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EESC-USP
São Carlos –SP
2010
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
CCSC
Impressão: EESC/USP
Editora: EESC/USP
Colaboração:
Ana Carolina Mendes Ussier – estagiária do Programa
USP Recicla
Eduardo Augusto Reichert – estagiário do Programa USP
Recicla
Tadeu Fabrício Malheiros – professor doutor da EESC-USP
Agradecimentos:
Elena Luzia Palloni Gonçalves
Antonio Carlos Rodrigues Adão
1. Introdução ..................................................................... 7
2. Eventos mais sustentáveis .......................................... 8
3. Sustentabilidade nos eventos ................................... 11
3.1 Comissão organizadora ....................................... ..12
3.2 Patrocínio ................................................................ 14
3.3 Divulgação e Inscrições ......................................... 15
3.4 Acessibilidade ........................................................ 17
3.5 Hospedagem ........................................................... 18
3.6 Consumo de água e energia .................................. 19
3.7 Resíduos sólidos .................................................... 21
3.8 Materiais utilizados................................................. 24
3.9 Transporte ............................................................... 28
3.10 Alimentação ......................................................... 29
3.11 Serviços de Limpeza ........................................... 31
3.12 Neutralização das emissões de carbono .......... 32
4. Avaliação da sustentabilidade do evento ................. 33
5. Contatos ...................................................................... 33
6. Referências ................................................................. 34
Cálculo do carbono emitido durante o evento .............. 38
Confira aqui: seu evento é sustentável? ....................... 43
Lista de Quadros
Quadro 1. Tópicos e fases da organização de eventos ............. 11
Quadro 2. Tipos de alimentos consumidos em diversas dietas. 30
Lista de Tabelas
Tabela 1. Fatores de emissão de gás carbônico ....................... 40
Tabela 2. Valores da massa (kg) de diferentes quantidades de
folhas A4 .................................................................................... 41
Tabela 3. Fixação de CO2 em relação ao bioma ....................... 42
Tabela 4. Sistema de Pontuação ............................................... 44
Tabela 5. Seu evento é sustentável? ........................................ 45
1. Introdução
A Universidade de São Paulo, no campus de São Carlos, promove
e abriga diversos tipos de eventos, como simpósios, semanas de
cursos, encontros, congressos e torneios, envolvendo alimentação,
circulação e transporte de pessoas, divulgação, distribuição de
materiais, hospedagem, entre outros. Nos últimos anos a preocupação
com os impactos socioambientais advindos dessas atividades tem
crescido e a universidade tem um papel fundamental nesse sentido,
contribuindo com estratégias que minimizem os impactos que muitas
vezes são pouco conhecidos pelas comissões organizadoras e pelos
participantes.
7
2. Eventos mais sustentáveis
O que é um evento sustentável?
O termo desenvolvimento sustentável é bastante amplo, mas
assumimos como ponto de partida a definição do Relatório Nosso
Futuro Comum, apresentado numa assembléia geral da Organização
das Nações Unidas, em 1987: "o desenvolvimento que satisfaz as
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das
gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".
8
Sustentabilidade social: consiste na construção de uma
sociedade em que haja equidade na distribuição da riqueza, com um
patamar razoável de homogeneidade social, sendo que para isso é
necessário existir a igualdade no acesso aos recursos e serviços
disponíveis.
9
coesão social, aplicação do princípio da precaução na gestão do meio
ambiente e dos recursos naturais, prevenção das mudanças globais
negativas e cooperação científica e tecnológica entre nações,
favorecendo principalmente países não desenvolvidos.
10
3. Sustentabilidade nos eventos
Este guia está dividido em 13 tópicos, que se referem às diversas
etapas dos eventos, desde a formação da comissão organizadora até
a limpeza do local após sua realização, sendo estas etapas agrupadas
em três fases: pré-evento, quando ocorre o planejamento detalhado;
evento, quando se aplica o que foi planejado, e pós-evento, quando
se realiza a avaliação, identificando o grau de sustentabilidade
alcançado. Em cada tópico são apresentadas ações objetivas que
podem contribuir para que o evento se torne mais sustentável em suas
distintas dimensões.
11
Para os tópicos 12 e 13, apresentamos no final deste guia a
planilha “Cálculo do carbono emitido durante o evento”, que auxilia no
cálculo do carbono emitido na realização do evento com vistas a ações
de compensação, e a ficha de avaliação sobre a sustentabilidade do
evento chamada “Confira aqui: seu evento é sustentável?”.
