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UNICAMP
Campinas SP
CADERNO DE RESUMOS
PROGRAMAÇÃO
COORDENAÇÃO:
Luciene R. Paulino Tognetta - UNICAMP
Maria Suzana De Stefano Menin - UNESP
Telma P. Vinha - UNICAMP
2009
I CONGRESSO DE PESQUISAS EM
PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO MORAL
crise de valores ou valores em crise?
Caderno de Resumos
e Programação
Coordenação
Luciene R. Paulino Tognetta – UNICAMP
Maria Suzana de Stefano Menin – UNESP
Telma P. Vinha – UNICAMP
2009
© by Autores, 2009
Tiragem
450 exemplares
ISBN: 978-85-7713-079-5
Impresso no Brasil
Junho – 2009
Depósito legal na Biblioteca Nacional, conforme Decreto n.º 1.825 de 20 de dezembro de 1907. Todos os direitos para a
língua portuguesa reservados para o autor. Nenhuma parte da publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qual-
quer modo ou por qualquer meio, seja eletrônico, mecânico, de fotocópia, de gravação, ou outros, sem prévia autorização
por escrito dos Autores. O código penal brasileiro determina, no artigo 184: “Dos crime contra a propriedade intelectual:
violação do direito autoral – art. 184; Violar direito autoral: pena – detenção de três meses a um ano, ou multa. 1º Se a
violação consistir na reprodução por qualquer meio da obra intelectual, no todo ou em parte para fins de comércio, sem
autorização expressa do autor ou de quem o represente, ou consistir na reprodução de fonograma ou videograma, sem
autorização do produtor ou de quem o represente: pena – reclusão de um a quatro anos e multa. Todos os direitos reser-
vados e protegidos por lei.
Apresentação
Dispostos a deflagrar as características de um tempo pós-moderno em que se vive, reúnem-se
integrantes de vários grupos de pesquisa, associações, instituições educativas de muitos estados brasileiros
e de outros países num congresso de pesquisas em psicologia e educação moral cujo grande foco é a reflexão
e o encontro de diferentes olhares para tal frequente indagação: crise de valores ou valores em crise?
Explicitemos o sentido desta pergunta. Inúmeras vezes deparamo-nos com certo saudosismo latente
que teimosamente nos remete a pensar em valores de velhas gerações como quase ausentes nas relações
estabelecidas atualmente. Nesta esfera encontram-se, não raro, várias pessoas referindo-se aos valores não
presentes em jovens, adolescentes ou crianças como a elucidar uma perda de gerações que outrora, em seus
conceitos, eram caracterizadas como possuindo mais valores morais. É comum que declarem “No meu
tempo, bastava o olhar de meu pai... No meu tempo, podíamos sair à noite sem medo dos estranhos.” Várias
são as questões contidas nessas declarações que nos perturbam, levando-nos a acreditar que possivelmente
os valores morais socialmente admirados em nossa sociedade estariam doentes e com grande perigo de se
extinguirem. Paira a dúvida de que nossa sociedade atual viveria uma “falta de valores” ou uma anomia que
destruiria as relações entre as pessoas e dificultaria olhar o outro com o respeito desejado. De fato, temos
presente um mal-estar apontado por inúmeras reportagens que denotam uma forte ausência desses valores,
substituídos por poder, fama, pelo sucesso financeiro, virilidade e beleza física... No entanto, por outro
lado, não poderíamos encontrar, entre nós, resquícios daqueles valores morais tão pretendidos? Ou ainda,
não poderíamos dizer que há uma certa mudança em termos do que se espera como diferentes sentidos para
a vida das pessoas em tempos dotados de fluidez e de significados vazios? Como explicar a preocupação
e desejo de pais e educadores de que jovens e adolescentes sejam absorvidos por gestos de generosidade,
honestidade e gratidão quando estes nos faltam nesses tempos líquidos? Como explicar tantos ensaios para
a superação da violência em âmbitos escolares? É, portanto, também verdade que esses mesmos valores
ainda são referendados no presente. Eis que o conflito se instala.
O Congresso ora apresentado visa exatamente ampliar tais discussões sobre as características desse
momento em que vivemos, reunindo pesquisadores das universidades nacionais e de outros países que
realizam trabalhos na área da psicologia e da educação moral, disseminando o conhecimento resultante
destas pesquisas e estudos, bem como promovendo parcerias e o diálogo entre as diversas ciências.
Amparados pela certeza de que tais momentos serão importantes para o fomento da pesquisa e para
pensar as ações tão urgentes nas instituições educativas, os organizadores deste congresso saúdam com
alegria e apreço todos aqueles que se juntam neste mesmo projeto. Que todos, organizadores e participantes,
possam voltar para casa enriquecidos.
Sejam todos bem-vindos!
Comissão organizadora
OBJETiVOs
• Reunir pesquisadores das Universidades nacionais e de outros países que realizem trabalhos na
área da psicologia e da educação moral, disseminando o conhecimento resultante destas pesquisas
e estudos.
• Oportunizar discussões com apresentações das pesquisas e relatos de experiência entre os
professores e os estudantes de pós-graduação e graduação, das licenciaturas e da Educação Básica.
• Promover o diálogo entre as diversas ciências, entre elas a Psicologia, a Pedagogia, as Neurociências,
a Sociologia, a Antropologia e a Filosofia, visando discutir temáticas relacionadas à moralidade
incentivando novas investigações.
• Fomentar parcerias e ampliar a integração dos diferentes cursos de pós-graduação que investigam
essas temáticas e também que atuam na formação de profissionais da educação.
lOCAl
CENTRO DE CONVENÇÕES – UNICAMP (ginásio multidisciplinar)
Rua Érico Veríssimo, s/n.
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – UNICAMP
Av. Bertrand Russell, 801
Cidade Universitária “Zeferino Vaz”
Campinas – SP
EiXOs TEmÁTiCOs
1. A moralidade na sociedade contemporânea
2. Moralidade, cognição e afetividade
3. A ética e a moral
4. Psicologia, moralidade e cultura
5. Neurociência e moralidade
6. Questões metodológicas em pesquisas sobre moralidade
pAlAVrAs-CHAVE
Psicologia – aspectos morais e éticos, valores, educação moral, cidadania.
ATiViDADEs prEVisTAs
• Conferências: Consistem na exposição de especialista que discorrerá sobre o tema do evento, de
forma abrangente e aprofundada, contemplando o debate nacional e internacional. Os conferencistas
serão convidados pela Comissão Científica do Congresso.
• Mesas-redondas com convidados: Destinam-se a oferecer aos participantes o debate do tema
geral e dos subtemas, sob várias perspectivas de análise, apoiado em pesquisas e estudos realizados.
• Relatos de pesquisa: Destinam-se à apresentação de resumo de pesquisa teórica ou empírica a
ser apresentado em sessões temáticas. O participante terá 15 minutos para sua apresentação. Cada
sessão temática terá um coordenador, previamente indicado pela Comissão Científica.
• Minicursos: Consistem na exposição de um tema por um ou mais profissionais, versando sob
assunto de sua especialidade. Todos os minicursos terão duração de 2 horas.
• Pôsteres: Destinam-se à apresentação de relatos de pesquisas sob a forma de painel a ser afixado
em lugar e dia indicados na programação do evento. As dimensões do pôster deverão ser de
90cm de largura por 120cm de altura. Deverá conter as informações: título do trabalho; autores
e instituição; introdução/justificativa; objetivos; marco teórico; método; principais resultados e
análise; discussão e considerações finais; referências.
COOrDEnAçãO E COmissõEs
COOrDEnAçãO gErAl:
Luciene R. Paulino Tognetta – UNICAMP/Campinas-SP
Maria Suzana De Stefano Menin – UNESP/Presidente Prudente-SP
Telma P. Vinha – UNICAMP/Campinas-SP
Comissão científica
Telma P. Vinha – UNICAMP/Campinas-SP (coord.)
Adelaide Alves Dias – UFPB/João Pessoa-PB
Adrian Dongo Montoya – UNESP/Marília-SP
Alessandra de Morais Shimizu – UNESP/Marília-SP
Ana Maria F. de Aragão Sadalla – UNICAMP/Campinas-SP
Ângela Pereira Teixeira V. Palma – UEL/Londrina-PR
Áurea Maria de Oliveira – UNESP/Rio Claro-SP
Betânia Alves Veiga Dell’Agli – UNIFAE/São João da Boa Vista-SP
Carmen Campoy Scriptori – Centro Universitário Moura Lacerda/Ribeirão Preto-SP
Clary Milnitsky-Sapiro – UFRGS/Porto Alegre-RS
Cleonice Pereira dos Santos Camino – UFPE/Recife-PE
Denise D’Aurea Tardeli – UMESP/São Paulo
Eliete Ap. de Godoy – USF/Itatiba/Bragança Paulista-SP
Fernando Becker – UFRGS/Porto Alegre-RS
Helena Singer – Politeia/São Paulo
Heloisa Moulin de Alencar – UFES/Vitória-ES
José Augusto V. Palma – UEL/Londrina-PR
Juan Delval – UNED/Espanha
Julio Rique Neto – UFPB/João Pessoa–PB
Jussara Cristina Barboza Tortella – USF/Itatiba-SP
Leonardo Lemos de Souza – UFMT/Rondonópolis-MT
Lia Beatriz de Lucca Freitas – UFRGS/Porto Alegre-RS
Lino de Macedo – USP/São Paulo
Luciana Souza Borges – UFES/Vitória-ES
Márcia Simão Linhares Barreto – UNIVERSO/Niterói-RJ
Maria de Fátima Polesi Lukjanenko – USF/Itatiba-SP
Maria Isabel da Silva Leme – USP/São Paulo
Maria Suzana De Stefano Menin – UNESP/Presidente Prudente-SP
Maria Teresa Ceron Trevisol – UNOESC/Joaçaba-SC
Comissão editorial
Vanessa F. Vicentin – UNIFRAN/Campinas-SP
Patrícia Unger Raphael Bataglia – UNIBAN/São Paulo
Andréa C. Nasciutti Scoda – GEPEM/UNICAMP/Campinas-SP
Instituições promotoras
Laboratório de Psicologia Genética – LPG/FE/Unicamp
Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Moral – GEPEM/Unesp/Unicamp
UNICAMP/Campinas-SP
Unesp/Rio Claro-SP
Unesp/Presidente Prudente-SP
USP/Piracicaba-SP
Unifran/Campinas-SP
USF/Campinas/Itatiba-SP
UMESP/São Paulo
UNIFAE/São João da Boa Vista-SP
UNIBAN/São Paulo
Apoios institucionais
UEL/Londrina-PR
UFES/Vitória-ES
UFMT/Rondonópolis-MT
UFPB/João Pessoa-PB
UFPE/Recife-PE
UFRGS/Porto Alegre-RS
UNESP/Assis-SP
Unesp/Marília-SP
UNIVERSO/Niterói-RJ
UNOESC/Joaçaba-SC
Conselho Regional de Psicologia-SP
Editora Mercado de Letras
Editora Adonis
Projeto Eco-Partners
Jornal Tododia
Fundação SM
Programa.............................................................................................................................................10
Conferências .......................................................................................................................................18
Mesas-Redondas .................................................................................................................................21
Minicursos ..........................................................................................................................................46
Pôsteres ...............................................................................................................................................79
*Locais:
Auditório III – Centro de convenções – Ginásio Multidisciplinar da Unicamp
Auditório II – Centro de convenções – Ginásio Multidisciplinar da Unicamp
Salão Nobre – Faculdade de Educação da Unicamp – 1º andar
Auditório da Biblioteca – Biblioteca da Faculdade de Educação da Unicamp – Prédio anexo – 1º andar
LL02, LL08 – salas de aula na Faculdade de Educação da Unicamp – térreo
ED04, ED05, ED06, ED07, ED09, ED10, ED11 – salas de aula na Faculdade de Educação da Unicamp – Prédio anexo
**Sala de reunião – Faculdade de Educação da Unicamp –2º andar – bloco C
La escuela debería ser un lugar privilegiado para proporcionar una formación que permita participar
plenamente en la vida democrática. Muchos sistemas educativos lo plantean así en sus objetivos generales,
pero sin embargo si analizamos las ideas subyacentes y la práctica que se realiza cada día en las escuelas
podemos fácilmente darnos cuenta de que no es la más adecuada para la consecución de estos fines.
La pregunta que nos tenemos que hacer es: ¿estamos proporcionando una educación que sea realmente
democrática? Hoy podemos percibir que existe una contradicción entre el tipo de educación que se
proporciona en las escuelas, y el modelo de sociedad al que formal-mente se aspira. Lo que tendríamos que
conseguir es constituir escuelas que sean democráticas y que preparen a los individuos para funcionar en
una sociedad democrática como auténticos ciudadanos, y no como súbditos. Podríamos decir que el ideal
sería tener escolarizados a todos los niños y niñas durante muchos años, con sus necesidades materiales
satisfechas, de tal forma que asistieran a una escuela en la que recibieran una formación que les permitiera
ser felices, desarrollarse armoniosamente, convertirse tanto en adultos provistos de los conocimientos
necesarios para insertarse en el mundo social de una forma productiva, como ciudadanos dispuestos a
cooperar con los demás, a participar activamente en la vida colectiva. Lo que podemos preguntarnos ahora
es ¿cómo se hace?, ¿cómo podemos llegar hacía una escuela que cumpla esas funciones?, ¿qué tendríamos
que hacer en las escuelas para poder encaminarnos hacía la formación de individuos que tengan este tipo de
características? Si optamos por fomentar la existencia de individuos felices y autónomos hay que comenzar
por emprender una serie de reformas y entre ellas cambiar la organización social de la escuela y modificar
las relaciones sociales en su interior. En segundo lugar, hay que cambiar los contenidos que se enseñan,
pero sobre todo, la manera de enseñar esos contenidos. En tercer lugar, hay que cambiar la vinculación de
la escuela con el entorno en el que se encuentra, las relaciones de la escuela con la sociedad.
É curioso notar-se que durante toda a História das Ideias, a partir da Grécia antiga, os filósofos
trataram de ambos os temas, moral e teoria do conhecimento, sem relacioná-los verdadeiramente. No
entanto, podemos, com algum esforço, apontar algumas dessas relações que não foram explicitadas. Esse
será nosso objetivo nessa conferência, não para dizer algo de definitivo, é claro, mas para abrir a questão que
nos parece bastante interessante, sobretudo para que os jovens estudiosos não acreditem que o tema é novo.
Iniciaremos com exemplos retirados da Teoria de Platão, sobretudo comparando o discurso dos sofistas
com o de Sócrates que teria contemplado, no Mundo das Ideias, as Verdades Eternas em todo seu esplendor
e que seria, portanto, detentor do máximo conhecimento possível. Os sofistas, no entanto, habilíssimos
na arte do discurso, quando suas almas habitaram o Mundo das Ideias não tiveram o mesmo contacto que
Sócrates com o Conhecimento, daí o terem escolhido a vida do mestre, brilhante, mas enganador. Descartes,
por causa da Inquisição que vitimara Galileu, foge do problema moral, contentando-se com sua “moral
provisória” e se atendo muito mais ao problema das paixões da alma, portanto ao problema afetivo que,
no entanto, no seu texto, liga-se ao problema moral. Em Kant já encontramos uma tentativa explícita, uma
verdadeira obra sobre as relações entre Conhecimento e Ética. Para que se possa aquilatar a importância
da vontade individual na Ética de Kant e em suas reflexões sobre o Direito é imprescindível recordar que
em seu tempo o que se procura é um fundamento para a moral que havia perdido sua legitimidade sua
fundamentação, na medida em que deixara, no âmbito da Filosofia, de ser um “departamento” da religião,
como em Blaise Pascal, como em São Thomás de Aquino. Para Pascal o valor, as virtudes da moralidade
estão necessariamente ligados à divindade, (como sabemos) e para São Thomás não é diferente. A fonte
dos valores, da justiça e das virtudes são as Escrituras Sagradas que contêm a Verdade Revelada por Deus.
Portanto, aqui a fonte da Verdade está fora de nós, e é divina, absoluta, transcendente ao mundo sensível, ou
seja, de uma ordem diferente do mundo dos fenômenos, incluindo o ser humano. No final da Idade Média
para alguns, na Idade Moderna para outros, quando as Escrituras Sagradas já não se constituem na fonte da
Verdade, a questão é: onde encontrá-la senão dentro de nós mesmos? Mas como demonstrar essa verdade
que não conta com o privilégio da Revelação nem da transcendência metafísica? Como argumentar contra
um conhecimento absoluto com argumentos relativos? É possível admitir a Verdade no âmbito do relativo?
O psicologismo é, então, considerado o apogeu do relativismo. Que é psicologismo? É a tentativa de tudo
Procurando identificar alguns dos valores presentes na atualidade e ainda, se seriam esses valores
morais, investigamos o sentimento de indignação presente entre adolescentes. Questionamos sobre o que
lhes causa indignação e obtivemos como resposta ações que podem apontar o que é valor aos olhos desses
jovens, já que esse sentimento surge quando o sujeito considera que um direito foi desrespeitado, quando se
é vítima ou testemunha de uma ação considerada imoral, injusta. Os resultados indicaram que a maior parte
dos adolescentes demonstra valores considerados individualistas ou restritos às relações mais próximas, o
que significa que eles se sentem indignados quando consideram que os seus direitos e os das pessoas de sua
convivência são violados. Dessa forma, o preconceito, a mentira e a injustiça, por exemplo, só os indignam
quando ocorrem consigo mesmos ou com o seu próximo. Esses dados demonstram a preponderância de
uma moral mais restrita à esfera privada e não à dimensão pública que envolve o outro (não conhecido),
inclusive aqueles não pertencentes à comunidade desses jovens, visto que os valores que os indignam não
são ainda generalizáveis para qualquer ser humano.
