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MUDANÇAS NO CPP – O NOVO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

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EULER JANSEN

A Lei nº 11.719, de 20 de junho de 2008, publicada no Diário Oficial da União do


dia 23 daquele mesmo mês, entrará em vigor no próximo dia 28 de agosto e alterará o Código
de Processo Penal, promovendo mudanças no rito ou procedimento ordinário. Tal
procedimento é utilizado por vários outros, que têm uma parte ligeiramente diferenciada e,
depois, o seguem, a exemplo do procedimento previsto para os crimes de responsabilidade
dos funcionários públicos (arts. 513 a 518), dos crimes contra a honra (arts. 519 a 523), os
crimes contra a propriedade imaterial (arts. 524 a 530-I).
De logo, devemos informar que a hipótese de cabimento deste rito não é mais o fato
do crime ser apenado com a pena de reclusão, mas o fato do crime ser apenado com pena
privativa de liberdade igual ou superior a quatro anos (art. 394, § 1º, I).
O rito começa com a apresentação da denúncia e, não sendo esta considerada inepta
(art. 395), há o seu recebimento e citação para “resposta escrita”, no prazo de dez dias, sendo
mantida (para ambas as partes) a possibilidade de arrolar até oito testemunhas. Tal peça de
defesa difere um pouco da antiga “defesa prévia” em vários aspectos e, em especial, por ter
sido explicitada a sua finalidade e por não ser mais facultativa, devendo o juiz nomear
defensor para apresentá-la se o réu não apresentá-la ou se não for constituído defensor
Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas
pretendidas e arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário.
(...)
§ 2º Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o acusado, citado, não
constituir defensor, o juiz nomeará defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista
dos autos por 10 (dez) dias.
Após a apresentação dessa defesa há a previsão da possibilidade do juiz “absolver
sumariamente” o acusado, nas seguintes hipóteses (art. 397 e seus incisos de I a IV):
existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; a existência manifesta de causa
excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; que o fato narrado
evidentemente não constitui crime; ou extinta a punibilidade do agente.
Se não for o caso dessa absolvição sumária, será designada audiência de instrução e
julgamento no prazo de 60 dias (art. 402), onde devem ser prestados esclarecimentos pelo
ofendido, ouvidas as testemunhas da acusação e da defesa, esclarecimentos de peritos,
realizadas acareações e reconhecimento de pessoas ou coisas e interrogatório, nesta ordem. Os
peritos, contudo, somente devem prestar esclarecimentos se isto for requerido pelas partes
(art. 400, § 2º).
Abro espaço em relação ao tema para lembrar que a Lei nº 11.690, de 09 de junho de
2008, alterou bastante a sistemática das perícias e, dentre as alterações, destaco a necessidade
de curso superior para os peritos, a possibilidade de indicação de assistentes técnicos pelas
partes, que podem apresentar pareceres ou serem inquiridos em audiência, e a realização da
perícia por um único perito oficial. Relacionado com o rito ordinário, há a possibilidade das
partes requererem a “oitiva dos peritos, para esclarecerem a prova ou responderem a quesitos,

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Euler Paulo de Moura Jansen é juiz de Direito da 3ª Vara de Bayeux/PB, professor de Direito Processual Penal
e Técnica de Elaboração de Decisões Cíveis (ESMA/PB) e dos módulos de Sentença Criminal e Princípios do
Processo Penal (FESMIP/PB), especialista lato sensu em Direito Processual Civil (PUC/RS) e em Gestão
Jurisdicional de Meios e de Fins (UNIPÊ/PB) e autor do livro Manual de Sentença Criminal (Renovar-RJ).
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desde que o mandado de intimação e os quesitos ou questões a serem esclarecidas sejam


