S
eit August 2012 obliegt die Redaktion der Fachzeitschrift Projekt dem ABraPA-
A B R A PA
Vorstand in Rio Grande do Sul, der sich auch mit der diesjährigen Ausgabe beschäftigt. Associação Brasileira de Associações
de Professores de Alemão
Im Redaktionsteam sind: Josiane Richter, Präsidentin der ABraPA 2015-2018; Geraldo
Luiz de Carvalho Neto, Leiter der Spracharbeit - Werther Institut und Schriftleiter des
Diretoria
Internationalen Deutschlehrerverbands (IDV); Karen Pupp Spinassé - Dozentin an der PRESIDENTE Josiane Richter
VICE-PRESIDENTE Rosângela Markmann Messa
UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul); Rosângela Markmann Messa - 1ª SECRETÁRIA Merlinde Piening Kohl
Pädagogische Leiterin der Rede Sinodal de Educação; Gabriela Marques-Schäfer - Dozentin 2ª SECRETÁRIA Karen Pupp Spinassé
TESOUREIRA Raquel Vetromilla
an der UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Wir freuen uns besonders darüber, Ihnen mitteilen zu können, dass sich die 2011 Conselho Editorial
Josiane Richter, Geraldo Luiz de Carvalho Neto,
eingeführte Onlineversion von Projekt bewährt hat und brasilien- sowie weltweit eine viel Karen Pupp Spinassé, Rosângela Markmann
Messa e Gabriela Marques-Schäfer.
breitere Leserschaft erreicht hat. Mit dem Onlineformat möchten wir demzufolge unsere
Projekt-Arbeit fortsetzen, deren diesjähriges Ergebnis jetzt vorliegt. Editores Regionais
APP A-SP
APPA-SP
Die vorliegende Ausgabe widmet sich in erster Linie der Veröffentlichung akademischer Helga Sabotta Araujo
appasaopaulo@gmail.com
Artikel von Verbandsmitgliedern verschiedener Regionen Brasiliens. Hier finden Sie diesmal
ACP A
PA
Beiträge zu Unterrichtpraxis , Leherausbildung, Übersetzung und Literatur. Diese Ausgabe
2
Conte-me que eu te conto: como o domínio da língua
pode ser incentivado com a contação de histórias
Johannes Merkel
A importância de se trabalhar
com abordagens plurais em aula de
língua estrangeira: em especial
“a conscientização linguística”
Laura Martins Würzius | UFRGS
U
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
m dos grandes desafios da escola é conseguir valorizar a diversidade Nas abordagens plurais, o indivíduo pode
ampliar sua competência plurilíngue e
linguística e cultural1 dos estudantes e de seu contexto escolar para
pluricultural, contando com a aptidão que
aproveitá-la em aula, indo para além de um ensino isolado de uma
ele tem de uma determinada língua para
aula de língua estrangeira. A diversidade linguística e cultural está cada vez mais consolidar e melhorar aptidões com outras,
presente nas escolas em que os estudantes têm cada vez mais acesso a mídias ou seja, o indivíduo é estimulado a
4 potencializar seus conhecimentos linguís-
digitais com informações rápidas e contato com outras línguas e culturas.
ticos e culturais para aprender outra língua.
As abordagens plurais têm sido
À luz desse contexto, abordagens plurais para a educação que oportunizam muito utilizadas de forma efetiva em
plurais, entendidas como abordagens uma interação com diferentes línguas e países de mais de uma língua oficial e,
didáticas, se fazem importantes para o culturas de forma integrada, utilizando também, naqueles que línguas minori-
ensino de língua estrangeira, pois atividades que envolvam mais de uma tárias estão presentes, como é o caso dos
pretendem responder a questões, como o língua e/ou cultura. Candelier et al. (2010: países da União Europeia. No início dos
isolamento do ensino de uma língua nas 8) apresentam a diferença de uma anos 2000, o Conselho da Europa, mostrou
escolas e como um objetivo de fomentar a abordagem plural para uma singular. Para atenção para a importância de trabalhar
conscientização linguística dos estudan- os autores, uma abordagem plural é uma várias línguas nas escolas, destacando a
tes, valorizando seus pré-conhecimentos, abordagem didática que é trabalhada em competência plurilíngue e pluricultural,
encorajando os a empoderar seus conhe- diversas línguas e culturas, diferentemente que constitui em uma habilidade de
cimentos linguísticos, integrando suas de uma abordagem singular, que leva em comunicação linguística, que abrange as
línguas e as aprendidas em atividades e conta apenas uma língua ou cultura de línguas que o indivíduo tem a sua dis-
projetos, e os preparando para situações forma isolada. Além disso, um ensino posição. Segundo Candelier et al. (2004:
de contato com diversas línguas e culturas. plural vai buscar preservar e desenvolver a 17) a competência plurilíngue e pluri-
Nesse viés, destacamos as abordagens competência plurilíngue e pluricultural. cultural consiste
1
Utilizamos o conceito “diversidade” para designar a “coexistência de diferentes”, ao contrário de “pluralidade” que entendemos
neste artigo como “a postura de se constituir plural diante da diversidade” (conforme ALTENHOFEN e BROCH, 2011: 17)
“na comunicação linguística e mentais rigorosamente separados; linguística a partir da valorização das suas
habilidades de interação cultural de pelo contrário, constrói-se uma semelhanças e percepção das diferenças,
um jogador social que, em vários competência comunicativa, para a propostas por Hufeisen e Marx (2007); e a
níveis, domina várias línguas e tem qual contribuem todo o conhe- Didática Integrada de Neuner e Hufeisen
experiência de várias culturas”2. cimento e toda a experiência das (2003), cujo objetivo é construir sobre a
línguas e na qual as línguas se inter- primeira língua do aluno o acesso a uma
Ainda para os referidos autores, ao relacionam e interagem”. primeira língua estrangeira e, a partir
indivíduo tomar conhecimento de uma dessas duas línguas, facilitar a porta de
língua, ele vai conhecer alguma parte de Uma abordagem plurilíngue vai, entrada para a segunda língua estrangeira.
diversas outras línguas, mesmo sem ter assim, valorizar uma aula que apoie a Neste trabalho, destaco a conscientização
consciência disso. competência plurilíngue e pluricultural, linguística na seção a seguir.
Nos últimos anos, o termo “pluri- fazendo com que o estudante possa se
linguismo” ganhou força no ensino/ sentir autoconfiante e consciente com e do A conscientização linguística e
aprendizagem de línguas na Europa, pela seu conhecimento e capacidade com suas contribuições para o ensino/
população ser cada vez mais plural em outras línguas, e as competências com suas aprendizado de língua estrangeira
virtude da mobilização das populações e outras línguas e culturas sejam melhor e para a sociedade
culturas. Diferente do multilinguismo, integradas a competência da língua alvo,
que é o convívio de várias línguas em um promovendo respeito a diferentes povos e A abordagem plural conscientização
mesmo espaço, o plurilinguismo é o co- desenvolvendo capacidades de ordem linguística (CL), conhecida em inglês como
2
Do original: “of the language communication and cultural interaction skills of a social player who, at various
levels, masters several languages and has experience of several cultures” (CANDELIER, 2004: 17)
nas aulas, não somente aquela ensinada mundo social em que o indivíduo vive, e que trabalhar com conscientização lin-
na escola, tendo como objetivo despertar uma postura positiva frente às línguas, guística nas aulas de línguas estrangeiras
os alunos para as línguas, tanto as línguas tanto às de maior, quanto às de menor potencializa as formas de percepção das
que os estudantes aprendem na escola, prestígio. línguas, de sua comparação, das suas
mas outras aprendidas fora dela, sua Candelier (2000: 27) apresenta uma semelhanças e diferentes, e do uso desse
diversidade e suas funções. Da perspectiva definição da conscientização linguística conhecimento para melhorar o apren-
dessa abordagem, o repertório linguístico que abarca tanto os aspectos de represen- dizado das línguas.
