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APELAÇÃO CÍVEL N° 421085-1, DA VARA ÚNICA DA

COMARCA DE SALTO DO LONTRA.


APELANTE 1: COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA –
COPEL.
APELANTE 2: ADÃO AGUSTINHO RODRIGUES DA SILVA E
OUTRA.
APELADOS: OS MESMOS
RELATORA: DESª REGINA AFONSO PORTES

APELAÇÕES CÍVEIS – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS – FILHO DOS AUTORES MORTO POR
AFOGAMENTO EM REPRESA DA USINA DE SALTO
CAXIAS – AUSÊNCIA DE SINALIZAÇÃO ALERTANDO
QUANTO AOS PERIGOS DO LOCAL – FORMAÇÃO DE
REDEMOINHO – ATO OMISSIVO DE CONCESSIONÁRIA –
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA – CULPA
CONFIGURADA – NEGLIGÊNCIA – DEVER DE INDENIZAR
– DANO MORAL E MATERIAL DEVIDOS – INOCORRÊNCIA
DE CERCEAMENTO DE DEFESA – CULPA
CONCORRENTE – VÍTIMA MENOR E FAMÍLIA DE BAIXA
RENDA – PRESUNÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO DO FILHO
MENOR PARA O SUSTENTO DO LAR ATÉ OS 65 ANOS DE
IDADE – DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO DEVIDO – DIREITO
TRABALHISTA CONSTITUCIONAL – DESPESAS COM
FUNERAL NÃO COMPROVADAS – RESSARCIMENTO
INDEVIDO – JUROS CONTADOS A PARTIR DO EVENTO
DANOSO – CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC.
APELAÇÕES PARCIALMENTE PROVIDAS.
1 – A parte que permaneceu silente e inerte, deixando
transcorrer in albis o prazo para manifestar-se quanto às
provas que pretendia produzir, não pode alegar cerceamento
de defesa.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 2

2 – Tratando-se de ato omissivo do poder público, a


responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que
exige dolo ou culpa, em sentido estrito, esta numa de suas
vertentes – a negligência, a imperícia ou a imprudência –
não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que
pode ser atribuída ao serviço público, de forma genérica, a
falta do serviço. (STF – RE nº 382.054-1-RJ. – Rel. Min.
Carlos Velloso – j. 03.08.04).
3 – Nas famílias de baixa renda, se presume a contribuição do
filho menor para o sustento do lar, sendo devido o pagamento
de danos materiais, provenientes do ato ilícito,
independentemente do exercício efetivo de atividade
remunerada pela vítima.
4 – Deve-se limitar o pensionamento até quando a vítima viria
a completar 65 anos de idade, salvo se antes os pais
falecerem, quando, então, a pensão se extingue.
5 - Há de ser incluída no valor da pensão a parcela relativa ao
13º salário, por se tratar de direito inerente a toda relação
empregatícia, conforme dispõe o artigo 7º, VIII, da
Constituição Federal.
6 – O quantum indenizatório possui natureza compensatória.
Jamais trará o ente querido de volta, contudo, deverá trazer
algum conforto capaz de amenizar o sofrimento suportado.
Possui, também, caráter educativo vez que afeta o patrimônio
do causador do evento danoso de modo a evitar a prática e a
ocorrência de novos atos como tais. A quantificação da
indenização deverá ser pautada na culpa do causador do
dano, na sua situação econômica bem como na intensidade
da dor e na situação sócio-familiar e cultural dos que
suportam a perda da vítima.
7 – Os juros de mora são contados a partir do evento danoso,
à base de 0,5% até 10/01/2003; a partir de 12/01/03, a taxa
mensal é de 1,0%.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 3

8 – Em ação de indenização é necessária a constituição de


capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento
da pensão, independentemente da situação financeira do
demandado, mesmo em se tratando de empresa
permissionária ou concessionária do serviço público (STJ, 3.ª
Turma, REsp. n.º 594.024/RJ., Rel.ª Min.ª Nancy Andrighi, j.
em 06.09.05).
9 – Quando a remuneração percebida pela vítima não resta
demonstrada, é certo que deve ser considerada como sendo
um salário mínimo, descontado o valor que a vítima
presumivelmente gastaria com suas próprias despesas, ou
seja, 1/3 desse valor. Tratando-se a vítima de pessoa solteira,
presume-se que ela ajudaria em casa na razão de 2/3, já que
o restante utilizaria com gastos pessoais. Presume-se que aos
25 anos a vítima contrairia matrimônio, contudo, por pertencer
a família de baixa renda, a vítima não encerraria as
contribuições dado esse evento, apenas a diminuiria para
metade do valor até que viesse a falecer, presumidamente aos
65 anos de idade.
10 – As parcelas vencidas são pagas de uma só vez,
acrescidas de correção monetária, pelo INPC, a contar de
cada vencimento, e juros de mora. As parcelas vincendas
serão pagas mês a mês.
11 – As despesas com funeral dependem, para seu
ressarcimento, da efetiva comprovação. Não basta serem de
gasto implícito, há que se demonstrar quais e quanto foram as
importâncias despendidas, por tratarem-se de despesas de
valor certo e determinado.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 4

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelações


Cíveis nº 421085-1, da Vara Única da Comarca de Salto do Lontra, em que são
Apelantes a COMPANHIA PARANAENSE DE ENERGIA ELÉTRICA – COPEL, E ADÃO
AGUSTINHO RODRIGUES DA SILVA E OUTRA e Apelados OS MESMOS.

