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DAS INCAPACIDADES
Sumário: 8.1 – Capacidade de direito e capacidade de exercício. 8.2 –
Os capazes e os incapazes. 8.3 – Os absolutamente incapazes. 8.3.1 – Os
menores de dezesseis anos. 8.3.2 – Os que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
dos atos da vida civil. 8.3.3 – Os que, mesmo por causa transitória, não
puderem exprimir sua vontade. 8.4 – Os relativamente incapazes. 8.4.1 –
Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 8.4.2 – Os ébrios
habituais. 8.4.3 – Os viciados em tóxicos. 8.4.4 – Os excepcionais sem
desenvolvimento mental completo. 8.4.5 – Os pródigos. 8.5 – Proteção
que o direito concede aos incapazes. 8.6 – Cessação da incapacidade.
8.6.1– Maioridade. 8.6.2 – Emancipação. 8.7 – Casos de emancipação.
8.7.1 –Por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro. 8.7.2 –
Por sentença do juiz. 8.7.3 – Pelo casamento. 8.7.4 – Pelo exercício de
emprego público efetivo. 8.7.5 – Pela colação de grau em curso superior.
8.7.6 – Emancipação obtida pelo estabelecimento civil e comercial, ou
pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o
menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
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Parte Geral
grau de seu desenvolvimento psíquico, nem se é homem, mulher,
doente ou sadio. É a chamada capacidade jurídica ou de direito,
“aquela condição legal que o capacita à faculdade dos direitos e
obrigações existentes em potencialidade”56.
Existem pessoas que não podem, por si mesmas, exercer
quaisquer atos da vida civil senão por intermédio de seu
representante legal, existindo outras que podem praticar tais atos da
vida civil, pessoalmente, mas têm que estar acompanhadas de seu
representante legal. O enfermo mental, por exemplo, embora tenha
capacidade jurídica, não tem a faculdade de praticar pessoalmente os
negócios jurídicos. Falta-lhe a capacidade de exercício. “O
relativamente incapaz deve ser pessoalmente citado, com a
assistência dos responsáveis. O chamamento efetuado sem esta
cautela – decidiu o tribunal - gera nulidade por cerceamento de
defesa” (in RT 652/96).
Capacidade de exercício ou de fato é a aptidão que tem o
homem de agir por si mesmo, desacompanhado, em todos os atos da
vida civil. A pessoa adquire essa espécie de capacidade no momento
em que deixa de ser incapaz.
Portanto, todo ser humano é portador da capacidade jurídica.
Mas nem todas as pessoas têm a capacidade de exercício. É
considerada incapaz a pessoa que, naturalmente portadora da
capacidade de direito, não tem a plena capacidade de exercício.
Essa situação pode ser reproduzida por um círculo maior que
corresponde à existência das pessoas portadoras de capacidade
jurídica, os sujeitos de direitos, pessoas naturais, que constituem a
população da nação, e de dois círculos menores, um de pessoas
portadoras da capacidade de exercício, que são os capazes, e outro,
dos incapazes, que não possuem capacidade de exercício ou que
podem possuí-la, desde que assistidos do seu representante legal. O
círculo referente aos incapazes se subdivide em dois menores, um
correspondente aos absolutamente incapazes e o outro, aos
relativamente incapazes.
56
Jefferson Daibert, Introdução ao Direito Civil, Forense, Rio, 1971 (Lei de
Introdução e Parte Geral), p. 113.
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Das Incapacidades
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Parte Geral
público, eis que inibidos de emitir consentimento como
requisito integrativo à validade do respectivo ato jurídico.
Logo, - concluiu o tribunal – não pode exigir que os mesmos
outorguem procuração para advogado. A postulação é feita
por quem os representa legalmente, no caso a mãe, que
outorgou mandato válido para advogado procurar em juízo”
(in RT 709/168).
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Das Incapacidades
direitos, porém, não podem exercê-los pessoalmente, devendo ser
representadas pelo pai, mãe ou tutor. Por exemplo, se o menor tiver
que outorgar procuração ad judicia a um advogado, poderá fazê-lo
através do seu representante legal, que assina a procuração em nome
de seu representado, consoante mostra a ementa do acórdão
destacado no início deste item. O Tribunal já decidiu que, “tratando-
se de menor absolutamente incapaz, ocorre a representação e o
representante pratica por si o ato que é de interesse do representado,
podendo, pois, outorgar procuração “ad judicia” por instrumento
particular” (in RT 551/72).
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Parte Geral
Os negócios praticados por amental não interditado são
válidos, sendo que sua anulação só pode ser pleiteada em ação
própria” (in RT 618/188).