Valores evocados nos posicionamentos referentes às cotas para alunos negros ou alunos de
escolas públicas: uma pesquisa entre universitários
Maria Suzana de Stefano Menin
UNESP/Presidente Prudente-SP
sumenin@gmail.com
Alessandra de Morais Shimizu
UNESP/Marília-SP
ashimizu@flash.tv.br
Divino Jose da Silva
UNESP/Presidente Prudente-SP
divino.js21@uol.com.br
De que o aluno necessita saber para poder viver em uma sociedade concreta? O que é preciso transmitir-
lhe, e como, para que alcance essa condição? Nesse sentido, a escola, enquanto instituição social que
possui como um de seus objetivos a formação dos alunos, deve intervir na construção dos valores sociais
e morais? Objetivamos com este artigo tecer, a partir dos sentidos atribuídos por professores do ensino
fundamental ao médio profissionalizante, como a escola e os profissionais que nela atuam compreendem
seu papel de intervenção no processo de construção dos valores dos alunos, como ocorre este processo de
construção, quais são os principais entraves que o cotidiano escolar evidencia. A base empírica da análise
proposta está sustentada em dados de pesquisa, constituída por uma amostra de cento e vinte professores
que atuam em diferentes níveis de ensino, do fundamental ao médio profissionalizante, em municípios
localizados no Oeste catarinense. Identificamos nas respostas dos professores a preocupação com a questão
em foco. Diferentes argumentos foram evidenciados em suas respostas enfatizando o porquê a escola e
seus profissionais devem intervir na formação moral dos alunos, entre eles podemos destacar: a) uma
preocupação por parte desses profissionais em contribuir para formar um sujeito cidadão que possa “con-
viver” em sociedade e, nesse processo, “co-operar” para construir uma sociedade mais justa. b) Cabe à
escola e a seus profissionais “resgatar” a formação dos valores que se inicia em casa, nas relações com a
família, mas que, por muitos fatores, vê-se fragilizada. Nesse sentido, o professor ocupa um papel essencial
Pensar o tema da violência na escola exige de nós um exímio esforço para entender as diferentes
necessidades dessa instituição educativa. As investigações sobre o fenômeno da violência escolar traduzem
uma realidade que está longe de cultivar relações interpessoais pautadas no respeito mútuo tão desejado por
todos. As pesquisas atuais denotam as preocupações dos educadores e suas queixas, pois se reportam na
maioria das vezes, às ações violentas das quais são vitimizados. Esses mesmos educadores, ao sugerirem
estratégias e possibilidades de transformação dessa realidade indicam mudanças a partir de outros setores,
como indicando a não responsabilidade para vencer esse problema. A cada dia, aumentam as estratégias
terceirizadas da escola, sugerindo a presença do conselho tutelar, da polícia, das câmeras de filmagem,
de advogados para pensar as regras da escola, mas, infelizmente, não se pensam na transformação do
espaço de relações entre o professor e os alunos e mesmo na necessidade de práticas mais democráticas
que permitam que os alunos possam ser ouvidos em suas reclamações, possam pensar nos problemas que
têm no convívio escolar e antecipar possibilidades de soluções conjuntamente. Estrangeiros na própria
terra, professores não sabem o que fazer e utilizam intervenções pouco producentes para vencer a causa da
violência na escola que está muito mais ligada ao pouco sentido para a vida que os métodos de ensino têm
proporcionado aos alunos. Estrangeiros na própria terra, os alunos, por sua vez, não encontram espaços
psicológicos para se constituir enquanto pessoas que estão em formação, já que se espera que meninos e
meninas cheguem à escola já formados em todos os aspectos, inclusive sabendo respeitar aos outros, fato
As pessoas adotam diferentes formas de enfrentar um conflito interpessoal. Estudiosos da área apontam
três principais estilos de resolução de conflito: agressivo, submisso e assertivo. O estilo de solução agressivo
inclui estratégias de coerção para o enfrentamento do conflito, enquanto o estilo submisso caracteriza-se
pelo não enfrentamento da situação. Apenas o estilo assertivo envolve comportamento explícito de defesa,
sem utilizar estratégias coercitivas. Apresentaremos um estudo que teve como objetivo verificar os estilos
de resolução de conflito de 84 adolescentes, estudantes de uma escola pública. Intencionamos também
comparar a expressão de sentimentos dos participantes e as estratégias de solução de conflito indicadas
por eles. Os adolescentes apresentaram predominantemente respostas submissas, seguidas de respostas
agressivas. Grande parte dos participantes não se pronunciou com relação aos sentimentos provocados
pelas situações descritas pelo questionário, seguida dos que expressaram sentimentos negativos ou pouco
definidos. Com relação à expressão de sentimentos, muitos conflitos apresentaram associações positivamente
significativas entre as respostas agressivas e ausência de manifestação sobre o afeto despertado pela situação.
Pretendemos também neste momento refletir sobre o papel dos conflitos interpessoais no âmbito escolar em
uma visão construtivista e as atuações dos educadores que favorecem a formação de pessoas autônomas.
Para tal, vemos como necessária a atuação imediata dos educadores frente a situações de conflitos entre os
alunos e focada nos envolvidos no desacordo. Também sustentamos a necessidade de ações planejadas com
todo o grupo de alunos, a fim de favorecer a construção de recursos cognitivos e afetivos necessários para
uma solução mais justa e harmônica.
Os conflitos interpessoais tais como agressões físicas e verbais, furtos, desobediência às normas,
desrespeito, entre outros, têm chamado à atenção da sociedade em geral pelo aumento da sua incidência
na escola, contraditoriamente com a missão educativa desta. Alguns estudos recentes indicam que uma
grande parte dos professores dedica entre 21% e 40% de seu tempo escolar às situações de indisciplina e
de conflitos entre os alunos, sendo apontadas como problema por mais de 50% dos diretores das escolas
públicas e particulares. Contudo, apesar da sua grande incidência nos diversos níveis, não raro, os educadores
sentem-se inseguros e despreparados para intervir de forma construtiva ao depararem-se com tais conflitos.
Compreendendo-os como oportunidades para a construção de valores morais e as regras que regulam
a convivência, será apresentado como ocorre o desenvolvimento das estratégias de negociação entre as
crianças e jovens, analisadas pesquisas sobre a forma como a escola lida com os conflitos, refletindo sobre
as prováveis consequências para o desenvolvimento moral, e propostas sugestões de procedimentos para
realizar intervenções mais cooperativas e efetivas.
O Projeto Assembleia de Heróis foi desenvolvido de 2005 a 2008 como projeto de extensão da
Universidade Metodista de São Paulo com crianças de 4ª a 6ª séries do Ensino Fundamental de escolas
públicas de São Bernardo do Campo. Teve como objetivos: Promover a construção da identidade moral
dos jovens; proporcionar atividades diversificadas à programação curricular; utilizar filmes de cinema que
exploram o conceito do herói na educação de valores morais; propiciar a discussão das identificações
positivas com os personagens dos filmes no desenvolvimento da cidadania; oferecer espaços diversificados
de estágio e estudo para os alunos do curso de Pedagogia; tomar consciência dos valores morais e sociais
importantes para o bem comum como amizade, solidariedade, cooperação, responsabilidade, participação.
O método utilizado consistiu em um encontro semanal de três horas de duração, no qual os participantes
assistiam a um filme de cinema comercial sobre heróis ou super-heróis, numa semana e, na seguinte,
realizavam dinâmicas e vivências associadas à temática da história. Estas dinâmicas seguem a linha das
Assembleias de Classe que é uma técnica psicopedagógica que visa a tomada de consciência moral a
partir de situações hipotéticas apresentadas. Comprovou-se a necessidade da construção de um Projeto de
Vida para o desenvolvimento de uma Personalidade Moral é fundamental ao jovem, além de despertar o
senso moral para a justiça, a fidelidade e a generosidade. Portanto, criar um espaço de trocas e de reflexão
é fundamental para o aprendizado tanto dos estagiários quanto dos participantes. Ao falar do filme, os
jovens falam, na verdade, de si mesmos e ao projetarem os conflitos e emoções, podem refletir sobre suas
necessidades e aspirações e desenvolver aprendizados significativos.
Nesta apresentação, descreveremos a pesquisa que iniciamos este ano sobre projetos bem sucedidos
de educação moral no Brasil. Esta pesquisa pretende investigar e descrever experiências brasileiras
consideradas bem sucedidas de Educação Moral ou Educação em Valores Morais (ou éticos) em escolas
públicas de ensino fundamental e médio. Essas experiências estão sendo coletadas a partir de questionários
Este apresentação pretende descrever o Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos, que
teve sua primeira edição em 2008. Inicialmente, faremos sua contextualização, no âmbito das políticas
públicas federais voltadas à educação em direitos humanos (EDH), e a descrição da maneira em que
foi concebido. Em seguida, após breve panorama geral desta primeira edição, desenvolveremos alguns
comentários suscitados pela análise preliminar dos trabalhos inscritos nas categorias 1 e 2, que dizem
respeito à atuação das secretarias de educação e das escolas, por estarem mais diretamente relacionadas
ao “chão da escola”, aos currículos e práticas escolares. A título de conclusão, argumentaremos acerca
das contribuições da educação em direitos humanos, entendida como uma abordagem específica para
a educação em valores, trazendo para o debate, muito brevemente, diretrizes para a política pública
educacional nesse campo.
Amizade e valores morais estão intimamente relacionados nas obras de Aristóteles e de Cícero. Na
Ética a Nicômaco, Aristóteles apresenta a amizade como um fenômeno moral. Cícero faz o mesmo em
seu Tratado sobre a Amizade. O objetivo do presente trabalho é discutir alguns aspectos das relações entre
cultura, amizade e valores no mundo contemporâneo. Parte-se do pressuposto de que relações de amizade
podem ser compreendidas em diferentes níveis de análise ou de complexidade. Assim, amizades pessoais
ou individuais representam o pólo mais microssocial dessa forma de relacionamento enquanto as amizades
entre nações, por exemplo, retratam relacionamentos de natureza macrossocial. Os valores ligados à amizade
podem ser vistos como estruturas sócio-culturais presentes nesses diferentes níveis de complexidade. Os
valores atribuídos à amizade em diferentes manifestações culturais contemporâneas, como literatura,
música, cinema, entre outros, fornecem dados importantes sobre amizade, valores e o contexto cultural.
Uma perspectiva cultural torna-se ainda mais importante na investigação do relacionamento entre membros
de diferentes culturas e nações, como no caso das amizades interculturais e internacionais. Em suma, há
a necessidade da investigação, de uma perspectiva cultural, dos valores ligados à amizade em diferentes
níveis de complexidade e de como esses valores se relacionam, o que contribuiria para a construção de
modelos teóricos da amizade.
Quais as grandes preocupações dos pais e educadores na atualidade? Uma delas diz respeito ao
comportamento de seus filhos ou alunos. As preocupações com o desenvolvimento moral e a educação de
valores de crianças e adolescentes não são algo recente, mas ganharam um novo impulso em todo o mundo
nos últimos anos, provavelmente, proveniente das preocupações atuais como o aumento da violência
familiar, alcoolismo, depressão e anomia, tão notórios em jornais e em nossas escolas. Fica para muitos
o saudosismo como frases típicas: “No meu tempo de criança os valores eram devidamente “ensinados”,
transmitidos pelos pais e as crianças eram mais comportadas, respeitavam mais os adultos”; e para outros
a necessidade da compreensão do mundo contemporâneo e as possibilidades de trabalho no campo dos
valores. A partir deste contexto, o presente trabalho objetiva apresentar uma articulação entre os estudos
sobre a construção moral, a educação de valores e a amizade, em uma perspectiva construtivista. Na
primeira parte, pretende-se destacar alguns estudos sobre desenvolvimento moral e valores. Na segunda
parte, uma pesquisa com crianças que reflete a construção da amizade e os aspectos morais e afetivos.
Por fim, apresentaremos algumas reflexões sobre as contribuições destas pesquisas como orientadoras da
prática pedagógica.
Questões associadas à amizade e à moralidade estão presentes na pesquisa científica de áreas como a
Psicologia e a Educação, assim como na prática de profissionais dedicados à educação e ao cuidado à saúde
infantil e adolescente. A relevância social e científica da amizade e da moralidade para a aprendizagem
e o desenvolvimento infantil e adolescente há muito vem sendo destacada. O presente trabalho possui
dois objetivos. O primeiro propõe apresentar um panorama da produção científica publicada direcionada à
relação entre amizade e moralidade, em especial, aos estudos que articulam estes temas ao desenvolvimento
infantil e adolescente e às implicações educacionais e para a saúde. Procura-se salientar as contribuições
advindas dos esforços já empreendidos, com destaque às abordagens teóricas e metodológicas utilizadas.
O segundo objetivo do presente trabalho é traçar perspectivas em pesquisa com base na produção científica
analisada. Espera-se que as reflexões decorrentes da presente análise possam contribuir para o incentivo
à articulação amizade-moralidade tanto em pesquisa como em atividades com contribuições ao contexto
educativo.
Escolas democráticas
Helena Singer
Politéia/São Paulo
hsinger@politeia.org.br
Nesta Mesa serão apresentadas propostas escolares transformadoras e seu impacto nas trajetórias
dos estudantes. Os dados baseiam-se em mapeamento do movimento mundial pela educação democrática
e pesquisa qualitativa realizada em cinco escolas do estado de São Paulo que se propõem a praticar uma
gestão democrática e participativa. O universo pesquisado inclui escolas urbanas e rurais, públicas e
privadas, de educação infantil, ensino básico e EJA. Tal gestão democrática articula-se com a estruturação
do conhecimento em ciclos, projetos, liberdade de escolha e avaliação como prática de investigação.
Una educación democrática tiene que estar relacionada necesariamente con unos contenidos
educativos determinados, pero también, y sobre todo, con una forma de funcionamiento de las instituciones
escolares, porque la democracia no es un conjunto de conocimientos sino que es ante todo una práctica.
Muchas veces los contenidos relacionados con la democracia, y en general con el funcionamiento de
las formas políticas, aparecen en las disciplinas referentes a las ciencias sociales. Pero esto sólo resulta
insuficiente. La enseñanza actual de las ciencias sociales es inadecuada y no prepara de forma conveniente
para participar en una sociedad democrática. La participación en una sociedad democrática como miembro
responsable exige que se produzcan cambios y renovaciones en la organización de la escuela, así como
modificar la función de los profesores. El curriculum para la escuela primaria y secundaria debería tener
en cuenta esta situación y adecuarse a ella. La tarea de elaborar nuevos programas y nuevas formas de
enseñar sobre el conocimiento de la sociedad, la participación, la convivencia y la tolerancia, es urgente y
debería hacerse a partir de la experiencia concreta de los niños, que está ligada a su edad y a su desarrollo
cognitivo.
De determinado ponto de vista, dizer escola democrática é cometer uma redundância. Por isso,
é importante ter bem presente o que entendemos por educação e por democracia. Se pensarmos que
educação, diferentemente do que pensa o senso comum, não é simples passagem de conhecimentos, mas
a relação pela qual se constroem seres humano-históricos por meio da apropriação da cultura produzida
historicamente, vem-nos à mente a característica nitidamente política da educação. Mas política aqui
também tem um significado diverso daquele do senso comum. Empregamos a palavra política em seu
sentido mais geral e rigoroso que diz respeito à convivência entre grupos e pessoas que reivindicam a
condição de sujeitos, ou seja, de seres de vontade, de autores sociais. Essa convivência que é objeto
da ação política pode ser feita de duas formas: pela dominação, como resultado da luta política, e pela
democracia, processo e resultado do diálogo entre sujeitos. A democracia é, portanto, a convivência
pacífica e livre entre grupos e indivíduos que são sujeitos e que se afirmam como tal nessa convivência.
Por outro lado, se entendemos a educação como a apropriação da cultura para a constituição de seres
humano-históricos, ou seja, de sujeitos, de portadores de vontade, ela só se realiza com a concordância
desses sujeitos que se acham na condição de educandos. Desse modo, a educação só se realiza, o
aprendizado só se dá, se o educando quiser. E nunca se leva o educando a querer por outro meio que
não seja a persuasão, instrumento político da democracia, instrumento dialógico, pelo qual se pretende
convencer o outro mas se corre o risco de não conseguir, porque não se pode impor. (A imposição é
instrumento da dominação, do autoritarismo, não da democracia.). De tudo isso resulta que se constrói
escola democrática, começando pela assunção da educação como prática democrática.
O bullying no espaço escolar é tema que preocupa cada vez mais os pais, educadores e autoridades.
Seus efeitos negativos favorecem o surgimento de um clima escolar de medo e insegurança, enfraquecem a
qualidade das relações interpessoais e comprometem o processo de ensino e aprendizagem. Nesse cenário,
como as escolas se posicionam? Como preparam seus profissionais para a identificação e encaminhamento?
Como desenvolve estratégicas preventivas?