Tratam os autos de Ação de Indenização, manejada por Adão


Agustinho Rodrigues da Silva e Outra em face da Companhia Paranaense de Energia
Elétrica – Copel.

Alegaram os Autores que em 03/jan/1999, Edivan Rodrigues


da Silva, filho dos Autores, faleceu por afogamento no rio Iguaçu, no Município de Nova
Prata do Iguaçu, próximo à barragem da Usina Salto Caxias.

Asseveraram que a morte se deu em razão da negligência da


empresa Ré, que não alertou os perigos do local nem por placas, barreiras ou avisos.

Afirmaram que em razão do vertedouro da barragem, as águas


do rio Iguaçu ficam muito fortes e formam redemoinho; mesmo sendo um bom nadador, a
vítima desconhecia os perigos do local.

Alegaram que após a morte de seu filho, a empresa Ré


sinalizou o local.

Afirmaram que a morte precoce de seu filho, que então


contava com 18 anos, trouxe-lhes dor e sofrimento e, por tal razão, os autores pretendem o
recebimento de indenização a título de danos morais e materiais, segundo a
responsabilidade objetiva da Ré. Pediram os benefícios da Lei 1.060/50.

Protestaram pela produção de provas, juntaram rol de


testemunhas (fls. 18), teceram argumentações jurídicas, deram valor à causa e juntaram
documentos (fls. 19/56).

Às fls. 57/v, a MM.ª Juíza de Direito deferiu o pedido de


assistência judiciária gratuita.
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Devidamente citado a Ré contestou (fls. 67/99).

Em síntese, aduziu preliminarmente a ocorrência da prescrição


total vez que os fatos narrados na exordial se deram em 03/01/1999, e a ação somente foi
proposta em 16/06/2004.

No mérito, asseverou que a própria vítima foi o único


responsável pelo acidente fatídico. Afirmou que, por medida preventiva de ocorrência de
acidentes, há no local sinalização sonora antecedente à abertura das comportas do
vertedouro, por gerar a elevação do leito do rio. Sustenta que da forma como os fatos
aconteceram, nenhuma sinalização, por mais ostensiva que fosse, impediria a ocorrência
do acidente ante a imprudência da vítima. Esclareceu que no local do acidente, por ser
vertedouro da usina, há variação do nível da água diariamente, mas que no dia do acidente,
um domingo, o vertedouro estava em sua vazão normal durante o dia todo, ou seja,
oferecia o mesmo risco que em qualquer ponto do rio Iguaçu, dado a sua natureza. Aduziu
que, no local onde a vítima se encontrava, há risco de alagamento quando da abertura das
comportas, motivo pelo qual qualquer sinalização naquele local, ficaria submersa, perdendo
todo o seu objetivo. Afirmou que desde que a vítima chegou ao local, o rio encontrava-se
com o mesmo volume de água e com o redemoinho característico do local, perceptível a
qualquer pessoa leiga, sendo que a imprudência e a visível prática de exibicionismo
contribuíram decisivamente para o acidente. Concluiu as alegações argumentando que a
Ré em nada contribuiu para a ocorrência do acidente. Alegou a inexistência de nexo de
causalidade bem como a inexistência do dever de indenizar. Teceu argumentações
jurídicas. Relativamente aos pedidos dos Autores, refutou o pedido de pagamento de
pensão mensal equivalente a 18 salários mínimos vez que não ficou demonstrada a
dependência econômica dos Autores em relação à vítima, nem mesmo que a vítima auferia
tais rendimentos. Sustentou que, caso devido, o pensionamento deve ser determinado até
quando a vítima completasse 65 anos, ou até a morte dos Autores, o que ocorrer primeiro.
Afirmou a não comprovação das despesas com funeral. Requereu o indeferimento da
indenização por danos morais, além de ter impugnado o quantum pretendido. Pediu a
limitação dos honorários advocatícios, em caso de procedente o pedido, à soma das
parcelas vencidas até a sentença, mais doze parcelas vincendas. Defendeu a aplicabilidade
de juros simples. Protestou pela produção de provas, fez os demais pedidos de praxe.
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Juntou documentos (100/101).

Manifestação sobre a contestação (fls. 106/114).

Parecer do digno representante do Ministério Público (fls.


115/117), no sentido da desnecessidade da intervenção ministerial.

Atendendo ao despacho de fls. 118, somente a parte autora


especificou as provas que pretendia produzir (fls. 120).

