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DIREITO PENAL III – 4.

° ano
Prof. João Paulo Martinelli

ABANDONO MATERIAL

Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos,
não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou
ascendente, gravemente enfermo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo
vigente no País.

Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer
modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão
alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.

1) Tipicidade objetiva:

São três as condutas tipificadas:

a) O agente deixa de prover os meios necessários à subsistência de cônjuge, filho


menor de 18 anos ou inapto para o trabalho ou ascendente inválido ou valetudinário (com
idade avançada ou enfermo).

“A obrigação prevista no art. 244 do CP é de ambos os pais. Se um deles presta a necessária


assistência ao filho, inexiste o crime previsto naquele dispositivo da lei penal” (TACRIM-SP – AC – Rel.
Costa Manso – JUTACRIM 93/56).

“Ainda que tenha o réu em seu prol motivos jurídicos para separar-se de sua mulher ou que se
trate esta de pessoa jovem com possibilidade de prover à subsistência, não pode o marido deixar de
contribuir para o sustento dos filhos” (TACRIM-SP – AC – Rel. Silvio Lemmi – JUTACRIM 34/369).

“A conduta irregular da mulher não isenta o réu dos deveres assumidos pelo casamento em
relação à prole. O adultério viola o dever de fidelidade conjugal, mas não o de assistência aos filhos
menores, inerente ao pátrio poder” (TACRIM-SP – AC – Rel. França Leme – RT 380/283).

b) Faltar ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou


majorada. É necessário que exista sentença judicial alimentícia que homologue acordo
entre as partes, fixe a pensão ou majore seu valor.

“Se o marido e pai, condenado judicialmente a pensionar a esposa e filhos, procede


incorretamente no emprego para o fim de ser despedido e frustrar o pagamento da pensão,
inquestionavelmente comete o delito de abandono material” (TAMG – AC – Rel. Sebastião Rosenburg –
RT 587/338).

“Incorre nas sanções do art. 244 do CP o agente que, imotivadamente e mesmo após muitas
providências adotadas por Magistrado na Jurisdição Civil, deixa de pagar vários meses de pensão
alimentícia, acordada em Juízo, em favor de seu filho menor, sendo certo que ainda que venha a satisfazer
parte das obrigações em atraso, o delito não deixará de ocorrer, pois o pagamento posterior não
descaracteriza o crime já consumado” (TACRIM-SP – AC – Rel. Fábio Gouvêa – RT 448/471).

c) Deixar de socorrer ascendente ou descendente gravemente enfermo.


Por exemplo, o pai idoso e doente, necessitando remédios, pede ajuda ao filho em boa situação
financeira e este recusa.

IMPORTANTE: O tipo penal não representa um crime de conteúdo variado. Cada


conduta descrita é um crime autônomo, portanto, é possível haver concurso material.

JUSTA CAUSA: O tipo penal só se configura quando não há justa causa para as
condutas descritas.

a) Desemprego:
“Agente que não contribui para o sustento da mulher e filha, por ter sofrido delicada intervenção
cirúrgica e estar desempregado – Para caracterizar-se o crime de abandono de família é indispensável
verificar se a assistência material deixou de ser prestada sem justa causa” (TACRIM-SP – AC – Rel.
Campos Maia – RT 421/263)

b) Dificuldades econômicas:
“Não há falar em abandono material na conduta da mãe solteira que, com pouca idade,
desamparada do pai de seus filhos, miserável e sem arrimo, cuida de trabalhar conforme pode e de acordo
com a possibilidade de serviço, sendo obrigada a deixar sua prole em casa. Impõe-se a solução, máxime
porque, em hipótese de tal miséria humana e material, mais necessita a acusada de compreensão e
piedade, do que de sanção penal” (TACRIM-SP – AC – Rel. Camargo Sampaio – RT 483/344).

“Em tema de abandono material, inaceitável é a argüição de dificuldades econômicas como


motivo justificador de não prestação de recursos por acusado que, além de estar empregado, passa a viver
com outra mulher” (TACRIM-SP – AC – Rel. Gentil Leite – JUTACRIM 50/261).

c) Novo casamento:
“Um novo casamento não é causa justificável para não proporcionar a subsistência dos filhos do
casamento anterior. Não se pode constituir uma nova família, abandonando-se a que antes constituíra. O
mesmo se pode dizer, quando passa-se a viver amasiado com outra pessoa” (TACRIM-SP – AC – Rel.
Almeida Braga – RT 692/284).

d) Falta de emprego fixo:


“Eventual desemprego não exime o réu do delito de abandono material, provado que deixou a
família para se unir à amásia. Nem o exime a escolha de profissão de rendimentos incertos ou o fato de ser
mantido pela amásia” (TACRIM-SP – AC – Rel. Carlos Ortiz – JUTACRIM 13/233).

OBSERVAÇÃO PROCESSUAL: A justa causa para a não prestação de alimentos


é matéria que depende de análise profunda prova. Por isso, não é possível analisar a
questão por meio de habeas corpus.

2) Tipicidade subjetiva:

O dolo consiste na consciência e na vontade de deixar de prover à subsistência, ou


de faltar ao pagamento de pensão, ou de omitir socorro sem justa causa.
3) Consumação:

O crime se consuma com a recusa do agente em prover os meios necessários à


subsistência da vítima, ou quando falta ao pagamento de pensão, ou quando deixa de
prestar socorro. A tentativa é inadmissível.
A jurisprudência majoritária entende que o crime de abandono material é de
natureza permanente, enquanto corrente minoritária entende ser crime continuado.

