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A dinâmica do conhecimento ecológico local: um estudo

etnoecológico sobre a resiliência dos pescadores artesanais da


Lagoa Mirim, Rio Grande do Sul, Brasil
PIEVE, Stella Maris Nunes1,2; KUBO, Rumi Regina1,2;
COELHO DE SOUZA, Gabriela1,2
1. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural (PGDR/UFRGS);
2. Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sustentável e Mata Atlântica
(DESMA/PGDR). stellapieve@gmail.com

Introdução

O presente trabalho consiste em uma reflexão acerca da dinâmica do conhecimento


ecológico dos pescadores artesanais da Lagoa Mirim, no extremo sul do Rio Grande do Sul,
Brasil, buscando entender quais as principais continuidades e transformações neste
conhecimento que permitem sua manutenção enquanto comunidades de pescadores artesanais
frente a influências externas que as aingem. A dinâmica deste conhecimento aqui evidenciada
é entendida como a variação, ao longo de quatro décadas, do conjunto de elementos que
caracterizam tanto o saber-fazer do ato de pescar, como os recursos naturais que
complementam as atividades dos pescadores, especialmente no que diz respeito aos recursos
naturais outrora utilizados diretamente na pesca.
Para desenvolver o estudo buscou-se o referencial da Etnoecologia, já que este é um
campo de pesquisa que vem sendo construído na interface das ciências naturais e sociais. Tem
como objeto de estudo o conhecimento ecológico local, especialmente de comunidades e
povos que se utilizam diretamente de recursos naturais, no sentido de entender as relações
entre o ser humano e o ambiente que o cerca (Hanazaki, 2006; Coelho de Souza et al., 2009),
de acordo com seus sistemas de percepção e manejo de recursos naturais (Nazarea, 19991
apud Hanazaki, 2006).
Conforme Toledo (1992) o foco de estudo da Etnoecologia centra-se no processo de
produção e reprodução das condições materiais de determinada comunidade, conectando
conhecimentos e práticas acerca do ambiente onde vivem. A partir do viés antropológico
Little (2002) define o estudo etnoecológico como uma etnografia da interação dos sistemas
biofísico e social entre determinado grupo social e o meio que o cerca. Ambas as definições
partem de áreas do conhecimento distintas buscando delimitar suas interface nesse campo

