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Psicologia II

2010/2011

Técnicas de gestão de
comportamento em
odontopediatria

Autores: Pedro Valério, Ricardo Santos

Trabalho realizado com a colaboração dos professores:


Sílvia Neves e Vítor Teixeira
Índice
Palavras-chave ....................................................................................................................2
Resumo ...............................................................................................................................2
Introdução ..........................................................................................................................2
Materiais e métodos ............................................................................................................3
Os 4 estados cognitivos de Piaget .........................................................................................3
Margaret Mahler e o desenvolvimento das crianças .............................................................4
Como lidar com cada criança................................................................................................4
Características gerais das crianças ........................................................................................5
Medo e ansiedade ...............................................................................................................6
Aceitação do tratamento dentário .......................................................................................7
Gestão dos Comportamentos das crianças ...........................................................................7
Bibliografia ........................................................................................................................ 10
Palavras-chave
Crianças, adolescentes, consulta dentária, médico dentista, desenvolvimento psicológico,
conduta do paciente, técnicas de gestão de comportamento, saúde oral infantil.
Resumo

Este trabalho foi realizado no âmbito da recolha de informações sobre os estados de


desenvolvimento das crianças e variadas técnicas para lidar com as mesmas durante consultas
de medicina dentária, de modo a facilitar futuros trabalhos, quer na clínica da faculdade ainda
enquanto estudantes, quer futuramente num consultório como profissionais de saúde. São
abordadas perspectivas diferentes sobre o desenvolvimento das crianças para uma melhor
compreensão da forma como encaram as visitas ao consultório dentário. Não só são referidas
técnicas de como ajudar as crianças a perder o medo do consultório, mas como também a
importância da relação do médico dentista com a própria crianças e os seus acompanhantes.
Neste trabalho são abordados assuntos importantes e fulcrais que foram recolhidos de várias
fontes bibliográficas de modo a formar um artigo que dispusesse de todas as informações
necessárias para gerir o comportamento das crianças na área da odontopediatria.

Introdução
Embora a capacidade de um dentista lidar com crianças na consulta deva ser algo inato, este
deve ter conhecimentos de psicologia e técnicas que permitam manusear o comportamento
infantil para que seja possível haver um melhor relacionamento entre o especialista e o seu
paciente.
Ao melhorar este relacionamento, o especialista pode contar com uma consequente melhoria
no ponto de vista clínico (melhor e mais fácil execução dos tratamentos) e ainda melhoria na
imagem que as crianças têm do dentista (aumento da confiança e segurança no seu médico)
uma vez que muitos estudos apontam para uma elevada percentagem de adultos com fobia a
“ir ao dentista” como consequência de uma experiência traumática durante a sua infância
(Locker et al. (1996/1999)).
Ao identificar os factores causadores de medo e ansiedade no tratamento odontológico é
possível aplicar procedimentos e atitudes que podem ajudar a reduzir o carácter stressante do
tratamento para a criança.

