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W W W. D I AR I O I N S U L AR .

CO M

250 # 20.01.2008
Jornal Diário | Ano LX I | Nº18959 | 0,55 e
Fundado em 1946 | Terceira | Açores

roberto monteiro, edil da praia

Mãos à obra
olhares NOTA DE ABERTURA
FOTOGRAFIA antónio araújo José Lourenço

lágrima
04 Roberto Monteiro
Roberto Monteiro:
[ENTREVISTA] o tempo é de obras na Praia
Tema de abertura: o Presidente da

10 Alcoólicos Anónimos
Câmara Municipal da Praia da Vitória.
[reportagem] Depois de dois anos de projectos, o pre-
sidente da edilidade praiense garante

12 Francisco Coelho e Reis Leite


que 2008 e 2009 serão anos de obras
[PERSPECTIVAS] no concelho. Em jeito de balanço, Ro-
berto Monteiro, nesta entrevista ao DI,

14 Maduro-Dias
responde às críticas lançadas à autarquia
[VELA DE ESTAI] e revela o que tem feito para concreti-
zar o projecto que propôs aos praien-

16 Rua dos Remédios da Praia


ses. O presidente da Câmara Municipal
[REPORTAGEM] da Praia sublinha que a oposição ficou
sem margem de manobra no concelho,

18 Luiz Fagundes Duarte


justificando a afirmação com o desem-
[FOLHETIM] penho do actual executivo. Numa entre-
vista de balanço dos primeiros dois anos

20 60 anos de vida a dois


de mandato, Roberto Monteiro explica o
[REPORTAGEM] que já fez e o que lhe falta fazer. Desde
já, garante que agora é tempo de obras.
A reportagem: O regresso ao mundo
dos sóbrios. O primeiro grupo dos Alco-
ólicos Anónimos de Portugal foi forma-
do, em 1957, na Base das Lajes. A co-
munidade de ajuda aos alcoólicos dos
Açores conta com oito grupos na Tercei-
ra, São Miguel, Faial e São Jorge e mui-
tos casos de sucesso na caminhada de
regresso ao mundo dos sóbrios.
Um caso cada vez mais raro: casaram-
se em 1947, ela a um dia de fazer 18
anos e ele com 24. Viveram na Vila No-
va, mudaram-se para Angra, viram mor-
rer um filho, os outros crescerem e o
escritório na Rua da Palha prosperar. A
história de 60 anos de casamento.

24 Humberta Araújo
Uma outra reportagem: os desentendi-
[CRÓNICA] mentos entre as freiras do Convento de
Jesus e do convento franciscano estão

25 Joel Neto
na origem da construção, na Praia da
[CRÓNICA] Vitória, da Rua dos Remédios. Na altu-
ra, serviu para remediar os desmandos

26 II Torneio Insular de Sueca


entre as irmãs, que não havia modos
[DESPORTO] de se entenderem. Esta é a história que
chegou aos nossos dias.

28 Sugestões
O desporto: a tenda da marina da ci-
[AGENDA] dade de Vitorino Nemésio acolheu o II
Torneio Insular de Sueca. Mais de du-

29 Tiro&Queda
as centenas de amantes do popular jo-
[CARTOON] go de sala, entre os quais dez senho-
ras, deram corpo à iniciativa da Casa do
Benfica na Ilha Terceira.

DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008


Roberto Monteiro, presidente da Câmara da Praia

“ Tirámos o
palco à oposição”
Depois de dois anos de projectos, o presidente da Câmara

Municipal da Praia garante que 2008 e 2009 serão anos de obras

no concelho. Em jeito de balanço, Roberto Monteiro, nesta

entrevista ao DI, responde às críticas lançadas à autarquia e

revela o que tem feito para concretizar o projecto que propôs

aos praienses. »

DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008
entrevista rui messias fotografia antónio araújo O presidente da Câmara Municipal neamente, a autarquia devia cerca de cinco milhões rede tem por objectivo dar respostas, essencialmente,
de euros a fornecedores. Encetamos um processo de às necessidades dos restantes 90 por cento da popu-
da Praia sublinha que a oposição ficou sem margem de manobra credibilização do município que, na prática, se con- lação. Porque temos de continuar a investir num siste-
substanciou na afectação de verbas para o pagamen- ma que apenas satisfaz dez por cento da população?
no concelho. Justifica a afirmação com o desempenho do actual to de projectos, ficando todas as restantes verbas para Porque não ter um sistema que assegure o desen-
os compromissos financeiros que herdamos. Levamos volvimento desta componente, mas que também pro-
executivo. Numa entrevista de balanço dos primeiros dois de man- um ano e meio a pagar essa factura. Neste momen- porcione à restante população oportunidades despor-
to, o rácio de endividamento da Câmara Municipal da tivas? É essa a génese da nossa perspectiva. Daí de-
dato, Roberto Monteiro explica o que já fez e o que lhe falta fazer. Praia da Vitória permite a contracção de empréstimos corre também a explicação para a sua localização em
até dez milhões de euros. No orçamento deste ano, cada freguesia, já que era impensável obrigar à des-
Desde já, garante que agora é tempo de obras. apenas recorreremos a 30 por cento dessa capacida- locação das crianças ou dos idosos de cada freguesia
de, ou seja, três milhões de euros, à freguesia ou ao local onde estivesse o pavilhão, ca-
so de optasse por um modelo de concentração. A au-
Uma das obras que pode marcar o seu mandato é a margi- tarquia com 1,5 milhões de euros consegue concreti-
nal da Praia. Actualmente, em que fase está a obra? E, em zar esta rede, beneficiando de apoios substanciais pa-
seu entender, esta obra é estrutural para o concelho? Ou ra os pavilhões localizados junto a escolas. O modelo
seria preferível ter-se investido este dinheiro noutras ne- que definimos permite a execução de cada pavilhão
Findos dois anos de mandato, a autarquia praiense tem anos, é normal a expectativa em torno da sua concre- cessidades? por 220 mil euros, ou seja, quatro vezes menos que o
anunciados ou em início de execução um conjunto de pro- tização e da capacidade da câmara para gerir todas es- Existem obras que são estruturantes. E a marginal tem valor de um pavilhão tradicional, que só serve dez por
jectos. A dúvida que está no ar é a conclusão de todas es- sas obras. Acredito que ninguém sairá defraudado. essa classificação, em meu entender. Esta obra per- cento da população.
tas obras. Como comenta esta expectativa? mitirá transformações profundas em relação à cida-
Essa expectativa é, a meu ver, normal. Nos primeiros Como estão as finanças da Câmara da Praia? de da Praia. Esta avenida, mais do que um anseio dos Criou o Fundo de Coesão, explicando-o como a forma de
dois anos, em paralelo com o reajustamento financei- No final de 2005, soubemos que a Câmara da Praia praienses, é uma obra que permite virar a cidade para responsabilizar e rentabilizar os investimentos das entida-
ro, desenvolvemos mais de 50 projectos e, a partir daí, era uma das autarquias do País que tinha ultrapas- o mar e, no fundo, estender a cidade para o local pa- des das freguesias praienses. Que balanço faz nos primei-
entramos no ciclo de execução. É óbvio que quando, sado a sua capacidade de endividamento em 31 por ra onde ela deve crescer. Este tipo de obras motiva o ros dois anos da sua implementação?
num espaço de dois anos, se apresentam mais pro- cento. Este facto teve como consequência directa o crescimento das cidades de forma sustentada. Ela re- O balanço é muito positivo. A medida tem cumprido
jectos do que aqueles que foram concretizados em 20 impedimento de recurso a crédito bancário. Simulta- presenta, de facto, um dos maiores investimentos da os objectivos pelos quais foi criada. Era fundamental
história deste concelho. Contudo, é importante perce- disciplinar, com critérios claros de rigor, transparência
ber-se que a maior fatia do dinheiro não sairá do bol- e justiça, a atribuição de apoios. No primeiro ano, re-
so da autarquia. Há uma componente financiada pe- cebemos candidaturas que incidiam nos pedidos tra-
lo Instituto de Turismo de Portugal, há outra pelo Go- dicionais de apoio à autarquia: conservação de igre-
verno Regional e a autarquia financia o remanescente. jas, impérios, casas do povo, etc. No segundo ano, co-
Ou seja, não se pode colocar a questão: porquê gastar meçamos a ver a redução dos pedidos de apoios para
13 milhões de euros aqui e não noutro local? Porque, obras de conservação e o aumento de projectos ino-
se não fosse esta obra, 60 por cento desse valor não vadores, nomeadamente na área cultural e de solida-
seria investido por estas entidades. riedade. Ou seja, começamos a ver projectos que fa-
zem a diferença no quotidiano das freguesias. E neste
Este executivo tem anunciado um conjunto de investimen- terceiro ano, as candidaturas vão no mesmo sentido.
tos para cada freguesia do concelho, caso dos pavilhões
desportivos. A dúvida que surge nesse âmbito é saber da Separou a gestão das águas e dos resíduos dos serviços ca-
necessidade de uma infra-estrutura dessas em cada fre- marários, criando uma empresa municipal. A “Praia Am-
guesia, quando, em alguns casos, seria possível centrali- biente” tem sido alvo de muitas críticas, particularmente
zar num espaço os praticantes de duas ou três freguesias. o seu sistema de facturação e cobrança. Que comentário
Acredita, mesmo assim, que a melhor opção é a que tem faz a esta situação?
vindo a seguir? Em primeiro lugar é preciso termos a consciência de
Considero que a melhor solução é que estamos a se- que a actividade de gestão de águas e resíduos da-
guir. Adoptamos um sistema de mini-pavilhões num va um prejuízo anual à autarquia que rondava os 400
conceito diferente do tradicional que bebe da filoso- mil euros. Havia a necessidade, como medida estru-
fia norte-americana. Ou seja, a componente estética é turante, de autonomizar o sector empresarial muni-
minorada e, em contrapartida, são valorizadas as con- cipal, que, não tendo que dar lucros, tem de garantir
dições no seu interior. Esta rede visa a prática despor- o seu financiamento. Este é o conceito base. O prin-
tiva como elemento essencial na qualidade de vida cipal objectivo no primeiro ano de vida da Praia Am-
das pessoas. Ter uma estrutura desportiva que permi- biente foi reajustar-se, isto é, deixar de dar prejuízo e
te servir as escolas primárias, os idosos e a população deixar, por isso, de comer 400 mil euros/ano no orça-
activa, além do desporto de competição, é uma exce- mento da autarquia, dinheiro esse que deve ser apli-
lente solução. Ao contrário do que acontece nos pa- cado noutros projectos. E porque existia este prejuízo?
vilhões tradicionais, em que só há espaço para o des- Porque os tarifários vigentes não traduziam a realida-
porto de competição. Quando analisamos esta ques- de dos custos. Mas, este facto, não deriva dos custos
tão, percebemos que a competição só representa dez com a água – o custo da água tem subido na ordem
por cento da prática desportiva no concelho. Ora, esta dos três por cento como sempre aconteceu. Não hou-

DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008


ve introdução de um novo tarifário, apenas a imple- ções impensáveis à luz da gestão correcta: 80 pessoas
mentação do tarifário que estava há muito aprovado coordenadas por uma só, duplicação de tarefas, pro-
em Assembleia Municipal, mas que a autarquia ante- cedimentos morosos e ineficazes, etc. Apostamos na
rior não aplicou. Além disso, o tarifário anterior sepa- implementação de uma estratégia assente em três pi-
rava os habitantes de Santa Cruz, que têm recolhas de lares: qualidade de serviço ao munícipe, daí o inves-
lixo diárias (exceptuando o domingo), dos munícipes timento na formação dos nossos recursos humanos;
das freguesias, que só tinham duas recolhas sema- gestão intermédia, o que justifica a nossa aposta em
nais. Viemos a constatar que, apesar do tarifário defi- gente nova, a sua formação em gestão do trabalho,
nir valores diferentes, todos pagavam igual. O que fi- em planificação, e a criação de uma mentalidade de
zemos foi apenas aplicar o tarifário que já devia estar responsabilidade e decisão (será este núcleo que per-
em vigor há seis ou sete anos. Além disso, as pesso- mitirá à autarquia o seu funcionamento eficaz e nor-
as não podem esquecer-se que aumentaram as reco- mal, independentemente dos executivos políticos);
lhas de resíduos. E, depois, os munícipes têm de per- regulamento municipal de qualidade, um documen-
ceber que o que nós cobramos por este serviço, face to que definirá os padrões de serviço desta autarquia,
aos custos, equivale ao preço de um maço de tabaco. avançando com penalizações para a própria edilidade
Há recomendações comunitárias para que os muníci- em caso de incumprimento.
pes que usufruem de um determinado serviço – co-
mo este – tenham de suportar o seu custo. Se isto fos- Este executivo tem sido acusado de ser incapaz de manter
se aplicado, teríamos de impor aumentos na área dos o diálogo com a oposição…
resíduos de 200 por cento. A mais-valia que é conse- Penso que a oposição se tem sentido minimizada de-
guida na melhor gestão da água está a cobrir e a ame- vido à ausência de campo de manobra tendo em con-
nizar os custos da gestão dos resíduos. Depois, o que ta o modelo de gestão adoptado. Um executivo que
tem acontecido é a Praia Ambiente aplicar tarifas di- vai às freguesias, que reúne com as forças vivas do
ferentes para quem consome mais e quem consome concelho regularmente, que mantém um diálogo per-
menos. Isto levou a que um terço das facturas tenha manente – e às vezes entendido como excessivo –
reduzido de valor… com os munícipes, e que, ao mesmo tempo, avan-
ça para as grandes obras do concelho, retirando a ba-
Nesta matéria, uma das queixas que mais se ouve é que, na se da crítica, não deixa margem de manobra. Portan-
tentativa de procura de explicações, é a ausência de infor- to, perante estes factos, inventam-se estratégias para
mação compreensível… aparecer e marcar terreno. A prova disso é a aprova- gias; e queremos incentivar a valorização de compe- gerados pela derrama não tem origem directa no con-
Reconheço essa crítica. E, em parte, assumo a respon- ção do último orçamento da autarquia, em que no fi- tências na população activa, daí a nossa aposta no celho. Mas sim em grandes empresas – regionais e
sabilidade por essa situação. O que tem vindo a acon- nal não houve perguntas, depois de ter recolhido os centro local de aprendizagem da Universidade Aber- nacionais – que têm negócios no concelho, caso da
tecer são sinais claros de alguma imaturidade na ges- votos favoráveis de todos os presidentes de junta do ta. Por outro lado, é nossa intenção orientar uma par- EDA ou da SATA, por exemplo. Ao não aplicarem a der-
tão desses processos de transformação. A Praia Am- concelho, inclusivamente dos elementos das banca- te das nossas medidas para aqueles que menos têm. rama, os concelhos pequenos estão a abdicar destas
biente sofreu um processo de transformação profun- das dos outros partidos. Acredito que temos assisti- A humanização é algo que eu muito prezo, é um pilar receitas, a favor dos concelhos onde estas empresas
do. Não só porque tem uma equipa nova, como o do a algum protagonismo da Assembleia Municipal fundamental do meu projecto de vida e de gestão pa- têm a suas sedes.
software que foi adoptado (que é usado pela EPAL, a por questões menores, em vez de ser pelo debate das ra este município.
empresa de águas de Lisboa) é novo. Ora, esta situa- opções essenciais para o concelho. Também acredito Mas ao aplicar com esse intuito, abrangerá as empresas lo-
ção minorizou a componente de relacionamento com que nós, como executivo, temos uma melhor noção Este executivo já anunciou a sua vontade – necessidade até cais, de pequena dimensão…
o munícipe. Julgo que, em muitas matérias, a Praia de onde precisamos de melhorar do que a oposição. – de fixar mais gente e mais empresas no concelho. Recen- Sim. No caso da Praia, pelas contas já feitas, caso se
Ambiente devia ter optado, como estratégia de base, temente, assistiu-se a uma troca de galhardetes por cau- avançasse por este processo, o máximo que podería-
a explicação dos seus procedimentos. O que consta- O que tem de ser melhorado? sa da aplicação da derrama na Horta. Esta é uma forma de mos arrecadar de uma empresa local seriam dez mil
tamos é que quando se explica ao munícipe o que se Temos de ser capazes de fazer mais com os meios que benefícios fiscais para a fixação de empresas. Que atracti- euros. Em boa verdade, é uma matéria difícil, passível
passa, ele compreende. Sei que para este ano a gran- temos, temos que ser capazes de melhorar a fiscali- vos pretende implementar no concelho nesta perspectiva? de muita discussão. Analisamos essa situação e opta-
de orientação na empresa é a qualidade do serviço. zação das nossas obras… Qualidade, produtividade e Numa situação de arquipélago e de ilha, nenhuma mos por não aplicar a derrama no concelho, mas es-
fiscalização são o cerne das melhorias a breve trecho. empresa avançará para a mudança da sua localiza- tou convicto que, a médio prazo, todas as autarquias o
Uma das suas bandeiras foi a reorganização dos serviços ção em função da isenção de um determinado impos- farão, porque as receitas não são muitas e abdicar-se
autárquicos. Uma das queixas que mais se ouve em rela- Nestes próximos dois anos, o que poderemos esperar des- to, caso da derrama. Julgo que a diferença na nossa de parte delas, em função do previsível aumento dos
ção aos serviços públicos é a sua lentidão. A reorganiza- ta autarquia? realidade pode surgir nas condições dadas à fixação custos, complicará a vida dos municípios.
ção que encetou era necessária nos moldes em que a con- Este ano e em 2009, a Câmara da Praia será muito da empresa. Ou seja, o concelho que criar condições
cretizou? E o que falta implementar para completar essa mais vista numa perspectiva de execução do que de ao nível de áreas de localização empresarial – os par- Será candidato a mais um ou dois mandatos à Câmara da
componente? inovação. Isto porque, nos próximos dois anos, a so- ques empresariais – que permite a redução de cus- Praia?
Era necessária uma ruptura com o modelo vigente, ma dos orçamentos da autarquia será superior a 60 tos em determinadas infra-estruturas, apresentar-se- Neste momento, coloco a questão sobre duas con-
que não via o município pelos olhos do munícipe. Ha- milhões de euros, canalizado para investimento. No á mais atractivo aos empresários. Outra das vertentes dicionantes: se, chegando ao fim do mandato, per-
vendo excelentes funcionários, a cultura em vigor era entanto, pretendemos continuar o percurso iniciado é o apoio e a celeridade burocrática à implantação da ceber que mais de 80 por cento do projecto previsto
a dificuldade, a ausência de prioridade nas necessi- há dois anos: investimentos e, em paralelo, um pro- empresa no concelho. É por aí que podemos ir. está concretizado, então poderei dar o lugar à reno-
dades de quem nos procura, etc. Alterar esta situa- jecto sustentado, assente na competência dos praien- vação; se, no mesmo momento, entender que a exe-
ção é, em meu entender, o maior desafio destes qua- ses, na sua qualificação e na sua iniciativa. Por isso, Acredita que o tecido empresarial praiense tem capacida- cução e o reconhecimento do trabalho estão num pa-
tro anos. Essa transformação não se faz num ou dois queremos continuar a desenvolver projectos junto das de para suportar a derrama? tamar que obrigue à minha continuação, serei então
anos. Mas num período maior. Aqui tínhamos situa- escolas, orientados sobretudo para as novas tecnolo- É preciso perceber-se que a maioria dos benefícios candidato.

DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO  20.JANEIRO.2008


reportagem hélio vieira mas só após o 25 de Abril de 1974 é que começaram refere Luís C.
fotografia antónio araújo a surgir grupos constituídos apenas portugueses. Nos casos é que é necessária ajuda médica ou de outra
natureza, os Alcoólicos Anónimos recorrem aos servi-
AJUDA MÚTUA ços oficiais ou a instituições particulares que trabalham

Alcoólicos Anónimos A estrutura dos Alcoólicos Anónimos dos Açores con-


ta, actualmente, com oito grupos de recuperação em
na área da solidariedade social no sentido de ajudar
a ultrapassar problemas relacionadas de forma directa

regressar ao mundo
actividade: cinco na Terceira (dois em Angra do Hero- ou indirecta com o consumo de bebidas alcoólicas.
ísmo, um nos Altares, um na Praia da Vitória e um na Depois dessa primeira fase segue-se o trabalho no
Base das Lajes), um em São Miguel (Ponta Delgada), seio dos grupos de recuperação, onde existe uma par-
um no Faial (Horta) e um em São Jorge (Velas). tilha de experiências e se utiliza todos os meios para
evitar recaídas.
“Deixar de beber é fácil por isso aconteceu comigo mais
de vinte vezes. O pior é quando a seguir a uma fase em
que se está sóbrio vem uma recaída”, afirma Luís C.

PASSO A PASSO
O método para se deixar de beber utilizado nos Alcoó-
licos Anónimos é aparentemente simples. São fixadas
metas com uma graduação à medida que vão sendo
atingidas. O primeiro objectivo é ficar algumas horas
sem beber, depois, um dia, a seguir, um mês, um ano
e, finalmente, para sempre.
Não existem estatísticas referentes aos Açores sobre
quantas pessoas deixaram de beber apenas porque se-
guiram os métodos surgidos pelos Alcoólicos Anónimos
mas Luís C. e Fernando S. asseguram que pela experiên-
cia que dispõe serão cerca de 20 por cento dos casos.
Quem não quiser ou não puder juntar-se a um dos
grupos de recuperação constituídos nos Açores, pode
recorrer à ajuda da estrutura nacional dos Alcoólicos
Anónimos, através do endereço da Internet www.aa-
portugal.org ou pelo telefone 217 162 969.
Apesar do alcoolismo juvenil atingir nos Açores con-
tornos apontados em estudos sociológicos efectua-
dos nos últimos anos como preocupantes, a grande
maioria das pessoas que recorre aos Alcoólicos Anó-
nimos está entre os 30 e os 50 anos de idade (cerca
de 70 por cento).
No entanto, Luís C. reconhece que é necessário apos-
tar em campanhas de prevenção junto dos jovens,
mas faz questão de frisar que essa não é uma das atri-
buições dos Alcoólicos Anónimos.
“Não fazemos prevenção porque não é nossa função.
O primeiro grupo dos Alcoólicos Luís C. e Fernando S. são dois servidores dos Alco- “Somos uma comunidade de homens e mulheres que Temos um lema que é o seguinte: “Se bebes e achas
ólicos Anónimos nos Açores. Pedem para serem iden- partilham entre si os seus problemas com o álcool que não tens problemas, não temos nada a ver com
Anónimos de Portugal foi forma- tificados apenas pelo nome próprio. Não porque te- e ajudam-se mutuamente com as suas experiências”, isso, mas se bebes e achas que tens problemas, então
nham algo a esconder. Fazem-no porque o movimento refere Luís C. o problema é nosso”. Não somos contra o álcool nem
do, em 1957, na Base das Lajes. A co- de âmbito internacional de recuperação de alcoólicos a Para quem não consegue deixar a dependência do ál- contra quem bebe, apenas temos o propósito de aju-
que estão ligados recomenda discrição e humildade. cool e pretende recorrer a ajuda, o primeiro passo é li- dar as pessoas a parar de beber”, adianta.
munidade de ajuda aos alcoólicos Os Alcoólicos Anónimos surgiram, em 1935, quando os gar para o número de telefone 295 217 830, onde um Todo este trabalho de recuperação dos alcoólicos é fei-
Estados Unidos ainda viviam na “ressaca” da “lei seca”, servidor dos Alcoólicos Anónimos trabalha em regime to de forma anónima, tal com o nome do movimen-
dos Açores conta com oito grupos abolida dois anos antes. Foi nessa altura que um cor- de voluntariado, 24 horas por dia, com a missão de re- to que o torna possível indica, mas isso não quer dizer
retor da Bolsa de Nova Iorque e um médico cirurgião, gistar os pedidos de todas as ilhas. que no caso dos Açores as portas estejam fechadas.
na Terceira, São Miguel, Faial e São ambos alcoólicos, se encontraram em em Akron (Ohio) A admissão nos Alcoólicos Anónimos está apenas su- “Somos auto-suficientes graças às nossas contribui-
e decidiram desafiar-se mutuamente para deixar de be- jeita a uma condição, o desejo de deixar de beber. ções. Cada pessoa que está nos Alcoólicos Anónimos
Jorge e muitos casos de sucesso na ber. De casos irrecuperáveis, passaram a sóbrios. “Quando nos pedem ajuda nós tentamos saber a situ- contribui, apenas, se assim o entender e da forma co-
O movimento cresceu nas décadas seguintes, esten- ação em que se encontra a pessoa e se existe um gru- mo achar melhor para ajudar a pagar as despesas.
caminhada de regresso ao mundo dendo-se a cerca de 150 países e a mais de dois mi- po perto da sua área de residente. Depois disso, es- Não recebemos subsídios ou qualquer tipo de apoios
lhões de pessoas, até chegar a Portugal, em 1957, atra- sa pessoa é encaminhada para poder contactar com financeiros de nenhuma entidade porque nem sequer
dos sóbrios. vés dos militares norte-americanos na Base das Lajes, quem já está passou pelo processo de recuperação”, os pedimos”, conclui Luís C.

DI DOMINGO 10 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 11 20.JANEIRO.2008


