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Alguns contos mais do que breves.

Achados e Perdidos.

I Ele tinha mania de perder coisas.Não se sabe ao certo se ele fazia isto de
propósito.Ele não queria saber se fazia o que fazia.Não interessava a ninguém
o fato de que ele fazia o que fazia.
O fato real ou irreal é que ele fazia o que fazia.O fato que é o que parece
ser é este que não parece ser o que realmente é o que parece ser.O que parece
ser parece ser o que é o que parece ser.O que parece ser é talvez o que seja
qualquer coisa que seja na palavra talvez.A palavra talvez é paroxítona e
dissílaba e, se forem separadas as sílabas desta tal palavra, se for
desmembrada esta tal palavra, teremos duas outras que brilharão no horizonte
como qualquer coisa que não é e nem poderia definitivamente ser.
Ele gostava de perder e de achar coisas de vez em quando.Ele gostava de
perder definitivamente uma coisa ou outra e de ficar deprimido durante dias
por causa disto.Ele gostava de achar e de perder e de perder e de achar e de
perder e de não mais achar o que quer que fosse.
Ele perdia e achava canetas e perdia e achava as tais moedas contadas para
a tal passagem do tal ônibus.Ele perdia o ônibus no primeiro ponto e pegava
um táxi para que pegasse o mesmo ônibus no terceiro ou quarto ponto.
Ele perdia o cinto ou deixava o mesmo no lugar tal.Ele procurava o tal
cinto pela casa inteira.Ele gostava de suar procurando o verbo procurar pela
casa toda.Ele gostava de ter vontade ou de sentir vontade de urinar em função
daquela busca desenfreada.Ele gostava de perder e de achar documentos
importantes.
Ele tinha orgasmos fantásticos quando se lembrava do fato de que havia
perdido para sempre a sua carteira de identidade.Ele gostava de perder as
calças.Ele gostava de perder os óculos.Gostava de perder a tal agenda.Gostava
de perder o telefone.Gostava de sentir vontade de defecar por causa
disso.Gostava de perder as meias.Gostava ainda de colocar meias de cores
diferentes por causa disto.Gostava de perder o isqueiro ou a tal caixa de
fósforos.Ele gostava de perder as tais chaves da casa.Gostava de fingir que
estava abrindo a porta sem as tais chaves.Gostava de falar sozinho quando se
esquecia de si mesmo.
Ele algumas vezes não mais reconhecia o som da sua voz.Ele
gostava de perder o papel que estava em suas mãos segundos atrás.Gostava
daquela sensação de que algo poderia estar bem ali.Ele gostava de gostar de
perder e de achar as coisas.Gostava de se confundir com as coisas que perdia e
achava.Gostava de achar que estava perdido.Ele gostava de perder tudo aquilo
que havia sido achado. Ele gostava de perder tudo aquilo que havia sido
perdido.
Ele adorava perder a carteira que deixava sempre em cima do
refrigerador.Gostava de se agachar e de procurar a tal carteira que deveria
estar bem debaixo do refrigerador.Gostava de abrir o ralo e de procurar a tal
carteira ali.Ele gostava de conversar com a poeira que se acumulava bem
debaixo do tal refrigerador.Gostava de conversar com as formigas que
passavam bem por debaixo do tal refrigerador.Gostava de dormir e de acordar
proparoxítono em refrigerador.Gostava de achar e de perder os sentidos em
todas as coisas que fazia.Gostava de conjugar o verbo tal na hora tal.Gostava
das concordâncias perfeitas empregadas na tal hora certa.Gostava daquele
cheiro insuportável que vinha do ralo.Gostava de procurar a carteira por entre
os seios de sua mulher com gosto de pão bolorento e cabelos desgrenhados
pela manhã.Gostava de beijar paredes com o intuito de encontrar alguma coisa
para além da carne humana.Gostava de comer cimento quando procurava a
náusea que o mantinha aqui neste mundo.Gostava de achar e de perder coisas
em toda e qualquer situação.
Ele não queria jamais perder totalmente a tal sensação nauseante que o
mantinha aqui.Gostava de achar o tal equilíbrio sempre precário que o
mantinha aqui.Gostava de ver o tal cachorro trucidar o tal gato.Gostava de ver
o gato trucidar o tal rato.Gostava de ver o rato trucidar o tal queijo.Gostava de
ver o queijo trucidar o estômago daquele diabético.Gostava de ver a criança
pisoteando uma barata.Gostava de ver a barata se debatendo até a morte
repleta de inseticida.Gostava de ver a cara indiferente da tal criança em
relação ao animal que padecia.
Ele gostava de perder a fala e depois achar a tal fala na lixeira mais
próxima.Gostava de estar próximo à palavra próximo.Gostava de estar tão
distante como qualquer coisa distante nesta tal palavra próximo.Gostava de
achar um lugar qualquer no qual pudesse definitivamente se perder.
Ele gostava de procurar as manhãs sempre quando procurava a tal
carteira.Gostava de procurar as tardes e noites quando não poderia haver
tardes e noites.Gostava de procurar o tempo sempre que procurava os seus
olhos por aí.Gostava de se procurar quando não mais via o seu reflexo no
espelho.

