministério da Previdência, como o número de aposentadorias atingidas pelo
fator e o montante arrecadado pela Previdência dos segurados que se aposentaram usando o
fator, mas retornaram ao mercado de trabalho. O anúncio do deputado foi feito ontem, durante
audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família.
Apesar de não ter firmado ainda uma opinião sobre a proposta, Bonow adiantou que,
neste momento, sua tendência é concordar com o fim do fator – que tende a reduzir o valor da
aposentadoria. Segundo o Ministério da Previdência, o fator permitiu uma economia de R$ 10,1
bilhões entre 2000 e o ano passado. “São pessoas que trabalharam a vida inteira e que ganham
pouco mais que o salário-mínimo e estão sendo prejudicadas agora. Precisamos encontrar uma
solução para elas”, disse o deputado, que na terça-feira se reuniu com o autor da proposta, o
senador Paulo Paim (PT-RS). Bonow disse que ainda não foi procurado por integrantes do
Poder Executivo para discutir o assunto.
Para os representantes do Poder Executivo, ainda que o fator previdenciário não seja o
melhor mecanismo, ele não pode ser extinto enquanto não for encontrada uma fórmula alterna-
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tiva. Segundo Leonardo Alves Rangel, técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pes-
quisa Econômica Aplicada (Ipea, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento), a simples
extinção do fator vai provocar o aumento de aposentadorias precoces, piorando as contas do
INSS.
O técnico do Ipea também informou que a redação do PL no 3.299 – que prevê como
critério de concessão da aposentadoria a média aritmética dos salários-de-contribuição dos últi-
mos 36 meses – vai na contramão de outros países que adotam um cálculo baseado em médias
mais longas. Ele citou a Espanha, que leva em conta os rendimentos de 180 meses antes do
pedido.
Líder afirma que projeto não preocupa. Presidente da comissão especial que
aprovou proposta diz que cumpriu dever
Publicou O Globo, em 13.06:
A decisão sobre a validade ou não da aprovação da proposta de reajuste das aposenta-
dorias está sendo analisada pela assessoria jurídica da Mesa da Câmara. O líder do governo,
Henrique Fontana (PT-RS), preferiu desconversar quando indagado sobre o descuido. Reafir-
mou que o governo estuda mecanismos para melhorar a renda de todos os aposentados do
INSS, mas que isso não precisará se dar por meio do projeto de Paulo Paim.
“Não estamos preocupados com esse projeto e não podemos nos fixar numa só ideia.
Não posso entrar na negociação dos mil projetos que estão tramitando. Vamos nos concentrar
nos que estão na antessala.”
No Planalto, Lula demonstrou irritação:
“O Congresso precisa ter a mesma responsabilidade que tem o Executivo. O presidente
da República não gera recursos. O governo federal colhe os tributos que a sociedade paga e faz
a distribuição em função das necessidades da própria sociedade. Uma delas é pagar benefícios
previdenciários. Se o aumento concedido é maior do que a capacidade de arrecadação do pró-
prio sistema, não tem como pagar. Eu gostaria que toda vez que as pessoas aprovassem uma
despesa, aprovassem uma receita. Porque é assim na minha casa. No Congresso, na hora que
aprovam uma despesa para a previdência social, é preciso dizer de onde virá o dinheiro. Não tem
ninguém que mais goste de dar aumento para trabalhador do que eu. Agora, só posso dar aquilo
que tenho.”
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Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), que o fim do fator previdenciário, além de
causar desequilíbrio fiscal das contas da Previdência, vai gerar um impacto “ruim” do ponto de
vista da distribuição de renda.
O público beneficiado com um eventual fim do fator previdenciário, segundo Schwarzer,
é pequeno. Correspondeu, no mês de março, a 6% do total de benefícios concedidos e a 15%
das aposentadorias emitidas. O secretário explicou que esses percentuais têm participação signi-
ficativa em termos de valores pagos pelo INSS: 10,3% dos benefícios concedidos e 28,5% dos
emitidos. Outro argumento utilizado pelos técnicos da Previdência para que a Câmara rejeite o
fim do fator previdenciário é a arrecadação.
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de critérios, o que é uma situação esdrúxula”, diz o juiz Edilson Pereira Nobre Jr., da TNU.
A decisão da TNU analisou o caso de um segurado do Rio de Janeiro que, em 2003,
tentou se aposentar com 35 anos de contribuição e 48 anos de idade. O pedido foi negado pelo
INSS. Com essa decisão, que vai orientar as futuras sentenças na Justiça Federal, o segurado vai
conseguir se aposentar com qualquer idade, desde que comprove o tempo de contribuição.
Por exemplo, um segurado que começou a trabalhar com 16 anos de idade poderá, aos
51 anos, conseguir a aposentadoria. Para a mulher que começou a trabalhar com 16 anos, o
benefício pode ser pago aos 46 anos de idade – após 30 anos de contribuição. “A decisão da
TNU é muito positiva, pois acaba com uma exigência desnecessária”, disse a advogada
previdenciária Daniela Carvalho, do escritório Maluly Jr. Advogados.
Governo não tem como financiar reajuste de benefícios do INSS, diz Paulo
Bernardo
Publicou o site do Senado, em 29.04:
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, afirmou, em 29.04,
que o governo federal não tem como financiar aumentos de gastos com benefícios do Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS).
Dois projetos de lei com essa finalidade foram aprovados no início de abril pelo Senado,
e encaminhados à Câmara dos Deputados. Enquanto projeto de lei da Câmara (PLC no 42/07),
emendado pelo senador Paulo Paim (PT-RS), estende aos benefícios da Previdência Social o
mesmo percentual de reajuste concedido anualmente ao salário-mínimo, projeto de lei do Sena-
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o
do (PLS n 296/03), de autoria de Paim, extingue o “fator previdenciário”, um redutor aplicado
no cálculo do valor de aposentadorias e pensões pagas pelo INSS.
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Subiu gradativamente e há três ou quatro anos estacionou ao redor dos 53. Muito provavelmen-
te, o fator previdenciário não terá impactos adicionais”, reconhece Helmut Schwarzer, secretá-
rio de Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social. Hoje, a aplicação do
fator reduz o valor da aposentadoria de quem está na iniciativa privada e para de trabalhar antes
dos 63 anos (veja quadro).
Critérios
Acima de um, o fator eleva o valor do benefício. Em contrapartida, abaixo de um reduz
a aposentadoria. Segundo a atual tabela, o fator só passa a ficar positivo quando o candidato ao
benefício tem 63 anos. Por esses critérios, um homem de 53 anos, com 35 anos de contribuição,
pode se aposentar, mais será submetido a um fator igual a 0,679. Na prática, o valor de sua
aposentadoria sofrerá uma redução de 32,1%.
Na avaliação do secretário de Políticas de Previdência Social, nem mesmo uma eventual
alteração na fórmula de cálculo do fator previdenciário seria suficiente para continuar elevando
a idade média de quem se aposenta. Para Schwarzer, esse fenômeno só voltaria a ocorrer em
caso de aumento do tempo mínimo de contribuição, hoje em 35 anos para os homens e 30 anos
para as mulheres. “Se você exigir que as pessoas contribuam por mais tempo, é claro que elas se
aposentarão mais tarde. Mas, ainda assim, elas poderão continuar se aposentando antes de com-
pletar 65 anos (ou 60 anos, no caso das mulheres)”, afirma.
Por idade
Em compensação, um eventual aumento do tempo mínimo de contribuição não teria
grande impacto sobre a outra modalidade de concessão de aposentadorias, por idade. A lei
prevê a concessão do benefício para o homem que completar 65 anos (60 anos no caso das
mulheres), desde que tenha contribuído para a Previdência por no mínimo 15 anos. “Para au-
mentar essa idade média (hoje em 60,5 anos), seria preciso elevar, por exemplo, de 15 para 20
anos o tempo de contribuição”, explica Helmut Schwarzer.
Outra opção, de acordo com o secretário, seria mudar a fórmula de cálculo do benefí-
cio. Hoje, o valor é definido da seguinte maneira: 70% com base nos 80% maiores salários-de-
contribuição desde julho de 1994, mais 1% por ano de contribuição, chegando a no máximo
100%. “Uma possibilidade seria colocar mais peso no tempo de contribuição. Por exemplo: ser
50% com base nos 80% maiores salários, mais 1,5% por ano de contribuição”, afirma o secre-
tário. No entanto, ele ressalta que não há qualquer estudo nesse sentido.
MEMÓRIA
Mecanismo criado em 1999
O fator previdenciário foi criado pelo governo Fernando Henrique em novembro de
1999, após duas tentativas de promover uma reforma da Previdência que instituísse a idade
mínima para concessão de todas as aposentadorias, como já existe no setor público.O principal
objetivo da medida era retardar ao máximo a concessão dos benefícios e fazer com que as
pessoas permanecessem mais tempo no mercado de trabalho.De um lado, a Previdência pagaria
a aposentadoria por menos tempo. De outro, o trabalhador continuaria contribuindo por mais
tempo.
Os efeitos foram imediatos. A idade média de quem se aposenta por tempo de contri-
buição subiu em torno de cinco anos e o volume de concessão do benefício despencou. Em
2006, foram 186,9 mil aposentadorias por tempo de contribuição. Nos quatro anos anteriores à
instituição do fator, a média anual era de 339,8 mil.
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Benefícios Acidentários
INSS vai à Justiça cobrar das empresas gastos com acidentes. Somente em 2007,
o INSS gastou R$ 5,075 bilhões com benefícios previdenciários decorrentes de aciden-
tes de trabalho
Publicou a Gazeta Mercantil, em 19.09:
Cada vez mais a legislação aperta o cerco contra empregadores que não atendem às
normas de segurança do trabalho, especialmente no que se refere a evitar expor o empregado a
riscos de desenvolver patologias devido ao ambiente de trabalho. Hoje, já é comum ver as
empresas responderem por ações judiciais interpostas pelo Instituto Nacional do Seguro Social
(INSS), as chamadas ações regressivas.
“Essas ações visam obrigar o empregador a ressarcir o INSS pelos gastos destinados a
benefícios acidentários (aposentadoria por invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente ou pensão
por morte) ou decorrentes da prestação de serviços de reabilitação profissional”, explica a
advogada Karla Bernardo, da Pactum Consultoria.
Do ano passado para cá, foram julgadas doze ações regressivas, todas em favor do
INSS, que deverá ser ressarcido em R$ 2,455 milhões. “Apenas em Manaus há 31 ações re-
gressivas em andamento, sendo que em Londrina são 30 ações interpostas desde 2007, isso
comprova o endurecimento do instituto com os empregadores negligentes”, afirma o coor-
denador-geral de cobrança e recuperação de crédito da Procuradoria-Geral Federal, Albert
Caravaca.
Somente em 2007, o INSS gastou R$ 5,075 bilhões com benefícios previdenciários
decorrentes de acidentes de trabalho. Em 2006, foram R$ 4,387 bilhões. A escalada de aumento
começou em 2002. Naquele ano, foram R$ 2,752 bilhões; em 2003, R$ 3,408 bilhões; e em 2004,
R$ 4 bilhões. Especialistas consideram que parte desses valores poderão ser restituídos aos
cofres da Previdência por meio das ações regressivas, pois teriam ocorrido por negligência do
empregador.
As ações regressivas do INSS estão previstas na Lei no 8.213, de 1991, mas somente em
2003, com base na Resolução no 1.291 do Conselho Nacional da Previdência Social, empresários
foram acionados na Justiça pelos gastos destinados a acidentes do trabalho.
Atualmente, o Brasil é o 4o colocado na lista da Organização Internacional do Trabalho
(OIT) em acidentes ocupacionais com morte, e ocupa a 15o colocação em números gerais de
acidentes do trabalho, que incluem os com morte, com incapacidade permanente e afastamento
temporário. “O empregador tem de acompanhar o estado de saúde do trabalhador para se
eximir de qualquer responsabilidade, fazendo exames anuais, como prevê a legislação”, alerta
Karla Bernardo.
Segundo informações da Advocacia-Geral da União, em todo o País foram registrados,
somente no ano passado, 503.890 acidentes, sendo que a maioria (47%) foi identificada no setor
industrial, que soma, aproximadamente, 237.188 acidentes. Em segundo lugar, está o setor de
serviços que é responsável por 45% dos acidentes no trabalho. Em outubro, o Ministério da
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Previdência Social deverá publicar um novo balanço indicando os gastos com a saúde do traba-
lhador, bem como estatísticas de doenças ocupacionais e que setores são os mais afetados.
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entes insalubres, perigosos e penosos. Em 2005, a despesa foi de R$ 9,83 bilhões. Em 2007,
subiu para R$ 10,72 bilhões. O aumento dos registros como acidentários (relacionados à profis-
são) não indica que a conta da Previdência vai crescer na mesma velocidade. Esses auxílios já
eram pagos, mas como benefícios “previdenciários”, como se a doença fosse comum.
O diretor comparou os números de 2006 da Relação Anual de Informações Sociais
(Rais) – detalhamento do emprego formal – com os acidentes registrados nas Comunicações de
Acidentes de Trabalho (CATs) naquele ano e concluiu que, proporcionalmente, a faixa etária
mais exposta a acidentes foi de trabalhadores até 19 anos. Em números absolutos, a faixa foi a de
30 a 35 anos.
Esse cruzamento entre os números da Rais e das CATs, em 2006, também mostra que
o setor com mais ocorrências no âmbito da saúde ocupacional foi o dos serviços industriais de
utilidade pública. Naquele ano, nos 344.365 postos de trabalho, foram levadas ao INSS 12.302
CATs. Nessa classificação, seguem-se, em ordem decrescente: indústria de transformação, extra-
ção mineral, agropecuária, construção civil, serviços, comércio e administração pública.
Com a evolução do nexo, a Previdência vai definir o Fator Acidentário de Prevenção
(FAP) que passa a valer no ano que vem. Atualmente, as empresas recolhem de 1% a 3% do
valor de suas folhas de pagamento como a contribuição ao Seguro Acidente Trabalho (SAT). O
objetivo é premiar a empresa que investir em segurança e reduzir suas ocorrências. Nesse caso,
ela vai pagar contribuição menor ao SAT.
Por meio do FAP, o critério será por empresa e a contribuição ao seguro será de 0,5%
até 6% da folha de pagamentos. Hoje, o critério setorial, pela Classificação Nacional de Ativida-
des Econômicas (CNAE) e vai de 1% a 3% da folha. Mas a mudança provocada pelo FAP terá
o teto equivalente ao dobro do percentual pago atualmente. Portanto, não vai haver o salto de
1% para 6% nessa contribuição.
Todeschini recomenda que, em benefício próprio e dos seus trabalhadores, as empresas
devem aperfeiçoar seus programas de prevenção, prestigiar a Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes (Cipa) e fomentar a cultura permanente da educação e da prevenção. Mas ele também
reconhece que o governo tem muito a realizar. Como exemplo, cita a retomada da Política
Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador, que deve articular ações de três ministérios:
Trabalho, Previdência e Saúde.
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Benefícios Previdenciários
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adesão das empresas é facultativa ao chamado programa Empresa Cidadã. Podem aderir ao
Empresa Cidadã empresas da iniciativa privada e órgãos da administração pública direta, indire-
ta e fundacional.
Regra só entrará em vigor na iniciativa privada em 2010
As novas regras podem ser aplicadas imediatamente para as servidoras públicas, mas só
deverão entrar em vigor para a iniciativa privada em 2010. Isso porque qualquer renúncia fiscal
tem que estar prevista no Orçamento.
A empresa poderá abater do Imposto de Renda os dois meses de licença extra pagos à
trabalhadora. Hoje, os quatro meses de licença-maternidade custam mais de R$ 2 bilhões à
Previdência. A empresa paga o salário, mas depois compensa no recolhimento da contribuição
previdenciária. Trabalhadoras autônomas e empregadas domésticas não terão direito ao benefí-
cio. O setor empresarial resiste à proposta.
O Ministério da Fazenda tentou fazer com que Lula vetasse a lei na íntegra, reclamando
que trará perda de R$ 800 milhões anuais na arrecadação federal, devido à isenção fiscal.
Hoje, a licença é de quatro meses, com o salário sendo bancado pelo INSS, e trabalha-
dora e empresário pagando as respectivas contribuições previdenciárias. Já nos dois meses adi-
cionais da licença-maternidade, quem banca o salário é o empregador, que descontará os gastos
posteriormente no IR da empresa.
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Ao contrário do que afirma a equipe econômica, Lula negou que a medida vá afetar a
economia.
Ele endossou as informações repassadas pelo ministro da Previdência, José Pimentel
(PT), que o acompanhava em solenidade de inaugurações no Porto do Pecém (CE), e afirmou
que a renúncia vai envolver cerca de 200 grandes empresas – e ainda assim será repartida com
Estados e Municípios.
O impacto seria menor do que o previsto pelo Ministério da Fazenda por causa das
pequenas e médias empresas optantes do Simples que “não têm imposto de renda direto”.
O presidente destacou a importância do benefício dizendo que, ao permanecerem mais
tempo perto de suas mães, as crianças adoecem menos, o que acaba representando uma econo-
mia de gastos com a saúde: “Penso que a gente vai investir para cuidar das mulheres no pós-
parto. Vai ficar mais barato do que a quantidade de crianças que, por falta de a mãe poder cuidar,
ficam doentes e precisam de hospital”.
Aprovado pela Câmara no dia 13, o projeto oferece incentivo fiscal às empresas que
optarem por estender a licença dos atuais quatro meses para seis. O benefício valerá automatica-
mente para as servidoras federais após a sanção. No setor privado, entretanto, só entrará em
vigor em 2010.
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aprovadas, o patrão pagará o salário da mãe durante os dois meses adicionais, mas poderá abater
integralmente o valor do Imposto de Renda devido à União. O problema é justamente esse. As
micro e pequenas empresas, que empregam mais de 90% da mão de obra do país, alegam ter
dificuldades para aderir à legislação.
“As pequenas empresas não têm capital de giro para custear o salário durante esses dois
meses e só abater do IR um ano depois. A saída seria pegar um empréstimo, mas o custo (taxa
de juros) é muito elevado. A adesão (ao programa) deve ser muito limitada”, aposta Carlos
Thadeu de Freitas, economista chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
“O problema é justamente esse. O pequeno empresário não tem cacife para custear
dois salários (da mulher licenciada e de sua substituta temporária) ao mesmo tempo”, ressalta o
vice-presidente da Federação do Comércio do Distrito Federal, Miguel Setembrino. “A lei é boa,
mas dificilmente a adesão será grande nas pequenas empresas.” A presidente da Associação
Comercial do DF (ACDF), Danielle Bastos, teme que a medida atrapalhe a contratação de
mulheres no varejo local. “Aqui se trata de empresas pequenas que só contratam quem é neces-
sário. Ficar sem uma funcionária por mais dois meses pode ser prejudicial”, pondera.
Depois de sancionada a lei, o governo terá 60 dias para regulamentar a nova licença.
Nesse prazo, a União deve decidir se vai oferecer o benefício a servidoras públicas – a lei apro-
vada não obriga. Ontem, a Casa Civil da Presidência da República informou que o assunto ainda
será discutido pelos ministérios do Planejamento, da Previdência e do Trabalho.
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os trabalhadores.
Prova
As mudanças na legislação previdenciária visam inverter o chamado “ônus da prova” na
concessão de benefícios. Hoje, os trabalhadores são obrigados a comprovar com documentos o
tempo trabalhado. Com o CNIS atualizado, a Previdência dispensará o trabalhador dessa obri-
gação, e o benefício poderá ser concedido automaticamente com base nas informações cadastrais
do segurado sobre toda a sua vida profissional.
De acordo com o ministro, o CNIS tem informações certificadas somente de julho de
1994 até hoje. Os dados anteriores ainda estão passando pelo processo de cruzamento com
outros bancos de informação do governo, entre eles os da Receita Federal, da Caixa Econômica
Federal, da Justiça Eleitoral e do Ministério do Trabalho.
Pimentel explicou que a concessão automática da aposentadoria por idade virá mais
rápido porque utilizará as informações já validadas do CNIS. Pelas regras atuais, para o trabalha-
dor ter direito à aposentadoria por idade, basta ter contribuído 13 anos e seis meses para a
Previdência. Ou seja, o tempo requerido para o benefício abrange o período após julho de 1994.
Já a aposentadoria por tempo de contribuição exige que o trabalhador tenha recolhido
para a Previdência por 35/30 anos (homem/mulher). “Para a concessão automática desses be-
nefícios, precisamos homologar as informações do CNIS desde 1976 (ano de criação do cadas-
tro)”, disse o ministro.
Rurais
Pimentel disse ainda que será editado um decreto definindo os nomes das entidades
que ajudarão o governo a iniciar um processo de cadastramento de trabalhadores rurais, pesca-
dores artesanais e extrativistas.
“O Incra deverá entrar nos fornecendo todas as titulações de pequenas propriedades. O
sistema financeiro passará os dados da agricultura familiar (Pronaf)”, exemplificou.
Outra mudança legal que o ministro proporá ao Congresso é a separação da contabili-
dade da Previdência, segregando as aposentadorias rurais das urbanas. A medida terá efeitos
apenas contábeis, já que os trabalhadores rurais continuarão sob as regras previdenciárias.
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deles em feiras e nos espaços coletivos. Tornando-se pessoa jurídica, eles ficarão dispensados de
contabilidade e não pagarão guia de recolhimento de tributos.
Valor: É um regime mais simplificado que o das microempresas?
Pimentel: Sim. O Código Civil não trata da pré-empresa e seria complicado reformá-lo.
Optamos pela criação do microempreendedor individual. A cultura do empreendedorismo é
muito forte na academia, nos meios de comunicação e no Congresso.
Valor: Quais serão as facilidades?
Pimentel: Um projeto de lei complementar vai estabelecer que eles não pagarão sete
tributos: Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, PIS/Pasep, Cofins, Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido, IPI, contribuição previdenciária patronal e ICMS. Para o INSS, essa pessoa
jurídica pagará R$ 50 por mês. A pessoa física do microempreendedor pagará aquela modalida-
de simplificada de 11% sobre o salário-mínimo, o que dará direito a aposentadorias por idade,
auxílio-doença, auxílio-acidente de trabalho, salário-maternidade, salário-família, auxílio-reclu-
são e pensão por morte. É o mesmo que está previsto no Simples Nacional.
Valor: Serão dispensados de emitir nota fiscal?
Pimentel: Não. Isso é importante para combater a pirataria e a sonegação. O projeto de
lei está pronto, com tramitação de urgência. O líder Fontana disse que pretende votá-lo em 9 de
julho.
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acidente de trabalho – ajuizadas em processos coletivos, para que os valores justifiquem a aber-
tura dos processos. “Por exemplo, em um banco, vamos levantar todos os casos de lesão por
esforço repetitivo (LER) nos últimos dois, três anos, verificar se houve negligência do emprega-
dor e ajuizar uma única ação”, diz.
A nova política de cobrança do INSS é uma tentativa de aplicação de um dispositivo
considerado esquecido: o art. 120 da Lei no 8.213 de 1991. Segundo a regra, nos casos de
negligência quanto às normas de segurança e higiene do trabalho, a Previdência Social deve
propor ações regressivas contra os responsáveis. Por ser de difícil aplicação prática, a previsão
acabou esquecida.
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Redução do auxílio-doença
Publicou O Estado de S. Paulo, em 21.02:
O número de beneficiários do auxílio-doença concedido pelo Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) caiu 12% entre 2006 e 2007, de 1,57 milhão para 1,38 milhão, segundo
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reportagem do Estado (18/2, B5). Interrompeu-se, assim, a escalada de aumentos desse benefí-
cio ocorrida no governo Luiz Inácio Lula da Silva, graças às medidas de combate às fraudes
adotadas pela Previdência.
Até 2000, a média anual de concessão de auxílios-doença era da ordem de 600 mil. Houve
aumento substancial, nesta década, atribuído em parte pelo então ministro da Previdência, Nelson
Machado, às fraudes. Estas foram estimuladas pelas regras de concessão do auxílio-doença.
