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HISTÓRIA DA MAÇONARIA EM PORTUGAL

Condensado da informação na Internet de textos de Isabel Oliveira

Partir pedra

Herdeira do ritual de transmissão de conhecimentos dos construtores de catedrais da


Idade Média, a Maçonaria transforma-se numa ordem de caráter especulativo no século
XVIII.

Desde então, a pedra bruta é o homem, que se deve ir aperfeiçoando no contacto com os
«irmãos» através de uma aprendizagem simbólica. Na comemoração de 200 anos de
existência, o Grande Oriente Lusitano entreabre as suas portas ao mundo profano,
procurando retificar algumas idéias feitas sobre a matéria.

O que é então a Maçonaria?


Maçonaria (de maçom, pedreiro) significa literalmente pedreiro-livre, podendo traduzir-
se modernamente por livre-pensador. Historicamente, a Ordem Maçônica é herdeira das
associações de artistas do Mundo Antigo, especialmente do Egito, da Grécia e de Roma,
e está ligada às corporações de pedreiros da Idade Média (século VIII).

A religiosidade então dominante exprimiu-se, sobretudo, na construção de templos e


catedrais góticas, todas, de resto, semeadas de sinais maçônicos, como acontece, entre
nós, na Batalha, em Tomar e nos Jerónimos. Os arquitetos e construtores desses
monumentos tinham de ser dotados de profundos conhecimentos técnicos, científicos e
artísticos.

Tais conhecimentos eram interditos a elementos estranhos, pois a sua divulgação e


entrada no domínio público implicavam a perda de prerrogativas. Por isso, apenas eram
transmitidos secretamente nas lojas (local de reunião dos maçons) pelos mestres aos
discípulos de reconhecida aptidão e honorabilidade, após um juramento solene.

Assim surgiu a maçonaria operativa (de operários-construtores) e o segredo maçônico


ou iniciático. Há indícios de que o chefe destas corporações passou a designar-se em
Inglaterra, a partir de 1278, por mestre maçons, o mesmo sucedendo em França com a
construção da catedral de Notre-Dame (1283).

Reforma de Lutero

Com a Reforma de Lutero e a cessação da edificação de templos, as irmandades e lojas


maçónicas franquearam as portas a pessoas não iniciadas na arte da construção, desde
que fosse aprovada a sua admissão e depois de serem regularmente iniciados.
Com o passar do tempo, estas lojas foram ficando nas mãos dos membros adotados. A
organização profissional dos construtores de catedrais deriva então para esta Maçonaria,
não operativa, mas especulativa, que tomou corpo a partir de 1717, quando quatro Lojas
de Londres - cujos membros eram exclusivamente especulativos ou adotados - fundam a
Grande Loja de Inglaterra.

Obediência ou federação de lojas

Nasce também um novo conceito: o de obediência ou federação de lojas. Daqui por


diante residirá a soberania, já que unicamente a Grande Loja de Inglaterra tinha
autoridade para criar novas lojas.

O que o Grande Oriente Lusitano comemora este fim-de-semana é a carta patente que
lhes foi concedida pela Grande Loja de Inglaterra em 12 de Maio de 1802, permitindo
criar a primeira Obediência portuguesa. O seu primeiro grão-mestre foi um neto do
marquês de Pombal: Sebastião José de Sampaio e Melo Castro Lusignan, conde de São
Paio.

As Constituições de Anderson - redigidas em 1723, mas ainda hoje veneradas e


respeitadas por toda a Maçonaria - viriam esclarecer que o templo de pedra deixava de
ser a tarefa do maçom: o edifício a ser levantado em honra e glória ao Grande Arquiteto
do Universo passaria a ser a catedral do Universo, ou seja, a Humanidade.

Assim como o trabalho sobre a pedra bruta destinada a transformar-se em cúbica, quer
dizer, apta às exigências construtivas, seria o homem, que se iria polindo no contacto
com os seus irmãos através de um ensinamento em grande parte simbólico.