do aluno não pode ser ignorado, já que as tatividade das línguas, quanto os metalin- Para Candelier et. al (2004: 19), a
experiências da primeira língua podem ser guísticos e metacomunicativos. Para o au- conscientização linguística pode ser vista
essenciais para a obtenção da língua tor, a abordagem conscientização linguís- como uma nova porta de entrada para as
adicional. Assim, percebemos a intenção tica contribui para efeitos positivos nos línguas, pois ela não visa somente as
de se modificar a atitude em relação às alunos em três dimensões: habilidades de ouvir, analisar, aprender
línguas da sua comunidade e de despertar a) a promoção de uma visão e atitude po- as línguas, como também a diversidade
o interesse sobre as culturas em geral. Além sitiva frente às línguas, como a abertura das línguas e suas culturas, valorizando a
disso, essa abordagem pretende poten- à diversidade linguística e cultural; parte intercultural de cada integrante. Em
cializar a habilidade metalinguística, fator b) o desenvolvimento de habilidades meta- se tratando de contribuição para a
de suma importância quando se fala de linguísticas / metacomunicativa (obser- diversificação da escolha dos alunos das
conscientização linguística. A Association for vação e raciocínio) e de competências línguas, tem-se como proposta estimular
Language Awareness (ALA), por sua vez, linguísticas de línguas da escola ou não; a confiança e curiosidade para o que é
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
defini a conscientização linguística voltada c) o incentivo a uma cultura linguística, diferente e, assim, ajudar na escolha da
para a percepção de sistemas linguísticos que ajuda os alunos a entender um língua que os alunos querem aprendem,
parecidos e potencialização da metalin- mundo plurilíngue e pluricultural. além de colaborar o acesso ao conheci-
guagem. Segundo a associação, conscien- mento a outras disciplinas. O Quadro Eu-
tização linguística é “um conhecimento Hélot (2006), Lourenço e Andrade ropeu Comum de Referência para as
6 explícito sobre a língua, uma percepção (2011), Käfer (2013) e o programa Ja-Ling, Línguas entende essa abordagem como
consciente e uma sensibilidade na apren- coordenado por Michael Candelier, uma preparação para a aprendizagem de
dizagem de línguas, no ensino de línguas apresentam estudos que visam a promoção línguas, potencializando o interesse e
e no uso de línguas”.3 de uma visão e uma atitude positiva fren- curiosidade de línguas e confiança na sua
Em contrapartida a uma definição tes às línguas, como também trabalhos que própria aprendizagem,
mais relacionada somente aos aspectos incentivam a tolerância e compreensão “para desenvolver a confiança do
propriamente linguísticos, Hélot (2006) para línguas e culturas diferentes daquelas aprendiz em sua própria habilidade
acredita que a conscientização linguística que os alunos envolvidos nos projetos de aprendizagem, suas habilidades
não se trata de dar mais poder aquelas possuem. Esses trabalhos apresentam ou em observar / analisar línguas, seja
línguas que já possuem, mas transformar promovem uma sensibilização à diver- lá o que for, a habilidade de confiar
o conhecimento dos alunos em algo a ser sidade linguística e cultural e os apresento na compreensão de um fenômeno em
reconhecido e em uma ferramenta. Para o nas seções seguintes. um idioma para entender mais
autor, a conscientização linguística não é No que diz respeito ao desenvolvi- completamente - através da seme-
uma nova disciplina a ser introduzida nas mento de habilidades metalinguísticas e lhança ou contraste - um fenômeno
escolas, mas deve ser vista como uma abor- metacomunicativas, trabalhos como a de em outro” 4 (Candelier, 2004: 19).
dagem interdisciplinar que incentiva uma Lourenço e Andrade (2011), Broch (2012),
percepção da diversidade linguística no Käfer (2013) e o projeto Ja-Ling afirmam Nas escolas, essa abordagem pode
3
Do original: “We define Language Awareness as explicit knowledge about language, and conscious perception and sensitivity in language learning,
language teaching and language use”. Disponível em: < http://www.languageawareness.org/?page_id=48>. Acesso em: 3 de março de 2017.
4
Do original: “to develop the learner’s confidence in his or her own learning abilities, his or her skills in observing/analysing languages, whatever they
may be, the ability to rely on an understanding of a phenomenon in one language to understand more fully – through similarity or contrast – a
phenomenon in another”. (CANDELIER, 2004, p.19)
servir de apoio para o ensino e apren- do Evland, o programa Ja-ling (Janua aplicar esses recursos nas aulas; c) Fazer
dizagem de línguas, pois ajuda a desen- Linguarum), em 10 países (CANDELIER avaliação quantitativa e qualitativa dos
volver o conhecimento e atitudes neces- et al., 2004), programas de sensibilização cursos, que envolveu entrevistas, obser-
sárias para a comunicação, em que cada à diversidade linguística e cultural do vações e questionários.
língua contribui para o aprendizado de projeto Didenheim na França (HÉLOT, Os resultados surgiram de um curso
outras línguas. 2004). Houve outras inúmeras pesquisas, de 35 horas. O programa propôs a analisar
Trabalhando com essa abordagem em como o de Louise Dabène e Ghislaine o interesse, a diversidade e a aceitação dos
aula de língua estrangeira, podemos não Haas na França nos anos 90, o projeto em alunos ao desconhecido. Em relação à
só relacionar a uma reflexão sobre as Friburgo, Alemanha e as atividades de linguagem, foi analisado a capacidade de
línguas e sobre a diversas culturas, mas os consciência da língua na Suíça. Tam- discriminar através da compreensão oral e
estudantes têm a oportunidade de se bém, houve os trabalhos de investigação das habilidades de sintaxe textos, através
relacionar com outras áreas que são Landesinstitut für Schule und Weiter- da desconstrução e construção deles em
genuínas de outras disciplinas. Segundo bildung na Alemanha e o Zentrum für uma língua desconhecida. O interesse e a
Candelier (2004: 20), essa abordagem Schulentwicklung na Áustria, nos anos compreensão oral foram confirmados, já
propicia: 90 e na Itália uma abordagem de sen- nas habilidades de sintaxe foi confirmado
“examinar os lugares onde as lín- sibilização que durou mais de 20 anos. em apenas alguns casos. Porém, a decep-
guas que encontramos são faladas No Brasil, houve pesquisas realizadas ção foi pelas línguas faladas pelos alunos
nos leva à geografia; descobrir na área de conscientização linguística não serem consideradas.
palavras emprestadas de uma (LOURENÇO e ANDRADE, 2011; BROCH, A partir do projeto houve uma pro-
5
Do original: “examining the places where the languages we encounter are spoken takes us to geography; discovering words borrowed from one language
to another or the kinship between languages takes us to history; scripts, to calligraphy and plastic arts; the notation of figures, to mathematics; proverbs, to
the study of the natural environment, etc. Not to mention the role of open attitudes in citizenship education”. (CANDELIER, 2004: 17)
tinha o objetivo de desenvolver uma O PROJETO EM DIDENHEIM Os professores esperavam uma coexis-
atitude positiva em relação às repre- tência de línguas e culturas na escola mais
sentações faces às línguas e às habilidades O estudo pesquisado por Hélot igualitária. O bilinguismo das crianças não
de ordem metalinguística. (2006), desenvolvido em Didenheim na foi mais visto como déficit, mas como um
O projeto Ja-ling foi bem aceito França, se baseia na conscientização recurso para o projeto. Os pais foram capa-
principalmente nas escolas com presença linguística de Hawkings. O projeto apre- citados, as línguas minoritárias foram
de línguas de imigração. A partir do senta as línguas presentes na comunidade, valorizadas não somente na escola, mas
projeto, os estudantes desenvolveram línguas minoritárias que muitas vezes têm também em casa. Os professores desa-
também habilidades metalinguísticas, pouco prestígio social, pelo meio de fiaram uma mudança de opinião de que
além de ele ter auxiliado principalmente atividades culturais e linguísticas, envol- algumas línguas são inferiores a outras.
nas escolhas das línguas. Neste projeto, vendo pais e alunos. O foco em Didenheim Os resultados alcançados através da
os próprios professores adaptavam ou não era a consciência metalinguística, mas participação do projeto foram significati-
elaboraram os materiais didáticos, que sim uma dimensão mais cultural, voltada vamente importantes. No início, as crian-
giraram em torno dos temas como: nomes para a educação da cidadania, ressaltando ças ficaram envergonhadas de usar a sua
e nomes próprios, os dias da semana, os valores de tolerância e de respeito pela língua, mas depois ficaram felizes em
polidez, os sons dos animais (onoma- diversidade linguística e cultural. O traba- poder mostrar a sua língua, e começaram
topeia), em materiais com vídeo/áudio e lho foi desenvolvido com a colaboração dos a “existir” em sala de aula. Além disso, as
papel. Em algumas escolas, os professores pais e alunos, e os envolvidos mostraram línguas minoritárias sendo colocadas como
tomaram iniciativas individuais, em outras uma boa aceitação das diferentes línguas foco de um projeto foi uma forma de
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
REFERÊNCIAS
Altenhofen, C. V.; Broch, I. K.. (2011) Fundamentos para uma pedagogia do plurilinguismo baseada no modelo de conscientização linguística
(language awareness). In: V Encuentro Internacional de Investigadores de Políticas Linguísticas, 2011, Montevideo. V Encuentro
Internacional de Investigadores de Políticas Linguísticas. Montevideo: Universidad de la República e Associación de Universidades Grupo
Montevideo. 15-22.