P E R S P E C T I V A S
Francisco coelho reis leite

O SENTIMENTO DA BASTA
INSEGURANÇA… Na verdade o que é mente, na sua casa, é as- pagam impostos e que a eficiência das forças po-
que nos consola que os saltada, espancada e vio- do Estado esperam pro- liciais, para repor a con-
outros estejam pior do lada e, passado mais de tecção. fiança dos cidadãos, nós
que nós? ano, não é possível saber- Depois, é um cidadão que cidadãos cumpridores,
Nada, responderão pos- se quem fez semelhante declara em pleno noticiá- usufruirmos daquilo que
Tem sido debatida ulti- possam “sacudir” a ques- obrigação de manter in- Cremos que é, a par do sivelmente aqueles que desacato. rio, como se isso fosse a não temos mas devíamos
mamente, sobretudo nas tão (in)cómoda e a ine- formados os órgãos de reforço de meios, uma me lerem, porque é mes- Amanhã são dois carros coisa mais normal, que ter, a segurança pública e
ilhas Terceira e de S. Mi- rente responsabilidade. Governo próprio da si- coordenação integrada, mo assim. Com a desgra- queimados num parque simplesmente desistiu de a protecção da lei.
guel, o recrudescimento Desde a legitimidade de- tuação da segurança do próxima e conhecedo- ça alheia podemos nós, de estacionamento públi- sair de casa à noite por- É impensável assistirmos
do sentimento de inse- mocrática, à reivindica- respectivo território, bem ra da realidade que tra- com o que não pode- co em plena cidade, não que as ruas, as ruas das impávidos às remodela-
gurança das populações. ção política, e à articula- como cooperar com os rá resultados palpáveis mos é com esta insegu- havendo notícia que a cidades, mesmo as cen- ções da orgânica das po-
Não há dúvida que esse ção entre as várias Admi- mesmos. Foi com ba- no combate à pequena rança que vivemos todos autoridade policial tenha trais, deixaram de garantir lícias feitas por gente que
sentimento tem vindo a nistrações; desde a coo- se neste novo dispositi- criminalidade e estanca- mais ou menos amedron- conseguido, nem garan- uma passagem sem cor- não só não conhece as
crescer. Esse crescimento peração ao nível de dis- vo legal que o Presidente rá o sentimento de inse- tados. tir a segurança do local, rer o risco de um assalto. nossas realidades, como
é psicológico, mas real, e tintos graus de manuten- do Governo Regional dos gurança. Mais um Conse- Não venham dizer que nem tão pouco descobrir Perante tudo isto as pró- ainda por cima é duvido-
merece atenção, até por- ção da ordem pública – Açores chamou recente- lho, com poderes mera- os Açores são um oásis os vândalos. prias autoridades, não so que deva mandar na
que tem razões também tudo isto coloca actual- mente a Santana o res- mente consultivos, à se- de segurança e pouca cri- No dia seguinte, quase já negando os factos, por- nossa terra.
elas reais e objectivas: mente as Câmaras Muni- pectivo Comandante Re- melhança de tantos que minalidade comparativa, sem surpresa, são os co- que eles aí estão diante É impensável que aceite-
o aumento da pequena cipais e o Governo Regio- gional. já existem, não pode ser quando, dia sim, dia não, merciantes de uma das dos nossos olhos, desva- mos que se permita de-
delinquência, associado nal como co-responsá- Por seu lado, a Constitui- a prioridade. pelo menos, assistimos nossas vilas que vêm a lorizam as queixas, dizem samparar a segurança de
ao consumo de drogas veis políticos nesta fun- ção da República, após Pode a alguns dar o pre- nos noticiários à violên- público denunciar que es- que somos exagerados e uma cidade como Angra
e à destruturação de la- ção estadual. a revisão de 2004, pre- texto para fazerem de cia gratuita nas nossas ci- tão fartos de serem assal- que, vivendo numa região simplesmente porque há
ços sociais, e que está na Os municípios, desde lo- vê que possam ser esta- conta que fazem alguma dades e vilas e sobretudo tados nas suas lojas, duas segura, criamos nós pró- agentes de fora que não
base do pequeno furto, e go, porque até podem belecidos acordos de co- coisa, e acalmar o seu assistimos à impunidade e três vezes, sem que as prios, como o alarmismo, querem aceitar os lugares
desacatos vários contra a constituir polícias muni- operação ou delegações sentimento de insegu- generalizada. forças de segurança pú- um clima de segurança. para os quais são nome-
propriedade. cipais, que, desenvolven- de competências entre rança…eleitoral. Hoje é uma senhora ido- blica garantam os seus Alguém vai ter que meter ados.
E em comunidades pe- do tarefas de um deter- ambos os Governos – em Mas apenas isso! sa que, vivendo pacata- direitos de cidadãos que na ordem os polícias e os É impensável que depen-
quenas e ainda paca- minado tipo, libertem os resposta à perda total da ladrões, isso não me res- damos de consensos na-
tas, como as nossas, bas- recursos da PSP para as competência administra- ta dúvida. Menos dúvida cionais que reservam pa-
tam meia dúzia, ou pou- funções mais típicas de tiva da nova figura do Re- ainda me resta que nos ra as ilhas o rebotalho dos
co mais, destes “actores” prevenção e repressão presentante da Repúbli- Açores esse alguém só últimos classificados.
em actividade para que da ordem e tranquilida- ca, se comparadas com pode ser as autoridades É impensável que nos tra-
a paz pública e o senti- de públicas. Os órgãos a do Ministro da Repú- regionais. É um absurdo tem abaixo de cão e aci-
mento de tranquilidade de Governo próprio das blica. E é nesse âmbito continuarmos a depender ma de tudo é impensável
e segurança sejam afec- Autonomias, para além que o Presidente do Go- de um distante, distraído que façam isto sem que o
tados. do alerta e reivindicação verno tem vindo a recla- e abúlico ministro em Lis- nosso governo tome me-
A segurança, como fun- políticas, podem co-par- mar, nesta área, delega- boa para garantirmos a didas drásticas e nos de-
ção principal do Esta- ticipar agora de diversas ções de poderes de coor- paz e o sucesso na nos- fenda.
do, cabe à Administração formas. denação, para o território sa terra. Acabemos com Basta de passividade.
Central – o que não quer A nova Lei orgânica da regional – o que será o isso e exijamos ao nosso Exerçamos os nossos di-
dizer, sobretudo hoje, PSP, de meados do ano primeiro exemplo prático governo que tome medi- reitos, pelo menos “o di-
que as restantes entida- transacto, prevê que os de operacionalização da- das, políticas e adminis- reito à indignação” que
des público-administrati- comandantes, nas res- quele preceito constitu- trativas, para exercer ele a foi inventado por um des-
vas se desinteressem ou pectivas Regiões, têm a cional para os Açores. autoridade, para garantir tacado socialista.

DI DOMINGO 12 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 13 20.JANEIRO.2008


VELA DE ESTAI
Francisco Maduro-Dias
maduro.dias@mail.telepac.pt

O BLOQUEIO
As cidades portuguesas com espaços incluídos na Angra era a cabeça de um sistema escolar hierarquiza-
Lista do Património Mundial da UNESCO vão associar- do que começava lá longe nas pontas de S. Jorge e Gra-
se para tratar de assuntos de interesse comum relacio- ciosa, afectava até o Distrito da Horta em certas valên-
nados com isso! cias e agora não é!
Pelo caminho a notícia dizia também que, entre outras E por aí fora.
coisas, pretendem reclamar apoios por uma situação Nos dez anos entre 1974 e 1984 Angra sofreu um ter-
que, dizem, as penaliza e ou desfavorece. ramoto, político, económico, social que se completou
Ora, com o físico a 1 de Janeiro de 1980!
- Perante tudo o que tem sido dito e repetido; A maioria das circunstâncias nunca voltou nem volta-
- Perante todas as vezes que tenho ouvido referências rá ao que era!
ao tempo em que Angra esteve “parada no tempo” por Ao contrário o Porto consolida-se como capital de to-
causa do Património; da uma região;
- Perante tanto engano e má escolha dos adversários Évora canibaliza Portalegre e Beja; Sintra vive ao lado
do desenvolvimento; da Capital e nem precisa de trabalhar especialmente
- Perante uma Administração que se recusa a ser a má para crescer; Guimarães tem um dos pólos de uma das
da fita na maioria dos casos e até com alguns respon- mais dinâmicas universidades do País, entrosadas com
sáveis afirmando isso mesmo; o território e preocupadas com o seu desenvolvimento,
Valerá a pena contribuir para aclarar em que é que An- numa zona de intensa actividade.
gra é igual ou diferente das suas futuras companhei- Bastará como exemplos.
ras. Se todas ganharam estatuto não foi ao nível do Patri-
Em jeito de abertura, convém não esquecer que foram mónio, foi ao nível da vida concreta, da economia e do
quase sempre ou sempre as autarquias quem organi- social.
zou e apoiou esses movimentos pró-património. Angra só pode queixar-se de lhe terem dado de bande-
No caso de Angra e para que também isso se esclare- ja um futuro diferente,
ça de uma vez por todas, o mesmo também aconte- que implica trabalho diferente e talvez esteja aí o busílis!
ceu em parte, na medida em que as administrações É que enquanto aos outros basta seguir o caminho de
autárquicas de então participaram e apoiaram a can- antes, seguindo as cartilhas tradicionais de desenvol-
didatura. vimento, porque nenhum mudou tão profundamen-
Só que, tendo em conta que o poder regional é que iria te como esta cidade, aqui importa encontrar caminhos
fazer a proposta e que a candidatura teria de ser apre- novos, baseados nos recursos endógenos e na qualida-
sentada pelo Estado Português (na UNESCO só os Es- de da comunicação e em algo que só agora começa a
tados o podem fazer) foi entendido organizar o proces- penetrar entre nós: o Património e a herança cultural e
so em conjunto. natural, vistas de modo global e interligado!
Esperava-se da UNESCO uma árvore das patacas, talvez… Com um horizonte de 360 graus!
Mas a questão aqui e hoje tem a ver com o decantado Tudo isto já foi dito e redito, só que ainda tarda a ser
argumento do Património como bloqueio. percebido e usado com a profundidade que é necessá-
No caso de Angra isso está muito longe de ser verdade. ria e é preciso o trabalho e o esclarecimento da popu-
Alguns exemplos: lação para que todos participem.
Angra era capital de Distrito, deixou de o ser! Quanto a copiar, basta ver e saber escolher os parcei-
Angra era porto principal do Distrito deixou, até, de ser ros. Numa Lista internacional que já ultrapassa os 800
porto principal da ilha! sítios, numa União Europeia que terá pelo menos 50%
fotografia antónio araújo

(lembro-me de alguns membros de uma equipa de desses bens e com relações fáceis com todo o conti-
planeamento terem referido que só a mudança do por- nente americano de Norte a Sul, basta querer que se
to poderia ter como resultado a prazo a mudança de encontram os parceiros necessários e os exemplos a
cerca de 9 a 12 mil habitantes para mais perto do novo copiar.
centro de actividade)! É só ter olhos, mãos e vontade!

DI DOMINGO 14 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 15 20.JANEIRO.2008