II A pequena saga de uma fatia de pão em um copo cheio de leite.

Um copo de leite frio.Uma fatia de pão bolorento.Um copo de leite e uma


fatia de pão bolorento.Uma mesa.Nenhuma cadeira.Uma mesa e nenhuma
cadeira.
Desse mato não pode sair cachorro.Nem isto e nem aquilo pode sair
dali.
O que sei é que o copo de leite é de vidro de qualidade suspeita.Está à
beira de uma mesa qualquer e pode, a qualquer momento, deixar de ser o que
é se cair.
Ele pode ou não cair.Pode simplesmente rodopiar e não cair em toda força
de qualquer advérbio de negação.O vento parece ser o seu maior inimigo
agora.O vento muito forte que derruba tudo que pode ser derrubado.O vento
com cara de catástrofe, a catástrofe com cara de dia cinzento, o dia cinzento
com jeito de morte de parentes muito próximos.
Parece que a coisa é mais em baixo com o tal copo de leite frio.Ele está
mais pesado, pois carrega agora esta tal fatia de pão integral importado.
É verdadeiro o fato de que ele,o tal copo, já foi mais leve.Já recebeu
muita água mineral de boa qualidade.Já havia presenciado a insanidade de
muitos depressivos que afundavam o tal biscoito doce no café, naquela sua
calejada alma de vidro.
Não era qualquer um, qualquer copo.Era o tal copo com leite e pão
integral importado.Era o tal copo que seria derrubado por um amigo
desavisado que fosse atender ao telefone. Era o tal copo que ia se desintegrar
numa briga qualquer na padaria da esquina.Era o tal copo que seria destruído
por alguém num acesso de fúria num quarto de hospital.Era o tal copo cheio
ou vazio em sua plenitude de objeto inanimado.
O pão integral importado estava perdendo a sua cor original.O adjetivo
bolorento o incomodava de forma singular.A flexibilidade de outrora, na boca
de quem quer que seja, perdia espaço para esta forma de dizer de quem morre
em:
BO-LO-REN-TO.

