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Obrigações
“O devedor só responde pelo próprio dolo e não pela culpa quando se tratar de
obrigações oriundas de contratos em que ele não lucra, isto é, que foram constituídos no
exclusivo interesse da outra parte. Nestes, ele faz um favor ao credor” (p.112).
Porém, apenas esses dois contratos não eram suficientes para suprir as
necessidades da época, quando o comércio em Roma já estava bem desenvolvido. Então
surgiu a precisão da elaboração de outras formas de contrato, e estas foram feitas pela
jurisprudência republicana.
Mas, a mais importante das categorias é a dos contratos reais. Para Gaio, apenas
a categoria do mútuo fazia parte dos contratos reais, porém mais tarde foram incluídos o
depósito, comodato e penhor.
Já os acordos consensuais são aqueles que perfazem pelo simples acordo das
partes, sem formalidades, e se dividem em quarto: a compra e venda a locação, a
sociedade e o mandato.
O que não era um contrato no direito romano também era a doação, ela era
apenas uma causa. Sendo assim, “um ato jurídico qualquer, que tinha a finalidade, por
acordo das partes, de enriquecer uma delas à outra, era considerado como doação no
direito romano” (p.130).
CAPÍTULO 20: OBRIGAÇÕES “EX QUASI CONTRACTU”
São enquadrados na categoria dos quase contratos aqueles fatos voluntários que
criam uma relação obrigacional entre as partes sem que estas tenham convencionado
criá-las. Estas eram: a gestão de negócios, a tutela, as relações entre o herdeiro e o
legatário, a comunhão incidental, o enriquecimento sem causa.
Delito é o ato ilícito, quando uma norma jurídica do interesse coletivo é violada.
Assim, os representantes do Estado perseguem o infrator para puni-lo, e essa punição
pode ser de restrição de liberdade ou pagamento de multa ao Estado, isso é o que ocorre
atualmente.
O dano (damnum iniuria datum) é o delito previsto da lex Aquilia, que tem como
princípio, quem causa prejuízo a alguém fica obrigado a reparar o dano. Essa lei dispõe
que, “quem matasse um escravo ou animal pertencente a outrem ficava obrigado a pagar
o maior valor que tal coisa tivera no ano anterior” (p.136), e que “no caso de ferimento
de escravo ou animal alheio, bem como no de danificação de coisa alheia, o autor do
dano ficasse obrigado a pagar o maior valor que a coisa tivera no último mês” (p.136).
A lex Aquilia exigia ainda que, a danificação fosse feita iniuria, ou seja, contra a lei,
porém, mais tarde, a uniuria teve em seu significado um acréscimo, dizendo que, além
de ilícito, implicando também, a culpabilidade do autor do dano.
Na delegatio, o credor pode passar a prestação que lhe é devida para outro, esse
resultado se consegue por meio de novação da obrigação, delegatio activa, porém, a
prestação deve ser idêntica à da obrigação originária, assim, cessava-se os efeitos da
obrigação originária. E a delegatio passiva, era quando a transmissão acontecesse de
devedor, para devedor. Para ambas as delegatios, “eram sempre necessárias à anuência,
a presença e a cooperação ativa das duas partes da obrigação originária” (p.144).
O sistema das “actiones utiles” baseava-se na ficção, por isso conhecida também
por actiones ficticiae. Essa ficção “era considerar o cessionário como legalmente
sucedendo ao cedente no seu direito com base na transmissão do crédito havida por ato
jurídico inter vivos, sucessão que perante o direito escrito não ocorria” (p.145). As
cessões podem ser feitas por título gratuito, onde o cedente é responsável apenas pelo
crédito cedido e não pela solvência do devedor; e por título oneroso, o cedente é
responsável por ambas às coisas.
A obrigação é criada para ser cumprida, esse é o fim natural da obrigação, assim,
ela extingue-se. Porém existem outros meio que podem extinguir uma obrigação,
“podem as partes compensar as obrigações que reciprocamente tenham, ao invés de
solver cada uma a sua (compensatio). Da mesma forma, a transformação da obrigação
numa outra (novatio) acarreta a extinção da obrigação anterior” (p.146). Além destes,
que dependem da vontade das partes, outros fatos, independentemente da vontade,
produzem a extinção das obrigações.
“Quando a forma tinha mais valor do que o conteúdo, era este ato contrário
formal o único meio de extinguir a obrigação, para tal não bastando o seu cumprimento
efetivo, que, sem as formalidades do ato contrário, nada valia perante o direito” (p.147).
A solutio tinha como regras gerais: o objeto da obrigação tem que ser o da
obrigação, pois se a prestação for diferente da prevista no contrato, não é considerado
pagamento; o devedor deve pagar a prestação para o credor, ou para um representante
do mesmo; o prazo e o lugar do cumprimento dependem do acordo das partes.
No direito romano, família pode ter vários significados, mas vamos ressaltar a
família no sentido de conjunto de chefe da família e o grupo de pessoas que se
submetem ao poder desse chefe, ou seja, a família é a união de todas as pessoas que
estejam sujeitas ao mesmo paterfamilias.
Para que se considerasse que a filiação fosse legítima, o parto deveria ter
ocorrido no mínimo 180 dias depois de contraído o matrimônio, ou no máximo, 300
dias após a dissolução do casamento. Quem reconhece o filho é o pai e na falta desse
reconhecimento de paternidade, teria a possibilidade de uma ação especial, para
provocar uma decisão a respeito.
Não estavam sob pátrio poder, os filhos nascidos fora do casamento. Muito
raramente, podia adquirir o pátrio poder pela adoção, a qual havia duas formas: a
adrogatio, a qual se fazia com o povo reunido em comícios, somente era permitido
advogar pessoa sui iuris do sexo masculino e púbere; e a adoptio é “a transmissão do
pátrio poder de um paterfamilias a outro, sobre uma pessoa alieni iuris” (p.158). E a
extinção do pátrio poder acontece quando morre ou o paterfamilias, ou o alieni iuris.
Era proibida a doação entre os cônjuges, pois a mulher estava em uma situação
desfavorável em relação sucessória. “Os bens não eram propriamente entregues à
mulher, apenas prometidos a ela e ficavam gravados durante o casamento com a
cláusula de inalienabilidade, se tratasse de imóvel” (p.167).
CAPÍTULO 27: TUTELA E CURATELA
Se uma pessoa não tiver capacidade, de sozinha, praticar os atos jurídicos que a
ela interessa, era designada uma pessoa para proteger, assistindo ou representando a
mesma.
A tutela visava proteger os impúberes e as mulheres sui iuris, essa tutela era
conferida pela Lei das XII Tábuas ao parente agnatício mais próximo, tutela legitima.
Também poderia ocorrer de, o paterfamilias, deixar em testamento, quem seria o tutor
de seus descendentes impúberes, seria a tutela testamentaria. Na falta de ambas as
tutelas (legitima e testamentaria), o magistrado nomeava um tutor.
Esse cargo de tutor é obrigatório, o único tutor se podia recusar era o tutor
testamentário. Um tutor tem como obrigação administrar o patrimônio do pupilo
(pessoa que está sob sua tutela).