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A cultura colaborativa inspirando novos valores e

possibilidades de mudança.

Lourdes Alves de Souza

Introdução

O modelo de desenvolvimento adotado no século XX promoveu o


agravamento das desigualdades, ampliando a pobreza e a exclusão
em todo o mundo. Mais de um bilhão de seres humanos vivem na
pobreza abjeta, mais de 120 milhões estão desempregados e muitos
mais subempregados. – Estamos diante de uma crise moral e ética
acompanhada da violência e criminalidade, agravada pela ruptura dos
laços de vizinhança e o aumento dos conflitos interétnicos. – Este
panorama é mundial e isso nos inclui em todos os aspectos.

Uma nova visão de Desenvolvimento Social vai além de investimento


em crescimento Econômico. Atua na perspectiva do desenvolvimento
humano, que transcende a idéia de garantia das necessidades básicas,
consiste no alcance, no domínio de cada um, do seu próprio
desenvolvimento e na capacidade de contribuir para o progresso da
sociedade em que vive de forma contínua e responsável.

A reflexão de Educação para o Século XXI, da comissão de educação da


UNESCO, está referenciada por essa visão de desenvolvimento social.
“A Educação deve ser encarada no quadro de uma nova problemática,
em que não apareça apenas como um meio de desenvolvimento, entre
outros, mas como um dos elementos constitutivos e uma das finalidades
essenciais desse desenvolvimento”.

No Brasil, após 21 anos de ditadura, o ano de 1985 marca o inicio da


redemocratização, expressa pelo direito de voto, elaboração da nova
constituição nacional e maior participação na vida política do país. – É
momento de grande mobilização da sociedade civil na busca de soluções
para os problemas sociais. Lideranças comunitárias criam associações
em fins lucrativos para lograr êxito em suas causas. É nesse contexto
que se configura o denominado terceiro setor.
A década de 90 é o marco de consolidação de organização do “Terceiro
Setor” e de interface entre a iniciativa privada, poder público e sociedade
civil a fim de compor e propor soluções para os graves problemas
sociais.

Na busca de sinergia e fortalecimento, as organizações da sociedade


civil são responsáveis pelas primeiras iniciativas de organização em rede
no país e ainda hoje representam a maioria quantitativamente falando e
do ponto de vista de identificação ideológica.

A organização em rede é uma estratégia de fortalecimento político e


social e que na sua complexidade, dada a diversidade, os princípios
de equidade e democracia, educa para o desenvolvimento social
sustentável e gera a cultura colaborativa.

Segundo Morin, a cultura é constituída pelo conjunto dos saberes,


fazeres, regras, normas, proibições, estratégias, crenças, idéias, valores,
mitos, que se transmite de geração em geração, se reproduz em cada
indivíduo, controla a existência da sociedade e mantém a complexidade
psicológica e social.

Desse modo, a nossa forma de pensar, sentir, fazer e agir, que são as
nossas lentes, nosso modo de ver e ser, está ou esteve referenciada
pela Estrutura de Organização Piramidal, que gera e mantém fortalecida
a cultura competitiva.

Portanto, mudança para uma perspectiva colaborativa é a inversão da


lógica da organização piramidal, cuja estrutura está baseada na
hierarquia, na obediência e na centralização do poder, para outra,
orientada pela horizontalidade, valores de solidariedade e da
cooperação. – É forjar a partir da experiência, da vivência coletiva uma
outra e nova forma de organização e de relacionamento entre os
interessados na mudança, o que justifica sublinhar, a necessidade de
mudança na forma de sentir, pensar, falar e agir.

A organização em Rede geradora da cultura colaborativa se apresenta


como uma tecnologia social viável, tanto do ponto de vista sócio –
político, função educativa, processo de humanização e expansão da
consciência sobre o papel da Educação e do Educador no
Desenvolvimento Social.
Modelo de Estrutura Piramidal

Significa, em texto elaborado por Chico Whitaker:


Ø O poder concentrado no topo da pirâmide;
Ø A informação é usada como forma de poder;
Ø A decisão está concentrada no topo da pirâmide;
Ø A participação por vezes não é compromisso da pessoa ou da
Organização;
Ø Relação de subordinação, os de baixo aceitam o que vem de
cima;
Ø A responsabilidade é do chefe e etc.

