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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

CAMILA FRANCO DE CARVALHO BERANGER RGM 52143


LETÍCIA TIEMI YAJIMA FRANKLIN FERREIRA RGM 39108
PATRICIA TONI FIRMINO RGM 53288

A PSICOLOGIA DO MUNDO MÁGICO DE MAURICIO DE


SOUSA

Mogi das Cruzes, SP


2008
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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

CAMILA FRANCO DE CARVALHO BERANGER RGM 52143


LETÍCIA TIEMI YAJIMA FRANKLIN FERREIRA RGM
PATRICIA TONI FIRMINO RGM 53288

A PSICOLOGIA DO MUNDO MÁGICO DE MAURICIO DE


SOUSA

Pré-projeto apresentado ao Curso de


Comunicação Social Jornalismo da
Universidade de Mogi das Cruzes como pré-
requisito da disciplina Projeto de Produtos e
Processos Midiáticos

Orientadores: Profa. Luci Bonini


Profo Sérsi Bardari

Mogi das Cruzes, SP


2008
3

Sumário

1 Introdução .............................................................................................................. 4
2 A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa ..................................... 7
2.1 História das histórias em quadrinhos ...................................................................... 7
2.2 História da animação ..................................................................................................... 9
2.2.1 História da animação no Brasil ................................................................... 10
2.3 Histórias em quadrinhos e educação infantil .................................................... 12
2.3.1 Limites e possibilidades do uso pedagógico das histórias em qua-
drinhos ............................................................................................................................................ 15
2.4 Mauricio de Sousa ........................................................................................................ 18
2.4.1Biografia ................................................................................................................ 18
2.4.2 Turma da Mônica .............................................................................................. 20
2.5 Resenhas dos livros de pesquisa e autores utilizados ................................ 24
2.5.1 Fadas no divã .................................................................................................... 24
2.5.2 A educação está no gibi ................................................................................ 25
2.6 Jean Piaget ...................................................................................................................... 26
3 Resultados ................................................................................................................................. 28
Considerações Finais ............................................................................................................... 31
Referências ................................................................................................................................... 31
4

1 Introdução

O tema de nosso projeto é A psicologia do mundo mágico de Mauricio de


Sousa. Acreditamos, antes de tudo, estar prestando uma homenagem ao desenhista
Mauricio de Sousa, que viveu na região de Mogi das Cruzes.
Este estudo tem importância fundamental para alunos do Curso de
Comunicação Social, principalmente Jornalismo, uma vez que as personagens de
Mauricio de Sousa estão presentes em uma série de veículos de comunicação
voltados para crianças e até mesmo em outros tipos de publicação e em publicidade.
Além dos gibis das diversas personagens, tirinhas são publicadas em suplementos
infantis que circulam encartados em jornais e diversas partes do país e do mundo.
Também no mundo audiovisual, as criações de Mauricio estão presentes e já
protagonizaram vários longas-metragens exibidos no cinema.
Compreender o modo como as crianças recebem as informações veiculadas
pelas histórias das personagens do Mauricio de Sousa contribui em muito para a
formação do comunicólogo que pretende atuar em veículos de comunicação
voltados pra crianças. Este estudo poderá contribuir também com os professores de
ensino fundamental, porque muito desse material é utilizado em sala de aula, para
facilitar as atividades didáticas. A pesquisa ajudará na nossa formação para que
possamos compreender as mídias infantis e, posteriormente, estarmos mais bem
preparadas para trabalhar com elas.
Temos como objetivo geral da pesquisa estudar a influência e a contribuição
das personagens de Mauricio de Sousa na formação psicológica e na subjetividade
da criança. Os objetivos específicos são analisar o perfil psicológico das
personagens com base em bibliografia específica. Elaborar atividades educacionais
a partir da leitura e histórias em quadrinhos e desenhos animados da Turma da
Mônica, tomando por base conceitos pedagógicos e também descrever como as
crianças reagem após as atividades, com base nos conceitos da psicologia do
desenvolvimento.
A metodologia desta pesquisa é o Estudo de recepção, pois se pretende
estudar A Psicologia do Mundo Mágico de Mauricio de Sousa. Utilizamos pesquisa
bibliográfica, pesquisa de campo, análise de artigos jornalísticos e publicitários.
Nossa pesquisa almeja conseguir entender o quanto crianças se identificam com as
personagens da Turma da Mônica. São crianças de 5 a 6 anos que irão assistir ao
5

filme “Baile Frank” e fazer uma atividade de desenho sobre o que mais gostaram
nele. Vamos buscar reconhecer por meio dessa atividade de que forma os temas
presentes no desenho, como ciúme e exclusão social, são percebidos pelas
crianças. A idéia é observar se elas têm ciúme dos colegas, dos professores e como
lidam com tal sentimento. Pedimos a professora um breve relato sobre o
comportamento de casa aluno, de modo a poder fazer algumas inferências a
respeito dos conflitos emocionais de cada um. Com isso visamos saber de que
maneira esse mundo mágico que Mauricio de Sousa criou pode influenciar as
crianças.
Nosso trabalho constituiu-se em, inicialmente apresentar para as crianças o
vídeo “Baile Frank”, cujo enredo aborda a seguinte história: No laboratório, Frank
conhece mais uma das pretendentes que seu “pai” havia arrumado para ele, mas
como todas as outras, ela se assustou com o monstrinho verde. Um dia Frank
caminhava pela rua e encontrou Mônica que estava magoada por não ter uma
companhia para o baile que Carminha Frufru daria. Eles viram que tinham muito em
comum e Mônica resolveu convidá-lo para o baile. Todos ficaram de boca aberta ao
ver Mônica com Frank. Na festa ela encontra Cebolinha, que havia negado seu
convite para irem ao baile juntos. Eles acabam brigando e todos riram da garota.
Frank, tomando as dores de sua nova amiga, causou o maior tumulto. Mônica
desmaiou e o monstrinho fugiu com ela em seus braços. A turma toda se reuniu para
salvá-la. O pai de Frank o apresenta a uma nova pretendente que gosta dele como
ele é. Cebolinha, arrependido, acaba pedindo para Mônica voltar com ele para a
festa.
Neste percurso utilizamos teorias de Jean Piaget (1896-1980), que através do
seu estudo profundo sobre a psicologia infantil, contribui para que todas as fases do
desenvolvimento das crianças, em seu sentido amplo, sejam compreendidas; Djota
Carvalho (2006), autor de A educação está no gibi, obra que apresenta de forma rica
e fundamentada a importante e relevante presença das histórias em quadrinhos nas
escolas; Diana Liechtenstein Corso e Mario Corso (2006), autores de Fadas no divã,
livro que apresenta as psicanálises nas histórias infantis e em um de seus capítulos
analisa exclusivamente alguns personagens de Mauricio de Sousa; Sidney Gusman
(2006), grande estudioso de histórias em quadrinhos e um dos contratados de
Mauricio de Sousa; Luci Bonini (2008), que publicou uma postagem sobre as
histórias em quadrinhos em seu blog http://lucibonini.blogspot.com.
6