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Partindo desta ideia, o objectivo do tratamento passa então a ser algo mais para além do
simples promover uma saúde oral do paciente, ajudando assim a desenvolver atitudes e
pensamentos positivos nas crianças aquando do tratamento, por meio de contribuições
psicológicas e ainda educacionais.
Dependendo da fase de desenvolvimento psicológico em que a criança se encontra, pode
ocorrer uma variação do medo e da ansiedade relativamente ao tratamento dentário. Em cada
faixa etária a criança apresenta (de um modo mais ou menos variável de idades, uma vez que
cada indivíduo tem o seu desenvolvimento específico) características próprias de
desenvolvimento emocional que delimitam o medo e reacções frente às diversas situações.
Materiais e métodos
Para a realização do nosso trabalho fizemos uso do motor de busca Pubmed, que nos forneceu
artigos científicos de investigação na nossa área de estudo, tendo para isso usados os termos
psychological child development e orthodontics, os limites English, Spanish, Portuguese; Dental
Journals; All Child: 0-18 years, resultaram da pesquisa 102 artigos e foram seleccionados 8.
Também recorremos a obras literárias que constam da colecção científica da FMDUP sobre
odontopediatria.
Os 4 estados cognitivos de Piaget
Para Piaget a inteligência não é o mesmo nas diferentes idades. Esta muda qualitativamente,
atingindo campos cada vez mais amplos, mais abstractos, e estruturas mais equilibradas
permitindo o acesso aos diferentes níveis de organização do mundo.
Piaget descreveu quatro principais períodos na evolução para estruturas de pensamento
completamente reversíveis e equilibradas.
No primeiro estado – Estado Sensorial-Motor – as crianças constroem uma visão do mundo
através das suas experiências sensoriais (com o uso da visão ou audição por exemplo) e das
acções motoras; conhecem o mundo a partir das acções físicas que nele desempenham. Até ao
fim deste estado, o objecto é entendido como algo que continua a existir mesmo quando a
criança não o consegue ver, ouvir ou tocar. Segundo Piaget é muito importante para a criança
adquirir o sentido de permanência de um objecto.
No segundo estado – Pré-operacional – acontece um novo tipo de funcionamento psicológico,
segundo Piaget. O pensamento operatório é qualquer tipo de pensamento que se tem antes
de agir perante um objecto. Neste estado, como o nome indica, a criança ainda não é capaz de
realizar operações. Nesta fase a criança aprende a representar objectos a partir de imagens,
palavras ou desenhos. A criança começa a ser capaz de formar conceitos como o raciocínio
mental e crenças mágicas. No entanto o pensamento ainda é muito egocêntrico e por isso a
criança é incapaz de entender o ponto de vista dos outros.
O terceiro estado – Operacional concreto – ocorre entre as idades dos 7 aos 11 anos e é
descrito pelo uso apropriado da lógica. Os processos importantes neste estado são:
Seriação: capacidade de classificar objectos e coloca-los sob uma ordem de acordo com as suas
características;
 Transitividade: capacidade de estabelecer relações lógicas entre os objectos (ex: se A
maior que B e B maior que C, então A maior que C);
 Classificação: capacidade de nomear e identificar conjuntos de objectos de acordo
com certas características, incluindo a ideia de que um conjunto de objectos pode
incluir outro;
 Descentramento: criança tem em conta os inúmeros aspectos de um problema que o
podem resolver.
 Reversibilidade: há um entendimento pela criança de que os números ou objectos
podem ser alterados e que poderão de seguida voltar ao seu estado original.(exemplo:
Se 1+1 é igual a X, então X-1 é igual a 1).

