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Vingança Privada

Na Grécia quando algum crime era cometido havia 3 tipos de vingança para restaurar a ordem/harmonia local: a
Divina, a Privada e a Pública. A Divina era a que todos temiam, quando alguém rompesse com equilíbrio,
cometendo um crime, o medo era de que os Deuses punissem a todos. Quando o crime tomava grandes
proporções seria punido também com a vingança Pública, que era cabível ao Estado. A vingança Privada era
quando um crime era cometido, ocorria a reação da vítima, dos parentes e do grupo social, que agiam sem
proporção à ofensa, atingindo não só o ofensor como também todo o seu grupo. Se o transgressor fosse membro
da tribo, poderia ser punido com a “expulsão da paz” (banimento), que invariavelmente levava à morte. Caso a
violação fosse por um estranho à tribo, a reação era a “vingança de sangue”, considerada como obrigação
religiosa e sagrada.
No caso analisado, o Wellington de Oliveira Menezes que cometeu a chacina seria punido não somente no
âmbito da Vingança Pública, pelo Estado, mas também na Vingança Privada. A família das vítimas tem um
grande papel nisso, para tentar retribuir o sofrimento. Porém, como o Wellington não tinha pais e nem filhos e
os outros parentes não quiseram se envolver, ele provavelmente sofreria sozinho a vingança. E como ele estaria
presente nessa tribo, devido a fatos como que ele estudou naquela escola, conhecia funcionários, morou lá por
um bom tempo, de fato sofreria a “expulsão da paz”, mas provavelmente morreria, por conta da desaprovação
geral da sociedade.
Estado e Pena
Ao realizar o paralelo entre o direito criminal na Grécia antiga e o protagonista da tragédia em Realengo,
Wellington Menezes de Oliveira, deve-se, antes de iniciar as ponderações e observações dos fatos ocorridos,
fazer uma análise hipotética sobre os motivos que levaram aquele a cometer este infanticídio, a sua posição na
sociedade e a punição apropriada à grandeza do crime, ou seja, pressupondo e existência de um julgamento,
sendo isso, adaptado ao tempo e ao espaço da Grécia.
Trabalhando de forma estrita para não delongar o trabalho, dentre as diversas possibilidades atinentes às
características do indivíduo, que se mostram geralmente adstritas, focarei naquela em que julgo mais
pertencente ao assassino de fato. Para exemplificar o exposto, existiam no direito grego algumas formas
classificatórias do assassinato: homicídio voluntário, involuntário e legitima defesa. Ao entrar no colégio e
realizar centenas de disparos contra as crianças e, por conseguinte, algumas, que ali estavam, morrem,
Wellington comete um homicídio voluntário. Mas, por trás da frieza deste ato existe uma complexidade de
sentimentos do assassino que só é revelado em uma carta e provas materiais, além disso, as testemunhas. Isso
explica que Wellington realiza um crime passional, o qual está ligado a uma intenção deliberada de cometê-lo.
Segundo o direito criminal grego esta atitude deveria ser punida de forma mais rigorosa, dado a
intencionalidade e o planejamento da vingança. Considerando-o um cidadão, 10% da população, ele seria
exilado por um período de três anos, que ao ser concluído, deveria ser julgado se seria ou não readmitido ou
perdoado pelos guardiões das leis. Em contrapartida, se Wellington fosse um escravo, ele seria arrastado pelo
carrasco público na direção dos túmulos das crianças assassinadas, em seguida, seria chicoteado consoante as
prescrições do acusador, porém, se o mesmo resistisse, era executado. Além disso, o suicídio, que Wellington
cometera logo após os assassinatos é abominável na Grécia antiga, denominado por Platão de covardia e
indolência. A punição para essa prática era o isolamento do túmulo, em um raio de doze distritos, acompanhado
da ausência de identificação e de estela.
Observa-se a assimetria existente entre os sujeitos que compunham a Grécia antiga, onde a aplicação da pena
varia conforme a posição social.
Contágio e Sepultamento do condenado na Grécia antiga
Após julgado, condenado e punido, Wellington ainda seria obstáculo para a manutenção do equilíbrio da
sociedade grega. Embora morto, seu corpo representaria fonte de todo aquela “energia” ruim que causou o
desequilíbrio, o que atrapalharia a reestruturação da harmonia.
Sendo o corpo do condenado fonte desta energia, a sociedade grega não permitia seu sepultamento, pois pela
crença deste povo, ela se incorporaria ao solo, causando danos a este. Caso enterrado seus atos contagiariam o
solo, o danificando.
Na Grécia Antiga, a família do condenado, não se envolvia com o corpo deste, pelo mesmo motivo: não queria
contato com o corpo, pois poderia se “contaminar”. Embora não fossem responsabilizados pelos crimes do
Wellington, no caso, se sua família se envolvesse com o corpo, seria “contaminado” o que poderia representar
uma ameaça a harmonia da sociedade.