O tal pão agora com braços e pernas tenta não afundar no copo.Ele lá
está a não pensar que pensa.O dedo de alguém o coloca para baixo.Depois a
colher deste alguém o coloca para baixo de novo.Ele já sobe pela terceira vez
colocando os bagos para fora.Ele se debate já sem braços ou pernas antes de
se encontrar com seus farelos.Alguém mexe propositadamente a tal colher
com força e rapidez.O pão vai rodando e a tal palavra bolorento martela sua
mente.Ele está agora desmembrado.Foi agredido pela colher utilizada naquele
copo de leite frio.Ele olha para a tal colher.Alguém mete o dedo naquele copo
no intuito de pegar um pedaço de seu corpo sem corpo bolorento.Este alguém
enfia o dedo violentamente e puxa um pedaço do pão sem corpo.Ele escorrega
e volta para a tal piscina de leite.O tal alguém insiste e o gruda na parede do
copo com cara de macho brigão.O copo cambaleia na tentativa de bloquear os
movimentos do oponente.O pedaço de pão espremido contra a parede reluta
em subir.O tal alguém levanta o copo e mete a tal mão dentro do mesmo.Ele
quer aquele maldito pedaço de quase nada e acabou.Este alguém já almoçou e
quer mais.Este alguém já lanchou e quer mais.Este alguém já jantou e quer
ainda mais.Este alguém já comeu biscoitos e quer ainda mais.Este alguém já
comeu frutas e quer ainda mais.Este alguém já comeu chocolate e quer ainda
mais.
Uma casca de banana entra em cena. Este alguém parece estar com
muita fome.Ele levanta o copo e dá uma bicada no leite.Ele quer diminuir este
líquido que ainda salva o tal pedaço de pão.Ele não transa há seis meses.Sua
braguilha está aberta.O seu pênis rijo diz que ele precisa fazer alguma coisa
em relação a isto.Ele quer o tal pedaço de pão e vai jogar todo aquele resto de
leite fora.
Alguém toca a campainha Talvez a sua mulher tenha pensado bem
sobre aquela tal conversa tal, quando falavam ao telefone.Talvez ela esteja
disposta a recomeçar.
Ele esvazia o copo.Ele sabe que o tal pedaço de pão não mais pode
fugir agora.Ele vê com tristeza o copo escorregar de sua mão e se espatifar no
chão.
A campainha insistente.Ele agora caminha melancólico na direção da
mesma.Ele tropeça na tal casca de banana e cai.Sua irmã desiste e abre a
porta.Ela sempre teve as chaves da porta e sabe que ele nunca atende ninguém
quando está com sono.
Ela olha para o irmão estatelado naquele chão frio de inverno.Ela não
entende o que ele está a fazer com todos aqueles cacos de vidro na boca.

III O homem que comia demais.