1
NAZAREA, V. Ethnoecology: situated knowledge/located lives. University of Arizona Press, Tucson, 1999.
multidisciplinar, revelando conexões, entre o saber e o fazer e entre os sistemas ecológico e o
cultural, delimitando o objeto de estudo da Etnoecologia, o conhecimento ecológico local.
Neste sentido, o conhecimento ecológico local está intimamente relacionado às
concepções simbólicas acerca dos recursos de fauna, flora e fenômenos naturais e às
concepções práticas do conhecimento do manejo do ambiente e apropriação de seus recursos,
como o desenvolvimento e uso de tecnologias específicas e adequadas de acordo com sua
disponibilidade no ambiente (Marques, 1995). O conhecimento ecológico local se caracteriza
por ser transmitido de geração a geração, sendo ordenado na medida em que é repetido, se
legitimando. e neste sentido sendo sistematizado. Por outro lado, por estar intimamente
associado ao ambiente e à forma de subsistência das populações tradicionais, está
continuamente se transformando, tendo um caráter dinâmico (Berkes et al., 2007). .
Todavia, por mais que tais atividades estejam intimamente ligadas ao cotidiano destes
povos ou grupos tradicionais, estas não estão descoladas de esferas mais amplas da sociedade,
consideradas neste trabalho como o sistema social, bem como as influências de políticas
públicas que intervêm tanto no ecossistema quanto na esfera sociocultural destas populações,
articuladas em nível regional e nacional. Para dar conta da análise destas influências externas
sobre a perspectiva dos pescadores artesanais, suas comunidades foram consideradas neste
trabalho como o sistema cultural, e a partir disto baseou-se no referencial da resiliência,
amplamente empregado nos campos do conhecimento das ciências naturais e sociais. O
conceito de resiliência é utilizado tanto por abordagens no campo da Ecologia strictu sensu,
como por abordagens integradas, como a dos sistemas socioecológicos (Berkes e Folke, 1994)
Uma terceira abordagem utiliza a resiliência no contexto dos sistemas culturais, sendo
analisada a partir da dinâmica do conhecimento ecológico local (Begossi et al., 1995; Pieve,
2009).
Berkes e Folke (1994) definem resiliência como a capacidade de um sistema em
absorver ou resistir a perturbações a ele impostas, adaptando-se ou modificando-se, de acordo
com estas. Neste sentido, o presente trabalho procura investigar a resiliência das comunidades
de pescadores artesanais da Lagoa Mirim, a partir das transformações no conhecimento
ecológico local, ou seja, um dos pontos de encontro entre os sistemas ecológico e cultural, e
entende como perturbações ou surpresas tanto as interferências naturais quanto as
interferências sociais, como a legislação ambiental e as políticas públicas voltadas ao setor
pesqueiro.
Para dar conta de tal análise a metodologia de pesquisa empregada, dentro do escopo
da Etnoecologia e preocupada em entender o papel da natureza - saberes e práticas acerca da
fauna, flora e ambientes - nos sistemas de outras culturas, utilizou-se de abordagens e
técnicas de outras disciplinas, principalmente da Antropologia (Campos, 2002; Marques,
2002; Viertler, 2002). Portanto, neste estudo foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas
(Marconi e Lakatos, 1999; Viertler, 2002), observação participante (Viertler, 2002; Eckert e
Rocha, 2008), registro em diário de campo (Malinowski, 1976; Eckert e Rocha, 2008) e
coleta de dados secundários, como trabalhos, legislação, documentos e projetos
desenvolvidos na área.
De forma a caracterizar a dinâmica do conhecimento ecológico local e identificar as
perturbações e surpresas que influenciaram tais comunidades, o roteiro de entrevistas buscou
abarcar questionamentos sobre o presente e o passado dos entrevistados, bem como das
atividades de agricultura e extrativismo por estes praticadas. E, para caracterizar esta
dinâmica entre os pescadores entrevistados, utilizou-se o método snowball sampling de
amostragem (Biernacki e Waldorf, 1981), no qual identificau-se um informante com os
critérios previstas na pesquisa e solicitou-se que este indicasse outro(s) com as mesmas
características (Penrod et al., 2003).
A indicação inicial partiu da Organização Não-Governamental Centro de Apoio ao
Pequeno Agricultor de Pelotas, RS (ONG/CAPA) em Santa Isabel (Arroio Grande), de um
colaborador do projeto “Rede de comercialização do pescado” no Porto (Santa Vitória do
Palmar), e de uma pescadora da comunidade do Porto para identificar os pescadores de
Jaguarão. O conjunto de características que uniu os pescadores entrevistados foi praticar a
pesca artesanal na Lagoa Mirim e residir na região, e a característica que os diferenciou foi o
tempo de trabalho na referida atividade. Neste sentido foi solicitado que cada entrevistado
indicasse três pescadores da Lagoa Mirim residentes em sua comunidade, sendo destes: 1)
pescador com longo tempo de atividade; 2) pescador com tempo médio de2 atividade; e 3)
pescador com curto tempo de pesca.
A partir desta metodologia entrevistou-se 90 pescadores, 30 em cada uma das três
comunidades, identificados pelas categorias êmicas3 que resultaram em pescadores com: a)
longo tempo de pesca,, em, aproximadamente, 40 anos de atividade; b) tempo médio de pesca
em, aproximadamente, 27 anos de trabalho; e c) curto tempo de pesca, em,
aproximadamente,10 anos de atividade. Neste sentido, as perturbações que incidiram sobre as