Assim, como na nossa sociedade contemporânea, em que a família de Wellington, não quis se envolver com
assassino, não apenas por motivos próprios, mas por ameaças da própria sociedade. Essas ameaças deixam
muito claro o quanto forte ainda é esse idealismo de que a família representaria a permanência dos atos do
assassino e que se envolvendo com um possível sepultamento, estaria participando da ação do condenado e por
isso deveria ser culpada também.
Religiosidade na Grécia Antiga
Depreende-se, sobre o período da Antiguidade na Grécia, que a questão da religiosidade era muito forte e
influenciava social e politicamente a vida dos indivíduos da polis, os quais viviam segundo os ditames dos
deuses gregos.
Transferindo tal idéia para o caso de Wellington, em Realengo, pode-se dizer que, a princípio, o crime que fora
cometido teria como resultado a ira dos daqueles e a pena, por sua vez, deveria restaurar a harmonia, o
equilíbrio perdido. Buscava-se, pois, uma justiça transcendental.
Já, em um segundo momento, com a influência dos filósofos e pensadores, surgiu uma nova concepção de pena
e crime. Nesse período, havia o ideal de justo meio de Aristóteles, tendo a pena a finalidade de correção, de
contenção, para que o crime não ocorresse novamente. Seria, então, o Estado que aplicaria a pena a Wellington,
a fim de que o dano que ele cometeu à sociedade fosse reparado, restaurando-se, dessa forma, a ordem.
Diz-se, ainda, que, na Grécia a pena funcionava como um pedido de perdão aos deuses, bem como o tentou
Wellington. Na Antiguidade grega, o autor do crime sofreria, então, as conseqüências da desaprovação
religiosa, concretizada na quebra da harmonia social.
O caso Wellington e a ética grega
A ética grega era uma ética chamada de teleológica. Tudo tinha uma finalidade no cósmos e o fim comum era a
concepção de bem, de felicidade que consequentemente, dava a noção de justo, de justiça. O ser feliz era o ser
virtuoso, como já explicitava Sócrates. Segundo Aristóteles, a noção de bem vinha precedida da noção de justo.
O indivíduo só fazia uma boa ação na medida em que compreendia racionalmente o que era bom. Aristóteles
afirmava ainda que os desejos prejudicavam a razão e consequentemente desvirtuavam o conceito de bem, de
ação virtuosa. No que envolve a o caso estudado, Wellington tinha um desejo vingativo, desejo este que
desvirtuou a concepção de boa ação, do que era bom, levando-o a cometer o assassinato das inúmeras crianças.
Wellington não era um homem feliz, na concepção grega, pois não tinha a real noção do que era o bem. Sua
concepção de justiça,de bondade, que era eivada de infelicidade pelo passado traumático do transgressor, não
era compatível com a real noção de justiça sendo esta,única e indiscutível segundo Sócrates. Sendo, de acordo
com Aristóteles, a justiça, a maior das virtudes, que era a obediência às leis, pode se dizer que Wellington, por
transgredir as normas gregas, tornara-se um homem sem virtudes e na medida em que cometera um ato sacrílico
contra a ordem cósmica afetando a harmonia perante os deuses, fora desonrado.
Cidadania na Grécia
Sabe-se que na Grécia da Antiguidade Clássica havia um grande número de cidades tais como Atenas, Esparta e
Argos. Cada cidade-estado possui seus cidadãos sem vínculo dependente e estes possuem direitos e deveres.
Dessa maneira, cidadão é todo aquele que está sujeito a uma mesma ordem jurídica de uma determinada cidade-
estado. Já o estrangeiro é aquele que está restrito juridicamente a outra cidade e conseqüentemente, as leis desta.
Além dos considerados cidadãos existiam também, mais notadamente em Atenas, uma porção de escravos.
Estes não possuíam nenhuma liberdade e personalidade jurídica e cívica. Já as mulheres não possuem direitos
políticos e ficam sob tutela do pai ou do marido. E os jovens, uma vez que passarem pelos ritos de passagem e
completarem 18 anos, adquirem o status de cidadão.
O cidadão está obrigado a determinados comportamentos pela lei ou pelos costumes sob a pena de atrair a ira
dos deuses. O descumprimento de tais posturas como as atividades religiosas e os ritos, considerados
comportamentos anti-sociais, implica em sanções.
Portanto, ao inserir Wellington como cidadão grego e sabendo que é maior de 18 anos, estaria ele sujeito a
cumprir uma sanção imposta pelo Estado uma vez que sua conduta é deplorável e fere a ordem jurídica grega.

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