É, pois, importante saber, juridicamente, quando uma pessoa
é ou não um amental. Se, por exemplo, alguém compra uma casa de
um doente mental interditado, o ato praticado pessoalmente por este
é nulo. Mesmo que já passados 9 anos da venda, no momento em que
alguém levar ao conhecimento do juiz a nulidade existente, este a
declarará e, concomitantemente, também a inexistência das demais
alienações para que o imóvel retorne à posse do interditado, isto
porque, “na hipótese de ser o agente absolutamente incapaz, - decidiu
o tribunal – sendo conseqüentemente o ato nulo, a prescrição é a
normal de 20 (atualmente é de 10) anos” (in RT 684/71).
O processo de interdição regulado pelos arts. 1.177 e ss do
CPC inicia-se com um requerimento dirigido ao juiz, feito pelo pai,
mãe, tutor, cônjuge, por algum parente próximo ou pelo Ministério
Público (CPC art. 1.177).
“É perfeitamente admissível o pedido de interdição de menor,
contando com 16 anos de idade – decidiu o tribunal – portador de
síndrome de Down, pois a curatela de incapazes é admitida em
qualquer idade, devendo nortear o seu cabimento um critério de
utilidade” (in RT 738/267). Portanto, o tutor como representante
legal do menor pode requerer a ação de interdição visando à
declaração judicial da incapacidade, pois o menor entre 16 e 18 anos,
por ser relativamente incapaz, pode praticar negócios jurídicos
pessoalmente, embora assistido pelo seu representante legal. Sendo
interditado, ficará proibido de praticar, pessoalmente, os atos da vida
civil.
Interessante que, qualquer ação judicial apresentada ao juiz,
passará antes pelo Cartório do Distribuidor do Fórum. Assim, se
alguém desejar saber se existe alguma ação de interdição, basta pedir
uma certidão ao distribuidor forense que este acusará ou não a sua
existência.
Em seguida, o interditando será citado para ser interrogado
pelo magistrado, que o examinará, interrogando-o minuciosamente
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Das Incapacidades
acerca de sua vida, negócios, bens e do mais que lhe parecer
necessário para ajuizar do seu estado mental, reduzidas a auto as
perguntas e respostas (CPC, art. 1.181). Portanto, a citação não é
para o interditando se defender. A propósito, escreve José Olympio
de Castro Filho: “No sistema do Código, essa primeira audiência se
destina unicamente ao interrogatório do interditando pelo Juiz.
Por isso mesmo, descabem a presença ou intervenção do
requerente da medida ou de estranhos. Alguns Juízes vão além,
fazem o interrogatório em segredo de justiça, sem que ninguém na
sala de audiência esteja constrangendo ou perturbando o então
suposto incapaz, providência que, em princípio, me parece louvável,
tanto mais que cria condições muito mais favoráveis para a
impressão que o Juiz precisa colher no ato”57. Haverá, aí, uma
inspeção judicial de relevância, sem intermediário, na pessoa do
interditando, para avaliar do seu estado mental, como elemento de
convicção. É tão importante esse contato que o tribunal já chegou a
decidir que “não é de ser decretada a interdição se vier a ocorrer
contradição entre o laudo médico e a impressão pessoal do juiz que
interrogou o interditando” (in RT 537/74).
“Dentro do prazo de 5 (cinco) dias contados da audiência de
interrogatório, poderá o interditando impugnar o pedido”. A
impugnação se dá através do curador à lide (representante do
interditando), ou pelo advogado constituído pelo parente sucessível
(CPC, art. 1.182 e parágrafos). De qualquer maneira, essa
impugnação não tem caráter judicial, pois a curatela dos interditos
inclui-se entre os procedimentos de jurisdição voluntária. “Entre os
procedi- mentos de jurisdição voluntária se inclui a curatela dos
interditos. E o fato de ter havido impugnação ao pedido por parte do
interditando – decidiu o tribunal – não importa em modificação da
natureza do procedimento” (in RT 507/72).
Decorrido o prazo para impugnação do pedido, o juiz
nomeará perito para proceder ao exame do interditando (CPC, art.
1.183). “A perícia médica, em processo de interdição, é exigência
legal e o perito deve apresentar laudo completo e circunstanciado do
57
Comentários ao Cód. de Processo Civil, vol. X, ed. Forense, p. 267.
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Parte Geral
estado do interditando, sob pena de anulação parcial do processo” (in
RT 675/175). Obviamente, o perito será um médico, de preferência
especialista em psiquiatria.