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 Conservação: a criança passa a ter a noção que as dimensões, quantidade não está
relacionado com a aparência do objecto.
 Eliminação do egocentrismo: capacidade da criança ver as coisas noutra perspectiva
sem ser a sua.
As crianças nesta fase apenas conseguem resolver os problemas que se aplicam ao real
(concreto) de objectos ou eventos, e não de conceitos abstractos ou possíveis tarefas.
O último estado descrito por Piaget – Operacional Formal – começa por volta dos 11 anos
(puberdade) e continua na idade adulta. Neste estado os indivíduos começam a pensar de
forma abstracta, lógica e a tirar conclusões. Os adolescentes começam a elaborar planos para
resolver os problemas e testar as soluções. O raciocínio utilizado passa a ser o hipotético-
dedutivo – formulam hipóteses e vão deduzindo ou concluindo qual o melhor trajecto para
resolver o problema. Começa a pensar nas possibilidades do seu futuro e começa a entender o
amor (sentimentos) e valores. O egocentrismo também se faz sentir nesta fase e é dividido em
público imaginário que envolve o “comportamento de receber atenção” e a fábula pessoal que
envolve um adolescente que pensa que é invencível e com alguma vivência de singularidade
pessoal.
Margaret Mahler e o desenvolvimento das crianças
Mahler considera que o desenvolvimento da criança ocorre em fases, cada uma com subfases:
 Fase Autista Normal (primeiras semanas de vida): o bebé é separado da mãe mas a
maior parte do tempo está a dormir.
 Fase simbiótica Normal (até aos 5 meses): A criança está agora ciente da existência da
sua mãe, mas não há um senso de individualidade. O bebé e a mãe são um só, e há
uma barreira entre eles e o resto do mundo.
 Fase Separação-Individualização (a partir dos 5 meses): separação refere-se ao
desenvolvimento de limites, a diferenciação entre o bebé e a mãe, enquanto que
individualização refere-se ao desenvolvimento do ego da criança, o senso de
identidade, e habilidades cognitivas. Mahler explica como uma criança com a idade de
alguns meses se abre de uma "concha autista" para o mundo com as relações
humanas. Esse processo, chamado de separação-individuação, é dividido em subfases,
cada uma com seu próprio início, resultados e riscos. As subfases sobrepõem-se
consideravelmente:
o Incubação (nos primeiros meses): a criança deixa de ser ignorante
relativamente à diferenciação entre si mesma e a mãe. Maior atenção e
interesse para o mundo exterior. Usando a mãe como um ponto de
orientação.
o Praticar (9 a 16 meses): como a criança começa a gatinhar e andar livremente
também começa a explorar activamente e torna-se mais distante da mãe.
o Reaproximação (15-24 meses): a criança aproxima-se novamente da mãe e
percebe que a sua mobilidade física demonstra a separação física da mãe. A
criança pode tornar-se hesitante, querendo que sua mãe esteja à vista. O risco
é que a mãe poderá interpretar mal esta necessidade e pode responder com
impaciência ou indisponibilidade levando a um medo ansioso de abandono na
criança.
Como lidar com cada criança
O comportamento da criança diante do tratamento odontológico depende essencialmente da
sua maturidade psicológica. Por isso, torna-se fundamental que o médico dentista seja capaz
de identificar a etapa de desenvolvimento psicológico em que a criança se apresenta para que
assim seja possível saber como lidar com esta face o tratamento dentário e ainda com os pais,
uma vez que estes partilham a ansiedade e o medo dos filhos.