Ações propostas:
12
O empenho em organizar um evento sustentável e a
determinação de quais objetivos a comissão irá perseguir são
essenciais. Definir metas nas etapas preliminares de
organização ajuda a diminuir o estresse durante o evento.
13
3.2 Patrocínio
O patrocínio é um tema muito importante, pois o evento muitas
vezes depende dele para ser realizado. Por isso mesmo, ele se
configura como uma boa chance para que os organizadores do evento
compartilhem os princípios da sustentabilidade com os candidatos a
patrocinadores e com os participantes.
Ações propostas:
14
Ao optar pela procura de patrocinadores com postura
socioambiental positiva, talvez as dificuldades sejam maiores,
entretanto, a comissão estará dando um passo importante rumo
a uma maior sustentabilidade.
Ações propostas:
15
DICA: Divulgação no Restaurante Universitário (Bandejão)
3.4 Acessibilidade
A acessibilidade de um evento é a possibilidade que diferentes
grupos de pessoas têm para ter assegurada a sua participação. Nesse
contexto, os eventos devem contribuir para que as pessoas portadoras
de necessidades especiais e aquelas que não possuem recursos para
pagar as taxas de inscrição possam ser contempladas.
Ações propostas:
17
aqueles que não podem pagar ou que desejam redução da taxa
de inscrição.
3.5 Hospedagem
Geralmente a hospedagem dos palestrantes e participantes é
desconsiderada quando o tema é sustentabilidade. Entretanto, esse
item inclui impactos como o uso de energia, de água (para lavar
roupas de cama e banho, chuveiro, limpeza, piscina), consumo de
materiais, geração de resíduos, entre outros. Dessa forma, garantir
uma hospedagem mais sustentável significa minimizar diversos
impactos socioambientais.
Ações propostas:
18
a obtenção de lucro por parte dos voluntários que cedem suas
habitações, e, diferentemente de hotéis e pousadas, as roupas
de cama e as toalhas de banho das pessoas que ficam por
mais de um dia não são lavadas diariamente, o que reduz o uso
de água e energia elétrica.
19
elétrica para aquele local. Porém, pode-se realizar ações visando
redução do consumo e estimar os ganhos nesse sentido..
Ações propostas:
20
também, conter uma boa área permeável para que a água da
chuva infiltre no solo, o que ajuda no controle de enchentes. A
arborização também é importante, pois, além de auxiliar no
aspecto paisagístico, melhora o conforto térmico local. Em
relação à construção em si, há uma norma da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), NBR 15.575, que
entrou em vigor em maio de 2010 e que trata de parâmetros
mínimos de desempenho das edificações.
Ações propostas:
21
Durante o evento, os resíduos sólidos podem ser separados em
três tipos: compostáveis, recicláveis e rejeitos (ou não
recicláveis/não compostáveis). Defina como será feita a
separação dos resíduos de acordo com a destinação final
possível para esses resíduos.
22
Após a definição do destino dos resíduos, a comissão precisa
definir os tipos de coletores de resíduos de acordo com o
destino de cada um dos tipos. Por exemplo, podem ser
colocados três diferentes coletores: recicláveis, compostáveis e
rejeitos. Entretanto, se os organizadores optarem por não fazer
um destino diferenciado para compostáveis, por exemplo,
pode-se alocar apenas dois tipos de coletores: um para rejeitos
(neste caso: não recicláveis + compostáveis + não
compostáveis) e outro para recicláveis. É essencial que haja,
além disso, cartazes informativos sobre quais materiais são
recicláveis, quais são compostáveis e quais são considerados
rejeitos.
23
ovos, pão, arroz, massa, sacos de chá, restos de comida
cozida, serragem, aparas de madeira, palha, grama seca.
24
Ações propostas:
26
SAIBA MAIS: Xenoestrogênio
Estrogênio é o nome do hormônio responsável pelos caracteres sexuais
femininos, enquanto as substâncias sintéticas que apresentam atividades
estrogênicas são chamadas de xenoestrogênios (xeno, prefixo grego,
significa estrangeiro). Segundo Davis1 (1997) apud Zavariz (2008), o
xenoestrogênio entra no organismo ocupando os receptores do estrogênio,
criando maiores possibilidades de desenvolvimento de câncer de mama ou
do útero.