Ele já havia comido de tudo.Homem de posses, já havia experimentado


pratos em todo mundo.Ele era mais do que um apreciador da boa culinária.Ele
era um autêntico chef de cozinha, um daqueles capazes de transformar
qualquer receita ordinária em obra-prima.
Ele está um tanto estranho hoje.Está só na cozinha do hotel no qual
trabalha.
Ele olha ao redor e pega uma faca que o olha consternada.Ele é
arrebatado pela estranha sensação de que nada faz sentido.Ele não escovou
corretamente os dentes pela manhã.Está com gosto de ketchup em sua
boca.Ele se lembra do nojo que sentia da mulher quando ela não lavava a
vulva corretamente.Ela não fazia idéia de quanto isto o irritava.Ele cansou de
dizer isto a ela, mas de nada adiantava.
Seu filho mais velho agora morto num belo dia de verão como este.Ele
se jogou sem motivo aparente do vigésimo andar de um prédio numa cidade
estrangeira.Não apresentava sinal algum de insanidade.Deixou um bilhete para
os pais dizendo que havia trabalhado muito naquele dia.Finalizou o tal bilhete
dizendo que precisava dormir.
Sua esposa enlouquecera após a morte do tal filho Reclusa numa clínica
há mais de cinco anos.
Seus familiares simplesmente se foram. Eles ligam para encomendar
um almoço ou um jantar com ele de dois em dois anos.
Ele olha para a faca que o olha consternada.Ele perdeu mais de
quarenta quilos após a morte do filho.Perdeu mais dez quilos após o
enlouquecimento da esposa.Dos cento e trinta passou ter o que passou a ter ou
o que passou a pesar.
Ele olha ao redor e vê o fogão e as panelas penduradas na parede
frontal. Ele vê o que vê e as paredes que são paredes se fechando sobre e ele e
as panelas e frigideiras batendo uma na outra e o saleiro jogando sal no chão
desatinado e os talheres e pratos saltando das gavetas e da bancada da pia para
a morte naquele chão que agora vibra intensamente e ele pode ver que tudo
treme como todas as coisas que tremem e ele vê que o bife que está na
frigideira abre sua boca sanguínea e quer lhe dizer alguma coisa a mais do que
aquilo que ele quer dizer e ele e a tal faca consternada que brilha de forma
singular e ele não consegue mais se livrar da mesma e ela pede para que ele
faça alguma coisa em relação a isto e ele então faz o que faz e pode ver agora
o filho a se jogar no infinito e a mulher enlouquecida que corre em sua direção
sem direção alguma e ele que agora cai de uma altura absurda e a mulher
segura por um familiar fica ali paralisada vendo o tal filho ir para o espaço
vazio que agora ocupa sua mente todos os dias como um imenso pano branco
que selou seu destino de nada para sempre.
O tal chef começa a comer a si próprio e corta uma parte de seu dedo
mindinho e o frita com cebola e alho e um pouco de azeite e ele tira um
pedaço de nada dos seus lábios e o mistura ao tal outro pedaço de sua orelha
com gosto de pé-de-porco e mistura ao tanto de farofa os restos das unhas do
pé e o sangue que escorre destas tais partes de seu corpo é tão saboroso quanto
o tal caldo da carne assada que fica na travessa e ele não se esquece de
acrescentar a este caldo umas quatro ou cinco mechas de seu cabelo no intuito
de dar mais liga ao mesmo e ele também retira um tanto de seus testículos
como se estes pudessem ser usados no feijão branco como dobradinha com
batatas e ele também não se esquece de cortar um pequeno pedaço de seu
nariz e de emplastar o mesmo de molho inglês que cai bem como entrada e ele
arranca um dos olhos e o coloca na sopa a ser servida no inferno do qual faz
parte e ele corta ou arranca um pouco de sua testa para fazer a massa da pizza.
Ele olha novamente ao redor e vê que está indo embora em cabeça e
tronco e membros e que nada pode ser feito quanto a isto.
Ele agora abre um livro de receitas e resolve que vai fazer uma torta
salgada e que precisa de parte de seu intestino grosso e de parte de seu
intestino delgado.Ele vai picar os dois e colocar estes mesmos dois intestinos
na tal panela e vai fazer com eles a tal torta salgada com o tanto de urina que
vai ser misturada aos seus cabelos desgrenhados formando uma espécie de
farinha bem consistente, pois os cabelos serão devidamente moídos e então a
tal torta vai ficar com cara de intestino mais do que amassado e vai ficar assim
em camadas delgadas e grossas e o amarelo daquele tanto de urina amarela vai
se destacar na cobertura da tal torta mais do que salgada e mais do que
qualquer coisa torta ainda mais torta e além da urina ele vai colocar o tanto de
suor que escorre de suas axilas sebentas e ele quer colocar um tanto de sua
orelha e mais um tanto daquela cartilagem repulsiva que fica na ponta da tal
orelha e ele já disse que a coisa é fácil e ele disse ou diz que é só misturar tudo
e ponto final e assunto encerrado.
Ele agora na cozinha desmoronando e alguém em alguém o descobre
lá tarde da noite e resolve entrar na tal cozinha e fica horrorizado quando vê
aquilo bem ali na bancada da pia e ele chama a ambulância para tirar aquele
homem dali e juntar os restos do que resta no hospital qualquer que aceite seu
plano de saúde.
Resta um tanto de sangue humano na tal bancada da pia. O
sangue por sobre aquelas torradas importadas e um pouco de molho inglês e
uma pitada de mostarda francesa.
Aquele resto de sangue na tal bancada da pia tal e no interior da
palavra náusea.

Nada mal para um dia frio como este.

