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Sumário
1 Introdução .............................................................................................................. 4
2 A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa ..................................... 7
2.1 História das histórias em quadrinhos ...................................................................... 7
2.2 História da animação ..................................................................................................... 9
2.2.1 História da animação no Brasil ................................................................... 10
2.3 Histórias em quadrinhos e educação infantil .................................................... 12
2.3.1 Limites e possibilidades do uso pedagógico das histórias em qua-
drinhos ............................................................................................................................................ 15
2.4 Mauricio de Sousa ........................................................................................................ 18
2.4.1Biografia ................................................................................................................ 18
2.4.2 Turma da Mônica .............................................................................................. 20
2.5 Resenhas dos livros de pesquisa e autores utilizados ................................ 24
2.5.1 Fadas no divã .................................................................................................... 24
2.5.2 A educação está no gibi ................................................................................ 25
2.6 Jean Piaget ...................................................................................................................... 26
3 Resultados ................................................................................................................................. 28
Considerações Finais ............................................................................................................... 31
Referências ................................................................................................................................... 31
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1 Introdução
filme “Baile Frank” e fazer uma atividade de desenho sobre o que mais gostaram
nele. Vamos buscar reconhecer por meio dessa atividade de que forma os temas
presentes no desenho, como ciúme e exclusão social, são percebidos pelas
crianças. A idéia é observar se elas têm ciúme dos colegas, dos professores e como
lidam com tal sentimento. Pedimos a professora um breve relato sobre o
comportamento de casa aluno, de modo a poder fazer algumas inferências a
respeito dos conflitos emocionais de cada um. Com isso visamos saber de que
maneira esse mundo mágico que Mauricio de Sousa criou pode influenciar as
crianças.
Nosso trabalho constituiu-se em, inicialmente apresentar para as crianças o
vídeo “Baile Frank”, cujo enredo aborda a seguinte história: No laboratório, Frank
conhece mais uma das pretendentes que seu “pai” havia arrumado para ele, mas
como todas as outras, ela se assustou com o monstrinho verde. Um dia Frank
caminhava pela rua e encontrou Mônica que estava magoada por não ter uma
companhia para o baile que Carminha Frufru daria. Eles viram que tinham muito em
comum e Mônica resolveu convidá-lo para o baile. Todos ficaram de boca aberta ao
ver Mônica com Frank. Na festa ela encontra Cebolinha, que havia negado seu
convite para irem ao baile juntos. Eles acabam brigando e todos riram da garota.
Frank, tomando as dores de sua nova amiga, causou o maior tumulto. Mônica
desmaiou e o monstrinho fugiu com ela em seus braços. A turma toda se reuniu para
salvá-la. O pai de Frank o apresenta a uma nova pretendente que gosta dele como
ele é. Cebolinha, arrependido, acaba pedindo para Mônica voltar com ele para a
festa.
Neste percurso utilizamos teorias de Jean Piaget (1896-1980), que através do
seu estudo profundo sobre a psicologia infantil, contribui para que todas as fases do
desenvolvimento das crianças, em seu sentido amplo, sejam compreendidas; Djota
Carvalho (2006), autor de A educação está no gibi, obra que apresenta de forma rica
e fundamentada a importante e relevante presença das histórias em quadrinhos nas
escolas; Diana Liechtenstein Corso e Mario Corso (2006), autores de Fadas no divã,
livro que apresenta as psicanálises nas histórias infantis e em um de seus capítulos
analisa exclusivamente alguns personagens de Mauricio de Sousa; Sidney Gusman
(2006), grande estudioso de histórias em quadrinhos e um dos contratados de
Mauricio de Sousa; Luci Bonini (2008), que publicou uma postagem sobre as
histórias em quadrinhos em seu blog http://lucibonini.blogspot.com.
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escreveu um artigo para a Folha de S. Paulo, com o título “Mônica 30 anos sem
‘psicologia’”. Ele afirma que, “no mundo de Maurício de Souza não há ‘psicologia’.
