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A MARCA DA MÍDIA
Renato Meirelles
Greice Figueiredo
Pesquisa de Mídia
FAAP
Fundação Armando Álvares Penteado
Professor Orientador: Fábio Mariano
A MARCA DA MÍDIA
Sinopse
Muito tem se falado sobre a construção de marcas, mas pouco sobre o lugar da
mídia nessa tarefa. Na era do marketing da emoção, as novas possibilidades de
mídia promovem uma experiência para o consumidor e passam a fazer parte do
seu cotidiano.
Esse estudo propõe um modelo analítico que mostra a colaboração e
importância da mídia na construção das marcas através de diversos exemplos
do que conhecemos como mídia alternativa.
Aproveitamos esse espaço para gerar reflexão sobre as novos meios que a
mídia tem se utilizado na tarefa de conquistar a atenção e envolvimento do
consumidor.
Esse é portanto, um trabalho que tem um perfil mais reflexivo do que
propriamente um estudo de um determinado meio.
Para essa tarefa, consideramos como objeto de estudo a chamada mídia
alternativa, com destaque para o mobiliário urbano. Mas várias formas novas e
diferentes de ações de mídia são comentadas nesse trabalho. A escolha dessas
mídias é porque:
Metodologia do estudo
Uma marca é muito mais do que um nome, ela gera identificação entre o
consumidor e a empresa. Ela estabelece uma relação emocional com o target.
Oferece uma experiência
No mundo inteiro os profissionais de mídia estão ganhando mais destaque.
Isso porque surgem novos meios para comunicar mensagens ao público.
Telefone celular, cartão telefônico, TV segmentada, Internet... até umas inocente
xícara para um gostoso cafezinho ou mesmo um banheiro, podem ser meios
para atingir o consumidor.
Pode até parecer estranho, mas o mercado
de publicidade em banheiros tem sido explorado
nos Estados Unidos e Canadá há mais de 25
anos. “Enquanto as pessoas ficam literalmente
presas entre um e três minutos, estão pré-
dispostas a ler e observar tudo ao redor” (Meio &
Mensagem, 19 de março, 2001). É a
mensagem/anúncio/anunciante/marca no cotidiano
do consumidor, participando da experiência dele.
E isso porque, “o meio é a mensagem” (McLuhan).
Atingir o consumidor até que não é tão difícil. Nem mesmo conquistar a
sua atenção. Na verdade, o desafio, quando falamos em marcas, está em: como
impactar o consumidor através do meio? Como atingí-lo através de um meio que
tenha real relevância e significado para o público alvo? Como levar a publicidade
– e, conseqüentemente o anunciante e sua marca – a fazer parte do cotidiano do
público através do meio?
John Hegarty, presidente e diretor de criatividade da Bartle Bogle Hegarty,
em entrevista para a Meio & Mensagem em dezembro de 1999, nos lembra que
“a tarefa da publicidade é comunicar de um modo relevante”. Ele alerta que para
cumprir esse objetivo, o papel do profissional de mídia é imprescindível e
insubstituível. Também chama a nossa atenção para o momento atual: ebulição
na mídia.
Os profissionais de mídia não estão preocupados somente em atingir o
público alvo do cliente da agência. Querem mais. Querem saber quais são os
estímulos que cada meio provoca no público e como adequar as mensagens a
esses meios. Querem saber sobre o relacionamento do consumidor e os meios.
Estão cada vez mais se envolvendo com a construção de marcas.
É exatamente esse o momento que estamos vivendo. Uma explosão das
mídias, em busca de impactar e relacionar-se com o público, de modo a
construir relevância da mensagem junto ao consumidor.
Acreditamos que nenhum meio de comunicação é neutro. Ele carrega
consigo significados que se corretamente diagnosticados podem ter importante
papel no processo de construção e manutenção da marca de um produto.
O “consumidor multimídia” não só absorve passivamente uma mídia,
como muitas vezes procura por uma. Em um show, por exemplo, ao sentir calor,
pode desejar um leque de alguma cervejaria. Ele procura o leque para se
abanar ou um saquinho de lixo para utilizar no carro Essas ações de “mídia não
convencional” acabam se tornando desejadas, e portanto, relevantes para o
consumidor.
“... Esses são exemplos de mídia que não tem simplesmente objetivo
de atingir o target, tem também o objetivo de dar
algum benefício para o usuário. Quer dizer “nós estamos preocupados em
dar a você um certo benefício. Não é simplesmente
uma propaganda que não te deu nada.”
José Alves
ATENÇÃO OU VISIBILIDADE:
RELEVÂNCIA:
Função -> todo veículo tem uma função específica para o seu target.
Dependendo da função reconhecida de um determinado meio, selecionada para
uma campanha, o consumidor pode perceber maior valor na marca, bem como
um serviço que lhe é prestado.
AÇÃO:
Em hipótese alguma esse modelo tem como resultado mostrar os meios ideais
para uma determinada campanha. O papel estratégico do profissional de mídia,
de forma alguma é substituído.
O consumidor está sem tempo. Ele leva de oito a doze horas na rua.