Papéis trocados

Ele come aquela prostituta há mais de vinte anos.Sabe que ela dá para
todo mundo, mas é diferente com ele.Ela o ama e também ama a sua profissão
e isto é tudo.
Ele sempre entendeu isto muito bem.Estão sempre juntos por aí.
Eles compraram um apartamento e finalmente quitaram o financiamento
do mesmo.Ele faz gostoso.Ela faz gostoso só com ele.
Eles discutiram naquela noite fatídica por uma besteira qualquer.O
amigo homossexual a tudo assistiu sem dar um pio.
Ela decide provocar o seu homem e começa a dançar na frente do tal
amigo homossexual que já se encontra embriagado.
Ela o seduz no sofá e monta em cima dele como uma cadela faminta. Ele
gosta do que nunca teve.Ele se excita com aqueles movimentos lascivos e
friamente profissionais daquela prostituta.Ele quer agora devorar a tal
prostituta.Ele agora enredado na palavra prostituta.Ele agora enredado no
verbo comer.
O marido está a ponto de fazer o que não deve ser feito.Ele pede para que
ela pare com aquilo, mas ela aumenta a intensidade dos tais movimentos
lascivos
Ela bota o dedo na boca e chupa o mesmo na frente do marido. Ela roça
os seus seios contra o peito do homossexual que os suga avidamente.
O marido enfurecido diz que vai matar os dois em cinco minutos. Ela o
ignora e aperta o pênis do tal homossexual co mais força ainda.
Ela diz para o tal marido que ele não sabe comer uma mulher.Ela diz
que ele não sabe meter numa mulher.Ela beija o tal homossexual que
corresponde com vigor inigualável.
Ele diz que não está brincando desta vez.Ele diz que vai matar os dois
em cinco minutos.Ele diz que já avisou duas vezes.Ele diz que não vai haver
uma terceira vez.Ele avisa pela décima vez.Ele avisa mais uma vez.Ele se
esconde na palavra vez para fazer o que deve ser feito agora.Ele diz que quer
participar da brincadeira.O homossexual pede pare que ele o penetre com
força.Ele pede para que o tal homossexual implore para que ele use o seu
membro para tal.O homossexual ajoelhado implora.A prostituta tem agora o
membro do homossexual entalado em sua garganta.Ele assiste ao tal
espetáculo e a raiva e a ira e o ódio e tudo aquela sensação de mal-estar
extremo invadem a sua alma atormentada.
Ele pega a pistola e dá quatro tiros na cabeça da prostituta.Ele dá nove
tiros na cabeça do tal amigo homossexual.
Ele descarrega aquela pistola no corpo daqueles dois que agora se
encontram caídos naquele chão.Ele consegue se achar agora.Ele se recompõe
e agora não pensa no que acabou de fazer.Sente-se aliviado e sente uma
vontade louca de tomar um copo de café fresco.Ele liga a cafeteira e faz o tal
café fresco.Ele agora completamente aliviado na palavra fresco.Ele agora
completamente aliviado na palavra aliviado.Ele liga o ventilador de teto. Ele
agora sobe aos céus aliviado na palavra ventilador.Ele agora sobe aos céus
aliviado na palavra teto.Ele agora aliviado na palavra agora.Ele agora aliviado
na palavra vingança.Ele agora trissílabo na palavra vingança.
Ele sente vontade de se masturbar.Ele então se masturba na cozinha e se
masturba na sala na frente dos dois e se masturba no quarto bem em frente ao
espelho e se masturba no banheiro em frente a si mesmo e se masturba no
corredor aprisionado na palavra corredor.
Ele retorna para a tal sala e coloca os dois mortos sentados sofá.Ele agora
está sequioso na palavra tesoura.Ele agora está cortante na palavra tesoura.Ele
agora está indiferente na palavra cruel.Ele agora está indiferente no adjetivo
cruel.Ele não sabe que faz o que faz

Ele está com os olhos virados quando faz o que não sabe o que faz.Ele tem a
cabeça virada quando faz o que não sabe que faz o que faz.Ele tem o perdão
do Senhor quando faz o que não sabe o que faz.Ele tem a benção do padre
quando faz o que não sabe o que faz.

Ele corta o pênis do amigo homossexual e o coloca na vagina da


prostituta.Ele corta a vagina da prostituta e a coloca no local ocupado pelo
pênis do homossexual.Ele se senta sobre o pênis colocado na vagina da tal
prostituta.Ele sente o tal pênis devassar o seu ânus pela primeira vez.Ele agora
introduz o seu pênis na vagina da prostituta colocado no local ocupado pelo
pênis do homossexual.Ele goza inúmeras vezes ao realizar tal coisa.Ele sente
vontade de tomar chocolate quente agora.Ele sente vontade de comer carne
humana agora.Ele sente vontade de sentir vontade de comer qualquer coisa
agora.Ele agora envolvido por aquela tal noite propícia a mortes por
afogamento.
Ele agora enredado na palavra vagina.Ele agora enredado na palavra
pênis.Ele agora enredado na palavra desejo.Ele agora com a tal pistola
apontada para a sua cabeça.

Os policiais que tentam arrombar a porta.

IV Algo acerca de ninguém.