Mais da metade dos beneficiários recebeu, a título de auxílio-doença, um valor 30%
superior ao que teria recebido se estivesse trabalhando. Isto provocou a formação de quadrilhas
especializadas na obtenção do benefício, suspeitando-se da participação de funcionários do INSS.
Caracterizou-se, então, uma verdadeira “indústria de perícias” funcionando nos Estados de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul – ou seja, nos Estados mais populosos
e nos quais a clientela tem maior poder econômico, mas também em Estados como a Bahia e
Pernambuco.
Várias providências foram adotadas pelo INSS para combater essa onda de fraudes, entre
as quais a convocação dos segurados que recebiam o benefício há mais de dois anos para fazer
nova perícia e a limitação – aos mesmos dois anos – do período máximo de concessão dos novos
benefícios. Na segunda-feira, o INSS expediu cartas a 21 mil beneficiários do auxílio há mais de
dois anos. Foi o oitavo lote de intimações do tipo, com a determinação de agendar nova perícia.
Em 2005, 3 mil médicos haviam sido contratados como peritos do INSS, pondo fim à
terceirização de número igual de médicos. E durante duas semanas, em setembro de 2007, a
Previdência fez uma campanha publicitária para informar os segurados do INSS sobre quem
tem direito ao auxílio-doença, em que situação o benefício é devido e qual o trabalho dos
médicos peritos.
A queda do número de beneficiários de auxílio-doença faz supor que há, de fato, graves
distorções nas concessões.
O pesquisador Marcelo Caetano, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea),
aprova as ações da Previdência. “Houve anos de aumentos assustadores (na concessão dos
benefícios), como em 2002, quando a quantidade de auxílios cresceu 48% em relação a 2001, e
em 2003, quando a elevação bateu nos 28%.”
Mas é preciso, para evitar as fraudes no auxílio-doença, regras melhores, argumenta
Caetano. “Mas como o governo está enfrentando dificuldades para fazer ajustes nas regras, tem
buscado as ações administrativas para conter os gastos.”
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PREVCidade
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Dívida Ativa
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para fiscalizar a contribuição previdenciária. De janeiro a maio deste ano, a Receita emitiu em
todo o país 128,29 mil intimações cobrando R$ 37,36 bilhões em contribuições previdenciárias
declaradas e não pagas.
O cruzamento de informações já existia no INSS. Antes, porém, a notificação era
feita na empresa, com a ida de fiscais ao estabelecimento. “Agora as intimações são geradas e
emitidas automaticamente com o cruzamento de dados internos”, explica o chefe da divisão
de fiscalização da Receita Federal em São Paulo, Fábio Kirzner Ejchel. Ele não tem registros
do volume desse tipo de notificação no antigo INSS, mas os tributaristas são testemunhas da
mudança.
“Há uma preocupação a mais na questão da contribuição previdenciária, que é a reper-
cussão criminal e a responsabilidade dos diretores”, explica. Por isso localizar a inconsistência
antes da Receita é duplamente importante. Isso dá à empresa a oportunidade de corrigir o erro.
“Se a intimação chega antes, já vem com multa. A repercussão criminal, que pode trazer o não
recolhimento da contribuição previdenciária de empregados, também causa receio de constran-
gimento aos administradores.”
“Como o cruzamento automático de informações, o corpo de fiscais antes dedicado a
isso pôde ser deslocado para outras atividades”, diz Ejchel. Entre elas, processos de fiscalização
mais sofisticados e, principalmente, ações contra sonegação na área previdenciária.
Novamente o domínio num único sistema de dados antes apartados em dois órgãos
distintos revolucionou a fiscalização. Somente nos últimos 90 dias, a Receita deflagrou em São
Paulo 1,53 mil ações de combate à sonegação. Pelo menos 1,36 mil dessas iniciativas tornaram-
se viáveis apenas com a integração de informações. Desse total, 661 foram ações dentro de um
programa nacional da Receita.
O chefe de fiscalização lembra que o levantamento alimentará outras iniciativas para
outros tributos. “Para a fiscalização de contribuição previdenciária, fomos atrás de quem tinha
relação massa salarial/receita abaixo da média, o que é indício de sonegação de contribuição
previdenciária. Mas houve casos em que a relação estava muito acima da média, o que pode
indicar omissão de receitas”, afirma ele.
ANASPS considera desalentadora transferência da dívida ativa do INSS para a
Procuradoria da Fazenda Nacional
Em 10.04, o anúncio de que a divida ativa do INSS, estimada em R$ 200 bilhões,
estaria sendo transferida da Advocacia-Geral da União – AGU para a Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional – PGFN foi considerada “desalentadora” pela Associação Nacional dos
Servidores da Previdência e da Seguridade Social – ANASPS, assinalando que não há a menor
chance de a Previdência recuperar o passivo, considerando que a PGFN apresenta baixa
performance na recuperação de créditos. Antes, a Receita Previdenciária e a dívida ativa esta-
vam no INSS. Primeiro transferiram a divida para a AGU e depois a Receita para a Receita
Federal.
Dados do DatANASPS, de janeiro de 2008, indicam que a PGFN está vergada sobre
uma montanha de divida de R$ 486,5 bilhões e 7,5 milhões de inscrições em cobrança, com um
crescimento anual “vergonhoso” de 22%, em termos de valores nominais, e de 10% em termos
de inscrições em cobrança, não se observando na área financeira qualquer empenho para a
recuperação de crédito, que se mantém em níveis críticos de apenas 2,5%, apesar do amplo
favorecimento proporcionado pelo governo, por pressão de sua base política, aos devedores,
tidos como caloteiros.
O DatANASPS divulgou dados dos últimos cinco anos sobre o valor da dívida, volume
de inscrições , recuperação de crédito, que confirmam as preocupações da ANASPS.
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Previdência Complementar
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de redução de juros, o governo avalia que devem aumentar as aplicações em imóveis, infraestrutura
e ações. “No passado, era confortável (aplicar em títulos públicos). Tinha retorno alto e risco
baixo. Isso mudou. Os fundos vão ter que correr mais risco para se rentabilizar”, disse Pena.
O governo se prepara para mudar as metas de retorno exigidas dos fundos. Hoje, o teto
é de 6% ao ano. Segundo Pena, esse percentual pode ser reduzido para um máximo de 5%.
A Secretaria também quer propor mudanças nas taxas de administração dos fundos. As
entidades estatais devem ter o teto de 15% reduzido para cerca de 10% das contribuições dos
participantes. Já as entidades privadas terão de estabelecer percentuais máximos
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anos anteriores ficou muito acima e nos possibilitou ter este colchão, isso nos dá a convicção de
que a direção da estratégia no longo prazo foi correta”, disse ele, ressaltando que o fundo
acumulou na época das “vacas gordas” e poderá enfrentar melhor os tempos de “vacas magras”.
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uma meta de 9,25%, entre janeiro e agosto. Em 2007, as entidades superaram a meta de 11,46%;
a rentabilidade foi de 22,82%.
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36% do patrimônio de R$ 460 bilhões dos fundos de pensão estão aplicados em bolsa
de valores
R$ 20 bilhões além do permitido é o que o fundo Previ, dos funcionários do Banco do
Brasil, tem aplicado em bolsa de valores
R$ 16 bilhões era o total, em julho, das dívidas das empresas patrocinadoras com os
fundos de pensão
R$ 76 bilhões era o tamanho do superávit dos fundos de pensão em dezembro do ano
passado. Esse número foi reduzido para R$ 64 bilhões em julho e pode ter caído ainda mais com
as recentes quedas na Bolsa
SPC: Governo manda ao Congresso projeto que recria Previc. Superintendência
de Previdência Complementar terá Câmara de Recursos
Em 1o.09, o MPS informou que o projeto de lei recriando a Previc – Superintendência
Nacional de Previdência Complementar chegou à Câmara dos Deputados, onde tramita como
PL no 3.962/08.
A Previc será uma autarquia de natureza especial, dotada de autonomia administrativa e
financeira, e vinculada ao Ministério da Previdência Social (MPS). Uma das novidades introduzidas
no projeto do Executivo, com relação à Previc que funcionou em 2005, é a inclusão de uma
Câmara de Recursos da Previdência Complementar, instância de julgamento a ser instalada na
Superintendência.
A previdência complementar exercida por patrocinadores e participantes possui hoje
369 entidades fechadas, que acumulam um patrimônio superior a R$ 420 bilhões, correspondendo
a 17% do PIB brasileiro. Esse sistema conta com a participação de 2,5 milhões de participantes,
entre trabalhadores ativos e assistidos, totalizando cerca de 6,7 milhões de pessoas. Já a modali-
dade de Previdência Associativa, também fiscalizada e regulada pela atual SPC, tem 18 entidades
e 46 planos, reunindo 250 associações de classe, sindicatos e cooperativas, com 100 mil partici-
pantes e uma reserva acumulada de R$ 246 milhões.
O secretário da SPC, Ricardo Pena, comemorou o rápido início da tramitação do proje-
to de lei na Câmara dos Deputados. Ele lembrou que o trabalho já feito pela SPC será agora
consolidado com a criação de uma estrutura de supervisão, um órgão de Estado nos moldes da
Previc, “comprometido com políticas de longo prazo e com quadro técnico próprio, responsá-
vel pela promoção do desenvolvimento do sistema de previdência complementar do país.”
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realização dos correspondentes concursos públicos. Quando estiverem todos providos, o que
poderá ocorrer a partir de 2009, estima-se impacto orçamentário anual da ordem de R$ 28,882
milhões.
22. Além da relevância da matéria demonstrada, a criação desse novo aparato de regulação
e fiscalização é medida urgente, uma vez que o sistema a ser regulado já atinge 17% do PIB e,
com a retomada do crescimento econômico e a modernização da legislação, novas empresas e
entidades associativas estão criando planos de previdência complementar, o que demanda maior
capacidade de atuação do Estado. Além disso, dando sequência à reforma da previdência (Emenda
Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003), encontra-se em discussão na Câmara o
Projeto de Lei nº 1.992, de 2007, que estrutura a previdência complementar dos servidores
públicos, modalidade previdenciária que será objeto de supervisão e de fiscalização do novo
órgão que ora se pretende criar.
23. Essas, Senhor Presidente, são as razões que nos levam a propor a Vossa Excelência
o encaminhamento da proposta de Projeto de Lei em questão.
Respeitosamente,
Paulo Bernardo Silva, Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão
José Barroso Pimentel, Ministro de Estado da Previdência Social
José Antônio Dias Toffoli, Advogado-Geral da União
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Participativa (CDH), do Senado Federal, o presidente da União Nacional das Entidades Repre-
sentativas dos Participantes do Portus, Vilson Balthar Arsenio, defendeu a paralisação de todos
os portos brasileiros como forma de pressionar por uma saída para a crise enfrentada pelo
fundo de pensão da categoria. Segundo informou, os portuários tentam resolver a situação por
meio de negociação há mais de 10 anos, sem sucesso.
Em sua opinião, os problemas relacionados à dívida do fundo – que podem levar a sua
insolvência – não foram causados pelos trabalhadores, que tiveram descontada em folha a con-
tribuição devida. O sindicalista explicou que o Portus é patrocinado por diversas companhias
docas, que são instituições estatais. Tal condição obrigaria, portanto, o governo a responder
pelas dívidas dessas companhias para com o fundo.
A representante da Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão (Anapar),
Claudia Muinhos Ricaldoni, também concorda que as dívidas do Portus são passíveis de nego-
ciação com o governo. Na sua avaliação, essa crise pode contribuir para a eficiência dos portos
brasileiros.
O diretor presidente do Fundo de Pensão Portur, Eduardo Celso de Araújo Marinho,
defendeu saldar o plano porque, segundo ele, as companhias docas não têm condições de atua-
lizar as contribuições devidas. No seu ponto de vista, a adoção de alternativas, como aumentar
o valor das contribuições, deverão agravar a situação tanto dos trabalhadores – que terão des-
contados maiores valores – como dos patrocinadores, que enfrentam dificuldades financeiras.
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Administração Previdenciária
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Previdência Social e no aumento da oferta de vagas. Somente de janeiro a novembro deste ano,
foram abertas mais 1.338.015 novas vagas em todas as Agências da Previdência Social (APS) do
país, um crescimento de 30,53% em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a
novembro, passaram pelas agências da Previdência 5.720.325 pessoas.
Com as medidas de gestão e a redução da agenda, o Tempo Médio de Concessão (TMC)
de benefícios também vem sendo reduzido em todo o país, registrando uma queda de 18,21%.
De janeiro a novembro de 2007, o TMC era de 33 dias, passando para 27 dias no mesmo
período de 2008.
A partir de janeiro de 2009, com a ampliação da base e validação dos dados do Cadastro
Nacional de Informações Sociais (CNIS), será possível conceder aposentadoria por idade, para
os trabalhadores urbanos, em apenas 30 minutos, com reconhecimento automático de direitos.
Essa medida, proposta pela Previdência ao Congresso Nacional e sancionada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, evitará que o segurado perca tempo juntando os documentos exigidos
para requerer a aposentadoria.
O ministro da Previdência Social lembra que o segurado não precisa mais “recolher um
saco de documentos”, porque caberá à Previdência ter todos os dados do cidadão. “Nós estamos
aposentando o saco de documentos que se exige do trabalhador quando ele vai requerer o seu
benefício previdenciário”, explicou Pimentel.
O segurado precisará apresentar apenas documento de identidade. Caso haja discordância
por parte do trabalhador, ele poderá solicitar inclusão de informações, desde que apresente
provas contemporâneas dos dados inexistentes no sistema.
A implantação do novo sistema será gradativa para os demais benefícios. Em março de
2009, começa a vigorar o reconhecimento automático de direitos para aposentadorias por tem-
po de contribuição. Em julho, será a vez da inclusão de aposentadoria para segurados especiais
(área rural).
Agendamento
O Tempo Médio de Espera de Agendamento (TMEA) também caiu, no mesmo perío-
do e para todos os serviços do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 23,21%, passan-
do de 56 dias, em 2007, para 43 dias, em 2008.
Essa redução dos tempos de espera foi possível a partir da adoção de um controle
efetivo dos agendamentos marcados, tanto pela Central 135 como pela página da internet, os
dois canais remotos da Previdência Social. As vagas constatadas como ociosas, após confirma-
ção do horário agendado, estão sendo repassadas para segurados que têm agendamentos supe-
riores à meta institucional de 30 dias.
Os operadores da Central 135 ligam para os segurados, até 72 horas antes da data
marcada, para confirmar o atendimento. Além do controle pela central, as APS mantém um
sistema de antecipação da agenda. A própria agência telefona para os segurados que estão com
data marcada superior à meta institucional de 30 dias.
Com essas medidas de controle da agenda, a Previdência constatou, ainda, que muitas
marcações eram feitas por terceiros – agenciadores –, que depois “vendiam” a vaga para os
segurados em diversas cidades.
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Segundo o ministro, 900 empregos serão para assistentes sociais no INSS. “Em 2004, o
presidente Lula resgatou essa carreira, que havia sido extinta em 1997”, explicou.
As outras 327 vagas ficarão para os analistas de tecnologia da informação (TI) na Dataprev.
Neste caso, as chances foram abertas dentro de um novo plano de cargos da empresa.
Porém, Pimentel não adiantou detalhes de datas ou os salários oferecidos. “Vamos
precisar de novos profissionais para preencher as vagas”, avaliou.
Médicos do INSS vão ter mais segurança. Justiça determina que instituto instale
portas detectoras de metais e câmeras em postos onde são feitas perícias
Por Ludmila Curi, de O Globo, em 22.10:
Responsáveis por atestarem doenças que incapacitam para o trabalho, os médicos peri-
tos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) correm risco de vida nos consultórios caso
não renovem o laudo de invalidez dos seus pacientes. Na Agência da Previdência Social de
Itaguaí, por exemplo, três profissionais já passaram por situações de violência. Uma médica
sofreu uma tentativa de esganadura, depois de dar um parecer negativo a uma segurada.
No mesmo lugar, um médico foi intimidado com uma tesoura e outro afastado por
síndrome do pânico, depois de receber muitas ameaças.
Por conta disso, o Sindicato dos Médicos entrou com uma ação na Justiça, que determi-
nou, no último dia 16, que o INSS melhore, num prazo de 90 dias, a segurança das agências.
O instituto será obrigado a instalar portas detectoras de metais e câmeras de segurança
nos locais onde trabalham os 600 médicos peritos que atuam no Estado do Rio.
No mesmo ano, o médico perito Salvador Moreno, de 56 anos, foi golpeado na cabeça
por um monitor de vídeo na agência de São João de Meriti.
“A pessoa recebe o resultado desfavorável, invade a sala e agride o perito com o que ela puder.
Os seguranças vieram porque escutaram o barulho. Se ele tivesse acertado em cheio, eu não estava vivo.
Ele quase me matou, era forte, tinha uns dois metros de altura e pesava 120 quilos”, contou.
Em mais de 10 anos de profissão, Salvador conta que já foi ameaçado mais de 50 vezes:
“O cara parte pra cima para que eu mude o laudo, dizendo ‘se você não mudar, eu vou te bater’.
Esse homem da agressão voltou depois, pediu desculpa, mas encaminhei a perícia para outro
profissional e dei queixa sobre ele na Polícia Federal de Nova Iguaçu”.
O segurado que agrediu o médico em São João de Meriti é até hoje beneficiário da
previdência por sofrer do mesmo problema: lombalgia (dor na região lombar). A doença é a
causa de cerca de 35% dos benefícios concedidos na agência do local. O número chama a
atenção de Salvador. “Não tem razão pra tanta lombalgia no mesmo lugar!”
INSS diz já ter tomado as medidas pedidas por juiz. Segundo a assessoria de imprensa
do INSS, a decisão judicial só chegou ontem a Brasília.
O órgão diz estar aberto para reforçar a segurança dos médicos peritos e alega que
concluiu recentemente a instalação de portais detectores de metais em todas as 1.110 agências
do país. A novidade custou R$ 4 milhões, mas já sofre críticas.
“Os portais apitam e fica por isso mesmo. Ninguém revista”, disse o presidente do
Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed), Jorge Darze.
No primeiro semestre deste ano, a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP)
registrou 60 episódios de violências, entre ameaças e agressões, em todo o Brasil. Em 2006, em
Minas Gerais, a médica perita Maria Cristina de Souza Felipe foi morta a tiros por denunciar
uma quadrilha que fraudava documentos de concessão de auxílio-doença. No ano passado,
também em Minas, José Rodrigues de Souza morreu após levar um tiro em plena agência da
Previdência Social.
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Crédito para mais de 100 mil. Previdência fecha convênio com Caixa e BB para
financiar casa própria no modelo consignado
Por Luciene Braga, de O Dia, Rio, em 24.10:
O Ministério da Previdência vai assinar, dia 31, convênio com Caixa Econômica Federal
e Banco do Brasil para conceder financiamento habitacional via crédito consignado. O acordo
facilitará o acesso à casa própria para 100.800 servidores ativos, inativos e pensionistas do minis-
tério (5 mil), INSS (39.500 ativos, 39 mil inativos e 13 mil pensionistas) e Dataprev (3.100 ativos
e 1.200 inativos e pensionistas).
O ministro da Previdência, José Pimentel, anunciou a medida no encontro de gerentes
da Dataprev para o planejamento estratégico 2009-2011, no Rio. Segundo ele, a interiorização
das agências do INSS, que prevê abertura de mais 715 no País – 172 no Sudeste –, precisa gerar
interesse por cidades com média de 20 mil habitantes: “O servidor que for para essas unidades
chegará às cidades com mais segurança, com condições de ter casa própria. Mas o convênio é
para todos”.
A Caixa só deverá divulgar taxas em uma semana. Segundo o modelo para funcionários
da Universidade Nacional de Brasília (UNB), eles terão desconto de 100% na taxa de adminis-
tração antecipada no consórcio de imóveis e automóveis e ampliação do prazo de pagamento na
compra de material de construção, até 60 meses. Caso recebam no banco, servidores têm taxas
diferenciadas no cheque especial e cartão de crédito sem anuidade.
Dataprev faz seleção para contratar 347
O ministro da Previdência, José Pimentel, anunciou que o edital de contratação de 347
servidores para a Dataprev será divulgado mês que vem. São 23 vagas para assistente de Tecnologia
da Informação (Nível Médio) e 324 (Superior) para analista de TI. Os exames deverão ser
aplicados em janeiro ou fevereiro, e os aprovados serão contratados em breve.
O presidente da Dataprev, Lino Kieling, afirmou que poderá haver mais contratações:
“Formaremos um cadastro de reserva, e esses aprovados serão chamados ao longo dos dois
anos de validade do concurso”. Segundo ele, a Dataprev passa por modernização, acompanhan-
do os novos modelos de gestão da Previdência.
O ministério já anunciou que a automatização de todos os dados vai permitir concessão
da aposentadoria em meia hora a partir de 2010. “Os próximos anos serão decisivos. Estamos
substituindo o sistema que era vinculado a um único fornecedor (Unysis) e adotando platafor-
mas abertas, com o Java”, explica Kieling.
A Diretoria de Desenvolvimento de Projetos da Dataprev está preparando um sistema
para integrar dados do Ministério do Trabalho ao Cadastro Nacional de Informações Sociais
(CNIS). O diretor Rodrigo Darlem acrescentou que a empresa está aprimorando o sistema de
segurança dos dados.
Pimentel quer expandir rede para atender a mais 30 milhões de brasileiros. Apoio
do Congresso beneficiará população de 1.384 Municípios
Em 14.10, o MPS infornou que na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Naci-
onal, o ministro da Previdência Social, José Pimentel, solicitou apoio dos parlamentares para
garantir recursos orçamentários necessários à expansão da rede de Agências da Previdência
Social (APS). O objetivo, segundo o ministro, é melhorar o atendimento e interiorizar e aumen-
tar o número de unidades do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país. A
expansão prevê a criação de 715 novas agências fixas, que passariam das atuais 1.110 para 1.825
unidades.
Atualmente, o INSS está presente com unidades fixas em 950 Municípios, e a ideia é
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estender esta participação para todas as cidades com mais de 20 mil habitantes que não possuam
Agências da Previdência Social. Com as novas instalações e suas áreas de abrangência, a previsão
é a de atender a uma população estimada em 30,8 milhões de pessoas. “Além de evitar o deslo-
camento dos segurados para os grandes centros, vamos reforçar as cidades de porte médio e,
ainda, melhorar o atendimento das nossas agências”, explicou.
O ministro citou um estudo realizado pelo Ministério da Previdência Social em que se
constatou que muitos segurados são obrigados a percorrer mais de 150 quilômetros para serem
atendidos em uma unidade do INSS. José Pimentel pediu para que os parlamentares conversem,
não apenas com suas bancadas, mas também com os prefeitos dos Municípios que representam
para que ajudem na formação de parcerias. “Em contrapartida, precisamos que as prefeituras
nos cedam os terrenos para que possamos instalar as agências”, ressaltou. Ele afirmou que a
criação das novas unidades terá impacto significativo na prestação dos serviços previdenciários.
Durante a reunião, o ministro apresentou aos parlamentares gráficos com a distribuição
das unidades por Estados e regiões (veja tabela abaixo) que deverão estar funcionando em 2009
e em 2010. O plano prevê a criação de 336 unidades na Região Nordeste; 172 na Região Sudeste;
102 na Norte; 29 na Centro-Oeste; e 76 na Região Sul. Cada APS deverá custar cerca de R$ 570
mil, totalizando R$ 404,7 milhões para a implantação de todo o projeto.
Conforto
Além da criação das novas agências, a rede atual está passando por um amplo processo
de recuperação. Todas as unidades do país estão sendo reformadas, ampliadas ou, até mesmo,
transferidas para novos prédios. O objetivo é proporcionar maior conforto a segurados e servi-
dores, bem como garantir celeridade na análise para concessão e manutenção dos benefícios
previdenciários.