Mônica simplesmente bate, Cascão só não gosta de banho, Cebolinha troca as
letras. Não há fracassos, não há autocríticas, não há culpas”. Cabe notar que
Coelho (1993) usou a palavra psicologia entre aspas, no sentido de uma
personalidade que não pode ser caracterizada por traços simples. Salta aos olhos
de quem lê as histórias da Mônica às características mais marcantes de seus
personagens. Porém, ainda que os personagens tenham personalidades muito
simples, as histórias da Turma da Mônica estão cheias de psicologia. Elas refletem a
maneira como nós explicamos e prevemos o comportamento das pessoas
cotidianamente. Dito de outra forma, as histórias da Turma da Mônica são
construídas com base na psicologia do senso comum e por isso tornam-se
compreensíveis e oferecem oportunidades para as crianças aprenderem,
informalmente, sobre aspectos do mundo social. Por exemplo, ao lerem histórias em
quadrinhos as crianças têm oportunidades de ampliar seus conceitos sobre
emoções.
Cyrus (1998), identificou uma grande variedade de palavras emocionais, que
apareciam freqüentemente nas histórias em quadrinhos da Turma da Mônica. A
análise dos contextos de uso das palavras “alegria”, “tristeza”, “medo” e “raiva”
permitiu à autora descrever seqüências típicas de sub-eventos ligados de forma
causal (scripts), incluindo antecedentes, comportamentos expressivos (verbais e
não-verbais) e conseqüentes para cada uma dessas emoções. Seus resultados
indicam que há regularidade nos contextos de uso das palavras analisadas e que,
portanto, as crianças têm a possibilidade de abstrair as características comuns a
vários exemplos de uma mesma palavra, levando em conta aspectos contextuais,
verbais e não-verbais da interação entre personagens. Reproduzindo contextos e
valores culturais, as histórias em quadrinhos oferecem oportunidades para as
crianças ampliarem seus conhecimentos sobre o mundo social. Porém, seja pelos
assuntos veiculados, seja pela forma como os temas são tratados, as histórias em
quadrinhos foram alvo de muitas críticas e, lê-las dentro das escolas, foi por muito
tempo considerada uma atividade clandestina e sujeita a punições.
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Para Abrahão (1977), temas como morte, crime e luta, que aparecem com
freqüência nas histórias em quadrinhos, não são maus por natureza e podem até ser
úteis e benéficos. Entre outros argumentos, o autor considera que a identificação
com os heróis satisfaz necessidades das crianças, que se sentem vingadas da
superioridade muitas vezes hostil das pessoas que as rodeiam. Certas tendências
ou impulsos anti-sociais e nocivos podem ser purgados pela satisfação que elas
obtêm lendo essas histórias. Considera também que a agressividade, em vez da
timidez, pode ser um equipamento valioso para a vida cotidiana. Na sua opinião, “...
não é preciso suprimir a literatura em quadrinhos, nem condená-la em princípio, mas
depurá-las dos elementos nocivos, escolhendo para nossos filhos a que constitui
leitura sadia, rejeitando a que não convém” (p. 170). Em relação aos outros aspectos
do conteúdo, podemos dizer que aquelas restrições já foram, ao menos
parcialmente, superadas. Existem quadrinhos escritos por brasileiros, com valores
familiares à nossa cultura e com material gráfico de excelente qualidade. Proibir a
criança de ler histórias em quadrinhos e propor que ela leia apenas livros “sérios”,
sem figuras, em vez de ajudá-la no processo de abstração, pode, de fato, prejudicá-
la.
A leitura de histórias em quadrinhos pode contribuir para a formação do “gosto
pela leitura” porque ao ler histórias em quadrinhos a criança envolve-se numa
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atividade solitária e não movimentada por determinado período de tempo, que são
características pouco freqüentes nas atividades de crianças pré-escolares ou no
início da escolarização. Também porque, estando mais próximas da forma de
raciocinar destas crianças, elas podem mais facilmente lê-las, no sentido de retirar
delas significados, o que seria menos provável com outros tipos de leitura. Além
disso, pode-se esperar que uma criança para quem a leitura tenha se tornado uma
atividade espontânea e divertida, esteja mais motivada a explorar outros tipos de
textos (com poucas ilustrações, fato que atrai muito mais sua atenção), do que outra
criança para quem esta atividade tenha sido imposta e se tornado enfadonha.