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Os primeiros dentes que erupcionam são todas as informações relativas ao
os incisivos centrais e isto acontece entre desenvolvimento saudável da boca do seu
os 7-9 meses de idade. Do ponto de vista filho.
comportamental, o momento ideal para a Médico
Dentista
primeira consulta é dos 4 aos 6 meses de
idade, pois nessa fase a criança vive uma
relação “simbiótica” com a mãe, não
existindo assim o medo de pessoas
estranhas. Esta primeira consulta deve ser
Pais Criança
muito informativa para a mãe pois é
essencial que esta compreenda e assimile Tudo isto permite que os pais tenham
com calma todas as instruções do dentista. confiança no médico dentista e que por sua
A relação do dentista com a criança é tão vez a criança também sinta este conforto
importante como a relação do dentista desde o início, levando a um comparecer
com os pais da mesma. É de enorme frequente na consulta dentária.
importância que os pais tenham todas as
suas dúvidas esclarecidas e que retenham
Características gerais das crianças
Desde o nascimento até aos 2 anos
A criança é incapaz de raciocinar. Quando recebe estímulos muito complexos, a criança não os
processa e fica perdida. Caracteriza-se pelo egocentrismo, pensa que as nossas percepções do
mundo são iguais às dela e às dos outros.
Durante o seu primeiro ano de vida, a criança depende dos pais. Aos 6 meses reconhece as
caras familiares por meio das expressões faciais e desenvolve relações fortes e firmes com os
adultos que dela cuidam.
Pelo 1 ano as capacidades motoras aumentam. Aprende a andar, agarra objectos, começa a
utilizar uma linguagem simbólica, balbucia uma ou duas palavras. Começa a mostrar uma certa
independência, geralmente não obedece a ordens verbais fazendo por vezes birras perante
ordens que não lhe agradam.
Entre o 1 ano e o 1 e meio já usa entre 15-20 palavras, entendendo mais palavras do que
aquelas que consegue pronunciar. Pede coisas através de gestos e começa a imitar as pessoas.
Aos 2 anos já faz uso de cerca de 50 palavras, constrói frases se duas palavras e nota-se uma
organização das suas respostas.
Dos 2 aos 6 anos: idade pré-escolar
Há um claro aumento do desenvolvimento motor. A criança sobe escadas, corre e salta, senta-
se na cadeira sozinha e faz rabiscos. A sua linguagem é mais completa, tem uma maior
estabilidade emocional, consegue esperar períodos de tempo curtos e suporta se necessário
alguma frustração temporal. Mostra dificuldade para estabelecer relações interpessoais, pelo
que os seus jogos são solitários. Separada dos pais fica em sofrimento. Realiza ordens simples.
Por volta dos 2 anos e meio aos 3 anos mostra-se mais rígido e inflexível, quer tudo à sua
maneira. Mostra-se muito dominante e exigente e expressa as emoções de forma violenta. É
difícil conseguir comunicar com ela.
Depois dos 3 anos começa a comunicar e a raciocinar. A compreensão da fala é maior e pode
construir frases de três palavras. Possui um vocabulário de aproximadamente 1000 palavras.
Mostra um desejo de querer crescer, sendo esta idade conhecida como “eu também” e pela
imitação. Gosta de fazer amigos e é muito susceptível ao elogio. É capaz de compreender e
realizar ordens verbais. O medo da separação dos pais diminui e pode enfrentar novas
situações.
Dos 4 aos 6 anos
No início desta fase a conduta é instável, e tem
muita facilidade para perder o controlo. Golpeia, dá pontapés e quebra

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objectos em acessos de raiva. Progressivamente a sua conduta coaduna-se e pode-se racionar
com ele. No final desta fase, não gostam de obedecer e agradar a seu ambiente, a sua
conduta amolece. A linguagem passa de frases com quatro palavras a frases com cinco ou seis
(início da fase social). Responde aos elogios. A idade é conhecida como de “como” e do
“porquê” e da curiosidade. Já é suficientemente independente para se poder separar dos pais.
No final desta etapa mostra-se confiante, estável e equilibrado.
Dos 6 aos 12 anos: idade escolar
A criança encontra-se ansiosa para aprender. O egocentrismo começa a desvanecer que o
mantinha vinculado às suas ideias. Reconhece e compreende a dor.
Dos 6 aos 8 anos
As mudanças dão-se rapidamente. Podem aparecer comportamentos violentos e mudanças
súbitas de humor, com picos de tensão muito demarcados. Custa-lhe a adaptar-se e espera
que os outros o façam por ela. Torna-se muito exigente para consigo mesma, não aceita bem
críticas, presentes ou castigos. O seu desejo de aprovação faz com que normalmente tente
cooperar. Começa a crer que os pais são injustos e com frequência mostra-se ressentida para
com a autoridade paterna. A linguagem está totalmente desenvolvida e o desenvolvimento
intelectual é muito marcado.
Dos 9 aos 12 anos
Já é muito independente e confiante em si mesma. Interessa-se mais pela família e pelos
amigos. Geralmente encontra-se satisfeita com o ambiente que a rodeia. Pode mostrar-se
rebelde perante a autoridade, se bem que acaba por a tolerar. À medida que amadurece
começa a interessar-se pela moral e ideais e toma noção da justiça. Ganha maior
responsabilidade e começa a preocupar-se com coisas que antes não a afectavam.
Dos 12 aos 18 anos: adolescência
A adolescência pode ser considerada como uma etapa de crise psicossocial normal com
conflitos maiores, em que ocorre desenvolvimento da personalidade. Dão-se alterações
morfológicas, como o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. Há uma
preponderância para o sentimento, devido em parte à vida emotiva e imaginativa, com
deformação da realidade e idealismo, reorganização do mundo sentimental que adquire um
carácter amoroso, aparecem amizades fortes, observam-se atitudes ambivalentes, um carácter
de rebeldia contra os pais resultante das ideias estabelecidas e da inconformidade com a
sociedade na qual vive, narcisismo e necessidade de estimação, timidez e busca pela
originalidade. No aspecto emocional aparece uma busca pela sua identidade e apresenta um
receio de ser etiquetado como diferente. É nesta fase que surge a preocupação pela estética
dento-facial.
Medo e ansiedade
O medo é uma reacção ou atitude frente a uma ameaça real que surge a partir de um objecto
externo percebido como prejudicial, correspondendo no plano psicológico à resposta física à
dor. Os medos são normais no decurso do desenvolvimento, são inevitáveis e podem analisar-
se sob um ponto de vista evolutivo. As situações e objectos que desencadeiam estas reacções
de medo modificam-se com a idade e tem a ver com o sentimento de sobrevivência em cada
momento evolutivo, em função das capacidades adquiridas pelo indivíduo.
Medo objectivo: aquele produzido por uma estimulação directa dos órgãos sensoriais
que estão em contacto físico com a experiência. Portanto resulta de uma experiência
verdadeira (medo aprendido). Exemplo: uma criança que sofreu uma experiência difícil ou
dolorosa no consultório médico.
Medo subjectivo: aquele baseado em sentimentos e atitudes que terão sido sugeridos
à criança por quem o rodeia, sem que tido uma experiência pessoal. É o resultado de uma
associação de ideias, da imaginação, da insegurança em relação a uma situação pouco habitual
(medo adquirido). Exemplo: uma criança que padece deste tipo de temor por sugestão dos
pais.