Havemos de reconhecer, mesmo com vistas à possibilidade de


mudança, que nossa experiência de relacionamento em todos os
sentidos, tem raízes na matriz piramidal, e fica evidenciado nas relações
de trabalho, na vida familiar e na nossa formação e atuação profissional.
– Conseqüentemente, também se reflete na educação.

Sem grandes esforços infelizmente, a maioria de nós tem exemplos


de experiências no trabalho, em suas equipes e relação com seus
superiores, que reproduz de forma clássica a estrutura piramidal. – A
queixa generalizada, seja de profissionais da educação ou da saúde,
para não particularizar o problema, é a dificuldade de trabalhar em
equipe, a falta de informação e as decisões serem de cima para baixo.
O efeito é visível no “clima”, no nível de insatisfação, é freqüente o
individualismo, o isolamento, a superficialidade nos relacionamentos, a
resistência na participação e envolvimento em propostas que venha da
cúpula. Resumidamente podemos chamar de apatia e insatisfação.
A cultura organizacional é oriunda do modelo de organização social,
portanto, a mudança de uma reflete e muda a outra. – A qualidade das
relações e dos vínculos possíveis, tem origem no modelo mental que
considera as partes e não a relação entre elas, que funciona sob a ótica
binária, ou é isso ou é aquilo, ou é amigo ou inimigo. – Esse modelo
fragmentado e de rotinas defensivas, julgamentos e generalizações,
inviabiliza a aprendizagem em equipe e outras formas de convivência
necessárias ao processo de mudança.

Durante muito tempo à educação teve como papel primordial à instrução,


o repasse de conteúdo, a transmissão de saberes acabados e
inquestionáveis e também a preocupação de formar pessoas para o
mercado. – É muito recente, mas animador o movimento de educadores
que modelam e transformam a educação colocando no centro das
preocupações a pessoa, o sujeito, o cidadão autônomo, que nutre seus
próprios sonhos, que tem desejos de mudança, necessidades singulares
e função social.

Contexto histórico de criação do Programa Rede Social

Na qualidade de Educadora Social, escrever sobre a Rede Social e


a Cultura Colaborativa em certa medida é também registrar a minha
trajetória de vida profissional no Senac São Paulo nos últimos nove anos,
articulando e fomentando Redes Sociais.
Compartilhar esse conhecimento é, portanto, compromisso e ao mesmo
tempo oportunidade de disseminar conceitos e valores apreendidos da
Cultura Colaborativa gerada a partir das Redes, com a esperança de que
possa servir de inspiração para outros educadores sociais, que assim
como eu anseiam por um mundo melhor.

O Programa de Rede Social do Senac-SP existente a mais de nove anos


é fruto de um processo reflexivo, consciente e comprometido da equipe
que atualmente compõe a Gerência de Desenvolvimento Social. – Até
então, o relacionamento de mais de duas décadas com as comunidades
tentou garantir a realização de cursos gratuitos de qualidade para a
população de menor poder aquisitivo a partir do relacionamento com
Organizações de Base Comunitária. – Essa fórmula teve a função de
contribuir com a diminuição do desemprego, de qualificar mão de obra
e fundamentalmente potencializar a capacidade de trabalho e renda dos
atendidos.

O relacionamento com as organizações sociais nas comunidades, foi


pouco a pouco, sendo modificado. Num primeiro momento, ao invés de
oferecer cursos do nosso portfólio para uma determinada comunidade,
passamos á reunir as várias lideranças locais com o propósito de
conhecer as necessidades e as potencialidades locais, e oportunamente
disponibilizar o curso que atendesse a real necessidade. Por outro lado,
a proximidade nos possibilitou perceber a necessidade de
profissionalização dessas Organizações Sociais, que buscava no Senac
uma forma de atender melhor a sua comunidade.

Aconteceu num bairro próximo a Diadema, uma grande quebra de


paradigma, o que seria mais uma reunião com organizações sociais,
com apresentações, discussões e deliberações do que o Senac poderia
oferecer, deu-se o inesperado: eram todos residentes do mesmo bairro,
que atendiam a mesma comunidade e com dificuldades muito
semelhantes e que estranhamente não se conheciam. À medida que
foram convidadas a se apresentarem e falar sobre o que faziam isso
foi ficando evidente e as pessoas começaram a se dar conta das
“possibilidades” de complementaridade e parcerias lá, no próprio local.