Espera–se, com este estudo, comprovar a hipótese de que existem influência


e contribuição das personagens de desenhos animados na formação psicológica e
na formação subjetiva da criança.
7

2 A psicologia do mundo mágico de Mauricio de Sousa

2.1 A história das histórias em quadrinhos

Segundo Bonini (2008), os primeiros registros de histórias em seqüência são


os desenhos feitos no interior das cavernas na idade da pedra. Na Idade Medieval,
as ilustrações apresentavam alguns relevos baixos.
Muitos pesquisadores das HQs, mais afoitos, atribuem que a origem delas está na
Idade Média, onde se pintavam vitrais com a vida dos santos e de suas bocas saiam
os filactérios, ou seja, desenrolavam-se pergaminhos que continham frases ou
ensinamentos deixados por esses homens heróicos pela santidade. Outros
pesquisadores acreditam que desde que o homem aprendeu a contar histórias por
meio de desenhos, já se fazia HQ. (BONINI, 2008)

Na primeira metade do século XIX, o suíço Rodolpne Topffer fez alguns


cômicos que já tinham características das Histórias em Quadrinhos (HQs) atuais. No
Brasil, Ângelo Agostini, um italiano que vivia aqui, é considerado o precursor da HQ
Brasileira. Ele criou seus primeiros quadrinhos, que eram publicados na revista Vida
Fluminense.
Em 1850, na Alemanha, Wilhelm Bush cria os primeiros personagens das
HQs, Marx and Moriz, para ilustrar seus poemas moralistas. Em 1884, surgiu a
primeira HQ de longa duração no Brasil, As Aventuras de Zé Caipora, que foi
publicada na revista Ilustração. As tirinhas de jornais nasceram nos EUA em 1894.
Nessa mesma época, um dos primeiros personagens criados foi o Yellow Kid.
O primeiro personagem que, oficialmente, marca o surgimento das HQ é Yellow Kid, ele
surge nas edições de domingo de um jornal norte-americano, o New York World. A ele se
seguiram inúmeros personagens, espalhados pelos jornais do mundo todo: Os sobrinhos
do Capitão, Little Nemo in Slumberland, Mutt e Jeff, Tintin entre outros. O século XX
acelera as produções das 'daily streeps' ou seja, tiras diárias, por isso podemos observar
que elas passam para uma periodicidade menor. (BONINI, 2008)

Em 1905, no Brasil, surge a revista O Tico-Tico um marco do quadrinho


nacional. Ainda no século XX, nascem os primeiros personagens com características
nacionais, o Chiquinho, o Reco-Reco, Bolão e Azeitona.
Nos quadrinhos cômicos surgem várias personagens e muitas destas estão
em cena até hoje, como o Gato Félix (1928), Mickey Mouse (1928), Popeye (1929) e
Betty Boop (1931).
8

São da mesma época, as primeiras aventuras do repórter–detetive Tintim, de Belga


Helgé.
Na década de 30, surgem historias mais bem acabadas, com traços mais
detalhados e temas mais sérios, como Tarzan, e na ficção científica, Flash Gordon.
No Brasil, Roberto Marinho, em 1937, entra na área dos quadrinhos, com o jornal O
Globo. Na década de 40, com a Segunda Guerra Mundial, surgem os maiores heróis
conhecidos no universo dos quadrinhos, Superman, Batman e Capitão América.
Já na década de 50, aparece o Spirit, de Will
Eisner, que revoluciona as HQs com desenhos que
lembram cenas de filme. A editora Abril traz ao Brasil
o Pato Donald e o Zé Carioca da Disney, em 1950.
Nessa época, surgem as adaptações dos clássicos
de romances da literatura para quadrinhos e também
surgem os heróis nacionais, para combater a
concorrência americana. Na década de 60, surgem
os heróis “humanizados”, que apresentavam
Figura 1: Will Eisner
problemas do cotidiano, como por exemplo, o Homem–
Aranha. Nessa mesma época, surgem vários quadrinistas brasileiros e com eles
inúmeros personagens, como o Pererê, de Ziraldo. Foi nessa mesma época que
surgiu Mauricio de Sousa, criador da turma mais famosa do Brasil, A Turma da
Mônica.Na década de 80, entre vários nomes, surgem Miguel de Paiva, que criou a
Radical Chic, e Laerte, que trouxe Os Piratas do Tietê. A febre dos mangás
japoneses chega ao Brasil e influencia o surgimento de vários personagens com as
mesmas características. As histórias vão mudando, os autores aprimorando suas
técnicas e a galeria de personagens crescendo cada dia mais. Segundo Bonini
(2008), “o que diferencia os heróis das HQs dos da literatura, é que eles são visíveis
(nos desenhos) [...] e as tirinhas já nasceram falando, não ainda em balõezinhos,
como hoje, mas sim em legendas horizontais na base do desenho.”
9

2.2 História da Animação


Para o site Info Escola, a história da animação perde-se nas brumas do
tempo, desde a era das imagens registradas nas paredes das cavernas antigas até
as projeções conhecidas como sombras chinesas, porém inventadas pelos alemães.
Hoje, as animações são cada vez mais sofisticadas, graças à tecnologia digital, mas
o processo original consiste na elaboração individual de cada fotograma – cada uma
das representações gravadas por meio de reações químicas no celulóide do
cinematógrafo – de uma película. Isso é realizado por meio de registros fotográficos
de figuras desenhadas; através de mínimas mutações repetidas em um protótipo
primordial, com cada resultante fotografada; ou ainda por computação gráfica. Assim
que os fotogramas são conectados, o filme é assistido à velocidade de dezesseis ou
mais reproduções por segundo, o que dá origem a uma sensação de movimento
ininterrupto e que encanta nossos olhos. Realizado da forma mais primitiva, este
procedimento se transforma em algo monótono e mecânico, daí a importância da
introdução da digitalização, que incrementa a duração da produção.
O primeiro show de projeção de sombras foi realizado em 1795, quando se
apresentou ao público uma exibição de natureza histórica, de conteúdo fortemente
ideológico, com o auxílio de uma lanterna movediça, dando impulso a uma animação
posteriormente conhecida como 3D, embora de forma ainda rudimentar. Vários
instrumentos foram desenvolvidos para criar impressões de movimento, culminando
em 1872 com um experimento do fotógrafo Eadweard Muybridge que, assessorado
por um engenheiro, John D. Isaacs, valeu-se de uma seqüência de vinte e quatro
câmaras escuras que captavam progressivamente a passagem de um cavalo, o qual
ativava os dispositivos que, nestes aparelhos, impedem ou permitem a passagem da
luz, regulando a exposição das películas sensíveis à luz, assim que suas patas
tocavam em fios bem esticados, posicionados de forma a permitir essa operação.