Segundo Mendes (1990/1), as histórias em quadrinhos, enquanto recursos
didáticos apresentam a vantagem de serem de fácil acesso e não exigirem
mediadores técnicos para a sua leitura. Para a autora, “se por um lado o livro infantil
e a escola caminharam sempre juntos e complementando-se mutuamente, o mesmo
não ocorreu com as histórias em quadrinhos. Pelo contrário, as histórias em
quadrinhos normalmente só eram lidas às escondidas do professor, entre uma aula
e outra. Apesar de suas extraordinárias possibilidades como meio educativo, têm
sido marginalizadas, exaltando-se somente a sua faculdade de entretenimento” (p.
53). Ele destaca três possibilidades de utilização didática das histórias em
quadrinhos: 1) A análise crítica das histórias feita em conjunto com a criança; 2) O
incentivo à criação de histórias em quadrinhos pela própria criança expressando a
sua visão de mundo particular, o que poderia ser feito pelos professores de língua,
arte e história e 3) A utilização das histórias em quadrinhos como um meio de
expressão e conscientização política e social, onde a criança possa se informar.
Várias publicações nacionais, inclusive documentos oficiais como os
Referenciais Curriculares para a Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental, publicados pelo Ministério da Educação, têm
apontado diretrizes e sugestões para o trabalho com as histórias em quadrinhos na
sala de aula (ex. Bibe-Luyten, 1989; Higuchi, 1997; MEC/SEF, 1997, 1998; Serpa e
Alencar, 1998, Pellegrini, 2000). Estas sugestões envolvem a utilização de histórias
em quadrinhos nas diferentes disciplinas através de atividades variadas. Hoje
também estão disponíveis programas de computador para as crianças montarem
suas próprias histórias em quadrinhos, com seus personagens favoritos. No século
XVII, a compreensão de que as crianças tinham uma psicologia distinta da dos
adultos e o desejo de moralizá-las abrem espaço para o surgimento de uma
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literatura infantil. Contar histórias através de desenhos é algo bastante antigo, mas
tal como as conhecemos hoje as histórias em quadrinhos surgiram no século XIX,
acompanhando os avanços tecnológicos da imprensa e o desenvolvimento do jornal.
Combinando imagem e texto, personagens com traços juvenis, que são heróis e ao
mesmo tempo garotos propaganda, as histórias em quadrinhos exercem um fascínio
especial sobre as crianças. Refletindo contextos e valores culturais, elas afetam,
informalmente, a educação de seus leitores, transmitindo estereótipos e ampliando
seus conhecimentos sobre o mundo social. Como qualquer outro gênero literário as
histórias em quadrinhos podem ser boas ou ruins do ponto de vista de seus
conteúdos. Considerando as características de sua linguagem, seu uso pedagógico
em contextos de educação formal tem sido recomendado por especialistas.
Dado o poder dos meios de comunicação e as condições de vida nas
sociedades urbanas contemporâneas, a criança encontra histórias em quadrinhos
em vários contextos. Para servirem como mediadores desses encontros, é desejável
que os educadores estejam informados a respeito das análises de como as histórias
em quadrinhos afetam a educação de seus leitores e como utilizá-las para promover
o desenvolvimento de sujeitos críticos e criativos.
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2.4.1 Biografia
Marta Suplicy. "As crianças dos outros países vão querer conhecer o Brasil, terra da
Mônica, e com isso nós vamos aumentar o turismo dentro do País. Isso é bom
porque o turismo gera emprego e emprego gera renda", destacou a ministra. "Eu
quero lançar livrinhos com a Turma da Mônica visitando as várias regiões do Brasil
para provocar o turismo interno, estimular as pessoas a conhecerem o país", afirmou
Maurício de Sousa. A escolha de uma personagem nacional, identificada com o
público infantil, é mais uma ação do MTur para estimular o turismo brasileiro. Dentro
da estratégia do Plano Nacional de Turismo, será mais um instrumento para
incentivar a inclusão do turismo na cesta de consumo dos brasileiros e tornar o País
mais conhecido no exterior. Na promoção nacional e internacional, a Turma da
Mônica poderá ser apresentada quando o objetivo for atingir o público infanto-juvenil.