Daquele momento em diante, e de forma intencional as reuniões tinham


o propósito de promover a interação entre os participantes e buscar
conectividade entre os projetos, os talentos, as competências e
identificação de objetivos comuns. – A partir desses passos criamos a
metodologia que orienta a formação e a articulação das Redes Sociais
no Senac.

Metodologia para Formação e Articulação de Redes Sociais

A partir do Passo 1, os demais passos não seguem, necessariamente,


uma ordem linear, constituindo-se, porém, num entrelaçamento
contínuo e dinâmico que resulta na constituição da rede.

Ressaltamos que os Passos "Novo Compromisso" e "Ação" são


fundamentais para a constituição de uma Rede Social no modo como a
concebemos.

1 - Reunião/ Espaço comum (presencial ou virtual)


Formação dos elos entre os componentes

2 - Identificação/ Conhecimento mútuo


Estabelecimento de diagnósticos

3 - Proposição/ Estabelecimento das visões de mundo


Propostas

4 - Composição/ Estabelecimento de parcerias


Definição da missão

5 - Novo Compromisso/ Definição do projeto ou ação


Formação do compromisso conjunto
Estabelecimento de objetivos e metas
Ação/ Realização do planejamento
Avaliação dos resultados

Atualmente são 33 Redes Sociais organizadas no Estado de São Paulo,


participam desse processo 747 Organizações, 99 projetos estão em
andamento e mais de 100 já foram implementados.

As Redes fomentadas pelo Senac têm como mediador um membro


da equipe de desenvolvimento social, o qual assume um papel de
importância organizacional e de referência ética e de valores que
sustentam a ação. Em outras iniciativas, o mediador/educador social,
pode ser escolhido pelo grupo participante, de todo modo ele deve ser
reconhecido pelos componentes e preparado para facilitar a construção
de algo que é novo e muito maior que todos individualmente. Site
www.sp.senac.br/redesocial

A estrutura horizontal como forma de organização.

A Rede é composta por Organizações de Base Comunitária,


Organizações privadas e Públicas, sendo a primeira em maior número.
Essa composição inaugura a possibilidade de um diálogo entre
diferentes e que na perspectiva do ganha – ganha. Para melhor
exemplificar, todos os envolvidos disponibilizam o que tem de melhor e
todos devem se beneficiam de acordo com suas necessidades. Nessa
perspectiva são construídas as relações de confiança entre governo
local, sociedade civil e Iniciativa privada, que a partir de suas
experiências de trabalho conjunto criam novos valores e princípios de
relacionamento.

Há uma movimentação, uma fluidez nessa participação, entram e saem


pessoas em função do entendimento, da expectativa, também por não
acreditarem na proposta e outras circunstâncias. – Em geral são mais
freqüentes e assumem responsabilidades as organizações cuja prática
tende a horizontalidade.

A participação na Rede é livre e voluntária, se dá por escolha própria,


isso significa dizer participação consciente. – Quem decide pela
participação em geral se identifica com a proposta, tem envolvimento e
assume compromissos e responsabilidades. Participantes conscientes
são curiosos, abertos para as possibilidades de mudança, dispostos a
interagir e pensar “fora da caixa”. Em outras palavras, pensar a partir de
novos referenciais, olhar as mesmas questões por diferentes ângulos,
usa a indagação para conhecer outros pontos de vista e nesse sentido,
é grande o espaço para inovar. Isso cria uma vantagem potencial sobre
o modelo a ser superado.

A estrutura horizontal como forma de organização, é o principio que


coloca a todos em pé de igualdade, nenhuma idéia, opinião ou vontade
deve prevalecer em função do interesse individual, ou alimentar
privilégios tomando como referência o nível intelectual, gênero, posição
política, raça ou credo. – Mais uma vez o diálogo e a discussão se
apresentam para dar forma e sustentação a horizontalidade que vai
sendo experimentada e reconhecida como um valor importante, pouco a
pouco.