2
Médio tempo de atividade aqui é entendido como o pescador com tempo intermediário de atividade pesqueira,
ou seja, aquele não identificado como um pescador com muito tempo de trabalho, nem com pouco tempo de
trabalho.
3
Êmica no sentido de que os próprios pescadores da Lagoa Mirim definiram quem deles são os pescadores com
mais ou menos tempo de atividade pesqueira.
comunidades de pescadores artesanais da Lagoa Mirim, serviram de parâmetro para a análise
da resiliência destas comunidades e foram apresentadas a partir de uma linha temporal.
Este artigo está estruturado em três partes. Na primeira delas são apresentados os
pescadores artesanais da Lagoa Mirim e o histórico de influências externas provenientes do
sistema social que incidem sobre as comunidades, a partir da década de 1960 até a atualidade.
Em seguida é analisada a dinâmica do conhecimento ecológico e a resiliência das
comunidades destes pescadores frente às perturbações impostas aos pescadores e ao
ecossistema Lagoa Mirim, finalizando com uma discussão a partir do diálogo com as
abordagens propostas por Berkes e Folke (1994); Berkes (2004) e Begossi et al. (1995) sobre
o porquê de se entender tais comunidades como resilientes frente às influências externas.

A pesca artesanal na Lagoa Mirim

Na Planície Costeira do Rio Grande do Sul, a Lagoa Mirim faz parte do complexo
lagunar Patos-Mirim e tem, aproximadamente, 3.749 km2 de área de superfície, 185 km de
extensão e, em média 20 km de largura (ALM, 2007). Tal complexo envolvia o contato entre
as águas do Oceano Atlântico, Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim. Como a porção sul da Lagoa
dos Patos é um estuário, periodicamente recebe água salgada ou escoa água doce para o
Oceano Atlântico pelos molhes da Barra em Rio Grande, posteriormente, essa troca era feita
entre este estuário e a Lagoa Mirim, via Canal São Gonçalo, conforme as condições
climáticas da região (Seeliger et al., 2004; Burns et al., 2006).
Durante as épocas de chuva, as águas pluviais afluíam da Lagoa Mirim para a Lagoa
dos Patos, e desta para o Oceano Atlântico, já em épocas de estiagem, a Lagoa dos Patos
recebia água salgada do Oceano Atlântico, e extendia sua zona de estuário para parte da
Lagoa Mirim, conferindo um complexo regime hidrodinâmico ao Canal São Gonçalo, que
periodicamente tem sua corrente invertida (Burns et al., 2006; ALM, 2007). Contudo, na
década de 1970, a construção da Barragem Eclusa no Canal São Gonçalo, município de
Pelotas, RS, barrou a troca de águas entre as Lagoas dos Patos e Mirim e, consequentemente,
barrou a entrada de peixes estuarinos - como bagre, tainha, corvina e linguado. Tal barragem
destinou-se primordialmente a barrar a entrada de água salgada com vistas a garantir a
segurança e utilização de água na lavoura de arroz, e em segundo plano, prover água potável
para Rio Grande (Brasil, 1970).
A Lagoa Mirim é cercada por quatro municípios, à leste Rio Grande e Santa Vitória do
Palmar e a oeste Arroio Grande e Jaguarão, sendo Santa Vitória do Palmar e Jaguarão
municípios de fronteira entre Brasil e Uruguai. As comunidades de pescadores investigadas
neste trabalho são: Santa Isabel em Arroio Grande, Porto, em Santa Vitória do Palmar e a
comunidade de pescadores de Jaguarão, no município de mesmo nome. Garcez e Sánches-
Botero (2005) apontam um total de 335 pescadores nestes municípios, sendo importante
lembrar que o município de Santa Vitória do Palmar conta com mais três comunidades de
pescadores artesanais - Curral Alto (na Lagoa Mirim), Vila Anselmi (na Lagoa Mangueira) e
Praia do Hermenegildo (no Oceano Atlântico) -, além do Porto.
Nas comunidades estudadas, a pesca artesanal pode ser caracterizada pelo uso de
tecnologia simples: pequenos botes motorizados ou caícos movidos a remo; como tecnologia
de pesca são utilizadas a rede de espera e o espinhel; e o trabalho é em grande parte familiar
ou em grupos de parentesco - irmãos, pais e filhos, casais e/ou vizinhos. As principais
espécies de peixes comercializadas são traíra, jundiá e pintado, sendo também relevante a
captura do peixe-rei4 nos meses de inverno (Fernandes et al., 2007; Basaglia, 2008).
Contudo, como exemplificado pela construção da Barragem Eclusa no Canal São
Gonçalo, tal atividade nem sempre manteve-se da mesma maneira. A partir do trabalho de
campo e análise de dados puderam ser identificadas influências externas ao contexto local,
aqui também entendidas como perturbações, que modificaram influenciaram a atividade,
como a modernização do setor pesqueiro (1960), a construção da Barragem Eclusa em Pelotas
(1970), a política ambiental (1980) e as políticas públicas afirmativas de redução da pobreza
(1990), que embora atingindo e provocando transformações nos modos de vida dos
pescadores, também permitiu o aparecimento de estratégias e aprendizados que os mantêm
pescadores artesanais.
O processo de modernização da pesca artesanal, responsável pela introdução do motor,
do fio de náilon e do gelo para a conservação do pescado, trouxe significativas mudanças para
a pesca da Lagoa Mirim, tanto na utilização de recursos naturais quanto na organização do
trabalho. De acordo com os pescadores entrevistados, antes do motor, as embarcações eram
movidas a pano, que semelhante a uma vela, dependia da orientação do vento para sua
locomoção, e assim como as redes de tecido, confeccionadas no chamado fio ursa, fio
utilizado antes do fio de náilon, precisavam ser tratadas para que não apodrecessem
rapidamente devido ao longo contato com a água.