reportagem . fotografia henrique dédalo

Lendas da Praia da Vitória


O Mistério da Rua
dos Remédios
Os desentendimentos entre as frei- À época, uma parte muito substancial das freiras não
o eram por quaisquer convicções religiosas ou outras
ras do Convento de Jesus e do con- de males de amor, mas tão simplesmente porque sen-
do as filhas mais velhas dos casais de fidalgos, eram
vento franciscano estão na origem ali colocadas a fim de permitir que os irmãos machos
de menos idade acabassem por ser os herdeiros. ado no local onde hoje se ergue o Auditório do Ramo cie de sexo, drogas e rock’roll (então seria, mais pro-
da construção, na Praia da Vitória, Conhece-se uma referência escrita sobre o uso dos Grande, tanto se detestavam que provocavam os mais vavelmente, o rock barroco…).
conventos, ao saber-se que o próprio Mosteiro de Je- variados e maquiavélicos desmandos para se provo- Pedro de Merelin escreve que numa das últimas noi-
da Rua dos Remédios. Na altura, ser- sus foi fundado pela viúva de Álvaro Martins Homem, carem umas às outras. tes do ano da graça de 1831, em pleno período do
a madeirense Dona Beatriz de Noronha, que ali deci- Terá sido por essa razão que foi construída uma rua a regime liberal, numerosos “voluntários” abriram um
viu para remediar os desmandos en- diu colocar as filhas. separar ambos os mosteiros, em decisão tomada pelo rombo no muro da cerca e, de conivência com algu-
Os sucessivos actos de indisciplina eram de tal monta município praiense, algures no século XVII. mas das habitantes do Mosteiro, invadiram os dormi-
tre as irmãs, que não havia modos que nos conventos não existia qualquer método dis- Foi baptizada pelo povo como Rua dos Remédios e tórios e cometeram sobre as Religiosas os vilipêndios
ciplinar que obtivesse resultados, sendo o ambiente ainda hoje mantém essa chapa toponímica, sendo e as atrocidades morais que apenas baixos instintos e
de se entenderem. Esta é a história interno considerado como de “escasso abono e nada que a maioria das pessoas que por ali passa todos os paixões poderiam ditar – um ultraje que ficou impu-
próprio em comunidades do género”, de acordo com dias nem sequer sonha que, por detrás desse nome, ne, mas que patenteava o ambiente anárquico reinan-
que chegou aos nossos dias. pesquisas levadas a cabo pelo jornalista e historiador há uma história de anos e anos de desentendimentos te, espezinhando todos os princípios basilares do Res-
Pedro de Merelin. entre congregações, por razões que, não sendo rela- peito, da Moral e da Justiça.
Um exemplo da forma como se vivia dentro desses tados, só pode pressupor-se que se deviam às formas O acto nefando constituiu exemplo aos ingleses que,
conventos, parece ficar bem evidente na carta escri- de vida pouco dignificantes que algumas das freiras destacados para a Vila da Praia, e aboletados detrás
ta pela freira Joana da Luz, abadessa do mosteiro, que levavam, muito para além de faltarem ao respeito às da Luz, seguiram a mesma esteira execrável e aviltan-
As freiras dos conventos franciscanos e de Jesus, escreveu, no ano de 1551, ao rei, a suplicar justiça, em autoridades eclesiásticas e outras. te.
nunca se entenderam na Vila da Praia, reza a história, face da impotência da autoridade local, constituindo A Rua dos Remédios, apesar de dividir fisicamente os Segundo foi possível apurar pelos nomes encontra-
e existem mesmo escritos da época, que referem as um testemunho bem eloquente e uma afirmativa cla- conventos ou mosteiros, na realidade não terá passa- dos escritos, deveriam ali encontrar-se duas dezenas
constantes invasões daqueles terrenos sagrados, quer ra do desentendimento ali havido: “(…) e saber toda do disso, porque os desmandos das freiras e dos fidal- e meia de freiras, incluindo as madres Maria Delfina
por parte de alguns populares, obviamente do sexo a verdade porque saberá delle tanto que polla obriga- gos que ali conviviam com algumas delas, continua- da Luz Monte Carmelo, abadessa, e a irmã, Maria Le-
masculino, como actos, pura e simplesmente da mais ção que há ho senhor Deos tem para cobro nesta casa ram pelos séculos fora até ao seu desaparecimento. onarda da Conceição, que era a vigária.
grave desobediência das freiras, que na sua maioria há qual ho demónio hora tem tanto de sua mão que Viivia-se, então, na Vila da Praia, uma vida de grande
não estavam ali por vontade própria, mas sim, colo- temo acabar ho que começou porque nem ellas tem ASSALTOS AO CONVENTO ebulição, que se prendia com as lutas liberais, a jun-
cadas pelas famílias que se queriam libertar dos incó- obediência a prelado nem a mim me reconhecem por A forma de vida de algumas das freiras, muitas das tar às dívidas à Corte que exigia mais e mais impos-
modos da sua criação, e até mesmo existência. abadessa, antes sou dellas mui ofemdida (…)”. quais professariam mais os bens terrenos do que os tos sobre os muitos moios de trigo e de milho que
Os mosteiros chegaram mesmo a ser apelidados de Reza a história que as freiras de ambos os conventos, desígnios dos céus, dava para tudo. Apesar de serem se produziam, sobretudo na área do Ramo Grande,
”malfadados desde o seu início”, tão graves e tristes cujos jardins e pomares se confrontavam, entre a Rua poucos os relatos existentes, possivelmente, o am- mas essa e outras histórias serão reportadas em ou-
foram as cenas que ali se passaram. de Jesus, onde hoje se situa o BCA, e o convento situ- biente seria descrito nos nossos dias como uma espé- tras ocasiões.

DI DOMINGO 16 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 17 20.JANEIRO.2008


folhetim
luiz fagundes duarte
356

Roubaram-me
a Mona Lisa
A vida é feita de enganos e de desenganos – e a realidade, quem ela ali via, naquele quadro sem vi-
Mona Lisa é um e é outro. Desde pequeno que a co- dro sorrindo-se para a cama onde tantas vezes terá
nheço, e agora dizem-me, preto no branco, que afinal estremecido de amor, era uma Nossa Senhora qual-
ela não é quem eu durante tanto tempo pensei que quer, nenhuma das que se via na igreja ou nas pajelas
fosse. E o pior é que tal desengano me chegou, como de oração, mas uma Nossa Senhora de sorriso doce,
tareia em dia de malfeitoria, pelas mãos de um cole- melhor, uma Nossa Rapariga bem disposta, de mãos
ga meu, um filólogo, que foi descobrir numa anota- postas por cima da barriga – como se ainda tivesse o
ção a um livro antigo, feita pela mão de um coevo de Menino lá dentro –, que nos olhava nos olhos desde
Leonardo Da Vinci, o autor do famoso retrato de Mo- que entrávamos a porta do quarto, e sem descontinu-
na Lisa, que aquela rapariga que todos nós conhe- ar nos seguia até a sairmos porta fora. Eu lembro-me
cemos como se fosse lá de casa se chamava de fac- que me escondia por detrás da cama da Tia Guilher-
to Monna Lisa, era de Florença, viveu entre 1479 e mina, por debaixo do trabanaque onde ela se sentava
1528, foi casada com um comerciante chamado Fran- para coser as roupas e embainhar os lençóis de linho,
cesco del Giocondo (daí ela também ser conhecida a ver se por acaso a Mona Lisa – bem, aquela Nossa
por La Gioconda), e que além de rico tinha uma cla- Senhora – se descuidava por um bocadinho e deixa-
ríssima noção do valor da sua cara metade, então no va de me vigiar, mas nada: mal botava eu o meu olhi-
viço dos seus vinte e tais anos quando o pintor lhe ti- nho de fora, e lá estava ela com os seus, embebidos
rou as medidas e dela fez a mais famosa mulher de naquele sorriso maroto, a dizer-me numa troça – “ah
todos os tempos. Sobretudo por causa do seu miste- cachorro, que já t’apanhei…”.
rioso sorriso. Sabia eu lá o que era Florença, ou Leonardo Da Vinci,
Eu conheci a Mona Lisa ainda muito pequeno, em ca- ou sequer o sr. Giocondo! – bastava-me que a Tia Gui-
sa da Tia Guilhermina da Fajã. lhermina me dissesse, com aquela sua ternura fina,
Embora a tia Guilhermina não fosse muito de ter san- que ali tinha uma Nossa Senhora que me sorria quan-
tos lá em casa, até porque não dispunha de muitas do eu fazia coisas boas. E como ela estava sempre a
paredes de pedra nem tabiques de madeira para os sorrir, como toda a gente sabe, eu tinha-me então co-
pendurar, e aqueles que havia estavam ocupados com mo o melhor rapazinho do mundo.
reproduções de velhos daguerreótipos de antepassa- Mas agora que sei, preto no branco e sem margem pa-
das e antepassados – enlaçarotadas, elas, bigodudos, ra dúvidas, que a boa da Sr.ª Gioconda estaria a sorrir-
eles –, a verdade é que abrira uma boa excepção pa- se para o retratista, e através dele para o seu rico ma-
ra a Mona Lisa que lá tinha, numa reprodução em car- ridão, e que portanto aqueles olhinhos marotos an-
tão já muito escurecida pelo fumo das grizetas e pe- siavam a muito mais do que ao olhar inocente de um
las cagadelas das moscas, emoldurada num quadra- rapazinho sonhador – vejo, num trambolhão, que me
do de ripas de madeira cruzadas nos cantos, bem por destruíram a derradeira réstia da infância. E com uma
riba da cabeceira da cama que por bem poucos anos lágrima no olho, feliz embora por tal desilusão nun-
partilhara com o seu falecido marido. ca ter chegado aos ouvidos da Tia Guilhermina, levan-
Embora fosse mulher sábia e desembaraçada, a Tia to a mão tremida e digo, num gesto de nunca mais,
Guilhermina não sabia quem fosse a Mona Lisa: na «Adeus, Mona Lisa…».

DI DOMINGO 18 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 19 20.JANEIRO.2008


reportagem HELENA FAGUNDES Cedo a casa nova que construíram nos terrenos jun- ra evitar despedidas, sobretudo da mãe de Carolina
fotografia antónio araújo to à casa da mãe de Carolina Adelaide, deixados por Adelaide, uma mulher de ferro que casou nova, com
um tio que emigrou para a América em busca de no- a sua própria mãe doente, e que seria, até à morte,
vas oportunidades que a freguesia não lhe podia dar, um apoio para toda a família.
se encheu de filhos. Ramalho dividia-se entre a mer- Mas partiram todos, mesmo assim. Mesmo se a vi-
cearia, que vendia desde pão a especiarias e tecidos, da na freguesia era mais calma, se a mercearia esta-
e cuidar da família. Às refeições, sentava sempre o fi- va dar lucros, se a casa era bem mais bonita do que
lho mais novo no colo. Durante a noite, muitas vezes a para onde foram morar em Angra do Heroísmo, na

Carolina e José Aguiar era ele que aquecia o leite para encher os biberões.
A mulher educava os filhos, vestindo-os com rou-
Rua dos Minhas Terras. Quando chegaram, instalou-
se a desilusão. Mesmo com o cansaço da viagem, to-