É na realização de tarefas, na capacidade de cooperar de um grupo


ou comunidade que se cria uma identidade comum e fortalece-se a
confiança e o compromisso com a coletividade. – Pintar uma escola,
organizar uma coleta seletiva no bairro, após um estudo da realidade
é uma das mais belas experiências de cidadania e empoderamento
de um grupo ou comunidade. A essa altura, valores de solidariedade
e cooperação já foram incorporados pelo coletivo e fica valendo a
perspectiva Ganha - Ganha.

Por vezes esperamos mesmo em situações mais democráticas que


alguém faça, escolha, assuma e responsabilize-se em nosso lugar, por
isso, é necessário estarmos acordados individualmente e com os demais
companheiros. A cultura colaborativa depende do sucesso da
horizontalidade para se estabelecer e promover mudanças.

Portanto, mudanças na perspectiva da cultura colaborativa é a inversão


da lógica da cultura competitiva apreendida como paradigma. É forjar a
partir da experiência, da vivência coletiva uma outra e nova forma de
organização e de relacionamento entre os interessados na mudança, o
que justifica sublinhar, uma vez mais, a necessidade de mudanças na
forma de sentir, pensar, falar e agir.

Segundo Whitaker significa na prática:


Ø Desconcentração do poder.
Ø Circulação livre da Informação.
Ø Não tem um dono, não tem chefe.
Ø Poder exercido por todos e por cada um.
Ø A decisão é negociada, entendimento pelo Diálogo.
Ø A participação é livre e voluntária
Ø Relação igualitária exige mais paciência, mais tempo, mais
prazo, mais respeito.
Ø A responsabilidade e as tarefas são compartilhadas por todos.

Considerando que esse é um processo que se constrói no médio e


longo prazo, e como necessariamente depende do envolvimento das
pessoas e da relação horizontal entre elas, educar, educar, e educarmo-
nos continuamente faz parte integrante do que entendo como edificação
do “Ser autônomo” e do “Desenvolvimento Social”.
Para tanto, muito investimento será despendido e parte dele será em
formação do educador que media, que facilita e anima os processos.
- São muitos os conhecimentos, habilidades e atitudes colocadas em
curso para a realização desse propósito.

Em minha experiência como mediadora/educadora e fazendo parte de


uma grande equipe de mediadores/educadores, identifico duas
dimensões desse fazer que me servem como direção; a) acreditar e
viver os princípios e valores da horizontalidade e b) humanizar os
relacionamentos.

Talvez possa parecer óbvio que o educador tenha que estar alinhado
aos princípios da horizontalidade para exercer a sua função, mas como
fazê-lo, como prepará-lo, talvez não. Quais competências precisam
ser desenvolvidas? Que áreas de conhecimento contribuem? O que
é importante conhecer, saber, ser?

Há muito que saber, conhecer sobre Cultura de Paz, Educação para o


Século XXI, Terceiro Setor, Meio Ambiente, Comportamento Humano,
Desenvolvimento Social, Economia Solidária e História, Sociologia, e
Política. – São essas às áreas de conhecimento que mais tem me
oferecido informações úteis para refletir sobre essa atuação.
Como ferramenta ou instrumento de trabalho de facilitação, é importante
o domínio de técnicas de Mediação de Conflitos, Técnicas de Diálogo,
de Investigação Apreciativa, Técnicas de Dinâmica de Grupo e Jogos
Cooperativos, tudo isso ou parte disso considere como sugestões, pois
será acrescentado a isso, as suas experiências, vivências e saberes
acumulados ao longo do seu processo de desenvolvimento profissional.

Quanto ao aspecto da humanização dos relacionamentos, me refiro a


todas as palavras, gestos, ações que possam contribuir para aproximar,
acolher, reconhecer, animar, incluir, tolerar, emocionar as pessoas,
tornando esse convívio um – novo – modo – de – ser – e – ver.

O Papel da Educação no contexto de Desenvolvimento Social

A Educação para o século XXI tem um papel essencial no


desenvolvimento contínuo na condução de um desenvolvimento
humano, capaz de dar sentido e criar conectividade entre conhecimento,
habilidades e atitude. Tecer redes de solidariedade entre as pessoas,
fortalecendo o sentido de coletividade e de interdependência, tudo está
ligado a tudo e existe em relação ao outro. – Portanto, ela tem em
si responsabilidade na edificação de um “Ser Autônomo e um Mundo
Solidário”.