4
Cabe aqui ressaltar que, atualmente, há uma escassez de peixe-rei (Fernandes et al., 2007; Basaglia, 2008;
Pieve, 2009).
Este processo de tratamento era conhecido como cascar ou dar casca nas redes, sendo
constituído de uma tintura de cascas de árvores nativas da região, como a aroeira e a
capororoca, na qual redes e panos eram curtidos e postos a secar. Ali, recursos vegetais
também eram utilizados na confecção das bóias das redes, em especial a corticeira-do-
banhado e o gurupi, atualmente substituídas pelas cortiças. Neste mesmo contexto, a
conservação do pescado era feita a base de sal, para isto o peixe era aberto, eviscerado e
passado no sal e posto a secar para que se mantivesse conservado.
Além disto, neste período a pesca artesanal dividia espaço com outras atividades
extrativistas, como a coleta de junco para a confecção de réstias de cebola, de capim santa-fé
para a confecção de telhados de palha e de varas em geral para a confecção de cercas em
fazendas e terrenos da região. Conforme evidenciado pelos pescadores entrevistados
“antigamente tudo era safra” (P345, Porto). Para Mourão (2003) a modernização do setor
trouxe uma racionalização da atividade, que garantiu, além do uso do motor e gelo, uma
dedicação exclusiva à atividade e a seleção de espécies de pescado, transformando o ser
pescador em uma profissão (Diegues, 1983), e o setor pesqueiro em indústria de base passível
de investimentos públicos para o seu desenvolvimento (Silva, 1990; Souza e Abdallah, 2007).
Cabe aqui ressaltar que o processo de industrialização do setor pesqueiro seguiu uma
política de desenvolvimento econômico hegemônico, incorporando marginalmente os
pescadores artesanais, na medida em que estes são vinculados ao mercado da pesca, mas não
recebem os mesmos benefícios que o setor industrial, e ainda sofrem maior concorrência de
mercado, conflitos territoriais e com estoques pesqueiros, dentre outros (Diegues, 1983).
Na Lagoa Mirim, a seleção de espécies, em um primeiro momento, deu-se para tainha,
corvina, bagre, traíra, jundiá, pintado, peixe-rei e linguado. Com a construção da Barragem
Eclusa de Pelotas (1977) e a barragem tanto da água salgada quanto das espécies de peixes
estuarinos, deu-se continuidade a pesca da traíra, pintado, jundiá e peixe-rei. Neste sentido, tal
Barragem afetou diretamente a pesca artesanal da Lagoa Mirim, do ponto de vista
socioeconômico, pois estas eram espécies de importante valor comercial para a pesca da
região (Machado, 19766 apud Burns et al., 2006) e, do ponto de vista ecológico, constituindo-
se em uma fragmentação de habitat ao impedir a expansão do estuário e, consequentemente, a
migração dos peixes (Burns et al., 2006). Com a redução da biodiversidade de peixes