Cada instrumento dos pedreiros passou a ter um sentido simbólico: o esquadro para
regular as ações; o compasso para dar o sentido dos limites; o avental, símbolo do
trabalho, a indicar a simplicidade dos costumes e a igualdade; as luvas brancas, para
recordar ao maçom que nunca deve manchar as mãos com a iniqüidade; e a Bíblia, para
regular ou governar a fé.

A finalidade da Maçonaria, à luz destas Constituições, consiste na construção de um


templo de fraternidade universal baseado na sabedoria, na força, na beleza, na prática da
tolerância religiosa, moral e política, na luta contra todo o tipo de fanatismo e no
exercício da liberdade.

Maçonaria anglo-saxônica e a latina.

Como existem muitas Maçonarias, há especialistas que estabelecem uma divisão entre a
Maçonaria anglo-saxônica e a latina.
A primeira é qualificada também como regular, porque se fundamenta na fidelidade aos
princípios e às regras ditadas pelos fundadores.

As que se encontram sob a influência da Grande Loja de Inglaterra são teístas: apenas
aceitam no seu seio os que (cristãos, muçulmanos, judeus, hindus) reconhecem um Deus
como princípio criador - o Grande Arquiteto do Universo e uma fé na verdade revelada,
tal como se encontra na Bíblia ou noutros livros sagrados como o Corão, os Vedas, etc.

Maçonaria em Portugal

Em Portugal, a Maçonaria regular é representada pela Grande Loja Regular de


Portugal/Grande Loja Legal de Portugal (GLRP/GLLP)

A outra corrente, dita latina, é de inspiração racionalista ou liberal e renega, como o


Grande Oriente de França, a referência ao Grande Arquiteto do Universo.
Professa um estrito laicismo, suprimindo a Bíblia dos seus rituais. Deste ponto de vista,
o Grande Oriente Lusitano tende a seguir a tendência latina, embora se afirme plural:
aceita crentes e não crentes, católicos, judeus, muçulmanos, agnósticos e ateus.

«Acima de tudo, somos antidogmáticos», afirma João Soares Louro, destacado membro
do GOL, acrescentando que «a única certeza que temos é que nos assiste a dúvida
permanente. Esta atitude confere uma abertura muito grande».

Admite que «nos tempos da I República cometeram-se excessos, o que levou a que
muitos pensassem que a Maçonaria era anticlerical. Não somos. Colocamos todos os
credos em pé de igualdade».

Não obstante a divisão de águas, os maçons de todas as Obediências trabalham com o


mesmo objetivo, respeitando-se e tratando-se como irmãos.
O projeto de uma Europa unida é também obra dos maçons sem distinção de
Obediências.
Se se construir, de fato, a Europa dos direitos sociais, talvez se tenha iniciado o que
Krause, filósofo maçônico alemão do século XIX, chamou a terceira etapa da
Maçonaria, depois das fases operativa e especulativa, ou seja, a transformação do
mundo na verdadeira «Aliança da Humanidade».

A maçonaria é uma sociedade secreta ?

A maioria dos maçons nega pertencer a uma sociedade secreta. António Arnaut -
membro assumido do GOL - chama-lhe «organização discreta», na medida em que «não
está aberta ao público e reserva apenas aos seus membros o conhecimento de certas
práticas e saberes. Nisso consiste o segredo maçônico».

Como afirma Manuel P. Santos no livro «Com a Maçonaria não se Brinca!»:


«Atualmente ser maçom não é fácil, pois a discrição que envolve toda a sociedade
maçônica revela-se como oposta à 'transparência' que deve existir em qualquer
sociedade democrática.»
Os maçons reconhecem-se entre si como irmãos, identificando-se com toques, sinais e
palavras. Discretíssimo, Ramos Horta, na cerimônia em que recebeu o Premio Nobel da
Paz, em 1996, não deixou de levar a mão ao peito, num gesto ritual de agradecimento à
Maçonaria. «Este é um dos nossos sinais que passou para a sociedade profana e tende a
generalizar-se», explicam-nos.

A Maçonaria, como organização iniciativa que é, não pode viver sem um ritual, isto é,
sem uma ação simbólica constituída por objetos, gestos e palavras sistematicamente
repetidos, os quais, no seu conjunto, representam uma ordem cósmica, um universo
ordenado.