Educação, um Tesouro a Descobrir é um compilado do relatório para


a UNESCO da comissão sobre Educação para o século XXI, se tornou
uma importante referência mundial para a educação e para educadores.
O resumo abaixo pode ser encontrado no site do comitê para a Década
de Cultura de Paz – www.comitepaz.org.br foi elaborado pela comissão
de educação. No documento original, são quase 300 páginas de
reflexões, estudo e propostas para a educação ao longo de toda a vida.
Nesse contexto entendo que deva ser apresentado como tal.

As missões da educação fazem com que englobe todos os processos


que levem as pessoas, desde a infância até ao fim da vida, a um
conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si mesmas,
combinando de maneira flexível quatro aprendizagens fundamentais:

Aprender a Conhecer
Supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a
memória e o pensamento. O processo de descoberta implica duração e
aprofundamento da apreensão.
Aprender a Fazer
Combina a qualificação técnica e profissional, o comportamento social,
a aptidão para o trabalho em equipe, a capacidade de iniciativa, o gosto
pelo risco. Qualidades como a capacidade de comunicar, de trabalhar
com os outros, de gerir e de resolver conflitos, tornam-se cada vez
mais importantes. A aptidão para as relações interpessoais, cultivando
qualidades humanas que as formações tradicionais não transmitem
necessariamente e que correspondem à capacidade de estabelecer
relações estáveis e eficazes entre as pessoas.
Aprender a Viver Juntos
Aprender a viver com os outros desenvolvendo a compreensão do outro
e a percepção das interdependências - realizar projetos comuns e
preparar-se para gerir conflitos - no respeito pelos valores do pluralismo,
da compreensão mútua e da paz.
Aprender a Ser
Para o desenvolvimento da personalidade individual e da capacidade de
autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal.
Esses são parâmetros que inspiram e contribuem na formação do
mediador/educador social e com os princípios que sustentam a Rede
Social e a cultura colaborativa.

Criando a Cultura Colaborativa

No meu modo de ver, o ideal de transformação social, está


fundamentalmente condicionado á mudança das pessoas na forma de
sentir, pensar, sonhar, falar e viver a sua cidadania, o senso de
coletividade, de responsabilidade e participação social.

A cultura colaborativa é um valor, uma crença, uma aposta na


capacidade das pessoas e das organizações de promoverem á
transformação social a partir da cooperação, da solidariedade, da
identificação conjunta de problemas e soluções, fundamentada na
relação de ganha - ganha. Essa é a relação desejável e que deve
permear as relações de parceria, que são baseadas na relação de
confiança.

Os protagonistas da mudança criam novas condições de aprendizagem


e desenvolvem seus talentos, novas competências a partir da troca de
experiências, no compartilhamento de conhecimentos acumulado pelo
conjunto. Em geral aceitam o erro como parte da aprendizagem,
potencializam os ganhos advindos da diversidade e criam estrutura para
acolher o novo.

Peter Senge faz uma contribuição muito interessante no seu livro “A


Quinta Disciplina” para melhor entender as organizações que aprendem
e que podemos transpor para o nosso foco de interesse. É possível
identificar cada um deles em diferentes momentos de evolução da Rede
Social e na expressão da cultura.

Domínio Pessoal – pessoas com um alto nível de domínio pessoal


aprenderam a perceber e trabalhar com as forças da mudança, em
vez de resistir a elas. São profundamente curiosas continuamente
comprometidas a ver a realidade de uma forma cada vez mais precisa.
Na fábula, “Aprendendo além dos Lobos” o rebanho de ovelhas, não tem
dúvidas de que estão predestinados a serem “comida de lobo”. Até que
uma ovelha confessa a sua indignação e entra em ação, coloca dúvida
nessa verdade, convida para pensar diferente e age para solucionar
o problema. – O filme “Doze Homens e uma Sentença”, também tem
uma situação em que um homem de alto nível de domínio pessoal
faz a diferença pela participação e inquietação com os fatos. – Outro
exemplo conhecido está no filme “Bagda Café”, que uma personagem
com alto nível de domínio pessoal chega e faz a mágica da mudança
acontecer. Esses protagonistas estão por toda a parte e participando
voluntariamente e de forma consciente das redes de solidariedade.

