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A SUSTENTABILIDADE E A ARQUITETURA
Pesquisadora afirma a responsabilidade do Arquiteto na conservação do Meio
Ambiente

POR ROBERTA CONSENTINO KRONKA MÜLFARTH

Sustentabilidade. O termo é tão


amplamente utilizado que ficou
banalizado. Serve de referência
para tudo, é usado por todos e
pode significar qualquer coisa...
Até mesmo por essa imprecisão, o
conceito de sustentabilidade foi e
ainda está sendo interpretado de
forma completamente relativa, e
aspectos referentes à sobrevivência
ou ao conforto do usuário são
colocados no mesmo prato da
balança. Seu caráter
multidisciplinar, além de criar O peso das decisões ambientais: projeções
dificuldades nos conceitos, otimistas apontam fim das fontes
também gera controvérsias nas não-renováveis de energia em cerca de 50
aplicações em várias áreas do anos. Consumo per capita de energia nos
conhecimento. países desenvolvidos é seis vezes maior do que
naqueles em desenvolvimento
O que vem a ser sustentável para a
população de uma favela? A eletricidade é uma questão de sobrevivência para
algumas tribos da África? Você já tentou ficar sem energia durante 24 horas?
Mesmo neste universo de dúvidas e imprecisões, a "sustentabilidade" passou a ser
a única esperança em face da cada vez mais concreta ameaça que paira sobre a
continuidade da vida no planeta.

No decorrer da história, a relação homemmeio ambiente é marcada pelo crescente


impacto gerado na natureza por nossas atividades básicas. Esses impactos fizeram
com que chegássemos a um limite, praticamente esgotando nossas reservas
naturais.

Os níveis alarmantes de poluição, violência, fome, escassez de água e de energia,


elevação da temperatura global e danos à camada de ozônio, entre outros,nos
levam a acreditar que as mudanças ambientais induzidas pelas atividades humanas
excederam o ritmo natural da evolução, fazendo com que tenhamos de buscar,
com urgência, formas de nos adaptarmos aos problemas que continuamos criando
com tamanho descontrole.

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Relógio em Curitiba
Em Mumbai, Índia, aqueduto passa pela favela de marca o número de
Mahim para que possa alcançar e abastecer uma das árvores
regiões mais ricas da cidade salvas com o programa de
reciclagem na cidade

As questões sociais, como o aumento da miséria e da fome praticamente em todo


o planeta, além do consumismo excessivo e desmedido, contribuíram para agravar
ainda mais esse quadro.Dessa forma, a procura por soluções para melhoria do
panorama tornase a única saída para a humanidade, e a busca por uma relação
mais harmônica com a natureza, assim como mudanças sociais profundas, passam
a ser absolutamente vitais.

Dos seis bilhões de pessoas que habitam o planeta, cerca de 1,1 bilhão é
subnutrida e abaixo do peso, cerca de 2,8 bilhões, apesar do crescimento
econômico mundial, tentam sobreviver com menos de dois dólares por dia e cerca
de 1,3 bilhão não tem acesso à água potável.

No último século, a população se expandiu quatro vezes, aumentando


drasticamente a demanda por recursos naturais (água, energia, alimento e
materiais). Esse crescimento populacional, porém, não iria testar os limites
ambientais tão fortemente caso não fosse acompanhado de um crescimento
excessivo e descontrolado do consumo.

Em 2000, segundo o Worldwatch Institute, as áreas produtivas, incluindo


plantações, minas, campos de petróleo, áreas de reflorestamento, áreas de
pastagem, fontes de matéria-prima para indústria (pedra, areia, minérios, etc.),
cobriam cerca de 61% da superfície mundial. Em contrapartida, as cidades, apesar
de ocuparem apenas 2% da superfície, concentravam 42% de toda a população
mundial. Essa organização exige que se desenvolva um esquema de
abastecimento (energia, alimentos, etc., sem contar a destinação do lixo
produzido) voltado para esses grandes aglomerados urbanos.

Projeções otimistas apontam para um cenário em que as fontes não-renováveis de


energia durarão aproximadamente 50 anos. O consumo per capita de energia nos
países desenvolvidos é seis vezes maior que nos em desenvolvimento, sendo que o
consumo de água chega a ser cem vezes maior.A demanda arquitetupor água
tratada tem dobrado a cada 20 anos e, mesmo que sejam adotadas soluções para
reduzir o consumo, graves problemas de abastecimento, sem precedentes na
história da humanidade, serão enfrentados nas próximas décadas.