Mas foram os irmãos Lumiére que aprimoraram estes equipamentos


incipientes, ao criar o Cinematógrafo, exibido ao público em uma inesquecível
sessão de cinema realizada no dia 28 de dezembro de 1895. Desta forma, não é
equivocado afirmar que a história da animação se confunde com os primórdios do
cinema mudo, persistindo até os nossos dias, se aperfeiçoando à medida que as
inovações tecnológicas se sucedem. O francês Émile Reynaud, inventor de um
10

aparelho chamado praxynoscópio, mecanismo que projeta na tela reproduções


desenhadas sobre fitas transparentes, foi o responsável pelo primeiro desenho
animado, produzido com doze imagens e películas contendo cerca de 500 a 600
imagens, exibido no Musée Grévin, em Paris, no dia 28 de outubro de 1892. O
primeiro desenho realizado através de um projetor moderno foi Fantasmagorie, do
diretor Émile Courtet, em 1908. Já na modalidade longa-metragem animado, o
pioneiro foi El Apóstol, criado pelo argentino Quirino Cristiani, transmitido na
Argentina, em 1917. Atualmente, as animações continuam mais que nunca no topo
das produções mais lucrativas e de maior sucesso de público.

2.2.1 História da Animação no Brasil

Segundo o trabalho de conclusão de curso dos alunos de cinema da


Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a história da animação no Brasil é
relativamente recente. Na primeira metade do século XX foram produzidas algumas
pequenas experiências em animação sem muita continuidade. O cinema de
animação brasileiro tem uma história curta nos primeiros cinqüenta anos deste
século. Logo no início dos anos 10 alguns artistas realizaram cenas animadas para
compor os sonhos de personagens de filmes "live-action". Alguns dos primeiros
animadores do Brasil eram cartunistas como Fono (Eugênio Fonseca Filho), que
criou pequenas animações inspiradas nas tiras de quadrinhos americanas "Mutt and
Jeff", e Álvaro Martins, considerado o primeiro a realizar animações com
personagens e situações tipicamente brasileiros. Até então a história do cinema de
animação brasileiro é muito intermitente. Isso se deve à demora do Brasil em
encarar o cinema como uma produção industrial. Isto só veio ocorrer por volta dos
anos 30, quando foram criados os estúdios da Cinédia e nos anos 40 com o
surgimento da Atlântida, que infelizmente nunca se empenharam na produção de
filmes de animação.
Em 1939, chega ao Brasil Walt Disney, com o intuito de estreitar os laços
entre os países das três Américas e angariar simpatia para oposição à crescente
política nazista de Hitler. Na década de 50 começam a aparecer vários animadores e
é lançado o primeiro longa-metragem de animação brasileiro, "Sinfonia Amazônica"
em 1953, de Anélio Lattini Filho. O filme foi produzido em preto e branco e consumiu
longos 6 anos de trabalho de seu realizador, que trabalhou sozinho em todas as
11

etapas da produção. Já na década de 60 cresce o número de animações em


produções publicitárias e em filmes didáticos. Em 1967 foi fundado no Rio de Janeiro
o Centro de Estudos de Cinema de Animação (CECA). Com sua dissolução foi
montado um novo grupo de animação experimental - O Fotograma.
Na década de 70, o jovem Marcos Magalhães se destaca com seu filme
"MEOW" de 1976, premiado nos Festivais de Brasília, Havana e Cannes. Marcos
estagiou na National Film Board of Canada onde realizou o filme "Animando" de
1972, um filme que demonstra diversas técnicas de animação. Ao voltar para o
Brasil, ele participou do acordo entre Brasil e Canadá para a criação do Núcleo de
Cinema de Animação do CTAV, projeto coordenado por ele de 1985 a 1987. Com
esse acordo foi criado o primeiro curso de Animação no Brasil. A continuação do
acordo resultou em três núcleos de animação: NACE em Fortaleza (Universidade
Federal do Ceará), o do Rio Grande do Sul (Instituto Estadual de Cinema) e o de
Minas Gerais (Escola de Belas Artes da UFMG). Junto com César Coelho, Aida
Queiroz e Léa Zagury, Marcos Magalhães iniciou em 1993 a realização do Anima
Mundi, um Festival Internacional de Animação. O Anima Mundi trouxe uma nova
perspectiva para os futuros animadores do país, tornando-se uma referência tanto
nacional quanto internacional. Os grandes nomes da animação no Brasil são: Cao
Hamburguer, Otto Guerra, Stil, entre outros.
12

2.3 Histórias em quadrinhos e educação infantil

Algumas características dos personagens de histórias em quadrinhos


explicam o fascínio que este gênero literário exerce sobre as crianças. Um deles diz
respeito à aparência física dos personagens. Gould (1989) compara a evolução
gráfica das características físicas de Mickey ao processo de neotenia observado na
evolução humana, isto é, ao fato de sermos, enquanto espécie‚ cada vez mais
semelhantes com os filhotes de nossos ancestrais. O autor lembra o argumento de
Lorenz para quem os traços juvenis desencadeiam “mecanismos inatos de
liberação” de afeto e cuidado nos humanos adultos. Esses “liberadores” seriam:
“Uma cabeça relativamente larga, predominância da cápsula cerebral, olhos grandes
e de implantação baixa, região das bochechas abaulada, extremidades curtas e
grossas, consistência elástica e saltitante e movimentos desajeitados “ ( p. 88).
Com o passar do tempo, Mickey torna-se cada vez mais jovem. O mesmo
acontece com a Mônica de Maurício de Souza (ver ilustração em “Mônica 30 anos”
Edição de Aniversário). Outra característica de alguns personagens que explica sua
atração sobre o público infantil é a possibilidade que oferecem para uma
identificação catártica. Por exemplo, “Mônica realiza o sonho de toda criança: ser
reconhecida em seu poder” (Khéde‚ 1990; p. 86). Uma outra, ainda, é a da
reiteração televisiva. Coelho (1993) considera que o interesse pelos personagens da
Turma da Mônica se duplica por serem todos garotos-propaganda. “Tornaram-se
vendedoras de produtos porque tinham sucesso, e porque são vendedoras,
aparecendo o tempo todo na TV, ensinam às crianças, o quanto são adoráveis”. A
possibilidade de entender a história apoiando-se nos desenhos é, sem dúvida, algo
que vai ao encontro das características do pensamento infantil e explica, em boa
medida, o interesse das crianças pelas histórias em quadrinhos.