BROCH, Ingrid Kuchenbecker. Papel da conscientização linguística para uma pedagogia do plurilinguismo nos anos iniciais da escola. Revista
Digital de Políticas Linguísticas, v. 4, p. 78-110, 2012.
CANDELIER, Michel et al. (Cord). Framework of reference for Pluralistic Approaches to languages and cultures: Competences and resources.
Strasbourg, Council of Europe Publishing, 2010.
CANDELIER, Michel. Approches plurielles, didactiques du plurilinguisme: le même et l’autre. Le Mans. Les Cahiers de l’Acedle, vol. 5, n° 1, 2008.
Candelier, M. (ed.). (2004). Janua Linguarium – The gateway to languages. The introduction of language awareness into the curriculum:
Awakening to languages. Graz: European Center for Modern Languages, Council of Europe Plublishing.
Candelier, M. (2000) – L’Introduction de l’Éveil aux Langues dans le Curriculum, CELV, Graz, Conseil de l’Europe.
CONSELHO DA EUROPA. (2001). Quadro Europeu Comum de referência para as Línguas, Aprendizagem, Ensino, Avaliação. Porto: Edições
Asa.
HUFEISEN, Britta; MARX, Nicole. EuroComGerm – Die sieben Siebe. Germanische Sprachen lesen lernen. Aachen, Shaker Verlag, 2007.
HUFEISEN, Britta; NEUNER, Gerhard. Mehrsprachigkeitskonzept – Tertiärsprachen – Deutsch nach Englisch. Strasburg, Europarat, 2003.
Lourenco, M. & Andrade, A. I. (2011) A sensibilização a diversidade linguística no pré-escolar como suporte para a aprendizagem de línguas ao
longo da vida. In: Livro de Atas do XI Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Disponível em: <http;//
HDL.handle.net/10773/9483>. Acesso em: 19 de agosto de 2017.
Hawkins, E. (1999). Foreign Language Study and Language Awareness. In Language Awareness, vol. 8, nº 3 & 4, 1999. 124-142.
KÄFER, Maria Lidiane. A Conscientização Linguística como Fundamento para uma Abordagem Plural no Ensino de Alemão-Padrão em
Contextos de Conato Português-Hunsrückisch. Dissertação de mestrado. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS); Programa de Pós-Graduação em Letras, 2013. 156 p. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/79439. Acesso
em: 5 de janeiro de 2017.
HÉLOT, Christine. Bridging the gap between prestigious bilingualism and the bilingualism of minorities: Towards an integrated perspective of
multilingualism in the French education context. In: Laoire, Muiris Ó (Hrsg.). Multilingualism in educational settings. Baltmannsweiler :
Schneider Verlag Hohengehren, 2006. p. 49-72.
SPINASSÉ, Karen Pupp. Deutsch als Fremdsprache in Brasilien. Eine Studie über kontextabhängige unterschiedliche Lernersprachen und
muttersprachliche interferenzen. Frankfurt a.M.: Peter Lang, 2005.
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
10
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
11
Lehrerausbildung • Formação de Professores
A
formação de professores, em especial a formação de professores de ensino de língua estrangeira como com-
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
línguas estrangeiras, tem passado por grandes transformações ao petência a ser trabalhada com aprendizes
de língua em todos os níveis (Neuer, s/d;
longo dos últimos anos – transformações em larga escala, ligadas
Moroni, 2015). A mediação linguística não
aos efeitos da globalização sobre a difusão de conhecimentos através da circulação
se refere apenas a formas de trabalhar
de pessoas, bens e serviços, bem como em escala local, com a crescente língua e cultura com enfoque intercultural
12 profissionalização dos professores que atuam no ensino de línguas estrangeiras em sala de aula através, por exemplo, da
em escolas e cursos. Como efeitos de causa e também de consequência, as confecção de exercícios e metodologias que
envolvam a tradução escrita e também a
dinâmicas demandas de mercado indicam que o profissional atuante no contexto
tradução oral. O mediador tem grande
das línguas estrangeiras pode e precisa diversificar sua área de atuação – essa
valor também fora da sala de aula, em
demanda coincide com um movimento em curso na União Europeia e Estados outros contextos profissionais: uma
Unidos de integração de conhecimentos de comunicação intercultural ao contexto pessoa com treinamento em mediação
de ensino-aprendizagem de língua estrangeira. linguística pode possibilitar a comu-
nicação de acadêmicos, auxiliando em
visitas técnicas ou acompanhamentos em
Na Europa, o Quadro Comum formação para a cidadania em uma ordem fábricas e também poderá oferecer auxílio
Europeu para Línguas Estrangeiras global por um lado cada vez mais marcada em instituições públicas em contextos nos
passou a considerar – ao lado das pelas interações interculturais e cada vez quais não seja exigido um tradutor
competências ‘produção oral’, ‘produção mais evidenciando conflitos justamente juramentado (o contexto médico, por ex.)
escrita’, ‘capacidade auditiva/audiovi- pela falta de comunicação intercultural. (Roberts et al, 1998; Wadensjö et al, 2004;
sual’ e ‘capacidade de leitura’ – a mediação Nos últimos anos, a mediação linguística Hale, 2007).
linguística como aspecto fundamental da tem sido cada vez mais incorporada no Nesse contexto, dois professores do
Anelise F.P. Gondar é professora do Depto. de Letras Anglo-Germânicas da UERJ e professora da pós-graduação lato
*
sensu de Formação de Intérpretes de Conferência da PUC-Rio. É tradutora é intérprete profissional. Suas áreas de
interesse são: didática da interpretação; mediação linguística; ensino de LE. E-mail: gondar.uerj@gmail.com .
*
Ebal Sant´Anna Bolacio Filho é professor adjunto na UERJ, tem graduação em Letras pela mesma universidade,
Magister Artium pela Universidade de Frankfurt a.M.; doutorado em Letras pela PUC-Rio e é tradutor juramentado
para o idioma alemão pela Junta Comercial do Rio de Janeiro - Jucerja. E-mail:ebolacio@gmail.com
Setor de Alemão da UERJ com experiência guarda-chuva “für verschiedene Formen aspectos interculturais da aprendizagem
em tradução e interpretação desenvol- der mündlichen und schriftlichen Übertra- de língua estrangeira.
veram um projeto de desenvolvimento do gung von Texten in eine andere Sprache”1. No contexto da formação de profes-
potencial intercultural no uso dos conhe- A ideia de tradução ou transformação de sores de língua alemã na UERJ, algumas
cimentos sociolinguísticos para fomentar um conteúdo em uma língua para outra iniciativas já vinham sendo desenvolvidas
o diálogo entre culturas tanto no âmbito pode ocorrer de diversas formas, como para fomentar a reflexão acerca do papel
da sala de aula quanto em outros espaços vemos abaixo: mediador do aprendiz/ futuro professor
sociais. A realização de um primeiro de ALE, como a atividade de mediação
workshop de mediação linguística em “Das „Übertragen von Inhalt” fomentada em exercícios orais em sala de
fevereiro de 2017 a alunos de Língua zwischen zwei Sprachen kann aula e nas provas orais de final de semestre,
Alemã com vistas a atender a uma de- grundsätzlich in drei verschie- bem como no campo da Extensão, com
manda de comunicação da Universidade denen Formen stattfinden (vgl. atividades de sensibilização intercultural
(uma visita por parte de alunos alemães Haß 2006: 112): 1. das schriftliche como workshops e consultorias de aprendi-
ao Departamento de Arquitetura e Urba- Übersetzen 2. das mündliche zagem. (Marques-Schäfer et al, 2015).