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À esquerda, edifício de escritórios em Concepción, Chile, do arquiteto Enrique


Browne, usa fachada verde na face norte. Na cidade francesa La Tour-de-
Salvagny, o escritório da empresa Total Energie, projetada por Jacques Ferrier,
possui painéis fotovoltaicos - na fachada e cobertura. Além de produzir
energia, esses painéis trabalham para proteger a obra da luz do sol

Inúmeros problemas

Existe um consenso de que a produção de alimentos também poderá ser afetada


pelas mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Essa situação é
ainda agravada pelo desconhecimento dos efeitos a médio e longo prazos do uso
indiscriminado de fertilizantes nas lavouras e da modificação genética de muitas
culturas: nos últimos cinco anos foram descobertas contaminações em lençóis
freáticos causadas por práticas de 30 ou 40 anos atrás.

O ônus da poluição das águas, do ar, do solo e da redução dos recursos naturais
recai sobre os menos favorecidos, sendo utópico e equivocado não tratar dos
problemas ecológicos e sociais conjuntamente.

A mudança climática tem se tornado um dos principais efeitos das atividades


humanas nas últimas décadas, fazendo com que as emissões de combustíveis
fósseis, responsáveis pela elevação das concentrações atmosféricas de dióxido de
carbono atingissem os níveis mais altos em 20 milhões de anos.

Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática), apesar


de o aumento da temperatura média mundial ter ficado aquém das expectativas
mundiais, avalia-se a possibilidade desse calor estar sendo acumulado nas águas
dos mares e oceanos. O efeito desse acúmulo é esperado para dez anos, com
graves conseqüências em todo o planeta, sem precedentes na história.

E a arquitetura? Como deve se enquadrar diante de um mundo que,


estranhamente, só há alguns anos acorda para essa realidade? Qual seria, se há
alguma, a relação entre a arquitetura e o declínio das populações de anfíbios e de
corais nos mares e oceanos?

O contexto atual de degradação do meio ambiente, escassez de recursos e

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aumento da crise social, faz com que haja


a necessidade de uma adaptação da
arquitetura. Uma edificação não pode
mais ser vista como uma unidade isolada,
mas, sim, como um organismo que gera
impactos ao longo de todo o seu ciclo de
vida - projeto, construção, utilização,
demolição, reutilização e/ou reciclagem.

Nesse contexto surgiram várias outras


"palavras mágicas" que procuraram, de
certa forma, caracterizar o que seria uma
arquitetura sustentável. Assim, hoje se
O prédio do Instituto de investigação fala de arquitetura verde,
em Wageningen, Holanda, aproveita a ecológica,ambientalmente correta e de
energia solar por meio de dois átrios baixo impacto, entre muitas outras.
cobertos de vidro. Possui, ainda,
Mas será que a arquitetura possui mesmo
sistema de ventilação natural, uso de
papel fundamental na redução dos
materiais locais e recuperação de água
impactos causados na natureza? Qual é o
da chuva
seu real impacto? E qual seria o caminho
para fazer dessa "nova arquitetura" um veículo para mudanças a caminho de um
futuro menos incerto?

Será que a garantia da conservação de matéria-prima para as gerações futuras


estaria nas mãos de arquitetos, engenheiros,paisagistas e outros profissionais da
cadeia da construção? Será que cabe a nós a manutenção de vida no planeta? Para
muitos pesquisadores a resposta é sim: estaria na criação de uma arquitetura de
menor impacto a base para a solução de muitos dos problemas que enfrentamos
atualmente.

O fato de o ambiente urbano com suas construções, atividades, serviços e


transportes consumir mais de 50% das fontes mundiais de energia e ser
responsável por grande parte da emissão de gases responsáveis pela mudança
climática, além de consumir grande parte da matéria-prima existente no planeta,
reforça a afirmação que a arquitetura possui grande responsabilidade nesse
processo.

Algumas respostas que já encontramos: materiais construtivos com baixo índice


de energia embutida, utilização de elementos da arquitetura vernacular, painéis
fotovoltaicos, sistemas construtivos racionalizados e modulares, geradores de
energia eólica, biodigestores, teto verde e permacultura.Orientação das fachadas,
iluminação e ventilação naturais, células de combustível, reciclagem e
reaproveitamento de materiais construtivos. Consumo verde, edifícios
inteligentes, fachadas duplas, armazenamento da água da chuva, reutilização das
águas cinzas, sensores de temperatura e de presença. Técnicas passivas de
condicionamento térmico, pegada ecológica, adensamento dos grandes centros,
transporte coletivo, softwares, arquitetura da terra, aumento das áreas de
drenagem, diminuição do impacto da construção. Utilização de materiais
construtivos provenientes da localidade, planejamento na fase de projeto,
eletrodomésticos com baixo consumo de energia....