Parte da iniciação maçônica consiste na vivência, pelo candidato, da sua passagem pelos
quatro elementos: terra, ar, água e fogo. A primeira fase tem lugar na Câmara de
Reflexões, símbolo da Terra, onde o candidato redige o seu testamento filosófico, ou
seja, a manifestação das suas últimas vontades antes de deixar o mundo profano.

Numa das paredes desta câmara estão patentes as letras V.I.T.R.I.O.L., significando
Visita Interior Terrae Rectificando que Invenies Occultum Lapidem (Visita o Interior da
Terra e Retificando Encontrarás a Pedra Oculta). De natureza alquímica, esta mensagem
chama a atenção para o trabalho interior que o profano deve fazer sobre si mesmo,
mediante a meditação.

Entrado no templo, o neófito submete-se à prova do ar, da água e do fogo. Terminada a


cerimônia da iniciação, o candidato, que durante estas três provas tem os olhos
vendados, toma pela primeira vez contacto visual com o templo e com os irmãos que
fraternalmente o rodeiam e acolhem.

Ao entrar na Ordem Maçônica, o iniciado recebe o avental de aprendiz, cuja finalidade


simbólica é protegê-lo na sua missão de desbastar a pedra bruta. E é junto às duas
colunas que se encontram à entrada do templo - e que simbolizam as colunas da Força e
da Estabilidade do Templo de Salomão - que o aprendiz recebe os ensinamentos do seu
grau.

O toque deve ser dado em sinal de reconhecimento maçônico, entre irmãos. É um


código que, apesar da sua utilização dever ficar circunscrita ao espaço do templo, com o
avançar do tempo, ganhou foros universais, permitindo em qualquer sítio saber se
alguém foi iniciado como maçom.
Quando alguém estranho à Maçonaria estava entre maçons, era costume usar a palavra
«chove» para dar a conhecer a presença de um não iniciado. Passados os tempos da
clandestinidade, só a tradição justifica o seu uso.

O espaço do templo é muito específico, o que exige que o caminhar (marchar) seja
executado segundo regras particulares. A marcha no templo varia conforme o grau em
que os maçons trabalham, mas obedece à regra da geometria, que salienta a posição
vertical do maçom, exemplo da conduta que ele deve levar na vida profana.

A cadeia de união é outro ato praticado por todos os maçons em loja, no qual eles dão as
mãos, colocando o braço direito sobre o esquerdo, de forma a criarem entre si uma
verdadeira cadeia. Se, por um lado, o cerimonial maçônico exige silêncio, por outro,
requer a presença de música, de modo a que os sentidos sejam estimulados para o ritual
que se pratica.

A tradicional música maçônica de Mozart ainda hoje é tocada nos trabalhos de loja, em
particular nas sessões de iniciação e noutras de caráter solene. Não é por acaso que no
III Encontro da Maçonaria Latina se inclui uma ópera de Mozart, neste caso «A Flauta
Mágica».

Identificando-se o aprendiz com a pedra bruta, os instrumentos simbólicos que lhe são
atribuídos para o seu aperfeiçoamento são o martelo e o escopo, próprios ao desbaste. Já
o companheiro requer instrumentos de maior precisão, nomeadamente o esquadro, o
nível, a perpendicular, a alavanca e a régua. Os companheiros são elevados a mestre na
Câmara do Meio. A partir deste grau, que pode demorar anos a obter, o maçon está em
condições de ajudar novos obreiros no seu percurso iniciático.

Atualmente, para se ser maçom é preciso ter mais de 18 anos, ter recursos para pagar as
captações - a quota mensal no GOL ronda os 17,5 euros (3500$00) - ser livre e de «bons
costumes».

Tem de se procurar um padrinho ou proponente e submeter-se às «provas». Na


Maçonaria regular, a estes requisitos junta-se a obrigatoriedade de se crer num Deus, o
Grande Arquiteto do Universo.

A relação da Igreja Católica com a Maçonaria conheceu períodos de grande tensão,


sobretudo a partir do século XVIII.