Por outro lado, segundo Goloubkova e Spritzer (2000), permanecem
incertezas científicas com respeito aos dados relatados e quanto à
hipótese de haver níveis suficientemente elevados de exposição aos
xenoestrogênios, a ponto de exercer efeito estrogênico generalizado
sobre a população. Alguns xenoestrogênios (por exemplo, em certos
produtos de soja) são protetores, enquanto outros (por exemplo, em
certos inseticidas) influenciam muito no aumento do risco de uma mulher
vir a desenvolver o câncer de mama (DAVIS, 1997 apud ZAVARIZ, 2008).
Cientistas ambientais acreditam que o câncer é um produto direto de
substâncias químicas da era industrial (CARLIN 2, 2001 apud ZAVARIZ,
2008). Compostos xenoestrogênicos são utilizados em revestimentos de
latas de alimentos, complexos dentários para obturações e em plásticos em
geral. No caso dos plásticos, acredita-se que os xenoestrogênios são
liberados com o seu aquecimento.
Neste caso, tão polêmico e ainda sem uma definição científica, uma
saída possível é usar o princípio da precaução, que nos diz que o mais
sensato é não realizarmos uma ação se ainda não sabemos suas
conseqüências para a nossa saúde, para o meio ambiente etc.
1
DAVIS, D. L. Environmental influences on breast cancer risk. Science and
Medicine, V. 4, n. 3. p. 56. May-Jun 1997,
2
CARLIN, S. Community Breast Cancer Mapping. Huntington: Southampton
College, Long Island University, 2001.
27
Caso haja necessidade de decoração, podem ser selecionados
itens naturais, como plantas vivas ou flores produzidas
localmente. No fim do evento, eles podem ser sorteados como
presentes.
3.9 Transporte
De modo geral, há pouca comunicação entre os participantes e
muitos se deslocam em carros, individualmente, de suas cidades até o
evento e da hospedagem até o local das atividades. O uso de
transporte coletivo e sistema de caronas usualmente não são
incentivados e o transporte acaba sendo responsável por uma grande
parcela dos impactos socioambientais ligados ao evento.
Ações propostas:
3.10 Alimentação
As escolhas relacionadas à comida e à bebida servidas influenciam
substancialmente a sustentabilidade do evento organizado pela
comissão, podendo diminuir os impactos socioambientais e garantir
uma maior acessibilidade aos participantes.
29
Ações:
Alimentos utilizados
Leguminosas
Oleaginosas
Tubérculos
derivados
Legumes
Verduras
Tipos
Cereais
Carnes
Leite e
Frutas
Ovos
de
dietas
Onívora
Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
vegetariana
Ovo-lacto-
Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
vegetariana
Lacto-
Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
vegetariana
Ovo-
Não Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Vegana
Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
30
Optar por contratação de empreendimentos solidários, como
cooperativas, associações e microempresas autogestionárias
para fornecimento de alimentos.
Ações propostas:
31
sebo são menos prejudiciais ao ambiente, pois se degradarão
mais facilmente.
32
4. Avaliação da sustentabilidade do evento
Medir a sustentabilidade do evento em suas múltiplas dimensões
certamente não é uma tarefa simples. Entretanto, visando dar um
passo nessa direção, preparamos uma lista de itens ligados aos 12
tópicos anteriores. Consideramos que cada um dos itens dessa lista,
para fins de “medida” da sustentabilidade, tem o mesmo “peso”,
embora tenhamos ciência de que eles têm na realidade diferentes
pesos em termos de impactos socioambientais. Essa lista está no
apêndice 2, e pode ser uma das ferramentas que fomentarão a
melhoria contínua do evento a cada nova edição.
Por fim, acreditamos que esse guia pode ser útil àqueles que se
propõem a organizar eventos mais sustentáveis e esperamos receber
criticas, sugestões e comentários que nos auxiliem a incrementar esse
material. Esse retorno é muito importante para nós e pode ser enviado
por e-mail (ver item 5 - Contatos).
5. Contatos
Horta Municipal de São Carlos
Telefone: (16) 3361-5131
33
PURA – Programa de Uso Racional da Água
Site: www.pura.poli.usp.br e-mail: pura@poli.usp.br
Telefones: (011) 3091-4720; (011) 3091-4721
6. Referências
ÁLVAREZ, N.L.; HERAS, D.B. Metodología para el cálculo de la huella
ecológica en Universidades. In: CONGRESO NACIONAL DE MEDIO
AMBIENTE, 9., 2008, Madrid. Oficina de Desarrollo Sostenible.