Ele se chama ninguém. Ele se chama isto que se chama ninguém. Ele tem
um nome que se refugia no além de todo e qualquer nome.Ele se refugia na
palavra nome.Ele se refugia na palavra qualquer. Ele se refugia em qualquer
lugar sem lugar.Ele se refugia na palavra palavra.Ele se refugia no interior
volátil das palavras.
Ele nada tem a perder neste mundo. Ele nunca de fato pertenceu a este
mundo.Ele sempre esteve a passar pelo mesmo como se não fosse.Ele sempre
esteve à margem insone na palavra fronteiriço.Ele sempre perdia as palavras
quando perdia definitivamente o chão. Ele sempre perdia o verbo perder
quando perdia aquilo que pensava perder Ele gostava de verbos
insidiosos.Gostava de falar com as paredes de sua alma.Ele olha ao redor e vê
que todos se foram.
A mãe que desapareceu sem motivo aparente. Consta que foi ao
mercado um belo dia e nunca mais voltou para casa.
O pai internado num hospital qualquer. Um morto qualquer, um traste
que definha respirando através dos tais aparelhos de última geração.
Este pronome indefinido ninguém não tem parentes e nem muito
menos amigos.
Ele mora onde mora e pronto e nada mais e assunto encerrado.
Sua rua é suja e mal iluminada.Sua rua é mal iluminada e suja. Uma
sensação estranha invade o estômago quando qualquer transeunte se aproxima
da tal rua.

Este tal pronome ninguém tem um jeito de coisa


inanimada.

Ele costuma caminhar pelos corredores de seu abandono.


Este pronome indefinido ninguém. Ele percebe que a caixa de
fósforos caiu no tal chão.
Ele agora pega a tal caixa de fósforos. Parece que vai acender o
tal cigarro.Parece que vai fumar o tal cigarro.Vai poder ver sua sombra
projetada na parede mais uma vez.
Este ninguém com jeito de sombra não mais se procura.
Ele sabe que seu destino está selado. Ele sabe que nada mais
pode ser feito.Ele sabe que chegou onde tinha que chegar.Ele sabe que nunca
chegou a lugar algum.Ele gosta do pronome indefinido algum.Gosta de estar
indefinido na palavra indefinido.Gosta de estar com a cara suja de lama na
palavra lama.Gostava de chafurdar como os porcos.Gosta do som da palavra
porco.Sente nojo do substantivo porco na palavra nojo.Sente nojo de si mesmo
na palavra nojo.Ele gosta do som da palavra náusea.Ele agora enredado na
palavra náusea.
Ele toca, do verbo tocar, o nada com suas mãos repletas de
nada.
Ele olha novamente ao redor. Ele quer se esquecer no fundo de
um poço sem fundo.Ele agora ainda mais distante na palavra vazio.
Ele agora ninguém no interior da palavra ninguém. Ele agora mais
misterioso do que nunca.
Ninguém transpira emudecido na janela emudecida. Ele
transpira na janela que se abre na ausência de um nome.Ele não é mais
substantivo próprio.Ele não é e nunca foi apenas um pronome indefinido
qualquer.Ele não é o que é e nem o que poderia ser.
A mãe desaparecida, o pai internado nas últimas no hospital
qualquer.
A caixa de fósforos, o cigarro aceso e a hora esfumaçada e nada
mais.
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V Encontro de Farpas

Aquele safado lá estava. Eu podia dar na cara dele, pois ele


não queria que eu fosse ao casamento da minha própria filha.Eu o odiava e
só estava ali pelo meu neto.
Aquela safada nunca me enganou.Sempre armou para cima do
marido bem no nariz de todo mundo.Os filhos fechavam os olhos, mas eu
não.Só estava ali pelo meu neto. Ele não merecia aquela avó
desnaturada.Aquela figura nédia que mais parecia uma porca.Ela mal
conseguia andar, aquela desgraçada com jeito de fruta podre.
Aquele safado que se dizia católico fervoroso.Não merecia a
mulher que tinha.Ela morreu de câncer e fundamentalmente de desgosto.
A festa está boa e meu neto está feliz,pois nós dois estamos
aqui.Eu vou ser diplomático e sorrir para esta vagabunda.Eu vou ser
simpática e vou sorrir e vou cumprimentar este vagabundo.Vou fazer isto
pelo meu neto.Ele é um bom rapaz. Vou fazer isto pelo meu neto. Ele é um
bom rapaz.
Estou cumprimentando este safado. Suas mãos geladas me
excitam. Sempre o desejei por ser ele o tal avô por parte de pai. Sempre
desejei comer a palavra pai.
Estou cumprimentando esta safada. Suas mãos quentes me
excitam. Sempre a desejei por ser ela a avó por parte de mãe. Sempre
desejei comer a palavra mãe.
Eu estou a olhar agora para as coxas deste gostosa que nunca
foi minha.
Ela sempre soube que eu a desejava, mas nunca me deu
qualquer chance.
Eu posso ver o pênis avantajado deste desgraçado. Deve ser
uma amante e tanto, este desgraçado que sempre me esnobou.
Meu neto está feliz, pois estamos os dois aqui. Eu ainda
vou dizer tudo que penso acerca deste sem vergonha. Ainda vou dar na cara
dele na frente de todo mundo. Vou contar toda a verdade sobre a sua
relação doentia com a tal pobre esposa. Vou dizer que ele mandava bilhetes
obscenos para mim. Vou dizer que ele me beliscava nos encontros
familiares.
Estou louca para dizer para todo mundo tudo aquilo que tem que
ser dito. Quero agredir este homem e depois montar em cima dele e ser
possuída ali mesmo na sala. Quero que ele rasgue as minhas roupas e me
dê um tapa no meio da cara.