Nas décadas de 1720-1730 e 1730-1740, a Maçonaria penetrou em toda a Europa e fora


dela. Foi um avanço impressionante, que assustou sobretudo a Igreja.

O Papa Clemente XII, logo em 1738, promulgou a primeira bula de excomunhão contra
os pedreiros-livres, iniciando uma longa série de documentos papais a condenar a
Ordem Maçônica. Ordenou ainda à Inquisição a perseguição dos seus adeptos.

No nosso país, a Inquisição prendeu, torturou e condenou ao degredo os maçons da loja


de John Coustos, um suíço, depois naturalizado inglês, que se tinha radicado em Lisboa.

A Maçonaria e o marquês de Pombal

A Maçonaria só voltaria a ter paz sob o governo do marquês de Pombal, um


estrangeirado, que se supõe ter sido iniciado durante o período de residência além-
fronteiras.

Na seqüência do terremoto de Lisboa, em 1755, o plano de reconstrução da cidade


contaria com a colaboração do arquiteto húngaro Carlos Mardel, um destacado maçom
da Casa Real dos Pedreiros-Livres da Lusitânia.

A praça do Rossio e a do Comércio têm a sua «assinatura». Há quem considere que o


Terreiro do Paço (também chamado Praça do Comércio) não é mais do que a recriação
de um templo maçônico: o Cais das Colunas, que atualmente se encontra em obras,
representaria a entrada, com as colunas Jakin e Boaz (ou Jerusalém e Belém, conforme
as interpretações); o Arco da Rua Augusta é visto como a sua continuidade. De notar
ainda que o triângulo por cima do Arco é outro símbolo maçônico por excelência.

A maçonaria com Pina Manique


Derrubado o marquês de Pombal, a Maçonaria voltou a conhecer a perseguição,
agravada com D. Miguel e com Pina Manique. O triunfo definitivo do Liberalismo
(1834) e a ascensão de D. Pedro IV, grão-mestre da Maçonaria brasileira, marca um
período de apogeu da Ordem, que só viria a terminar com a revolução de 28 de Maio de
1926.

Em finais do século XIX e princípios do XX, o ideário maçônico começou a identificar-


se com a ideologia republicana, apesar de haver muitos obreiros monárquicos. Por isso,
a República foi, essencialmente, obra de maçons.

A revolução de 28 de Maio de 1926 não promoveu, nos primeiros anos, qualquer


ofensiva contra a Maçonaria, talvez porque alguns dos seus chefes, incluindo Carmona
e o Almirante Cabeçadas, eram maçons.

A entrada de Salazar para o governo e a sua rápida ascensão tutelar reavivaria os velhos
ódios das forças obscurantistas. Em 19 de Janeiro de 1935 é apresentado na Assembléia
Nacional um projeto de lei a proibir as associações secretas e a confiscar-lhes todos os
bens.

O alvo era claro: a Maçonaria. Nem a circunstância de o presidente da Assembléia


Nacional, José Alberto dos Reis, ser um antigo maçom lhes valeu.

Curiosamente, o Estado Novo não varreu completamente a Ordem do mapa de Lisboa:


muitas ruas mantiveram os nomes de destacados maçons, como ainda hoje se pode
verificar.

Outro dos altos comemorativos dos 200 anos do GOL será, precisamente, a divulgação
completa da toponímia lisboeta associada à Maçonaria.

Com o 25 de Abril de 1974, é restabelecido o direito de associação. O primeiro Governo


Provisório foi chefiado por um maçom, Adelino da Palma Carlos. O Palácio Maçônico,
no Bairro Alto, ocupado durante a ditadura pela Legião Portuguesa, foi restituído ao
Grande Oriente Lusitano.

A maçonaria nos tempos que correm

Nos tempos que correm, sobretudo após João XXIII, o Concílio Vaticano II e a própria
Companhia de Jesus, a Igreja encara com outros olhos o fenômeno maçônico. Não é,
pois, de estranhar que o atol Código de Direito Canônico (1983) tenha omitido qualquer
referência à Maçonaria, e revogado o cânone 2335 do anterior (1917), que
excomungava «ipso facto» os inscritos na «seita maçônica» e em organizações «que
maquinam contra a Igreja ou contra as legítimas autoridades civis».
À intolerância sucedeu a compreensão e uma certa simpatia. A esta mudança de
mentalidade não foi, seguramente alheia a circunstância de muitos católicos e altos
dignitários da Igreja serem maçons.