Segundo Mendes (1990/1):

A história em quadrinhos (...) é um meio de comunicação de massas, cujas histórias


são narradas através de imagens desenhadas e textos Inter-relacionados. Sua
unidade básica é o quadrinho (ou vinheta), que quando se apresentam enlaçadas
encadeadamente formam a estrutura seqüencial do relato. Pode ser publicada em
almanaques, periódicos e revistas. Além de informar e entreter, tem junto a outros
meios de comunicação de massa um papel na formação da criança. A história em
quadrinhos é transmissora de ideologia e, portanto, afeta a educação de seu público
leitor (p. 25).
13

Como destacado na definição apresentada por Mendes (1990/1), as histórias


em quadrinhos transmitem ideologia. Segundo a autora, a ideologia se reproduz
através de estereótipos de classe, sexo e raça. A respeito do mundo que se
apresenta nas revistas da Turma da Mônica, Mendes (1990/1) em seus comentários
sobre a classe social diz que os personagens parecem viver numa sociedade onde
os problemas básicos de subsistência já foram superados. Eles não apresentam
problemas econômicos e pertencem à classe média tradicional ou média alta.
“Possuem tudo aquilo que o padrão pequeno burguês considera necessário para
viver bem, casa, carro, eletrodomésticos, possibilidade de consumo etc.” (p. 399).
Em relação aos estereótipos de papel sexual, Mendes (1990/1) identificou, entre
outros, a reprodução do mito de que a fragilidade é uma qualidade feminina, assim
como ser carinhosa, exageradamente curiosa, brincar de boneca, cuidar e
preocupar-se com os problemas de seus filhos, cuidarem de seu corpo, pois ser uma
mulher gorda é mais grave do que ser um homem obeso. Por outro lado, a força é
uma qualidade única e tão somente masculina e os homens devem proteger as
mulheres, que são frágeis, e tomar a iniciativa numa conquista amorosa.
Segundo a autora, por levar uma vida pouco doméstica e submissa, Mônica
rejeita o papel tradicional designado para as mulheres. Ela é uma menina hiperativa,
anda pelos espaços públicos, se relaciona com amigos, participa de aventuras em
pé de igualdade com os meninos, isso sem falar de sua extraordinária força física.
Mendes (1990/1) discute se a revista de Mônica pode ser considerada um quadrinho
feminista. Ela acredita que não, porque a personagem reproduz atitudes tidas
tradicionalmente como femininas. Além disso, “ao tentar não reproduzir uma menina
tradicional e submissa ao homem, Mônica cai no extremo oposto e reproduz o papel
de quem domina e oprime porque tem força física” (p. 414). Segundo a autora, o
feminismo não propõe uma troca de papéis, mas que as pessoas não sejam
discriminadas pelo sexo. Mulheres, negros e índios participam freqüentemente como
personagens secundários nas histórias em quadrinhos. Mônica é uma das poucas
heroínas deste tipo de literatura e, segundo Bibe-Luyten (1993), ela “tem sua
entrada barrada em vários países, justamente aqueles em que a mulher é
socialmente reprimida” (p.79). Além dos estereótipos de raça, classe e sexo, ao
lerem histórias em quadrinhos as crianças podem construir conhecimento sobre
outros aspectos da vida social e terem a percepção do certo ou errado.
Por ocasião do trigésimo aniversário da personagem Mônica, Coelho (1993)
14

escreveu um artigo para a Folha de S. Paulo, com o título “Mônica 30 anos sem
‘psicologia’”. Ele afirma que, “no mundo de Maurício de Souza não há ‘psicologia’.
Mônica simplesmente bate, Cascão só não gosta de banho, Cebolinha troca as
letras. Não há fracassos, não há autocríticas, não há culpas”. Cabe notar que
Coelho (1993) usou a palavra psicologia entre aspas, no sentido de uma
personalidade que não pode ser caracterizada por traços simples. Salta aos olhos
de quem lê as histórias da Mônica às características mais marcantes de seus
personagens. Porém, ainda que os personagens tenham personalidades muito
simples, as histórias da Turma da Mônica estão cheias de psicologia. Elas refletem a
maneira como nós explicamos e prevemos o comportamento das pessoas
cotidianamente. Dito de outra forma, as histórias da Turma da Mônica são
construídas com base na psicologia do senso comum e por isso tornam-se
compreensíveis e oferecem oportunidades para as crianças aprenderem,
informalmente, sobre aspectos do mundo social. Por exemplo, ao lerem histórias em
quadrinhos as crianças têm oportunidades de ampliar seus conceitos sobre
emoções.
Cyrus (1998), identificou uma grande variedade de palavras emocionais, que
apareciam freqüentemente nas histórias em quadrinhos da Turma da Mônica. A
análise dos contextos de uso das palavras “alegria”, “tristeza”, “medo” e “raiva”
permitiu à autora descrever seqüências típicas de sub-eventos ligados de forma
causal (scripts), incluindo antecedentes, comportamentos expressivos (verbais e
não-verbais) e conseqüentes para cada uma dessas emoções. Seus resultados
indicam que há regularidade nos contextos de uso das palavras analisadas e que,
portanto, as crianças têm a possibilidade de abstrair as características comuns a
vários exemplos de uma mesma palavra, levando em conta aspectos contextuais,
verbais e não-verbais da interação entre personagens. Reproduzindo contextos e
valores culturais, as histórias em quadrinhos oferecem oportunidades para as
crianças ampliarem seus conhecimentos sobre o mundo social. Porém, seja pelos
assuntos veiculados, seja pela forma como os temas são tratados, as histórias em
quadrinhos foram alvo de muitas críticas e, lê-las dentro das escolas, foi por muito
tempo considerada uma atividade clandestina e sujeita a punições.
15

2.3.1 Limites e possibilidades do uso pedagógico das histórias em quadrinhos


Abrahão (1977) resumiu as críticas e restrições feitas comumente aos
quadrinhos da seguinte forma: Quanto ao processo Dispõe para uma atitude de
preguiça mental; Retarda o processo de abstração (desprendimento dos objetos
concretos, figuras ou quadrinhos, para as representações simbólicas e abstratas da
linguagem); Dificulta o hábito da leitura de livros. Quanto ao conteúdo Linguagem
descuidada (no geral, traduções); Temas nocivos, incluindo valores de ordem moral,
política ou social, estranhos à nossa cultura; Apresenta, em geral, aspectos
materiais, pictóricos ou tipográficos falho e imperfeitos (p. 138).

É o processo e não o conteúdo que define as histórias em quadrinhos como um


tipo de literatura específico e, portanto, é ele quem deve ser julgado. “A
condenação dos assuntos utilizados, mesmo quando justa, não poderia significar
a condenação do próprio gênero de leitura” (p. 164), Abrahão (1977).