A propósito, escreve o ilustrado Prof. Sílvio Venosa: “A
fixação da alienação mental é árdua para a ciência médica e para o
Direito, pois varia desde pequenos distúrbios, cujo enquadramento
neste dispositivo legal pode ser questionado, até a completa loucura,
facilmente perceptível mesmo para os olhos leigos”58.
Apresentado o laudo, o juiz designará audiência de instrução
e julgamento para ouvir testemunhas e esclarecimentos do perito, se
for o caso. Obviamente, se não existirem provas orais, a sentença
será proferida antecipadamente, sem necessidade de realização de
audiência. Em seguida, o juiz sentencia, decretando ou não a
interdição.
Caso o juiz conclua pela interdição, a sua sentença “será
inscrita no Registro de Pessoas Naturais e publicada pela imprensa
local e pelo órgão oficial por três (3) vezes, com intervalo de dez
(1O) dias, constando do edital os nomes do interdito e do curador, a
causa da interdição e os limites da curatela” (CPC, art. 1.184).
Essa inscrição no Cartório de Registro Civil de Pessoas
Naturais e a publicação da sentença pela imprensa visam dar pleno
conhecimento a terceiros. Conseqüentemente, para se saber se uma
pessoa é portadora de perturbações mentais, basta verificar no
distribuidor forense, obtendo certidão, ou no Cartório onde foi
registrado seu nascimento, verificando se existe ou existiu ação de
interdição. “A sentença de interdição é oponível a todos para o
futuro, e não pode atingir aqueles que contrataram com o incapaz,
máxime na ausência da notoriedade de seu estado” (in RT 493/130).
“Os atos praticados pelo interdito anteriores à sentença declaratória
de interdição são anuláveis, desde que existente prova plena e
convincente de que a incapacidade era preexistente à sentença e de
sua contemporaneidade ao negócio impugnado” (in RT 575/260).
Portanto, o ato de venda de imóvel praticado pelo interditado, após a
distribuição da ação até a sentença, é anulável, ou seja, é válido no
58
Ob. e vol. cits., p. 165.
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Das Incapacidades
momento da prática, mas pode ser anulado pelo juiz, dentro do prazo
prescricional. O ato de venda de imóvel, praticado pelo interdito após
o registro da sentença de interdição, é nulo.
Por conseguinte, a inscrição da sentença de interdição no
registro civil traz tranqüilidade à sociedade quando da efetivação da
prática de atos jurídicos, principalmente o da compra de um imóvel.
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Parte Geral
levantada por sentença do juiz, ou seja, caso o surdo-mudo passe a
exteriorizar a sua vontade devidamente, a interdição será suspensa. É
por isso que a incapacidade do surdo-mudo é transitória. Por
conseguinte, todos aqueles que, por motivo transitório, não puderem
exprimir sua vontade, são portadores da incapacidade absoluta.
O pedido de levantamento será feito no mesmo juízo que
promoveu a ação de interdição e poderá ser feito pelo próprio
interditado, pelo curador ou por quem pediu a interdição.
A petição, requerendo o levantamento, será apensada aos
autos da interdição; o juiz, então, nomeia perito para proceder novo
exame de sanidade no interditado e, após a apresentação do laudo,
designará audiência de instrução e julgamento.
Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da
interdição e mandará publicar a sentença, após o trânsito em julgado,
pela imprensa local e órgão oficial por três vezes, com intervalo de
dez dias, seguindo a averbação no Registro de Pessoas Naturais,
exatamente como acontece com a sentença de interdição, onde esta
também foi registrada.
Não se pode estender a incapacidade ao ausente declarado
como tal por sentença. Este, se aparecer, poderá exercer todos os atos
da vida civil, assumindo a direção de seus negócios. Aliás, são
previstas, ainda, duas hipóteses de morte presumida sem decretação
de ausência: 1) a morte provável de quem estava em perigo de vida;
2) o desaparecido ou prisioneiro de guerra após decorridos dois anos
do fim do conflito. Ambas requerem sejam esgotadas busca e
averiguação do estado do pretenso de cujus.
Não é demais lembrar que, no regime anterior, o ausente era
tido como absolutamente incapaz.
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Das Incapacidades
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II – os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por
deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III – os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV – os pródigos”.
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Parte Geral
torna definitivamente válido. Dá-se, aí, o que se chama de
ratificação tácita. Há, ainda, a expressa, aquela em que as partes,
dentro do prazo prescricional, assinam uma declaração sanando o ato
anulável.