Regimes como o comunismo e o fascismo também não quiseram nada com a


Maçonaria. O IV Congresso Internacional dos partidos comunistas, em 1922, aprovaria
a seguinte resolução: «Aquele que não tenha declarado abertamente à sua organização, e
feito público através da imprensa do partido, a sua ruptura total com a Maçonaria, será
automaticamente excluído do Partido Comunista».

Curiosamente, no mesmo ano em que a Internacional Comunista lançava o anátema


contra os maçons, na Itália, o primeiro Estado fascista da história, dirigido por
Mussolini, convidava «os fascistas que são maçons a escolher entre pertencer ao Partido
Nacional Fascista ou à Maçonaria, porque para os fascistas somente há uma disciplina, a
disciplina do fascismo; uma só hierarquia, a hierarquia do fascismo; uma só obediência
absoluta, devotada e diária ao chefe e aos chefes do fascismo».

«Onde há um maçom, há uma semente de liberdade. Por isso fomos considerados um


perigo tanto para o comunismo como para o fascismo», diz-nos Fernando Sacramento,
membro do GOL. «Nas lojas, tudo é debatido (exceção feita para a política e a religião)
e tudo é votado (através de bola preta e bola branca), é o centro de maior democracia
que pode existir», garante, acrescentando que «não temos um projeto de poder nem de
afirmação na sociedade».

Explica: «Os maçons têm obrigação de intervir na vida pública e política, de lutar pela
liberdade, pela igualdade e pela fraternidade (os nossos três grandes princípios), mas
apenas a título individual.»

No mundo profano, a Maçonaria funciona em grande parte através de instituições que


fomenta, cria ou dirige, mas que têm vida própria, desligada da vida maçônica interna.
Em Portugal, este tipo de instituições que o historiador Oliveira Marques designa como
«paramaçónicas» existem desde o século XVIII, especializadas em múltiplos aspectos
da atividades social: cultura, beneficência, política, direitos do homem, relações
internacionais, etc.
Os exemplos são inúmeros: a Academia das Ciências (nos idos de Setecentos), as
«Escolas Livres» fundadas no princípio do século passado; A Voz do Operário (1883);
os Jardins-Escolas João de Deus (1911).
As associações paramaçonicas também intervieram para criar estruturas laicas na vida
social, como a Associação Liberal Portuguesa (1889) e a Associação do Registro Civil
(1895).
Há ainda notícia de grupos de combate à escravatura e à pena de morte fundados no
século XIX com ampla participação maçônica, e de alguns criados no século XX para
lutar contra a prostituição, o alcoolismo e o jogo.
A Maçonaria e os seus Santos Patronos

A Maçonaria tem dois santos patronos e protetores: São João Baptista e São João
Evangelista. Porquê São João? Porque foi a 24 de Junho - dia de São João - que, em
1717, as quatro lojas de Londres se reuniram e deliberaram criar a Grande Loja de
Londres, dirigida por um grão-mestre.

São João Evangelista abre o solstício de Verão; São João Baptista é comemorado com o
solstício de Inverno. A Ordem maçônica respeita e venera o ciclo solar - os trabalhos
dos pedreiros fundadores realizavam-se entre o meio-dia (zênite solar) e a meia-noite
em ponto (zênite polar) - e as estações do ano.

O equinócio de Setembro marca o início dos trabalhos, que são encerrados por altura do
solstício de Junho. Este calendário maçônico seria depois importado pelo sistema
judicial e acadêmico. Ainda hoje, tanto os tribunais como as universidades continuam
fiéis a esta programação ditada pela Natureza.

Mas os maçons distinguem-se ainda por comemorar a passagem de ano no equinócio de


Março, com a chegada da Primavera. De acordo com as suas contas, estamos no
segundo mês do ano de 6002. Antes de encerrarem as lojas para as férias de Verão e
logo após os festejos do bicentenário, os maçons do GOL entram em campanha
eleitoral.