Esta safada ainda vai ter o que merece.


Vou dizer para todo mundo que ele comprou aquele belo
apartamento com o dinheiro de sua agiotagem. Vou dizer que ela dava para
o dono do supermercado. Ela só comia carne diariamente pelo fato de se
prostituir à noite dentro do açougue.
Ela nunca valeu nada. Tenho certeza de que já tentou seduzir
o próprio neto.
Eu gosto do jeito desta mulher. Eu gosto daquele seu jeito
vagabundo de me olhar. Eu gosto de devorar esta mulher no interior do
verbo olhar. Gosto daquelas coxas, daqueles seios e daquele corpo
eternamente sequioso.
Os salgadinhos estão simplesmente deliciosos. Eu olho para
ele enquanto mastigo uma coxinha com queijo. Eu olho para ele enquanto
mastigo uma bolinha de queijo recheada
Eu olho para aquela vulva qualquer com gosto de bolinho de
carne com mostarda.
Eu quero enfiar o tal bolinho em sua boca. Quero que ela o
coma e que diga que me ama com aquilo tudo na boca. Quero que ela
mastigue tudo de forma barulhenta. Quero que ela meta a palavra
barulhenta em sua boca. Quero que ela fale com a boca cheia. Quero que
ela despeje um copo de leite quente sobre meu corpo enquanto fala.
Eu quero segurar aquele membro repleto de mostarda de
boa qualidade. Quero que meus setenta anos não passem em branco. Quero
que ele se transforme num bolo de aniversário. Quero devorá-lo em fatias
coloridas e ricas em fibras. Quero que ele coma o tal canapé e que lamba os
beiços para que eu veja sua língua. Quero me perder no interior da palavra
língua.
O meu neto está aqui, isto é o que realmente importa.
Ela não mais está aqui, aquela safada. Acabou de ter um enfarto e foi
levada ao hospital.

É bom estar aqui sem aquele nojento. Ele merece estar onde está

.
É bom estar no hospital sem aquele nojento. Ele bem que poderia ter
sido atropelado antes da festa.

Sem Quase nada.