Para Abrahão (1977), temas como morte, crime e luta, que aparecem com
freqüência nas histórias em quadrinhos, não são maus por natureza e podem até ser
úteis e benéficos. Entre outros argumentos, o autor considera que a identificação
com os heróis satisfaz necessidades das crianças, que se sentem vingadas da
superioridade muitas vezes hostil das pessoas que as rodeiam. Certas tendências
ou impulsos anti-sociais e nocivos podem ser purgados pela satisfação que elas
obtêm lendo essas histórias. Considera também que a agressividade, em vez da
timidez, pode ser um equipamento valioso para a vida cotidiana. Na sua opinião, “...
não é preciso suprimir a literatura em quadrinhos, nem condená-la em princípio, mas
depurá-las dos elementos nocivos, escolhendo para nossos filhos a que constitui
leitura sadia, rejeitando a que não convém” (p. 170). Em relação aos outros aspectos
do conteúdo, podemos dizer que aquelas restrições já foram, ao menos
parcialmente, superadas. Existem quadrinhos escritos por brasileiros, com valores
familiares à nossa cultura e com material gráfico de excelente qualidade. Proibir a
criança de ler histórias em quadrinhos e propor que ela leia apenas livros “sérios”,
sem figuras, em vez de ajudá-la no processo de abstração, pode, de fato, prejudicá-
la.
A leitura de histórias em quadrinhos pode contribuir para a formação do “gosto
pela leitura” porque ao ler histórias em quadrinhos a criança envolve-se numa
16

atividade solitária e não movimentada por determinado período de tempo, que são
características pouco freqüentes nas atividades de crianças pré-escolares ou no
início da escolarização. Também porque, estando mais próximas da forma de
raciocinar destas crianças, elas podem mais facilmente lê-las, no sentido de retirar
delas significados, o que seria menos provável com outros tipos de leitura. Além
disso, pode-se esperar que uma criança para quem a leitura tenha se tornado uma
atividade espontânea e divertida, esteja mais motivada a explorar outros tipos de
textos (com poucas ilustrações, fato que atrai muito mais sua atenção), do que outra
criança para quem esta atividade tenha sido imposta e se tornado enfadonha.
Segundo Mendes (1990/1), as histórias em quadrinhos, enquanto recursos
didáticos apresentam a vantagem de serem de fácil acesso e não exigirem
mediadores técnicos para a sua leitura. Para a autora, “se por um lado o livro infantil
e a escola caminharam sempre juntos e complementando-se mutuamente, o mesmo
não ocorreu com as histórias em quadrinhos. Pelo contrário, as histórias em
quadrinhos normalmente só eram lidas às escondidas do professor, entre uma aula
e outra. Apesar de suas extraordinárias possibilidades como meio educativo, têm
sido marginalizadas, exaltando-se somente a sua faculdade de entretenimento” (p.
53). Ele destaca três possibilidades de utilização didática das histórias em
quadrinhos: 1) A análise crítica das histórias feita em conjunto com a criança; 2) O
incentivo à criação de histórias em quadrinhos pela própria criança expressando a
sua visão de mundo particular, o que poderia ser feito pelos professores de língua,
arte e história e 3) A utilização das histórias em quadrinhos como um meio de
expressão e conscientização política e social, onde a criança possa se informar.
Várias publicações nacionais, inclusive documentos oficiais como os
Referenciais Curriculares para a Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental, publicados pelo Ministério da Educação, têm
apontado diretrizes e sugestões para o trabalho com as histórias em quadrinhos na
sala de aula (ex. Bibe-Luyten, 1989; Higuchi, 1997; MEC/SEF, 1997, 1998; Serpa e
Alencar, 1998, Pellegrini, 2000). Estas sugestões envolvem a utilização de histórias
em quadrinhos nas diferentes disciplinas através de atividades variadas. Hoje
também estão disponíveis programas de computador para as crianças montarem
suas próprias histórias em quadrinhos, com seus personagens favoritos. No século
XVII, a compreensão de que as crianças tinham uma psicologia distinta da dos
adultos e o desejo de moralizá-las abrem espaço para o surgimento de uma
17

literatura infantil. Contar histórias através de desenhos é algo bastante antigo, mas
tal como as conhecemos hoje as histórias em quadrinhos surgiram no século XIX,
acompanhando os avanços tecnológicos da imprensa e o desenvolvimento do jornal.
Combinando imagem e texto, personagens com traços juvenis, que são heróis e ao
mesmo tempo garotos propaganda, as histórias em quadrinhos exercem um fascínio
especial sobre as crianças. Refletindo contextos e valores culturais, elas afetam,
informalmente, a educação de seus leitores, transmitindo estereótipos e ampliando
seus conhecimentos sobre o mundo social. Como qualquer outro gênero literário as
histórias em quadrinhos podem ser boas ou ruins do ponto de vista de seus
conteúdos. Considerando as características de sua linguagem, seu uso pedagógico
em contextos de educação formal tem sido recomendado por especialistas.
Dado o poder dos meios de comunicação e as condições de vida nas
sociedades urbanas contemporâneas, a criança encontra histórias em quadrinhos
em vários contextos. Para servirem como mediadores desses encontros, é desejável
que os educadores estejam informados a respeito das análises de como as histórias
em quadrinhos afetam a educação de seus leitores e como utilizá-las para promover
o desenvolvimento de sujeitos críticos e criativos.
18

2.4 Mauricio de Sousa

2.4.1 Biografia

Segundo seu site oficial, Mauricio de Sousa


nasceu no Brasil, na cidade de Santa Isabel, em
1935. Com poucos meses, Mauricio foi levado pela
família para a vizinha cidade de Mogi das Cruzes,
onde passou parte da infância. Já outra parte foi
vivida em São Paulo. Enquanto estudava, trabalhou
Figura 2: Mauricio de Sousa
em rádio, no interior. Seu sonho, porém, sempre foi
se dedicar ao desenho profissionalmente. Decidiu
então que precisava procurar emprego nos grandes centros, onde editoras e jornais
pudessem se interessar pelos seus trabalhos. Nesse período, conseguiu uma vaga
como repórter policial no jornal Folha da Manhã, onde passou cinco anos.
Em 1959, ofereceu à Folha de S. Paulo uma série de tiras em quadrinhos com
um cãozinho e seu dono, Bidu e Franjinha. O que começou com uma tira de
quadrinho do personagem Bidu, publicada na década de 60 na Folha da Manhã,
transformou-se no maior sucesso editorial infantil do país. Os quadrinhos de
Mauricio de Sousa têm fama internacional, tendo sido adaptados para o cinema,
para a televisão e para os vídeo-games, além de terem sido licenciados para
comércio em uma série de produtos com a marca das personagens. Há inclusive o
parque temático da Turma da Mônica, o Parque da Mônica, em São Paulo. Já existiu
também o Parque da Mônica de Curitiba, aberto em 1998 e fechado em 2000 e o do
Rio de Janeiro, fechado no início de 2005. De 1970 — quando foi lançada a revista
Mônica, com tiragem de 200 mil exemplares — a 1986, as revistas de Mauricio
foram publicadas na editora Abril, porém a partir de janeiro de 1987 foram
publicadas pela editora Globo, em conjunto com os estúdios Mauricio de Sousa.
Após vinte anos de editora Globo, todos os títulos da Turma da Mônica passaram, a
partir de janeiro de 2007, para a multinacional Panini, que detinha, na data, os
direitos das publicações dos super-heróis da Marvel e DC Comics.
Sua bem sucedida história empresarial tem contrariado o senso comum de
que a atividade artística é incompatível com a de empreendedor. A Mauricio de
Sousa Produções (MSP) também deu origem a mais de duas centenas de desenhos
e fez das fantasias infantis uma fábrica de ganhar dinheiro no Brasil. Com negócios
19