Buscando formas pacificadoras de lidar com conflitos é fundamental uma revisão dos paradigmas.
Acreditando que é possível a construção de um mundo melhor, a Cultura da Paz é um dos elementos
a serem incorporados na nossa prática diária, de forma que a violência que observamos, assim como a
exclusão não sejam imperativos. A Justiça Restaurativa é uma prática mundial e baseia-se em culturas
milenares, nas quais a resolução de conflitos se dava em conselhos de tribos, de forma que o indivíduo
podia entender a repercussão de seus atos para toda a comunidade. Hoje, no mundo, a Justiça Restaurativa
existe em aproximadamente 30 países e são inúmeros os modelos. Alguns a adotam na comunidade, nas
escolas e a Nova Zelândia a adota como sistema de Justiça. No Brasil por iniciativa do CNJ, no ano de
2005, começaram três projetos pilotos: Brasília, Porto Alegre e São Caetano do Sul. São Caetano ampliou
o número de escolas participantes no ano seguinte, e incluiu na comunidade. Em Campinas, a partir de
uma iniciativa do Juiz da Vara da Infância e da Juventude, Dr. Richard Pae Kim, ocorreram discussões
durante o ano de 2007 e em 2008 houve uma capacitação. O grupo participante era composto por 5
professores de quatro escolas estaduais e duas municipais, além de profissionais do Sistema de Garantia
de Direitos: profissionais de executoras de medidas sócio-educativas em meio aberto e em medida
de privação de liberdade, 1 do Conselho Tutelar, 1 de serviço da Prefeitura Municipal e 6 da Equipe
Interprofissional da Vara da Infância e da Juventude. O Grupo que realizou esta capacitação – Justiça
em Círculo, trabalhou também em São Caetano. Neste momento, a Secretaria Estadual de Educação e
Atualmente, é grande a preocupação dos educadores, em relação a como seus alunos (crianças e
adolescentes) resolvem conflitos no ambiente escolar. Faz-se urgente, portanto, a busca por estratégias
que permitam uma reflexão acerca de como a resolução de conflitos é exercida no ambiente escolar.
Diante dessas preocupações, um procedimento da educação moral a ser utilizado dentro das escolas é o
trabalho com as regras contratuais, cujo desencadear pode ser realizado a partir de assembleias. Essas
promovem a elaboração e reflexão sobre as regras, favorecem momentos para o diálogo e a troca de pontos
de vista, contribuindo para o desenvolvimento moral e, consequente, a construção de valores e atitudes
democráticas em âmbitos escolares. O procedimento das assembleias não é atual, têm como objetivo criar
espaços democráticos que envolvam a alunos e professores, funcionários e pais, no processo educativo.
Preocupações como esta, apontam para a necessidade de que os educadores que se dispõem a criar esses
espaços na escola possam ficar atentos aos objetivos que buscam atingir. É fundamental que os membros
que compõem a instituição escolar possam ter clareza sobre os princípios que regem a formação moral de
seus alunos, isto é, que de fato possam repensar seus objetivos de formar para a autonomia. Cientes de tal
meta, caberá aos educadores, portanto, o incentivo e as oportunidades para que seus alunos possam refletir
Abordar a temática sobre Educação Moral implica, necessariamente, em refletir sobre qual é a sociedade
que temos e queremos. É somente a partir dessa definição que se torna possível discutir a contribuição da
educação moral no processo de transformação social e, por conseguinte a organização de um ambiente
pedagógico visando a formação do cidadão enquanto EU inserido num contexto universal propiciando as
condições necessárias ao desenvolvimento de pessoas com capacidade de discutir, questionar, cooperar e
transformar o meio em que vive. Ao estabelecer uma relação entre teoria e pratica pedagógica priorizou-se
o conceito da noção de justiça destacando a sua importância no processo do desenvolvimento moral , o qual
Esta apresentação pretende discutir brevemente a influencia dos aspectos afetivos e cognitivos na
moralidade, do ponto de vista do desenvolvimento psicológico. Este assunto é abordado por diferentes
perspectivas de modo distinto. Neste contexto diverso, será tomada como referência principal a teoria de
Piaget quanto aos estatutos da afetividade e da inteligência no desenvolvimento psicológico e, em especial,
na conduta moral. As concepções de Piaget sobre as relações entre afetividade e inteligência, menos
conhecidas do que sua teoria sobre a inteligência, indicam que a Moralidade é um universo de intersecção
entre o desenvolvimento afetivo e cognitivo, já que uma conduta moral não é dirigida unicamente nem
pelo juízo racional, nem tampouco pelos sentimentos morais, especialmente o de dever. Aliás nenhuma
conduta é exclusivamente racional ou afetiva, pois, toda conduta tem uma ou mais metas, que são fixadas
pelos interesses e valorizações afetivos, e também se organiza quanto aos meios para se atingir as metas,
organização esta permitida pela inteligência. Em várias ocasiões, Piaget indicou o papel energético da
afetividade e o papel estruturante da inteligência, afirmando que as relações entre estes aspectos só poderiam
ser de correspondência, ao contrário do que outros teóricos afirmavam. No universo moral, a afetividade
ofereceria então objetivos para as ações e condutas morais, enquanto que a inteligência ofereceria os meios
para que a conduta moral seja possível. Pensar e julgar o que é certo ou errado; reconhecer racionalmente o
que é o dever não bastaria, portanto, para que condutas morais ocorram. É preciso também valorizar metas
morais, estabelecê-las como objetivos para as condutas e organizá-las em sistemas hierárquicos. Cabe ao
pesquisador esclarecer como este duplo processo se dá.
A formação do psicólogo deve contemplar os aspectos da teoria, técnica e a ética na prática profissional.
A teoria envolve o conhecimento acumulado da ciência psicológica bem como os conhecimentos de outras
áreas que podem apoiar o profissional no desempenho de sua prática, a técnica se refere à aplicação do
conhecimento por meio de procedimentos desenvolvidos e validados, que servem como suporte para a
compreensão da pessoa ou grupo com quem se trabalha. A ética, não se refere a um conhecimento teórico
nem a uma técnica, mas a capacidade de reflexão sobre as inúmeras possibilidades de atuação profissional
do psicólogo. O Código de Ética dos Psicólogos é um documento elaborado pela categoria que traz diretrizes
e espelha as construções alcançadas por ela até esse determinado momento histórico e portanto deve servir
de base para as reflexões a respeito da atuação profissional. Cabe aqui esclarecer que as diretrizes não
são aleatórias ou arbitrárias, mas são fruto da reflexão da categoria a respeito de como deve ser a relação
entre a psicologia e a sociedade. Os Princípios Fundamentais, que introduzem o código de ética poderiam
ser tomados como as máximas da própria profissão, já que colocam os direitos humanos, a promoção da
saúde e a responsabilidade como as âncoras do exercício profissional. Além dos Princípios Fundamentais,
há um detalhamento de como o profissional deve conduzir sua prática de modo mais coerente com o que
temos construído até o momento na ciência psicológica. O Conselho Regional de Psicologia (assim como
o Federal, no âmbito da nação) tem a função de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional
procurando resguardar ambos, sociedade e prática profissional tal qual tem sido constituída na história da
profissão. O estudante de psicologia pode e deve aproximar-se das atividades do Conselho ampliando seu
conhecimento e iniciando seu contato com as mais variadas áreas de atuação do psicólogo.
Trata-se de uma pesquisa que investiga a educação militar sob um enfoque psicossociológico.
Abordamos a educação militar como um processo de socialização organizacional, que se traduz como
o processo de aprendizagem que ocorre toda vez que um indivíduo vivencia mudanças de status ou
A indisciplina representa um dos principais fenômenos que geram dificuldades no contexto escolar.
Este fato vem se agravando de tal forma que nem a escola e nem a família conseguem solucionar o problema.
O fenômeno a que estamos nos referindo é caracterizado de diversas formas, porém as ideias acerca desse
tema estão longe de serem consensuais. Isso se deve, particularmente, a complexidade do assunto, a
ausência de resultados de pesquisas, e também a multiplicidade de interpretações que o tema encerra. Nesse
sentido, nos propomos a discutir esse fenômeno tendo como base os dados coletados em uma investigação
que objetivou identificar: a) Os sentidos atribuídos ao fenômeno “indisciplina escolar” por profissionais
da educação (gestores, orientadores educacionais, professores) e alunos (entre a 5ª e 8ª série do ensino
fundamental); b) As causas intra e extra-escolares que são consideradas geradoras desse fenômeno, entre
elas, as que estão relacionadas a Indisciplina do professor; a Indisciplina da escola; a Indisciplina da família.
É oportuno discutir estas outras manifestações de indisciplina, pois, o que comumente ocorre na leitura do
cotidiano escolar é a atribuição de comportamentos e/ou manifestações de indisciplina somente ao aluno; c)
As medidas que estão sendo tomadas por estas instituições para resolver ou amenizar o problema. Partimos
do pressuposto de que se desejamos intervir na realidade educacional devemos conhecer, de antemão, a
forma como os sujeitos que estão envolvidos nessa realidade compreendem os dilemas que vivenciam e as
alternativas de modificação dessa situação que seus discursos possibilitam.
A partir de um projeto coletivo com diretrizes pedagógicas comuns, foi se constituindo uma prática
contínua de reflexão crítica sobre as ações possíveis e necessárias para superar os problemas de indisciplina
escolar em uma instituição pública municipal. A nossa proposta é apontar como a gestão escolar pode
No presente estudo buscamos tratar da educação formal, de seu papel social e da compreensão da
violência manifestada nesse ambiente. Para tanto, estudiosos da área da educação e da violência foram
consultados, bem como foi apresentada uma pesquisa realizada na cidade de Campinas com 92 escolares
de uma escola estadual do ensino fundamental II e ensino médio, que busca detectar como a violência
é manifestada no ambiente escolar. Para essa pesquisa foi utilizado um instrumento elaborado pela
pesquisadora portuguesa Maria Isabel Pimenta Freire e sua equipe da Universidade de Lisboa e adaptado
para nossa realidade. Os resultados apontam para a presença de manifestações agressivas entre os estudantes
principalmente no horário do recreio escolar, entre as manifestações destacam-se as agressões verbais,
sendo a mais comum os xingamentos; em relação aos observadores o comportamento mais comum é o não
fazer nada. A partir do estudo realizado e das referências podemos perceber que há a necessidade de uma
intervenção nas escolas com respeito ao assunto, e essa intervenção deve dar-se principalmente no nível
preventivo buscando a aproximação da escola com as necessidades e interesses dos alunos, por meio de um
ensino significativo.
O fenômeno bullying pode ser entendido como conduta anti-social que se caracteriza por uma espécie
de sociopatia, estando associado ao estilo moral adotado na convivência dos grupos humanos. Em contexto
escolar, evidencia-se por indisciplina e comportamentos anti-sociais que influenciam direta e indiretamente
A sociedade tem focalizado a sua atenção na escola, exigindo maior preparação dos alunos e uma qualidade
superior nas aprendizagens realizadas. As questões sobre a ética do trabalho e do estudo estão emergentes
suscitando diferentes posições e questões. A literatura da área da Psicologia da Educação sugere, por um lado,
a urgência de instalar climas de aprendizagem que promovam aprendizagens mais autônomas e auto-reguladas,
equipando os alunos para os desafios do aprender, e, por outro, a necessidade de responsabilizar os diferentes
agentes do processo educativo: pais, professores e alunos, pelo desempenho de papéis verdadeiramente investidos
no processo do aprender. A ética de trabalho está, por este motivo, no topo da agenda educativa. A literatura,
mas também a prática dos docentes, sugerem que a promoção da autonomia e a responsabilização dos alunos
é um eixo estruturante no processo de aprendizagem dos alunos independentemente do ciclo de ensino. Nesta
comunicação, discutimos o conceito de Autorregulação da aprendizagem, a sua relevância na aprendizagem,
e também algumas implicações e desafios que este construto levanta à prática educativa. Elaboramos ainda
sobre a possibilidade de os professores ensinarem e treinarem com os alunos estratégias de Autorregulação da
aprendizagem com vista a incrementarem o seu sucesso educativo.
Todo comportamento é intencional, ou seja, dirigido para algum objetivo. Entretanto, segundo os
proponentes da Teoria da Autodeterminação, os comportamentos intencionais podem ser ou autônomos
ou controlados. As decisões autônomas são autodeterminadas e, reciprocamente, autodeterminação é a
experiência subjetiva de autonomia, o que culminou com a adoção corrente do termo motivação autônoma.
De um ponto de vista teórico, a motivação autônoma se constitui por reunir em si os três componentes
da autodeterminação: lócus interno, liberdade psicológica e possibilidade de escolha. Ela ocorre quando,
em relação a um dado comportamento, existe concordância pessoal, baixa pressão e alta flexibilidade em
sua execução. Por outro lado, a motivação controlada caracteriza-se por uma regulação externa, ou seja,
O sucesso do trabalho dos professores junto a seus alunos na Educação Básica tem, como um dos
fatores associados, a sua formação inicial no ensino superior. Muito do que ele vivencia como aluno em
termos dos modos de acessar e compreender os elementos da natureza e da cultura, vai definir o seu modo
de proceder no processo formativo de seus futuros alunos. Nesse sentido, uma das alternativas do professor
para o desenvolvimento da motivação autônoma de estudantes de ensino superior está relacionada com o
desenvolvimento de metodologias que promovam o seu envolvimento direto e constante com o processo
ensino/aprendizagem. As Metodologias Ativas vêm sendo cada vez mais estimuladas para novos currículos
do ensino superior, no sentido de superar as formas de trabalho reprodutivas e possibilitar aos estudantes o
desenvolvimento de seu potencial intelectual associado à aquisição de valores e atitudes para viver em sociedade.
O papel do professor de ensino superior, nessa perspectiva, ganha um status de relevância, ao mesmo tempo
em que se lhe acrescentam responsabilidades quando comparadas a estilos de trabalho convencionais. Não
podendo supor que os estudantes possuam motivação autônoma para a realização intelectual, por situarem-se
no nível universitário, cabe ao professor definir procedimentos que envolvem o planejamento cuidadoso, o
desenvolvimento atento de atividades e seu acompanhamento, assim como o feedback constante, como forma
de avaliação de processo, visando a conquista das aquisições desejadas. Com a vivência de um processo de
estudo/trabalho compartilhado, construído e reconstruído ativamente entre professor e alunos para o alcance
da formação desejada, o futuro professor da escola básica poderá atuar também de modo construtivo junto a
seus alunos, no mesmo sentido da promoção da sua motivação autônoma.
Avaliar formativamente tem se constituído em uma das dificuldades presentes no cotidiano escolar,
principalmente em função do instrumental utilizado pelos professores. São diversas e numerosas as
Os caminhos do aprendizado não são retos e livres obstáculos. Porque a emancipação é, ao mesmo
tempo, um pressuposto e um ponto de chegada, as dúvidas, inseguranças e crises aparecem tanto para os
estudantes quanto para os educadores. Os estudantes de todas as idades, em vários momentos, demonstram
desejar que sua vontade seja subordinada, que alguém decida por eles. Nestes momentos, os educadores devem
assumir o papel do mestre ignorante descrito por Jacques Rancière que busca fazer com que o aprendiz realize
a sua potência, partindo de sua própria vontade. Praticando-se em suas escolhas, os estudantes conquistam a
emancipação. Mas, para poder orientar processos de emancipação, o mestre ignorante precisa se emancipar,
conhecer sua potência, sua vontade. A emancipação é a consciência da igualdade das inteligências do mestre e
O problema central que inspira as análises que aqui pretendemos tecer – o dos vínculos entre
experiência ética e formação educacional – tem sido um ponto recorrente e polêmico no diálogo histórico
que caracteriza o pensamento filosófico educacional. Contudo, a sensação generalizada de que vivemos uma
crise ética parece colocá-lo num novo patamar. Desde meados do século XX que os debates a seu respeito
ultrapassaram o âmbito dos discursos acadêmicos e pedagógicos para se tornarem um tema de interesse
difuso, com presença generalizada na mídia. Essa generalização das preocupações com a formação ética
das novas gerações pode ser de grande relevância política, já que, pelo menos em tese, deveria ter como
consequência o reconhecimento do caráter público em que se funda o interesse pelo tema. Paradoxalmente,
contudo, a presença constante do tema na mídia e entre pais e professores, ao invés de re-significar, sob
novas bases, a herança teórico-conceitual do campo ético, tem resultado num esvaziamento de suas noções
e conceitos clássicos. Nesse processo a linguagem ética que herdamos da tradição filosófica passa a padecer
de uma ‘anemia semântica’, convertendo-se num jargão tão repetitivo quanto incapaz de iluminar os desafios
com os quais temos de lidar. Por essa razão, o que se pretende nestas reflexões é tão simplesmente retomar
o problema a partir de uma análise das noções de ‘experiência ética’ e ‘formação escolar’ que as re-insira
na tradição do pensamento filosófico contemporâneo.