nismo da UERJ com debate acerca dos Dolmetschen 3. das schriftliche
legados dos megaeventos para a cidade oder mündliche sinngemäße
do Rio) reforçou a necessidade de desen- Übertragen von Inhalten von PROJETO-PILOTO DE
volvimento da área de mediação linguística einer Sprache in die andere. Diese MEDIAÇÃO LINGUÍSTICA
e tradução oral com benefícios para a drei Arten tauchen auch alle
1
“Eingeführt wurde der Begriff des Sprachmittlers erstmalig 1940 durch Otto Monien” para o qual um intérprete, tradutor ou um conhecedor
da língua são “mittelnde Glieder zwischen verschiedenen Sprachen, sie sind alle Sprachmittler” (Fischer, 2012, p. 5).
disponibilizar alunos para a tarefa de acom- linguística e (3) teriam de fazê-lo com a sobre a abrangência multifacetada da área
panhamento dos visitantes. Organizou- velocidade ditada pela dinâmica da de mediação linguística faz com que o
se, então, uma oficina de introdução à interação oral entre os interlocutores em ensino-aprendizagem de línguas dialogue
mediação linguística com duração de duas questão. com demandas associadas ao ensino-
horas para preparar os alunos para o aprendizagem da língua alemã em nível
desafio de acompanhar os estudantes e mundial, tal qual definido pelo Quadro
professores no encontro de pesquisa e RESULTADO DA EXPERIÊNCIA Europeu para Ensino de Línguas Estran-
debate. geiras. O fomento do desenvolvimento de
A apresentação da ideia aos alunos A experiência foi plenamente satis- um projeto de mediação linguística exten-
no início do workshop contou com a fatória para ambos os lados: os alunos que sionista ou mesmo integrado à graduação
apresentação de definições de mediação puderam ter uma introdução e um trei- tem o potencial de (1) aguçar a sensi-
linguística, sua relevância no contexto/ namento ad hoc para uma tarefa de media- bilidade do graduando em relação à inter-
para além do ensino de ALE e também ção linguística para a qual se julgavam seccionalidade de aspectos interculturais
alguns conceitos utilizados nos momentos anteriormente não habilitados e os partici- em relação às competências trabalhadas
iniciais das aulas de introdução à inter- pantes do encontro, que não teriam podi- em sala de aula (produção oral’, ‘produção
pretação. Em seguida, foram apresentados do aproveitar plenamente as exposições escrita’, ‘capacidade auditiva/audiovi-
aos alunos os três pilares da atividade em língua portuguesa. sual’ e ‘capacidade de leitura), (2) eviden-
concreta da mediação sob a perspectiva A partir dessa vivência como media- ciar o papel do professor/ aluno de multi-
da interpretação: a necessidade do conhe- dores linguísticos, foi desmistificada a plicador de conhecimentos e estratégias de
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
cimento das línguas em questão, das “impossibilidade” de se pensar em uma diálogo intercultural dentro e fora de sala
culturas das mesmas e também conheci- atuação em uma área reconhecidamente de aula e (3) diversificar a inserção do gra-
mentos de cultura geral. tão complexa e que não é contemplada duando de Letras Português-Alemão no
A partir dos três pilares apresentados, pelos cursos de graduação em Letras no mercado de trabalho diante da compro-
foram desenvolvidos exercícios orais reali- Brasil2. vada inexistência de cursos e termi-
zados em grupo baseados nas tipologias nalidades no Rio de Janeiro que ofereçam
14
de exercícios desenvolvidos com alunos de aprofundamento teórico e instrumentos
primeiro semestre de cursos de formação CONSIDERAÇÕES FINAIS práticos para o desempenho da mediação
de interpretação de conferências: “contex- linguística.
tualização temática”, “flexibilidade lin- A experiência aqui relatada aponta
guística” e “velocidade mental”. A justifi- para possibilidades de ampliação do es-
cativa para o desenvolvimento de exer- copo de atuação do professor e do aluno/
cícios conforme a tipologia mencionada futuro professor de línguas estrangeiras
emergiu diretamente da necessidade apre- no contexto do ensino superior. A expe-
sentada pelo evento: os alunos teriam de riência de organização de um workshop para
(1) compreender mais profundamente a atender a uma demanda específica no con-
temática em questão (o legado urbano e texto da Universidade serviu como ele-
arquitetônico, bem como político, dos gran- mento catalisador de reflexões acerca da
des eventos realizados no Rio); (2) de domi- relevância da mediação linguística e da
nar estratégias para sanar eventuais indis- comunicação intercultural tanto em sala
ponibilidades vocabulares ou dificuldades de aula como no contexto extracurricular.
que ocorressem no momento da mediação Com isso, o adensamento da reflexão
2
Claro está que a formação de intérprete, tal como ela é feita em algumas poucas instituições universitárias no
Brasil, como é o caso da PUC-Rio, é indispensável para a formação de profissionais e não pretendemos de
nenhum modo apresentar a experiência aqui descrita como comparável a ela.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FISCHER, Jenny. Übersetzung als Sprachmittlung im DaF Unterricht. Masterarbeit. Universität Leipzig: 2012, 150p. Disponível em: http://
acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/36198/R%20-%20D%20-%20JENNY%20FISCHER.pdf?sequence=1 Acesso em: 15 maio
2017.
HALE, Sandra. Community interpreting
interpreting. Palgrave: 2007, 312p.
MARQUES-SCHÄFER, Gabriela, MARCHEZI, Leandra ; JUNGER, Mayara. . Consultoria de Aprendizagem de Línguas em Contexto
Universitário Brasileiro. Projekt (Curitiba), v. 53, p. 3, 2015.
MORONI, Manuela. Rezension: Hand- und Übungsbuch zur Sprachmittlung Italienisch-Deutsch (Rezension), gfl-journal
gfl-journal, No. 1/2015
Disponível em: www.gfl-journal.de/1- 2015/rez_Moroni.pdf Acesso em: 29 set. 2016.
NEUER, Gerhard. Mehrsprachigkeitsdidaktik und Tertiärsprachenlernen Grundlagen - Dimensionen – Merkmale - Zur Konzeption des Lehrwerks
„deutsch.com” Disponível em: http://www.hueber.de/sixcms/media.php/36/Neuner-Mehrsprachigkeitsdidaktik.pdf Acesso em: 29 set.
2016.
ROBERTS, Roda, CARR, Silvana, ABRAHAM, Diana, Dufour (eds). Interpreting in the community
community. John Benjamins: 1998, 325p.
SENKBEIL, Karsten, ENGBERS, Simona. Sprachmittlung als Interkulturelle Kompetenz – Interkulturelle Kompetenz durch Sprachmittlung.
Forum Sprache v.6, 2011, pp. 41-56 Disponível em: http://sk.hueber.de/sixcms/media.php/36/978-3-19-576100-0_ForumSprache_
62011_Artikel03.pdf Acesso em: 31 ago. 2017.
WADENSJÖ, Cecilia, DIMITROVA Birgitta, NILSSON, Anna-Lena. Professionalisation of interpreting in the community
community.. John
Benjamins: 2004, 328p.