Mônica e sua turma são conhecidos pelo público brasileiro infantil e adulto, por meio
das revistas com tiragem mensal de dois milhões de exemplares, dos filmes
lançados anualmente, do site, dos brinquedos e jogos, vídeos, das campanhas
educativas nas diversas mídias e dos inúmeros produtos licenciados.
Mônica foi criada em 1963, baseada na filhinha do Mauricio, com o mesmo
nome. No início, era irmã mais nova de Zé Luis e saia nas tirinhas do Cebolinha.
Nessa época, Cebolinha era o personagem principal. Em 1970, Mônica ganhou a
sua própria revista. Desde daquela época, é uma das revistas que mais vendem no
país.
Mauricio de Sousa é o mais conhecido e bem sucedido cartunista brasileiro.
Seus personagens são famosos no mundo todo e são freqüentemente utilizados
para merchandising dos mais diversos tipos de produtos, de massa de tomate a
fraldas e roupas infantis. Ele já produziu vários filmes e suas revistas também são
vendidas em vários países, como França, Filipinas, Itália, Índia, China e no Japão.
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3 Resultados
Personagens desenhados:
2 Mônca
5 Cebolinha
Frank
3 Mônica e Frank
Outros
3
5
.
Figura10 : Gráfico que explica a distribuição dos desenhos feitos no dia 29/09/08, pelas
crianças do colégio Antonio Nacif Salem em Mogi das Cruzes.
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Considerações finais
Os estudos aqui realizados nesta pesquisa procuraram compreender como as
mídias infantis são importantes para o crescimento e amadurecimento infantil e
como a criança recebe as influências das personagens criadas por Mauricio de
Sousa e até que ponto tais influências podem interferir em seu comportamento e em
sua subjetividade. Foi possível verificar nesta pesquisa que estas personagens
infantis podem contribuir positivamente no processo da formação psicológica da
criança. Os temas leves abordados nas histórias, veiculadas nos gibis e nos filmes
da Turma da Mônica, e as características universais das personagens fazem com
que a criança se identifique e aprenda com tais fatos.
Em contraponto, depois de terminada a atividade com crianças de 5 anos,
alunas de uma escola municipal, concluímos através de seus desenhos que há, de
forma embrionária na criança, os sentimentos de sexo, preconceito, rejeição e
violência. Tais “embriões” surgem quando a criança observa sua própria família e
como está ainda em processo de formação de personalidade, adquiri para si aquilo
que vê projetado nos pais. Alguns exemplos de desenhos demonstraram Mônica
pintada de vermelho vivo e em tamanho grande. Isto pode representar uma mãe
violenta, ou seja, a imagem da mulher como dominadora, porque além do tamanho
exagerado ser motivo de repressão, a cor vermelha, segundo a teoria das cores na
psicologia, representa a raiva, o sexo e a intensidade. Outros desenhos mostram
Frank (personagem principal do filme exposto), dentro de algum lugar fechado, como
uma casa ou uma caixa. Expressão de que “o feio” deve se esconder numa
sociedade onde só o belo tem espaço.
A criança na fase pré-escolar possui características próprias para mostrar tudo
o que pensa. Pode se desenvolver aos poucos e se aperfeiçoar através das
vivências adquiridas e do contato com outras crianças. Este tipo de criança atrai-se,
com louvor, pelas diferentes linguagens propostas pelo quadrinho e pelo desenho
animado, que acabam sendo os meios de comunicação que são mais direcionados a
elas.
A Indústria Cultural se aproveita deste comportamento exposto pelas crianças
e injeta, cada vez mais, em seu convívio social e em seus pensamentos assuntos
impróprios a sua idade. Mas graças à genialidade e a sensibilidade de autores como
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Referencias
ABRAHÃO, A. Pedagogia e Quadrinhos. Em: Álvaro de Moya Shazam. São Paulo:
Coleção Debates. Editora Perspectivas, 1977.
Coelho, N. N. (1987) O Conto de Fadas. São Paulo: Série Princípios, Editora Ática.
CORSO, Lichtenstein Diana, CORSO, Mário. Fadas no Divã. Ed.1. Artmed, 2006.