distribuídos pelo mercado editorial, parque temático e licenciamento, mais de 350


marcas registradas e tiragem mensal superior a 2 milhões de exemplares a MSP,
cresce a olhos vistos. Com mais de 40 anos de existência, a empresa contabiliza
mais de 200 personagens, dez longas–metragens, comercialização de 700 mil
unidades de DVD e VHS, no segmento de home vídeo, licenciamento de cerca de
3.000 itens com a marca da Turma da Mônica para mais de 100 empresas e portal
na Internet, líder na categoria de sites infantis, com aproximadamente 1 milhão de
page views por dia. No Brasil, as marcas estão associadas a uma variada gama de
produtos, que vão de goiabadas a roupas infantis. Atualmente, as revistas vendem-
se aos milhões, o licenciamento é o mais poderoso do país e os estúdios já
trabalham com a televisão.

Figura 3: Mauricio de Sousa e a Turma da Mônica


20

2.4.2 Turma da Mônica

Mônica é a personagem mais conhecida de Mauricio de Sousa. Representa


uma menina forte, estourada, decidida, que não leva desaforo para casa, mas ao
mesmo tempo é carinhosa e tem momentos de feminilidade. Vive em um bairro de
São Paulo, o Bairro de Limoeiro, local com muitas plantas e árvores, com um
campinho, onde os meninos brincam e um lixão, antigamente visitado pelo Cascão e
pouco asfaltado. Ela mora com seu pai, Seu Sousa, que apesar da clara referência
ao autor, não é o Mauricio, e com a sua mãe, Dona Luisa. Mônica tem um cãozinho
chamado Mônicão, que foi um presente de Cebolinha e de Cascão, com a intenção
de fazer gozação com a cara dela. Ela é a melhor amiga de Magali. É conhecida
pelos meninos como a “dona da rua”, título que Cebolinha tenta usurpar dela com
vários “planos infalíveis”. Mônica vive para cima e para baixo, agarrada a um
coelhinho de pelúcia azul, o Sansão, o qual é tratado com muito carinho, mas
também utilizado para bater nos meninos, principalmente em Cebolinha e em
Cascão, que não param de “aprontar” com ela.
Em 2007, Mônica foi nomeada embaixadora do Fundo das Nações Unidas
para a Infância (UNICEF). Foi a primeira vez que uma
personagem de histórias em quadrinhos recebeu este título. A
personagem foi escolhida pelo UNICEF devido à influência
que exerce sobre crianças, professores e famílias há mais de
44 anos, transmitindo valores como amizade, importância da
educação e convivência familiar. No mesmo evento, Mauricio
de Sousa recebeu o título inédito de primeiro Escritor da
UNICEF para as crianças do mundo.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, Em
solenidade no mês de Junho de 2008, a então ministra do
Turismo Marta Suplicy nomeou a personagem de quadrinhos
Mônica a nova embaixadora do turismo brasileiro.
Figura 4: Cartaz do UNICEF
Participaram do evento a presidente do Instituto Brasileiro do
Turismo (Embratur), Jeanine Pires e o escritor Maurício de Sousa, criador da
personagem. Na platéia, 80 crianças de escolas públicas de Planaltina, cidade
satélite do Distrito Federal. "É uma responsabilidade muito grande para a Mônica,
pois ela vai levar a imagem do Brasil para dentro e fora do País", destacou a ministra
21

Marta Suplicy. "As crianças dos outros países vão querer conhecer o Brasil, terra da
Mônica, e com isso nós vamos aumentar o turismo dentro do País. Isso é bom
porque o turismo gera emprego e emprego gera renda", destacou a ministra. "Eu
quero lançar livrinhos com a Turma da Mônica visitando as várias regiões do Brasil
para provocar o turismo interno, estimular as pessoas a conhecerem o país", afirmou
Maurício de Sousa. A escolha de uma personagem nacional, identificada com o
público infantil, é mais uma ação do MTur para estimular o turismo brasileiro. Dentro
da estratégia do Plano Nacional de Turismo, será mais um instrumento para
incentivar a inclusão do turismo na cesta de consumo dos brasileiros e tornar o País
mais conhecido no exterior. Na promoção nacional e internacional, a Turma da
Mônica poderá ser apresentada quando o objetivo for atingir o público infanto-juvenil.
Mônica e sua turma são conhecidos pelo público brasileiro infantil e adulto, por meio
das revistas com tiragem mensal de dois milhões de exemplares, dos filmes
lançados anualmente, do site, dos brinquedos e jogos, vídeos, das campanhas
educativas nas diversas mídias e dos inúmeros produtos licenciados.
Mônica foi criada em 1963, baseada na filhinha do Mauricio, com o mesmo
nome. No início, era irmã mais nova de Zé Luis e saia nas tirinhas do Cebolinha.
Nessa época, Cebolinha era o personagem principal. Em 1970, Mônica ganhou a
sua própria revista. Desde daquela época, é uma das revistas que mais vendem no
país.
Mauricio de Sousa é o mais conhecido e bem sucedido cartunista brasileiro.
Seus personagens são famosos no mundo todo e são freqüentemente utilizados
para merchandising dos mais diversos tipos de produtos, de massa de tomate a
fraldas e roupas infantis. Ele já produziu vários filmes e suas revistas também são
vendidas em vários países, como França, Filipinas, Itália, Índia, China e no Japão.
22