E
manter seu diploma B1, segundo o Quadro
m um colégio onde há ensino regular da Língua Alemã no Rio de Janeiro,
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
local para ganhar aprovação do falante símbolo do país, e Dresden por sua carga Pois poder-se-ia ter limitações de espaço.
nativo. A isso dá-se o nome de convergência. histórica forte e pouco abordada em sala As ideias originaram-se dos próprios
Porém, o aprendiz também pode usar seu de aula. alunos. O papel do professor foi o de
discurso para marcar suas diferenças e isso Em trabalho conjunto com alunos do organização das atividades para cada
chama-se divergência. O meio social, as segundo ano do Ensino Médio do Colégio aluno de acordo com a área de interesse. A
relações com o outro e o nível de motivação Cruzeiro, aconteceu com sucesso o projeto função era mediar e apontar o que
18
podem encorajar o aluno a convergir ou “Reise ohne Koffer”. Como há dois grupos precisava ser feito e o que faltava, segundo
divergir da cultura e língua-alvo. Segundo da turma 200 (segundo ano do Ensino as ideias deles. É claro que o professor
Giles, os fatores sociais podem influenciar Médio), decidiu-se em coletivo que um também ajudou na confecção de objetos,
não somente o comportamento do estu- grupo construiria a cidade de Berlim e o na tentativa de criar uma boa relação com
dante perante a cultura, mas também seu outro, Dresden, com a supervisão de outro os alunos e criar uma cooperação entre
desenvolvimento de interlíngua. De acordo professor parceiro do projeto, sem o qual o professor-aluno. Após transpor as ideias
com o autor, o processo de comunicação e mesmo não teria sido possível. Cada para o papel, o rascunho começou a ganhar
a rapidez com que os falantes aprendem professor dirigiu a atividade à sua maneira. forma no interior da sala de aula. Como
determinados aspectos linguísticos são A ideia era permitir que os alunos fossem ficou dividido? Quais foram as ideias? A
mediados também pela cultura. O desen- livres para criar e buscar seu campo de sala seria dividida em duas partes com o
volvimento das habilidades linguísticas de interesse dentro do projeto. famoso “Muro de Berlim”. Mas a divisão
um aprendiz está diretamente conectado Para começar, algumas observações não seria a convencional (Oriental x
com sua relação com a cultura-alvo. O importantes são necessárias: esse trabalho Ocidental): de um lado seria Berlim
julgamento negativo pode prejudicar seu só foi possível, porque a turma em questão durante as grandes guerras e de outro
desempenho. A vontade do distancia- se caracteriza por projetos, como já citado Berlim moderna. Em Berlim antiga
mento e o medo de conhecer o outro os acima. Outra informação importante foi a permaneceriam as informações históricas
afastam e são criados os chamados este- organização das avaliações, visto que a em uma linha do tempo, com fatos
reótipos, discutidos acima. E é por isso que proposta foi realizada em uma escola e, importantes ocorridos na cidade (cada
é preciso, de alguma forma, colocar em por isso, deve-se estabelecer e cumprir aluno ficou responsável por uma data e
prática atividades culturais como media- cronogramas. Como o trabalho precisou optou-se por um recorte que abrange 1938
em diante), croquis de roupas de época de Brandemburgo. Como eles foram feitos? alunos. Do outro, algumas fotos de picha-
produzidos por uma aluna, filmes histó- A Berliner Fernsehturm foi feita com base de ções e grafites originais, com certo humor
ricos que se passam em Berlim e na Ale- cartolina, uma esfera de isopor e papel e criatividade, retiradas da página http:/
manha dentro do período recortado, um alumínio. Já o Brandenburger Tor foi feito com /www.notesofberlin.com (acesso em 23/
quadro de curiosidades, que continha: a caixas de pasta de dente e pintadas o mais 08/17), conferindo assim um ar “juvenil e
queda do muro motivada por engano pelo próximo possível de sua cor original, atra- despojado” à parte da “Berlim moderna”.
porta-voz Schabowski e o horários impor- vés de misturas de tintas. A base, que seria Para transitar entre os dois pontos da sala
tantes do dia da queda; as Trümmerfrauen a Unter den Linden, foi pintada em uma car- de aula, é preciso passar pelo famoso Check
(“mulheres das ruínas”, que se viram obri- tolina. Os alunos optaram por cores dife- point Charlie, criado com caixas de papelão,
gadas a ajudar na recuperação de várias rentes do original por questão estilística. tinta branca e caneta pilot preta, na tentativa
cidades da Alemanha e Áustria. Como as Como divisor dos dois ambientes de aproximar sua aparência do monu-
cidades estavam em ruínas após a Segunda estaria o “Muro de Berlim”: um tecido preto mento original. A famosa placa também
Guerra Mundial e muitos homens haviam pendurado em duas paredes por um estava ao lado. Para ter acesso à “Berlim
morrido durante as batalhas, muitas mu- barbante, impedindo toda a visão para o moderna”, é preciso responder a algumas
lheres tornaram-se viúvas e, por isso, o sexo outro lado da Berlim Moderna. Os alunos perguntas sobre a cidade, perguntas essas
feminino era predominante na população pintaram livremente o tecido com tintas, vistas na primeira parte da exposição. As
da época. Elas tiveram um grande papel escreveram seus nomes e fizeram dese- questões foram elaboradas pelos próprios
na recuperação e reconstrução de grandes nhos. Vale ressaltar que do lado “Berlim alunos. Abaixo algumas fotos. Infeliz-
cidades); a foto emblemática do soldado antiga” encontrava-se a escrita e a arte dos mente não há espaço para todas.
(paz), a preta durante a guerra (luto); pequenas excursões em grupos e, assim, e SCRIBNER, 1996; LEE, 1987, apud
vermelha durante o comunismo e a DDR os alunos do segundo ano, responsáveis FERREIRA, 2010 p. 40), Vygotsky traz a
(cor associada ao comunismo); a parte pelo projeto, poderiam guiar os visitantes, ideia do materialismo dialético. Isto é, “o
homem se desenvolve em interação com
outros homens por meio da linguagem,
instrumentos mediadores e em situação
20
de trabalho” (Ferreira, 2010 p. 40). E é isto
que Ferreira (2010, p.42) diz neste trecho:
Aprender/desenvolver uma LE é
entender que cultura e língua são
uma unidade, que este conhe-
cimento desperta outras áreas do
meu ser como identidade, moti-
vação, afetividade. Portanto, vai
além de adquirir vocabulário e
formas gramaticais.
BIBLIOGRAFIA
BISCHOF, Monika; KESSELING, Viola; KRECHEL, Rüdiger. Landeskunde und Literaturdidaktik. Fernstudieneinheit 18. Berlin:
Langenscheidt, 2003.
ELLIS, Rod. 1997. Second Language Acquisition. Oxford Introductions to Language Study. Oxford: OUP.
FERREIRA, Marília Mendes. A perspectiva sócio-cultural e sua contribuição para a aprendizagem de língua estrangeira: em
busca do desenvolvimento. Revista Intercâmbio, volume XXI: 38-61, 2010. São Paulo: LAEL/PUC-SP. ISSN 1806-275x
FRIZ, Susanne. Das Bild von England, Amerika und Deutschland bei Fremdsprachenlernern und in Fremdsprachen-
lehrwerken
lehrwerken: ein Beitrag zur komparativen Landeskunde. Munique: tuduv-Verlag, (tuduv-Studien: Reihe Sprach- und
Literaturwissenschaften, Vol . 32), 1991.
LESLIE BEEB and HOWARD GILES: ‘Accommodation theory: a discussion in terms of second language acquisition’ in
International Journal of the Sociology of Language 46, 1984, pages 5-32
MARQUES-SCHÄFER, Gabriela; STANKE, Roberta. Possibilidades e limitações no trabalho com estereótipos a partir do livro
A
té a metade do séc. XX a contação de história fazia parte do conjunto contador ou a contadora consegue ter as
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
1
Texto originalmente publicado na página oficial organizada pelo autor para discutir a contação e sugerir modelos de
histórias, “Merkels Ezählkabinett”, disponível em: <http://www.stories.uni-bremen.de/> (último acesso: 28/08/2017)
2
Professor da Bremen Universität, um dos iniciadores dos estudos sobre a importância contação
de história para o desenvolvimento da linguagem nas crianças.