As novas instalações seguem um layout padronizado, que tem como meta a moderniza-
ção das APS, com dispositivos de segurança – como portais detectores de metais –, sinalização
interna, para orientar o cidadão, equipamentos de informática e acessibilidade para pessoas
portadoras de deficiência.
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mil. Ele disse que, com a instalação dessas 715 novas unidades, todos os Municípios com mais
de 20 mil habitantes terão agências do INSS.
O ministro também vai se reunir com integrantes da Comissão Mista de Orçamento na
próxima semana para discutir o assunto. Ele explicou que, além dos recursos orçamentários para
2009, o ministério também quer incluir a ampliação da rede no Plano Plurianual.
As novas agências deverão estar funcionando em 2009 e em 2010. O plano prevê a
criação de 336 unidades na Região Nordeste; 172 na Região Sudeste; 102 na Norte; 29 na
Centro-Oeste; e 76 na Região Sul. Cada nova Agência deverá custar cerca de R$ 570 mil.
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Lula assina decreto que antecipa 13o na folha de agosto. A partir do dia 25, INSS
pagará cerca de R$ 6,9 bilhões de abono natalino
Em 1o.08, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto em que anteci-
pa a primeira parcela do 13o salário para os beneficiários do Instituto Nacional do Segu-
ro (INSS). O pagamento para cerca de 21,45 milhões de beneficiários será feito junto
com a folha de agosto, depositada entre os cinco últimos dias úteis do mês e os cinco
primeiros dias úteis de setembro no Diário Oficial da União.(rever: falta texto??)
Para o ministro da Previdência Social, José Pimentel, a decisão do governo tem como
objetivo dar comodidade aos beneficiários. “As pessoas não precisarão ir duas vezes ao banco,
uma para receber o benefício e outra para sacar o abono”, afirmou Pimentel. A unificação do
pagamento, explicou Pimentel, também evita filas na rede bancária e reduz custos, pois a Dataprev
não precisará rodar duas folhas de benefícios.
Com a antecipação, a folha do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para o mês
de agosto somará cerca de R$ 21,9 bilhões. Apenas o 13o representa uma injeção de cerca de R$
6,9 bilhões a mais na economia. É a terceira vez que os beneficiários da Previdência recebem
parte da gratificação adiantada. A primeira foi em 2006, como resultado de acordo firmado
entre o governo e as entidades representativas de aposentados e pensionistas. O acordo prevê
que a antecipação do 13o será mantida até 2010, último ano do governo do presidente Lula. A
cada ano será editado novo decreto estabelecendo a antecipação.
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Gestor
A partir de 26.06, cerca de 3.700 gestores do INSS participam da oficina “Moderniza-
ção da Gestão”, como parte do Programa de Educação Continuada, a ser realizada em Brasília,
São Paulo, Recife, Belo Horizonte e Florianópolis, sede das cinco gerências regionais do INSS.
O objetivo deste curso é o de capacitar os gestores para o desenvolvimento e a constru-
ção de um novo paradigma de gestão, voltado para a formação integral do ser humano – nas
dimensões do indivíduo, sociedade, trabalho e cultura – de acordo com as diretrizes estratégicas
do INSS.
Participam dirigentes dos níveis estratégico, tático e operacional, entre eles diretores,
procurador chefe, corregedor e auditor, gerentes regionais e executivos, coordenadores gerais e
de área, chefes de agência, entre outros.
No dia 16.07, os dois mil novos servidores, nomeados desde 26 de maio, começam o
“Curso de Ambientação”, que será realizado em três semanas, sendo as duas últimas em sete
polos: Brasília, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. O objeti-
vo, nesse caso, é receber e ambientar os novos servidores no INSS e conscientizá-los sobre a sua
função social para a sociedade brasileira.
Em 2007, o Programa de Educação Continuada do INSS ofereceu 28.316 oportunida-
des de cursos aos servidores. Este ano, serão mais 50.993 oportunidades para as áreas de Aten-
dimento, Gestão, Competências Técnicas e também para a Ambientação dos novos servidores,
sendo 29.693 presenciais e 21.300 a distância.
Além dos cursos presenciais e a distância promovidos pela Coordenação Geral de Re-
cursos Humanos do INSS, em 2007 foram oferecidas mil bolsas de estudo para cursos de
graduação e pós-graduação lato sensu, do Programa de Incentivo à Educação Formal. Este ano,
mais de 2.500 servidores serão beneficiados. O resultado da seleção dos candidatos inscritos
para as bolsas deve ser publicado.
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Para melhorar gestão, INSS venderá 3,5 mil imóveis em Rio e São Paulo
Por Geralda Doca, de O Globo, em 31.03:
Brasília – O governo vai se desfazer de todos os 3.501 imóveis do INSS que não estão
sendo utilizados como agências e postos de atendimento. A maioria está localizada nos Estados
do Rio e de São Paulo, inclusive em áreas valorizadas, como é o caso de um prédio da Rua
Alcindo Guanabara, que fica ao lado do Theatro Municipal do Rio. Para se desfazer dos bens, o
Ministério da Previdência assinará nas próximas semanas um contrato com a Caixa Econômica
Federal (CEF), que fará os leilões, a avaliação e a regularização (escritura) dos imóveis a serem
vendidos. Ainda não há um cronograma definido, mas a intenção do ministro Luiz Marinho é
iniciar a venda ainda este ano.
A proposta foi apresentada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva há cerca de duas
semanas e integra o pacote de medidas de melhoria da gestão do INSS. Em 2007, a Previdência
Social arrecadou R$ 5,3 milhões com aluguel de parte dos imóveis, mas teve uma despesa de R$
3,5 milhões com serviços de limpeza, vigilância, manutenção e impostos, como IPTU. Há tam-
bém imóveis ocupados irregularmente e outros vazios. Muitos estão em fase avançada de dete-
rioração, disse o ministro.
“O INSS não é imobiliária”, afirmou Marinho.
Ele disse que a Caixa se encarregará também de resolver conflitos no caso dos imóveis
ocupados irregularmente e todo o tipo de pendências, como contas de água, luz e condomínio.
Na falta de interessados, os imóveis serão destinados ao Programa de Arrendamento
Residencial (PAR), que visa reduzir o déficit habitacional na baixa renda.
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ação do MPF em São Paulo para diminuir atrasos no agendamento do atendimento do INSS
está suspensa até janeiro de 2009.
Em 17.03, a juíza federal substituta da 5a Vara Federal Cível de São Paulo Maria Fernanda
de Moura e Souza suspendeu até janeiro de 2009 a ação civil pública movida pelo Ministério
Público Federal contra os atrasos no agendamento para atendimento do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) em São Paulo.
Na decisão, a juíza determina que o INSS apresente um detalhamento do plano nacio-
nal de metas de atendimento para o Município de São Paulo, em que deverão constar as metas
para junho, setembro e dezembro de 2008. Segundo o plano, até o final do ano o problema do
atendimento eletrônico será solucionado. Além disso, o órgão terá que comunicar à Justiça
sobre como está o andamento e o cumprimento deste organograma.
Em fevereiro, o MPF entrou com ação civil pública na Justiça Federal com pedido de
liminar para que o INSS fosse obrigado a reduzir para pelo menos 15 dias o tempo de espera
entre o agendamento eletrônico, feito por telefone 135 ou pela internet, no site da Previdência,
e o início do atendimento efetivo em uma agência da Previdência social em São Paulo.
Na época, o MPF apurou que havia intervalo de até cinco meses entre o dia em que foi
marcado o atendimento por telefone e a data determinada. A lei determina que não pode passar
de 45 dias o intervalo entre o início do atendimento do INSS e a resposta da instituição sobre o
pedido de benefício ou outro serviço solicitado ao órgão.
Com a fiscalização das metas de atendimento do INSS pelo Judiciário, o procurador da
República Marcio Schusterschitz, autor da ação, acredita que algumas ações para diminuir a “fila
virtual” poderão ser efetivadas mais rapidamente pelo órgão, como a contratação de mais servi-
dores aprovados em concurso
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ciará quase 19 milhões de pessoas. Para Eduardo Sciarra (DEM-PR), a MP faz justiça aos que
ganham menos no INSS.
Com a nova sistemática, vigente desde dezembro de 2007, quem tem direito a benefício
mensal de um salário-mínimo poderá recebê-lo entre o quinto dia útil que anteceder o final do
mês de sua competência e o quinto dia útil do mês subsequente. Entretanto, o total de beneficiários
será distribuído proporcionalmente entre todos os dias de pagamento.
Para evitar filas em dias nos quais o expediente bancário é parcial (como 24 de dezem-
bro ou quarta-feira de cinzas), a MP considera dia útil, para fins de pagamento de benefício,
aquele no qual o expediente bancário tem horário normal de atendimento.
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Regimes Próprios
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Serra fecha acordo com Lula na previdência. Acerto estabelece que a União não
cobrará dívida de R$ 15 bilhões de SP com o INSS que Estado contestava na justiça
Por Kennedy Alencar, da Folha de S. Paulo, em 15.09:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador José Serra fecharam acordo para
a União não cobrar dívida de cerca de R$ 15 bilhões de São Paulo com o INSS (Instituto
Nacional de Seguro Social).
O acordo se refere à regularização da contribuição previdenciária de 200 mil funcioná-
rios ativos e aposentados contratados pelo governo paulista desde 1974. Em troca do “perdão”
dos R$ 15 bilhões, Serra reconhecerá uma dívida com o INSS de cerca de R$ 400 milhões,
relativa a 5.000 dos 200 mil funcionários. Serra assumirá oficialmente no sistema previdenciário
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Opinião da ANASPS
É por essas e por outras que a Previdência social está no fundo do poço.
Se o presidente Lula perdoar a dívida de São Paulo com a Previdência terá que perdoar
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Estados que estão no vermelho registram um déficit de R$ 22,7 bilhões. Esse resultado é com-
pensado, em parte, pelas contas dos seis Estados com Previdência superavitária.
Quando os números de 2007 são confrontados com os de 2006, chega a ocorrer
uma discreta queda (3%) no valor nominal do déficit. A redução é influenciada pelo desem-
penho do governo paulista, que conseguiu diminuir a necessidade de financiamento do
regime previdenciário de seus servidores. Em 2006, o saldo estava negativo em R$ 7,4
bilhões, caindo 14,8% no ano passado.
Piora
Em 16 unidades da Federação, as contas previdenciárias apresentaram piora em
2007. Em 15 (Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Sergipe) o rombo cresceu em 2007. No Acre, o resultado foi positivo, mas ficou
menor que o superávit de 2006.
Em outros nove Estados, o quadro melhorou de um ano para outro. Nos governos
de Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo, os regimes
deficitários conseguiram reduzir o desequilíbrio, apesar de permanecerem negativos.
O Pará foi o único Estado que conseguiu inverter sua posição, saindo de déficit
para superávit. No Tocantins, em Rondônia e em Roraima, os regimes conseguiram elevar
os seus superávits.
Herança
Na avaliação do secretário, o atual quadro da Previdência nos Estados é reflexo da
“herança” criada na década de 1990. “Com o Regime Jurídico Único, de 1991, criou-se um
desequilíbrio estrutural. Pessoas que não tinham contribuído para a aposentadoria no servi-
ço público, de repente, passaram a ter direito. A situação vai ficar mais favorável dentro de
30 a 40 anos”, afirma Schwarzer.
Ele acrescenta que os Estados aprovaram alíquotas de contribuição para os inati-
vos, o que contribui para reduzir o desequilíbrio. E a profissionalização dos fundos de
previdência e a fiscalização do governo federal vêm auxiliando na recuperação dos regimes.
Procurado, o Ipesp (Instituto de Previdência do Estado de São Paulo) informou
que o Estado é o maior ente federativo em número de servidores. “É perfeitamente cabível
que o valor de sua folha de pagamentos e sua consequente insuficiência financeira sejam os
maiores do país”, disse o superintendente Carlos Flory.
Ele acrescenta que a situação é de equilíbrio, pois o Estado está abaixo dos limites
de gasto com pessoal estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal. A previsão do insti-
tuto é que neste ano o déficit volte a cair, para R$ 6 bilhões. Mas, no longo prazo, a tendên-
cia é preocupante. “A tendência é que a folha de pagamento de benefícios afete o desenvol-
vimento do Estado. Por isso, alternativas estão sendo buscadas.”
No caso do Rio Grande do Sul, a Secretaria da Fazenda afirma que o Estado tem
um dos maiores déficits previdenciários do país por ter sido um dos primeiros a criar um
sistema próprio de previdência. Segundo a Fazenda gaúcha, o saldo negativo continuará
crescendo neste ano, chegando a R$ 4,6 bilhões.
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exemplo, informou que seu regime tinha um déficit atuarial de R$ 121 bilhões, já contando R$
8,3 bilhões em ativos imobiliários. No demonstrativo mais recente, que considera regime de
repartição simples, o Estado informa déficit zero, mesmo sem contar com os ativos.
O Núcleo Atuarial de Previdência da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NAP/
UFRJ) calcula que o déficit atuarial dos RPPS dos Estados seja de R$ 425 bilhões, pelo menos,
se tomada a hipótese de que os regimes previdenciários devem ser de capitalização, informa
Benedito Passos, coordenador do NAP. O número exclui Minas Gerais. Ainda que Minas esti-
vesse dentro, a cifra ainda estaria subestimada, pois considera um déficit de R$ 15,5 bilhões na
Rioprevidência. Segundo Wilson Risolia, os R$ 15,5 bilhões referem-se somente aos servidores
do Poder Executivo, excetuado Ministério Público. Ele estima que, incluindo MP, Legislativo e
Judiciário, o déficit atuarial chegue a R$ 33 bilhões.
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é com o futuro, quando crescer o número de inativos. Em Rondônia, onde já há lei de unificação
aprovada, o cálculo atuarial com todos os inativos já unificados deve ser feito até o fim de julho.
Os três poderes rondonienses reúnem hoje cerca de 4,5 mil aposentados e pensionistas. Com o
desconto de 11% pago pelos servidores e 11% patrocinado pelo Estado, a receita do Iperon,
fundo de previdência do Estado, é de R$ 12 milhões ao mês, para uma despesa mensal de R$ 8
milhões com os benefícios.
Cálculos atuariais preliminares mostram, contudo, que será necessário aumentar a par-
ticipação patronal e contar com outras fontes de financiamento para a previdência porque den-
tro de um ano e meio ou dois a receita gerada estará empatada com as despesas. Segundo César
Licório, presidente do Iperon, a ideia é que o Estado aumente sua contribuição paulatinamente.
O financiamento do déficit futuro é também um dos pontos em estudo no Amapá, Estado no
qual os inativos já estão considerados unificados, embora falte agregar ao regime único 32 fun-
cionários que se aposentaram antes de 1999, quando foi criado o sistema com a união dos três
poderes.
Segundo Ivana Contente Gonçalves, diretora de benefícios e fiscalização da Amprev, na
previdência amapaense ainda há espaço para fazer caixa com a arrecadação de 23% sobre os
salários – 11% dos servidores e 12% do Estado. O Estado paga R$ 587 mil mensais a 418
aposentados e pensionistas. Ivana diz que hoje a arrecadação cobre perfeitamente as despesas,
mas deverá haver déficit em cerca de 30 anos. O governo já estuda formas de cobrir a diferença
no futuro.
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cumpriram a exigência e só não comunicaram ainda. Ele cita como exemplo Rio de Janeiro e
Santa Catarina.
Ainda que algum Estado se atrase um pouco, as consequências práticas da não aprova-
ção da lei só serão sentidas na medida em que vencerem os atuais CRPs. O do Rio Grande do
Sul, por exemplo, só precisa ser renovado em 6 de agosto. O do DF venceu dia 16 passado, mas,
até o dia 30, o governo pode tirar outro, que valerá por mais três meses.
O caso mais complicado é o de Alagoas, cujo governo se recusou a assinar com o
Ministério da Previdência termo de compromisso para providenciar a centralização exigida. O
ministério vem renovando o CRP do Estado, mas exclusivamente por força de ordem judicial.
O último CRP emitido para Alagoas vence em 11 de setembro.
O governo federal, por sua vez, planeja apresentar o projeto referente ao regime dos
servidores da União até o fim do ano. É que a exigência de um único órgão gestor vale para
todos os entes da federação com regimes previdenciários próprios. Segundo Helmut, o mais
provável é que, no caso da União, esse órgão seja uma nova secretaria, que seria criada no âmbito
do Ministério da Previdência.
No caso dos Municípios, a exigência da Emenda no 41 não abrange todos, pois a maio-
ria não tem regime próprio, preferindo contribuir com o Regime Geral de Previdência Social, o
mesmo dos trabalhadores do setor privado. Mesmo nos Municípios com regime próprio, a
centralização é mais fácil, pois só envolve Executivo e Legislativo, já que não existe Judiciário
municipal.
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possuem poucos inativos e pensionistas. O Estado de Santa Catarina é o Estado com nível mais
baixo (zero) de desenvolvimento, ocupando a 27a posição no ranking. Entre ativos, inativos e
pensionistas, os 26 Estados brasileiros contam com 3,7 milhões de segurados em seus sistemas
de previdência. O Estado de Minas Gerais não integrou a pesquisa.
Distrito Federal
O Índice de Desenvolvimento Previdenciário (IDP) mostra o Distrito Federal na 24a
posição no ranking, apresentando um baixo índice de desenvolvimento (0,28). Em 2006, a situ-
ação era um pouco melhor e o DF aparecia no 14o lugar. O sistema previdenciário brasiliense é
custeado pelo regime orçamentário (ou de caixa), no qual as deficiências de contribuição são
cobertas diretamente pelo Tesouro local.
“Podemos perceber que, apesar de permanecer com a mesma pontuação, o DF caiu
posições no ranking. Isso se deve ao fato de quase todos os Estados terem apresentado alguma
melhora em seus índices, elevando a média da qualidade dos sistemas previdenciários”, explicou
Benedito Passos. Atualmente, o DF possui 165 mil segurados, sendo 115 mil funcionários ati-
vos, que custam anualmente ao governo R$ 6,6 bilhões. Já os quase 50 mil inativos e pensionis-
tas geram despesa de R$ 2,8 bilhões, dos quais apenas R$ 600 milhões são arrecadados, o que
gera um déficit de R$ 2,2 bilhões.
Segundo o GDF, essa situação vai mudar com a criação do sistema próprio de previdên-
cia do funcionalismo local, sancionado na semana passada.
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na SPC. Os cargos adicionais deverão ser criados aos poucos, conforme a necessidade.
Os ministros Paulo Bernardo e Luiz Marinho entendem que a recriação da Previc é
necessária diante da “complexidade e das dimensões tomadas pelo sistema de previdência com-
plementar” no Brasil. Existem no país 367 entidades fechadas de previdência complementar,
administrando cerca de mil planos de benefícios. Juntas, elas são responsáveis pela gestão de um
patrimônio superior a R$ 350 milhões, algo próximo a 17% do PIB brasileiro. O número de
participantes desses fundos chega a 2,5 milhões de trabalhadores. Incluindo os dependentes, o
universo de pessoas envolvidas no sistema vai na 6,7 milhões.
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ativa é “vital para o Estado”, afirmou. Desde 1970 o Rio Grande do Sul só obteve superávits
orçamentários em cinco anos, sendo que em 2007 as contas fecharam no azul porque o governo
arrecadou R$ 1,287 bilhão com a venda de parte de ações preferenciais do Banco do Estado do
Rio Grande do Sul (Banrisul).
Sem a operação e sem um convênio de R$ 210 milhões assinado com a União no fim do
ano, o déficit seria de R$ 873 milhões. O resultado primário, sem receitas e despesas financeiras,
foi positivo em R$ 954 milhões e para 2008 a meta é superar o patamar de R$ 1 bilhão. Pelo
conceito de caixa, o déficit caiu dos R$ 2,4 bilhões projetados no início de 2007 para R$ 1,2
bilhão e a expectativa é de uma nova redução, para R$ 600 milhões, neste ano. Segundo Moraes,
o Estado passou a contratar apenas despesas que serão efetivamente pagas no exercício para
igualar os resultados orçamentários e de caixa e a meta é zerar as duas contas no fim de 2009.
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até o final deste ano. Com a digitalização, explica o secretário, ficará mais fácil pesquisar e
comparar as legislações das diversas instituições de previdência.
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do ano passado) para aumentar a profissionalização do setor. Entre as medidas, passou a exigir
certificação profissional dos gestores dos institutos e aumentou o rigor das fiscalizações e
responsabilização desses gestores.
Todos os diretores de investimentos das entidades de previdência dos servidores esta-
duais e municipais que têm patrimônio acima de R$ 10 milhões deverão estar certificados.
Técnicos do Ministério da Previdência Social discutem com a Associação Nacional dos Bancos
de Investimentos (Anbid) quais os critérios para qualificação e certificação desses gestores.
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com uma alíquota de 2,5%. A sentença, da primeira instância da Justiça federal, é a primeira que
se tem conhecimento sobre o tema.
O juiz declarou o art. 1o da Lei no 10.256 inconstitucional por entender que, segundo a
Constituição, não poderia haver mais uma contribuição além do PIS e da Cofins que tivesse o
faturamento ou a receita bruta como base de cálculo. Com base nesse entendimento ele cance-
lou as autuações do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra a empresa.
Diante das autuações, a empresa resolveu contestar a constitucionalidade da lei que
alterou a base de cálculo da contribuição previdenciária no Judiciário. Como o juiz da primeira
instância da Justiça federal declarou a própria lei inconstitucional, não houve discussão sobre a
validade da instrução normativa. Segundo Dalazen, o precedente pode servir para que outras
empresas contestem a nova base de cálculo na Justiça.
De acordo com o procurador-geral adjunto da Fazenda Nacional, Fabrício Da Soller, o
órgão deverá recorrer da decisão da primeira instância da Justiça federal. Segundo ele, a Fazenda
entende que não há inconstitucionalidade na Lei no 10.256, já que o art. 195, § 9o da Constituição
Federal estabelece que as contribuições sociais, entre elas a previdênciária, poderão ter alíquotas
ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da atividade econômica.
STJ libera previdência privada de IR. Decisão vale para quem tinha plano e
pagou imposto entre 1989 e 1995
Por Renata Veríssimo e Mariângela Gallucci, de O Estado de S. Paulo, de 10.10:
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o governo tem de devolver com cor-
reção monetária o Imposto de Renda (IR) que foi pago indevidamente por pessoas que contri-
buíram para planos de previdência privada de 1989 a 1995, período em que vigorou uma lei que
isentava os contribuintes do pagamento do IR.
A decisão foi tomada pela 1a Seção do STJ durante o julgamento de um recurso movido
por um grupo de aposentados que contribuiu para um plano e, apesar da isenção, pagou o IR até
1995. O resultado do julgamento será aplicado a outros casos idênticos que tramitam no pró-
prio STJ e nas instâncias inferiores da Justiça.
A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional não recorrerá da decisão. O procurador-
geral adjunto, Fabrício Da Soller, disse que já há uma pacificação do STJ em ações da mesma
natureza. Por isso, um ato declaratório da Procuradoria – de novembro de 2006 – liberou os
procuradores de contestarem as decisões sobre esse assunto.
Da Soller disse que a decisão do STJ só beneficia as contribuições para fundos de
pensão realizadas entre 1989 e 1995, quando o regime tributário vigente isentava de Imposto de
Renda os rendimentos com aposentadoria complementar.
Desde 1996, as regras mudaram. A partir daquele ano, as pessoas que pagam previdên-
cia complementar podem abater da Declaração Anual de Imposto de Renda o valor dessas
contribuições, até o limite de 12% do rendimento bruto anual. Em compensação, serão tributa-
dos de IR quando passarem a receber suas aposentadorias.
Segundo o procurador, a decisão do STJ reconhece o direito de isenção tributária para
as contribuições realizadas no período entre 1989 e 1995. Mas ele não sabe calcular quanto a
União terá de devolver aos aposentados, com correção monetária. Segundo ele, na maioria dos
casos, essas pessoas pagarão menos IR quando forem receber suas aposentadorias. Terá de ser
feito um cálculo proporcional do imposto devido pelo aposentado, isentando de IR o período
englobado na decisão do STJ.