As eleições para grão-mestre estão marcadas para 1 de Junho. Entre os candidatos já


conhecidos, estão António Arnaut, José Fava e Carlos Morais dos Santos. Os dois mais
votados irão ao tira-teimas da segunda volta. Outra importação dos modelos maçônicos,
novamente por parte do meio judiciário e acadêmico, tem a ver com o traje.

O balandrau, bata preta comprida, com gola ampla para tapar a cabeça, é a indumentária
«oficial» da Maçonaria, por cima da qual se coloca a paramentação (avental). Ora, as
becas dos advogados e juízes e as togas, usadas em cerimônias solenes nas
universidades, não são mais do que «adaptações» do ritual maçônico. As becas e as
togas antigas chegaram a ter também gola e aquela espécie de capuz que caracteriza o
balandrau.

Existem cerca de dez milhões de maçons em todo o mundo. Mas é na Inglaterra e nos
Estados Unidos da América que a sua influência mais se faz notar.

Convém não esquecer que a Inglaterra foi o berço da Maçonaria: em 1717, quatro lojas
de pedreiros de Londres organizaram-se numa espécie de federação a que deram o nome
de Grande Loja, elegendo um primeiro grão-mestre com autoridade sobre todos os
maçons.

Seis anos mais tarde, o pastor escocês James Anderson era incumbido de elaborar umas
Constituições que todos aceitassem.
Fernando Sacramento, membro do GOL, não tem dúvidas em afirmar que os ingleses
edificaram o seu extenso império colonial com a ajuda da Maçonaria:

«A instalação de lojas militares nos quatro cantos do mundo - abertas, posteriormente,


às profissões liberais, e integrando as classes com maior influência social e econômica
nas diferentes possessões - contribuiu decisivamente para a propagação do sistema
democrático defendido e praticado na Grande Loja de Londres.»

Organismos de grande prestígio internacional como a ONU, criada em 1945 em Nova


Iorque, a UNESCO (instituição da ONU para a Educação, Ciência e Cultura) ou a Cruz
Vermelha Internacional, foram impulsionados sobretudo por maçons.

Há também quem diga que o Acordo de Paz de Camp David, firmado em 1978 entre
Israel e o Egito, parecia um encontro de irmãos, pela simbologia utilizada nas saudações
finais.
A crer nesta interpretação, os três protagonistas do acordo - Menahem Begin, primeiro-
ministro de Israel, Anouar el-Sadate, primeiro-ministro egípcio, e Jimmy Carter,
presidente dos EUA - quiseram dar provas da sua gratidão para com a Maçonaria, que
tinha manobrado intensamente nos bastidores para que tudo desse certo.
Em Inglaterra - à semelhança de outros países nórdicos - existe ainda uma ligação
estreita entre a Monarquia e a Maçonaria e o grão-mestre é o rei por inerência de cargo.
Atualmente, e porque está uma mulher no trono (Isabel II), é o duque de Kent que
detém a autoridade máxima da maçonaria inglesa.

Em terras de Sua Majestade ninguém estranha a influência e a participação de maçons


nas mais altas esferas do poder: da Câmara dos Lordes aos Serviços Secretos, Forças
Armadas, Governo. Winston Churchill, primeiro-ministro inglês em 1940-45 e em
1951-55, era maçom. A disposição espacial da Câmara dos Comuns (retangular, com
cadeiras face a face) é uma recriação de um templo maçônico.

A Maçonaria desempenhou também um papel importantíssimo na fundação dos Estados


Unidos da América. Não é com certeza por acaso que a nota de um dólar está ainda
repleta de símbolos maçônicos. Como não é por acaso que a Bíblia sobre a qual prestam
juramento todos os presidentes dos EUA é proveniente de uma loja maçônica.

O Livro Sagrado foi usado por George Washington, o primeiro presidente dos EUA e
maçom assumido. Antes, Benjamin Franklin, cientista e «pai» da independência dos
«States», também pertencera à organização. E o mesmo se pode dizer de outros
presidentes dos EUA: Abraham Lincoln (republicano) e Franklin Roosevelt
(democrata), à frente da nação americana entre 1933 e 45.
o GOL não é a única organização maçônica em Portugal. Um grupo descontente com a
tendência laica do Grande Oriente decide promover o ressurgimento da Maçonaria
Regular no nosso país, criando em 1991 a Grande Loja Regular de Portugal (GLRP).