O QUE SIGNIFICA -las de forma despreocupada, as histórias nos estorva, pelo contrário. Das histórias,
CONTAR UMA HISTÓRIA? narradas devem seguir uma estrutura por outro lado, esperamos que o sigam.
esperada pelo ouvinte, à qual o contador
deve atentar, para que possa ser compreen- A fantasia criativa das histórias
A contação de histórias se conecta à
dido. Na escrita, é possível variar essa
fala cotidiana, inclusive quando se trata
estrutura, é possível remodelá-la, inclusive Tomamos os contos de fadas como
de longos enredos cuja temática é fictícia.
ignorá-la, dado que o leitor encontra-se produtos naturais da fantasia. Por outro
Isso fica claro no caso de narrativas do
num estado de alta concentração à leitura. lado, partimos do mesmo pressuposto
cotidiano: elas são contadas em rodas de
Ao contar, é preciso segui-la de ponta a quanto às narrações que relatam vivências;
conversa e por isso são determinadas pelas
ponta minuciosamente. elas reportariam algo que ocorreu “de
regras que regulam a diversão e o entre-
Esse conhecido “esquema narrativo” verdade” em algum lugar. Porém, como
tenimento nesse contexto. A mais im-
descreve um arco temático: relata sobre um poderia esse fato estar de acordo com a
portante delas prevê que os diálogos
herói distante local e temporalmente da constatação de que as histórias seriam
corram de forma alternada. Cada uma das
contação, confrontado por uma vivência construídas de acordo com um esquema
partes integrantes pode contribuir da
surpreendente, ou que concebe um plano uniforme, o qual devem seguir a fim de
mesma forma para a conversa, e depois,
extraordinário. Dessa forma, coloca-se a demonstrar seu valor narrativo?
quando um fala, o outro reage constante-
questão de como ele vai lidar com essa Não é de todo evidente que as narra-
mente a este e às suas colocações.
situação e a qual resultado ela levará. ções reproduzem as experiências vivi-
Em segundo lugar, a contação exige das. Tem-se antes o contrário: encontros e
Das formas de comunicação
3
Um bruto, um bufão. Seu nome deriva de um personagem fictício que aparece pela primeira vez em 1494, no poema “Das Narrenschiff”
(“O navio dos tolos”), de Sebastian Brant, na figura de Sankt Grobian, padroeiro dos comportamentos rudes e abrutalhados. O termo provém
do médio alemão “grob” que significa grosseria e da terminação “_ian” para indicar um nome próprio na língua alemã, como Cassian ou
Damian. A versão latina do nome aparece como Grobianus. (N.do T.)
fixos, pequenos oásis quando da elabo- quência com que relatamos uma vivência, rido…”. A princesa é maravilhosa e tem
ração do texto improvisado. Simultanea- com maior fidelidade elas são repetidas. É cabelos dourados, seu salvador é por natu-
mente dão ritmo à prosódia. possível notar isso inclusive nos textos de reza corajoso, resiliente e forte.
A bem da verdade, também nas nos- nossas coleções de contos de fadas, embora É possível, portanto, observar sempre
sas narrações cotidianas criamos esses seu conteúdo tenha sido preparado pelos que essas repetições com base em fórmulas
calços sólidos. Observa-se, por exemplo, organizadores para um público alvo es- ficam gravadas especialmente nas crianças
como algumas formulações são automa- pecífico. Pertence ao estilo obrigatório do e são usadas como fundação em recon-
tizadas quando da contação repetida de gênero abrir com “era uma vez” e fechar tações ou em histórias autorais.
certas vivências; e, quanto maior a fre- com a fórmula “e se não tiverem mor-
Uma discussão mais exata sobre a estrutura da fala em contações, sobre a capacidade de contação infantil e sobre o significado das
histórias para as crianças pode ser encontrada em: MERKEL,J. Spielen, Erzählen, Phantasieren – Die Sprache der inneren Welt.
München: Kunstmann Verlag, 2000; Bremen: Neuauflage Edition Lumière, 2007.
26
4
Mestre em Estudos da Tradução pela USP.
Unterrichtspraxis • Prática de Ensino
I
nternet, tecnologia 3G e 4G, smartphone, tablete, apps – vivemos na chamada facilidade de permanecer, por mais tempo,
1
Professora Adjunta de Língua Alemã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2
Aluno de Graduação, Letras, Português-Alemão, Bolsista PIBIT/ Cnpq/UERJ
entender melhor alguns aspectos teóricos Nesta atividade, os alunos deverão
e práticos do uso de tecnologias móveis na Contação de história observar uma imagem, que foi enviada a
área da educação e, especialmente, na área no estilo ping-pong todos, por mensagem em grupo, ou que
de ensino e aprendizagem de línguas. foi disponibilizada por meio de uma
plataforma digital, podendo ser acessada
ao mesmo tempo, por todos, em sala de
10 IDEIAS PRÁTICAS aula. Após observarem a foto, os alunos
PARA PRATICAR A LÍNGUA tentarão adivinhar em que lugar a foto foi
ESTRANGEIRA DENTRO E tirada e quem ou o que pode ser visto na
FORA DA SALA DE AULA foto. É possível também que cada aluno
leve uma foto de determinado objeto ou
atividade que aprecia e os demais alunos
Quem digita mais rápido? tentam adivinhar do que se trata. Ganha
Nesta atividade, os alunos devem aquele que conseguir descobrir primeiro.
criar uma história, de forma escrita, Essa atividade aumentará a capacidade
alternando entre eles no decorrer da descritiva dos alunos na língua-alvo e pode
narrativa. Um aluno iniciará o enredo da ser realizada com o aplicativo de mensa-
história, através de uma frase ou pequeno gens mais usado no mundo e tão querido
texto. Em seguida, o parceiro da atividade pelos brasileiros, o WhatsApp.
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
RECOMENDAÇÕES DE LEITURA
Biebighäuser, Katrin (2015): DaF-Lernen mit Apps. In: German as foreign language, v.2, 1-14.
Biebighauser, Katrin (2017); Marques-Schäfer, Gabriela. Aspekte der Mündlichkeit in der WhatsApp-Interaktion zwischen brasilianischen
30
Deutschlernenden und angehenden DaF-Lehrenden. In: Deutsch als Fremdsprache, v. 2, 76-86.
Falk, Simon (2015): Ap(p)ropos mobil – Über den Einsatz von Apps im DaF-Unterricht. In Biebighäuser, 15-31.
Feick, Diana (2015): Mehr als nur Apps. Mobiles Lernen im DaF-Unterricht. In: Fremdsprache Deutsch, 53, 14-18.
Hahn, Kathrin (2015): Tablets im DaF-Unterricht. Das digitale Klassenzimmer. Disponível online em: https://www.goethe.de/de/spr/mag/
20516230.html (Último acesso em 17/03/2017)
Marques-Schäfer, Gabriela; Mello, Deborah (2016): Ações e reflexões sobre o uso de um grupo de Whatsapp tutoriado para aprendizagem de
língua Estrangeira. In: Revista Entrelínguas, v. 2, 163-178.
Marques-Schäfer, Gabriela: O Potencial de Grupo tutoriado no Whatsapp para o fomento de diálogos colaborativos e aquisição de vocabulário
em Língua Estrangeira. Revista Polifonia, v. 24, n. 34. [artigo aceito para publicação em novembro de 2017]
Rozenfeld, Cibele; Marques-Schäfer, Gabriela (2017): Tecnologias móveis e o ensino de Línguas Estrangeiras: Explorando Conceitos e Práticas.
In: Rodrigues, R. F. L.; Lucas, P. O. (Org.) . Temas e Rumos nas Pesquisas em Linguística (Aplicada): Questões empíricas, éticas e práticas.
Vol. 2. Campinas/SP: Editora Pontes, 122-141.
Übersetzung • Tradução
D
Bedeutung im DaF-Bereich. Dieses
1
Sprachdozent an der Universidade Estadual do Paraná, lehrt am Projekt PARFOR Segunda Licenciatura Alemão der UFPR in Joinville-SC,
schreibt seine Dissertation bei Prof. Britta Hufeisen an der Technischen Universität Darmstadt im Bereich Mehrsprachigkeitsforschung.
sind, also das Vergleichen hinter sich zu sie auch angewandt. Die Lerntheorie der SPRACHVERGLEICH
lassen (vgl. LEHMANN 2005: 12). Der kontrastiven Analysen wurde auf Basis der UND ÜBERSETZUNG
Sprachvergleich dient dazu, Phänomene behavioristischen Lerntheorie entwickelt.
zu analysieren, die in einer Sprache Sie geht von der Annahme aus, dass L2- Wenn man von einer Sprache in eine
vorkommen. Diese Phänomene werden Lerner, die ihre Muttersprache bereits andere übersetzt wird erwartet, dass die
zunächst festgestellt, wenn man sie mit gelernt haben, Strukturen und Eingeschaf- Bedeutungen von Worten so treu und ge-
Phänomenen aus einer anderen Sprache ten der L1 auf die L2 übertragen (vgl. nau wie möglich in der Translation wieder-
vergleicht. Dies zeigt, wie und wann die HUNEKE/STEINIG 2005: 25). gegeben werden. Diese Erwartung kann
verwendeten Strukturen vorkommen oder In den letzten Jahrzenten hat sich nicht immer erfüllt werden. Manche Wör-
wie sie gebraucht werden. „Die Beson- die „kontrastive Linguistik” als Disziplin ter tragen in sich verschiedenen Konzepte,
derheiten einer Sprache können so gar etabliert. Dabei geht es längst nicht mehr und die können erst ausgedrückt werden
nicht erfasst werden, da sich die spezi- nur um die Ursprungsforschung. Vielmehr wenn der Zusammenhang in dem sie ste-
fischen Charakteristika natürlich erst im hat man zum Ziel, sprachliche Phänomene hen zur Betrachtung herangezogen wird.