O procurador admite que será complicado achar uma fórmula de cálculo. “Terá que ser
calculado individualmente”, afirmou. No passado, a Procuradoria da Fazenda Nacional, a Re-
241
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ceita Federal e representantes de fundos de pensão já tentaram fechar um cálculo, mas não
chegaram a um acordo.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Aposentados. Prazo para pedir IRSM vai até novembro. 380 mil ainda têm direi-
to a revisão
Por Marcello Casal, do Jornal de Brasília, em 22.03:
Quem teve a aposentadoria concedida entre os anos de 1994 e 1997 e não aderiu a
acordo com o Ministério da Previdência, ainda pode requerer a revisão da aposentadoria. Se-
gundo o ministério, 380 mil dos 2,6 milhões de benefícios que têm direito à revisão de até
39,67%, referente ao Índice de Reajuste do Salário-Mínimo (IRSM), ainda não foram recalculados.
Em 2004, por meio da Medida Provisória no 201, o governo reconheceu a dívida e
estabeleceu as condições para negociação direta do pagamento. O prazo para adesão ao acordo
243
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
244
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
depois que o órgão recalculou o processo. Essa ação não é de segurados, que já receberam o que
reivindicavam, e sim de um escritório de advocacia que está cobrando honorários advocatícios
do INSS referente a este mesmo processo.
Na Justiça Trabalhista de Pernambuco há uma dívida de R$ 54 milhões inscrita em
precatório, mas o cálculo feito pelos técnicos do INSS mostrou que está superestimado. Na
verdade, o valor devido é de R$ 7 milhões. A Procuradoria do INSS entrou com uma ação
correcional no TST, que já determinou a suspensão do pagamento.
Duplicidade
O INSS vai cobrar administrativamente, ainda este mês, e caso não tenha êxito, cobrará
juridicamente, a devolução do pagamento feito em duplicidade a servidores e ou segurados – já
foram identificadas 200 pessoas nessa situação. Se for funcionário público, responderá ainda a
processo administrativo e pode, inclusive, ser demitido.
São casos de processos – com origem em diversos lugares ou entidades – movidos
tanto por segurados como por funcionários e ex-servidores, que reclamam correções salariais
atrasadas e indenizações pelos mais diversos motivos. No final, eles recebem várias vezes.
A Previdência pagará somente o que é justo e usará todos os recursos judiciais para
impedir que fraudadores se apropriem do dinheiro público, diz Marinho, que determinou que o
grupo de procuradores e contadores não se desloque mais para os Estados. Isso contribui para
a segurança da equipe e dos procuradores locais. Na maior parte do tempo a análise é feita em
Brasília e o grupo somente viaja em caso de necessidade.
O maior rigor do INSS no pagamento de dívidas judiciais deve ter impacto, ainda, no
mercado de precatórios, onde empresas compram as dívidas com deságio para usar no paga-
mento de impostos. “As pessoas têm que ficar atentas, porque se comprarem um precatório e
não tiverem direito, não vão receber nunca”, alerta o ministro. “O INSS não vai pagar precatório
acima do valor justo”, acrescenta.
Pente-fino nas ações contra INSS. Previdência vai mapear sentenças judiciais
indevidas e pode cobrar dinheiro de volta
Por Geralda Doca, de O Globo, Brasília, em 17.03:
O Ministério da Previdência Social decidiu passar um pente-fino nas sentenças judiciais
acima de R$300 mil contra o INSS. A ordem é questionar na Justiça todos os valores considera-
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
dos exorbitantes, pagar somente o que for devido e cobrar a devolução do que já foi pago a
mais. A Procuradoria Federal Especializada (PFE) junto ao órgão tem pronta uma lista com 211
nomes de segurados que apresentam algum tipo de irregularidade no valor da aposentadoria ou
pensão. Serão os primeiros a cair nesta espécie de malha fina previdenciária montada para pegar
fraudes que são responsáveis em boa parte pelo aumento, desde 2003, de 415,1% no pagamento
de precatórios pela Previdência.
Entre os casos já mapeados, há pessoas que ganharam ações em instâncias inferiores,
perderam posteriormente após recursos apresentados pelo órgão, mas inexplicavelmente rece-
beram do INSS. Existem também situações em que os beneficiários recebem em duplicidade,
pois entraram com as mesmas ações em localidades diferentes e foram incorporando os ganhos
ao longo do tempo. Sem falar em indenizações abusivas.
Gastos na Justiça quintuplicaram
Quando o Tesouro Nacional já tiver feito o repasse à Justiça, serão disparadas ações
para bloquear os pagamentos abusivos. Quem já está recebendo o valor incorreto poderá ter de
devolver dinheiro ao INSS.
“O INSS sempre foi réu. Sempre foi pontual no pagamento dos precatórios, muitas
vezes sem questionar os valores. Agora, passaremos a ser autores e vamos entrar com ações
regressivas para receber o que foi pago indevidamente”, afirmou o procurador chefe da PFE.
De acordo com o ministério, o valor do desembolso da Previdência com sentenças
judiciais saiu de R$1 bilhão em 2003 para R$ 5,2 bilhões em 2007. Só no ano passado, a despesa
subiu 13,9%, no caso das ações na Justiça Federal, e 22,1% nas disputas na esfera estadual. A
explosão pode ser vista também por outro indicador: os precatórios, que representavam 3,6%
do déficit do INSS cinco anos atrás, fecharam dezembro a 11,5%.
Para 2008, há uma previsão preliminar de gastos com sentenças de R$ 4 bilhões. A cada
mês, ingressam na Justiça 50 mil processos contra o INSS, de trabalhadores de forma geral e de
servidores da Previdência. O procurador disse não ter condições de estimar os prejuízos que as
sentenças judiciais indevidas estão causando à Previdência Social. Mas ele reconhece que este é
um dos males que impedem a redução do descasamento entre receitas e pagamento de benefí-
cios. O mapeamento ainda está em andamento, e estão sendo detalhados particularmente os
últimos oito anos, mas Nogueira crava: “Sem dúvida, faremos uma boa economia”.
Há um grupo de trabalho formado por procuradores e contadores que está avaliando
os processos suspeitos na sede do INSS, em Brasília. Para evitar ameaças, os participantes de
outros Estados foram deslocados à capital federal, contou o procurador, deixando claro que a
força-tarefa espera se deparar com máfias especializadas em fraudes ao instituto.
Segundo Nogueira, já é possível afirmar que não há parâmetros nos valores que a Justi-
ça manda o INSS pagar. Num único processo, o órgão foi condenado a pagar R$ 1,3 bilhão.
Entre os exemplos, há também um processo movido pelo Sindicato dos Aposentados do Rio
Grande do Norte, em que, só em honorários, o advogado pediu R$ 44 milhões, quando o valor
devido é de apenas R$ 10 mil. Os procuradores conseguiram bloquear o pagamento na Justiça.
Em vez de reforma, caça às fraudes
Existe ainda um processo do Maranhão com pedido de indenização por morte de R$
2,4 milhões, mas os novos cálculos apontam que a vida é de apenas R$ 271 mil. Em causa
semelhante no mesmo Estado, os procuradores estimam que uma dívida de R$ 1,2 milhão não
passa, na verdade, de R$ 160 mil.
A operação de caça às fraudes com amparo judicial é parte da política de atacar defici-
ências administrativas e irregularidades nos órgãos ligados à Previdência Social. E visa a recupe-
rar e economizar recursos, substituindo, na avaliação do Executivo, uma Reforma Previdenciária.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
A estratégia ficou particularmente clara após a ida de Luiz Marinho para o comando do
ministério, há um ano. Apesar de estar instituído o Fórum da Previdência, que pretendia debater
a reforma com a sociedade e listar as alterações de consenso, Marinho dedicou-se preferencial-
mente à elaboração de medidas administrativas, algumas delas adiantadas pelo Globo. O proble-
ma é que parte delas não vai adiante.
Por exemplo, em março do ano passado, o ministério anunciou um recadastramento
como o objetivo de rever as aposentadorias por invalidez de 2,6 milhões de segurados, com o
objetivo de economizar R$ 11,3 bilhões. Também pretendia tornar mais rígida a classificação de
invalidez. Nada disso foi implementado.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
INSS e TRF começam mutirão para definir acordos judiciais. Ministro e presi-
dente do Tribunal lançam início dos trabalhos
Em 07.03, o MPS informou que o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, e a
presidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região, desembargadora Assusete Magalhães,
lançaram os trabalhos de seleção dos processos que tramitam há mais de cinco anos, em grau de
recurso, no TRF, que engloba 13 Estados e o Distrito Federal. A expectativa é a de que os
trabalhos durem em torno de três meses.
Nos processos em que houver proposta de acordo pelo INSS, sendo aceita pelo segura-
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
do, a implantação do benefício (concessão inicial ou revisão) será imediata, com a expedição da
requisição de pequeno valor (RPV), com pagamento dos atrasados em até 60 dias. O RPV
engloba até 60 salários-mínimos nesses casos.
A desembargadora Assusete assinou, em 07.03, resolução que autoriza a implantação
de Projeto de Conciliação nos processos de ações previdenciárias que tramitam na região. A
equipe trabalhará na sede do TRF, em Brasília, onde será montada uma estrutura para poder
tornar mais ágil as decisões judiciais. Uma sala com computadores abrigará 12 profissionais
especializados que se encarregarão de fazer os cálculos e apresentar as petições com a proposta
de acordo à Justiça.
Os processos que serão analisados durante essa ação são provenientes de toda a Região
Norte, Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Piauí e do Distrito Federal.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
Déficit
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firmem as previsões do secretário, será a primeira vez desde 1995 – quando começaram a ser
registrados os déficits no setor – que a curva do déficit previdenciário estará em declínio. Desde
que os rombos da Previdência começaram a ser registrados, o percentual do PIB que represen-
tava a “necessidade de financiamento” aumentava anualmente.
Até novembro, o déficit da Previdência alcança R$ 37,9 bilhões em valores correntes,
corrigidos pela inflação. É resultado de um total de R$ 140,4 bilhões de arrecadação líquida e de
R$ 178,3 bilhões em pagamento de benefícios. Em 2007, no acumulado entre janeiro e novem-
bro, o rombo da Previdência chegava a R$ 44,7 bilhões, saldo de uma arrecadação de R$ 140,4
bilhões e de despesas de R$ 185,3 bilhões.
Auxílio do 13o salário
O pagamento da última metade do 13o salário teve um impacto de R$ 1,43 bilhão para
as contas da Previdência. O déficit do mês foi de R$ 4,2 bilhões, fruto de um total de despesas
de R$ 17,7 bilhões e arrecadação de R$ 13,56 bilhões, o melhor resultado da série histórica
(exceto para meses de dezembro, que tradicionalmente têm excelentes recolhimentos vincula-
dos ao pagamento do 13o salário dos trabalhadores).
Em novembro do ano passado, o déficit foi menor, de R$ 2,7 bilhões, mas não contem-
plou pagamento do 13o, que recaiu sobre a folha de dezembro. Schwarzer é otimista com 2009,
e acredita que será mantido o ritmo de geração de empregos, o que significa maior recolhimento
previdenciário.
Para isso será aplicado o índice de inflação mais a variação do PIB de 2007, que foi de
5,7%. Ou seja, os benefícios vão subir cerca de 12%. “Devemos manter a arrecadação”, aposta
Schwarzer.
251
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
para níveis inferiores a 2,5%, prosseguindo em quedas sucessivas até ficar inferior de 1% a partir
de 2060.
A previdência, por ser um plano de aposentadoria, tem tema atuarial de 25 anos e está
sempre abordada nas LDOs, onde se projetam receitas e despesas considerando elevação do
PIB, massa salarial e crescimento da população. Aí é que os números não batem.
O governo é sempre mais conservador nessas previsões e essas projeções passam por
constantes revisões. A LDO de 2007, por exemplo, previa um déficit de 2% do PIB da Previ-
dência em 2010 e de 2,7% em 2026. Como os resultados macroeconômicos do ano passado
foram melhores do que o previsto, para a LDO de 2008, essas contas caíram para 1,4% em 2010
e 1,9% em 2026. “Esses desvios de projeções atrapalham muito na percepção real nos números
envolvidos. Este ano, na minha avaliação, deve chegar a 1,35% de déficit previdenciário em
relação ao PIB.” Khair considera um saldo negativo de R$ 36 bilhões ou menos.
Outro erro contábil que atrapalha os números da Previdência e que joga na sua conta
despesas que não são suas são os precatórios que, só em 2008, devem somar entre R$ 5 bilhões
e R$ 6 bilhões.
Além das despesas com benefícios, existem custos como os auxílios-doença, acidente,
reclusão, salário-família e salário-maternidade, por exemplo.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
253
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
No mês passado, a arrecadação total da Previdência (antes dos repasses legais) alcançou
R$ 12,7 bilhões. Esse é o maior valor registrado na história, exceto em meses de dezembro,
quando há recolhimento de contribuições previdenciárias sobre o 13o salário. O secretário des-
taca que o bom momento do mercado de trabalho influenciou positivamente o resultado.
Além disso, medidas de gestão podem ter provocado aumento da arrecadação. A receita
líquida da Previdência, no entanto, ficou em R$ 11,2 bilhões – valor abaixo da média dos últi-
mos meses de 2007.
Na explicação da secretaria, isso ocorreu porque houve um volume elevado de repasses,
principalmente para o Sistema S (entidades como Sesi, Senai, Senac e Sesc).
Esse movimento ocorre sempre nos meses de janeiro porque é o período em que a
Previdência transfere para essas entidades os valores recolhidos sobre o 13o salário. O total
repassado foi de R$ 2,1 bilhões.
254
ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
Mesmo com ajustes na despesa, o déficit esperado caiu nominalmente para R$ 37,2 bilhões na
nova versão do projeto, ainda em tramitação.
O Regime Geral de Previdência Social (RGPS) é aquele para o qual contribuem e pelo
qual se aposentam trabalhadores do setor privado, de empresas estatais e ainda a parcela do
funcionalismo público sem regime próprio de previdência, como os servidores da maioria dos
Municípios. Já os servidores da União, dos Estados e de Municípios maiores estão fora do
RGPS, porque têm regimes próprios.
Bancado pelo Tesouro Nacional, o déficit entre receitas e despesas do RGPS tende a
cair como proporção do PIB “em função do ciclo favorável no qual entrou a economia brasilei-
ra”, explica Schwarzer, referindo-se à aceleração da taxa de crescimento. No seu projeto de
Plano Plurianual (PPA) até 2011, o governo demonstra que espera crescimento de pelo menos
5% ao ano, durante os próximos anos.
Há, porém, economistas que veem com ceticismo essa possibilidade. É o caso de Raul
Velloso, especialista em finanças públicas. Em 2007, admite ele, o PIB pode até ter crescido
nesse ritmo. “Mas isso não é sustentável”, alerta. Na sua opinião, diante da demora e da escassez
de investimentos em infraestrutura, na melhor das hipóteses, o país crescerá 4% ao ano no
médio prazo. E, combinada com a política de reajustes do salário-mínimo, que prevê incremen-
to real até 2011, essa taxa não é suficiente para assegurar queda do déficit da Previdência Social
como proporção do PIB.
Na visão do governo, as perspectivas para a Previdência Social são favoráveis não ape-
nas pela aceleração do crescimento, mas também por suas características, pois o país cresce com
aumento de massa salarial e formalização de empregos, o que favorece a arrecadação de contri-
buições previdenciárias.
Na comparação dos primeiros onze meses de 2006 e 2007, por exemplo, a arrecadação
líquida da Previdência demonstrou aumento vigoroso, de 9,2% acima da inflação do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Também houve elevação de despesas, principal-
mente por causa do aumento do salário-mínimo, ao qual é atrelada a maioria das aposentadorias
e pensões do Instituto Nacional de Seguro
Social (INSS, órgão que concede e paga os
benefícios do RGPS). Mas o ritmo, nesse
caso, foi menor; os gastos cresceram 6,3%
acima da inflação.
Ao contrário de Velloso, o gover-
no entende que a definição de uma políti-
ca de reajustes para o salário-mínimo nos
próximos anos ajuda nas expectativas fa-
voráveis sobre as contas da Previdência, na
medida em que dá previsibilidade sobre o
comportamento dos gastos. O governo
conta ainda com medidas de gestão, que já
trazem ganhos.
Uma delas é a fusão das antigas
secretarias da Receita Previdenciária e da
Receita Federal num só órgão – a Secreta-
ria da Receita do Brasil. Isso tornou a fis-
calização indireta mais eficiente, melhoran-
do o combate à sonegação de contribui-
255
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
ções. “É poderoso poder cruzar informações e comparar o que uma empresa arrecadou em
outros tributos com o que ela recolheu à Previdência”, diz Schwarzer.
Houve medidas também para melhorar o controle de gastos. O secretário considera
que uma das mais importantes foi a ampliação do quadro próprio de médicos peritos do INSS,
que verificam e atestam a real necessidade ou não de pedidos de auxílios-doença e de aposenta-
dorias por invalidez. A realização de concursos para substituição de médicos peritos terceirizados,
a partir de 2005, colocou um freio no até então crescente ritmo de concessões de auxílios-
doença. Em 2000, ano a partir do qual houve forte processo de terceirização, o estoque de
benefícios dessa modalidade era próximo de meio milhão, lembra Helmut. Até 2005, triplicou,
chegando a 1,5 milhão. Agora está sob controle, em patamar ligeiramente inferior a esse, infor-
ma o secretário.
Houve também alteração de regras. Agora, a duração dos auxílios-doença é previamen-
te definida na concessão. Se o trabalhador não pede prorrogação e nova perícia, o benefício
deixa de ser pago automaticamente. Antes, a duração era indeterminada. O pagamento só podia
ser suspenso após o trabalhador receber alta em nova perícia médica.
Apesar do freio no ritmo de crescimento, os auxílios-doença e as aposentadorias por
invalidez somam quase 3 milhões de benefícios. “Isso significa que cerca 14% do total de con-
tribuintes do regime está em situação de incapacidade laboral, o que está muito acima da relação
internacionalmente aceitável, que é de 7%”, diz Schwarzer. Embora seja ruim, o indicador mos-
tra que ainda há espaço para redução de gastos. A tarefa, nesse caso, é “melhorar a prevenção de
acidentes do trabalho, de doenças ocupacionais e a saúde e segurança do trabalhador de uma
forma geral”, afirma o secretário do Ministério da Previdência, que já trabalha políticas nesse
sentido. “Esse é um item importante quando se trata da sustentabilidade do RGPS no longo
prazo”, explica.
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Filantrópicas
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como as que tiveram a renovação garantida pela MP, terão seus débitos emitidos automatica-
mente, mas a cobrança só será efetivada após a decisão da pasta responsável.
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Agripino Maia (DEM-RN). A cordialidade da oposição se explica pela intenção dos senadores
para incluir no texto do novo projeto uma medida para reaver a isenção fiscal contestada pela
Receita Federal em 2007. Sob as bênçãos do PMDB e do DEM, o senador Francisco Dornelles
(PP-RJ) apresentou emenda à MP impedindo a Receita de iniciar procedimentos junto aos
partidos enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não se pronunciar de forma definitiva
sobre o caso. A proposta de Dornelles deve ser mantida. “Isso é uma coisa que está sendo
conversada”, afirmou Maia. “Mas não vamos misturar a situação das filantrópicas com a dos
partidos.”
Apesar do empenho dos senadores, os deputados também prometem entrar na disputa
para regulamentar a situação dos certificados das filantrópicas. Prometem acelerar a tramitação
do Projeto de Lei no 3.021/08, que tramita na Comissão de Educação, e trata do mesmo tema.
O relator, deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), apresentou parecer que não oferece anistia
para entidades sob investigação do Ministério Público Federal (MPF) ou que tenham recursos
contra a concessão ou renovação dos certificados. Os senadores, no entanto, preferem ignorar o
trabalho da Câmara.
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
“inconstitucional e imoral”.
De acordo com documento obtido pelo site Congresso em Foco, no dia 10 de março a
consultora jurídica do ministério, Maria Abadia Alves, nomeada por Marinho, aprovou nota
conjunta do advogado da União Daniel Demonte Moreira e do procurador federal Felipe de
Araújo Lima. Os dois consideraram constitucional a decisão do poder público de conceder a
anistia às entidades, quando ainda estava sendo feito um anteprojeto de lei a respeito das filan-
trópicas.
Sete dias depois do parecer que autorizava a anistia, o governo enviou ao Congresso um
projeto de lei regulamentando as entidades filantrópicas, o registro e fiscalização. Retirou a parte
que concedia os registros a elas, mesmo que estivessem sendo processadas. É que, no dia 13 de
março, a Polícia Federal desencadeou a Operação Fariseu e desbaratou uma quadrilha que atu-
ava no Conselho Nacional da Assistência Social (CNAS). Seis pessoas foram presas, entre elas
dois conselheiros do CNAS e um ex-presidente da entidade. Foi pedida ainda a prisão de outras
16 pessoas, uma delas o presidente do conselho na época, Sílvio Iung, que acabou por renunciar.
Luiz Marinho disse que responde pelo que assinou, que foi o projeto de lei sobre as
filantrópicas que está tramitando na Câmara. “Nós tivemos esse debate sobre a concessão dos
registros às entidades, mas naquele momento decidimos não contemplar eventuais anistias. A
defesa que fiz no CNAS é de que era necessário tirar dele o papel de conceder o benefício,
passando-o diretameante aos ministérios responsáveis. Não respondo pela MP.”
O projeto de lei que está no Congresso desde março prevê a descentralização das fun-
ções do CNAS e transferência dos exames das entidades filantrópicas para os ministérios da
Educação, da Saúde e do Desenvolvimento Social.
Como o Congresso não deu encaminhamento ao projeto de lei das filantrópicas, o
ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, pediu audiência no início do mês ao pre-
sidente Luiz Inácio Lula da Silva e defendeu a edição de uma medida provisória para resolver a
situação. A Casa Civil aproveitou parte do texto que está no Congresso e parte da sugestão do
setor jurídico do Ministério da Previdência, a da anistia, e preparou a MP. O ministro da Educa-
ção, Fernando Haddad, chegou a procurar o presidente Lula para dizer que haveria problemas
se constasse a parte da anistia. Mas não foi ouvido.
A MP foi então assinada por Lula e enviada ao Congresso. O impacto da notícia de que
entidades investigadas pela Polícia Federal estavam na lista das que seriam anistiadas foi grande.
O presidente do Senado, Garibaldi Alves, fez chegar ao governo a sugestão de que a medida
fosse retirada. Caso contrário, poderia devolvê-la.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
não houver um acordo para a aprovação desse projeto de lei em regime de urgência, vou levar
adiante o recurso que apresentei contra a decisão do Garibaldi”, explicou Jucá.
Governo vai tentar evitar vácuo jurídico
Se conseguir aprovar esse substitutivo nas duas Casas, Jucá admite retirar o recurso
apresentado contra a decisão de Garibaldi de devolver a MP no 446. Até lá, porém, ele alega que
terá de manter o recurso, já encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Sena-
do, para que os efeitos da MP não sejam suspensos, evitando assim que se crie um vácuo
jurídico. Esse recurso, porém, não deixa de ser uma garantia para o governo, que poderá tentar
aprová-lo na CCJ e depois no plenário da Casa, caso fracasse o acordo costurado por Jucá.
“Se o acordo fracassar, vamos levar adiante o recurso. Mas a mim não interessa derrotar
Garibaldi, que é o presidente do Senado, e nem mesmo ao governo. Meu objetivo é encontrar
uma solução”, disse Jucá.
Para levar adiante a estratégia, Jucá teve, primeiro, de convencer o presidente Lula de
que não seria bom para o Executivo nem para o Legislativo levar adiante o confronto deflagrado
pela decisão de Garibaldi. Lula não escondeu a surpresa com o gesto do presidente do Senado:
“O Garibaldi podia ter falado comigo, nós almoçamos.”