Modelos Mentais – são imagens internas profundamente arraigadas


sobre o funcionamento do mundo que nos limitam a formas bem
conhecidas de pensar e agir. São ativos que moldam nossa percepção,
nossa forma de agir, fazer e ver.
E que modelo mental é esse? Trata-se do modelo mental da separação,
da exclusão com o qual estamos condicionados. - OU/OU: ou isso ou
aquilo; ou amigo ou inimigo; ou bem ou mal; ou eu ou o outro; ou você
está comigo ou está contra mim. O diálogo, a indagação, a negociação
são fundamentais para que o nosso modelo mental sofra mudanças.
Por vezes é o modelo mental de uma pessoa ou de um grupo de pessoas
que não favorece a mudança em processos grupais. Se o meu modelo
mental, em função de um fato, não acreditamos que é possível promover
a mudança social, a minha ação com relação aos outros vai confirmar o
meu modo de ver.

Visão Compartilhada – Não é uma idéia, é uma força no coração das


pessoas, uma força de impressionante poder. Pode ser inspirada por
uma idéia, mas quando evolui (com apoio de mais de uma pessoa) deixa
de ser abstração. Torna-se palpável. As pessoas começam a viver o
sonho.
Uma rede começa a ser tecida quando a visão é compartilhada, a
partir de um sonho inicial de uma pessoa ou de um grupo e que por
identificação se transforma no sonho de todos. Exemplos clássicos de
visão compartilhada foram os movimentos de não violência, no início
liderados por Martin Luther King nos Estados Unidos e Mahatma Gandhi
na Índia. Uma idéia, um sonho que transformou o modo de vida e a
realidade de milhões de pessoas.

Aprendizagem em equipe – é o processo de alinhamento e


desenvolvimento da capacidade da equipe de criar os resultados que
seus membros realmente desejam.
“Quase todos nós, em alguma época, fizemos parte de uma grande
equipe, um grupo de pessoas que faziam alguma coisa juntas de maneira
extraordinária – que confiavam umas nas outras, que complementavam
suas forças e compensavam suas limitações, que tinham um objetivo
comum maior que os objetivos individuais e que produziam resultados
extraordinários”.
O sucesso do trabalho em equipe depende de um conjunto de
competências que se somam no coletivo. É um exercício constante de
disciplina, colaboração, respeito com o outro, de abertura para o diálogo
como forma de entendimento e atitude de cuidado com o outro e a
clareza sobre os resultados que querem obter.
A horizontalidade das redes cria uma condição favorável para o trabalho
em equipe, a visão compartilhada, a atitude protagonista, o pensamento
sistêmico e a mudança na forma de sentir, pensar, falar e agir.

Pensamento Sistêmico – é uma disciplina para ver o todo. É um quadro


referencial para ver inter-relacionamentos, ao invés de eventos; para ver
os padrões de mudança, em vez de fotos instantâneas. – É o modelo
mental que considera não apenas as partes, mas a relação entre elas.
A Floresta com toda a sua diversidade, o corpo humano na sua
complexidade, são exemplos de um sistema, de um conjunto de partes
que interagem com um objetivo comum. – o mesmo pode-se dizer das
redes que se mantém renovado o compromisso de torno de um objetivo
comum.

“Uma das mais belas compensações desta vida é que nenhum homem
pode sinceramente tentar ajudar outro sem ajudar a si próprio” Ralph
Waldo Emerson

O entendimento a partir do Diálogo

“Em um diálogo não há a tentativa de fazer prevalecer um ponto de


vista particular, mas a de ampliar a compreensão de todos os
envolvidos” David Bohm

Se perguntados, num primeiro momento acreditamos que sabemos


dialogar e que não há muito para aprender a esse respeito nos encontros
da Rede Social. Se você também pensa assim, pode estar muito
enganado, eu estava! – O treino que fazemos ao longo da nossa vida
estudantil, profissional e até mesmo familiar é defender nossos pontos
de vista, argumentar para impor nossas convicções e nos tornarmos
eficientes oradores, em escala bem menor nos preparamos para ouvir, e
ouvir para compreender o ponto de vista do outro. Até, mesmo quanto
não concordamos, mas compreendemos o ponto de vista que nos é
apresentado, porque fomos capazes de ouvir a ponto de nos colocar no
lugar do outro, e compreender as suas razões, há grande chance de
identificação, de aprendizagem e de acolhimento.