Vergleich mit den anderen Sprachen zei- zu beobachten und festzustellen, wie sie Wenn zwei Sprachen verglichen werden,
gen” (vgl. GÜNTHER 2011: 10). Beim eine Sprache prägen und wie es sich dazu wird man mit sprachlichen Phänomenen
Vergleich betrachtet man die analysierten in anderen Sprachen verhält. Je mehr konfrontiert. Phänomene, die sich nicht
Sprachen auf einer kritischen Weise. Die Sprachen jedoch in einer Studie kontrastiert nur auf eine Sprache beschränken, sind
Kritik führt zu einer Reflexion über das werden, desto schwieriger macht das die wiederum von Bedeutung für die Lingu-
Verhalten der Sprache, ihre Struktur und Arbeit. istische Theoriebildung (vgl. GÜNTHER
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
ihren Gebrauch unter Bezugnahme auf Kontrastive Linguistik als ange- 2011:11). Die Beschäftigung mit der Über-
eine andere. wandte Linguistik erfordert die Feststel- setzung und ihrer Theorien ist nicht neu.
Seit den sechziger Jahren wächst das lung der einen Sprache als Ausgangspra- Seit Jahrhunderten schon besteht die Not-
Interesse am Studium der so genannten che (L1) und der anderen Sprache als Ziel- wendigkeit von Sprache zu Sprache zu
„kontrastiven Linguistik”. Durch die Kon- sprache (L2) (vgl. SCHMIDT-RADEFELDT übersetzen. Die heutige Art des Kontras-
trastierung lassen sich Gemeinsamkeiten 1989:195). Wenn Sprachen miteinander tierens ist noch relativ neu und hat sich
32
und Unterschiede erkennen, die in einer verglichen werden, ergeben sich neue erst in den letzen Jahrzehnten etabliert.
Einzelsprachanalyse verborgen bleiben. Beobachtungen, die dann wiederum zu Erst in der zweiten Hälfte des 20. Jahrhun-
Wenn nur eine Sprache für sich selbst neuen Generalisierungen über Sprache derts hat man den symmetrischen Sprach-
analysiert wird, bleiben viele Elemente und führen können. (vgl. GÜNTHER 2011:13). vergleich entwickelt. Erst jetzt ist es mög-
Eigenschaften verborgen. Man kann die Mehrere Sprachen dürfen in einer Studie lich, durch Sprachvergleich etwas über die
Eigenschaften der einen Sprache besser analysiert werden. Auch Sprachen, die Natur des Tertium Comparationis und somit
verstehen und beobachten, wenn man sie keine enge Verwandschaft haben, können über die Funktionen menschlicher Sprache
mit einer anderen vergleicht. So wird in einer Studie erforscht werden. herauszufinden (vgl. LEHMANN 2005:12).
offensichtlich, welche Elemente nur in einer Es wurden kontrastive und typolo- Wie schwierig ist es, von einer Sprache
der beiden Sprachen vorhanden sind und gische Studien durchgeführt, die Sprachen in eine andere zu übersetzen? Laut Arrojo
welche Elemente sowohl als auch auf- in bestimmter Hinsicht verglichen, ohne (2000:78) verlangt jede Übersetzung (egal
tauchen. Aufgrund dieses Ergebnisses das hinreichend klar war, wozu das eigent- welche Länge und welchen Schwierig-
lässt sich dann weiter analysieren und lich geschah. Die schlichte Feststellung, keitsgrad), die Fähigkeit, spezifische Berei-
beobachten wie häufig diese Phänomene dass es sich in der einen Sprache so, in der che von zwei verschiedenen Sprachen bzw.
auftreten und unter welchen Umständen andere es sich anders verhält, ist als solches Kulturen miteinander zu konfrontieren.
sie sich ereignen. noch von keinem wissenschaftlichen Die Variationen, die hierbei auftreten
Die kontrastive Analyse bleibt nicht Interesse (vgl. LEHMANN 2005:4). Das können, sind nicht vorsehbar. Der Über-
nur auf sich selbst beschränkt, sondern Ziel des Sprachvergleiches sollen anwend- setzer muss dann fähig sein, das Kultur-
wird auch in verschieden anderen Berei- bare Ergebnisse für die Sprachdidaktik und feld der Ausgangsprache und der Zielspra-
chen verwendet. Beim Sprachenlernen wird Übersetzung sein. che miteinander vergleichen zu können,
damit eine Sensibilität für Verständnis den Inhalt so treffend und treu wie mög- liären Beziehungen oder aus wirtschaft-
bei Menschen, welche die Augangssprache lich ausgedrückt zu sehen, wie in der lichen Beweggründen heraus lernen sehr
nicht beherrschen, entstehen kann. Originalsprache. Für Ketzer (1991) sind viele Brasilianer Deutsch (SOETHE 2007:
dies „allein die Begriffsschwierigkeiten mit 1625). Wirtschaftliche Partnerschaften
der Originalsprache. Das Wort Überset- und Beziehungen machen das Verständ-
ÜBERSETZUNGSPROBLEMATIK zung, das in der deutschen Sprache auch nis zwischen den Partnern unabdingbar.
Übertragung, Umsetzung, Wiedergabe, Verständnis wird erst dann geschaffen,
Wie groß der Bestand an Wörtern ist, Paraphrase, Translation und Reproduk- wenn sprachliche Kommunikation statt-
die zu unserer Sprache gehören, denken tion u.a. heißen kann, ist bereits in sich finden kann. Dies liegitimiert und macht
wir oft gar nicht nach. Dies ist meist erst problematisch”. Aufgrund dieser Schwie- kontrastierende Studien von Deutsch und
dann der Fall, wenn wir aus einer Fremd- rigkeiten versucht man nun durch Studien Portugiesisch relevant, ob sie nun im
sprache ins Deutsche übersetzen wollen und Vergleiche, neue Wege und Möglich- Didaktik-, Übersetzungs- oder in anderen
oder umgekehrt (vgl. MEIBAUER 2007:15). keiten von Übersetzungsstrategien, -me- Bereichen stattfinden. Anders als bei der
Laut Arrojo (2000: 10), „pois a tradução, uma thoden und -techniken zu entdecken. Die historisch-vergleichenden Sprachwissen-
das mais complexas de todas as atividades realiza- einzelnen Bestandteile einer Bedeutung in schaft, vergleicht man hier Sätze nur in
das pelo homem, implica necessariamente uma der einen Sprache sollen in der anderen ihrer derzeitigen Form, ohne Rücksicht auf
definição dos limites e do poder dessa capacidade einen hohen Ähnlichkeitsgrad erreichen, ihre Etymologie zu nehmen.
tão “humana” que é a produção de significados”. damit die Bedeutung des Inhalts eines Vor allem in Europa gewinnt das
Diese Annahme geht davon aus, dass man- Textes nicht verlorengeht. brasilianische Portugiesische an Bedeu-
im Deutschen die Suffixe -chen und darf nicht vergessen, dass das Flexionsys- Im zweiten Fall, ist das Wort „gor-
-lein nur für Nomen verwendet. Für das tem des Deutschen (Genus, Numerus und dinho” in der deutschen Übersetzung
Portugiesische gelten die entsprechenden Kasus) sehr komplex für Brasilianer ist ignoriert worden, nicht aufgrund einer
Suffixe -inho und -inha , die jedoch hier und eine wichtige Rolle in der Übersetzung Übersetzungsschwierigkeit, sondern da es
mit weiteren Wortarten wie Adjektiven spielt, vor allem, wenn die Ausgangspra- vorher auf andere Weise bereits gesagt
und Adverben kombiniert werden können. che ein derartiges System nicht besitzt. wurde.