Lula deixou a cargo de Jucá a construção de uma alternativa para a crise. A ideia de Jucá,
a princípio, foi bem recebida pelos líderes, até de oposição.
Garibaldi voltou a justificar sua decisão, respaldada pelo art. 48 do Regimento Interno,
que atribui ao presidente do Senado o dever de velar pelo respeito às prerrogativas da Casa e às
imunidades dos senadores, bem como impugnar proposições que lhes pareçam contrárias à
Constituição, às leis ou ao próprio regimento, devolvendo-as ao seu autor.
“Essa MP, além de inconstitucional, é inoportuna. E, a não ser que seja modificada, não
temos outro caminho a não ser fazer o que fiz. Isso não pode ser objeto de manipulação pelo
Executivo. Há muito tempo, o Executivo está extrapolando. Isso é uma coisa séria.”
Projeto vai substituir MP das filantrópicas. Lula evita confronto e autoriza líder
a elaborar texto para corrigir falhas
Por Cida Fontes, de O Estado de S. Paulo, Brasília, em 21.11:
O governo deu uma resposta técnica ao gesto político do presidente do Congresso,
senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), de devolver ao Executivo a Medida Provisória no 446,
que concede anistia a entidades filantrópicas. Mesmo contrariado com a atitude de Garibaldi, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou o confronto e autorizou o líder do governo no
Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a preparar um novo projeto de lei para corrigir as falhas da
MP, que beneficia inclusive entidades acusadas de irregularidades. Uma saída é apresentá-lo
como substitutivo a uma proposta do Executivo que está na Câmara.
Depois da conversa com Lula, Jucá consultou os líderes partidários da base aliada e da
oposição, que apoiaram a ideia. O próprio líder seria o autor da iniciativa. Mas, ao longo de
sucessivas reuniões ontem com dirigentes da Receita Federal e do Ministério da Fazenda, Jucá
foi alertado de que, como a MP envolve matéria tributária, apenas o Executivo teria a prerroga-
tiva de apresentar o projeto.
A partir daí, Jucá deflagrou outra maratona para negociar com os deputados. Assim, o
projeto do governo deve ser substitutivo a uma proposta que está na Comissão de Educação e
que também trata das entidades filantrópicas.
A nova proposta visa a atender as entidades filantrópicas que não estão sob suspeita de
conduta irregular. Mas as que estão sob questionamento poderiam renovar o cadastramento, só
que dentro de um regime especial de fiscalização por parte da Receita. “Não podemos dar o
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mesmo tratamento de voto de confiança a quem quebrou a confiança. Não podemos beneficiar
picaretas”, afirmou Jucá.
As negociações políticas estão sendo feitas com cuidado para que o impasse não se
transforme em crise institucional e abra precedentes perigosos, uma vez que o governo não
pode abrir mão da edição de medidas provisórias.
Na reunião com Jucá, Lula disse que Garibaldi poderia ter avisado que iria devolver a
MP, pois almoçaram juntos na quarta-feira. Até ontem, o presidente do Senado não tinha rece-
bido nenhum telefonema de Lula, que deixou o assunto nas mãos de Jucá. Garibaldi disse que
não se arrependeu da decisão: “Há muito tempo o Executivo está extrapolando. Isso é uma
coisa séria”, observou.
Frases
Garibaldi Alves, Presidente do Senado: “Há muito tempo o Executivo está extrapolando. Isso
é uma coisa séria”
Romero Jucá, Líder do governo: “Não podemos dar o mesmo tratamento de voto de confiança a
quem quebrou a confiança”
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ração Fariseu, por participação num esquema de pagamento de propina para obter ou renovar
certificados.
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O PSOL decidiu entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal contra a medida.
E o PPS protocolou ontem um pedido de informações para que o Ministério do Desenvolvi-
mento Social divulgue os nomes das entidades favorecidas. O valor da anistia é desconhecido
pelo governo, mas pode ultrapassar R$ 2,144 bilhões, se for considerada a isenção concedida a
entidades que têm recursos pendentes no Ministério da Previdência. Há mais de 8 mil processos
e recursos parados no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), responsável pela
certificação das filantrópicas.
Pelo menos 2.274 entidades vão conseguir renovações de seus certificados de filantropia
– isso inclui pedidos que foram rejeitados inicialmente pelo próprio governo, pedidos que se-
quer foram analisados, e que são contestados, por exemplo, pela Receita Federal.
“Uma anistia dessas não pode ser generalizada. Vamos contestar o fato da relevância e
urgência da MP e ainda que ela compromete a moralidade da administração pública”, disse
Chico Alencar, um dos autores da ação do PSOL.
“Precisamos saber quais são as entidades. Se não há irregularidade, ela tem direito consti-
tucional à isenção e não deve nada. Mas as outras não. Não podem ganhar assim uma anistia ampla
e irrestrita. Dizer, como justificativa, que o governo não tem capacidade de analisar os pedidos não
tem cabimento. Tem que analisar sim”, insistiu o deputado Fernando Coruja (PPS-SC).
Deputado acusa a MP de premiar “pilantropia”
Segundo Coruja, é preciso identificar os processos e as entidades para impedir o perdão
injustificado das dívidas de isenções tributárias concedidas irregularmente. Além disso, ele pre-
tende apresentar uma emenda à MP no 446 para obrigar a total publicidade da concessão e
renovação de certificados de todas as filantrópicas, para possibilitar o controle social.
O deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC) acusou a MP no 446 de premiar a
“pilantropia”, já que apenas os fraudadores serão beneficiados. Segundo ele, o Democratas
tentará impedir que essa “insensatez” aconteça.
“É inadmissível que o Planalto encontre tempo para promover um absurdo desse. É
uma falta de respeito à nação, à Justiça, ao Congresso, ao povo brasileiro”, disse Bornhausen, da
tribuna. “A MP 446 concede perdão total a entidades filantrópicas de fachada, que têm processo
na Justiça, legaliza a situação das que tiveram registro negado regularmente.”
O líder do PT, Maurício Rands (PE), defendeu a MP e sustentou que a anistia não é
generalizada. No Senado, tucanos também protestaram.
“Chamo a atenção da Casa para essa aberração, que precisa ser contida, até porque,
asseguro, a MP 446 não passará”, disse o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
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tiveram o processo negado pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), mas haviam
recorrido –, reconheceu o problema. “Temos de ter a segurança de que não estamos beneficiando
nenhum malfeitor da Previdência. O governo está aberto a negociar e vamos ter de mudar isso.”
O deputado Gastão Vieira (PMDB-MA), relator do projeto de lei que o governo en-
viou ao Congresso antes de optar pela MP, não gostou do texto. “Realmente, tínhamos de
limpar o passivo que havia, mas da forma que foi feita a limpeza dá ares de uma coisa pecamino-
sa. A MP não dá nenhuma garantia de que haverá uma fiscalização rigorosa.”
No fim da MP, três artigos tornam automática a aprovação dos pedidos de renovação
de certificados de filantropia pendentes no CNAS. Além disso, extinguem todos os processos
que contestavam as renovações de certificados e concedem pedidos que já haviam sido negados,
mas estavam com recurso das entidades. A alegação do governo é que era preciso zerar o passi-
vo – haveria mais de 5 mil processos no CNAS, cerca de 1,3 mil de certificados já negados – para
que se começasse de novo com a análise, agora dentro dos Ministérios da Saúde, Assistência
Social e Educação, que passaram a ser responsáveis pelos processos.
Defesa
“Estamos olhando para a frente”, justificou o ministro da Saúde. “Para trás o que havia
era uma grande confusão.” Segundo ele, as regras em vigor apresentavam distorções, muitas
reclamações e exigências pouco factíveis. “A situação estava inadministrável. As novas regras
dão mais transparência e agilidade.”
Arlete Sampaio, secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social – que vai
controlar 69% das entidades beneficentes existentes no País –, que chegou a defender a propos-
ta, ontem não quis mais falar sobre o assunto. O Ministério da Educação, que era contrário à
anistia inicial, informou que vai aumentar o rigor da fiscalização
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verno não atinou para o enorme problema que está sendo criado”, disse a senadora Lúcia Vânia
(PSDB-GO), integrante da CPI das ONGs, que investiga, entre outros temas, a ação das filan-
trópicas. “Se tem um lado bom, que é passar para os ministérios a atribuição de conceder os
certificados, essa anistia é um absurdo.”
Dentro do próprio governo houve enormes resistências à MP. Pelo menos um dos
ministérios envolvidos no processo era contrário à anistia e chegou a apresentar uma conta
ainda maior que a da PF sobre os prováveis prejuízos: cerca de R$ 5 bilhões em impostos
sonegados por entidades que não deveriam ser consideradas filantrópicas.
No entanto, um dos ministros envolvidos – então próximo de se tornar candidato a
prefeito nas eleições – teria pressionado, ajudando a vitória da tese da anistia.
As pastas de Educação e Desenvolvimento Social prometem recadastrar, o mais rápido
possível, todas as entidades filantrópicas existentes no País. A expectativa dos dois ministérios é
de que o número atual, de 5.630, caia consideravelmente
OPINIÃO DA ANASPS
Uma das maiores “baixarias” do governo.
Mais uma vitória do crime organizado. Mais um assalto à Previdência Social, consuma-
do na calada da noite, à socapa, com cuspe na cara da sociedade brasileira.
Nem precisava de MP. A Exposição de Motivos é de 27.09. Um projeto de Lei correria
o risco de não ser aprovado pelo Congresso, e a bandidagem tem pressa.
Não bastam os R$ 5 bilhões de renúncia previdenciária para as “pilantrópicas”, na
verdade uma pilhagem organizada contra os cofres da Previdência Social, contra o patrimônio
do trabalhador.
A rigor, em qualquer país sério, não haveria renúncia porque as vantagens concedidas a
esse grupo de sanguessugas serão pagas pelos trabalhadores brasileiros. O governo faz gentileza
com o que não é dele, mas foi por ele apoderado quando incorporou a Receita Previdenciária à
Receita Federal, na lei e na marra, com a conivência de uma base política corrupta e um Judici-
ário omisso.
A ANASPS, a única entidade dos servidores da Previdência Social, condena com vee-
mência mais esta imoralidade que integra um rosário de medidas do Executivo, do Legislativo e
do Judiciário que estão liquidando o financiamento da Previdência social pública, favorecendo o
crime organizado, a pilantragem, os caloteiros, os maus pagadores.
Esperamos que tal MP seja rechaçada pelo Congresso e que o MPF, como defensor da
sociedade civil, se erga contra a anistia que representa um assalto de R$ 2,1 bilhões aos cofres da
Previdência.
Está na hora de se dar um basta à imoralidade e à corrupção.
O mais incrível é que a Previdência, que perderá receita e financiamento, foi excluída até
do processo de verificação de aplicação da reníncia contributiva! Ministérios omissos e sem
cultura e estrutura assumirão a concessão do benefício.
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Fariseu, que apurava fraudes na concessão de títulos de filantropia. Segundo o Ministério Públi-
co, a medida assegura isenção fiscal de R$ 2,1 bilhões. “A MP beneficia quem cometeu fraudes
e quem não atende aos requisitos legais para ser entidade filantrópica”, afirmou o procurador
Pedro Antônio Machado
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renovações de Cebas para entidades que não se enquadravam nas exigências legais. Ainda estão
sob sigilo outros desdobramentos da Fariseu, que podem resultar em novas denúncias contra
outras entidades filantrópicas.
“Entidades investigadas podem se beneficiar da isenção”, disse o procurador da Repú-
blica Pedro Machado, responsável pela denúncia contra os ex-conselheiros.
Segundo ele, além da anistia concedida, há preocupação sobre as novas regras de con-
cessão dos Cebas, já que os ministérios não estão equipados para fazer a análise técnica e contábil.
Hoje, existem 5.630 entidades certificadas atuando nas áreas de assistência social, saúde
e educação. Elas são isentas de pagamento da contribuição previdenciária patronal (20% da
folha de pagamento), CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), PIS e Cofins. Essa
isenção gerou uma renúncia de R$ 4,4 bilhões em 2007 e R$ 3,6 bilhões de janeiro a setembro
deste ano.
No final deste ano, começa a vencer o prazo de cinco anos para a Receita cobrar dívidas
de empresas que têm 1.654 recursos administrativos parados no Ministério da Previdência ou
no CNAS. O governo sustenta que não há tempo hábil ou estrutura para fazer a análise dos
processos, muitos dos quais abertos a partir de questionamentos feitos pela própria Receita, que
detectou irregularidades.
MP considera recursos em tramitação extintos
A MP no 446, assinada na última sexta e publicada na segunda no Diário Oficial da União,
considera extintos os recursos em tramitação e decide sempre a favor das entidades. Todas as
filantrópicas que pediram renovação da isenção fiscal serão atendidas automaticamente. Até
aquelas que já tiveram seus pedidos de renovação negados, mas entraram com algum recurso,
também conseguirão um novo certificado, sem maior análise. E ficam extintos os recursos que
questionam os certificados de parte das entidades.
“É um equívoco dizer que a medida provisória concede uma anistia. Os governos Itamar
Franco e Fernando Henrique Cardoso fizeram isenções semelhantes, com a diferença de que
não solucionaram o problema. Nós estamos acabando com o cartório que o CNAS é hoje. Os
processos estão parados, os novos conselheiros têm medo de ações civis públicas”, disse Arlete
Sampaio, secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Social, referindo-se à Opera-
ção Fariseu.
Além de renovar certificados sob questionamento, a MP muda responsabilidades. Pelo
texto, caberá agora a três ministérios a concessão do título de filantropia: Desenvolvimento
Social, Saúde e Educação.
“Caberá aos ministérios fazer essa preparação. Os recursos que estão aí serão extintos e
as entidades ficarão com seus certificados, mas os casos voltarão para certificação em cada pasta
e serão reavaliados. Depois, a Receita ou a Fazenda poderão recorrer novamente. Não há nada
consolidado ad infinitum. Todos estão olhando essa anistia e estão esquecendo que estamos
resolvendo o problema num sistema que estava todo errado. Era preciso zerar o jogo”, disse
Arlete.
Porém, ela não soube precisar quanto tempo isso vai demorar nem qual será o impacto
da transição, já que não é possível cobrar dívidas de irregularidades ocorridas há mais de cinco
anos, segundo decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). As equipes dos ministérios ainda
terão de ser montadas.
O governo alegou pressa para editar a MP no 446 justamente por causa do vencimento
dos prazos para cobrar as dívidas. Em nota, o Ministério da Previdência, que antes sediava o
CNAS, informou que “o julgamento destes processos em tão curto prazo de tempo poderia
comprometer a análise, com impacto na prestação de serviço à população”.
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“Antes era quase sem controle, agora vai ficar ainda mais solto, poderão entrar mais
fatores políticos nas análises. E a anistia é absolutamente inadequada, pois vai perdoar o ninho
de pilantragem que existe”, disse Ovídio Palmeira Filho, dirigente da Associação Nacional dos
Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip).
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Escândalo na Filantropia
Editorial da Folha de S. Paulo, em 12.11
Imaginava-se que a sucessão de escândalos na área da filantropia fosse arrefecer. Mas o
governo federal resolveu inovar. Diante da dificuldade de moralizar e corrigir desvios, adotou a
solução mais fácil. Acaba de anistiar todas as entidades envolvidas em irregularidades. É o que
estabelece a Medida Provisória no 446, publicada anteontem.
A renúncia fiscal favorece escolas, hospitais e outras instituições que prestam bons
serviços à sociedade. No país, cerca de 10 mil entidades deixam de recolher R$ 4 bilhões anuais
em impostos. Tamanha isenção fiscal, no entanto, atrai fraudes.
Até aqui, o governo exercia uma fiscalização insuficiente, a cargo do CNAS (Conselho
Nacional de Assistência Social), vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social. Agora a
fiscalização das entidades passa a ser feita pelos ministérios pertinentes – como Saúde e Educa-
ção. É o único mérito da iniciativa, que no mais coroa a impunidade.
São débeis os argumentos que tentam justificar a anistia. Alega-se que havia grande
passivo de concessões de certificados de filantropia na fila do deferimento.
Além disso, também estavam pendentes de decisão 1.300 representações que questio-
nam prestação de contas, pedem o cancelamento de certificados e cobram ressarcimento de
valores. Em vez de separar o joio do trigo, criando por exemplo um mutirão para rever rapida-
mente os processos, o governo optou pela anistia geral.
O histórico de irregularidades no segmento é extenso. Em março passado, a operação
Fariseu, da Polícia Federal, prendeu seis pessoas acusadas de fraudar a concessão de certificados
de filantropia. Graças aos títulos falsos, 60 entidades investigadas deixaram de pagar R$ 2 bi-
lhões em impostos desde 2004.
Cabe agora ao Ministério Público Federal contestar a anistia na Justiça.
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mais viável o exame do pedido de certificação e de eventuais recursos pelo próprio ministério.
Cada ministério irá definir também o prazo de validade da certificação, que poderá
variar entre um a três anos. Hoje, o Cebas tem validade de três anos. A fiscalização para cumpri-
mento dos critérios de concessão da certificação, que atualmente só é realizada três anos após a
entidade receber a isenção, poderá ser feita periodicamente. As entidades certificadas estão isen-
tas do pagamento da cota patronal ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Contribuição
sobre o Lucro Líquido (CSL), Programa de Integração Social (PIS) e também da Contribuição
Financeira Social (Cofins)
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tempo – até o final do presente exercício. Corre-se o risco de se ter que indeferir liminarmente
grande parte dos pedidos, negar provimento a recursos de entidades, ou acolher os recursos
contra decisões do CNAS que concederam o Cebas sem a necessária análise detida de cada caso
concreto, o que certamente poderá redundar, em última instância, em prejuízo à população que
necessita dos relevantes serviços prestados por grande parte das entidades beneficentes nas
áreas da educação, da saúde e da assistência social.
7. Desse modo, ao tempo em que se ratifica o entendimento já expresso no citado PL no
3.021/08 de que é necessário que se modifique radicalmente o modelo adotado até o presente
momento no processo de reconhecimento do direito das entidades beneficentes à isenção de
contribuições à seguridade social pelo Poder Público, é importante, também, que se busque
equacionar adequadamente a restrição decorrente do cenário a que já nos referimos, no qual
nem o CNAS nem os Ministérios dispõem das condições necessárias para o julgamento dos
processos de renovação de Cebas e de recursos interpostos contra decisões tomadas pelo men-
cionado Conselho, ainda no decorrer do presente exercício.
8. Propõe-se, assim, a exemplo do que decidiu o legislador em relação a situações seme-
lhantes, quando da edição das Leis de nos 8.909, de 6 de julho de 1994, e 9.429, de 26 de dezem-
bro de 1996, para que não haja solução de continuidade na prestação de serviços pelas entidades
beneficentes nas áreas de educação, saúde e assistência social, a inclusão de dispositivos no texto
da Medida Provisória que considerem: (i) concedidos os pedidos de renovação de certificados
ainda não apreciados pelo CNAS; (ii) deferidos os pedidos de renovação de Certificado de
Entidade Beneficente de Assistência Social indeferidos pelo CNAS e que sejam objeto de pedi-
do de reconsideração ou de recurso pendentes de julgamento; e (iii) extintos os recursos, em
tramitação até a data de publicação desta Medida Provisória, relativos a pedido de renovação ou
de concessão originária de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social deferidos
pelo CNAS.
9. São mantidos na presente proposição, de maneira geral, os termos dos demais dispo-
sitivos constantes do PL no 3.021/08, ressalvadas algumas modificações de forma, com a inclu-
são de dispositivos que procuram atender a entendimentos e aperfeiçoamentos mantidos com
Parlamentares por ocasião das discussões havidas no âmbito do Congresso Nacional, no trâmite
do mencionado PL. Dentre as modificações propostas, cabe mencionar a inclusão de artigos
que objetivam disciplinar as situações em que a entidade que pleiteia a certificação como entida-
de beneficente atue em mais de uma das áreas (saúde, educação, assistência social), conforme
dispositivos inseridos nos arts. 23 e 24, combinados com o art. 35. Nos termos desses disposi-
tivos, a entidade que auferir receita anual superior a R$ 2,4 milhões e atuar em mais de uma área
fica obrigada a criar uma pessoa jurídica para cada uma dessas áreas, com número próprio no
Cadastro de Pessoas Jurídicas – CNPJ, devendo requerer a certificação e sua renovação em cada
um dos Ministérios responsáveis pelas respectivas áreas de atuação. Entidades com receita anual
inferior a esse patamar deverão requerer a certificação e sua renovação no Ministério responsá-
vel pela área de atuação preponderante da entidade.
10. Assim, além do conteúdo já mencionado, o presente projeto de Medida Provisória
tem os seguintes objetivos, que já estavam contemplados no mencionado Projeto de Lei no
3.021, de 2008:
a) estabelecer os requisitos para a caracterização e certificação das entidades beneficen-
tes de assistência social;
b) estabelecer os requisitos e a forma para que as entidades certificadas como benefi-
centes de assistência social gozem da isenção das contribuições para a seguridade social; e
c) redistribuir os processos de concessão originária do Cebas pendentes de julgamento
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petência para o julgamento dos processos conforme a área de atuação da entidade. A entidade da
área de saúde deve ter o seu pedido julgado pelo Ministério da Saúde. No mesmo sentido, os
requerimentos das entidades de educação deverão ser julgados pelo Ministério da Educação e das
entidades de assistência social pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
21. Esse componente está embasado no fato de que cada órgão setorial da União dispõe
de conhecimento técnico diretamente voltado para a sua área de atuação, o que facilita, e muito,
o estudo das atividades desempenhadas pelas respectivas entidades beneficentes e,
consequentemente, o julgamento do pedido de concessão da certificação.
22. Assim, o Ministério da Saúde dispõe, diretamente, das informações relativas ao
atendimento prestado por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde – SUS (um dos
requisitos para as entidades de saúde é fazer 60% de atendimento pelo SUS), além de deter o
conhecimento necessário para verificar o percentual deste atendimento em relação à atividade
global da entidade requerente.
23. Já o Ministério da Educação, após a criação do Programa Universidade para Todos
– PROUNI, dispõe de todas as informações acerca dos alunos bolsistas das entidades educaci-
onais, especialmente das suas condições socioeconômicas, o que lhe permite verificar, com mais
segurança, o percentual de bolsas concedidas e a situação financeira dos bolsistas.
24. Por sua vez, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome conhece de
perto a realidade das entidades de assistência social que realizam suas atividades conforme a Lei
Orgânica de Assistência Social – Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993.
25. Além disso, atualmente, o julgamento do Cebas, em sede recursal, é feito tão somen-
te pelo Ministério da Previdência Social. A alteração dessa competência se justifica pelas modi-
ficações de organização da estrutura do Poder Executivo Federal, conforme se demonstrará.
Com a edição da Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, foi criado, por meio do seu art. 27, inciso
II, o Ministério da Assistência Social – MAS, retirando do então Ministério da Previdência e
Assistência Social a competência relativa aos programas e políticas de assistência social, passan-
do este a ser denominado Ministério da Previdência Social. O referido dispositivo legal foi
alterado pela Lei no 10.869, de 13 de maio de 2004, que modificou a denominação do MAS para
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS.
26. Desde a sua criação, o Ministério da Assistência Social, atual Ministério do Desen-
volvimento Social e Combate à Fome, abarcou o CNAS. Assim, em princípio, tendo em vista a
pertinência temática e a subordinação do CNAS, o julgamento dos recursos contra as decisões
finais deste Colegiado deveriam ser da competência do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome, até mesmo porque tal recurso sempre teve natureza estritamente hierárquica.
27. No entanto, foi editada a Lei no 10.684, de 30 de maio de 2003, que atribuiu ao
Ministro de Estado da Previdência Social a competência para julgar os recursos interpostos
contra as decisões finais do CNAS, relativas à concessão ou renovação do Cebas.