Mauricio escolheu um enfoque diferente para as suas histórias em


quadrinhos. Enquanto a maioria dos cartunistas brasileiros, como por exemplo,
Ziraldo, buscavam elementos ligados às características da realidade brasileira, ele
optou por criar um grupo de crianças que tivesse características universais. Desta
maneira, pretendia competir com as histórias em quadrinhos estrangeiras,
provavelmente, com os quadrinhos da Disney, que naquela época já eram
considerados um grande sucesso.
O primeiro personagem criado por Mauricio foi o Bidu, que participa tanto de
historinhas junto com seu dono, o Franjinha, como das histórias em que é
personagem principal. Bidu é o símbolo da Mauricio de Sousa Produções. Em 1970,
a Editora Abril publicou a primeira edição da revista da Mônica. A essa publicação
logo se seguiram a revista Cebolinha, Cascão, Chico Bento e Magali. Para
contracenar com seu personagem principal, Mônica, uma menina baixinha, gordinha
e com dentes grandes, Mauricio de Sousa criou uma variedade de crianças, cada
uma com características peculiares, entre os quais podem ser destacados:
Cebolinha, um garoto com apenas cinco fios de cabelo e com dificuldade para
pronunciar a letra r; Cascão, um menino que tem medo de água, e que por esse
motivo nunca tomou banho; e Magali, uma menina com um apetite insaciável. Essas
são as principais personagens da Turma da Mônica, considerada a turma mais
numerosa da família Mauricio de Sousa.
Além desses, ele também criou várias personagens para outros ambientes
temáticos. É o caso da Turma do Chico Bento, da qual a personagem principal é um
caipira do interior de São Paulo, inspirado em um tio-avô do desenhista; Papa-
Capim, a personagem principal é um indiozinho brasileiro, que vive na Floresta
Amazônica junto com sua família e mantendo as lendas e costumes dos índios;
Turma do Horácio, o personagem principal é um tiranossauro rex vegetariano, é o
único personagem desenhado e roteirizado até hoje por Mauricio de Sousa; Piteco,
a personagem principal é um homem das cavernas e vive enfrentando feras pré-
históricas e vive fugindo de Thuga, personagem românica, que sempre tenta casar-
se com ele; Pelezinho, inspirado no “rei” do futebol e em lembranças que o mesmo
tem de sua infância; O Astronauta, a personagem principal vive viajando entre os
planetas do espaço e enfrentando monstros espaciais; Turma do Penadinho, uma
turma composta por fantasmas, um vampiro, um crânio, uma múmia, um lobisomem,
um Frankenstein e pela própria morte, que vivem em um cemitério; Bidu é a primeira
23

criação de Mauricio de Sousa, o núcleo da turma do Bidu é composto por um pedra


e por cachorros que falam, sendo um deles o Bugu, criação de Marcio de Sousa,
irmão de Mauricio; Turma da Tina é o núcleo formado por adolescentes, as
personagens principais, Tina e sua amiga Pipa, são estudantes de jornalismo, além
das duas sempre aparecem nos quadrinhos seus amigos Rolo e Zecão. Com a
criação de tantos personagens, ninguém se surpreende quando é aplicada ao
Mauricio de Sousa a denominação de Disney brasileiro.

Figura 5: As personagens principais da Turma da Mônica


24

2.5 Resenhas dos livros de pesquisa e autores utilizados

2.5.1 Fadas no Divã

Diana Lichtenstein Corso e Mario Corso reservaram


um capítulo do livro Fadas no Divã, que trata da
psicanálise nas histórias infantis, para a Turma da Mônica.
Cebolinha é o primeiro personagem a ser analisado.
Segundo os autores, apesar de ser constantemente traído
por sua linguagem, que o desvaloriza, a inteligência do
Cebolinha com “planos infalíveis” é voltada para derrotar
sua rival, a Mônica, porque derrotar uma mulher seria se
Figura 6 : Capa do livro fadas
afirmar como homem. no divã

A Mônica seria a representação da onipotência mágica da criança. Por ser


pequena, amada e de ter adultos a seu serviço, alia a esse poder sua agressividade
que resolve tudo na base da força, como um animalzinho acuado, “[...] algo como
bato, logo existo (p. 204)”. É a exemplificação do estádio do espelho em que a
imagem da criança, para com ela, não é concebida de dentro para fora, mas do
autoconhecimento que vem de fora para dentro proveniente do olhar da mãe.
Assim, tratam também da dificuldade das crianças de saberem onde termina
o eu e começa o outro, então os tapas e as mordidas são uma afirmação do eu. No
caso da Mônica também existe o coelho de pelúcia chamado Sansão. Os objetos
transicionais são os companheiros inseparáveis que substituem a mãe, já que a
função materna está contida nesses objetos, uma espécie de cordão umbilical
simbólico.
Cascão vive fugindo de água e, segundo os autores, as crianças se
solidarizam com isso porque qualquer criança sente medo. A
fobia faz com que a criança delimite os seus espaços, se ele
fosse lavado e limpo, seria privado de sua identidade. Porém,
é explicitado que, quando crescer, Cascão provavelmente não
será mais sujo. “Uma criança fedorenta é tolerável, mas um
adulto não” (p. 207).
Magali é a comilona da turma. Caso de algumas
Figura 7: Diana e Mário crianças pequenas que organiza o pensamento de modo que
Corso
não sabe o que está a afligindo e decodifica isso como fome.
25

A Dona Morte e o Louco dão conta da lógica do pensamento infantil, que é


fantasioso e absurdo.

2.5.2 A Educação está no Gibi

A Educação está no gibi é um excelente manual escrito


pelo professor e cartunista Djota Carvalho. O livro é o
resultado de muitas pesquisas feitas pelo autor, que decidiu
se dedicar profundamente nos estudos sobre as HQs. A obra
foi escrita em homenagem ao grande ídolo do escritor, Will
Eisner, ícone do desenho mundial.
A apresentação do livro é uma história em quadrinhos
de quatro páginas, desenhada pelo premiado cartunista Bira
Dantas. Nela, Djota se apresenta e explica todo o processo que o levou a se
interessar por este assunto. O trabalho estrutura-se em sete capítulos. No primeiro,
são diferenciadas todas as linguagens gráficas mais comuns no mundo dos
desenhos. No segundo capítulo, conta de forma sucinta, porém objetiva, a história
das histórias em quadrinhos.
A partir do terceiro capítulo, Carvalho começa a inter-relacionar educação e
quadrinhos. Prova, de forma concreta e fundamentada, que histórias em quadrinhos
e sala de aula podem ser parceiras e terem sucesso no trabalho feito em dupla,
apesar de, antigamente, todos os influentes na área (incluindo políticos) estarem
totalmente contra essa união. O capítulo quatro dedica-se ao estudo técnico das
histórias em quadrinhos, que o autor chama de arte seqüencial. São descritas de
forma simples de serem compreendidas, todas as funções de cada recurso e
símbolo gráfico. Encontramos ainda, apresentações muitas
bem feitas sobre personagens-padrão e o conteúdo abordado
nas histórias. Sobre este assunto, o autor realizou dissertação
de mestrado para a UNICAMP.
O quinto capítulo é a descrição do gênero gráfico
Mangá. A invasão dos desenhos orientais é ressaltada pelo
autor. Ele diz que o interesse infantil sobre o assunto faz deste
Figura 8: Djota Carvalho um trunfo na mão de professores. Até esse ponto, este que é
um livro principalmente destinado a professores, se preocupa
26

em contextualizar o assunto. A partir dos capítulos seis e sete, o leitor poderá


aprender como aplicar na prática tudo que absorveu com a leitura da obra. Mostra-
se como executar, em sala de aula, as atividades propostas pelo livro. Djota
Carvalho soube tocar em pontos relevantes que levam o professor a executar sem
dificuldades os exemplos de atividades propostos.