Diante das diversas mudanças sentidas na sociedade contemporânea e dos constantes desejos de
ideais de justiça, de solidariedade e de tantos outros valores morais, torna-se imperativa a tarefa de repensar
constantemente a formação oferecida a crianças e adolescentes, assim como cuidar das relações interpessoais
que ocorrem no interior da escola. Entretanto, o compromisso com a construção da autonomia moral pede
necessariamente por uma prática educacional voltada para a compreensão do desenvolvimento sociomoral, e,
por conseguinte, dos aspectos afetivos e cognitivos que constituem a natureza humana. A tarefa em auxiliar
os alunos na trajetória de tal construção é sentida, cotidianamente, como muito difícil pelos profissionais da
educação. Cada vez mais notamos a urgência de condutas específicas por parte de educadores para promover
o desenvolvimento moral em suas crianças e adolescentes e consequentemente, formar cidadãos conscientes,
solidários, justos e responsáveis que frequentemente objetivam os diferentes programas educacionais. Postas
tais considerações, este trabalho tem o objetivo de refletir sobre a necessidade de os cursos de formação de
professores focarem o estudo da ética e da moral como um tema transversal em sua atuação profissional,
visto que, está presente no cotidiano escolar. Além disso, os alunos-professores precisam ter a oportunidade
de refletir sobre as suas ações para o favorecimento da construção da autonomia moral de seus alunos e
sobre a necessidade de estudos ilimitados para a compreensão do desenvolvimento moral, social e afetivo
Este trabalho é um recorte sobre de uma pesquisa mais ampla que tratou de investigar o papel das
representações de gênero no modo como jovens resolvem uma situação de conflito interpessoal na escola. Partiu-
se dos referenciais da Teoria dos Modelos Organizadores do Pensamento, do Paradigma da Complexidade e de
perspectivas críticas sobre os estudos de gênero como contribuintes de aspectos conceituais e metodológicos na
análise do funcionamento psíquico. Foram levantadas informações com 400 jovens (15 a 21 anos), de escolas
públicas e particulares, em dois estados do Brasil (Mato Grosso e São Paulo). Solicitou-se que respondessem
por escrito a quatro questões sobre os sentimentos, pensamentos e o dever dos protagonistas (homens e
mulheres) diante de uma situação (sofrida ou presenciada) de discriminação de gênero e sexual (homofobia)
na escola. Analisamos a perspectiva de gênero na resolução do conflito a partir do sexo dos protagonistas,
considerando as variáveis sexo dos participantes e estado brasileiro em que residiam. Os resultados mostram
que as representações de gênero têm papel relevante no modo como os jovens e as jovens resolvem conflitos
interpessoais. Tais representações são demarcadas pela produção de estereótipos nas relações sociais entre
homens e entre mulheres na escola que desvelam o uso de valores morais e não morais no enfrentamento de
conflitos que envolvam a sexualidade e o comportamento de gênero.
O álcool e o tabaco são as drogas mais usadas pelos adolescentes. Estudo realizado nas 107 maiores
cidades brasileiras, em 2005, mostra a prevalência de 7,0% de jovens dependentes de álcool. O objetivo
deste trabalho é identificar o padrão de uso de bebidas alcoólicas e outras drogas e o julgamento sociomoral
sobre o uso de substâncias psicoativas em alunos de duas escolas públicas de ensino médio de uma cidade,
com cerca de 400.000 habitantes, do estado de São Paulo, Brasil. O levantamento inicial constou do AUDIT
(Alcohol Use Disorders Identification Test) e investigou nível sócio-econômico, religião e ocorrência de
problema relacional causado por embriaguez de membro da família. A entrevista constitui-se de avaliação
do uso de bebidas alcoólicas, com os instrumentos Quantidade e Frequência, Perfil Breve do Bebedor
e Padrão Esporádico de Beber. Foi avaliada, também, a possibilidade de dependência, com o EDA, o
julgamento sociomoral e o uso de drogas pelos participantes, familiares e amigos. Usando a nota de corte
8, o AUDIT identificou 17,9% dos alunos como bebedores de risco. A bebida preferida é a cerveja e o dia
em que mais a consomem é o sábado. Dados sobre o julgamento moral mostram uma percepção do uso
de álcool e outras drogas de forma diferenciada por domínios. Estes resultados mostram a necessidade de
ter-se intervenções para jovens que bebem excessivamente, mas que ainda não são dependentes de álcool.
Kohlberg elaborou toda uma metodologia de levantamento e codificação de dados que revolucionou
o campo de estudos da moral. A Kohlberg’s Moral Judgement Interview (MIJ) é o resultado de décadas
de trabalho e empenho em direção ao desenvolvimento de um método empírico de avaliação do juízo
moral. Essa metodologia foi amplamente divulgada, e com base nela, outros instrumentos de medida moral
foram construídos. No entanto, os pesquisadores envidaram esforços na elaboração de testes padronizados
e de múltipla escolha, que pudessem ser corrigidos com mais praticidade e objetividade, distanciando-se
da particularidade hermenêutica da MIJ. Atualmente, os principais instrumentos elaborados nessa área,
em uso no Brasil, que tem como fundamentação teórico-metodológica a abordagem kohlberguiana, são:
o Sociomoral Reflection Objective Measure (SROM), de Gibbs e colaboradores; o Defining Issues Test
(DIT), de Rest; a versão mais atualizada deste último teste, denominada Defining Issues Tes-2, elaborada
por Rest e Narvaez, e, ainda, o Moral Judgment Test (MJT), criado por Lind. Esses instrumentos vêm sendo
utilizados por muitos pesquisadores brasileiros que se dedicam ao estudo da moralidade, e têm possibilitado
a avaliação do julgamento e/ou da competência moral em diferentes contextos – escolas, universidades,
ambiente de trabalho, sistemas prisionais ou sócio-educativos etc. – e relacionados com uma diversidade de
fatores, tais como: formação acadêmica e profissional, características da personalidade, gênero, orientação
social, tomada de perspectiva e capacidade empática, maturidade e autoconceito, delinquência, programas
de Educação Moral e em Valores, religiosidade, uso de álcool, dentre outros. Apesar do reconhecimento da
contribuição desses recursos ao campo da Psicologia da Moralidade e da Educação, alguns pesquisadores
alertam para a cautela que se deve ter ao se utilizá-los, sugerindo que, preferencialmente, não sejam
empregados como único recurso de investigação e que a interpretação e o uso de seus resultados sejam
acompanhados de uma análise criteriosa e teoricamente fundamentada.
A competência do juízo moral foi definida por Kohlberg (1964) como a capacidade de agir de acordo
com os princípios. Georg Lind (Universidade de Konstanz – Alemanha) se baseou nesse conceito para
elaborar um teste que mensurasse a coerência entre juízos emitidos e uma tarefa moral difícil, a saber,
a avaliação de argumentos contrários a opinião do sujeito. O Moral Judgment Test (MJT) foi traduzido
e validado no Brasil por Bataglia (2001). As pesquisas brasileiras evidenciaram a necessidade de novas
adaptações. Foi então desenvolvido um complemento que acabou por ser incorporado ao instrumento
gerando o MJT estendido ou MJT_xt. Atualmente, estão em desenvolvimento pesquisas que buscam a
correlação entre a competência moral e a postura frente a crenças religiosas, que comparam os resultados do
MJT_xt ao do DIT_2, e que relacionam o desenvolvimento da competência moral ao ambiente acadêmico.
Essa apresentação se refere à discussão sobre o uso dos elogios como um dos prováveis fatores para
a motivação intrínseca, uma vez que esta desempenha um importante papel no processo de aprendizagem
das crianças. O feedback adequado pode motivar o sujeito levando-o a se conscientizar de seus esforços e a
compreender que fatores podem ser modificados em sua próxima realização para que tenha um desempenho
melhor. Pesquisas apontam para o fato de que existem diferentes formas de se proferir elogios e que estas
podem ocasionar resultados positivos ou negativos àquele que foi elogiado, já que pode ou não propiciar
O presente minicurso tem por objetivo apresentar nosso Grupo de Estudos “Educação para a Paz e
Tolerância”, suas relações com os Direitos Humanos, mais especificamente com a “Declaração de Princípios
para a Tolerância” e discutir o que fazemos e como fazemos por uma Cultura de Paz. O que mobiliza o
Grupo de Estudos é o fato de que quantas vezes deparamos com colegas professores, amigos e com a
mídia mostrando situações de injustiça, preconceito, exclusão, violência, crises educacionais, ambientais,
sociais e políticas. Por outro lado, instituições se unem em congressos, elaboram cartas e princípios, num
esforço sem fronteiras para desconstruir quaisquer formas de violência, intolerância e construir a paz.
Somando nossos esforços, o Grupo de Estudos “Educação para a Paz e Tolerância” (GEEPAZ), nasceu para
contribuir, na dinâmica acadêmica, por meio de pesquisas sobre o cotidiano escolar e reflexões sobre seus
conflitos mais recorrentes, na construção de princípios, critérios e clarificação de conceitos e de valores.
Tolerância, intolerância, permissividade, capacidade de se colocar no lugar do outro e cooperação são os
conceitos que se transformam em valores sobre os quais a reflexão se dá à luz dos direitos humanos e da
educação moral. Se os conceitos apontam o que fazer diante de situações de violência e de injustiças, as
reflexões sobre o referencial teórico dão suporte ao “como fazer” na construção de uma cultura de paz. Em
meio à violência institucionalizada, até que ponto pode-se afirmar “uma crise de valores ou se os valores é
que estão em crise”?
Estudos realizados por Piaget (1954), Erikson (1998), Bowlby (1981, 2006), Winnicott (1975, 1978,
1988) e Spitz (1945) reconhecem a necessidade de se estabelecerem relações sócio afetivas seguras desde
a fase inicial da vida, sendo essas de fundamental importância para o desenvolvimento posterior do ser
humano. Para que essas relações socioafetivas ocorram, Borges (2009) afirma, em um estudo, que uma
formação específica e de qualidade é imprescindível ao professor de creche, para que este atue junto às
crianças. Outros estudos (Kishimoto, 1999; Saviani, 2001; Grana-Ferreira, 2008; Borges, 2009 e Silva,
2009) também apontam nesta mesma direção.Um outro fator, de igual importância e relevante para essas
construções socioafetivas, consiste na organização do ambiente físico, que deve favorecer essas relações.
Neste sentido, o presente minicurso tem como objetivo discutir a importância do papel do professor na
construção das relações socioafetivas seguras e harmoniosas na creche, bem como na organização de um
ambiente físico favorável para a construção dessas interações.
Através da prática cotidiana atendendo escolas de Curitiba e região metropolitana na área de violência
escolar e cultura de paz, percebemos que a escola tem encontrado bastante dificuldade no exercício de
suas funções. Tais dificuldades se traduzem em queixas relativas à violência e indisciplina na escola, que
recaem principalmente sobre o comportamento do alunado e suas famílias, que na visão dos educadores, são
consideradas desestruturadas e padecendo de uma crise de valores. Esse recorte que os educadores fazem
das causas da violência e da indisciplina excluem suas próprias condutas. As causas são eminentemente
exógenas. Não negando que as causas exógenas à escola influenciam o cotidiano da comunidade escolar,
pensamos ser possível localizar a violência e a indisciplina como potencializadas por causas endógenas à
escola – que obviamente estão até certo ponto relacionadas com as exógenas – sendo uma delas a crise da
autoridade docente. A ausência de reflexão sobre sua prática pedagógica, ocasionada entre outras coisas,
pelo desgaste que a categoria vem sofrendo, promove uma falta de implicação nos problemas que a escola
sofre e uma restrição das suas funções à transmissão de conteúdo. Nesse contexto, o exercício de uma
autoridade fica imensamente prejudicado, pois para exercer a autoridade é necessário antes de tudo “tomar
as rédeas” do processo educativo, implicar-se, responsabilizar-se e também, compreender a educação
escolar como algo que ultrapassa a formação conteudista.
A presente pesquisa parte da teoria do desenvolvimento moral em Piaget para analisar o papel dos
limites restritivos na consolidação da heteronomia, uma etapa do desenvolvimento necessária e anterior
à autonomia moral. O estudo foi realizado a partir do ponto de vista teórico de La Taille, que questiona
o fato de que um dos problemas da educação atual parece ser justamente falhas na formação de crianças
heterônomas, que rejeitam todo tipo de regras sociais pelo fato de não terem sido inseridas no mundo moral,
por intermédio da autoridade adulta. O papel da heteronomia é analisado também a partir do estudo de um
caso histórico: a vida de Helen Keller e de sua professora Anne Sullivan. Helen Keller foi uma criança que
se tornou cega e surda aos 18 meses de idade, mas que veio a se tornar uma das pessoas mais brilhantes do
século XX (moral e intelectualmente falando). Anne Sullivan foi uma professora contratada com o objetivo
de educar Helen, quando esta tinha 7 anos e era uma criança extremamente agressiva e sem limites (anomia
moral). Anne fez uso de limites restritivos muito firmes para criar primeiramente um espírito de obediência
em Helen – levando-a à heteronomia. Uma vez estando mais submissa, Helen passa a aprender rapidamente
e durante a adolescência e juventude, desenvolve uma grande autonomia, tornando-se uma leitora ativa,
escritora, filósofa e grande ativista da causa das pessoas com deficiência.
O minicurso em questão trabalhará dilemas morais, aliados à dramatização/assunção de papéis. Tal junção
justifica-se, como relevante, no que concerne à proposição de um ambiente passível de discussões morais.
Tendo em vista que a reflexão, discussão e a assunção de papéis, em situações hipotéticas, são benéficas ao
desenvolvimento do julgamento moral, proponho este minicurso, pautado nos seguintes objetivos: possibilitar,
ao grupo, a oportunidade de vivenciar a perspectiva das personagens envolvidas no dilema; refletir, a partir da
assunção do papel do outro, sobre as diferentes perspectivas, visando ao julgamento de suas ações a partir das
intenções das personagens; proporcionar uma discussão ampla sobre os aspectos abordados no dilema, diante
dos questionamentos; apresentar, ao educador, uma “alternativa”, sobre uma das possibilidades, de organizar
uma ação pedagógica direcionada ao processo evolutivo do raciocínio moral. A fundamentação teórica, da
presente proposta, dar-se-á por meio dos estudos de Lawrence Kohlberg (1927-1987), sobre o desenvolvimento
do julgamento moral. Em suas análises, Kohlberg, observava a forma como os sujeitos avaliavam e resolviam
o conflito cognitivo-moral, proposto pelas ações das protagonistas do enredo. A avaliação, entretanto, não
tinha como objetivo verificar a resposta correta ou incorreta ao dilema, mas, sim, identificar o conteúdo, o
desenvolver estrutural do raciocínio e o discurso argumentativo, os quais fundamentavam as justificativas de
opção por um ou outro princípio ético. Para que o participante sinta o que é um trabalho com dilemas, este
minicurso apresenta dois segmentos: teórico e prático.
Atribuir à família as causas do não aprender é frequente entre os professores e profissionais ligados
ao ensino. Muitos justificam suas impressões com base nos aspectos afetivos, pautados nos problemas
de personalidade e familiares. Refletindo sobre esta questão o objetivo do presente estudo foi analisar os
aspectos socioafetivos da conduta de escolares com e sem queixa de dificuldade de aprendizagem, segundo
a percepção da família. Participaram do estudo 12 pais/mães de crianças que cursavam o 4º ano (3ª série) de
uma escola da rede pública de ensino, sendo 6 com queixa e 6 sem queixa de dificuldade de aprendizagem.
Foi elaborado um roteiro de entrevista composto por questões relacionadas à história escolar da criança,
aos aspectos do relacionamento, aos aspectos sociais, aos aspectos do desenvolvimento e uma questão
relativa à descrição livre da criança. Os dados obtidos na entrevista com a família permitiram organizar
categorias relacionadas ao relacionamento da criança com a escola, com a família e com os amigos, sendo
elas: proximidade, proximidade parcial e distância; independência, independência parcial, independência;
formas de expressão. Percebemos que houve diferenças significativas dos dois grupos em relação à escola.
O mesmo não aconteceu no ambiente familiar e com amigos. As visões reducionistas, de causa e efeito,
que estão presentes na análise de professores e profissionais ligados ao ensino precisam ser aperfeiçoadas
para que continuemos na busca por compreensões que beneficiem a criança, fazendo-a desenvolver-se
satisfatoriamente em todos os aspectos.
Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa, realizada junto a professores de escolas laicas e
confessionais, em que buscou conhecer as representações sociais do preconceito e analisar os valores morais
implicados nessas representações. Os participantes da pesquisa foram 50 professores que responderam a
um questionário e oito professores que concederam entrevistas. Sendo, 20 professores respondentes do
questionário e quatro professores entrevistados atuantes em quatro escolas confessionais; e 30 professores
respondentes do questionário e quatro professores entrevistados, atuantes em cinco escolas laicas, todas
localizadas no município de Presidente Prudente, interior de São Paulo. Constatou-se que as Representações
Sociais do Preconceito dos professores pouco difere segundo o tipo de escola em que atuam. A estrutura da
representação do Preconceito por esses professores apresentou como núcleo central os termos discriminação,
ignorância e racismo e como elementos periféricos termos relacionados à afetividade como humilhação,
tristeza e maldade. A religião apareceu atrelada à possibilidade de combate ao preconceito enquanto
instrumento de educação moral.