28. Observa-se que a Lei no 10.684, de 2003, criou uma situação de confusão hierárqui-
ca: o Ministro de Estado da Previdência Social passou a ser competente para julgar os recursos
interpostos contra as decisões proferidas pelo CNAS, enquanto que este Colegiado encontra-se
vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
29. Ressalte-se que não há conflito entre a sistemática proposta para a certificação (em
que cada Ministério aprecia o requerimento das entidades da sua área de atuação) e a competên-
cia da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que é órgão responsável pelo planejamento, execu-
ção, acompanhamento e avaliação das atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação,
cobrança e recolhimento das contribuições sociais para a seguridade social.
30. Outra providência desta Medida Provisória é disciplinar o direito das entidades
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beneficentes de assistência social, desde que devidamente certificadas na forma do Capítulo II,
à isenção das contribuições sociais de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei no 8.212, de 1991, que
poderá ser exercido a contar da data da sua certificação pelo Ministério competente, atendidas
as disposições da Seção I do Capítulo III.
31. Por fim, o projeto de Medida Provisória trata dos processos de concessão e renova-
ção dos Cebas pendentes de julgamento no âmbito do CNAS e do Ministério da Previdência
Social.
32. Em razão da sistemática, os processos de concessão e renovação de Cebas acumula-
ram-se no CNAS e no Ministério da Previdência Social. Hoje, aguardam julgamento no aludido
Ministério cerca de 1.000 (mil) recursos em processos de concessão ou renovação de Cebas. Já
no CNAS, são 8.357 (oito mil trezentos e cinquenta e sete) processos aguardando julgamento,
entre concessões originárias, renovações e representações.
33. Esses processos não demandam um julgamento simples ou fácil, pelo contrário, a
matéria é bastante complexa, com a demanda de delicados cálculos contábeis e análises técnicas
e jurídicas. Em alguns casos, como no das entidades da área de saúde, é imprescindível a obten-
ção de informações de outros órgãos, como o Ministério da Saúde, o que retarda ainda mais a
apreciação dos processos.
34. Como corolário dessas ponderações, os processos de concessão e renovação de
Cebas estão levando, em média, três anos para serem julgados no CNAS e quatro anos para
serem apreciados pelo Ministro de Estado da Previdência Social.
35. Para que as entidades tenham um julgamento justo e em prazo razoável, a presente
proposta prevê a repartição dos processos relativos a concessão originária de Cebas, pendentes
de julgamento, para cada um dos Ministérios responsáveis pelas áreas de educação, saúde e
assistência social.
36. Nesse particular, é necessário destacar que a apreciação e o julgamento de processos
dessa natureza exigem um exame percuciente e demorado, uma vez que se trata de matéria
complexa que, na maioria das vezes, ainda demanda a necessidade de elaboração de análise
técnica dos balanços contábeis das entidades.
37. Além disso, cabe lembrar as consequências advindas da Lei no 8.909, de 1994, que
prorrogou os certificados emitidos até 31 de maio de 1992 para 31 de dezembro de 1994. Com
a prorrogação, a validade dos Cebas de mais de 4.000 entidades expirarão no mesmo período.
Devido a essa coincidência dos triênios de validade dos Cebas, espera-se o recebimento de
aproximadamente 4.000 novos processos de renovação de Cebas até o final de 2009.
38. Por todo o exposto, a solução dessas restrições demanda a imediata redistribuição
dos processos relativos a concessão originária de Cebas, pendentes de julgamento entre as res-
pectivas Pastas e a alteração dos requisitos e procedimentos de certificação a partir da publica-
ção da presente Medida Provisória, a fim de dar maior celeridade às análises, seja por meio da
distribuição dos processos entre os Ministérios afins, seja em razão do domínio da matéria que
cada Pasta detém, o que certamente contribuirá para a aceleração e acuidade do exame.
39. Resta, portanto, inquestionavelmente justificada a relevância e a urgência para a
edição da Medida Provisória ora proposta, uma vez que é inadiável a necessidade de se instituir
uma nova sistemática para o processo de reconhecimento do direito das entidades beneficentes
à isenção de contribuições à seguridade social pelo Poder Público, com a extinção da figura do
Cebas da forma como existe hoje, substituindo-o pela certificação das entidades beneficentes de
acordo com sua área de atuação – saúde, educação e assistência social –, pelos Ministérios
competentes.
40. São essas, Senhor Presidente, as razões que nos levam a propor a Vossa Excelência
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Consolidação
Bertelli lembrou que esse setor se consolida em todo o mundo a ponto de movimentar,
só nos Estados Unidos, cerca US$ 1 trilhão por ano. E disse que o último censo identificou a
existência de 25 milhões de voluntários no Brasil.
Receita Federal
Gabas reconheceu também a rigidez da Receita Federal em relação às entidades filan-
trópicas. De acordo com ele, 100% dos certificados emitidos pelo Conselho Nacional de Assis-
tência Social (CNAS) são questionados pela Receita. “Não é maldade dos auditores, é a lei que
está equivocada porque estabelece requisitos rígidos que as entidades não conseguem cumprir”,
disse. Ele lembrou que no Rio Grande do Sul, um empresário resolveu abrir uma escola para
atender aos seus funcionários e filhos. “O Fisco autuou todos os meses que a escola funcionou
por considerar que era um salário indireto e ele agora tem que pagar a contribuição de todo o
período”, disse.
Lembrou ainda que há 800 processos de entidades beneficentes sendo analisados. “Se
levarmos a lei à regra todas seriam fechadas”, comentou ao enfatizar que o problema é que a
regra está equivocada. Um exemplo, conta ele, é uma entidade de São Paulo mantida por freiras
que, por desconhecimento, não formalizaram o pedido de isenção fiscal, apesar de ter todos os
requisitos. “Pela lei, ela teria que ser fechada porque nenhuma entidade sobrevive se tiver que
pagar contribuições anteriores”, comentou.
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o
O PL n 3.021, encaminhado pelo governo à Câmara em março, prevê o fim da atribui-
ção do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado ao Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS), de conceder ou não o Cebas. Pelo projeto,
caberia aos Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social conceder o certificado,
de acordo com o setor de atuação da entidade requerente.
ANASPS chama atenção para os R$ 31,5 bilhões de renúncias em favor das filan-
trópicas
Em 30.03, a ANASPS chamava a atenção para os R$ 31,5 bilhões de renúncias
contributivas da Previdência Social concedidas no período de 2000 a 2008, sem qualquer
contrapartida efetiva, dos quais R$ 25,1 bilhões se deram na era Lula, de 2003 a 2008.
“Em tese a ANASPS não é contra as isenções”, afirmava o presidente da ANASPS,
Paulo César Régis de Souza, “desde que o Tesouro Nacional promova o ressarcimento ao INSS.
O princípio universal da Previdência é o da contribuição. Fazer isenção com dinheiro da Previ-
dência é fazer gentileza com o chapéu alheio. Como não existe benefício sem contribuição, a
sociedade acabará financiando-o, o que é lamentável”.
A ANASPS divulgou dados agregados sobre as renúncias para as filantrópicas:
Renúncias das filantrópicas – 2000-2008
R$ 1,8 bilhões em 2000
R$ 2,1 bilhões em 2001
R$ 2,5 bilhões em 2002
R$ 2,9 bilhões em 2003;
R$ 3,8 bilhões em 2004;
R$ 3,9 bilhões em 2005;
R$ 4,3 bilhões em 2006
R$ 4,7 bilhões em 2007
R$ 5 ,2 bilhões em 2008.
Total – R$ 31,5 bilhões
Fonte: DataANASPS, (1) 2000-2006, valores correntes; (2) 2007 e 2008, valores estima-
dos pela SPS, do MPS; (3) Os dados são iniciais, inexistindo dados finais, corrigidos e publica-
dos pela SPS do MPS.
Cerca de 9,3 mil instituições gozam de isenção da contribuição previdenciária, e muitas
delas se beneficiam de isenções estatuais e municipais, dado o Certificado de Entidade Benefi-
cente de Assistência Social. Há mais de 1,7 mil processos contra elas tramitando nos órgãos
federais, incluindo 1.800 recursos no Ministério da Previdência e 8.000 no Conselho Nacional
de Assistência Social – CONAS.
Por isso é que a ANASPS sustenta a necessidade de se criar no INSS um grupo de
servidores especialistas, com atribuições específicas de fiscalizar as filantrópicas, as universida-
des do PROUNI, os hospitais universitários, as santas casas para que possam verificar se estão
honrando seus compromissos. “A estrutura de hoje é incipiente, não profissional, e trabalha
contra os interesses da Previdência”, declarou Paulo César Regis de Souza.
287
O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
(Cebas), o PL tem como objetivo fortalecer a rede com entidades que trabalham corretamente.
A audiência, ainda sem data definida, foi convocada pelas comissões de Educação e
Cultura, Finanças e Tributação e de Seguridade Social e Família e terá, também, a participação
de representantes das entidades filantrópicas. O primeiro debate sobre o projeto ocorreu no dia
três de abril, na Comissão de Seguridade Social e Família, com a presença do ministro da Previ-
dência Social, Luiz Marinho, e de representantes dos Ministérios do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS), da Saúde e do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).
Para Marinho, que propôs ao presidente Lula alterações na legislação atual, é preciso
reorganizar o funcionamento do setor e garantir que a fiscalização seja, de fato, feita durante a
vigência do certificado.
O projeto de lei, encaminhado à Câmara no dia 17 de março, com tramitação em regime
de urgência, já recebeu 54 emendas, apresentadas por nove deputados, apenas na comissão de
Educação e Cultura. O texto também será analisado e receberá emendas nas comissões de
Seguridade Social e Família, de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça. Somente
depois a proposta vai a plenário para votação.
Entre as principais medidas previstas no PL no 3.021 estão o fim da atribuição do
Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), órgão vinculado ao Ministério do Desenvol-
vimento Social e Combate à Fome (MDS), de conceder ou não o Cebas; maior rigor na fiscali-
zação do cumprimento das metas determinadas em lei durante a vigência do certificado; e o fim
da responsabilidade do Ministério da Previdência Social pelo julgamento de recursos encami-
nhados contra decisões do CNAS.
Pelo projeto, cabe aos Ministérios da Saúde, Educação e Desenvolvimento Social conce-
der o Cebas, de acordo com o setor de atuação da entidade requerente. As regras em avaliação na
Câmara também preveem que os ministérios poderão iniciar a fiscalização tão logo considerem
necessário, sem a necessidade de esperar por três anos, conforme determina a legislação atual.
Marinho explica que a única participação da Previdência Social no processo de conces-
são de isenções fiscais está relacionada à contabilidade. “Não é justo a Previdência Social julgar
recursos ou conceder isenção para as instituições porque o órgão só tem relação com o recolhi-
mento, com a receita. A Previdência só tem de receber a compensação financeira do Tesouro
Nacional”, conclui o ministro.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
O Planalto precisará arbitrar a questão. “Há resistência dos outros ministérios, porque
eles acham que é muito trabalho para ser feito em um ano. Mas vou insistir nesse ponto”,
afirmou Marinho.
A proposta da Previdência é reduzir de três para um ano a validade do certificado de
filantropia. Durante a vigência do novo prazo, as instituições seriam submetidas à fiscalização
dos ministérios das áreas (saúde, educação e assistência social) e perderiam a isenção previdenciária
caso fossem constatadas irregularidades.
Prestação de contas
Atualmente, somente depois de três anos do gozo do benefício a instituição tem de
prestar contas ao governo e não há controle por parte dos ministérios das áreas atendidas pela
atividade filantrópica.
Havendo descumprimento das regras da filantropia, as instituições são obrigadas a re-
colher à Receita Federal as contribuições previdenciárias que deixaram de pagar. Isso, no entan-
to, não impede que um novo certificado seja concedido à instituição, explica o ministro.
“Não será preciso analisar todo o cadastro em um ano. Aprovado o projeto em 2008,
por exemplo, embora ache que não dá tempo, aí a partir de 2009 seria fiscalizado um grupo de
entidades para cassar o certificado de quem não cumpre as regras. No ano seguinte, um novo
grupo seria fiscalizado, e assim por diante, até depurar todo o cadastro.”
Com a limpeza do cadastro, a fiscalização anual das entidades poderia ser feita por meio
de um monitoramento a distância ou por amostragem. “Seria uma forma mais inteligente para
separar a verdadeira filantropia da ‘pilantropia’.”
Recuo
Ao detalhar o projeto de lei, Marinho recuou na proposta de conceder anistia a dívidas
antigas das entidades. Recentemente, o ministro havia declarado publicamente que esses crédi-
tos eram moeda podre e não valia a pena cobrar a dívida acumulada. Haveria o perdão e a
criação de regras mais duras para o futuro.
“A Receita Federal continuará cobrando as dívidas. A não ser que o Congresso Nacional
decida dar o perdão às entidades na discussão do projeto. Mas não é isso que vai estar na
proposta do governo”, declarou Marinho, reconhecendo que tais créditos dificilmente são recu-
perados pelo fisco. “Isso envolve disputas judiciais e as dívidas acabam prescrevendo.”
Já está certo que o projeto de lei estabelecerá que cada área de governo deverá se res-
ponsabilizar pela concessão, fiscalização e controle da filantropia, assim como repassar para a
Previdência o valor correspondente às renúncias fiscais.
Pelas regras em vigor, a concessão do documento é feita pelo Conselho Nacional de
Assistência Social e eventuais recursos são encaminhados ao ministro da Previdência. “As coisas
mudaram. No passado, quando a Previdência incluía a Saúde e a Assistência, isso fazia sentido.
Hoje não é mais assim, e a educação também passou a fazer parte da filantropia”, explicou
Marinho. “Além de financiar o setor, tenho que fazer o trabalho dos outros”, brincou.
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No entanto, Marinho disse que essas entidades suspeitas não deverão perder o direito à filantropia,
pelo menos por enquanto. “Eu não sei quais são as entidades. Não sou da Polícia Federal.
Enquanto isso, devemos aguardar”, afirmou.
O projeto de lei que retira os poderes do Conselho Nacional de Assistência Social
(CNAS) em conceder os certificados de filantropia e passa a responsabilidade para os respecti-
vos ministérios de cada área envolvida, como Saúde e Educação. Além disso, a análise dos
certificados poderá ser feita a qualquer momento. Hoje, a fiscalização só ocorre ao final do
prazo, de três anos.
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e também deixam de recolher PIS, Cofins, CSL e a extinta CPMF. Para ter direito ao certificado
essas instituições têm que cumprir uma série de exigências, entre elas, oferecer serviços gratuitos
à população. Anualmente, as isenções concedidas às entidades consideradas beneficentes repre-
sentam, apenas para a Previdência, uma renúncia fiscal de cerca de R$ 5 bilhões por ano.
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d’água para a proposta de praticamente extinguir o CNAS, que passaria a ter papel quase figurativo.
Se o projeto for aprovado, o Certificado de Entidade de Assistência Social (Cebas),
reconhecimento de que uma instituição é filantrópica, será emitido pelo ministério de cada área.
O Ministério da Saúde julgará os pedidos de filantropia feitos por hospitais e Santas Casas. O
Ministério da Educação analisará os pleitos de faculdades e universidades. E o Ministério de
Desenvolvimento Social ficará responsável por instituições como as Apaes e entidades que
comandam obras sociais.
“Cada um desses ministérios é que entende da área e sabe se deve ou não considerar
essa ou aquela entidade filantrópica”, disse o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho.
O ministro disse ter sido só coincidência o governo anunciar a alteração no funciona-
mento do CNAS na véspera da operação da PF:
“Não sabia que essa operação estava em curso”.
Mas, no final da entrevista, Marinho caiu em contradição:
“Ouvi um disse me disse e tomei conhecimento que a PF estava investigando”.
O procurador da República Pedro Antônio Machado criticou o projeto do governo por
mudar apenas parcialmente as regras de concessão de títulos de filantropia para ONGs de
interesse público. Para ele, a simples transferência de competência do CNAS para os ministérios
não terá impacto nos esquemas de corrupção que envolvem falsas entidades filantrópicas. Ma-
chado acha que os ministérios não têm estrutura para analisar as informações e fiscalizar a
atuação das entidades:
“Esse projeto do governo é muito ruim. Os Ministérios da Educação e da Saúde não
têm condições de analisar as informações fornecidas pelas entidades. Quem teria que fazer isso
é a Receita”, disse.
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acha que conseguiriam fazer um trabalho de reversão”. O presidente do CNAS disse que Dutra
sabe que “a gente faz isso: tendo uma situação desfavorável se pede vista do processo”. Ele avisa
que o caso ainda não está na fase final de julgamento e promete “fazer uma tropa de choque”
para cuidar desse processo
17 out 2006
Dutra liga para o presidente do CNAS, Silvio Iung, e pede para falar com outro conse-
lheiro, Ademar de Oliveira Marques (os dois estavam embarcando num avião). Dutra passa
orientações sobre processos no CNAS. A conversa mostra como o advogado tem intimidade
com os dois conselheiros. Dutra diz que tem uma sugestão para Ademar. Sugere uma diligência
para “esclarecer algumas coisas que não ficaram claras no processo”. “Pode ser?” Ademar diz
que foi isso que pediu. Dutra avisa que mandará um pedido de diligência. “Claro”, responde
Ademar. Combinam um churrasco em Porto Alegre junto com o presidente do CNAS.
Silvio Iung: Tu quer falar com ele, né? Nós tamo embarcando aqui no avião eu vou te
passar ele, tá bom? Um abraço!
Dutra: Tu visse? Agora eu tenho secretário, hein?
Ademar: É... tô vendo! Tá forte, hein?
Dutra: ... primeiro passo pro secretário...
Ademar: Tô percebendo. Tá bem assim!
16 out 2006
O advogado Dutra e Silvio Iung revelam como será a estratégia para aprovar pedido de
uma entidade. Dutra conta que recebeu o voto do conselheiro Misael Lima Barreto e elogia o
“belíssimo voto” a favor de uma entidade. “Como é que tu vai fazer agora?”, pergunta Dutra ao
presidente do CNAS. Silvio diz que passou o voto para o conselheiro Ademar. Silvio diz que
acompanhou a equipe de análise e propôs o indeferimento. Em seguida Ademar pediu vista.
Dutra: Você pediu o deferimento, né? – estranha Dutra
Sílvio: Não, eu acompanhei a equipe de análise (auditores negavam pedido da entidade).
Lembra que nós fizemos isso como estratégia, e o Ademar, esse sim, pegou aquele voto e
mudou o voto. O pedido de vista dele já é pelo deferimento. O que vai acabar acontecendo
agora é o seguinte, eles vão me perguntar se eu acompanho o voto de pedido de vista. E é isso
que eu vou fazer (...) Agora com o pedido de vista eu mudo meu voto
Dutra: Ah tá!
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para os conselheiros envolvidos. De acordo com a Polícia, os cabeças do esquema seriam Carlos
Ajur, presidente do CNAS quando a denúncia foi feita, e o advogado Luiz Dutra. O conselho é
formado por 18 integrantes, sendo nove do governo e nove indicados pelas próprias entidades
assistenciais. De acordo com a superintendente da PF em Brasília, ValquiriaTeixeira de Andrade,
não foi descoberto qualquer indício de participação dos representantes do governo no esquema.
Para ter direito à isenção de impostos e ao recebimento de verbas federais para obras
sociais, as entidades filantrópicas não podem auferir lucro e precisam cumprir determinados
critérios. Entre eles estão, no caso dos hospitais, a destinação de 60% de seus serviços, incluindo
internações, para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Instituições de ensino devem
destinar até 20% de sua receita ao atendimento de alunos carentes. Quem não atende às exigên-
cias perde direito ao benefício e fica obrigado a recolher todos os impostos, retroativamente.
Era justamente aí que entrava em ação a quadrilha, ao conseguir junto ao CNAS a
renovação irregular do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas). Com
isso, instituições que não cumpriam os requisitos da filantropia deixavam de pagar à União
milhões de reais em impostos e contribuições. “Tinha conselheiro criando dificuldade para
vender facilidade”, afirmou o ministro da Previdência Social, Luiz Marinho.
Conforme o Correio mostrou anteontem, o governo elaborou um projeto de lei para
alterar a legislação que regulamenta a filantropia. A proposta prevê maior fiscalização sobre as
entidades beneficiadas e retira todo o poder do CNAS. De acordo com o ministro, o modelo
atual favorece a ocorrência de fraudes.
O projeto prevê que a concessão dos Cebas e a fiscalização sobre as instituições será
feita por cada um dos ministérios envolvidos (Saúde, Educação e Desenvolvimento Social e
Combate à Fome), e não mais pelo CNAS. Além disso, caso irregularidades sejam constatadas,
o certificado pode ser suspenso a qualquer momento. Hoje, a fiscalização só é feita ao final de
três anos. Mais de 9,3 mil entidades são consideradas filantrópicas. Por ano, elas deixam de pagar
cerca de R$ 5 bilhões em impostos.
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23. Por fim, o anteprojeto de lei trata dos processos de concessão e renovação dos
Cebas pendentes de julgamento no âmbito do CNAS e no Ministério da Previdência Social.
24. Os processos de concessão e renovação de Cebas acumularam-se no CNAS e no
Ministério da Previdência Social. Hoje, aguardam julgamento no aludido Ministério mais de
1.800 (mil e oitocentos) recursos em processos de concessão/renovação de Cebas. Já no CNAS,
são mais de 8.000 (oito mil) processos aguardando julgamento, entre concessões originárias,
renovações e representações.
25. Esses processos não demandam um julgamento simples ou fácil; pelo contrário, a
matéria é bastante complexa, com a demanda de delicados cálculos contábeis, e a legislação
comporta inúmeras interpretações. Em alguns casos, como no das entidades da área de saúde, é
imprescindível a obtenção de informações de outros órgãos, como o Ministério da Saúde, o que
retarda ainda mais a apreciação dos processos.
26. Como corolário destas ponderações, os processos de concessão e renovação de
Cebas estão levando, em média, três anos para serem julgados no CNAS e quatro anos para
serem apreciados pelo Ministro da Previdência Social.
27. Para que as entidades tenham um julgamento justo e em prazo razoável, a presente
proposta prevê a repartição dos processos pendentes de julgamento para cada um dos Ministé-
rios responsáveis pelas áreas de educação, saúde e assistência social.
28. São essas, Senhor Presidente, as razões que nos levam a propor a Vossa Excelência
o encaminhamento do anteprojeto de lei em comento.
Respeitosamente,
Patrus Ananias de Sousa, Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome,
Fernando Haddad, Ministro de Estado da Educação,
Luiz Marinho, Ministro de Estado da Previdência Social,
José Gomes Temporão, Ministro de Estado da Saúde
Guido Mantega, Ministro de Estado da Fazenda
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ministro Carlos Alberto Menezes Direito ponderou, no entanto, que o arquivamento do pedido
não inviabiliza um novo pedido de suspensão da segurança pelo INSS.
Já Gilmar Mendes, que havia pedido vista do processo quando começou a ser julgado
pelo Plenário em 2003, na sessão de hoje entendeu que a imunidade obtida pela Fundação não
era geral quanto a todas as suas obrigações previdenciárias. Além disso, ele considerou o fato de
o INSS ter-se pronunciado, em ocasiões anteriores, pelo prosseguimento do feito. Portanto, no
entender dele, o silêncio do Instituto, num determinado momento, não significava ausência de
interesse.
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Cai paridade nos reajustes de aposentadorias. Câmara derruba emenda que ha-
via sido aprovada pelo Senado na MP que reajustou salário-mínimo para R$ 415
Por Denise Madueño, de O Estado de S. Paulo, em 08.05:
A Câmara dos Deputados rejeitou ontem à noite a proposta que previa o reajuste das
aposentadorias pagas pelo INSS pelo mesmo índice de aumento do salário-mínimo. A proposta,
que já havia sido aprovada pelo Senado, foi derrubada durante a votação em que os deputados
aprovaram a medida provisória que aumentou o mínimo de R$ 380 para R$ 415 a partir de 1o de
março deste ano – um reajuste de 9,21%.