Sessenta anos depois


pas elegantes, algumas que chegavam da América, dos puderam ver as paredes maltratadas e o chão
enviadas pelos parentes emigrados, outras que ela coberto de folhas de papelão. Os quatros vazios e
própria costurava. E havia também o gosto pelo te- sem graça, vazios de mobília. A casa acolhia já um
atro, o sonho de ser a actriz que lhe enchia os dias. restaurante, o “Graciosa”, que Ramalho explorou du-
Não recitara tantos e tão difíceis versos, ainda crian- rante alguns anos. Mas o negócio não era tão forte
ça? A professora da primária tinha-lhe elogiado o como na Vila Nova.
jeito para representar. Aos seis anos, fizera de anjo A mudança foi particularmente dura para Carolina
numa peça na Igreja e, mais tarde, na Acção Católi- Adelaide. Fazia-lhe falta a mãe – levaria seis meses
ca, fizera de Santa Teresa e atirara um ramo de ro- para voltar à Vila Nova após a mudança – e, para
sas para cima da amiga Fátima, que representava o além disso, o filho Jorge, de cinco anos, que já mos-
papel de uma doente. E era bonita. Pequena e ele- trara sinais de doença ainda na freguesia, piorava a
gante, de cabelo escuro e cara de menina. Uma ver- cada dia. Os vizinhos apoiavam-na e o cónego Jere-
dadeira estampa. mias e os seminaristas frequentavam a casa. De vez
Mas agora era preciso cuidar da casa, a segunda a em quando, a camioneta do Basílio Simões que fa-
ter rádio, um luxo na altura. Carolina Adelaide ape- zia a ronda pelas freguesias, chegava com lembran-
nas o ligava às vezes, para poupar a bateria. Outros ças da família, desde pão caseiro até flores, de que
luxos eram o depósito e a pia. Muitas eram as vizi- tanto gostava. Mas, apesar do apoio de todos, mui-
nhas que batiam à porta para lavar roupa. No cami- tas vezes pensaram voltar para trás. Especialmente
nho passavam os carros de bois e, à volta, eram ter- Ramalho, que começava a ver a mudança como um
ras a perder de vista. Nos quartos, tudo arrumado. erro. Mas foi Jorge, que morreria com leucemia, que
Alguns apenas eram abertos ao fim de semana para insistira em ficar em Angra. Dizia que queria evolu-
deixar entrar os parentes. Os homens de roupas es- ção. Não fazia sentido voltar para trás.
curas e finas, as senhoras de saias compridas e pesa- Depois da morte de Jorge, toda a família viveu dias
das a roçar o chão. negros. O pai ficaria um ano sem trabalhar, preso ao
Entretanto, as crianças cresciam e as mais velhas já desgosto. Porém, como sempre acontece, acabaria
estavam à beira de ir para a quarta classe. Nascido por regressar a normalidade, com as crianças a le-
com uma grande diferença de idade em relação ao varem a sua vida normal e a frequentarem as ex-
resto dos irmãos – acabaria por passar parte da sua plicações de Evangelina Valadão, uma das senhoras
juventude na casa da irmã Francisca, após a morte mais cultas da cidade. O seu marido levava muitas
dos pais – Ramalho aprendera a ser desenrascado, vezes as crianças até à Vila Nova, pela altura das fes-
apesar de não ter tido a oportunidade de continu- tas. Também para os pais a vida melhorava. Ramalho
ar na escola. Os professores diziam que o pai o de- abriu um escritório na Rua da Palha, onde as pessoas
via ter posto a estudar, que era demasiado inteligen- da ilha, muitas analfabetas, lhe levavam documentos
te para não passar da primária. Acabaria por com- para preencher. Foi também nessa altura que con-
pletar a quarta classe já na tropa. Certo dia um ami- tratou Jorge Fernando. O doutor Francisco Valadão,
go, que tinha o filho a estudar em Angra, no Seminá- marido de Evangelina Valadão, chegaria a comentar
rio, contou-lhe como estava a dar certo. Falou-lhe do acerca do rapaz de 12 anos: “Mas que bela miudeza
Casaram-se em 1947, ela a um dia de Carolina Adelaide era ainda uma criança quando, orgulho que tinha por proporcionar estudo ao filho. que foste arranjar!”.
nas comemorações do dia um de Dezembro, ainda A ideia foi crescendo na mente de Ramalho. Nunca
fazer 18 anos e ele com 24. Viveram durante o fascismo, declamou versos sobre a Pátria, pudera completar os estudos... Mas podia fazer com “Escritório Ramalho:
na praça da Vila Nova. Poucos dias depois, um ami- que isso não acontecesse aos seus filhos, não era? Preenche-se aqui de tudo”
na Vila Nova, mudaram-se para An- go de José Martins de Aguiar, mais conhecido por Ra- Tinha de mudar-se para Angra, numa época em que José Fernando Godinho está hoje muito longe do
malho, dir-lhe-ia que nunca tinha visto “uma pequena tudo ficava tão mais longe... Chegou a casa e conver- tempo em que tinha 12 anos e era um rapaz fran-
gra, viram morrer um filho, os ou- tão novinha falar tão bem”. Ramalho mal sabia que, sou com a mulher. Alguns dias mais tarde, a decisão zino que aprendia uma primeira profissão. Recorda
anos depois, seria essa mesma “pequena” que levaria estava tomada. o senhor Ramalho como um homem justo e dinâ-
tros crescerem e o escritório na ao altar, ele então com 24 anos, ela a um dia de fazer mico, “um educador que se tornou um amigo”, pre-
18. Casaram no dia 11 de Dezembro de 1947, há 60 A mudança para a cidade ocupado, sobretudo com assegurar condições para
Rua da Palha prosperar. A história anos. Não o fizeram no dia de aniversário de Carolina Quando as crianças acordaram era quatro da manhã. que os filhos estudassem. Lembra-se ainda das mui-
Adelaide, porque a boda seria numa sexta-feira. E isso Lá fora, o barulho do vento. E a noite, tão escura. A tas pessoas que ajudou, visto que era informador de
de 60 anos de casamento. na altura não se fazia. Nunca se casava à sexta-feira. família deixou a casa na Vila Nova de madrugada. Pa- bancos. “Naquela altura, existiam os informadores,

DI DOMINGO 20 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 21 20.JANEIRO.2008


que eram pessoas muito respeitadas e de confiança Pelo escritório da Rua da Palha passava uma grande açorianos às barreiras que se colocavam ao progres- da sonhasse em ser actriz... Procurava ainda transmi-
na sociedade, e que confirmavam se, de facto, quem freguesia, principalmente para preencher letras e do- so do arquipélago. tir aos filhos o gosto pela matemática, que vinha do
pedia crédito era de confiança e podia pagar. Ele le- cumentos para a caixa de previdência. Muitas pesso- “Era uma reportagem negativa, ainda me lembro”, diz tempo de escola, em que enchia o quadro negro de
vava pessoas aos bancos, para que estas conseguis- as das freguesias mandavam para lá o dinheiro e as José Fernando, do outro lado da linha, em Lisboa. problemas para resolver, e só desejava que o espaço
sem crédito. Era um grande serviço, porque era mui- letras para serem pagas. Uma fotografia do escritó- nunca mais acabasse.
to mais difícil obter créditos nessa altura”, conta, ao rio chegou a ser publicada para ilustrar uma exten- “O caminho que seguimos” Uma das filhas, que nos abre a porta da casa na Rua
telefone, a partir de Lisboa, onde se encontra a com- sa reportagem da revista “FLAMA”, sobre os “Açores: Para além do escritório aberto na Rua da Palha, ou- dos Minhas Terras, hoje muito longe dos tempos em
pletar o curso de Direito. As ilhas esquecidas?”, que se prolongava por um ca- tros motivos tornaram o “senhor Ramalho” conheci- que as paredes eram gastas e o chão estava cober-
Durante os anos em que trabalhou para o senhor Ra- derno de 24 páginas. Na legenda da fotografia lê-se do na sociedade angrense. Como ter feito parte da to de papelão, lembra-se de quando passeava com
malho, como lhe chama, vê-lo-ia a ajudar muita gen- “Nos Açores, o analfabetismo origina um tipo de ser- comissão que ajudou o Lusitânia a conseguir a actu- o pai pelo porto de Pipas e via o carregar do gado
te. Como uma senhora idosa que vivia no Porto Ju- viço que não dispensa certas formas de publicida- al sede, por 560 mil escudos. A decisão de adquirir para os navios, e de quando iam ao circo no Relvão.
deu e que estava em vias de perder a casa num pro- de”. uma sede própria surgiu em 1955. Depois de ter sido Carolina Adelaide, com 78 anos, ao lado do marido,
cesso de partilhas. Outro exemplo seria a forma co- Não era apenas o escritório Ramalho que servia de feita a transferência do internacional Mário Lino pa- com 84, também se lembra de tudo ao pormenor:
mo o tratou, apesar de ser apenas um rapaz tão no- exemplo ao abandono em que viviam as ilhas. A re- ra o Sporting Club de Portugal, que rendeu 200 con- Da mudança para Angra, da morte do filho, do curso
vo. “Quando saía uma lei que determinava que devia portagem realizada aquando da cimeira Nixon/ Pom- tos para o clube terceirense, avançou a compra. Vá- de Costura que tirou, da mãe, uma mulher de ferro,
haver um aumento salarial, ele aumentava-me logo. pidou, “nas vésperas do Negócio da China”, relata- rias foram as iniciativas para conseguir o total da ver- do escritório aberto na Rua da Palha. Não precisa de
E sempre me pagou acima do que era exigido por va aspectos que, ainda hoje, se mantêm vivos. As- ba necessária. Bingos, bailes, jantares... Ramalho es- esforço para se lembrar de umas linhas que decorou,
lei. É um homem justo, sim”. Se hoje está a acabar sinalava a maior riqueza dos Açores como sendo a tava responsável pelo bar. ainda criança, que usa sempre que a vida está mais
o curso de Direito e trabalha na área por conta pró- “sua posição a meio dos mundos que são a Europa Para além da vida dinâmica na sociedade, continua- difícil e que parecem resumir a história dos seus 60
pria, deve-o a ele: “Tenho a certeza que não seria na- e a América”, falava da situação de isolamento e dos va a tocar violino em casa, aos fins-de-semana, para anos de casamento: “ A nossa vida é uma longa via-
da do que sou hoje se não tivesse trabalhado com o obstáculos para o desenvolvimento de sectores co- toda a família. Já na Vila Nova tocara e saíra em dan- gem, nascemos e vivemos até um dia. Cedo ou tarde,
senhor Ramalho. Ensinou-me a ser trabalhador, jus- mo o turismo ou a lavoura. Relatava ainda outra re- ças de Carnaval, por isso o gosto vinha de cedo. A novos ou velhos, a nossa vida terá um fim. Será feliz,
to e honesto”. alidade: a emigração, a “única brecha de fuga” dos mulher recitava poesia e amava o teatro. E talvez ain- conforme o caminho que tivermos seguido”.