Este trabalho é um dos resultados de uma pesquisa que busca investigar como um professor pode
ocupar o lugar de adulto significativo/respeitado, facilitando ao aluno seu processo de desenvolvimento
moral e o caminho para a autonomia e para cooperação, através das representações dos alunos. Tal pesquisa
é qualitativa, e foi realizada através de estudos de casos múltiplos, tendo como referencial teórico a
Epistemologia Genética. Os dados foram colhidos em uma escola da rede estadual de Porto Alegre, tendo
como sujeitos alunos adolescentes do terceiro ano do ensino médio e os professores indicados como mais
significativos pelos alunos. Os adolescentes e os professores mais indicados foram entrevistados através
do Método Clínico de Piaget. Os dados foram organizados em casos constituídos de um professor e os
alunos que o escolheram, buscando determinar as características da relação que se estabelece entre os
alunos e este professor que faz a diferença. Os resultados obtidos indicam que os professores que podem
fazer a diferença para a constituição da moral da autonomia do adolescente são aqueles que favorecem
que se estabeleçam relações de cooperação e respeito mútuo, sendo necessárias características de afeto e
particularidade nestas relações. Evidenciou-se também a relevância da reflexão destes docentes sobre sua
prática e sobre o desenvolvimento moral.
Este trabalho teve como objetivo de estudo verificar se os professores de Educação Física sabem
identificar o comportamento agressivo em seus alunos e quais estratégias utilizam para lidar com essas
situações em suas aulas, assim como indicar novas metodologias que contribuam para minimizá-las. Dessa
maneira, foi realizada uma pesquisa com professores de escolas públicas e particulares do município
de Niterói, no Rio de Janeiro. Participou da pesquisa uma amostra de 27 professores que responderam
perguntas mistas sobre o comportamento de seus alunos e suas estratégias didáticas referentes a esse
assunto. Os resultados indicam que os professores, não só demonstram estar preparados para lidar com a
agressividade de seus alunos, mas também sabem identificar esse comportamento. Em contra partida, nas
escolas particulares, os professores afirmam que organizam as aulas pensando em minimizar situações
de agressividade. Contudo, o estudo indica que esses educadores atuam mais quando as situações já
estão acontecendo, deixando de fazer um planejamento mais abrangente. Ao mesmo tempo nas escolas
municipais, os educadores já incluem no planejamento a preocupação com a agressividade. Sendo assim,
o professor que quer diminuir a agressividade em seus alunos deverá estar comprometido em elaborar um
planejamento anual considerando o aluno como um todo – aspectos emocionais, físicos e sociais.
A Epistemologia Genética de Jean Piaget fundamenta este estudo da construção da noção espacial em
termos da gênese do projetivo, procurando estabelecer relações entre esse processo e o desenvolvimento
das interações sociais. O intuito desta pesquisa é, também, fornecer subsídios para as discussões atuais
do campo da Educação Física. Para isso, são investigadas as condutas de crianças e adolescentes em
interação nos dois tipos de jogos escolhidos: de construção – origami e de regras – jogo da casinha e
pique-bola. A investigação está baseada em duas referências metodológicas complementares: o “estudo
de caso múltiplo” (YIN, 2005) e as “análises microgenéticas” de INHELDER (1992). O Método Clínico
(PIAGET, 1926; DELVAL, 2002) embasou as entrevistas realizadas com os sujeitos. Foram constituídos
três CASOS, em cada, um ‘sujeito-foco’ foi eleito para direcionar as análises realizadas: CASO GAB –
sujeito Gab, fem., 6a.; CASO MAI – sujeito Mai, masc., 10-11a. e CASO TAI – sujeito Tai, fem, 12a.
Os dados indicam a convergência de processo entre a construção moral e as relações espaço-temporais.
A constituição de “valores de troca” (PIAGET, 1965) estaria, assim, no cerne dessa convergência. Os
sujeitos dos três CASOS investigados encontram-se, ainda, subordinados às limitações do concreto e por
isso evidenciam dificuldades em termos representativos – o êxito na ação não está acompanhado de uma
representação equivalente. Nessa perspectiva, a evolução nos processos de construção de conhecimentos
espaciais estaria ligada ao estabelecimento de pontos de referências no âmbito do jogo e na dinâmica das
interações sociais.
Além da agressividade se fazer presente em várias situações do cotidiano do ser humano sem, muitas
vezes, ser notada ou compreendida, ela também se faz presente entre crianças, e na escola. Neste estudo fica
comprovada tal afirmação e as diversas formas de se tratar tais acontecimentos, de se evitar, ou propiciá-los.
Como a escola pode gerar o aumento dos atos agressivos a partir de tomada de decisões e atitudes em relação
aos alunos e como ela poderia caminhar para estimular a autonomia das crianças, incentivando a resolução
dos conflitos foi a preocupação do estudo realizado em escola particular de Campinas. O início disto seria o
reconhecimento da importância pedagógica dos conflitos entre os alunos pela escola. A pesquisa mostra como
a escola dita tradicional está longe de pensar e trabalhar questões como estas. A importância está em transmitir
os conhecimentos, estimulando a memorização, sem preocupação com o ambiente relacional da escola.
ED 06 – FE Habilidades sociais e resolução de conflitos: um estudo bibliográfico para entender a posição construtivista
Mariana Guimarães
Maria de Fatima Silveira Polesi Lukjanenko
Este artigo apresenta um estudo investigativo sobre como o adolescente percebe sua relação familiar
e a si mesmo (noção de auto-respeito). Perguntou-se sobre que regras são determinantes no estabelecimento
de limites, méritos e deméritos e sobre a qualidade do relacionamento entre pais e filhos adolescentes.
Recorreu-se à entrevista e à análise de conteúdo para categorizar expressões emitidas pelos adolescentes,
a partir dos conceitos relacionados à moral propostos por Jean Piaget. Destaca-se que há uma diferença
em gênero na percepção dos adolescentes sobre a relação familiar; poucos têm consciência do caráter
decisório das regras familiares e de que podem colaborar na sua construção; a noção de auto-respeito indica
preocupação com o que é, com o que se deseja ser e com a busca de valores positivos. Conclui-se que é
necessário repensar o modo de funcionamento da família em favor de uma educação moral, que visa a se
estabelecer a prática cada vez mais constante e consciente da cooperação nas relações familiares e escolares.
O texto apresenta os dados referentes aos estudos preliminares de uma pesquisa de Doutorado em
Educação, realizada no Programa de Pós-Graduação da UFRGS (PPGEDU) e busca relacioná-los com
a educação escolar. É proposta uma análise de como o entendimento das crianças sobre um trabalho em
conjunto pode trazer implicações à educação escolar e para o desenvolvimento moral dos alunos neste
ambiente. A pesquisa descrita neste texto é fundamentada na Epistemologia Genética, explorando,
Dia 03/07 Adolescência e sentido de vida: estudo de práticas pedagógicas no ensino médio
Sexta-feira Cleia Zanatta Clavery Guarnido Duarte
8h00-9h45
A construção da perspectiva social por meio de dilemas sócio-morais
Coordenação Francismara Neves de Oliveira
Sandra Carina Rosely Palermo Brenelli
A autoavaliação em um curso de pedagogia: uma possibilidade a ser construída na consecução de uma avaliação formativa
Nadia Aparecida de Souza
Elisabete Aparecida Garcia de Ribeiro
A socialização contribui na organização de crenças e valores que são assimilados pelas pessoas
influenciando seus processos cognitivos, afetividade e sentido de vida. Sendo assim, parece desejável
cogitar acerca de uma proposta de intervenção objetiva no processo de socialização de crianças e jovens, no
âmbito escolar, que pudesse contribuir para a formação de sentidos de vida, construtivos, comprometidos
com a consolidação de valores éticos e morais capazes de influenciar comportamentos. O marco teórico
desta pesquisa, está na obra de Viktor Frankl que trabalha com o conceito de sentido da vida que supõe
um dinamismo constante, uma ação consciente direcionada a objetivos de busca de realização de ideais
Partindo da premissa que tanto as situações de jogo, em seu desdobramento normal entre duplas,
quanto os dilemas sociomorais ou situações-problemas propostos ao sujeito, consistem em possibilidades
de provocar o pensamento, é possível entender que por meio das condutas que apresenta, o participante
revela as relações predominantes em sua estrutura – se mais egocêntricas ou mais recíprocas, tornando-
as observáveis ao pesquisador. A perspectiva social é entendida por nós neste relato de pesquisa, como
mútuo consentimento e acordo na parceria, o que indica um processo de abandono gradativo da centração
egocêntrica na própria perspectiva e consequentemente, maior reciprocidade e cooperação. Ao analisarmos
as pesquisas sobre a compreensão que a criança tem do “self ” e dos outros, o trabalho de Selman (1980)
que tomou a teoria piagetiana por base, se destaca. Suas análises enfatizam como o indivíduo evolui quanto
à adoção de papéis sociais, ou seja, como constrói a reciprocidade com seus pares. O presente estudo
analisou as respostas dos participantes aos dilemas sociomorais propostos e os dados apontaram para o
fato de que a evolução da tomada da perspectiva do outro não é linear e ascendente, mas corresponde a um
processo integrativo.
A presente pesquisa buscou investigar quais formas de resolução de conflito são comumente utilizadas
pelos adolescentes, ainda que a partir de dilemas hipotéticos, e confrontá-las às formas que os professores
apontaram como as que esses mesmos adolescentes utilizavam quando envolvidos em situações de conflitos.
Avaliar formativamente tem se constituído uma dificuldade frequente no cotidiano escolar, inclusive
em função do instrumental utilizado, dentre os quais consta a autoavaliação. A realidade suscita questionar:
como a autoavaliação integra o trabalho dos professores que atuam no curso?; por que as autoavaliações
que realizam priorizam ou não a autorregulação da aprendizagem? Responder orientou para o objetivo
geral: aferir e analisar a predominância de autorregulação ou autonotação nas atividades autoavaliativas
vivenciadas por formandos de um curso de Pedagogia. Participaram da pesquisa 70 dos 143 alunos do último
ano, nos períodos matutino, vespertino e noturno. O estudo, de natureza qualitativa, assumiu formato de
estudo de caso. A coleta de informações abarcou: análise documental, questionário e entrevista. Os dados
foram submetidos à análise de conteúdo clássica no intuito de determinar a predominância de autorregulação
ou autonotação nas atividades auto-avaliativas, favorecendo análises mais acuradas sucedaneamente.
Constatou-se, no cenário pesquisado, a predominância da autonotação, caracterizada pela: ausência de
roteiro orientador de reflexão e assunção de compromissos de superação; predominância da nota em
detrimento da reflexão; efetivação pontual e terminal. Desse modo, o intuito autorregulatório esvai-se, até
porque os motivos dos educando estão centrados na melhoria da média e obtenção de aprovação. Todavia, a
autoavaliação deveria constituir espaço e tempo de reflexão, quando o aprendente – reativa e proativamente
– vale-se do feedback de suas conquistas e percalços precedentes e ajusta suas ações presentes e futuras, de
maneira a favorecer a ampliação de motivação autônoma.
Teste de juízo moral (MJT) e a segmentação moral: uma investigação acerca do aspecto religioso
Mileidy Von Rondon
Patrícia Unger Raphael Bataglia
Sérgio Tavares de Almeida Rego
Investigação sobre a disciplina na infância considerando o aspecto socioeconômico de duas populações do Rio de Janeiro
Mileidy Von Rondon
Enilda Costa
O presente artigo tem como objetivo fazer uma análise comparativa de propostas de Educação Moral
no início do século XX segundo Piaget e nos dias atuais, baseando-nos em teóricos que se dedicaram
e dedicam neste tipo de estudo, como Jean Piaget e Yves de La Taille. Por considerar que a educação é
contextualizada historicamente e o homem é produto da sociedade, devemos levar em conta as diferentes
épocas em que os dois autores escreveram, início do século XX para Piaget, e a sociedade atual para La
Taille. Em relação ao tempo histórico dos dois autores, encontramos divergências claras: de um lado, uma
sociedade autoritária com hierarquia definida de valores; de outro, a cultura do tédio, fragmentada, sem
valores morais estabelecidos. Diante disto, o que é educar moralmente? Quais são os fins da educação moral
em ambas as sociedades? Quais os métodos a serem utilizados? Discutiremos as estratégias utilizadas por
Estudo de casos de homicídio: o valor da vida e a religião na adoção de uma postura moral
Luciana Souza Borges
UFES
lu.sb@terra.com.br
Heloisa Moulin de Alencar
UFES
hmoulin@terra.com.br
financiamento CAPES
Pelo fato de condutas como a ingestão de bebidas alcoólicas e a prática de atos delinquentes entre
adolescentes estar aumentando cada vez mais, propomos neste estudo investigar em que domínios estudantes
do ensino médio público categorizam condutas como dirigir depois de beber e o uso de capacete ao trafegar
uma motocicleta. Como referencial teórico utilizamos os estudos de Turiel sobre construção da moralidade.
Inicialmente realizou-se um levantamento inicial que possibilitou o sorteio de 54 alunos para participarem
Teste de juízo moral (MJT) e a segmentação moral: uma investigação acerca do aspecto religioso
Mileidy Von Rondon
Ensp/Fiocruz
myla.line@gmail.com
Sérgio Tavares de Almeida Rego
Ensp/Fiocruz
rego@ensp.fiocruz.br
Patricia Unger Bataglia
UNIBAN/São Paulo
patriciabat@terra.com.br
O estudo analisou a competência de juízo moral de estudantes de teologia (n=115) de uma instituição
protestante batista, sendo conduzido em duas partes, primeiro através da aplicação do MJT na versão proposta
por Bataglia (2003)1 que incluiu o Dilema do Juiz Steimberg e segundo, de um debate realizado através
da técnica de Grupo Focal com estudantes (n=10) do último ano sobre o dilema da eutanásia, o dilema
dos operários e sobre questões relacionadas à autonomia moral e religião a partir do ponto de vista do
protestantismo. A hipótese sustentada neste estudo foi a da possível relação entre o escore C do MJT e religião.
Os resultados obtidos utilizando o MJT(xt) não mostraram alterações significativas quando comparadas aos
estudos realizados anteriormente na população brasileira. Observou-se apenas uma diferença nos resultados
quanto ao postulado da preferência hierárquica dos estágios. Os estudantes de teologia demonstraram preferir
mais os argumentos de orientação moral dos estágios 2 e 4 e menos os argumentos dos estágios 3 e 6.
O presente estudo analisou a partir de uma perspectiva sociológica o estabelecimento de limites e/ou
disciplinas na infância levando em consideração o aspecto. O estudo consistiu em uma pesquisa quantitativa
Dia 03/07 Resistência social: um elo necessário para a construção da noção de Justiça
Sexta-feira Alexandra Joana Zorzin Nicolau
8h00-9h45 Áurea Maria de Oliveira
O estudo está sendo desenvolvido com 10 líderes comunitários, adultos, que estão inseridos no Projeto
Rede Social, coordenado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, localizado no município de
Limeira-SP, os quais trazem diversas experiências e histórias de vida da comunidade e de sua atuação junto
à mesma. No momento atual da pesquisa, ocorre a análise dos dados, para tanto, foi necessário a utilização
História Oral, uma vez que, esse tipo de abordagem oferece possibilidades na investigação dos fenômenos
na perspectiva de compreender o indivíduo e sua própria realidade, valorizando suas experiências de vida
e a transformação social. Este estudo está sendo orientado pela História Oral de Vida, que vem permitindo
aos líderes comunitários, relatar experiências de luta e da vida em comunidade. Valorizando os trabalhos
em comunidade e a transformação do local onde vivem. A análise dos dados vem ocorrendo no sentido de
efetuar uma caracterização dos sujeitos; de buscar categorias que permitam identificar na fala dos mesmos os
princípios éticos e morais que regem a sua ação; verificando os princípios morais identificados no discurso
sobre a sua ação permanecem ao refletir sobre a desigualdade de “outros” que não os “seus”. Essas categorias
serão analisadas a luz do referencial teórico de Piaget e Kohlberg sobre o processo de construção de moralidade.
Todas essas informações estão sendo finalizadas para conclusão de uma dissertação de mestrado.
A presente pesquisa buscou investigar se a aquisição da noção de respeito ao meio ambiente, que
denominamos “moral ecológica”, é construída obedecendo a níveis organizados hierarquicamente. Para esta
investigação, foi tomada uma amostra de 15 participantes, sendo cinco por faixa etária – de 6 a 8 anos, 10 a
11 anos e 13 a 15 anos. Mediante o método clínico piagetiano, contava-se às crianças e adolescentes quatro
histórias hipotéticas, formuladas especificamente para estudar o respeito ao meio ambiente, focalizando a
coleta seletiva, a extinção de aves, a poluição de um rio e o corte de árvore. Os depoimentos dos participantes
foram analisados segundo o referencial teórico de Piaget e de alguns estudiosos que vêm ampliando o campo
de aplicação da teoria piagetiana. A análise dos dados permitiu estabelecer três níveis de desenvolvimento da
noção de respeito ao meio ambiente, confirmando que a moral ecológica apresenta uma dimensão psicogenética
e que existe relação com o desenvolvimento da moralidade. O resultado permitiu ressaltar considerações
importantes sobre o desenvolvimento da moral ecológica para a educação escolar.