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A ansiedade é um estado emocional que se origina de fontes internas como fantasias e
expectativas não reais. O medo encontra-se relacionado com a ansiedade, visto que nunca se
expressar sem um certo grau de ansiedade.
Ansiedade útil: perante um nível de ansiedade moderada que se encaixa dentro do
conjunto de respostas normais ou adaptativas perante uma situação nova ou estranha.
Ansiedade patológica: quando as respostas dos indivíduos deixam de ser adaptativas e
convertem-se pela sua sobre dimensão em exageradas e problemáticas. Este tipo não guarda
relação com o perigo que supostamente a despoletou, porque continua mesmo depois deste
ter desaparecido.
Aceitação do tratamento dentário
Venham (1979) desenhou uma escala para a avaliação da colaboração:
 Relaxado, conversador, sorridente, mostra o comportamento desejado pelo médico
dentista espontaneamente ou a partir do momento em que se lhe pede;
 Inseguro, inquieto. Durante os procedimentos stressantes protesta brevemente e
sigilosamente para demonstrar incómodo. Expressão facial tensa. Por vezes sustém a
respiração. É capaz de cooperar bem durante o tratamento;
 2. Tenso. O tom de voz, as perguntas e as respostas demonstram ansiedade. Durante
procedimentos dolorosos produz protestos verbais, choro subserviente, tensão nas
mãos e movimento das mãos sem interferência com o tratamento;
 3. Relutância para aceitar a situação de tratamento dentário, dificuldade para suportar
o medo da situação. O protesto verbal aumenta e chora. Usa as mãos tentando parar
com o procedimento. Os tratamentos realizam-se com dificuldade;
 4. A ansiedade interfere com o tratamento. O choro é generalizado, não
correspondendo com o tipo ou o momento do tratamento. Grande movimento
corporal que por vezes necessita de controlo físico. A criança pode chegar a comunicar
e eventualmente pode colocar dúvidas e realizar um grande esforço para colaborar;
 5. Fora do contacto com a realidade da ameaça. O choro é muito forte e sonoro, grita
e sua. É incapaz de escutar. Conduta de fuga. O controlo físico podia ser necessário
para controlar os seus movimentos.
Gestão dos comportamentos das crianças
A gestão de comportamentos de crianças pode ser definida como aplicação de técnicas
aceites, tanto farmacológicas como não farmacológicas, com o objectivo de reduzir o medo e a
ansiedade levando a uma cooperação e a um tratamento mais efectivo, como por exemplo:

 Ampliar o campo preceptivo infantil - é possível eliminar parte do medo e da ansiedade


de uma criança num consultório através de pequenos passos de rotina, quer na primeira
ou nas seguintes consultas, que vão ajudar a criança a se integrar com o ambiente. Na sala
de espera a colocação de brinquedos, livros com ilustrações sobre consultas dentarias,
jogos, posters com ilustrações sobre a função do dentista na parede, no fundo elementos
que façam com que a criança não se sinta num ambiente hostil, mas sim num meio amigo
e saudável. Os tempos de espera prolongados devem ser evitados, livrando as crianças
assim de ouvirem os ruídos provenientes de dentro do consultório. Já dentro do
consultório, o médico dentista deve apresentar todos os instrumentos que estão no
campo de visão da criança para que esta se sinta que está num meio de elementos
conhecidos, assim está não lhes irá projectar a s suas fantasias aterrorizadoras.

 Diga-mostre-faça - esta técnica deverá ser utilizada apenas para crianças com mais de 2
anos de idade visto que as de idade inferior não possuem suficiente capacidade de

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compreensão e colaboração. Em primeiro lugar o médico dentista e o auxiliar devem-se
apresentar para que a criança os possa identificar. Depois, a criança deve ser levada para
a cadeira, referindo-a como ‘espacial’, ‘mágica’ ou outra palavra que desperte o interesse
da criança, deve ser demonstrado como a cadeira se movimenta e os propósitos dos
movimentos. Segue-se a apresentação da luz e das seringas de água e ar, uma vez que
demonstração com ar e água e a explicação da sua finalidade são factores importantes à
familiarização.

 Demonstração com ar e água - para desmistificar os medos em relação aos ruídos do


consultório, devemos apresentar a cuspideira, deitando água na mão da criança e
pedindo que a despeje na cuspideira. Este processo deve ser repetido até que a criança o
faça sem medo. De seguida passamos para demonstração com a seringa de ar, em que
ejectamos ar para a mão de criança explicando que aquele é o ar que vai secar os seus
dentes, depois fazendo o mesmo processo nos dentes da criança, para que esta se
habitue a nova sensação. Será oportuno também apresentar o sugador de saliva,
exemplificando num copo ou na mão da criança com agua, aspirando, explicando que
assim não terá de cuspir durante a consulta.

 Apresentação gradual dos instrumentos - começamos então por apresentar alguns


instrumentos clínicos à criança , como o espelho, o explorador, a pinça e a cureta,
explicando de forma figurada a função de cada um. O explorador pode ser apresentado
como um contador de dentes, exemplificando inicialmente nos dedos da criança e depois
na boca, aproveitando o momento fazer o exame clínico inicial. Depois devem ser
apresentados os procedimentos de radiografia, aplicação de flúor, selantes, anestesia e
processos restauradores e cirúrgicos, sempre do mais simples para o mais complexo, para
facilitar a compreensão da criança. A partir deste ponto é necessário começar a conhecer
a criança, conversando com ela e explicando os acontecimentos num vocabulário que ela
perceba, usando o real ou imaginário para que esta não sinta que o relacionamento é
meramente técnico, há que dar a sensação que é reconhecida como um indivíduo. Deixar
a criança mexer no instrumentos de forma controlada vai aumentar a compreensão e a
colaboração da criança, também é importante explicar à criança que esta tem controlo da
situação e que se sentir incomodada pode sinalizar com a mão. Estes passos vão criar,
consulta após consulta, uma relação de confiança mais forte e aumentando a sua
capacidade de cooperação, não se sentindo priosioneira.