DI DOMINGO 22 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 23 20.JANEIRO.2008


MUITO BONS SOMOS NÓS CRÓNICA
JOEL NETO Humberta AraÚjo
neto.joel@gmail.com www.cunnusreborn.blogspot.com

Eh eh eh
Naturalmente, ouvimos aquele título, “Queres Fa-
zer Amor Comigo?”, vemos aquele cartaz, com meia
dúzia de lindas raparigas pré-balzaquianas em poses
pós-Balzac, escutamos aquelas suas vozes, um bál-
responsáveis de raparigas de um tempo que lhes ser-
viu o orgasmo de bandeja. Não conseguir ter um or-
gasmo pode ser uma doença. É uma doença. Pôr a
discorrer sobre o orgasmo uma rapariga que não co-
atributos fatais
samo de frescura numa emissão da manhã que nos nhece os seus despenhadeiros é coisa que não ape-
aborrece de tanto trânsito e tanta chatice – e pomo- nas descredibiliza a imagem da peça, mas hipoteca o Sem dúvida que as duas mais eficazes armas da da pelo pai Muhammad Parvez, um devoto islamista
nos à coca. Eu sei do que estou a falar: não tive mais seu conteúdo. Que o impede de chegar ao coração do mulher são a sensualidade e a inteligência. Ambas só porque, como afirmou um dos seus colegas de es-
para vender nos últimos três anos do que um livro de espectador. E um espectáculo que não toca o coração felizmente dissociadas das imagens que prevalecem cola “ela adorava roupa…ela só queria mostrar a sua
crónicas com o futebol como pano de fundo – e logo do espectador não é teatro – é um jogo. No caso, pro- na sociedade moderna, que forçam uma mentalida- beleza... ela só queria vestir-se como nós, como uma
lhe dei um título à procura do soundbyte, provocando vavelmente, um joguinho malandro. de muito estereotipada do que deve ser a beleza fe- pessoa normal.” Ela é mais uma vítima da intolerân-
o inimigo benfiquista e solidariedades várias entre to- Eu não confio nos actores portugueses. Passámos di- minina. cia masculina dentro do radicalismo islão, que contro-
da a irmandade “anti”. Não é disso que falo. Comuni- rectamente das divas e dos cavalheiros mimados, em- Sensualidade e inteligência caracterizam qualquer la fortemente o desejo feminino de liberdade. Aqsa
car, num tempo tão desestruturado e desestruturan- poeiradíssimos, para uma nova geração de raparigas mulher e são independentes de conceitos de perfei- foi uma das muitas “mortes de honra”, homicídios le-
te, com tanta comunicação à mistura e receptores tão e rapazes arrivistas, esculturais mas vazios – e igual- ção física. Qualquer mulher pode e deve ser sensu- vados a cabo por todo o mundo da diáspora islamis-
atrapalhados no meio desse informe mosaico, exige mente empoeirados. Onde dantes se falava da exces- al, independentemente do tamanho, feitio, cor, reli- ta, onde as jovens gerações de mulheres pretendem
em primeiro lugar chamar a atenção. Só então tenta- siva dureza da vida de actor fala-se hoje da sua exces- gião ou estado civil. Assim sendo e, uma vez que es- fazer parte das culturas que as receberam. A violência
mos dizer o que temos a dizer. Nesse sentido, “Que- siva facilidade. Onde dantes se pediam subsídios pe- te trabalho é dedicado em parte às mulheres de paí- contra as mulheres no mundo islão tem aliados tam-
res Fazer Amor Comigo?” é uma boa abordagem. Fa- dem-se hoje entrevistas na daytime TV e nas revistas ses islâmicos, só porque se vive sob os preceitos dos bém no Canadá junto de jornais de renome nacional,
zer amor com uma daquelas raparigas é uma perspec- de sociedade. Não gosto destes actores como já antes islão, não se deixa de ser mulher com uma “cunnus” que teimam não tratar estas questões com sincerida-
tiva tentadora. E ouvir o título, ver o cartaz, escutar as não gostava daqueles. Mas a questão é que, nos bons própria, inteligência e sensualidade. Sensualismo de de com medo de se imiscuírem em questões do foro
vozes deixa-nos no ponto em que o autor da peça nos tempos, os actores eram intelectuais. Representavam acordo com o dicionário Editora da Língua Portugue- privado e religioso. O escândalo é tal, que mesmo fe-
quer para, finalmente, tentar dizer-nos o que tem a di- emoções porque sabiam o que eram as emoções. No sa 2008 é a “doutrina segundo a qual todos os nos- ministas islâmicas criticam estas atitudes passivas dos
zer. O espectáculo está em cena na Sala Estúdio do cinema e na televisão, eram demasiado “teatrais”. No sos conhecimentos vêm das sensações, consideradas media e o silêncio das suas irmãs ocidentais, que fa-
Teatro da Trindade, e eu ainda não pus de parte ir vê- próprio teatro eram demasiado teatrais. Descredibili- como condição necessária e suficiente de todos eles, cilitam esta mesmo opressão. “As feministas ociden-
lo. Mas o facto é que metade do entusiasmo que pu- zavam as personagens e os seus dilemas porque ig- mesmo os mais abstractos; é a doutrina segundo a tais querem fazer crer que se preocupam muito com
desse ter morreu com as entrevistas promocionais. noravam o ritmo e os gestos e a absoluta inutilidade qual o belo se identifica com o agradável;.” Ora have- o destino das mulheres no mundo islâmico no exte-
Porque é preciso maturidade emocional para discorrer de dois terços da rotina das pessoas comuns como rá no mundo algum ser humano desprovido de sen- rior, mas ignoram o que se passa dentro dos seus pró-
sobre um tema tão central como o amor – e é funda- nós. Mas sabiam o que eram as emoções. Tinham-nas sações, de conceitos de belo e agradável? Não me pa- prios países”. Inteligência é igualmente outro atributo
mental que as raparigas que se propõem intérpretes vivido, tinham-nas lido em livros, tinham-nas apenas rece! Tudo o que é sensual diz respeito aos sentidos. que pode levar uma mulher à morte. O caso mais fa-
de um tema assim tenham pelo menos uma noção observado em outras pessoas – não interessa, eram É por isso relativo ao prazer físico ou sexual e encon- lado nas últimas semanas: Benazir Bhutto, que longe
dos seus abismos. A uma daquelas jovens de “Queres bons observadores. Hoje, pelo contrário, há demasia- tra-se relacionado com o voluptuoso, ou lascivo. Ora de partilhar a inocência e as descobertas da sua jo-
Fazer Amor Comigo?”, ouvi-a nesse dia, na rádio, com- da mundanidade nos actores. Têm todos demasiadas para quem já passou por pelo menos um país islâmi- vem conterrânea a viver em Mississauga, Canadá foi
pletar com um fugidio “eh eh eh” a enunciação do di- contas a pagar, demasiadas SMS a remeter, demasia- co e lida com imigrantes de várias regiões islâmicas vítima do monstro Taliban, que no fundo ela própria
lema de uma das personagens da peça: ter chegado dos jantares no La Moneda e no Bica do Sapato. E sabe bem como os homens gostam de olhar o sen- criou. Buttho foi contudo muito além da inteligência e
à meia idade e não haver ainda experimentado o or- nem por isso parece terem aprendido os contornos sual alheio, mas reservam o direito de matar uma fi- sensualidade. Como escreve Rosie Dimanno no jornal
gasmo. Ora, tudo isso teria muita graça se não fosse às emoções. lha, em nome de um Deus cruel e inexistente, em Toronto Star “esta foi uma mulher que mentiu e ma-
uma tragédia. E, quando se trata de uma tragédia, ou Aquela rapariga ainda não teve tempo para que lhe plena sociedade aberta, multicultural e último redu- nobrou com brio, fascinando os seus mais teimosos
se ri a despregadas, “AH AH AH”, ou não se ri de todo. falhasse um orgasmo. É jovem, bela – e além disso to por eles escolhido para em liberdade, continuarem cépticos com a sua inteligência, charme e beleza”.
Rir assim, como quem não quer a coisa, como quem foi-lhe oferecida a prerrogativa de exigir orgasmos aos as suas crenças e melhorarem as suas condições de Atributos ainda mal manobrados por Aqsa Parvez, que
não ri de propósito mas apenas porque não consegue seus namorados, que era o que mais faltava não lhos vida. No Canadá uma jovem adolescente só porque nem teve oportunidade de ter os seus colegas de es-
evitá-lo, não é sequer mal-intencionado – é ignorante. darem. Mas porque não lê um livro? Porque não olha desejava mostrar a sua sensualidade revelando um cola no funeral, porque a família decidiu enterrá-la
Não conseguir ter um orgasmo pode destruir um ca- para a mulher mais velha diante dela, em vez de en- rosto e um cabelo livre do “hijab”, o tradicional len- mais cedo e noutro cemitério, longe de tudo e de to-
samento, uma família, toda uma pequena população. viar uma SMS para o outro lado da sala? ço islâmico, foi assassinada. Aos 16 anos, a jovem de dos, numa sepultura anónima, como um animal sem
Não é um probleminha curioso, digno dos risinhos ir- * revista NS’ origem paquistanesa Aqsa Parvez, 16 foi estrangula- nome ou identidade.