2.6 Jean Piaget


Jean Piaget era um biólogo que se dedicou à
Psicologia e foi conhecido principalmente por organizar
uma série de estágios cognitivos. Piaget estudou as
relações que se estabelecem entre o sujeito que conhece
e o mundo que tenta conhecer, através da observação
dos seus filhos e de outras crianças, o que deu origem à
Teoria Cognitiva que é dividida em quatro estágios de
Figura 9 : Jean Piaget
desenvolvimento cognitivo no ser humano: sensório-
motor, pré-operacional, operatório concreto e operatório formal.
O estágio sensório-motor dura do nascimento a um ano e meio de vida. Neste
estágio, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos que a
rodeiam. O bebê ganha conhecimento por meio de suas próprias ações controladas
por informações sensoriais imediatas.
O segundo estágio é chamado estágio pré-operacional e coincide com a fase
pré-escolar que vai dos dois até os seis anos de idade. As características
observadas por ele, relevantes para a pesquisa são: a inteligência simbólica, os
pensamentos egocêntricos, intuitivos e mágicos e a característica do animismo (vida
a seres inanimados).
No estágio operacional concreto, que dura dos sete aos 11 anos de vida, a
criança começa a lidar com conceitos abstratos, como números e relacionamentos
que consistem numa lógica interna e na habilidade de solucionar problemas
concretos que dentre as várias características, interessa saber mesmo, que nesse
estágio, surge a capacidade de se fazer análises lógicas e que a criança ultrapassa
o egocentrismo, ou seja, dá-se um aumento da empatia com os sentimentos e as
atitudes.
27

O estágio operatório formal é desenvolvido a partir dos 12 anos de idade,


quando se começa a raciocinar lógica e sistematicamente. Esse estágio é definido
pela habilidade de engajar-se no raciocínio abstrato. As deduções lógicas são feitas
sem apoio de objetos e o pensamento hipotético-dedutivo faz com que o ser humano
crie hipóteses para tentar explicar e solucionar problemas. O foco desvia-se do “é”
para o “poderia ser”.
28

3 Resultados

Participaram da atividade 18 crianças, alunos da escola municipal da cidade


de Mogi das Cruzes Antônio Nacif Salemi. Após a exposição de um desenho
animado da Turma da Mônica, foi solicitado que as crianças desenhassem a
personagem que mais chamou sua atenção. Ao final da atividade, nós abordamos
todas as crianças para que elas nos explicassem o por quê de cada desenho.
A maioria das crianças analisadas desenhou a Mônica, porque além de ser a
personagem principal, depois de colhermos as opiniões descobrimos que ela é a
mais querida. Muitos ressaltaram que gostaram de sua atitude no filme, por ela não
rejeitar Frank. Grande parte das crianças acredita que Cebolinha futuramente queira
namorar Mônica. Existiu incidência de desenhos da personagem Cebolinha e as
opiniões sobre ele foram ligadas expressamente as suas características como
personagem e não sobre sua participação no filme. Apesar de muitas opiniões
tenderem para o lado físico da personagem, de todos os alunos que desenharam
Frank, muitos disseram que acreditam que ele seja muito mais bonito por dentro do
que por fora.

Personagens desenhados:

2 Mônca
5 Cebolinha
Frank
3 Mônica e Frank
Outros

3
5

.
Figura10 : Gráfico que explica a distribuição dos desenhos feitos no dia 29/09/08, pelas
crianças do colégio Antonio Nacif Salem em Mogi das Cruzes.
29

Figura 11: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi


assistindo ao vídeo “Baile Frank”

Figura 12: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi


desenhando após a exposição do filme.
30

Figura 13: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi


assistindo ao vídeo “Baile Frank”

Figura 14: Alunos da escola municipal Antonio Nacif Salemi


assistindo e as integrantes do grupo Quadriônicas.
31

Considerações finais
Os estudos aqui realizados nesta pesquisa procuraram compreender como as
mídias infantis são importantes para o crescimento e amadurecimento infantil e
como a criança recebe as influências das personagens criadas por Mauricio de
Sousa e até que ponto tais influências podem interferir em seu comportamento e em
sua subjetividade. Foi possível verificar nesta pesquisa que estas personagens
infantis podem contribuir positivamente no processo da formação psicológica da
criança. Os temas leves abordados nas histórias, veiculadas nos gibis e nos filmes
da Turma da Mônica, e as características universais das personagens fazem com
que a criança se identifique e aprenda com tais fatos.
Em contraponto, depois de terminada a atividade com crianças de 5 anos,
alunas de uma escola municipal, concluímos através de seus desenhos que há, de
forma embrionária na criança, os sentimentos de sexo, preconceito, rejeição e
violência. Tais “embriões” surgem quando a criança observa sua própria família e
como está ainda em processo de formação de personalidade, adquiri para si aquilo
que vê projetado nos pais. Alguns exemplos de desenhos demonstraram Mônica
pintada de vermelho vivo e em tamanho grande. Isto pode representar uma mãe
violenta, ou seja, a imagem da mulher como dominadora, porque além do tamanho
exagerado ser motivo de repressão, a cor vermelha, segundo a teoria das cores na
psicologia, representa a raiva, o sexo e a intensidade. Outros desenhos mostram
Frank (personagem principal do filme exposto), dentro de algum lugar fechado, como
uma casa ou uma caixa. Expressão de que “o feio” deve se esconder numa
sociedade onde só o belo tem espaço.
A criança na fase pré-escolar possui características próprias para mostrar tudo
o que pensa. Pode se desenvolver aos poucos e se aperfeiçoar através das
vivências adquiridas e do contato com outras crianças. Este tipo de criança atrai-se,
com louvor, pelas diferentes linguagens propostas pelo quadrinho e pelo desenho
animado, que acabam sendo os meios de comunicação que são mais direcionados a
elas.
A Indústria Cultural se aproveita deste comportamento exposto pelas crianças
e injeta, cada vez mais, em seu convívio social e em seus pensamentos assuntos
impróprios a sua idade. Mas graças à genialidade e a sensibilidade de autores como
32

Mauricio de Sousa, o tempo de amadurecimento da criança pode ser respeitado e


preservado.
33

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