Tratando-se de ato anulável, o interessado, que se tornou
capaz poderá pedir ao juiz a anulabilidade. Mas não conseguirá
anulá-lo:
a) se por ocasião em que praticou o ato, ocultou,
dolosamente, sua idade ou, perguntado a respeito da idade,
negou que era menor. O artigo 180 do CC dispõe, com muita
clareza, dizendo textualmente, o seguinte: “O menor, entre
dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma
obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-
se, declarou-se maior”. Analise a seguinte decisão: “O
menor que toma a iniciativa de obter cartão de crédito não
pode desobrigar-se do pagamento das despesas
comprovadamente efetuadas, se, por todo o tempo, tinha a
consciência de que não poderia contratar enquanto menor de
idade, pois, nos termos do art. 155 (atualmente art. 180) do
CC, a menoridade não exime do cumprimento de obrigação,
se dolosamente foi ocultada quando inquirida pela outra
parte” (in RT 764/342);
b) se a importância recebida se reverteu de fato em proveito
do menor. É o que se extrai da dicção textual do art. 181 do
CC, in verbis:
“Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação
anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu
em proveito dele a importância paga”.
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Das Incapacidades
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Maria Helena Diniz
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Parte Geral
A tendência natural é aumentar a dose cada vez mais e, por
conseqüência, chegar à total dependência física e psíquica. É por isso
que a cocaína pode levar o indivíduo à morte. Se não for internado
em instituições especializadas em recuperação de drogados, o viciado
fatalmente acabará morrendo por overdose.
- Através de tratamento nesses sanatórios, o drogado
consegue obter a plena recuperação?
- Eu, particularmente, não acredito que, estando ele numa fase
adiantada, o tratamento possa resultar em cura, uma vez que o ácido
e os produtos que compõem a cocaína destroem irremediavelmente
as células cerebrais.
- Se depois que passa o efeito da cocaína, o viciado entra em
depressão, o que ocorre com ele nesse período depressivo?
- Esse estado de depressão é perigoso para o viciado. Ele
sente medo e desconfiança de tudo e de todos e tem fortes
alucinações, ficando numa paranóia muito grande, com atitudes
agressivas e anti-sociais que podem levá-lo a cometer uma série de
delitos e até o suicídio.
- O que é a chamada overdose de cocaína?
- A overdose é o consumo excessivo da cocaína ou sua
associação com o álcool. Seu efeito é a parada cardíaca ou então o
desespero do consumidor, levando-o ao suicídio. É por isso que
afirmo que os efeitos da cocaína são mortais. É uma estrada sem
volta.
- Afinal, o que é a cocaína e como ela é produzida?
- A cocaína é obtida por um processo que está configurado
em três fases: a primeira consiste em recolher a folha de coca no seu
estado natural e mediante um processo de “pisado” extrair o sulfato
de cocaína das folhas. Este “pisado” é misturado às folhas de coca
juntamente com benzina, ácido sulfúrico, carbonato, cal e querosene.
Uma vez extraído o sulfato passa-se para a segunda fase, que é
aquela em que o sulfato se transforma em base oxidada ou pasta-base
e para isto é utilizada a mistura de ácido sulfúrico, permanganato de
sódio e amoníaco. A terceira fase consiste na transformação da pasta-
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Das Incapacidades
base em cloridrato de cocaína ou cristal, através do uso de acetona,
éter e ácido clorídrico.
É preciso 300 kg de folhas de coca mais os precursores acima
citados para obter mais ou menos 1 kg de cristal ou cocaína pura”61.
Perante o processo de interdição, os peritos, apreciando a
natureza da intoxicação, opinam qual foi a alteração da saúde mental
do interditando, indicando a extensão da interdição, ou seja, fixando
a graduação para a debilidade mental, como limitada, similar à
interdição dos relativamente incapazes, ou como plena, semelhante à
dos absolutamente incapazes (ver Decreto-lei n. 891, de 1.938).
Como acontece em relação à interdição dos loucos, a sentença
que decreta a interdição, embora sujeita à apelação, produz efeitos
imediatos. Transitada em julgado a sentença, a interdição será
registrada no Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais do
interditado.
Obtendo o interditado a cura, poderá requerer ao juiz o
levantamento da interdição. A sentença do levantamento da
interdição transitada em julgado, após ser publicada na imprensa
local e no órgão oficial por três vezes com intervalo de dez dias, será
averbada no Registro Civil de Pessoas Naturais.
8.4.5 Os pródigos
Encontra-se entre os relativamente incapazes, o pródigo e,
para que ele seja juridicamente reconhecido como incapaz é preciso
61
Revista Literária de Direito, número 2, Ed. Jurídica Brasileira, 1.994, ps. 26 e 27
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Parte Geral
que seja interditado, pois, como vimos, “sem que previamente tenha
sido interditado ninguém pode ser considerado incapaz” (in RT
447/63).