34
Das ist in der deutschen Sprache nicht Die analysierten Sätze für diese Stu-
möglich und stellt für die Übersetzung ins dien wurden dem Werk von João Ubaldo Diminutivsuffixe mit Qualitativwert
Deutsche ein augenfälliges Problem dar. Ribeiro entnommen und werden aufgrund
Wenn die Graduierung von Adjek- ihres Bedeutungswert abhängig vom P- Não, ele vai ler uns trechinhos, coisa
tiven im Portugiesischen analytisch (o mais Kontext erörtert. Meistens werden die pequenininha...(S.69)
novo) und im Deutschen syntetisch (der Diminutive gebraucht, um Verkleinerun- D- Ach was, er wird nur ein paar kurze
jüngste) erfolgt und somit einen klaren gen wiederzugeben. Trotzdem können sie Ausschnitte lese, ganz wenig...(S.44)
Strukturunterschied darstellt, so gibt es auch Verniedlichungen, Affekte und P- Seguidas de risadinhas e risadonas dos
daneben zudem Wortbildungsverfahren abwertende Bedeutungen äußern. outros clientes do estabelecimento...(S.21)
einer lematisch begründeten Steigerung im D- Gefolgt von Gekicher und Gelächter
Deutschen (kompositionell), der im Portu- der anderen Kunden des Lokals...(S.13)
giesischen die Suffigierung (z.B. blitzblank: Übersetzungsanalyse von Diminutiv-
limpinho; mutterseelenallein: sozinho) gegen- und Augmentativesuffixen im Werk Im oberen Satz ist die Verwendung
übersteht; das kann auch andere Wortarten „Ein Brasilianer in Berlin” von Adjektiven offensichtlich und im
betreffen, wobei auch noch die Konnotation zweiten Satz werden beide Wörter nicht
der Affektivität berücksichtigt werden muß Diminutivsuffixe mit Affektwert als Diminutiv oder Augmentativ betrach-
(z.B. obrigadinho: ein kleines Dankeschön). tet, sondern als vollkommen neue Wör-
Derartige Wortbildungsverfahren sind P- A indignação geral contra a gordinha ter, die nur noch entfernt eine Bedeu-
spezifisch für das Portugiesische und que acaba de entrar e fechar a porta...(S.12) tungsähnlichkeit mit jener des Originals
gelten für großen Teil des Wortschatzes D- die allgemeine Empörung über die haben.
Pejorativwert auch „dama velha” heißen kann. mit großen Türen, Veranden und sehr
hohen Räumen(S.89)
P- Limpando o cravo que meu primo tão Funktion der Intensivierung -
bem temperava fazendo outros servicinhos Intensitätfunktion
Pejorativ- und Intensitätsfunktion
em Brandenburgo...(S.15)
D- Der das Klavier reinigte, das mein Vetter P- E o peixe já sai congeladinho, escama- P- A do Fantasma do Storkwinkel e a do
so wohl temperierte, und der auch kleine dinho, desossadinho e empacotadinho, Moscão da SchwarzbacherStraße.(S.16)
Dienste in Brandenburch versah...(S.10) não sai não?(S.84) D- Die vom Gespenst im Storkwinkel und
P- Aquela coleção tocante de velhotas D- Und der Fisch kommt hübsch gefroren, von der Riesenmücke in der Schwarzba-
ansiosas, jovens senhor de tornozelos ausgenommen und verpackt da raus, oder cher Straße.(S.11)
entrelaçados...(S.11) wie?(S.52) P- Vai tomar de mim as duas grandes
D- Die rührende Ansammlung ängstlicher árvores que vejo pela janela e dos dois pas-
alter Damen, junger Herren mit überkreutz- Im obigen Fall wurde kein Diminutiv sarões que nela moram – não está certo.
ten Füßen... (S.7) als Diminutiv ins Deutsche übersetzt, (S.125)
sondern es wurden andere Wörter ver- D- Mir die beiden großen Bäumen nehmen
Es ist interessant zu verdeutlichen, wendet. wird, die ich durch das Fenster sehe, mit
wie unterschiedlich die Pejorativsform den beiden großen Vögeln, die darin
und die Affektivitätsform sich verhalten: Formale Diminutive hausen – das ist nicht recht.
LITERATURVERZEICHNIS
Arrojo, Rosemary., Oficina de tradução – A teoria na prática. São Paulo: Ática, 2000.
Azevedo do Campo, José Luís de., Kontrastive Linguistik und Übersetzungswissenschaft: Theorie und Praxis. Rostock: Univ. Rostock, 1998.
Battaglia, Maria Helena V. , Nomura, Masa (Hrsg.)., Estudos lingüísticos contrastivos em alemão e português. São Paulo: Annablume, 2008.
Bohunovsky, Ruth, Sink Bolognini, Carmen., Alemão para Brasileiros – com João Ubaldo Ribeiro em Berlin. (Apostila) – Sem ano.
Glenk, Eva., “Brasilianisch-portugiesische und deutsche Phraseologismen im Kontrast: Beschreibungsverfahren und Äquivalenzsuche”, in
Pandaemonium Germanicum (2003).
Günther, Christiane., “Deutsch im Sprachvergleich – Grammatische Kontraste und Konvergenzen Bericht von der 47”, Jahrestagung des Instituts
für Deutsche Sprache (2011).
DEZEMBRO 2017 No 55 | PROJEKT
Guttenkunst-Prade, Helga., “Análise contrastiva: a derivação sufixal na língua portuguesa e sua tradução para o inglês e o alemão”, (1991).
Huneke, Hans-Werner., Steinig, Wolfgang.: Deutsch als Fremdsprache – eine Einführung. Berlin: Erich Schmidt Verlag, 2005.
Lehmann, Christian., Zum Tertium Comparationis im typologischen Sprachvergleich: (in) Schmitt, C. u. Wotjak, B. (eds.), Beitrage zum romanisch-
deutschen und innenrromanischen Sprachvergleich. Bonn: Romanistischer Verlag (2005).
Ketzler, Rosani Ursula., “Einblick in die Übersetzungsproblematik”, (1991).
Meibauer, Jörg., Einführung in die germanistische Linguistik. J.B. Metzler,2007.
36 Ribeiro, João Ubaldo., Um Brasileiro em Berlim. Nova Fronteira, 1995.
——————., Ein Brasilianer in Berlin. Suhrkamp, 1994.
Schmidt-Radefelt, Jürgen., “Bausteine zu einer vergleichenden Grammatik Deutsch-Portugiesisch”, (1989).
Simões, José da Silva., “Estratégias de organização tópica em textos orais de brasileiros e alemães”, In: Battaglia, Maria Helena V., Nomura,
Masa (Hrsg.). Estudos lingüísticos contrastivos em alemão e em português do Brasil. São Paulo: Editora Annablume, 2008.
Soethe, Paulo., “Deutsch in Brasilien. in (Hrsg.) Krumm, Hans Jürgen; Fandrych, Christian; Hufeisen, Britta; Riemer, Claudia. Deutsch als Fremd
– und Zweitsprache”, De GruyterMouton (2010)
Zílio, Leonardo., “Colocações especializadas e Komposita: um estudo contrastivo alemão-português na área da cardiologia”, (2009).
URL: http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/artigo5961.pdf [Stand: 16.02.2017].
Richtlinien für die Gestaltung von
Manuskripten 2017 - Zeitschrift Projekt
Reine Literaturhinweise werden in Kurzform in den Fließtext Das Copyright der Artikel bleibt bei den AutorInnen, aber
eingefügt (z. B. MÜLLER 2004: 123). Die Seiten dürfen das Copyright für die Ausgabe von PROJEKT – in
nicht durchnummeriert werden. Abbildungen, Formeln, gedruckter wie in elektronischer Form (Internet) – liegt
Tabellen, Graphiken etc. sind durchnummeriert und mit bei der Zeitschrift Projekt. Die Redaktion behält sich das
Titel separat auf eigener Datei beizufügen. Im Text muss Recht vor, die gedruckten Ausgaben von einem von ihr zu
die Stelle eindeutig gekennzeichnet werden, wo jede bestimmenden Zeitpunkt an, ins Internet zu setzen, ohne
Abbildung erscheinen soll. Bilddateien müssen in dass die Autoren noch einmal konsultiert werden.
Instruções para os Autores -
Revista Projekt - Ano 2017