5
Para que não fosse identificado o nome dos pescadores, utilizou-se a letra “P” indicando o pescador com o
número de sua entrevista subscrito.
6
MACHADO, M. I. C. S. Sobre a pesca na região brasileira da Lagoa Mirim. Boletim do Ipemafla, n.2, p.23-
37, 1976.
estuarinos, os esforços de pesca são concentrados nas espécies de água doce, explorando
outras espécies da região, como a voga o tambica e o cascudo.
Já os anos 1980 foram marcados pela contraposição entre desenvolvimento
econômico e problemas ambientais, como poluição, esgotamento de recursos naturais e
aquecimento global (Carvalho, 200). Neste contexto, a pesca é reconhecida como uma
atividade econômica que utiliza recursos naturais e por isto pode gerar degradação ambiental,
sendo submetida ao licenciamento ambiental previsto pela Política Nacional do Meio
Ambiente (Lei no 6.938/81), que se constituiu nas ações iniciais de ordenamento das
atividades econômicas vigente na época. Ações estas, complementadas pela Constituição
Federal de 1988 que legitimou a função do Estado em defender o meio ambiente. Com
deveres relacionados à salvaguarda do ambiente, além da economia, a União propõe em
1989, a partir do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), a criação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para
estabelecer uma política de exploração sustentável de recursos naturais.
Todavia, tal política gerou um impasse, pois implicou em normas e regulamentações
de uso de recursos naturais muitas vezes não condizentes com a realidade vivida por quem
realmente precisava legitimar o processo (Little, 2005). A elaboração de regras para as
atividades consideradas impactantes sobre o meio ambiente se utiliza de processos de tomada
de decisão centralizadores e unilaterais, e, além disto, recai sobre espaços ainda preservados,
ou seja, ocupados por comunidades locais, geralmente extrativistas, de pequena escala.
Os pescadores artesanais da Lagoa Mirim reconhecem a necessidade de ações de
fiscalização do uso dos estoques pesqueiros disponíveis. Contudo, há um descompasso nas
formas de atuação dos órgãos responsáveis por este controle, tanto na implantação de normas
e regras não compatíveis com o conhecimento ecológico local (Little, 2005; Berkes, 2007),
quanto na atuação de forma integrada entre a normatização da atividade e as políticas de
conservação da biodiversidade, já que estas são elaboradas e controladas por órgãos
diferentes (Becker, 2003).
Descoladas deste processo de uso e fiscalização dos recursos naturais, as políticas
afirmativas da década de 1990 - seguro-desemprego (1991), PRONAF Pesca (1996) e RS
Pesca (1998) - também são pontos de controvérsias no olhar do pescador, pois
sobrecarregaram a categoria de pescador, ao mesmo tempo em que viabilizam a manutenção
deste pescador em atividade, permitindo o investimento em materiais de pesca, como redes e
embarcações, além das importantes iniciativas de comercialização de pescado via
cooperativas e a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que comercializam
exatamente os pescados de menor valor como ressaltado no capítulo anterior. Contudo,
segundo os pescadores da Lagoa Mirim, a frágil legislação que identifica o pescador que
pode se utilizar desses recursos tornaram a atividade rentável, fácil e prática. Além disto, tal
política incentiva o aumento da produtividade chocando-se com a política ambiental de uso
sustentável de recursos naturais.
Desta maneira, tais políticas e investimentos mudaram o cotidiano das pescarias.
Agora passa-se três meses sem pescar, durante o período de defeso ou piracema 7, e ainda que
as técnicas de pesca tenham se mantido as mesmas - rede de espera e espinhel - o modo de
adquiri-las e suas quantidades mudaram. A confecção das redes de espera foi substituída por
sua compra, devido ao preço semelhante de um fardo industrializado e o longo tempo de
manufatura. Todavia, ainda é presente o trabalho de entralhar8 esta rede, ou seja, prepará-la
com cortiça e chumbo para uma pescaria, bem como, o processo de remendá-la9 quando
necessário.