Este trabalho é parte de uma pesquisa de mestrado que busca levantar valores existentes nas relações
que compõem o universo do ensino superior nos dias de hoje. Nosso estudo investiga os sentidos presentes
nas falas dos alunos em seus relatos sobre sua formação e suas condutas no ambiente acadêmico. O
objetivo final é compreender os valores morais e não morais que permeiam as relações entre os estudantes,
o ensino superior e o conhecimento. A base de nossa investigação é a teoria sócio-histórica de Vygotsky e
Wallon, partindo-se do pressuposto de que, para compreender o ser humano, temos que olhá-lo de forma
contextualizada. Este trabalho de abordagem qualitativa utiliza entrevistas semidirigidas com alunos de uma
faculdade privada do interior de São Paulo, abordando nossos sujeitos em seu meio cultural, e também, suas
experiências pessoais e trajetórias de vida. Um exame inicial das entrevistas nos permite sugerir algumas
hipóteses que estão sendo mais aprofundadas: uma parcela maior de alunos procuram o ensino superior na
busca por sucesso, realização social e financeira, motivados mais por valores não morais do que por valores
morais como valorização do conhecimento, justiça social e desenvolvimento pessoal. Estes aspectos podem
ajudar a caracterizar a imagem que o ensino superior tem na nossa sociedade a fim de compreendermos os
valores que estão atrelados à educação superior no Brasil.
Dia 03/07 Crise ética no século XXI – Representações sociais na mídia impressa
Sexta-feira Helenice Maia Gonçalves
8h00-9h45
Representações sociais de ética por professores
Coordenação Helenice Maia Gonçalves
Jussara Tortella
A influência da vida intra-uterina, do desenvolvimento neurológico e o papel das primeiras relações sócio-afetivas do
ED 11 – FE bebê e da criança
Gisele Aparecida do P. Biazi
Maria Augusta Montenegro
Maria Regina Marrocos Machado
Roberta Rocha Borges
Na mídia impressa, diversos autores têm avaliado atos e situações do cotidiano emitindo juízos de
aprovação ou reprovação sobre eles e justificando seu julgamento através de razões e argumentos que procuram
demonstrar a validade do juízo que emitem. O objetivo deste estudo foi verificar que noção de ética é defendida
Para conhecer que noções de ética circulam nas escolas, essa pesquisa, de natureza qualitativa,
conduzida a partir de paradigma construtivista, foi desenvolvida em faculdade localizada na zona oeste da
cidade do Rio de Janeiro com 486 alunos-professores que frequentavam aulas em cursos de licenciatura.
A eles foi aplicado um teste de livre associação de palavras, com justificativas para cada evocação, tendo
a intenção de verificar que noção de ética está circulando nas escolas, uma vez que nos discursos dos
professores aparecem diversas acepções de ética e a noção de que não há ética nesta ou naquela situação
implica considerar existir uma ética superior a qual deve ser ensinada aos alunos. Do total de 297 frases, 208
integram a categoria de Absoluto e 89 de Relativo. Portanto, a noção de ética que circulava entre os alunos-
professores era a de “ética superior” cristalizada em valores imutáveis. Tal acepção considera que não há
ética numa ou noutra situação e atribui sua falta às atitudes consideradas fora da normalidade estabelecida
pela sociedade. O ético é definido como expressão dos mecanismos de regulação da sociedade e os adultos
(responsáveis e professores) devem ensinar valores morais ou éticos que estão para além dos grupos e das
classes sociais. Essa noção direciona a defesa do ensino verbal de regras e normas e o descarte do diálogo
e da negociação, além de fortalecer a identificação do professor ético e do aluno ético como aqueles devem
seguir valores morais e éticos considerados universais.
Este trabalho teve como objetivo aplicar a técnica de educação moral intitulada “comunidade justa” proposta
por Kohlberg e seus colaboradores da Universidade de Harvard. Aplicou-se um Programa de Treinamento no
CCDIA, ONG localizada em Niterói- RJ, no sentindo de encorajar os valores, atitudes e conhecimentos mais
construtivos nas relações que preparem os alunos a viverem pacificamente. O CCDIA foi escolhido devido ao
trabalho que realiza com crianças e adolescentes em situação de risco, residentes nas periferias da cidade de
Niterói, com a finalidade de oferecer reforço escolar e reinserção daqueles que abandonam a escola. Partindo da
técnica de discussão de dilemas hipotéticos em grupo e da descrição de um programa que teve por metodologia,
dinâmicas de grupo, descrevendo componentes chaves como: aprendizado cooperativo e treinamento para
resolução de conflitos observados no cotidiano escolar contextualizado, onde as dimensões pedagógicas e
culturais foram articuladas. Concluiu-se que o programa é um eficiente apoio no sentindo de redução de conflitos
no interior da instituição e que possam refletir nas atitudes dos alunos dentro e fora dela. Discute-se também a
aplicação desses programas para o contexto das comunidades brasileiras.
Conflitos escolares: uma reflexão sobre as causas da violência e indisciplina em meio escolar
Juliana Aparecida Matias Zechi
UNESP/Presidente Prudente -SP
juzechi@hotmail.com
Maria Suzana De Stefano Menin
UNESP/Presidente Prudente-SP
sumenin@gmail.com
Financiamento CAPES
Os fenômenos de violência e indisciplina em meio escolar têm preocupado pais, professores e todos
os profissionais ligados à Educação. Assim, buscou-se examinar a produção acadêmica (teses e dissertações)
acerca dos temas violência e indisciplina escolar em estudos realizados no período de 2000 a 2005 e suas
implicações educacionais, adotando como objetivos específicos avaliar as tendências teórico-metodológicas
da produção acadêmica com relação aos temas de violência e indisciplina na escola; verificar como essas
temáticas têm sido analisadas e explicadas nas diferentes abordagens teóricas e quais metodologias estão
sendo utilizadas para seu estudo. Para tanto, realizou-se um levantamento bibliográfico do tipo “Estado da
Arte” de estudos produzidos em programas de pós-graduação em Educação do Estado de São Paulo de 2000
a 2005 identificando, nesse período, 21 trabalhos sobre essas temáticas. Observou-se a utilização de várias
abordagens teóricas, sendo que a ênfase maior foi à abordagem sociológica; contudo, a adoção de um enfoque
específico não implica explicação exclusiva sobre os fatores desencadeadores dessa problemática. As teses e
dissertações indicam, de modo geral, que a violência e indisciplina constituem um fenômeno multideterminado,
sendo reflexo da violência social, das mudanças socioeconômicas ocorridas na sociedade e no sistema escolar,
da educação familiar, mas é também gerada e potencializada no interior da escola, apontando a violência
simbólica praticada pela instituição escolar, o estabelecimento de regras e normas escolares, as condutas
docentes e os problemas psicológicos dos alunos como os fatores influenciadores da dinâmica escolar.
Este estudo teve por objetivo comparar a influência do ambiente na forma utilizada por alunos e
professores para resolução de conflitos em duas escolas particulares da cidade de São Paulo. As duas
instituições possuem diferenças quanto às relações vivenciadas por seus membros. Uma delas é caracterizada
por possuir um ambiente coercitivo e a outra, por seu ambiente possuir tendência à cooperação. Participaram
da pesquisa alunos e professores de uma classe do 6º ano e uma do 9º ano, de cada uma das duas escolas,
totalizando 51 alunos e 34 professores. Para isso, os participantes responderam um questionário com
perguntas abertas e fechadas. As respostas foram tabuladas, categorizadas e comparadas. A análise verificou
como os sujeitos resolvem tanto o conflito entre pares, quanto o conflito com a autoridade. A resolução do
O presente trabalho caracteriza-se por apresentar breve revisão de literatura sobre resiliência e
violência doméstica. O método pautou-se pela pesquisa na Base de Dados Pubmed, na busca de artigos,
cujos pesquisadores investigaram estes temas em relação às crianças e aos adolescentes. O problema desta
investigação diz respeito a pesquisar: “quais seriam as relações entre resiliência e violência doméstica?”.
Os resultados apresentados sugerem que tais relações podem ser explicitadas pelas seguintes conclusões: 1.
Os fatores de proteção exercem papel fundamental em processos de resiliência, em crianças e adolescentes
que sofreram violência doméstica e abusos sexuais; 2. A presença de pessoa de referência, que estabelece
vínculo afetivo-emocional e estabelece limites e orientações, na vida de crianças e adolescentes favorece o
desenvolvimento da capacidade de confiança individual e interpessoal; 3. Programas e projetos de atendimento
integral às crianças e adolescentes devem levar em conta as duas conclusões anteriores, consideradas como
princípios norteadores, visando potencializar a resiliência de crianças, adolescentes, famílias e comunidades;
4. Os fatores de risco estão associados aos eventos traumáticos causados por violência doméstica, abuso sexual
e podem ser prevenidos, por meio dos referidos programas, mas nos casos em que ocorrem as violências, as
crianças, adolescentes e suas famílias devem receber apoio, acolhimento e ações de intervenção propulsoras
de resiliência. Algumas contribuições dos estudos sobre moralidade são relacionadas às conclusões, tais como
o desenvolvimento moral e intelectual de crianças e adolescentes, a discussão de dilemas morais, o debate
sobre valores humanos, como abordagem para potencializar o desenvolvimento de processos de resiliência.
Este estudo faz parte da dissertação de mestrado da primeira autora sob orientação da segunda realizada
no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da UFES. Este estudo propôs uma comparação entre
os juízos morais de jovens e de adultos surdos sobre a definição de humilhação, bem como exemplos de
humilhação que envolve terceiros e pessoais. Participaram 12 pessoas surdas, divididas em dois grupos
de idade: 15-25 e 35-45 anos. Utilizamos o método clínico piagetiano por meio da língua de sinais, com
uma entrevista semiestruturada. Humilhação foi definida por quatro jovens e um adulto, como sendo
‘morte’, ‘inimizade’, ‘pisar’ e ‘destruição’. Os exemplos de humilhação que envolve terceiros, embora em
menor quantidade, foram, na maioria, mencionados pelos jovens, com destaque para ‘violência física’ e
‘difamação’. Quanto à humilhação pessoal, os adultos forneceram mais exemplos do que os jovens. Foram
consideradas situações de ‘exclusão’, ‘injúria, difamação e calúnia’ e ‘impossibilidade de comunicação’.
As justificativas principais de todos os exemplos referem-se à ‘impotência’. A ‘condição’ é o segundo tipo
de argumento. Os dados demonstram que humilhação é frequente no cotidiano dos participantes, além de
estimular à reflexão e ao estabelecimento de práticas educacionais e interações sociais com pessoas surdas.
Pesquisas recentes sugerem que a gratidão pode contribuir para aumentar o bem-estar subjetivo e a
probabilidade de comportamentos pró-sociais. Embora seja provável que a gratidão faça parte de nosso
arcabouço genético, acredita-se que deva ser cultiva desde a infância. No entanto, há ainda poucos estudos
sobre a trajetória do desenvolvimento da gratidão. Neste trabalho, apresentamos resultados de uma pesquisa
sobre o desenvolvimento da gratidão na infância. Os participantes foram 88 crianças, distribuídas em três
Dedicamo-nos, neste trabalho, a investigar os juízos das crianças sobre a generosidade pelo tema da
punição. Nosso objetivo geral consiste em verificar se, para crianças de 10 anos de idade, a ausência dessa
virtude deve ou não ser merecedora de sanção. Participaram desta pesquisa 10 alunos de uma escola pública
de Vitória – ES, na faixa etária de 10 anos, igualmente divididos quanto ao sexo. Realizamos entrevistas
individuais baseadas em uma história sobre a ausência de generosidade. Dos resultados encontrados,
destacamos que a maioria dos participantes sugeriu a conversa, e não a sanção, como conseqüência da
ausência de generosidade. A maior parte dos entrevistados que não optou pela punição diferenciou a
não manifestação da generosidade de transgressões claramente morais e merecedoras de castigo. Alguns
participantes mencionaram, inclusive, que a generosidade é um valor desprovido de obrigatoriedade,
evidenciando, dessa forma, a especificidade dessa virtude. Podemos afirmar, portanto, que a generosidade
faz parte do universo moral das crianças de 10 anos, que, embora considerem sua falta digna de reprovação,
não indicam a sanção como conseqüência dessa falta. Este trabalho apresenta apenas uma abordagem
inicial ao estudo da generosidade. Esperamos que nossos resultados e discussão fomentem o interesse por
trabalhos subseqüentes sobre o tema, ampliando, dessa forma, o campo de pesquisas sobre a moralidade.
Este estudo se propõe a investigar o lugar admirável da compaixão em adolescentes do Ensino Médio
e a correspondência, no juízo destes, entre os fatos de personagens serem tratados com compaixão e agirem
compassivamente. Foram entrevistados 20 estudantes, com idades entre 15 e 18 anos, aos quais, utilizando-
nos do método clínico de Piaget, submetemos três histórias para que emitissem julgamentos. Com intuito de
Salão Nobre FE Bullying na escola: os efeitos perversos dos atos de violência silenciados
Neura Cézar
Luiz Augusto Passos
A pesquisa trata das representações sociais de bullying por professores do segundo segmento do
ensino fundamental, realizada numa escola pública municipal situada na Ilha do Governador, no estado
do Rio de Janeiro, escolhida por localizar-se em zona com índices de violência. Utilizou-se as seguintes
técnicas de coletas de dados: (a) observação do cotidiano escolar; (b) grupo focal com 12 professores
que atuam em turmas de 6º a 9º anos; e (c) entrevistas conversacionais. Para iniciar o grupo focal, foram
apresentadas três sequências de imagens com situações de bullying. As conversas foram gravadas em áudio,
transcritas e analisadas. Dessa análise foram retiradas questões para o roteiro da entrevista, momento em que
as imagens foram novamente apresentadas aos professores com a intenção de verificar se eles confirmavam
Este estudo apresenta reflexões acerca da temática violência nas escolas e propõe uma abordagem
inovadora na superação desta questão crucial para a educação brasileira: o desenvolvimento moral dos
estudantes como alternativa de superação dos conflitos, bem como na melhoria da qualidade da convivência
no ambiente escolar. Inicialmente é apresentado um breve quadro teórico que fundamenta essas investigações,
descrevendo que a escola tem um papel fundamental no processo educativo para os direitos humanos, em
educação moral e em educação para a não-violência, às voltas com conceitos, valores, condutas e afetos
que constituem o ensino e a aprendizagem. As informações para este texto foram coletadas durante o
desenvolvimento do projeto de pesquisa intitulado “Um estudo sobre a manifestação do fenômeno Bullying
no cotidiano escolar”. Esta pesquisa utiliza-se da metodologia qualitativa etnográfica inserida no paradigma
O uso abusivo de bebidas alcoólicas na adolescência: uma análise na perspectiva dos domínios
sociais
Raul Aragão Martins
UNESP/S.J.R.P.
raul@ibilce.unesp.br
Solange Maria Beggiato Mezzaroba
UEL
solmezza@sercomtel.com.br
O V Levantamento Nacional realizado pelo CEBRID, em 2004, apontou que a média de idade do
primeiro uso de bebidas alcoólicas foi de 12,7 anos. Os adolescentes têm adquirido o hábito de beber cada
vez mais cedo. Sob efeito do álcool, pode envolver-se em situações de risco pessoal e acarretar injúrias a
outrem. O conhecimento de como adolescentes categorizam essa conduta é importante na elaboração de
programas preventivos e de intervenção. Esta pesquisa foi desenvolvida tendo como objetivos: identificar
adolescentes (de uma escola pública e de uma particular) que faziam uso abusivo de álcool e analisar
como os mesmo viam este hábito e quem eles reconheciam como autoridade para controlá-lo. Realizou-
se um rastreamento com os jovens utilizando-se o AUDIT. Com os adolescentes que obtiveram escore
positivo, realizou-se uma entrevista semiestruturada, buscando apreender a concepção que os mesmos
tinham em relação ao fato de beberem de forma abusiva, quem consideravam autoridade para controlar
o hábito, como julgavam esse comportamento e em que domínios sociais enquadravam tal ato. Os jovens
entrevistados não associam o hábito de beberem abusivamente com questões morais. Acreditam que o
comportamento de beber abusivamente está ligado aos domínios pessoais e prudenciais, e mesmo que
as consequências advindas deste comportamento sejam prejudiciais a outros, não teriam relação com
questões morais. Acreditam que necessitam passar por experiências próprias de bebedeiras e situações de
risco para aprenderem. Propagandas, conselhos familiares, iniciativas das escolas da forma como têm sido
desenvolvidas são de pouca repercussão.
Perfiles e incidencia del ciberbullying através del móvil y em internet durante la educación secundaria obrigatoria
José Maria Avilés Martinez
Suely A. do N. Mascarenhas
Maria Natividad Alonso Elvira
Este relato de pesquisa-ação está organizado em duas partes. A primeira apresenta uma breve revisão de
literatura que correlaciona o fenômeno bullying como um fato social que condiciona as relações interpessoais
em diferentes contextos sociais afetando, condicionando e determinando os indicadores de qualidade da
saúde psicológica e emocional dos sujeitos (Mascarenhas & Almeida, 2006ª,b; Avilés & Mascarenhas, 2007
ª,b,c e d; Fante, 2008; Fonseca, Rebelo, Ferreira; Formosinho, Pires & Gregório, 2000; Marinho & Caballo,
2002; Martins, 2005; Mascarenhas, 2006; Mascarenhas, Hernández, Almeida, Gonçalves & Avilés, 2007 e
Mascarenhas, Hernández, Almeida & Avilés, 2007). A segunda parte registra os resultados de investigação-
Este estudo surgiu da preocupação com o crescente índice de violência escolar, principalmente na
forma velada, denominada Fenômeno Bullying. Com a pesquisa buscamos compreender como e quando
os conflitos interpessoais geram violência, em especial o Bullying, uma forma de violência física e moral
não explícita, que apresenta discussões recentes, mas presente há muito tempo nas escolas. Para tanto
é importante observarmos e compreendermos algumas ações na escola, principalmente os conflitos, que
dependendo das soluções dadas a estes podem ser positivos, tornando-se fontes de conhecimento, ou
negativos, geradores de violência. Diferente de um conflito cotidiano, o Bullying vem somado à agressão,
tem caráter intencional em atos repetidos sempre com uma ou mais vítimas escolhidas a dedo. Ações como
colocar apelidos, ofender, humilhar, discriminar, perseguir, intimidar, aterrorizar, agredir, roubar, quebrar
pertences, se caracterizadas no contexto descrito acima, podem ser consideradas como bullying, e os danos
podem ser físicos, morais ou materiais. Apresentamos um estudo de caso realizado em uma escola da rede
pública do município de Santa Maria, no ano de 2007. Os dados apresentados evidenciaram esse tipo de
violência velada entre os alunos principalmente pelo fato de estes não saberem resolver seus conflitos a não
ser com violência, velada ou explícita.