Em 1996, já com Luís Nandim de Carvalho como grão-mestre, a sede - a célebre Casa
do Sino - é tomada por cisionistas (entre os quais figurava José Braga Gonçalves, que
viria a ser preso em 2001 na seqüência do «caso Universidade Moderna»), que
assumem o nome de Grande Loja Regular de Portugal, pelo que os fundadores da
Maçonaria Regular, mantendo a designação, têm de adotar para efeitos legais profanos o
nome de Grande Loja Legal de Portugal (GLRP/GLLP).

O seu atuai grão-mestre, José Manuel de Morais Anes, sublinha que a Maçonaria anglo-
saxónica «reconhece exclusivamente em Portugal a GLRP/GLLP», que também
comemorará o aniversário da criação da primeira Obediência maçônica regular
portuguesa.

José Anes insiste que não se poderão comemorar os 200 anos de Maçonaria Regular
«porque a Grande Loja Unida de Inglaterra decidiu retirar o reconhecimento ao GOL
pouco mais de 100 anos depois».

A sessão solene de Junho, que marca o 11º aniversário da Grande Loja Regular de
Portugal, contará com a presença do marquês de Northampton, pró-grão-mestre da
Maçonaria inglesa.

O programa das comemorações inclui ainda uma homenagem ao rei Eduardo VII.

Júlia Maranha é a grã-mestra da Grande Loja Feminina de Portugal, que integra nomes
conhecidos, como Helena Sanches Osório (ex-diretora de «A Capital», ex-subdiretora
de «O Independente»), Leonor Coutinho (ex-secretária de Estado da Habitação) e Maria
Belo (antiga euro deputada do PS).

Entre as correntes menos expressivas, destaca-se a Jurisdição Nacional da Federação


Internacional do Direito Humano, por ser um caso único de organização mista. É
liderada por Jorge Gomes.

A Grande Loja Regular de Portugal (cisionista), que foi fundada por diversas
personalidades ligadas ao «caso Universidade Moderna», é atualmente dirigida por
Marques Miguel.

E a Grande Loja Nacional de Portugal, que foi criada após uma cisão com a anterior,
tem como dirigente máximo Álvaro Carva. Finalmente, a Casa Real dos Pedreiros
Livres da Lusitânia, que é fruto de uma segunda cisão operada entre os dissidentes que
haviam ocupado a Casa do Sino, está praticamente extinta.
Literatura sobre a matéria
Sobre a matéria recomenda-se a leitura da «Introdução à Maçonaria», de António
Arnaut (Coimbra Editora), «A Maçonaria em Portugal» e «A Maçonaria Portuguesa e o
Estado Novo», de Oliveira Marques (Edição Gradiva e Publicações Dom Quixote,
respectivamente), «História da Franco-Maçonaria em Portugal», de M. Borges Grainha
(Edições Vega), «Com a Maçonaria não se Brinca!», de Joaquim M. Zeferino e Manuel
P. Santos (Hugin Editores) e «O que é a Maçonaria», de Alberto Victor Castellet
(Madras Editora).

personagens maçônicos portugueses:

Afonso Costa - Alexandre Heculano - Alfred Keil - Almeiga Garrett - António Augusto
de Aguiar - António José de Almeida - Bissaia Bareto - Bocage - Camilo Castelo Branco
- Carlos Mardel - Castilho - Duque de Loulé - Duque de Saldanha - Eça de Queiroz -
Egas Moniz - Elias Garcia - Fernando II - Gago Coutinho - Gomes Freire de Andrade -
Henrique Lopes de Mendonça - Miguel Bombarda - Norton de Matos - A. H. de
Oliveira Marques - Pedro IV - Rafael Bordalo Pinheiro - Raul Rego - Ribeiro Sabches -
Teófilo Carvalho dos Santos - Viana da Mota

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