A Resiliência das comunidades de pescadores artesanais: continuidades e


transformações na pesca artesanal da Lagoa Mirim

A partir do exposto acima é possível perceber uma série de perturbações que atinge
diretamente o sistema pesqueiro da Lagoa Mirim, tanto do ponto de vista
ambiental/ecológico quanto social e, consequentemente, se reflete nos conhecimentos e
práticas cotidianas das comunidades de pescadores artesanais gerando continuidades e
transformações na interface entre os sistemas cultural e ecológico destes pescadores. Ainda
assim, partindo do ponto de vista da resiliência cultural tais comunidades mantêm-se
resilientes, pois se mantêm praticando a pesca artesanal e residindo no entorno da Lagoa
Mirim, sem migrar para grandes centros urbanos.
O termo resiliência foi desenvolvido dentro do escopo da Ecologia e traz à tona a
discussão sobre a estabilidade de um sistemas ecológico (Gunderson e Holling, 2002).
Carpenter et al. (2001); Holling (1973; 2001) e Olsson et al. (2004) aprofundam a discussão
levando em conta as transformações mundiais, possivelmente desconsideradas pelos sistemas
ecológicos, como o aumento da população humana e as demandas econômicas de uso de

7
Período em que a pesca fica legalmente proibida e o pescador cadastrado recebe o seguro-desemprego,
referente a um salário mínimo para se manter sem praticar a pesca. Na Lagoa Mirim este período corresponde
aos meses de novembro, dezembro e janeiro.
8
Entralhar é como os pescadores se referem ao ato de colocar chumbo, bóia e corda na rede.
9
O processo de remendar rede consiste em costurar a rede quando esta é rasgada, principalmente na despesca.
recursos naturais, ou seja, levando-se em conta as pressões externas a um ecossistema ou
sistema, que também podem perturbá-lo.
A atual discussão sobre resiliência considera sistemas sócio-ecológicos, ou seja, uma
integração entre o sistema social e ecológico para avaliar sua resiliência e leva em
consideração a capacidade deste em reagir e amortecer as perturbações a ele impostas, bem
como a habilidade deste sistema em se re-organizar, em aprender e em se adaptar (Berkes e
Folke, 1994; Berkes, 2004) de acordo com estas transformações. Seixas e Berkes (2005),
analisando o sistema socioecológico pesqueiro na Lagoa do Ibiraquera (SC, Brasil)
evidenciam a importância de haver uma série de fatores político-sociais como organizações
sociais formais, instituições, equidade no uso de recursos naturais e uso da memória e
conhecimento local e/ou no manejo de recursos naturais que dêem conta de manter a
resiliência integrada dos sistemas social e ecológico (Seixas e Berkes, 2005).
Já Begossi (1995) compara a resiliência cultural e ecológica entre caiçaras da costa
da Mata Atlântica e caboclos da Amazônia, ambos no Brasil, analisando o capital cultural e
os fatores relacionados à adaptação destes grupos ao seu ambiente, assim como suas
modificações. A autora parte da adaptação (flexibilidade de comportamento) e da resistência
(inércia cultural) das populações humanas a distintos ambientes para investigar os aspectos
culturais que ajudam a manter a resiliência dos caiçaras e caboclos. Neste mesmo artigo, é
discutido que a manutenção dos sistemas cultural e ecológico está relacionada às regras e
direitos das comunidades e aos mecanismos que reforçam e sustentam estas regras: as
tradições culturais, os direitos de propriedade e as instituições sociais.
A partir desta discussão, o presente trabalho considera as comunidades de pescadores