VI
O saco vazio estava vazio no interior da palavra vazio.
A palavra vazio estava próxima ao saco vazio que estava jogado
naquele canto vazio e naquela hora vazia.
O tal saco de batata ou de arroz estava jogado no canto.
Ele não poderia andar naquele recinto ou naquele tal antro mais do
que ordinário.
Ele, o tal saco vazio, sabia que nada poderia fazer na sua vocação de
saco vazio.
Ele foi pisado várias vezes por aquele pé esquerdo gordo.
Ele foi pisado por aquele pé esquerdo sujo. O pé esquerdo sujo o
pisou friamente. Ele foi friamente pisado por aquele tal pé esquerdo sujo.
Ele gostava do substantivo gordo. Ele gostava do substantivo sujo.
Ele não sabia já sabendo do fato de que aquele pé esquerdo gordo e
sujo era de quem era.
O tal saco abria a boca sem boca na sua abertura de saco. Ele fazia
sem fazer o que fazia quando era pisado pelo tal pé esquerdo gordo.
O pé esquerdo gordo tinha dedos de sapo e cara de sola de gente
velha. O tal gente velha gostava de pisar na cara do sapo com seu pé gordo
que tinha dedo de sapo.
O saco se arreganhava todo quando o tal sapo pulava dentro de seu
dentro de saco. O tal saco com sua boca sem boca aberta e fechada pelo
vento que não tinha cara de sapo.
O saco vazio estava vazio no interior da palavra vazio. O saco
vazio ainda mais vazio no interior do interior do interior de uma alma
vazia.
O pé esquerdo gordo resolveu dar um chute no tal pé direito
magro. A palavra chute tinha jeito de verbo assassino.
O pé direito magro não queria pisar no tal saco. Não tinha a
intenção explícita o pé direito magro de pisar no tal saco tal.
O pé esquerdo gordo queria que o pé direito magro chutasse o
saco vazio que não era nem gordo nem magro.
Os dois pés cansaram de brigar entre si e olharam raivosamente
para o tal saco boca de sapo vazio naquele jeito de sorrir de forma
sarcástica.
Os dois pés não podem rasgar o saco, pois não são aquilo que
pensam ser. Os dois pés não podem mijar no saco, pois não têm aquilo que
pensam ter. Os dois pés não podem defecar no saco, pois não têm aquilo
que pensam ter.
O tal sapo consegui fugir após muito pelejar dentro daquele
saco vazio em qualquer palavra vazia.

VII As axilas do homem sudorento.

Havia chegado a tal hora da verdade.


Aquele homem havia tomado banho e comprado aquele tal
desodorante tal que não deveria falhar.
Ele então todo empetecado vai ao encontro da tal mulher que o
espera bem em frente ao cinema.
Ele agora entende que quer se tornar sobrenatural.
Não conheçe ninguém que tenha problemas relaciondados ao
mau cheiro das axilas. Ele gosta da palavra desodorante. Ele se sente
poderoso ao pronunciar a palavra desodorante.
Ele se aproxima da mulher e sente que algo não vai bem.
Ele sente que ela o olha com um certo desprezo. Ele sente que ela pretende
ou tem a intenção de dizer alguma coisa. Ele sabe que quem diz diz alguma
coisa a alguém por algum motivo. Ele sabe que quem diz alguma coisa
alguém, ele sabe que este alguém pode não estar querendo dizer nada.
Ele sabe que ela pode estar nervosa pelo fato dele estar atrasado.
Ele sente que ela o trata mal, mas não perde a pose e continua a
entabular uma conversa equilibrada.
Ela reclama do seu suor, pois sabe que ele veio andando por não
ter dinheiro para o tal ônibus.
Ela quer que ele se sinta levemente mal. Ele consegue o que quer.
Ela diz que ele está fedendo. Ela diz que ele não sabe escovar os
dentes corretamente. Ela diz que ele precisa se cuidar muito mais.
Eles estão sentados nas tais poltronas. Ele está a comer balas baratas
e enjoativas. Ele está a comer as pernas daquela mulher que o humilhou
discretamente.
Ele sente muita raiva agora. Ele pega o canivete importado. Ele diz
que quer viver com ela. Ela sorri quase indiferente e contiuua a olhar para a
tal tela vazia.
O filme dever começar em breve. Ele percebe que o tal desodorante
barato está um tanto vencido.
As luzes se apagam. Ele a toma nos braços e força um beijo
desesperado. Ela tenta resistir, mas não consegue conter a força daquele
homem irado. Ela funga enquanto beija o tal homem. Ela quer mostrar que
ele está fedendo ainda mais. Ele agora fura a tal barriga impecável daquela
mulher com o seu tal canivete importado. Ela solta um gemido de surpresa
e ele agora consegue furá-la algumas tantas vezes.
A cena a qual se referia abria o tal filme. A tal mulher
andando na rua e o tal homem que a seguia sem parar. Ela tenta se esconder
num beco, mas o tal homem lá está.
Ele, o tal homem, havia sentido o cheiro da morte quando
chegou em casa um dia antes e viu seu tio estirado no tal sofá. Ele estava
todo roxo e tinha a boca aberta repleta de uma gosma esbranquiçada.
Ele sentiu uma dor estranha no peito e decidiu que se
transformaria numa alma de pedra.

IV- As axilas do homem sudorento.


V- Para abrir a porta do além.
VI- Algo sobre a mesquinhez de Tarso Lebreta
VII- Memórias de um dia frio.

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