4) Observações:

a) Prisão civil: A natureza da prisão civil é distinta da prisão penal. A eventual


prisão civil do devedor não exclui sua responsabilidade penal.

b) Cumprimento de obrigação por terceiros: A jurisprudência não possui


entendimento majoritário. Por exemplo, no extinto TACRIMSP, havia divergência em
relação à existência do crime de abandono material quando a obrigação é prestada por
terceiro.

“Confiados os filhos à guarda de pessoa idônea, embora não forneça a esta os recursos materiais
que prometera, não comete a mãe o crime de abandono material” (TACRIM – AC – JUTACRIM 34/179).

“No crime de abandono material, não se livra o réu da responsabilidade penal pela circunstância
de evitarem terceiros que seus filhos passem fome ou por haver a esposa passado a exercer profissão”
(TACRIM-SP – AC – JUTACRIM 69/234).

c) Cumprimento parcial da prestação:

“A falta temporária de pagamento de pensão alimentícia, quando parcial, e não atingindo a


efetiva necessidade da vítima, limitada a restrição decorrente do voluptuário, não configura o crime do
art. 244 do CP” (TACRIM-SP – AC – Rel. Ricardo Andreucci – JUTACRIM 86/306).

d) Não é necessária a prévia ação de alimentos para configurar o crime de


abandono material:

“O crime de abandono material caracteriza-se pela simples falta de proporcionamento dos meios
de subsistência, haja ou não sentença no âmbito civil, mesmo porque meios de subsistência não se
identificam com alimentos” (TACRIM-SP – AC – Rel. Pinto de Sampaio – RT 552/352).

“Diante da obrigação paterna de prover à alimentação dos filhos, não elide a caracterização do
abandono material a não proposição prévia de ação civil de subsistência” (TACRIM-SP – AC – Rel.
Mattos Faria – JUTACRIM 21/265).

e) Pagamento tardio da prestação alimentar: Não há exclusão do crime, pois a


vítima passou pela situação de necessidade e não foi amparada no momento devido. O
pagamento tardio pode reduzir a pena.
ENTREGA DE FILHO MENOR A PESSOA INIDÔNEA

Art. 245 - Entregar filho menor de 18 (dezoito) anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva
saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos.

§ 1º - A pena é de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter
lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.

§ 2º - Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral
ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de
obter lucro.

O crime pode ser praticado apenas pelos pais, legítimos, naturais ou adotivos. O
tipo penal não abrange o tutor, o parente ou o estranho. Trata-se de crime próprio. Apenas
a conduta do § 2.° é crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa.
O sujeito passivo é o filho menor de 18 anos, legítimo, adotivo ou natural
reconhecido.
A conduta consiste em entregar filho menor de 18 anos a pessoa que possa
comprometer sua segurança moral ou material.
Por exemplo, o menor de 18 anos é entregue a pessoa que sofra de doença
contagiosa; o menor é entregue a meretriz que pode levá-lo à promiscuidade etc.

Também é possível a conduta de terceiro que auxilia o envio do filho menor ao


exterior. Ou seja, concorrem para o crime tanto os pais como o terceiro que auxilia o
envio (por exemplo, preparar passaporte, comprar passagem, ajudar no embarque etc).
Este dispositivo foi tacitamente revogado pelo art. 239 do ECA: “Promover ou auxiliar a
efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com
inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro”.
No entanto, se a finalidade do envio do menor ao exterior for o exercício da
prostituição, incorrem os autores no crime de tráfico internacional de pessoas.

ABANDONO INTELECTUAL

Art. 246 - Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Trata-se de crime próprio, que pode ser praticado apenas pelos pais. O sujeito
passivo é a criança em idade escolar, que vai dos 7 aos 14 anos.

“Não se configura abandono intelectual se deixa o réu pobre de promover a instrução primária
de filho menor por falta de vaga no estabelecimento do ensino público local” (TACRIM-SP – AC – Rel.
Silvio Lemmi – JUTACRIM 22/376).
“Dificuldades de ordem econômica de família são, também, justa causa para isentar o acusado
de abandono intelectual de qualquer responsabilidade nesse delito. Ao juiz compete aferir quando o dolo
da infração é excluído pela justa causa” (TACRIM-SP – AC – Rel. Flávio Queiroz – RT 275/601).

ABANDONO MORAL

Art. 247 - Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua
guarda ou vigilância:

I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida;

II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de


representação de igual natureza;

III - resida ou trabalhe em casa de prostituição;

IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:

Pena - detenção, de um a três meses, ou multa.

O sujeito ativo é qualquer pessoa que tenha sob sua guarda ou vigilância menor de
18 anos. O sujeito passivo é o filho, o tutelado ou o confiado à guarda ou vigilância,
menor de 18 anos.

São quatro as condutas incriminadas (todas omissivas):

a) permitir que o menor freqüente casa de jogo ou de má fama ou conviva com


pessoas viciosas ou de má vida;
b) permitir que o menor freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-
lhe o pudor ou participe de representação de igual natureza;
c) permitir que o menor resida ou trabalhe em casa de prostituição (NÃO
SIGNIFICA QUE O FILHO MENOR NÃO POSSA CONVIVER COM A MÃE
PROSTITUTA);
d) permitir que o menor mendigue, ou seja, viva como pedinte. Esta última
conduta visa a incriminar a atividade de pais que colocam seus filhos menores para pedir
dinheiro nas ruas.

“Incorre nas sanções do art. 247, IV, primeira parte, do Código Penal, o agente que dá permissão
a seus filhos, menores de 18 anos, para mendigação, consistente na entrega de bilhetes em que só solicita
auxílio financeiro, auferindo, assim, proveito próprio” (TACRIM-SP – AC – Rel. Rubens Elias – RT
224/410).

Todas as condutas implicam em HABITUALIDADE. A mera presença eventual


do menor em casa de espetáculos pornográficos, por exemplo, não configura o crime.

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