Perfiles e incidencia del ciberbullying a través del móvil y en internet durante la educación
secundaria obligatoria
José Maria Avilés Martinez
Grupo de Investigación Psicosocial/Universidade de Valladolid/Espanha
aviles@uva.es
Suely A. do N. Mascarenhas
UFAM
suelyanm@ufam.edu.br
Mª Natividad Alonso Elvira
C.P. Francisco Pino/ Valladolid/Espanha
La investigación analiza los diferentes perfiles que se producen en las conductas de ciberacoso por
teléfono móvil y vía internet entre la población de 12 a 18 años de escolares de enseñanza secundaria
Nosso interesse voltou-se para este trabalho a partir de análises das consequências do bullying sobre
o aluno e a constatação de que este fenômeno não é reconhecido como violência por alguns professores,
mas sim como brincadeiras próprias da idade, contribuindo com o processo de naturalização da violência
ocorrida nas escolas e a banalização do sofrimento das vítimas, causando sua exclusão. Diante deste quadro,
o objetivo deste trabalho é expor os resultados dos questionários aplicados a onze educadores de uma
escola estadual envolvidos com uma turma de 5ª série para detectar a percepção que os mesmos têm sobre
o bullying, dados estes que foram expostos na integra nos trabalhos de dissertação do programa de pós-
Graduação em Educação, concluída na Universidade Paulista “Julio de Mesquita Filho” campus de Marília
– SP. Nos resultados dos questionários os educadores demonstraram ter boa percepção dos comportamentos
característicos de bullying mas não o relacionam com o termo; as medidas adotadas pelos educadores
para controlar os conflitos entre os alunos são paliativas e como sugestão para ações preventivas aos
comportamentos violentos em sala de aula é citado a necessidade de atender o aluno na sua individualidade
em colaboração com a família e com a instituição escolar de forma geral.
Este estudo faz parte da dissertação de mestrado da primeira autora, sob orientação da segunda,
defendida e aprovada em 2008 no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES). Comparamos a forma pela qual as professoras aprenderam sobre o valor
moral da justiça durante sua vida escolar e como elas ensinam esse valor moral específico em sua prática
pedagógica. A educação moral é o processo pelo qual os valores deixam de ser leis externas e se convertem
em diretrizes internas, legitimadas pela própria pessoa. Isso pode ser viabilizado por meio das relações
dialógicas e cooperativas, em uma escola que promova a legitimação dos valores morais nos âmbitos inter-
relacional, curricular e institucional e com professores que colaborem na formação de sujeitos autônomos
(Piaget, 1996, 1998, 2002; Kohlberg, 1992; Delors, 1996; Puig, 1998, 2007, Morin, 2007 e La Taille,
2006a, 2006b). Participaram 20 professoras, do 6º ao 9º anos do ensino fundamental, que lecionam as
disciplinas de Matemática, Português, História, Ciências ou Geografia, em escolas particulares de classe
média do município de Vitória- ES. Utilizamos o método clínico piagetiano por meio de uma entrevista
semi-estruturada, com questões que buscaram verificar os seguintes aspectos em relação às professoras:
(1) se elas aprenderam sobre justiça na escola; (2) a forma como esse valor lhes foi ensinado; (3) o juízo
que elas fazem com relação a este procedimento de educação em valores; (4) se elas ensinam sobre justiça
em sala de aula; (5) a forma como elas ensinam este valor e (6) o juízo delas acerca dessa forma de
ensinar. Apresentaremos os dados principais. Todas as professoras aprenderam sobre a justiça quando
eram estudantes. Os procedimentos de educação em valores utilizados pelos seus professores incluíam
a ‘imposição’ (39,3%), ‘imposição com punição’ (35,7%) e a ‘maneira de ser dos professores’ (17,9%).
Nos exemplos impositivos surgiram relatos de humilhação, uma atitude contrária ao que se espera de uma
educação em valores que vise a formar personalidades autônomas. Elas julgam tal forma de ensinar como:
‘incorreta’ (60%) e ‘correta’ (40%). As professoras justificam seus juízos considerando o ‘vínculo com as
situações práticas’ (44%), a ‘maneira de ser dos professores’ (28%) e a ‘relação com o momento histórico’
(20%). Todas as professoras relatam que ensinam sobre a justiça em sala de aula. Os procedimentos de
educação em valores que elas utilizam incluem: (1) ‘conversas com imposição’ (41,1%), tipo de conversa
unilateral baseada na coação e na hierarquia, sem que haja uma proposta de reflexão ou convite ao debate;
(2) ‘diálogo’ (26,5%), incentivo à troca de informação, à argumentação e à reflexão sobre determinado
tema; (3) ‘imposição com punição’ (11,8%), apesar de serem formas menos incisivas de punição, elas ainda
acontecem; (4) ‘atividades práticas’ (11,8%), que coloquem o aluno em contato com o tema da justiça e
(5)‘imposição’ (8,8%) do valor moral da justiça, segundo critérios da professora. Elas justificam que utilizam
tais procedimentos porque ‘é eficaz’ (70,6%), na aprendizagem e na manutenção do controle da turma e
porque ‘torna as pessoas melhores’ (23,5%), tanto em termos individuais quanto sociais. As professoras
julgam essa forma de ensinar como ‘correta’ (84,8%) e ‘correta, mas não suficiente’ (15,2%), no sentido
de que suas ações poderiam ser modificadas. Elas justificam esses juízos considerando que promovem um
Este estudo faz parte da dissertação de mestrado da primeira autora, sob orientação da segunda,
defendida e aprovada em 2008 no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal
do Espírito Santo (UFES). Identificamos os exemplos espontâneos das professoras sobre valores morais
em geral, os procedimentos de educação que foram utilizados para aprenderem os referidos valores na
escola e os contextos sociais nos quais estes valores lhes foram ensinados. Consideramos valor moral como
um investimento afetivo que, quando atribuído a pessoas, serve de base para sentimentos morais (Piaget,
1954) e para a representação de si mesmo com valor positivo (La Taille, 2001, 2006). A educação em
valores é o processo pelo qual os valores deixam de ser construtos teóricos e se convertem em diretrizes
internas, podendo acontecer nos mais diversos contextos sociais. Entrevistamos 20 professoras do 6º ao
9º ano do ensino fundamental, que lecionam Matemática, Português, História, Ciências ou Geografia, em
escolas particulares de classe média do município de Vitória-ES. Utilizamos o método clínico piagetiano
por meio de uma entrevista semi-estruturada. Optamos por apresentar os dados principais. Dos exemplos
espontâneos das professoras sobre valor moral em geral, destacamos os cinco mais citados: (1) O ‘respeito’
(34,2%), ao próximo, aos limites, às diferenças, ao pensamento do outro, ao meio ambiente, etc.; (2) A
‘polidez’ (11,4%), significando ter educação, ter boas maneiras e ser cordial; (3) ‘aquilo que deve/não
deve ser feito’ (10,1%), não falar mal dos outros, direitos e deveres, posicionar-se diante do desrespeito,
etc.; (4) ‘honestidade’ (10,1%) e (5) ‘solidariedade’ (7,6%). Todas as professoras dizem que aprenderam
sobre os valores morais na escola. Dos procedimentos de educação em valores, que foram utilizados
Juízos de surdos sobre a reação a uma humilhação: comparação entre surdez e não-surdez
Alline Nunes Andrade
UFES
lineandrade@gmail.com
Heloisa Moulin de Alencar
UFES
hmoulin@terra.com.br
O objetivo da presente pesquisa é comparar os juízos de jovens e de adultos surdos sobre a reação
a uma humilhação pessoal no passado em condição de surdez e em condição hipotética de não-surdez.
Definimos humilhação como rebaixamento moral que se expressa em condutas avessas à moral, posto que
negligencia o direito ao respeito. Poucos são os estudos a respeito dos efeitos psicológicos da humilhação
(La Taille, 1996, 2002), o que corrobora a necessidade de realizar pesquisas como a que ora apresentamos.
Para Ades (1999), há ocasiões em que o impacto de uma humilhação pode ser de tal forma desconsertante
que chega a desorganizar a ação de quem é alvo da humilhação. Em relação às pessoas surdas, Santana e
Este estudo faz parte da dissertação de mestrado da primeira autora sob orientação da segunda
realizada no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGP) da UFES. Comparamos os juízos de jovens
e adultos surdos sobre a reação a uma humilhação pessoal no passado e a reação hipotética no presente.
A humilhação pode ser definida como rebaixamento moral e ocorre frequentemente por meio de condutas
avessas à moral. Poucos são os estudos a respeito dos efeitos psicológicos da humilhação (La Taille,
1996), porém Vitale (1994) considera humilhação como um tipo de afeto que pode gerar afastamento. A
humilhação existe quando o sujeito rebaixado percebe que o alvo da humilhação está atrelado a um valor
central das representações que o sujeito tem de si, havendo situações em que a humilhação gera um impacto
de tal forma desconcertante que pode desestabilizar a ação de quem é alvo (Ades, 1999). Participaram 11
surdos, entre 15-25 e 35-45 anos. Utilizamos o método clínico piagetiano por meio de língua de sinais,
com uma entrevista semiestruturada, filmada integralmente. Para assegurar o anonimato dos participantes,
usamos nomes fictícios, seguidos da idade entre parênteses. Uma vez que obtivemos mais de um exemplo
de humilhação pessoal por participante, solicitamos que fosse indicado o exemplo mais importante. Então,
perguntamos aos participantes a respeito da reação à humilhação no passado e a reação hipotética no presente.
Optamos por apresentar os dados principais, a começar pelas situações de humilhação consideradas
como as mais importantes que foram: ‘exclusão’ (n=3), ‘violência física pessoal’ (n=3), ‘violência a
terceiros’ (n=2), ‘difamação’ (n=2) e ‘impossibilidade de comunicação’ (n=1). No que concerne aos juízos
sobre a reação à humilhação, no passado, destacamos ‘nenhuma reação’ (n=5) ou ‘fugir ou sair do local’
(n=4). Os juízos que se referem a ‘nenhuma reação’ caracterizam uma falta de ação em relação ao agressor,
conforme menciona Hortência (36): “Eu não falava nada, eu guardava para mim. Eu tentava falar, mas não
conseguia, tentava e não conseguia...”. Observa-se que, assim como considera Ades (1999), a humilhação
desorganiza a ação de quem é vítima em razão da desestabilidade gerada. O impedimento aplicado a
Hortência (36) por pessoas de um grupo com o qual ela desejava interagir, a rebaixou e a desestabilizou.
Em seguida, os juízos sobre ‘fugir ou sair do local’ caracterizam uma retirada do local cuja escolha pôde
ter sido considerada como a única possível, como em uma fuga, ou espontânea, por exemplo: “Eu não me
importei com o que ele disse e me afastei do grupo dele e fiz um novo aqui com os meus amigos. E lá foi
esvaziando” (Jonas, 36). Nota-se que mais importante do que a humilhação vivida no passado foi o valor
dos novos relacionamentos iniciados em outro local. Assim, neste último caso, quem vivencia a humilhação
parece manter o valor de suas ideias e a “boa imagem que tem de si” (La Taille, 2002, p. 95). Em seguida,
os participantes justificaram suas reações pela ‘ausência ou rompimento de vínculo’ (n=4) em relação ao
agressor, por ‘defesa da integridade física’ (n=3) e por ‘solução de um conflito’ (n=2). Em ‘ausência
ou rompimento de vínculo’, as justificativas são associadas principalmente à resposta ‘nenhuma reação’.
Justifica-se não reagir porque a vítima não era aceita pelo outro: “Eu não fazia nada porque o outro não me
queria. Eu era difícil para o outro” (Viviane, 25). As justificativas em que aparece a ‘defesa da integridade
física’ estão relacionadas principalmente aos juízos sobre ‘fugir ou sair do local’. Em relação à reação
à humilhação hipotética no presente, os principais juízos versam sobre ‘nenhuma reação’ (n=3). No
entanto, novos juízos foram considerados, como ‘tentar conversar’ (n=3), que destacam a busca do diálogo
A confiança permeia toda a relação existente entre os adolescentes. Sabemos que a amizade que
acontece entre esses adolescentes são muito íntimas, no sentido de que os amigos cada vez mais compartilham
seus sentimentos e segredos internos e sabem cada vez mais sobre os sentimentos uns dos outros. Lealdade
e confiança passam então a ser características das mais valorizadas entre as amizades na adolescência. A
pesquisa apresentada objetivou estudar a representação de adolescentes sobre o tema confiança e analisar
a mesma na relação “aluno-professor” e no auxílio da vida escolar, considerando duas variáveis, gênero e
idade. A hipótese levantada foi de que os alunos compreendem que, o sentimento da confiança melhora não
só o desempenho escolar, mas contribui para o aumento do vínculo afetivo e consequentemente melhoria
das relações interpessoais. Para comprovação das hipóteses realizou-se uma pesquisa de caráter qualitativo
e participaram desse estudo 60 adolescentes com idade entre 12 a 14 anos, de ambos os sexos, de escolas
particulares de municípios do interior de São Paulo, que responderam por escrito a um questionário padrão
com três questões abertas especialmente elaborado para este fim. Para cada questão aberta, todas as respostas
dos sujeitos foram divididas em argumentos e consequentemente agrupados em categorias específicas,
conforme as características dos mesmos e analisados qualitativamente. Os resultados obtidos nos estudos
realizados no presente trabalho apontam dados consideráveis e dentre eles, que a dimensão afetiva relaciona-
se diretamente com as reações e relações entre as pessoas. Considerando-se que a confiança é uma das
formas de relacionamento interpessoal, que se dá através de componentes cognitivos e afetivos, pode-se
inferir que ela é para os adolescentes, uma das responsáveis pelo bom desempenho escolar. Em algumas
categorias, a idade e o gênero parecem não influenciar de forma significativa nas respostas dos sujeitos. Em
outras, a idade e o gênero parecem ter influência e o vínculo afetivo aparece consideravelmente em muitas
respostas dadas pelos sujeitos. É importante situar também a importância da disponibilidade de ajuda do
O que leva uma criança a agir bem? Tradicionalmente, a Psicologia do Desenvolvimento Moral
buscou compreender as relações humanas por intermédio dos juízos; julgamentos de situações problemas,
apresentadas pelo pesquisador aos sujeitos que deveriam dizer qual a melhor solução para um dilema e
justificá-la. No entanto, para entendermos como se dão as ações morais ao longo do desenvolvimento,
o estudo dos juízos morais não têm sido suficientes, até o momento. Autores contemporâneos apontam
diversos fatores que não foram suficientemente considerados nas pesquisas clássicas, como aspectos
sociais, afetivos e/ou contextuais.O recorte que pretendemos abordar neste trabalho é de que junto a um
saber sobre a moral é necessário um querer agir moralmente. Portanto, a ação moral, concreta e coerente
com os juízos de valor do sujeito, depende de dimensões cognitivas e afetivas, da formação da chamada
“Personalidade Ética” (La Taille, 2006). Formulamos a hipótese de que estas ações que pretendemos
investigar têm relação com os valores que vão sendo associados às representações de si, ou seja, com a
construção de uma personalidade que pode incluir a moral, em maior ou menor grau, ou até mesmo não
incluí-la. Desse modo, nos perguntamos: Qual a relação entre as ações efetivas dos sujeitos na escola e os
conteúdos admirados por ele? Quais são os valores eleitos pelos sujeitos como dignos de admiração ao
longo do desenvolvimento? Existe maior coerência entre ação e discurso quando os sujeitos são convidados
a falar sobre o que admiram? Serão analisadas três faixas etárias 9, 12, 16 anos; aproximadamente 300
participantes, estudantes de escola de classe média-alta da cidade de São Paulo, através de três estudos:
As ações na escola: informações coletadas em entrevistas com as orientadoras dos alunos de cada série.
Estas orientadoras já acompanham os alunos há pelo menos um ano e farão uma pontuação sobre o
comportamentos dos sujeitos na escola quanto aos aspectos: desempenho pedagógico, postura de estudante,
relacionamento com os colegas. Parte destes sujeitos também foram observados durante suas aulas de
educação física pela pesquisadora. Os valores dos alunos: investigados por meio de um questionário, a ser
respondido por escrito pelos participantes da pesquisa. Perguntas abertas sobre o que admiram nas outras
pessoas e, em seguida, uma lista de aspectos para que escolham quais consideram os mais importantes
(dentre eles valores morais e não morais). A coerência entre ação e valores: as informações coletadas
sobre as ações e os questionários serão mensuradas e comparadas qualitativamente e quantitativamente.