artesanais da Lagoa Mirim resilientes principalmente no sistema cultural, porém entende que
este não está descolado nem do sistema ecológico e nem do sistema social. E, sendo assim,
apresenta e discute, resumidamente, a capacidade destas comunidades em reagir e amortecer
as perturbações sofridas, de se re-organizar, de aprender e de se adaptar, sem deixar de
caracterizar a dinamicidade deste processo, que continua ao mesmo tempo em que se
transforma, ou se transforma ao mesmo tempo em que continua.
Partindo da modernização do setor pesqueiro na década de 1960, a especialização da
atividade acarretou na diminuição de outras atividades extrativistas, como a coleta de
espécies da flora para comercialização. Contudo permitiu a incorporação de tecnologias que
facilitaram o trabalho cotidiano, como as redes e os espinhéis, por exemplo, que se
mantiveram com a mesma tecnologia de pesca confeccionada em diferentes materiais; ou a
introdução do motor e do gelo, que transformaram o trabalho garantindo uma maior
contribuição para a subsistência destes pescadores.
Tais transformações também abrangeram a organização social destes pescadores, que
antes trabalhavam em sistema familiar, e a partir deste marco, passaram a estabelecer
relações informais de trabalho, como os patrões, proeiros e caranchos. O patrão pode ou não
ser o dono da parelha, contudo é ele o responsável pela pesca. Não sendo o dono, tem as
despesas - gasto com combustível, rancho, artefatos de pesca e proeiros - e o lucro divididos
meio a meio. Os proeiros, sem embarcação ou artefatos de pesca próprios, recebem partes da
produção do patrão. Estas partes correspondem a percentuais da pesca e variam, geralmente
de acordo com a estrutura familiar do proeiro, se solteiro ganha 10% da produção, se casado
ganha 15%. O patrão recebe mais de uma parte, tendo em vista os gastos com combustível e
manutenção da parelha. Já os caranchos, sem embarcação própria, mas providos de artefatos
de pesca, pescam em parelhas de outros patrões utilizando-se de artefatos próprios em
número limitado, recebendo o peixe que pescar. Este não divide as despesas da embarcação
com o patrão, mas ajuda no trabalho, safando ou remendando uma rede pra retribuir o espaço
na embarcação.
Já a construção da Barragem Eclusa ao impedir a entrada de peixes estuarinos - bagre,
tainha, corvina e linguado -, estimulou a pesca de espécies outrora não comercializadas -
voga, tambica e cascudo. Esta redução nos estoques pesqueiros também provocou
aprendizados e estratégias de manutenção da atividade para estes pescadores. Dentre estas
podemos citar a escolha da espécie a ser pescada de acordo com a quantidade de gelo
disponível, diminuindo os esforços de pesca sobre espécies que não serão comercializadas,
evitando o desperdício. De acordo com os pescadores entrevistados, antigamente, todo peixe
era trazido até a salga10 e os que não eram vendidos ali largados, em deterioração, até que o
salgueiro11 contratava alguém para retirá-los dali. Atualmente, estes pescadores ao pegar um
peixe vivo que não será comercializado procuram devolvê-lo a água, alegando não saber se
precisarão dele no futuro.
Outro ponto importante a ser salientado são as transformações nas organizações
sociais do trabalho, a partir das políticas afirmativas de redução da pobreza (1990) e da
redução quantitativa dos estoques pesqueiros. Com o financiamento de embarcações e
materiais de pesca foi sendo reduzida a mão-de-obra de proeiros e caranchos, e aumentando
o número de patrões. Contudo, por mais que a introdução do gelo e do motor tenham