Pródigo é o indivíduo que gasta desordenadamente seus bens,
ameaçando a estabilidade de seu patrimônio. Como muito bem
lembra Sílvio de Salvo Venosa, “a prodigalidade não deixa de ser
uma espécie de desvio mental, geralmente ligado à pratica de jogo ou
a outros vícios”.62
A partir da interdição, o pródigo precisará de assistência de
seu representante legal, o curador nomeado pelo juiz, para emprestar,
transigir, quitar, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e
para praticar atos que não sejam de mera administração (CC, art.
1.782). Entretanto, o pródigo pode casar ou exercer a sua profissão,
sem a assistência de seu curador.
A prodigalidade é decretada no interesse do resguardo do seu
patrimônio. Por isso, qualquer parente, os sucessíveis, naturalmente,
ou o Ministério Público pode pleitear a curadoria por prodigalidade.
62
Direito Civil, vol. 1, Atlas, São Paulo, 1.984, p. 134
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Das Incapacidades
legal, qualquer ato então praticado por ele, é nulo (CC, art. 166, I).
Caso o relativamente incapaz venha a exercer os direitos, por si,
porém, sem assistência do seu representante legal, o ato será anulável
(CC, art. 119). Portanto, essas pessoas são representadas, se se
tratar de absolutamente incapazes, ou são assistidas, se se tratar de
relativamente incapazes.
Antes do Código Civil de 1.916, havia o instituto da
restituição in integrum, meio pelo qual o menor, quando lesado em
seus interesses, pedia a devolução do que pagara, mesmo que o ato
lesivo tivesse sido cercado das formalidades legais. Era um direito
assegurado ao menor de poder anular quaisquer atos, mesmo válidos,
que lhe tivessem causado lesão durante a menoridade. Mas esse
privilégio o Código aboliu (CC, art. 8.º) e hoje, se o ato foi praticado
com todas as formalidades legais, com a efetiva participação do
representante legal do incapaz, desde que não se encontre maculado
com qualquer dos vícios que anulam os atos (erro, dolo etc.), é
plenamente válido e eficaz.
Além dessa proteção, há outras de natureza também especial,
como, por exemplo, “contra os absolutamente incapazes não corre a
prescrição” (CC, art. 198, I), ou “O mútuo feito a pessoa menor, sem
prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser
reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores” (CC, art. 588).
8.6.1 Maioridade
A maioridade para o exercício da vida civil começa quando
uma pessoa completa 18 anos. A partir de então, passa a ser maior e
capaz, podendo praticar todos os atos da vida civil sem qualquer
assistência. É nesse momento que o indivíduo alcança,
automaticamente, a capacidade e a maioridade.
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Parte Geral
8.6.2 Emancipação
“A emancipação concedida pelo pai ao filho menor é
liberalidade exclusivamente benéfica deste. Tem a finalidade
de liberá-lo da assistência facilitando-lhe a prática dos
negócios jurídicos. Desavém ao pai utilizá-la para descartar-
se da responsabilidade pelos atos do filho menor “na idade
em que os riscos se maximizam - da puberdade até a
maioridade com os 18 anos”, porque torna mascarada a
libertação do poder familiar” (in RT 639/172).
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Das Incapacidades
temente de homologação judicial, ou por sentença do
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis
completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso superior;
V– pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela
existência de relação de emprego, desde que, em função
deles, o menor com dezesseis anos completos tenha
economia própria”.
64
Delir = apagar, desfazer.
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Parte Geral
“Não é nulo, mas ineficaz, - decidiu o tribunal - o ato da
emancipação em face de terceiros e do menor, prejudicial pela
totalidade da carga na obrigação de indenizar, por isso cognoscível o
defeito e pronunciável de ofício no próprio processo” (in RT
639/172).
Concluindo: A emancipação, pelos pais, é ato unilateral e
voluntário, exclusivamente em benefício do filho. Embora seja ato
irrevogável, não podem os pais emancipar o filho para isentá-los de
responsabilidade, principalmente por ato ilícito do filho menor de
idade (CC, art. 932, I).
Nessa circunstância, tal delegação não compreende a
exoneração da responsabilidade, continuando, os pais, responsáveis
por qualquer ato ilícito do filho menor. Veja o que escreve sobre o
assunto Aguiar Dias: Assim, em nada influi que o menor de mais de
16 anos, esteja, para efeito de ato ilícito, equiparado ao maior ou, até,
que esteja emancipado, por ato do pai, desde que a emancipação se
revele como ato impensado, em face do ato ilícito do menor,
acarretando a responsabilidade, pelo menos em face dos princípios
comuns do art. 186. “A responsabilidade do pai pelos atos do filho se
aplica a todos os atos ilícitos que pratique, em qualquer situação,
porque a vigilância que lhe incumbe é universal e contínua, não
podendo, pois, pretender que com relação a determinados atos
submetidos a essa vigilância não se configure a sua
responsabilidade”65.