O Diálogo é uma experiência enriquecedora de autoconhecimento e


conhecimento do outro. Por meio do diálogo um grupo, ocupado na
construção de uma nova Cultura, aprende a decidir depois de conhecer
todos os pontos de vista, tornando desnecessário o recurso do voto. O
voto por maioria, nesse novo processo não tem nenhuma contribuição,
muito pelo contrário, alimenta a discórdia, e a competição.
A discussão não se apresenta como contraposição ao diálogo, ela
acontece após, permitindo que o coletivo decida e dê encaminhamento
ao que foi acordado democraticamente. O Diálogo é próprio da
Democracia, permite a inclusão de todos e de cada.

Para mencionar um exemplo, dos princípios da Cultura de Paz.


“O Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não - Violência”, é um
Guia elaborado por laureados do prêmio Nobel da Paz e endossado por
milhões de pessoas no mundo que se comprometem a cumprir os seis
pontos descritos abaixo.
Ø Respeitar a Vida
Ø Rejeitar a Violência
Ø Ser Generoso
Ø Ouvir para compreender
Ø Preservar o Planeta
Ø Redescobrir a Solidariedade

O Manifesto 2000 ajuda na compreensão e fortalecimento da Cultura


Colaborativa, é desejável que possamos ouvir uns aos outros, que
solucionemos os problemas de forma não violenta, que a solidariedade,
a generosidade paute nossas ações e que o respeito ao planeta e a toda
espécie de vida sejam a nossa visão inegociável de futuro.

Dois autores me permitiram compreender o conceito do Diálogo e os


meus pares a prática.
O quadro abaixo foi elaborado por Humberto Mariotti, autor de vários
textos sobre esse tema, em pesquisa da obra de David Bohm.

Diálogo Discussão
Ø Abrir questões Ø Fechar questões
Ø Mostrar Ø Convencer
Ø Estabelecer relações Ø Demarcar posições
Ø Compartilhar idéias Ø Defender idéias
Ø Questionar/aprender Ø Persuadir e ensinar
Ø Compreender Ø Explicar
Ø Vê Interação partes/ Ø Visa as partes em
todo separado
Ø Faz emergir idéias Ø Descarta idéias
Ø Busca pluralidade Ø Busca acordos

“O diálogo não é apenas falarmos uns com os outros. Mais que falar, é
uma maneira especial de ouvirmos aos outros – ouvir sem resistência –
é ouvir de um ponto onde estamos dispostos a ser influenciados”. (Sarita
Chanila)

O educador social que media processos de aprendizagem em equipe


é antes um facilitador, um animador, que tem como principal atividade
humanizar os relacionamentos ajudando a construir uma nova
experiência baseada na colaboração e nos princípios da horizontalidade.
Ele deve ser capaz de ajudar o grupo a chegar onde deseja chegar. Os
caminhos são delineados passo a passo de acordo com as escolhas e
estratégias do grupo e dos resultados que desejam alcançar.

Educador Social no Brasil é:


Um Revolucionário na essência, alguém que Acredita em mudanças;
Um idealista, um Crente, que acima de tudo acredita em si mesmo e na
força transformadora de todas as pessoas.
Alguém interessado em Avançar para além da mediocridade. Alguém
comprometido com Mudanças sociais profundas! Ou deveria ser.
Alguém que trabalha com princípios da Horizontalidade na relação com
o outro.
Bibliografia:
Ø Leonardo Boff – Obra: Saber cuidar – Ética do humano
compaixão pela terra – Editora Vozes
Ø Jacques Delors, – Obra: Educação – Um tesouro a descobrir –
Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação
para o Século XXI - Editora Cortez – UNESCO – MEC - 6ª edição
Ø Larissa Costa, Cássio Marinho, Jorg Fecuri – Obra: REDES –
uma introdução äs dinâmicas de conectividade e de auto-organização
Editora: WWF – Brasil / www.wwf.org.br
Ø Peter Senge – Obra: A Quinta Disciplina
Ø Lia Diskin e Laura Gorresio Roizman – Obra: Paz: Como se faz?
Semeando cultura de paz nas escolas. - Editora: Palas Athena
Ø Edgar Morin – Os Sete Saberes necessários ä Educação do
Futuro – Editora Cortez

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