O placar registrou 275 votos a favor do parecer do relator da MP, deputado Roberto
Santiago (PV-SP), que era contrário à paridade. Foram 170 votos contrários ao parecer, ou seja,
a favor do reajuste igual das aposentadorias e do salário-mínimo.
Com a decisão da Câmara, as aposentadorias de valor superior ao salário-mínimo con-
tinuarão sendo reajustadas com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Apenas aposentados que ganham o piso previdenciário, equivalente ao mínimo, continuarão
tendo o benefício atualizado pelo índice do salário-mínimo.
A paridade no reajuste foi incluída na MP em abril pelo Senado, que aprovou emenda
nesse sentido de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS). A aprovação da emenda acendeu a luz
amarela no governo – a área econômica calculou que as despesas da Previdência Social cresce-
riam R$ 4,5 bilhões neste ano.
Diante da possibilidade de agravamento do déficit do INSS, estimado em R$ 43 bilhões
em 2008, o governo passou a trabalhar para derrubar a emenda de Paim. O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse a aliados que estava disposto a vetar a proposta, caso ela passasse pela
Câmara, mesmo considerando o custo político do veto.
O ministro da Previdência, Luiz Marinho, classificou a proposta de “enganadora”. Um
dos argumentos do governo é que a vinculação tornaria inviável a política de recuperação do
salário-mínimo. Seguindo a orientação do Planalto, os partidos governistas votaram contra a
emenda, na sessão de ontem à noite. Os partidos de oposição – DEM, PSDB, o PPS e o Psol –
ficaram a favor.
O governo vai tentar barrar na Câmara outro projeto aprovado no Senado que extingue
o chamado fator previdenciário, que faz parte da fórmula de cálculo das aposentadorias por
tempo de contribuição. Na prática, estimula o adiamento dos pedidos de aposentadoria e contri-
bui para evitar o aumento do déficit previdenciário.
Aposente-se com dez e leve três. Com o reajuste desvinculado do mínimo, apo-
sentado que recebe mais que o piso perdeu 42,86% em 14 anos
Por Max Leone, do Extra, RJ, de 23.03:
Ano após ano, os aposentados e pensionistas do INSS que ganham mais de um salário-
mínimo sentem na pele a perda do poder aquisitivo em relação aos segurados que recebem o
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piso nacional. Levantamento feito pela Conde Consultoria, a pedido do Extra, constatou que os
benefícios de inativos que recebem acima do mínimo tiveram reajuste de 266%, nos últimos 14
anos. No mesmo período, de julho de 1994 a março de 2008, o piso foi corrigido em 540,5%.
O resultado da política de desvinculação dos benefícios previdenciários do reajuste do
mínimo, adotada em 1991, é um abismo entre os valores recebidos hoje e o que deveria ser pago.
Segundo o levantamento do consultor Newton Conde, com os reajustes baseados no
INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), o aposentado que ganhava dois salários-
mínimos em julho de 1994 (R$ 129,58) recebe, hoje, R$ 474,27. Pouco mais que o novo piso de
R$ 415, em vigor desde 1o de março.
Comparação
Se tivesse acompanhado a correção do mínimo, sua aposentadoria hoje seria de R$ 830.
Portanto, a perda é de R$ 355,73 (42,86%).
“Mesmo a Previdência concedendo, em alguns meses, reajustes acima da inflação, a
diferença é grande em relação ao que foi repassado ao mínimo”, disse Conde.
Todos ganhando igual
O sentimento entre os aposentados é de total desvalorização. O ex-funcionário da Light
Waldemar Bianco, de 64 anos, se aposentou, em 1995, ganhando dez mínimos. Hoje, o valor de
seu benefício não passa de R$ 1.300, pouco mais de três salários:
“A cada ano, a diferença aumenta. Gasto cerca de R$ 55 com remédio para diabetes,
mesmo assim, porque compro na farmácia popular. Daqui a pouco todo mundo vai ganhar a
mesma coisa.”
A preocupação do ex-eletricitário procede. De acordo com projeções do advogado
Lásaro da Cunha, professor de direito previdenciário da PUC-MG, persistindo a atual política
diferenciada de reajustes do governo até 2030, os valores estarão unificados:
“Estão valorizando o mínimo sob o risco de achatar os demais benefícios.”
Mesmo em desvantagem os aposentados que recebem acima do piso tiveram reajustes
maiores que a variação da cesta básica do Dieese. De julho de 1994 a fevereiro de 2008, os
produtos da cesta subiram 217,37% no Rio.
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Reajuste de Benefícios do
Salário-Mínimo
Piso previdenciário tem ganho real de 37% em cinco anos. Valores acima do
mínimo mantiveram poder de compra
Em 20.03, o MPS informou que o reajuste de 9,21% do salário-mínimo resultou em
aumento real do piso previdenciário (equivalente ao salário-mínimo) de 37,05%, entre 2003 e
2008. Nesse período, o acumulado foi de 107,5%, até atingir os R$ 415 em vigor desde 1o de
março, enquanto a inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)
ficou em 51,41%.
Os ganhos acumulados nos últimos anos decorrem da aplicação da política de recupe-
ração do valor do salário-mínimo e, em consequência, do piso previdenciário. “Há uma política
de valorização do salário-mínimo, com reajuste do salário-mínimo acima da inflação”, ressalta o
secretário de Políticas de Previdência Social, Helmut Schwarzer.
Com a elevação de R$ 380 para R$ 415, o piso previdenciário ficou equivalente, neste
mês, a US$ 246,51 (considerando a cotação média do câmbio). O valor atual do salário-mínimo
é o maior desde a década de 1980. Em abril de 1982, chegou a valer o equivalente hoje a R$
390,25. A recuperação, segundo Schwarzer, é decorrência de uma política de redistribuição de
renda, com reajustes maiores para quem ganha o piso.
Poder de compra
Ao reajustar em 5% os benefícios previdenciários de valor superior ao salário-mínimo,
o Ministério da Previdência Social preservou o poder de compra dos aposentados e pensionis-
tas. “A Constituição Federal estabelece que esses benefícios devem ser reajustados de forma a
preservar o seu poder de compra. Isso significa que é preciso utilizar um índice de inflação, que
mede quanto os preços variaram de um período de reajuste a outro, para repor o poder de
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Segundo o ministro, o valor foi negociado com as centrais sindicais. “Nós estamos nos
comprometendo a anualmente corrigir o mínimo com base no crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) de dois anos anteriores, no caso de 2006, e mais a variação da inflação.”
O acerto com as centrais sindicais antecipando a data do reajuste do salário-mínimo
para 1o de março foi posto no texto de um projeto de lei, encaminhado pelo governo ao Con-
gresso Nacional em janeiro de 2007, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC). O projeto já foi aprovado na Câmara, mas aguarda votação no Senado. Em 2009, pelo
projeto, o mínimo será reajustado em 1o fevereiro e, em 2010, em 1o de janeiro.
Em 2011, a data também será 1o de janeiro. O projeto define ainda que o piso salarial
será reajustado com base no crescimento real da economia de dois anos anteriores, acrescido da
inflação do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
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dez. Como as despesas vinculadas ao salário são obrigatórias, será necessário cortar em outras áreas.
Ainda assim, o corte total a ser divulgado será menor que os R$ 20 bilhões menciona-
dos pelo governo, graças à nova estimativa de arrecadação concluída pelo senador Francisco
Dornelles (PP-RJ).
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rio Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados, lembra, por exemplo, que a legislação veda
que a matriz de uma empresa possa compensar créditos de contribuições previdenciárias com
débitos do tributo de filiais da mesma empresa. “Já recebemos diversas consultas a respeito”,
afirma.
Por outro lado, a informatização dos pedidos de restituição de contribuições
previdenciárias vai fazer com que o fisco tenha mais controle sobre as operações envolvidas,
segundo Régis Palotta Trigo, do escritório Demarest e Almeida Advogados.
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Receita Previdenciária
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cálculo das contribuições indícios de omissão que somam aproximadamente R$ 4,4 bilhões.
Também foram selecionados mais 772 contribuintes, em razão do cruzamento da GFIP
com os “rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício” declarados em DIPJ. Para esta
situação constataram-se indícios de sonegação na base de cálculo das contribuições previdenciárias,
com divergências de aproximadamente R$ 2,8 bilhões.
Procedimentos Fiscais
A partir de 23.06.2008, a Receita Federal iniciará os procedimentos de fiscalização, inti-
mando 1.700 contribuintes. No decorrer de 2008, novos procedimentos fiscais poderão ser
instaurados.
Os contribuintes que optarem por regularizar a sua situação, desde que antes do recebi-
mento da intimação inicial da Receita Federal, deverão providenciar a retificação da declaração,
pagando eventuais diferenças das contribuições, devidamente acrescidas de juros e multa de mora.
Na hipótese de comprovação dos indícios de irregularidades apontados, os contribuintes
estarão sujeitos à autuação, incorrendo em juros de mora e multa, que variará de 24% a 100%. Nos
casos em que for comprovada fraude, os autuados poderão responder criminalmente.
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de R$ 15,538 bilhões, com queda de 16,8% em relação a igual período do ano passado. Foram
arrecadados R$ 61,422 bilhões no período (aumento de 10,3%) e gastos R$ R$ 76,960 bilhões
com pagamento de benefícios previdenciários (crescimento de 3,5%).
A necessidade de financiamento da previdência urbana no período foi de R$ 2,2 bi-
lhões, enquanto a da previdência rural fechou em R$ 13,329 bilhões. Os dados divulgados hoje
(19) mostram queda significativa no déficit da previdência urbana, que no mesmo período do
ano passado acumulou saldo negativo de R$ 5,821 bilhões. Já o déficit da previdência rural subiu
de R$ 12,849 bilhões para R$ 13,329 bilhões.
Na nova contabilidade, entretanto, a previdência urbana acumulou superávit de R$ 3,265
bilhões no período. Essa nova metodologia considera como receitas as renúncias de contribui-
ções concedidas a entidades filantrópicas, à exportação da produção rural e às empresas optantes
pelo Simples. Neste ano, a Previdência Social já deixou de arrecadar R$ 6,4 bilhões por causa das
renúncias. Somente o Simples custou R$ 3,4 bilhões à Previdência. Com as filantrópicas, a
Previdência perdeu outros R$ 2 bilhões.
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rico, só superado pelos meses de dezembro (a receita de dezembro é maior por causa do 13o
salário). “A taxa de expansão da arrecadação tem sido forte”, comentou.
Fator
As propostas de extinção do fator previdenciário e de reajuste de todos os benefícios
pelo mesmo índice de correção do salário-mínimo, em discussão na Câmara dos Deputados,
afetam o equilíbrio da Previdência Social no longo prazo, e não ajudam a reduzir as desigualda-
des no país. “Do ponto de vista financeiro e do equilíbrio, esses projetos são inviáveis”, afirmou
o secretário. Ele explicou que os dois projetos “têm efeito negativo sobre a distribuição de
renda”, já que os mais pobres não conseguem comprovar 35 anos de trabalho com registro em
carteira e contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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afirmou o Schwarzer.
A nova projeção, segundo ele, já incorpora o impacto do reajuste dos benefícios
previdenciários em vigor desde 1o de março. Nessa projeção, o Ministério prevê uma arrecada-
ção de R$ 158 bilhões e despesas de R$ 201 bilhões.
Arrecadação
A arrecadação líquida das receitas previdenciárias aumentou 8,4% na comparação com
fevereiro de 2007 e atingiu R$ 11,927 bilhões, enquanto as despesas se estabilizaram em R$
13,954 bilhões. O resultado foi um déficit de R$ 2,027 bilhões, que corresponde a uma queda de
31,2% em relação ao déficit de R$ 2,947 bilhões de igual mês de 2007.
Schwarzer atribuiu o bom resultado ao crescimento da arrecadação devido ao nível de
atividade econômica e ao bom desempenho do mercado de trabalho, que continuou a ampliar o
número de vagas com carteira assinada neste início de ano. Outro fator que contribuiu para a
queda do déficit foi a estabilização das despesas. “O resultado nos surpreendeu”, comentou o
secretário, que esperava que a necessidade de financiamento ficasse em torno de R$ 2,4 bilhões.
A arrecadação líquida ficou próxima do recorde de agosto de 2007, quando ficou em
R$ 12,05 bilhões. “O cenário continua favorável com a recuperação do emprego e crescimento
da economia”, disse. Schwarzer explicou que a estabilização das despesas deve-se, provavelmen-
te, à queda no estoque de auxílio-doença.
Previdência urbana
Helmut Schwarzer disse que a arrecadação líquida da previdência dos trabalhadores
urbanos foi de R$ 11,623 bilhões. As despesas totalizaram R$ 11,218 bilhões, o que resultou em
superávit de R$ 405,7 bilhões, pela contabilidade tradicional (metodologia que não inclui como
receita as renúncias de receitas). Se for considerada a nova metodologia, aprovada no Fórum
Nacional de Previdência Social, o superávit da previdência urbana sobre para R$ 1,484 bilhão.
O resultado, segundo Schwarzer, indica que a previdência urbana pode fechar este ano
equilibrada ou até com superávit, conforme já disse o ministro Luiz Marinho. “Tivemos um fato
inusitado na área urbana, porque houve superávit também na contabilidade tradicional”, co-
mentou o secretário.
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financiamento deste ano, estimada pelo ministro Luiz Marinho em R$ 43,9 bilhões. A concen-
tração dos pagamentos em algum mês também já era esperada. No ano passado, houve concen-
tração no mês de março, quando foram pagos R$ 2,22 bilhões em precatórios. Em 2006, houve
concentração em janeiro, com o pagamento de R$ 1,63 bilhão de sentenças.
Medidas de gestão
O resultado das contas do INSS em janeiro “foi muito favorável”, disse o secretário.
Além do aumento das receitas correntes e da continuidade da recuperação do mercado de
trabalho, as despesas do INSS, excluindo os pagamentos de sentenças judiciais, cresceram ape-
nas 1,1% em relação a janeiro do ano passado. Segundo o secretário, as medidas de gestão têm
mantido os gastos sob controle.
“A despesa está bastante estável e o que contribuiu para isso foi a redução do auxílio-
doença”, comentou Schwarzer. O estoque de auxílio-doença caiu de 1,402 milhão para 1,183
milhão, o equivalente a 15,7%, entre janeiro de 2007 e janeiro deste ano. Parte desses benefícios
foi reclassificada como auxílio-doença por acidente de trabalho, item que cresceu 38,4% no
período devido à entrada em vigor, em abril, do Nexo Técnico Epidemiológico (Ntep). A quan-
tidade de benefícios pagos também está estabilizada no patamar próximo ao de 2006 e 2007.
Transferências
As transferências da Previdência Social ao sistema S (Sesi, Senai, Sesc, Senac e Sebrae) e
ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) aumentaram 40,7% no mês
passado em comparação com janeiro de 2007. Foram R$ 2,105 bilhões. Schwarzer explicou que
as transferências recordes refletem a boa arrecadação de dezembro, já que os recursos são repas-
sados no mês seguinte.
Devido às transferências, a arrecadação líquida da Previdência ficou em R$ 11,206 bi-
lhões, com incremento de 12,2% no período.
Caos nos balcões da Receita está longe do fim. Regras que tornam mais atraente
carreira na Previdência podem provocar fuga de técnicos, piorando atendimento
Por Herinque Gomes Batista, de O Globo, em 07.09:
O caos no atendimento da Receita Federal, admitido pela secretária do órgão, Lina
Maria Vieira, um mês depois de tomar posse, não só se mantém como tende a se agravar,
segundo servidores e líderes sindicais. Além de não ter anunciado até o momento qualquer
alteração na relação do Fisco com o contribuinte, o problema da debandada de servidores da
Receita para outros órgãos deve se intensificar. O motivo? As novas correções salariais
estabelecidas pelo governo, que tornam a carreira previdenciária mais atraente que a fazendária.
Os dois órgãos estão juntos na Super-Receita.
“Esse atendimento está pior que o de empresa de telefonia celular”, afirmou Maristela
Batista, atendente comercial de 40 anos que vive em Gama, cidade satélite de Brasília, referindo-
se ao posto da Receita na capital da República.
Ela passou dois dias completos nas dependências do posto central de Brasília, para
resolver uma pequena pendência em seu CPF. Acompanhada do pai, o potiguar Assis Paes, de
80 anos, teve mais sorte: só conseguiu resolver o problema dele, após uma hora de espera, graças
ao privilégio no atendimento a idosos. Ela lembrou que teve de se deslocar 40 quilômetros, pois
existem apenas dois postos da Receita no Distrito Federal.
Paulo Antenor de Oliveira, presidente do Sindicato Nacional dos Analistas Tributários
da Receita Federal do Brasil (Sindireceita), disse que situações como essa são constantes.
Segundo ele, tudo se mantém da mesma forma desde que Lina – que foi procurada pelo
Globo, mas não quis dar entrevista – reconheceu que o atendimento era caótico: “Não vimos
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qualquer mudança prática. Por enquanto, está tudo nas ideias e, mesmo assim, as propostas são
insuficientes”.
Ele afirmou que não existe treinamento adequado, mesmo dos servidores que tiveram
de passar a atender questões previdenciárias. Oliveira conta que nenhuma das propostas levan-
tadas até o momento prevê a desburocratização do órgão: “Às vezes, um problema pequeno,
um erro de guia de cem reais, passa por três Estados antes de ser resolvido”.
Essa situação é a vivida pelo servidor público Jânio César Lopes dos Santos, de 31 anos.
Também tentando resolver um antigo débito em seu CPF, ele terá de voltar mais uma
vez à Receita: “Paguei a minha multa, vim até aqui com o documento do Banco do Brasil em
mãos, mas eles me disseram que não podem fazer nada, que tenho de aguardar o envio do
comprovante do banco pelo sistema”, disse
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Vieira substituiria Rachid na Receita Federal. Funcionária de carreira desde 1976, Lina foi duas
vezes secretária da Fazenda do Rio Grande do Norte e é presidente do Fórum Fiscal dos Esta-
dos Brasileiros. Atualmente, ela é superintendente regional da Receita em Pernambuco.
Aos 57 anos, tem fama de durona com as metas de fiscalização e arrecadação. Mal
assumiu e já está sendo chamada de “Leoa”, em alusão ao símbolo do Fisco. Não é um persona-
gem, porém, de consenso. Sua indicação causou surpresa e dividiu opiniões.
Lina Vieira participou da abertura do Seminário sobre Planejamento Estratégico do
período 2008-2011 organizado pela Coordenação Geral de Tributação, em Brasília.
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Combate à Fraude
1a Turma nega recurso que tentava reduzir pena por fraude ao INSS
Em 09.12, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou decisão do
ministro Ricardo Lewandowski que, em março último, negou liminar no Habeas Corpus (HC)
94125, por meio do qual a defesa de Jurandir Anastácio da Silva pretendia reduzir a pena de
pouco mais de cinco anos de reclusão, em regime inicialmente fechado, aplicada a seu cliente,
por fraudes cometidas contra o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Condenado inicialmente a onze anos de reclusão por peculato e formação de quadrilha,
Anastácio conseguiu reduzir a pena para os atuais cinco anos, em recurso no Superior Tribunal
de Justiça (STJ). Mas o advogado queria reduzir ainda mais a pena de seu cliente, e por isso
recorreu ao STF.
Após analisar os autos e a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Lewandowski
disse concordar com a dosimetria da pena aplicada pelo STJ. A fixação da pena deve resultar “do
contexto da motivação global da sentença condenatória”, frisou o ministro.
O crime foi cometido no início da década de 90, alegava a defesa, e por isso não poderia
ter sido considerado o contexto atual da Previdência Social para sopesar as consequências da
conduta no cálculo da pena. Para o ministro, contudo, as bases do nosso sistema de seguridade
social já estão assentadas desde 88.
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“Distimia”, em alusão à simulação psiquiátrica dos segurados, que fingiam depressão leve crôni-
ca para obter o benefício previdenciário. Foram expedidos oito mandados de busca e apreensão
e cinco mandados de prisão temporária. Entre os presos encontram-se um servidor público do
Estado de Curitiba e um médico particular.
Os envolvidos responderão pelo crime de estelionato e formação de quadrilha, com
penas que variam de dois a oito anos de prisão. Os beneficiários do esquema poderão ser pro-
cessados como coautores de crime de estelionato, cuja pena prevista varia entre um e cinco anos
de prisão. Além disso, terão que devolver os benefícios recebidos indevidamente aos cofres da
Previdência Social.
Esta é 40a operação realizada pela Força-Tarefa Previdenciária este ano. As ações de
2008 resultaram em 506 mandados de busca e apreensão e 313 mandados de prisão temporária.
De 2003 até hoje, foram realizadas 181 operações, expedidos 1.580 mandados de busca e apre-
ensão e cumpridos 1.164 mandos de prisão temporária
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O LIVRO NEGRO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL 2009
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(INSS), Crésio de Matos Rolim, por suposto crime contra a Lei no 8.666/93 (Lei das Licitações).
O julgamento confirma decisão liminar do relator, ministro Carlos Ayres Britto, no Habeas
Corpus (HC) 92246.
A ação, que tramita na 10a Vara Federal, em Brasília, investiga se houve alguma irregu-
laridade cometida por Rolim na assinatura de convênio do INSS com o Centro Educacional de
Tecnologia em Administração (Cetead), em 1998, para execução de serviços no valor de R$
7,252 milhões sem a realização de concorrência. O relator do processo revelou em seu voto que
se deparou, nos autos, com informações que demonstram haver indícios da prática do delito
previsto no art. 89 da Lei no 8.666/93 pelo então presidente do instituto.
De acordo com Ayres Britto, o Cetead encaminhou, em junho de 1998, proposta de
plano de trabalho ao INSS, sem que houvesse nenhum pedido do instituto nesse sentido. Os
auditores do próprio INSS disseram que chamou a atenção o fato de que, em um único dia – 29
de junho de 1998 –, o processo teve diversos trâmites, sendo que no dia seguinte o então
presidente do órgão, Crésio de Matos Rolim, assinou o convênio.
O documento era tão amplo e genérico, confirmaram os auditores, que permitiu a
realização de diversos outros convênios sob o mesmo contrato, na forma de sucessivos aditivos,
prolongando o convênio inicial, de forma provavelmente irregular, de 1998 até 2000.
Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), conforme afirmou Ayres Britto,
também concluiu que o ato do ex-presidente do INSS foi inadequado. Como não foi demons-
trada motivação para que a Cetead fosse contratada sem concorrência, deveria ter havido um
processo licitatório, como prevê a Lei no 8.666/93.
As informações, ressaltou o ministro, demonstram existir indícios de que o instrumen-
to serviu para a contratação de terceiros por uma pessoa jurídica privada. Tanto é assim, disse
Ayres Britto, que o TCU salientou o fato de 57,76% dos recursos recebidos pelo Cetead terem
sido repassados para uma única empresa subcontratada – Unitec –, que foi a verdadeira respon-
sável pela realização dos serviços. O INSS poderia contratar esta empresa diretamente, concluiu
o ministro, negando o pedido para arquivar a ação penal.
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são da aposentadoria, muitas vezes eles transferiam dados de um contribuinte real para outro
forjado – que os federais denominaram “fantoche” e acabou batizando a operação.
Auditores da Previdência que investigam as fraudes contra o INSS admitiram que tam-
bém pode ter havido falsificação de contribuições, isto é, com a ajuda de servidor do órgão
teriam sido lançadas no sistema contribuições que nunca foram pagas. Além do benefício das
aposentadorias falsificadas, os membros da quadrilha aproveitavam também para levantar em-
préstimos consignados nos bancos. (...)
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Mulher é presa em Catanduva com atestado falso. Intenção era continuar a rece-
ber auxílio-reclusão fraudulentamente
Em 11.08, o MPS informou que a Polícia Militar prendeu em Catanduva (SP) uma
faxineira no momento em que ela apresentava na Agência da Previdência Social (APS) da cidade
um atestado falso com a intenção de provar que seu companheiro se encontra detido, em regime
fechado, numa penitenciária da região.