Depois de realizada a escritura pública, esta será registrada no
Cartório do l.º Ofício da Comarca onde reside o pai do emancipando,
em livro próprio (Lei dos Registros Públicos, art. 89). “A inscrição
no registro público da emancipação por outorga do pai ou da mãe
(Código Civil, art. 12, n. 2 – atualmente, parágrafo único do art 5º do
CC) não depende de homologação judicial” (art. 1.º da LRP).
65
Da Responsabilidade Civil, v. II/567 e 568, Forense, Rio, 4ª. ed.
112
Das Incapacidades
emancipação do menor sob tutela é que deve ser objeto do
procedimento de jurisdição voluntária (CPC, art. 1.112, I).
O menor tutelado ou sem tutor, mas órfão de pai e mãe, ou se
estes forem incapazes, desde que seja maior de 16 anos e deseje
emancipar-se, peticionará diretamente ao juiz de direito do foro de
sua residência.
O pedido é feito por ele mesmo para não ficar na dependência
do tutor. Na hipótese de o menor não ter tutor, ele requererá, na
própria petição, ao juiz que lhe nomeie tutor ad hoc para o fim de
atender o que determina o parágrafo único, I, do art. 5º do CC,
segunda parte: ...ouvido o tutor.
O juiz designará dia e hora para inquirir testemunhas que irão
falar sobre o pedido, funcionando obrigatoriamente o Promotor
Público. Ouvirá necessariamente o tutor e o próprio menor. Se se
convencer da procedência do pedido, por sentença, concederá a
emancipação, que será registrada de acordo com o art. 8966 da Lei
dos Registros Públicos. Trata-se da emancipação judicial. Poderá, ao
contrário, denegar o pedido se se convencer de que o menor não
possui, ainda, maturidade para reger sua pessoa e seus bens.
66
Art. 89 – “No cartório do 1º Ofício ou da 1ª subdivisão judiciária de cada
comarca serão registrados, em livro especial, as sentenças de emancipação, bem
como os atos dos pais que a concederem, em relação aos menores nela
domiciliados”.
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Parte Geral
suprimento de idade e, estando os interessados de acordo, o juiz
autorizará o casamento. Essa situação tem respaldo na própria lei, art.
1.520 do CC, in verbis: “Excepcionalmente, será permitido o
casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1.517),
para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em
caso de gravidez”. Também há jurisprudência: Nos casos em que
tenha havido união sexual de menores antes da idade que a lei fixa
para o casamento, ou de pessoa maior com pessoa menor, “o
suprimento de idade deve ser concedido porque o juiz, assim,
atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem
comum” ( in RT 574/72).
O que se conclui é que ocorre a emancipação de menor de 16
anos pelo casamento, e que, mesmo havendo a dissolução da
sociedade conjugal, o emancipado não retorna à situação de
incapacidade civil.
67
Ob. e vol. cits., p. 115.
114
Das Incapacidades
68
Ob. E vol. cits., p. 190.
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Parte Geral
tem emprego com economia própria.
Produzida a prova e entendendo o juiz que a emancipação se
justifica, esta é prevista por sentença. Esta é a prova que tem o
emancipado, através de uma certidão da sentença.
Não se há perder de vista que não foi o juiz quem emancipou
o menor. Segundo a dicção do art. 5º, V, do CC, a emancipação se
deu pelo fato de ter o menor se estabelecido ou de de ter adquirido
relação de emprego com economia própria.
JURISPRUDÊNCIA
116
Das Incapacidades
4. “Na citação por hora certa, a entrega da contrafé69 pode ser
feita a menor relativamente incapaz, sem qualquer irregularidade para
o ato. Este só será inválido se o oficial de justiça entregar a referida
contrafé à pessoa absolutamente incapaz ou interdita” - RT 673/119.
5. “Os menores entre 16 e 21 (atualmente 18) anos praticam
diretamente os atos jurídicos em que são partes. Todavia, porque
relativamente incapazes, o consentimento é completado com a
assinatura de representante legal, sob pena de anulabilidade dos atos.
Esta não se caracteriza quando o relativamente incapaz
espontaneamente se declara maior no ato de se obrigar (CC, art. 155):
“malitia suplit aetatem”. Logo, é válido o ato jurídico impugnado” -
RT 661/145.