encaminhados com antecedência mínima de dez dias, podendo apresentar as respostas em
laudo complementar” (art. 159, § 5º, I).
O princípio da identidade física do juiz, antes inexistente no Direito Processual
Penal, na opinião pacífica da doutrina e da jurisprudência dos tribunais superiores, agora se
faz presente (art. 399, § 2º) e o juiz que presidir a audiência, salvo as exceções já consagradas
pela doutrina e jurisprudência, julgará a ação.
Ao final da audiência de instrução, poderão ser requeridas diligências (art. 402) que,
na mesma fórmula do antigo art. 499, devem decorrer da prova angariada durante aquela
instrução, pois outras diligências poderiam, ou melhor, deveriam ser requeridas na resposta
escrita.
Não requeridas diligências ou indeferidas as requeridas, serão oferecidas alegações
finais orais por vinte minutos, respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por
mais dez, proferindo o juiz, a seguir, sentença (art. 403). É natural que, havendo mais de um
acusado, o tempo para defesa é individual e, havendo assistente do Ministério Público, lhe
serão concedidos dez minutos, “prorrogando-se por igual período o tempo de manifestação da
defesa” (§§ 1º e 2º do art. 403). Também, considerada a complexidade ou o número de
acusados, o juiz poderá conceder às partes o prazo de cinco dias sucessivamente para a
apresentação de memoriais (§ 3º do art. 403) e, após, será prolatada sentença em dez dias.
Ordenadas diligências consideradas imprescindíveis, de ofício ou pode deferimento
de requerimento da parte, a audiência será concluída sem as alegações finais e, após a
realização das diligências, haverão memoriais seguidos de sentença na mesma sistemática do
parágrafo anterior.
Em verdade, a lei limitou-se a utilizar fórmulas de celeridade já aplicadas por muitos
juízes, como a trazida da indagação sobre o requerimento de diligências para o final da
audiência de inquirição das testemunhas e a apresentação de alegações finais mais simples de
forma oral nessa mesma audiência. É questionável até que ponto a unificação das audiências
de inquirição das testemunhas de acusação, defesa e interrogatório contribui para a celeridade.
Afinal, em tons práticos, não raro uma testemunha não comparecer por estar enferma, por não
ser intimada ou “estar em missão”, pois, para não haver inversão da ordem das testemunhas –
as arroladas pela acusação devem ser ouvidas antes das arroladas pela defesa – há a suspensão
da audiência e redesignação, ficando, por exemplo, as testemunhas arroladas pela defesa com
a sua “viagem perdida” e intimadas para comparecerem a outra audiência.
No entanto, nota-se a louvável intenção de possibilitar um procedimento mais
coerente e célere, permitindo uma melhor defesa do acusado na citação para apresentação de
resposta escrita e no deslocamento do interrogatório para o final da instrução.
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FLUXOGRAMA DO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO


Arts. 394-405/CPP, c/ redação pela LEI Nº 11.719/08

Inquérito Policial, em 10
(preso) dias ou 30 (solto)
Art. 10/CPP

Juiz dá
vista ao MP

MP requer novas Denúncia, c/ até MP pede


diligências 08 testemunhas arquivamento
prosseguimento
das em andamento
A denúncia pode ser Juiz discorda,
julgada inepta (casos do art. 28/CPP
Juiz devolve à art. 395) ou ser recebida
autoridade policial, com determinação de
com prazo citação para resposta
escrita em 10 dias (até 08 Juiz concorda
testemunhas) – art. 396 e arquiva
A autoridade
realiza ou pede
novo prazo Não apresentada, o juiz
nomeia defensor para
oferecê-la (art. 396-A, § 2º)

Pode absolver sumariamente o réu nos


casos do art. 397 ou designar AIJ,
marcada no prazo de 60 dias

Na AIJ (art. 400), procede-se: declarações do ofendido, oitiva das testemunhas (acusação e defesa),
esclarecimentos de peritos, acareações, reconhecimento de pessoas ou coisas e interrogatório. Ao
final, requerimento de diligências pelas partes (art. 402)

Não requeridas diligências, seguem-se os debates, com prazo de 20 min. Requeridas diligên-
(prorrogáveis por 10 min. Tal tempo é individual para os acusados e se cias, cumpridas estas,
houver assistente da acusação, o desse é 10 min. e o da defesa será de serão apresentadas
aumentado deste) – art. 403, caput e §§ 1 e 2º. Se o caso for considerado alegações finais
complexo, podem ser substituídos os debates por alegações finais (§ 3º) sucessivas, no prazo
na forma ao lado  05 dias (art. 404)

Sentença em audiência (ou no prazo de 10 dias se caso complexo) Sentença no prazo de 10 dias

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