Madrid: Fundacion CONAMA, 2008.
34
BARBOSA, M.P. Pegada ecológica: que marcas queremos deixar no
planeta?. Coordenado por M.VALENTE e L.COSTA, L.; supervisionado
por A. FALCÃO. Brasília: WWF-Brasil, 2007.
35
GOLOUBKOVA, T.; SPRITZER, P.M. Xenoestrogênios: o exemplo do
Bisfenol-A. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia,
São Paulo, v.44, n.4, ago. 2000. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/abem/v44n4/10943.pdf>. Acesso em: 9
jun. 2010.
36
RENNER, R.M.; BITTENCOURT, S.M. Estimativa de estoque e
incremento de carbono das espécies nativas plantadas pelo
programa mata ciliar no estado do Paraná. Curitiba, 2007.
Disponível em:<http://www.ifbio.org.br/calculo-de-estoque-de-
carbono.html>. Acesso em: 5 dez. 2009.
37
Apêndice 1
CO2/unidade)
39
Tabela 1. Fatores de emissão de gás carbônico
Emissão
Consumo Fator de Emissão (kg CO2/
evento)
1 3 3
Água m 0,50 kgCO2/m
2
Energia elétrica kWh 0,57 kgCO2/kWh
Reciclado 0,61
3
Papel
Virgem 1,84
Resíduos urbanos
4 0,61
(não perigosos)
Embalagens kg kgCO2/kg
-02
(plástico, 2,62∙10
Resíduos metal e vidro)
urbanos
5 -02
(perigosos) Baterias 1,34∙10
-04
Pilhas 3,35∙10
Automóvel 0,20
Total
Fonte: Álvarez e Heras (2008)
1
Ayuntamiento de Santiago, Chile.
2
Instituto Energético de Galicia, 2007.
3
Universidade de Santiago de Compostela.
4
IPCC, 2006. Fator de emissão de resíduos urbanos tratados mediante
incineração.
5
Iregui, G.; Marañón, E.; Propuesta de índices de conversión de residuos
para la huella ecológica; Universidad de Oviedo, 2008.
40
Para se obter a massa de papel utilizado durante o evento:
reciclado e papel virgem padrão A4 (210mm x 297mm) possuem uma
relação entre massa e área igual a 75g/m2. A área de cada folha A4 é
de 0,06237m2. Portanto, temos:
41
férteis6, o rendimento médio sobe para 5,2 toneladas por hectare por
ano.
DICA: divulgação
A divulgação das ações em direção à sustentabilidade do evento e dos
resultados obtidos após sua realização é muito importante, aumenta a
transparência da comissão organizadora e não deve ser relegada a
segundo plano.
6
Latossolos vermelhos euférricos, onde pode ocorrer a floresta estacional
semidecidual, típica do bioma Mata Atlântica.
42
Apêndice 2
43
contemplado”. A pontuação ajudará a comissão a ter uma idéia de
suas ações em direção à sustentabilidade e poderá servir de
orientação para os próximos eventos. Esse sistema está descrito na
Tabela 4 a seguir.
RESULTADO PONTUAÇÃO
Item contemplado 1
44
Tabela 5. Seu evento é sustentável?
Avaliação
Contemplado
Contemplado
Contemplado
Parcialmente
Não
3.1 Comissão Organizadora
Participação inclusiva/aberta
Coordenação de sustentabilidade
3.2 Patrocínio
Prestadores de serviços
socioambientalmente responsáveis
Contemplado
Contemplado
Contemplado
Parcialmente
Não
3.3 Divulgação e inscrições
Inscrições online
Impressão em frente-e-verso
3.4 Acessibilidade
3.5 Hospedagem
46
Continuação
Avaliação
Contemplado
Contemplado
Contemplado
Parcialmente
Não
3.6 Consumo de água e energia
Contemplado
Contemplado
Contemplado
Parcialmente
Não
3.8 Materiais utilizados
3.9 Transporte
3.10 Alimentação
48
Continuação
Avaliação
Contemplado
Contemplado
Contemplado
Parcialmente
Não
3.10 Alimentação
Compras a granel
TOTAL (pontos)
49
Pontuação
Por meio da soma das vezes em que assinalou “Contemplado” e
“Parcialmente contemplado”, torna-se possível observar em qual faixa
de pontuação a seguir o evento se enquadra.
50
ISBN 978-85-8023-010-9
51