6. “Não se pode admitir que menor exerça, por si, posse com
animus domini. Assim, se não invocada a accessio temporis pela posse
materna exercida anteriormente, tem-se como não fluído o período de
aquisição do usucapião, impondo-se a carência da ação” - RT 622/78.
7. “A capacidade é presumida. Assim, a validade de ato
praticado por incapaz ainda não interditado fica na dependência da
ignorância em que se encontrava o outro contratante quanto ao estado
mental do alienado, por ser o ato anulável, e não nulo” - RT 622/202.
No mesmo sentido: RT 723/440.
8. “O interdito, não sendo pessoa capaz, não pode dispor de
órgãos e partes do próprio corpo vivo, ainda que para fins
humanitários e terapêuticos. A decisão de doar tais órgãos é
personalíssima, não havendo ensejo para a interferência de tutores ou
curadores ou para a atuação judicial” - RT 618/66.
9. “Não se pode exigir de terceiros o entendimento e a
desconfiança de possível incapacidade do contratante. A interdição só
produz efeitos, após seu acolhimento por sentença e à lei importa mais
proteger terceiro de boa-fé do que o interesse de incapaz.
10. Os negócios praticados por amental não interditado são
válidos, sendo que sua anulação só pode ser pleiteada em ação própria”
- RT 618/188.
11. “Se a autora não está interditada, nem demonstrado resta
que esteja acometida de distúrbios mentais, não há como pronunciar-se
sua incapacidade para propor a ação, tendo em vista sua idade
avançada” - RT 602/170.
69
Contrafé = cópia autenticada de citação ou intimação judicial que se entrega à
pessoa citada ou intimada.
117
Parte Geral
12. “É de se admitir que o menor relativamente incapaz conceda
mandato judicial, independentemente da presença do assistente legal,
sob pena de impedi-lo definitivamente de obter a tutela jurisdicional,
quando o representante se recusa a conceder-lhe permissão para
determinados atos da vida civil, como ocorre nos casos de necessidade
de suprimento de autorização para contrair matrimônio” - RT
670/149.
13. “Completa 21 (atualmente 18) anos o cidadão à meia-noite do
dia do aniversário, isto é, após o transcurso integral do dia em que
alcançou a maioridade” - RT 652/338.
14. “A emancipação concedida pelo pai ao filho menor é
liberalidade exclusivamente benéfica deste. Tem a finalidade de liberá-
lo da assistência, facilitando-lhe a prática dos atos jurídicos. Desavém
ao pai utilizá-la para descartar-se da responsabilidade pelos atos do
filho menor “na idade em que os riscos se maximizam - da puberdade
até a maioridade com os 21 anos”, porque torna mascarada a
libertação do pátrio poder.
Nestas circunstâncias, a delegação total da capacidade
outorgada pelo pai ao filho menor não compreende exoneração da
responsabilidade, que não se substitui, nem se sucede, para delir70 a
solidariedade nascida do ato ilícito.
Não é nulo, mas ineficaz, o ato da emancipação em face de
terceiros e do menor, prejudicial pela totalidade da carga na obrigação
de indenizar, por isso cognoscível o defeito e pronunciável de ofício no
próprio processo” - RT 639/192.
15. “A idade, avançada, por si só, não é motivo para determinar
a interdição do idoso, máxime quando o próprio perito salienta que as
alterações quer na esfera física, quer na esfera psíquica estão ainda
contidas na faixa da normalidade, própria ao grupo etário a que
pertence a interditanda” - 714/120.
16. “O menor que toma a iniciativa de obter cartão de crédito
não pode desobrigar-se do pagamento das despesas comprovadamente
efetuadas, se, por todo o tempo, tinha a consciência de que não poderia
contratar enquanto menor de idade, pois, nos termos do art. 155 do
CC, a menoridade não exime do cumprimento de obrigação, se
dolosamente foi ocultada quando inquirida pela outra parte” – RT
764/342.
70
Delir = desfazer, apagar.
118
Das Incapacidades
17. No procedimento de curatela, a sentença de interdição deve
ser publicada em órgão oficial ou na imprensa local, nos termos do art.
1.184 do CPC, para que se dê ao ato de decretação de incapacidade a
maior publicidade possível, como forma de proteger os interesses de
terceiros” – RT 754/340.
18. “O dever do genitor em prestar alimentos a sua prole cessa
quando os filhos atingem a maioridade, salvo quando estes forem
portadores de deficiência física ou mental ou, ainda, freqüentarem
curso universitário” – RT 752/273.