Exemplos de vocabulário infantil


Termos dentários Termos alternativos
Explorador Contador de dentes
Equipamento de raios-X Câmara fotográfica
Dique de borracha Impermeável
Turbina Escova
Clamp Anel
Radiografia Fotografia
Coroa de aço inoxidável Sombra de prata

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 Valor da comunicação - o médico dentista não se deve limitar a a falar apenas nos
aspectos técnicos da profissão, pois vai criar uma falha na comunicação, dando ideia de
distância. Este relacionamento com a criança deve ser iniciado com a exploração de
factores extraclínicos da criança, como conceitos, hábitos e actividade familiares, que
interferem na saúde oral, e este factores vão ser importantes para que o médico dentista
possa orientar a criança quanto aos seus hábitos de higiene oral, dieta e frequência das
consultas, dando origem a uma ideia de maior proximidade à criança e a medicina dentária
preventiva.

 Factor tempo - segundo Finn (1967) as consultas devem ter uma duração de trinta
minutos a uma hora. Este é um factor deveras importante pois vai interferir no
comportamento da criança, pois passado o limite de uma hora, vai haver uma perda da
compostura e a cooperação da criança devido ao stress de estar fechado no espaço do
consultório.

 Técnica da distracção - esta técnica visa desviar a atenção da criança do trabalho do


médico dentista, para outro sítio, como por exemplo para um monitor instalado com
filmes perto da cadeira. Pesquisas mostraram que o comportamento melhorava em casos
de tratamentos inicias com crianças mais jovens, baseando-se que as crianças dos dois aos
sete anos não fixam a sua atenção em mais do que uma situação ao mesmo tempo.

 Reforço Positivo - como algumas crianças não se comportam da maneira mais correcta no
consultório, fazendo com que o médico dentista não possa cumprir os seus objectivos, a
uma criança que tenha um comportamento correcto é concedida uma recompensa, um
pequeno brinde ou brinquedo, até poder ser concedidos prémios simbólicos, tipo
diplomas. Não deve dado um reforço negativo em caso da criança não colaborar com o
médico dentista, pois isto vai fazer com que a criança não queira voltar ao consultório para
continuar com o tratamento.

 Uso de modelos - esta técnica consiste em utilizar uma criança com exemplo, havendo
outra criança a observar o médio dentista enquanto este a trata. A criança utilizada como
exemplo deve ser a que tenha um comportamento mais correcto servindo este
comportamento de exemplo para a que está a observar. Assim o observador irá imitar a
criança modelo, esta técnica pode ser executada ao vivo ou gravada em filme.

 Contenção física - deve ser segura, com tempo limitado e de forma não punitiva, pode ser
executada com dispositivos pré-fabricados, como Pedi-Board & Pedi-Wrap. A contenção
poderá ser feita com ajuda dos pais ou auxiliares, cujo real objectivo é o conforto e o bem-
estar da criança, e é especialmente útil para crianças que tenham movimentos corporais
involuntários.

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Bibliografia
 Toledo, Orlando Ayrton de
Odontopediatria : fundamentos para a prática clínica / Orlando Ayrton de Toledo. - 3ª
Ed.. - São Paulo : Editorial Premier, 2005
 Odontopediatria ; Editores Juan R. Boj, [et.al.]. - Barcelona : Masson, Co. 2005. - VII,
515 p.
 Klingberg G, Broberg AG. Dental fear/anxiety and dental behaviour management
problems in children and adolescents: a review of prevalence and concomitant
psychological factors. Int J Paediatr Dent. 2007 Nov; 17(6):391-406.
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 Caldana RH, Biasoli Alves ZM. Developmental psychology: its role in pediatric dentistry.
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psychological approach to child development and the management of behaviour. Dent
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dental treatment. Scand J Dent Res. 1973; 81(5):343-52.

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