A mulher, presa em flagrante em 08.08, já vinha recebendo do Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) um auxílio-reclusão, mas como seu companheiro deixou a prisão e está em
liberdade condicional ela perderia o direito a esse benefício. A mulher é acusada de estelionato e
foi ouvida pela Polícia Federal de São José do Rio Preto.
Histórico
Os funcionários da APS em Catanduva desconfiaram do último atestado apresentado
há cerca de três meses pela mulher e consultaram a penitenciária da cidade de Lavínia sobre a
veracidade do documento. A administração do presídio respondeu que o detento está em liber-
dade condicional e que se tratava de atestado falso. (...)
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pessoas, entre eles um servidor do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e cumpriu 14
mandados de busca e apreensão. A quadrilha incluía dados falsos no sistema da Previdência para
a obtenção de benefícios retroativos. Pelas investigações, o desvio causou aos cofres públicos
prejuízos na ordem de R$ 500 mil. (...)
Essa ação da Força-Tarefa Previdenciária – a 26a deste ano e integrada por 54 policiais
federais e seis servidores da Previdência – levou o nome de Operação Norne em referência à
mitologia nórdica, em que três seres representam o passado, o presente e o futuro. O represen-
tante do futuro, com sua espada, rompe o fio da vida da roca e põe fim à existência.
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rão impunes, porque o Ministério está tomando todas as providências para intensificar o com-
bate às fraudes. Além de dobrar o repasse de recursos à Polícia Federal (de R$ 1 milhão para R$
2 milhões) de 2007 para 2008, nos próximos dias a APE vai iniciar o cruzamento dos dados do
INSS com o banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que cancelou quase dois
milhões de títulos eleitorais nos últimos dias. (...)
Ações
Este ano, a Força-Tarefa Previdenciária já atuou nos seguintes estados: Alagoas, Ama-
zonas, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pará, Rio
de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo. Também foi realizada uma operação no Distrito Federal.
Atualmente, tem mais de 20 grupos atuando em todo o país. A APE está investigando cerca de
seis mil denúncias. Outras oito mil estão passando pelo procedimento de triagem, que é feito
pela Auditoria do INSS.
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do INSS e convenciam as viúvas e parentes a entregar os cartões de saque dos benefícios com a
falsa promessa de transformar os proventos em pensões para as famílias. As famílias não podi-
am comunicar a morte dos aposentados e pensionistas ao INSS. O delegado Ronaldo Marcelo
Prado de Oliveira informou que, com os cartões e senhas, os integrantes da quadrilha usavam os
cartões para fazer empréstimos consignados de R$ 4 mil a R$ 5 mil cada, para desconto nos
futuros proventos.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
“Ah, ele pediu os nossos votos.” José Nilton, Vantuil e dona Zilda são personagens de
um fenômeno que cria raízes na política da Região Metropolitana do Rio e no interior do Esta-
do: o uso dos benefícios da Previdência Social como uma máquina de fabricar votos. Funcioná-
rios do INSS e médicos peritos se aproveitam das deficiências do sistema, que dificulta a vida
dos mais pobres e facilita a dos mal-intencionados, para formar currais eleitorais que os tornam
quase imbatíveis a cada pleito. (...)
Em grotões onde toda a família tem alguém na fila dos benefícios, Zé Nilton conquis-
tou cadeira cativa na elite política. Seu prestígio foi construído à custa de pessoas como a lavradora
Judith Freze Tardim, de 65 anos. Viúva e analfabeta, ela vive com quatro filhos em Córrego
Santo Antônio, distrito de Bom Jardim. Há dez anos, tenta inutilmente aposentar-se pelo Funrural.
Enquanto aguarda, continua dedicando quatro horas de seu dia a roçar, limpar, cavucar, cortar
e colher batatas no terreno em frente. O trabalho é penoso e, no fim do mês, ela ainda é obrigada
a repassar 20% dos R$ 400 mensais que consegue produzir para o dono do terreno, que chama
de meu patrão. Judith não perde a esperança:
“Na última vez que estive com Zé Nilton, ele prometeu que ia mandar de novo o meu
pedido e me pediu voto em troca. Se ele conseguir, arrumo o meu e de toda a minha família.”
Por e-mail, o vereador José Nilton disse que todo funcionário público pode ser candida-
to, mesmo ocupante de cargos de chefia, desde que observe os prazos legais de licenciamento,
como afirma ter feito. Nilton disse que é funcionário do INSS há 22 anos, com ficha funcional
“absolutamente imaculada”, e que seu trabalho é resolver os problemas dos segurados – o que
alega ter feito “com absoluto respeito aos cidadãos” e agindo sempre conforme os regimentos
internos do INSS. “Sou vereador há apenas 3,5 anos, pré-candidato em 2008 e sofri as mesmas
fofocas políticas no pleito passado. São comuns nesse período”, disse o vereador por e-mail.
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de decidir se Marcos será denunciado. Bruno também encaminhou o caso à Justiça Eleitoral.
“Há várias pessoas favorecidas que nunca moraram em Japeri, mas só a auditoria pode-
rá nos dar essa certeza”, disse o procurador.
Seu colega de Câmara, Alexandre José Adriano, o Xandrinho, é também funcionário da
Previdência Social. Atual líder do governo na Casa, ele já foi ex-procurador e ex-chefe do setor
financeiro do INSS no Município. No sistema da Justiça Federal, seu nome aparece como inte-
grante do grupo liderado pela fraudadora Jorgina Maria de Freitas. O processo, que incluiu o
sequestro de bens, ainda não foi concluído. Outro vereador com problemas é Lenilson Paes
Rangel, o “Lenilson do INSS”, de Itaguaí, cujo nome consta em três processos sobre fraude
previdenciária.
Mas, como os demais parlamentares, Lenilson se prepara para disputar mais uma reeleição.
O procurador-geral eleitoral, Rogério Nascimento, disse que o INSS virou um podero-
so cabo eleitoral na região metropolitana e no interior do Estado porque os controles do sistema
são frágeis e favorecem a manipulação política de seus benefícios.
Ele, que já estava preocupado com a capacidade de influência de concessionárias do
serviço público no processo eleitoral, reconhece que enfrenta também a fraude previdenciária
como um fator de multiplicação de votos nos grotões.
“A possibilidade de decidir por um benefício, devido ou não, concede a essa pessoa,
servidor ou perito, muito poder. É muita gente querendo e a Previdência não dando a devida
resposta. Isso gera uma poderosa máquina de premiação. Um orçamento daquele tamanho, para
distribuir a quem lhe é fiel, é sinônimo de muito voto.”
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“Quanto aos demais relacionados pelos técnicos da SSA, não se encontra disposição
legal que justifique tal exigência, devendo, dessa forma, ser dispensada tal obrigatoriedade”,
destaca o parecer.
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giadas que possuía, em função do exercício do cargo, para orientar os integrantes da quadrilha
nas seções judiciárias de Vitória da Conquista e de Salvador, onde o Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS) estava sendo questionado. Os crimes atribuídos aos fraudadores são: ad-
vocacia administrativa, violação de sigilo funcional e formação de quadrilha.
As buscas e apreensões ocorreram em Salvador e nos Municípios de Vitória da Con-
quista, Ituaçu e Tanhaçu. Os mandados requeridos pelo MPF, em Vitória da Conquista, e pela
PF, em Ilhéus, foram expedidos pelo juiz João Batista de Castro Júnior, da Vara Federal de
Vitória da Conquista. O juiz decretou também o afastamento cautelar do procurador federal,
considerado cabeça da quadrilha, a fim de preservar as provas do esquema.
A Operação Terra, como foi denominada a ação, faz parte das investigações realizadas
pela Força-Tarefa Previdenciária. Por força da Constituição, somente o Poder Judiciário pode
considerar alguém culpado de um crime, valendo nesta etapa a presunção da inocência a favor
dos denunciados.
Presa quadrilha que fraudava Previdência Social. Bloqueados bens móveis, imó-
veis e contas bancárias dos investigados
Em 25.03, a Polícia Federal de Alagoas (PF/AL) cumpriu mandados de prisão, de busca
e apreensão e de sequestro de bens requeridos pelo Ministério Público Federal em Alagoas
(MPF/AL) e pela própria PF no inquérito que investiga fraudes cometidas contra a Previdência
Social. As ordens judiciais da chamada Operação Bengala foram determinadas pela 8a Vara
Federal em Arapiraca.
Segundo o procurador da República Rodrigo Tenório, que atua na Procuradoria da
República em Arapiraca, o grupo investigado falsificava documentos no interior do Estado que
depois eram utilizados na obtenção de benefícios fraudulentos junto ao Instituto Nacional do
Seguro Social (INSS). Para tanto, recebiam ajuda de servidores públicos federais da Receita
Federal e do INSS. Os primeiros atuavam produzindo CPFs falsos. Já os servidores do INSS,
inseriam os dados no sistema de concessão de benefícios. A quadrilha também contava com o
apoio de servidores dos Correios e de cartórios do interior do Estado, que também produziam
documentação falsa. Os envolvidos também arregimentavam pessoas para fazer uso dos docu-
mentos falsos no momento da obtenção dos benefícios.
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ANASPS - Associação Nacional dos Servidores da Previdência e da Seguridade Social
O esquema de fraude vinha sendo investigado desde maio do ano passado e acontecia
em vários Municípios alagoanos, entre eles Arapiraca, São Miguel dos Campos e Teotônio Vilela.
Em setembro, a PF chegou a pedir a prisão de vários envolvidos à 8a Vara Federal, mas o
Ministério Público Federal, como titular exclusivo da ação penal, se opôs ao pedido e requisitou
novas provas e análise dos dados financeiros dos investigados.
Após a obtenção dessas novas provas, o MPF pediu o bloqueio de bens móveis, imóveis
e de contas bancárias dos investigados, além das prisões, que foram determinadas pela Justiça
Federal e cumpridas hoje pela PF. Ao todo, foram presas 21 pessoas (uma delas, em flagrante) e
cumpridos 21 mandados de busca e apreensão. “O levantamento do patrimônio financeiro dos
envolvidos é essencial para impedir a continuidade do funcionamento do esquema e permitir o
ressarcimento ao erário do que foi desviado”, explicou o procurador da República.
O MPF não divulgou os nomes das pessoas investigadas e que tiveram as prisões decre-
tadas. As prisões preventivas e temporárias foram pedidas para preservar as provas e impedir a
continuidade da prática dos crimes, em especial a lavagem do dinheiro.
Após a conclusão do inquérito policial, os autos serão encaminhados para o Ministério
Público Federal para que sejam adotadas as medidas judiciais cabíveis nas áreas criminal e cível.
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que cumpre sua obrigação social, mas, por exemplo, não preenchem corretamente a papelada. Já
outras entidades, que não cumprem sua função social, mas preenchem corretamente a papelada,
continuam com o direito a isenção. Às vezes indefinidamente. Isso porque não existe fiscaliza-
ção sobre a prestação do serviço – quantidade e qualidade – para a população. “O modelo tem
de mudar em benefício dos bons”, diz Marinho.
Investigações
O caso começou a ser investigado em 2004, quando a Polícia Federal recebeu uma
denúncia de que conselheiros do CNAS ofereciam facilidades para a obtenção de Cebas. O
conselho é composto por nove representantes do governo e nove de entidades civis. De acordo
com as investigações, conselheiros ligados a entidades civis combinavam a aprovação de pedi-
dos de Cebas e só submetiam os processos escolhidos ao plenário quando tinham certeza de
que determinados conselheiros, propensos a pedir vistas de processos, não compareceriam à
reunião. A quadrilha também gerenciava a pauta de votações, retirando e incluindo processos.
A Polícia Federal apurou que pelo menos 60 entidades teriam recebido o Cebas de
forma indevida. Um dos presos, que atua como advogado de entidades, chegava a ditar votos e
notas técnicas para conselheiros do CNAS.
O certificado é, na prática, o reconhecimento de que a instituição presta relevante servi-
ço à comunidade. As entidades que possuem o documento podem usufruir de diversos benefí-
cios concedidos pelo governo federal. As entidades que obtêm Cebas passam a ter isenção da
cota patronal da contribuição previdenciária e também deixam de recolher PIS, Cofins, CSL e a
extinta CPMF. Para ter direito ao certificado as entidades têm que cumprir uma série de exigên-
cias, entre elas, oferecer serviços gratuitos à população. Anualmente, as isenções concedidas às
entidades consideradas beneficentes representam, apenas para a Previdência, uma renúncia fis-
cal de cerca de R$ 5 bilhões por ano.
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de trabalho rural.
De acordo com o superintendente da PF, delegado Valdinho Jacinto Caetano, o bando
chegava às cidades anunciando que estavam a serviço do INSS. Os aliciadores eram responsá-
veis por atrair o maior número de interessados.
O grupo chegava a usar carros de som para anunciar o trabalho e dizia estar a serviço do
governo federal. “Vamos analisar uma série de documentos apreendidos e também ouvir algu-
mas testemunhas, para termos certeza de quando eles começaram a atuar”, afirmou Caetano.
O rendimento do grupo, segundo a PF, poderia ocorrer de duas formas: com o recebi-
mento dos valores atrasados ou, ainda, no recebimento de até 12 salários dos supostos agricul-
tores (a aposentadoria dos trabalhadores rurais era de um salário-mínimo).
Os acusados responderão pelos crimes de falsidade ideológica, falsificação de docu-
mentos e falso testemunho, além de formação de quadrilha.
As penas variam de quatro a 26 anos de prisão. Os presos são Tales Donato Scisinio,
Mateus Donato Scisinio, Diogo Tostes Dias, Renato José Fernandes, Marcos Tadeu Duarte
Peçanha, Igor Scisinio Pontes, Nimer Juni Titoneli Mansur e Carlos Nicolau Curcio.
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pessoas aliciavam beneficiários e ficavam com metade do valor dos benefícios conseguidos.
De acordo com a PF, o esquema consistia no uso de atestados falsos, exames maquiados
ou fraudados, laudos e perícias inidôneas e agendamento e direcionamento criminosos de perí-
cias por parte dos servidores envolvidos para o médico integrante da quadrilha
Dinheiro misterioso
Por Erika Klingl, do Correio Braziliense, em 15.02
O Ministério Público do Distrito Federal quer que a Fundação de Empreendimentos
Científicos e Tecnológicos (Finatec) devolva R$ 24,3 milhões aos cofres públicos. De acordo
com os promotores que acompanham o caso, a decisão foi tomada depois da descoberta de
irregularidades, como dispensa de licitação e superfaturamento do preço oferecido no contrato
no 24, de 1998, com o Ministério da Previdência Social. A entidade sem fins lucrativos foi
contratada sem licitação pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), até 2002, para
serviços de modernização do atendimento e realização de concurso para contratação de funci-
onários.
No início do processo, a Finatec terceirizou a contratação de mil trabalhadores para a
atividade que não tem relação com o fomento à pesquisa. “Após a execução do serviço houve
uma sobra de R$ 24 milhões que foi diluída em contas bancárias de outros convênios numa
tentativa de maquiar a origem desse dinheiro”, acusou o promotor Ricardo Antônio de Souza,
da Promotoria de Justiça de Tutela das Fundações e Entidades de Interesse Social. (...)
De acordo com o promotor, essa é considerada uma das mais graves acusações do MP
contra a fundação. “Houve a ocultação de R$ 24 milhões e, após a descoberta desse montante,
ouvimos que se tratava de sobra do contrato de terceirização do serviço prestado no INSS.” Em
2 de janeiro de 2004, o dinheiro teria aparecido na contabilidade da fundação e sido depositado
em uma conta do Banco do Brasil, onde está até hoje.
Para o promotor, os R$ 24 milhões devem ir imediatamente para os cofres públicos,
numa tentativa de corrigir as irregularidades no processo. “Vamos tomar as medidas legais
cabíveis para garantir o ressarcimento à União. A sobra desse montante associada às informa-
ções que temos deixa claro que houve superfaturamento”, disse Ricardo Souza.
Conta única
O advogado da Finatec, Francisco Caputo Neto, disse que a fundação não tem receio
de ser investigada “por quem quer que seja” e rebateu as acusações. “O dinheiro sempre esteve
em uma conta única e, entre os anos de 2002 e 2004, ficou como uma espécie de reserva estra-
tégica para o caso de ações trabalhistas”, explicou Caputo Neto. De acordo com ele, a lei garante
aos mais de mil funcionários contratados para a execução do contrato o prazo de dois anos
pleitear indenizações. “Em nenhum momento havia dinheiro escondido. Ele estava estampado
em todas as prestações de conta e em todas as auditorias externas realizadas desde 1999 na
fundação a pedido do MP.” (...)
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outubro de 2006.
Estão sendo investigados 517 benefícios concedidos a partir de 2003, entretanto, há
suspeitas de que a quadrilha tenha fraudado 17 mil benefícios. A estimativa inicial é de que o
prejuízo seja de mais de R$ 10 milhões para os cofres da Previdência.
Esquema
A quadrilha arregimentava pessoas que tinham interesse em conseguir benefícios frau-
dulentos (auxílio-doença, aposentadoria por tempo de contribuição, por idade/invalidez, pen-
são por morte ao idoso e portador de deficiência) a participarem do esquema.
Depois confeccionavam a documentação falsa necessária para solicitar o benefício
previdenciário e em seguida davam entrada no requerimento do benefício em uma das APS
onde trabalhava um membro da quadrilha – o servidor que habilitava e concedia o benefício, ou
o médico perito que atestava a existência de doença ou invalidez.
Dois fraudadores foram presos em Santa Inês, no Maranhão. Nos dois casos, após
obter os benefícios fraudulentos, eles fizeram empréstimos consignados para pagar a quadrilha.
Essa prática era usual. Se o beneficiário não tivesse dinheiro para adiantar o pagamento, depois
da concessão era realizado um empréstimo consignado para ratear entre os membros da quadri-
lha que intermediou a concessão do benefício fraudulento.
Entre 2003 e 2008, já foram realizadas 145 operações pela Força-Tarefa Previdenciária,
sendo que 4 delas foram realizadas este ano (em MG, SC, SP e esta do PA). Neste período,
foram presos 868 fraudadores, sendo 48 deles em 2008. Entre os presos desde 2007, 38 são
servidores do INSS.
INSS diz que despesas são comprovadas. Órgão afirma também que faz fiscali-
zação sobre os gastos com cartão
Em 10.02, o governo federal afirmou que os gastos com cartão crescem na mesma
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proporção em que diminuem as despesas pagas com a chamada conta B. As contas, nos minis-
térios, estão sendo extintas aos poucos, por determinação do mesmo decreto que criou o novo
sistema. Os servidores, à medida que se habituam com os cartões, substituem a maneira de
gastar a verba pública.
A opção pelo sistema de saques e crédito foi criada em 2001 e implantada pelo Execu-
tivo em 2002.
De acordo com a assessoria de imprensa do INSS, as superintendências locais recebem
orçamentos diferentes para serem gastos com o cartão corporativo, que atendem ao tipo de
serviço oferecido ao público e à quantidade da demanda. Os valores mais altos correspondem às
cifras máximas que uma superintendência pode gastar. Existem casos de locais que não preci-
sam gastar todo o valor.
A assessoria do órgão também explicou que todos os gastos devem ser comprovados
com notas fiscais. Se for constatada alguma irregularidade, o próprio ordenador de despesas do
local determina a devolução do dinheiro.
A gerente em exercício do INSS em Maceió, Isabel Almeida, afirma que os cartões
evitam a burocracia das licitações públicas e dá agilidade ao programa Reabilita, de inclusão
social dos segurados.
“Os cartões são importantes porque temos uma lista do que pode e não pode comprar.
E mesmo assim temos que justificar toda esta compra. Além disso, se os cartões não existissem,
não poderíamos fazer compra emergenciais de materiais para o funcionamento do INSS ou
para o segurado do Reabilita”, afirma Isabel.
A assessoria de imprensa do INSS, em Brasília, confirmou que as compras de roupas
feitas em Maceió foram para um segurado que integrou o programa Reabilita, que funciona
exclusivamente para beneficiários do auxílio-doença. O beneficiário foi um homem que fez um
curso de capacitação para exercer a função de vigilante. Todos os integrantes são obrigados a
passar por uma avaliação médica. (...)
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Ação do Ministério
Público Federal
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previdenciários num total de mais de R$ 1,2 milhão. Os débitos com a previdência são
cobrados independente da condenação judicial.
Ainda cabe apelação da sentença no Tribunal Regional Federal da 1a Região. O
processo tramitou na Justiça Federal de Marabá com o número 2004.39.01.001189-4
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em todo o país. “Vamos sentar com o INSS para discutir os problemas e ver quais são as
soluções viáveis”, afirmou. De acordo com o procurador Peterson de Paula, que comandou
a vistoria na agência de Ceilândia, o posto presta um atendimento “caótico”. “O espaço
físico é pequeno, faltam funcionários. Uma pessoa leva até três horas apenas para conseguir
informações”, afirmou.
Em nota, o Ministério da Previdência informou que o sistema de atendimento do
INSS passa por uma profunda reformulação, que inclui reforma e construção de novas
agências, qualificação de servidores e contratação de 8 mil novos funcionários até 2010. No
entanto, o governo não quis se manifestar sobre a blitz do Ministério Público.
Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadão promove hoje o “Dia Nacio-
nal de Inspeção em Agências da Previdência Social”.
Em 24.04, o Ministério Público Federal fez inspeções em agências da Previdência
Social em todo o país. As inspeções acontecem a partir das 10h – horários locais. A inicia-
tiva é da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) que, por meio de seu
Grupo de Trabalho Previdência e Assistência Social, promove o “Dia Nacional de Inspeção
em Agências da Previdência Social”.
O objetivo das inspeções é averiguar a qualidade dos serviços prestados aos cida-
dãos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Elas serão realizadas por procurado-
res da República de todo Brasil que atuam, em primeira instância, com questões relaciona-
das à previdência. As agências inspecionadas serão escolhidas a critério dos procuradores, a
partir do conhecimento dos problemas locais.
O atendimento prestado pelas agências ao público é, em regra, dividido em serviço
de orientação e informação, atendimento simples e atendimento especializado (dentro des-
te último tipo estão as perícias médicas). No Plano de Ações Prioritárias do INSS (disponí-
vel no sítio da PFDC na internet), o Ministério da Previdência Social descreve ações a
serem implementadas até o fim de 2007 para melhorar a gestão e o atendimento do INSS.
O MPF pretende avaliar o que realmente foi feito nesse sentido. (...)
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MPF/AC consegue na Justiça que INSS mude regras para avaliação de inca-
pacidade. Decisão tem validade em todo o território nacional
Em 10.01, a 3a Vara da Justiça Federal no Acre atendeu pedido do Ministério Públi-
co Federal e, a partir de agora, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) deverá consi-
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derar como incapaz, para efeito de concessão de benefícios, a pessoa, idosa ou não, que seja
incapaz de se manter por outros meios que não o trabalho.
Até agora, o INSS considerava que a pessoa que tinha condições de realizar atos
comuns da vida diária, tais como fazer sua própria higiene, alimentar-se ou vestir-se de
maneira independente, não teria direito ao recebimento do benefício.
Para decidir, a Justiça levou em conta o que dispõe a Constituição Federal, que
exige apenas dois requisitos para a concessão do benefício: ser idoso ou deficiente, e a
condição de desamparo, que é exatamente não possuir meios de prover o próprio sustento
ou de tê-lo provido por sua família.
Segundo o argumento apresentado na ação civil pública pelo procurador da Repú-
blica José Lucas Perroni Kalil, “o INSS inviabiliza o exercício de direito por parte de
postulantes, ao criar requisitos sem previsão de lei, obrigando os interessados a procurar
seus direitos em Juízo”.
Pelo pedido do MPF/AC, acatado pelo julgador da ação, a decisão terá validade em
todo o Brasil, já que o INSS atua de igual maneira em todos os Estados.
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