19. “É perfeitamente admissível o pedido de interdição de
menor, contando com 16 anos de idade, portadora da síndrome de
Down, pois a curatela de incapazes é admitida em qualquer idade,
devendo nortear o seu cabimento um critério de utilidade” – RT
738/267. no mesmo sentido: RT 720/111.
20. “Em ação de indenização decorrente de acidente de trânsito,
com veículo dirigido por menor de 17 anos (relativamente incapaz),
cedido por um colega, que estava em sua companhia, a
responsabilidade solidária somente pode ocorrer entre o pai e filho, se
estivesse este dirigindo veículo do próprio genitor, porém, esta
solidariedade não prevalece entre o pai do menor e um terceiro. Dessa
forma, dilui-se totalmente a responsabilidade do genitor” – RT
735/291.
21. “Admite-se que a parte maior e capaz transacione direito que
lhe foi reconhecido por sentença transita em julgado, mesmo na fase de
execução; todavia, os efeitos da transação celebrada não podem
repercutir na esfera jurídica de menores impúberes, sem a prévia
autorização judicial, porquanto extravasam os atos de mera
administração reconhecida aos pais para reger os interesses dos filhos”
– RT 726/404.
22. “Menor que se estabelece em razão de sucessão causa mortis,
não pratica comércio com economia própria. Dessa forma, não pode se
emancipar, por ausência de requisitos, e inexistência de elementos
contemplados em lei” – RT 723/323.
23. “Agente que comete o crime uma hora antes de completar 18
anos: “É a lei civil quem determina a idade das pessoas.
Impossível caber interpretação diversa na legislação penal e
processual, uma vez não ter cabimento que alguém tenha 18 anos pela
lei civil e ainda não os tenha pela lei penal ou militar ou eleitoral. Logo,
considera-se penalmente responsável o agente que pratica a infração
no preciso dia em que comemora seu 18.º aniversário” – RT 729/564.
119
Parte Geral
24. “A nulidade de ato jurídico com base nos arts. 5.º, II, 145, I, e
82 do CC-16 depende de prova segura da incapacidade do agente ao
tempo da celebração do ato. A interdição posterior é um fato a ser
confrontado com a boa-fé do terceiro adquirente. Circunstâncias que
justificam prestigiar a venda e compra” – RT 771/219.
25. “A citação de interdito, declarado absolutamente incapaz de
exercer pessoalmente os atos da vida civil, só pode ser feita na pessoa
de seu curador, de acordo com o disposto nos arts. 8.º e 218, § 3.º, do
CPC e art. 84 do CC-16, com a necessária intervenção do Ministério
Público no processamento da causa, sob pena de nulidade do ato e do
feito, nos termos dos arts. 246 e 247, também do CPC” – RT 769/249.
26. “Na morte em decorrência de ato ilícito, a legitimidade para
interpor ação indenizatória é de todos aqueles que ostentem a condição
de credor de alimentos do de cujus, ou seja, das pessoas que viviam, de
modo absoluto ou relativo, sob a dependência econômica do morto.
Assim, por faltar personalidade ao nascituro, pois esta somente se
inicia do nascimento com vida, este não tem capacidade de ser parte e
de se fazer representar em juízo, razão pela qual inadmite-se a
pretensão de seu reconhecimento como parte legitima ativa para
interpor ação indenizatória em razão da morte de seu suposto pai” –
RT 793/280.+
27. “Tendo em vista que o princípio da liberdade das formas
rege os contratos de locação, a menoridade do locatário não pode dar
causa a sua nulidade, se comprovada a concreta assistência do seu
genitor, mesmo não tendo aposto sua assinatura à avenca,pois a
concordância não prescinde forma especial, muito menos forma
escrita. Acresça-se que a locação teve fins exclusivamente comerciais, e
nos termos do inc. V, § 1º, do art. 9º, do CC-16, menores de 21 anos se
emancipam ao se estabelecer civil ou comercialmente, com economia
própria” – RT 788/308.
28. “A incapacidade absoluta do agente obsta o começo do prazo
prescricional, na hipótese, para interpor ação indenizatória, conforme
determina o art. 169, I, do CC-16, pouco importando a nomeação de
curador que o represente em processo de interdição” – RT 778/170.
29. “A nulidade de ato jurídico com base nos arts. 5º, II, 145, I, e
82 do CC-16 depende de prova segura da incapacidade do agente ao
tempo da celebração do ato. A interdição posterior é um fato a ser
confrontado com a boa-fé do terceiro adquirente. Circunstâncias que
justificam prestigiar a venda e compra” – RT 771/219.
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