10
Entreposto de comercialização do pescado.
11
Geralmente o dono da salga ou o atravessador de pescado.
facilitado a atividade, tais tecnologias também a encareceram, contribuindo para fortalecer as
relações de solidariedade entre pescadores, pois hoje em dia é comum a pesca em parceria
entre familiares e colegas, que dividem a mesma embarcação e as despesas da pesca.
Ainda assim, as políticas afirmativas de redução da pobreza contribuíram para que
estes pescadores se mantivessem pescadores, pois além de financiar a compra de novas
embarcações, permite a restauração das suas antigas, a compra de materiais de pesca, e a
remuneração durante a época de defeso ou piracema, como reconhecido pelos pescadores. É
interessante notar que a época de defeso coincide com o verão - novembro, dezembro e
janeiro - justamente a época em que, segundo os pescadores, é preciso limitar o número de
redes na água, pois a água muito quente faz com que o peixe se deteriore mais rápido. Neste
sentido, também é evidente uma preocupação em manter os estoques pesqueiros, já que é
destes que eles dependem.
Retomando a observação de Begossi (1995) de que a flexibilidade cultural aumenta a
resiliência, na Lagoa Mirim foi possível perceber que as comunidades de pescadores
artesanais ali residentes se adaptaram às inovações tecnológicas motor, gelo e fio de náilon,
ao mesmo tempo em que mantiveram suas principais tecnologias de pesca, a rede de espera e
o espinhel. Além disto, ao partirem para a prática da pesca artesanal como profissão, estes
pescadores aumentaram suas chances de sobrevivência12.
Retomando as definições e observações de Berkes (2004) para definir como resiliente
um sistema, as comunidades de pescadores artesanais da Lagoa Mirim foram capazes de
reagir e amortecer uma série de perturbações que sofreu, pois estes pescadores mantiveram-
se pescando no mesmo ecossistema e residindo no mesmo lugar. Quanto ao quesito re-
organização, tais comunidades, à medida em que se transformavam ou apareciam
dificuldades no trabalho, modificavam suas estruturas de trabalho - passaram do sistema
familiar para o sistema informal de contrato (proeiro e carancho) e, posteriormente, voltaram
ao sistema familiar ou de parceria.
As novas dinâmicas no conhecimento ecológico dos pescadores evidenciadas por este
trabalho são decorrentes do fato de que os pescadores reconhecem o ecossistema e os seus
recursos naturais como finitos, e desta maneira passaram a se utilizar de estratégias de
conservação do mesmo, como devolver a espécie de peixe que não será comercializada e
reduzir o número de redes na água quando esta se encontrar muito quente. Além disto, por

12
Aqui cabe ressaltar a importância econômica da atividade, tendo em vista a vulnerabilidade econômica que
tais comunidades enfrentavam e continuam enfrentando.
conhecerem tal ecossistema e estarem em constante interação, é possível aprendizados sobre
este, como a comercialização de espécies de pescado outrora não utilizadas.
De acordo com isto, é possível perceber uma dinâmica no conhecimento ecológico
das comunidades dos pescadores artesanais da Lagoa Mirim, que permitiu que estes, ao se
depararem com tais perturbações, desenvolvessem uma série de estratégias de organização,
aprendizado e adaptação que os manteve resilientes, ou seja, capazes de permanecerem
comunidades de pescadores artesanais da Lagoa Mirim até o presente momento.

Referências Bibliográficas
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BASAGLIA, T P. Lagoa Mirim: caracterização da pesca artesanal e composição da


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BECKER, A.. O licenciamento ambiental da pesca e a licença a cargo da Secretaria Especial


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