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reportagem mateus rocha mas nacionais, assumindo-se, neste contexto, o cer- autonomia suficiente para organizar o certame, dis-
fotografia antónio araújo tame como uma jornada de franco convívio despor- pensando a parceria com o Clube Desportivo de Pe-
tivo e social. nela, “o qual tem sido inexcedível no apoio à CBIT
Feitas as contas, o título acabou por ficar em casa, desde a primeira hora”, como sublinha Fausto Cos-
com a dupla da Agualva, Michael Meneses/Francisco ta.

TORNEIO INSULAR DE SUECA Pacheco, com 70 pontos acumulados, a fazer a mere-


cida festa. Os restantes lugares do pódio também per-
O nosso entrevistado pretende que no próximo ano a
prova albergue equipas de todas as ilhas dos Açores,

CARTAS NA MESA
tenceram a equipas locais: Rui Ruivo/Filipe Reis, com bem como da Madeira, justificando, assim, na pleni-
66 pontos, Praia da Vitória, e Firmino/Barrada, com 60 tude, a designação de Torneio Insular. Para o efeito,
pontos, Altares/Biscoitos, ocuparam, por esta ordem, Fausto Costa conta com a disponibilidade e boa von-
a segunda e terceira posições. tade das Casas do Benfica, Câmaras Municipais e ou-
Fausto Costa, presidente da Casa do Benfica na Ilha tras entidades/pessoas que possam ajudar na execu-

A tenda da marina da cidade de Vito- A Casa do Benfica na Ilha Terceira (CBIT) levou a Terceira, faz um balanço deveras positivo da iniciativa. ção do projecto.
efeito na Praia da Vitória a segunda edição do deno- “A prova não defraudou as nossas expectativas. Antes Orçado em cerca de três mil euros, o II Torneio Insular
rino Nemésio acolheu o II Torneio In- minado Torneio Insular de Sueca, evento que reuniu pelo contrário. Conseguimos ultrapassar as 100 equi- de Sueca da Casa do Benfica na Ilha Terceira – compe-
102 equipas, entre as quais sete do continente e uma pas, as quais integravam dez elementos do sexo fe- tição que começa a conquistar um espaço importante
sular de Sueca. Mais de duas cente- de São Jorge, o que corresponde a 204 atletas (dez do minino”. no seio dos tradicionais jogos de sala – teve o apoio
sexo feminino). O certame possibilitou a realização de Em relação à primeira edição, o torneio sofreu algu- logístico da Câmara Municipal da Praia da Vitória e fi-
nas de amantes do popular jogo de 5355 partidas. Nem a ausência da equipa espanhola mas alterações, nomeadamente com a passagem de nanceiro do comércio local, para além da colaboração
convidada – o que adiou a internacionalização – tirou 15 para 21 riscos por jogo, o que possibilitou um rit- de “muitos amigos”.
sala, entre os quais dez senhoras, brilho ao acontecimento. mo competitivo diferente, diminuindo, por exemplo, Refira-se, em jeito de conclusão, que a equipa ven-
Marcaram presença no II Torneio Insular de Sueca jo- o tempo de intervalo entre as jornadas. Segundo con- cedora recebeu como prémio uma viagem aérea Ter-
deram corpo à iniciativa da Casa do gadores entre os 16 e os 70 anos de idade, o que seguimos apurar, uma medida que mereceu rasgados ceira/Lisboa/Terceira para duas pessoas. Houve ainda
confirma o implantação da modalidade por estas pa- elogios dos concorrentes. troféus para os primeiros seis classificados e diplomas
Benfica na Ilha Terceira. A III edição ragens, sobretudo nas freguesias rurais. Embora em Por outro lado, em termos logísticos, o programa in- para todos os participantes. O jantar/convívio de en-
menor número do que seria de esperar, não faltaram, formático utilizado correspondeu em pleno, daí que trega de prémios fechou em apoteose o II Torneio In-
já está na forja. aqui e ali, camisolas e cachecóis dos grandes emble- em 2009 a Casa do Benfica na Ilha Terceira já terá sular de Sueca.

DI DOMINGO 26 20.JANEIRO.2008 DI DOMINGO 27 20.JANEIRO.2008


rui messias

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LIVROS
“Loop” é o título de uma
O Lago Azul exposição de pintura de
Fernando Campos Paula Mota, patente na
Difel Sala Dacosta do Museu
326 Páginas de Angra, até 27 de Ja-
neiro.
O que aqui se lê são fac- “La Mirada Panorámica”
tos pouco conhecidos do é o título de uma exposi-
destino de algum sangue ção de fotografia paten-
real português. O primo- te na Sala do Capítulo do
génito do exilado e de- Museu de Angra, até 27
sapossado décimo oita- de Janeiro.
vo rei de Portugal, D. An- Uma exposição de co-
tónio, Prior do Crato, ca- nhas de Augusto Veiga
sa na Holanda com uma está patente no Museu
princesa filha de Guilher- da Graciosa, até 31 de
me, o Taciturno. Aliança Janeiro.
de um católico com um
calvinista, em época de Cinema
acesas guerras de reli-
gião, a traição do marido “Shoot’em Up- Atirar a
congraçando-se com o Matar” é o filme em exi-
inimigo comum das duas bição no Centro Cultural
nações, a Espanha, causa de Angra, até quarta-fei-
da separação do casal. ra, dia 23, pelas 21h00.
Enquanto o princípe se Hoje, domingo, o filme
acolhe, com dois filhos é exibido às 18h00 e às
varões, ao fausto da cor- 21h00.
te espanhola de Bruxe- O Auditório do Ramo
las, a princesa exila-se na pecial narrador: o Vento. caturas e Cartoons da au- Grande apresenta hoje,
Suíça com cinco filhas e toria de Carlos Laranjeira domingo, pelas 18h00,
aí morre de mágoa. Os EXPOSIÇÕES está patente no Centro “Ao Anoitecer”.
amores escaldantes da Cultural de Angra, até 23 Uma extensão do CineE-
filha mais velha com um Uma exposição de Cari- de Fevereiro. co 2007 - Festival de Ci-
coronel alemão transfor- nema e Vídeo da Serra
mam-se, por ciúme, em da Estrela - Seia tem lu-
vingança e morte numa gar de quinta a domingo,
ilha quase deserta da la- dias 24 a 27, no Centro
guna de Veneza. Cultural de Angra e no
O pano de fundo destas Auditório do Ramo Gran-
paixões é o quadro geral, de.
por todo o mundo, dos DIÁRIO INSULAR - Ficha Técnica: Propriedade: Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda., nº. Pessoa Colectiva: 512002746 nº. registo título 101105 Jornal diário de manhã Composição
acontecimentos havidos workshop e Impressão: Oficinas gráficas da Sociedade Terceirense de Publicidade, Lda. Sede: Administração e Redacção - Avenida Infante D. Henrique, n.º 1, 9701-098 Angra do Heroísmo Terceira
entre os fins do século - Açores - Portugal Telefone: 295401050 Telefax: 295214246 diarioins@mail.telepac.pt | www.diarioinsular.com Director: José Lourenço Chefe de Redacção: Armando Mendes Redacção:
XVI e a primeira metade “Bebés & Família” é o tí- Hélio Jorge Vieira, Fátima Martins, Vanda Mendonça, Henrique Dédalo, Rui Messias e Helena Fagundes Desporto: Mateus Rocha (coordenador), Luís Almeida, Daniel Costa, José Eliseu
do século seguinte. Per- tulo de um workshop Costa, Jorge Cipriano e Carlos do Carmo. Artes e Letras: Álamo Oliveira (coordenador) Colaboradores: Francisco dos Reis Maduro Dias, Ramiro Carrola, Claudia Cardoso, Luís Rafael do
corre e abarca, com pe- que tem lugar no próxi- Carmo, Luiz Fagundes Duarte, Gustavo Moura, Francisco Coelho, José Guilherme Reis Leite, Ferreira Moreno, António Vallacorba, Diniz Borges, Bento Barcelos, Jorge Moreira, Duarte Frei-
culiar agilidade, este vas- mo fim-de-semana, dias tas, Guilherme Marinho, Daniel de Sá, Soares de Barcelos, Cristóvão de Aguiar, Vitor Toste, Luis Filipe Miranda, Paulo Melo e Fábio Vieira Fotografia: António Araújo, Rodrigo Bento, João
to espaço geográfico e 26 e 27, no Centro Cultu- Costa e Fausto Costa Design gráfico: António Araújo. Agência e Serviços: Lusa Edição Electrónica: Isabel Silva Sócios-Gerentes, com mais de 10% de capital: Paula Cristina Lourenço,
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temporal, um muito es- ral de Angra. José Lourenço, Carlos Raulino, Manuel Raulino e Paulo Raulino. Tiragem desta edição: 3.500 exemplares,; Tiragem média do mês anterior: 3.500 exemplares; Assinatura mensal: 11 euros

DI DOMINGO 28 20.JANEIRO.2008
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