Quando não está no trabalho, está na escola, nos cursos, no médico, enfim,
resolvendo coisas fora de casa. Na tentativa de fisgar o consumidor que “fugiu”
das mídias convencionais, é que surge a mídia exterior. O mercado brasileiro de
mídia exterior está evoluindo, principalmente com a tendência das cidades de se
preocuparem com a questão da poluição visual. Na cidade de São Paulo, por
exemplo, está em andamento a “Operação Belezura” que promete despoluir o
espaço público e assim melhorar o visual da cidade. Projeto este que no fundo
vai beneficiar a propaganda exterior, uma vez que ela vai estar regulamentada.
E nesta questão, escolhemos tratar do mobiliário urbano (totens, relógios,
abrigo de ônibus, banheiros públicos e quiosques multiserviços) por se tratar de
um tipo de mídia que pode ter um significado para o target, além de ser veículo
da mensagem.
“Eu acredito que as pessoas talvez possam ter alguma percepção, que o
banheiro público, por exemplo, presta serviço para a população. Está ali
porque é patrocinado. É como um jardim que é
mantido por alguma empresa.”
“Mas entre você colocar um anúncio que nada presta de serviço e você
colocar um anúncio em relógio aqui em São Paulo, ele presta muito mais
do que outdoor, porque tem a hora, a temperatura. Então, é uma mídia que
a probabilidade dela prestar um serviço pra formação de imagem é maior
do que os outros que nada te oferecem ”
No Brasil, a chegada de empresas multinacionais como as JCDecaux,
Clear Channel Adshel e a Cemusa esquentou o mercado e trouxe um toque
especial às cidades que possuem licitação para a implantação do mobiliário. Rio
de Janeiro e Salvador servem como exemplo de organização urbana onde a
fiscalização é rigorosa, preservando a paisagem e privilegiando mais a qualidade
do que a quantidade.A experiência com os mobiliários urbanos tem trazido bons
resultados para a prefeitura dessas cidades, para população e é claro, para os
anunciantes.
“Eu acho que o consumidor reconhece o bem que é feito pra ele. O
mobiliário urbano tem essa característica de ser um serviço prestado,
‘aquele anúncio está lá e eu vou respeitá-lo porque ele está me protegendo,
ele está me deixando num lugar onde eu posso sentar, onde eu posso ficar
embaixo coberto’. Isso é mundial, é uma coisa que as pessoas no mundo
inteiro reconhecem.”
Maria Lúcia Cucci
A Cemusa cita como exemplo o case do Supermercado Guanabara, no Rio
de Janeiro. Tendo oferecido seus serviços primeiramente a grandes redes
varejistas, a Cemusa teve suas propostas recusadas. Foi então que essa rede
local optou por anunciar nos mobiliários urbanos. O resultado foi tão
surpreendente que os Supermercados Guanabara fecharam contrato para um
ano inteiro, impedindo assim que os concorrentes comprassem espaço na
mesma mídia deles. Causou furor no mercado varejista e gerou um índice de
recall ao Guanabara de 65%, ficando a frente da Coca-cola (45%) (About,2002).
Estética -> a mídia contribui para a beleza do ambiente, sem agredí-lo. Existe
respeito pela paisagem.
Função -> a mídia por si só, oferece uma utilidade para o target. De alguma
forma, o meio melhora e contribui para a vida do público.
Mídia de colecionador
Como 5 mil é uma tiragem baixa para quem quer fazer efeito através dessa
mídia, a sugestão é produzir séries com vários modelos sobre o mesmo tema.
Assim fez a Nestlé quando publicou diversos tipos de cartões sobre a promoção
Show do Milhão, tornando seus cartões colecionáveis e comercialmente
interessante como mídia.
A mídia nossa de cada dia: ela se insere no cotidiano de forma tão natural
que não é percebida como mídia.
Estamos falando de quando vamos a praia e ficamos sentados debaixo do
volta é mídia. A cadeira tem uma marca, o guarda sol é patrocinado por alguma
cervejaria, assim como o porta-guardanapo e o descanso do copo.
É a mídia entrando subliminarmente na mente do consumidor e por sua
vez, formando uma marca. Parece que o consumidor não percebe; mas se ela
não estivesse lá, ele provavelmente iria sentir falta.
Na foto a seguir, os guardas-sol da Telefônica compõem harmoniosamente
a paisagem. Relevância de função, mas baixa relevância de conteúdo e estética.
O Jornal Diário de São Paulo fez uma ação para aumentar as vendas no
litoral durante este verão. Colocou equipe uniformizada vendendo o jornal na
areia da praia e na orla. Além disso, um mini-trio elétrico personalizado percorria
as praias distribuindo brindes para quem fosse pego de surpresa com um
exemplar do jornal nas mãos. É a mídia mais uma vez, participando e
promovendo experiência ao consumidor.
Fialdini inspirou-se, por sua vez, nas “hostess” do Na Mata Café para
elaborar seu painel de mais de 30 metros quadrados, no qual foi inserida, na
imagem entre os abdomens de duas jovens, uma garrafa da bebida.
Absolut no Na Mata
A ação custou, segundo a empresa, R$ 100 mil e teve como objetivo gerar
envolvimento entre a marca e target, através da mídia.