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A Universidade Livre do Meio Ambiente (Unilivre), em Curitiba, tem


874 m2 feitos com troncos de eucalipto proveniente de
reflorestamento. Fica no Bosque Zaninelli, decretado espaço
municipal e de preservação em 1992. O local era utilizado para
exploração de granito

Universo de soluções

O que fazer diante desse universo de possibilidades? Qual será o melhor caminho?
Como avaliar, quantificar e justificar os aspectos ambientais de determinada
decisão se os econômicos ainda são os mais importantes? O que deve ser feito
para inclusão de novos valores, não só na arquitetura, mas também na sociedade?

Por tudo isso, a arquitetura não será modificada, mas terá que incorporar
referenciais mais sustentáveis. Esta "nova arquitetura" refere-se a um processo de
retomada de valores, somados às variáveis de sustentabilidade.

Todo o quadro de colapso do meio ambiente, mais o agravamento do quadro


social, tem feito com que as questões relacionadas ao impacto de uma edificação
se tornem cada vez mais rígidas e complicadas.

Este fato tem tornado os projetos muito mais complexos, fazendo com que seja
necessária uma equipe multidisciplinar para a resolução dos problemas e tomada
de decisões. O arquiteto e demais profissionais da área ainda não possuem
conhecimento para fazer o contraponto entre as questões ambientais e o ambiente
construído, sendo necessário uma interação com profissionais de outras áreas.

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Edifício-sede da Avax em Atenas, Grécia, do escritório Meletitiki/AN


Tombazis & Arquitetos Associados. Para controle da luminosidade,
optou-se por brises automáticos

Vários autores e institutos de pesquisa vêm trabalhando na criação de métodos


para facilitar a incorporação dessas "novas" variáveis na arquitetura. É necessário
que os arquitetos e outros projetistas envolvidos em uma construção tenham
elementos para tomarem decisões conscientes em seus projetos, pesando, de
acordo com as possibilidades, as variáveis econômicas e ambientais.

A crescente e gradativa utilização de tecnologias limpas, como energia solar e


eólica, a utilização da água da chuva e reutilização das águas cinzas e negras,
possíveis graças ao desenvolvimento tecnológico e ao aumento de consciência dos
profissionais e da população, é reflexo de um natural encaminhamento para
soluções mais "sustentáveis", em que práticas de um menor impacto ambiental já
estão sendo incorporadas.

As atuais realidades econômicas,


sociais e políticas vigentes na
maioria dos países reforçam as
infindáveis razões não só para os
arquitetos se preocuparem com o
futuro que se vislumbra,mas,
principalmente, para constatarem
a necessidade de tomada de
consciência, promovendo a
qualidade da arquitetura e
minimizando seu impacto. A sede do UBS Bank, em Suglio, Suíça, tem
fachada coberta com painéis fotovoltaicos.
Todas as questões levantadas no Cerca de 90% do material construtivo da
texto têm o objetivo não só de antiga sede do banco foi reaproveitado na
mostrar o longo caminho que construção dessa nova sede
temos a percorrer, mas também - e
em primeiro lugar - expor o quanto nós, arquitetos, engenheiros e profissionais da
área, temos responsabilidade nas soluções adotadas em nossos projetos.
Responsabilidade esta não apenas como profissionais,mas como cidadãos.

Acreditamos que ao direcionar suas ações nesse sentido, os arquitetos irão


conseguir educar e cada vez mais criar um senso de responsabilidade na sociedade
como um todo, porque somente com mudanças estruturais profundas, que incluem
um novo modo de vida e hábitos, será possível obter resultados verdadeiros rumo
a um futuro mais sustentável.

"Seja você a mudança que espera ver no mundo..."


Mahatma Gandhi

Roberta Consentino Kronka Mülfarth é arquiteta formada em 1994 na


FAUUSP, mestra em Energia pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, em
1998, e doutora em Estruturas Ambientais Urbanas, em 2003, pela FAUUSP.
Atualmente é pesquisadora do NUTAUUSP (Núcleo de Pesquisa em Tecnologia
da Arquitetura e Urbanismo) na área de sustentabilidade.

Bobliografia
GIRARDET, Herbert. Cities People Planet - Liveable Cities for a Sustainable
World, Londres, Wiley Academy, 2004.

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MÜLFARTH, R. C. Kronka. Arquitetura de Baixo Impacto Humano e Ambiental,


tese de doutorado, FAUUSP, São Paulo, 2003.
ROGERS, Richard. Cities for a small planet; editado por Philip Gumuchdjian,
Estados Unidos, Westview Press, 1998.
YEANG, Ken. The Green Skyscraper - The Basis for Designing Sustainable
intensive Building, New York, Prestel, 1999.

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