Esta pesquisa, já aprovado no exame de qualificação para a titulação de doutorado, encontra-se na fase
de análise de dados. Na apresentação do pôster estão descritos dados do pré-teste obtidos com 45 sujeitos
das mesmas faixas etárias e na mesma escola na qual a pesquisa está sendo realizada. Para a análise das
respostas aos questionários foram utilizadas, ainda de modo provisório, as seguintes categorias: O caráter
do valor escolhido: Moral – aspectos que visam o bem comum ou o autorrespeito, Pró-moral – aspectos
que caminham na direção do bom convívio e do autorrespeito e Amoral – aspectos que não possuem
ligação com as relações interindividuais ou com o autorrespeito.
O título original desse trabalho é “O desenvolvimento do julgamento moral do adolescente por meio
da proposição de atividades dramáticas”. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado em 2008, no curso
de Licenciatura em Pedagogia – UNESP / Rio Claro, sob orientação da Prof. Dra. Aurea Maria de Oliveira.
O desenvolvimento moral, de acordo com a teoria de Piaget (1896-1980), é concebido como a construção da
capacidade de tomar decisões conscientes, críticas e transformadoras e dessa maneira, constitui um aspecto
do desenvolvimento social, envolvendo diretamente o processo de construção das estruturas cognitivas.
Tendo em vista a responsabilidade da escola no processo de transformação social, este Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) teve como objetivo verificar se a utilização de atividades dramáticas possibilita
uma evolução qualitativa no processo do julgamento moral do adolescente, regularmente matriculado no
quarto ciclo do Ensino Fundamental; integrando alguns conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais
de: Língua Portuguesa, Arte e Ética. A referida integração de conteúdos ocorreu por meio da dramatização
de “cenas cotidianas”. A metodologia consistiu em encenações, denominadas atividades dramáticas, sobre
situações do cotidiano social. Foram distribuídas propostas de cenas, sem detalhamento e assim, cada grupo
de alunos elaborou roteiros e dramatizou tal proposta de duas formas: uma com ações e atitudes consideradas
adequadas pelo grupo e outra, com ações consideradas inadequadas. Após cada apresentação dos grupos,
foram levantados questionamentos, instigando uma discussão sobre as atitudes tomadas pelos personagens.
Ocorreram três momentos distintos para a coleta de dados: pré-teste, intervenção pedagógica e pós-teste.
O pré-teste e o pós-teste foram constituídos pela aplicação de dilemas cognitivo-morais, adaptados das
pesquisas realizadas por Piaget (1896-1980) e Kohlberg (1927-1987), sobre o processo de construção de
valores. A intervenção pedagógica foi realizada com o objetivo de verificar, ao final da pesquisa, se o trabalho
com a assunção de papéis e discussões perante as dramatizações, implicaria ou não, em uma evolução
qualitativa no raciocínio moral dos adolescentes. Tal avanço foi analisado de acordo com a qualidade das
justificativas / respostas, ou seja, como a argumentação foi estruturada e se ficou coerente ao contexto.
Tomando como base os conflitos que surgem das relações interpessoais, no dia-a-dia, foram elaboradas e
propostas situações / cenas comuns do cotidiano de qualquer pessoa. Então, diante das propostas de cada
grupo – 1. Compra e venda em um supermercado; 2. Atendimento em uma loja de roupas; 3. Situações
diárias em uma padaria; 4. Relação paciente e médico em um hospital; 5. Atendimento em uma lanchonete;
6. Relação entre veículos e pedestres no trânsito; 7. Entrevista de emprego –, os sujeitos foram orientados
a observarem atitudes consideradas adequadas e inadequadas e escreverem um esboço de roteiro, com a
finalidade de ser dramatizado. O roteiro, de acordo com explicações, deveria compor duas interpretações
(adequadas e inadequadas), explicitando grosseria x polidez; ironia ou sarcasmo x autenticidade; descaso
x comprometimento; consideração x indiferença; respeito x discriminação. Assim, o questionamento deste
estudo foi verificar se o trabalho com a construção de textos e a dramatização dos mesmos, nos quais
os educandos tiveram que recriar cenas do cotidiano, em que existiam conflitos interpessoais, possibilita
uma evolução qualitativa no processo do julgamento moral. As “atividades dramáticas” alavancaram uma
analogia ao cotidiano real dos sujeitos. Assistindo às dramatizações, muitos riram e consideraram algumas
atitudes dos personagens um tanto exageradas; no entanto, durante o desencadear das discussões, constataram
Este tema faz parte de uma pesquisa de mestrado, em andamento, que procura investigar as
interações sociais entre crianças da educação infantil e o sentimento de respeito. O objetivo desta pesquisa
é evidenciar as atitudes de respeito que as crianças de uma escola pública infantil do interior de São Paulo
estabelecem com seus pares no cotidiano. Procuramos, além de verificar que tipo de relação interpessoal
é estabelecido pelas crianças nas trocas sociais do cotidiano escolar, compreender as características da
noção de respeito que demonstram um pelo outro e, se elas reivindicam o direito de respeito a si próprio,
identificar os indicadores dessa reivindicação. A pertinência do assunto se refere à necessidade da vivência
do respeito mútuo, sentimento necessário ao pleno desenvolvimento intelectual e moral do individuo,
capaz de promover uma convivência social mais harmoniosa, digna e feliz. Os fundamentos teóricos se
baseiam na Psicologia e a Epistemologia Genética de Jean Piaget, na qual o respeito é entendido como
uma construção ativa do sujeito em interação com o meio físico e social. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa descritiva, de tipo ex post facto, com observação de situações escolares que gerem uma
intervenção imediata do pesquisador. Trata-se de observar as diversas situações de conflitos sociomorais
emergentes no cotidiano, intervir no sentido de buscar as explicações apresentadas pelas crianças e, a
partir daí, estabelecer as categorias que serão extraídas das respostas das crianças. As intervenções serão
conduzidas dentro dos princípios do método clínico-crítico piagetiano. Partimos da hipótese preliminar
que, mesmo em um ambiente escolar autocrático as crianças interagem com seus pares com atitude de
respeito, bem como buscam respeito para si.
Esta investigação teve por objetivo examinar os sentimentos dos alunos em situações de conflitos
fictícios com professores que se valem de sanções expiatórias ou sanções por reciprocidade e suas
justificativas para esses sentimentos. No ambiente autoritário o educador se vale de sanções expiatórias
diante de conflitos interpessoais que envolvem ações arbitrárias para garantir a obediência às regras. Já no
ambiente cooperativo o professor se utiliza de procedimentos como as sanções por reciprocidade, que tem
uma relação lógica entre a sanção e o ato cometido. Participaram da pesquisa, 97 alunos que frequentam
desde a 8ª série do Nível II até a 2ª série do Ensino Médio de um Colégio Particular. O instrumento utilizado
foi um questionário de perguntas abertas com conflitos fictícios, sendo que, dois destes o educador valia-
se de sanções expiatórias e os outros dois conflitos o educador aplicava uma sanção por reciprocidade.
Em cada conflito os alunos deveriam responder a três perguntas. A primeira questionava se o professor
havia agido corretamente e na segunda questão o participante da pesquisa deveria justificar a resposta
anterior. Na terceira questão deveria responder como se sentiria diante da atitude do educador. O resultado
da pesquisa parece demonstrar que os alunos apóiam as ações dos professores, mesmo diante de atitude
autoritária por parte deles, porém, se ressentem diante de sanções expiatórias. Muitos dos que concordam
com sanções expiatórias justificam que é a única forma de manter a ordem no ambiente escolar. Entretanto,
ao se confrontarem com sanções por reciprocidade, demonstram tomar consciência de seus sentimentos,
indicando também um menor índice de sentimentos negativos diante desse tipo de sanção, além de refletirem
sobre a necessidade de regras, conseguindo comportar-se com maior autonomia moral. Em relação à análise
dos sentimentos dos alunos diante dos conflitos a maior parte das respostas aponta para o surgimento de
sentimentos negativos ou pouco definidos perante as sanções expiatórias e por reciprocidade. O presente
estudo pode ser importante para nossa comunidade escolar, pois evidencia a necessidade de um trabalho que
envolva a discussão de regras com os alunos, visando sua legitimação. É possível que regras discutidas entre
A importância dos valores morais está cada vez mais em pauta na sociedade moderna em que se
procura uma melhor qualidade de vida e sustentabilidade sócio-ambiental. Defende-se a ética como tema
transversal e o convívio como o melhor procedimento educativo, mas isso não significa que outras formas
de trabalho pedagógico não possam ser desenvolvidas de forma cooperativa. De acordo com Tognetta e
Assis (2006), é possível trabalhar a “Pedagogia das Virtudes” na formação das crianças, considerando a
dimensão afetiva em sua evolução. Para tanto, explicam as autoras, o professor deve estar preparado para
criar um ambiente de cooperação como estratégia para conceber a construção das virtudes, propiciando
o desenvolvimento das estruturas cognitivas e dos aspectos afetivos para a construção de personalidades
morais. Especialmente sobre desenhos e filmes para discutir valores na educação, Tardeli (2007) propõe
práticas morais para o Ensino Fundamental sugerindo atividades pedagógicas para o trabalho com valores
morais, pois entende que essas Práticas: a) ajudam a enfrentar situações morais; b) participam da ação
humana e da cultura de uma comunidade; c) supõe a ação combinada dos participantes; d) perseguem
objetivos e expressam valores; e) exigem o domínio das virtudes e; f) formam a personalidade moral. Para
Tardeli (2007), o universo que envolve o homem é muito mais do que um ambiente físico, pois as formas da
vida cultural, que se expressam em linguagem e na capacidade de comunicação, apresentam uma variedade
de manifestações que não se resume somente em ideia, mas também em sentimentos a afetos. Assim,
trabalhar símbolos com as crianças pequenas se torna pertinente, pois nesta fase, em que seu pensamento
simbólico abrange grande parte de seu entendimento de mundo, torna-se possível uma aproximação
maior “em seu mundo” e a mensagem que se deseja passar entra por caminhos em que a criança consegue
entender melhor. Refletindo sobre a importância de colaborar com desenvolvimento de valores morais
nas crianças e a escassez de material para trabalhar esse tema, surgiu a ideia de pesquisar procedimentos
educativos utilizando-se de desenhos animados, em especial sobre “Procurando Nemo”. Discutiram-se
os seguintes problemas: Que valores morais podem ser encontrados no desenho animado Procurando
Nemo? Que proposta educativa pode ser elaborada com a utilização de desenhos animados, em especial
Procurando Nemo? Essa pesquisa teve como objetivos: a) Estudar o filme “Procurando Nemo” em função
de seus valores morais e b) Apresentar algumas propostas educativas para favorecer o desenvolvimento
dos valores morais nas crianças. Optou-se por uma pesquisa bibliográfica, a fim de que o Trabalho de
Conclusão do Curso em Pedagogia pudesse contribuir com a formação de professores para a educação em
valores morais. Selecionaram-se inicialmente textos de autores que abordam o desenvolvimento moral
como: La Taille, Souza e Vizioli (2004); Menin (2002); Tognetta (2006 e 2008), La Taille (2006), Vinha
(2000) Puig (1998), e autores que apresentam propostas educativas como: Tardeli (2007), DeVries e Zan
(1998), Tognetta (2007), além dos Parâmetros Curriculares Nacionais – Ética, (1997). O filme Procurando
Nemo foi objeto de estudo, com descrição detalhada. Quatro cenas foram selecionadas para identificar e
clarificar os valores: A amizade de Dory e Marlin; A coragem de Nemo no aquário; A microssociedade
cooperativa do aquário; Confiança do pai, coragem do filho. Os valores identificados no filme foram a
amizade, a solidariedade, a força interior que culminou na superação de limites pessoais, a confiança, entre
outros. De acordo com autores como De Vries e Zan (1998),Vinha (2001, 2003), Tognetta (2003; 2007),
Re-aprendendo a ler, escrever e a contar a sua história (de luta por direitos)
Marcio Hoffman
Escola de Ensino Fundamental Pio XII
pio@charqueadas.rs.gov.br
A Psicologia Moral é um campo da ciência psicológica que procura entender o que leva as pessoas a
agirem moralmente de acordo com as normas. Vem buscando compreender a natureza dos juízos e das ações
morais, considerando ser de grande importância a compreensão de tais processos psicológicos, principalmente
do papel da afetividade na construção de personalidades morais. A moralidade é um processo de construção
interior. A psicologia genética de Jean Piaget preconiza que é a partir das interações com o meio em que vive
Os avanços tecnológicos têm provocado mudanças nas organizações, nos modos de pensar e viver. Tais
mudanças refletem a cultura e o sistema de valores de um grupo social. Segundo Alemany e Aced (2000), os
valores são subsídios, que orientam o indivíduo sobre como agir, como criar ideais, tomar decisões e também
condicionam a maneira de uma pessoa ser e ver o mundo. Tomando como base o fascínio da criança pelos
jogos e a preocupação com o fato de ela estar exposta a um mundo com regras próprias, o jogo “Tibia”
foi analisado, a fim de verificar como os conteúdos morais se apresentam nesse mundo virtual. Bassedas,
Huguet & Solé (1999) apontam o jogo como uma atividade capaz de proporcionar prazer e diversão através
da simulação, pois traz o mundo da fantasia para que, eventualmente, se transforme em realidade. Na
perspectiva teórica piagetiana, o jogo também pode ser entendido como uma linguagem simbólica que
favorece a assimilação do mundo pelas crianças, mas, não é a única forma e define-se como “uma atividade
livre, conscientemente tomada como ‘não-séria’ e exterior à vida habitual, mas ao mesmo tempo capaz
de absorver o jogador de maneira intensa e total”. (HUIZINGA apud RAMOS, 2006, p. 1). Buscou-se,
então, conhecer um pouco mais do mundo virtual no qual a criança está inserida atualmente, acreditando
na possibilidade de entender alguns pensamentos e ações de crianças usuárias do jogo eletrônico Tibia.
De acordo com o site oficial (http://www.tibiabr.com), Tibia é um jogo do tipo RPG (Role-Playing Game)
de interpretação de personagens, que vivem em uma comunidade virtual sem limites de descobertas. É
exclusivamente on-line, havendo necessidade de uma conexão à rede mundial de computadores. A presente
pesquisa reflete uma oportunidade de se entrar em um interessante mundo simbólico das crianças e jovens
da atualidade e, em decorrência disso, poder desenvolver uma forma de comunicação mais efetiva com
eles. Os principais fundamentos teóricos utilizados foram os de Vinha (2006), La Taille (2006), Ramos
(2006) Tognetta (2007), Mendes (2008) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, v.8). Estudos sobre
a ética são sempre bem vindos no contexto de uma sociedade que parece destituída de valores. Também
se considera importante para uma melhor compreensão sobre os jogos eletrônicos e suas ações sobre os
usuários, pois além de favorecer o processo de tomada de consciência dos valores reais e virtuais em
jogadores, pesquisas como essas são úteis para professores formados ou em formação. PROBLEMAS: Que
valores morais estão presentes no jogo Tibia? Como as crianças interpretam esses valores? Que relações os
jogadores estabelecem entre os valores presentes no jogo Tíbia e na vida real? OBJETIVOS: a) Estudar o
jogo Tibia, em função de seu conteúdo moral; b) Analisar as interpretações que crianças usuárias do jogo
Tibia fazem dos valores presentes no mesmo; c) Destacar as relações estabelecidas por crianças entre os
valores presentes no jogo virtual e os da vida real. MÉTODO: Participaram 2 adolescentes na faixa etária
de 11 a 13 anos, usuários de jogos eletrônicos. Como instrumentos foram utilizados o jogo “Tibia”, um
roteiro de entrevista e outro de observação, preparados para esta pesquisa. A análise dos dados foi descritiva
e reflexiva, utilizando-se dos referenciais teóricos que fundamentaram esta pesquisa. RESULTADOS E
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: Um valor considerado pela comunidade “tibiana” é o respeito, notou-se
uma tendência ao respeito unilateral e o valor do poder, o de ser mais forte que o outro, já que o motivo maior
da luta dos jogadores é conquistar o respeito da comunidade virtual. Outro valor destacado é o da justiça,
que pode ser interpretado de acordo com os motivos que levam a realizar determinadas ações. Um exemplo:
um jogador que mata outro que vive de acordo com as normas do jogo, a ação é considerada injusta, se ele
matou por alguma irregularidade do outro personagem, estaria agindo de forma justa. É considerado justo
matar conforme as regras do jogo e elas parecem apontar que um erro deve ser punido. Estaria, neste caso,
tratando-se da justiça igualitária simples, segundo Kohlberg. Outro exemplo de atitude considerada justa é
LPG/FE/UNICAMP
GEPEM/UNESP/UNICAMP
UNICAMP/Campinas-SP
UNESP/Rio Claro-SP
UNESP/P. Prudente-SP
USP/Piracicaba-SP
UNIFRAN/Campinas-SP
USF/Campinas/Itatiba-SP
UMESP/São Paulo
UNIBAN/São Paulo
UNIFAE/S. J. da Boa Vista-SP
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