Em sentença de fls. 129/140, a MM.ª Juíza rejeitou a


preliminar de prescrição e julgou parcialmente procedente o pedido inicial e condenou a Ré
a pagar aos Autores:

a) indenização por dano moral equivalente a 80 salários mínimos (R$ 350), além de juros e
correção monetária;
b) pagamento mensal de prestações representadas por 26,66% do salário mínimo, a partir
dos 18 anos e 5 meses (um mês após o acidente) até o aniversário de 25 anos da vítima e
depois, reduzida para 13,33% do salário mínimo, até os 65 anos de idade da vítima;
acrescidos de juros de mora de 6%, a partir do evento ilícito, até 11/01/2003; e a partir de
12/01/2003, juros de 12% ao ano; valor também corrigido monetariamente à base do salário
mínimo vigente à época;
c) 26,66% do 13o salário devido após um ano do acidente até os 25 anos e após, 13,33%
do salário mínimo até os 65 anos de idade; valor também corrigido monetariamente à base
do salário mínimo vigente à época;
d) juros moratórios, à base de 6% ao ano a partir do evento danoso, nos termos da Súmula
54, do STJ. A partir da entrada em vigor do CC/02, 12/01/2003, os juros passam a ser de
12% ao ano, nos termos do art. 406 do CC/02 e art. 161, § 1o. do CTN ;
e) correção monetária pelo INPC;
f) nos termos do art. 602, determinou que a Ré constitua capital, cuja renda assegure o
cabal cumprimento da prestação de alimentos, nos termos da Súmula 313 do STJ.
O adimplemento das parcelas vencidas far-se-á de pronto, em parcela única. Já as
vincendas, mensalmente.
Cada co-autor é detentor de 50% dos direitos reconhecidos na sentença.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 7

g) Ante a parcial sucumbência, condenou as partes no pagamento de custas processuais,


na proporção de 60% para a Ré e 40% para os Autores; e condenou a Ré ao pagamento
dos honorários advocatícios em favor do patrono dos Autores em 15% sobre o valor do
dano moral, das prestações vencidas e um ano das vincendas; condenou, ainda, os Autores
no pagamento de honorários advocatícios em favor do patrono da Ré, em 10% sobre o
valor do dano moral, das prestações vencidas e um ano das vincendas, observando-se a
compensação prevista no CPC, art. 21.

Os Autores interpuseram embargos de declaração (fls.


144/146) os quais foram rejeitados (fls. 185).

Irresignada com a decisão, a Ré tempestivamente apelou (fls.


148/181). Pugna preliminarmente pela nulidade da sentença por cerceamento de defesa.
Alternativamente requer a reforma da decisão, ante a culpa exclusiva da vítima, ou a
percentagem de 25% de culpa para a concessionária e 75% de culpa para a vítima.
Sustenta que a existência ou não de placas indicativas do natural risco oferecido para a
prática do nado naquele local, não impediriam o acidente. Alega que não há prova quanto à
dependência econômica dos pais com a vítima. Impugna o termo ad quem do
pensionamento, sob o argumento de que deve ser até a data em que a vítima completaria
65 anos de idade, ou até a data em que os Apelados venham a falecer, o que ocorrer
primeiro. Sustenta que a condenação ao pagamento de 13o. salário é ultra petita. Refuta o
quantum da condenação relativa aos danos morais e pede diminuição. Insurge-se quanto a
forma da condenação relativa aos honorários advocatícios e aos juros de mora. Ataca a
decisão, quanto a determinação de constituir capital para assegurar o cumprimento da
sentença, alegando ser ultra petita. Tece argumentações jurídicas, faz citações e pede o
provimento do recurso.

Contra-razões às fls. 187/202.

Também inconformados com a sentença, os Autores


tempestivamente interpuseram recurso de apelação (fls. 203/223). Sustentam que os fatos
devem ser analisados sob o enfoque da responsabilidade objetiva e, conseqüentemente,
deve-se imputar a culpa única e exclusivamente à atitude omissiva da parte Ré; ou,
alternativamente, que seja invertida a imputação da culpa imposta pela Juíza sentenciante,
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 8

ou seja, 40% para a vítima e 60% para a empresa Apelada. Uma vez acatado o pedido de
reforma da decisão, sustentam que a pensão mensal deverá ser a razão de 2/3 do salário
mínimo, ajustada de acordo com as variações ulteriores do salário mínimo nacional, até a
data em que a vítima completasse 65 anos. Pedem que as prestações vencidas e
vincendas, sejam pagas de uma só vez. Requerem a condenação ao pagamento das
despesas de funeral. Pedem a majoração do valor fixado a título de danos morais. Pugnam
para que a correção monetária seja feita pela média aritmética dos índices INPC/IBGE e
IGP/FGV, desde o evento danoso. Insurgem-se quanto a condenação ao pagamento de
40% das custas processuais. Pedem a exclusão do pagamento dos honorários advocatícios
e refutam a determinação de compensação dos honorários. Pugnam pela determinação
explícita quanto a ressalva do disposto na Lei 1.060/50. Ao final, culminam em requerer o
provimento do recurso e a reforma da decisão.

Os recursos foram recebidos, às fls. 224, nos efeitos


devolutivo e suspensivo.

A empresa Ré apresentou contra-razões às fls. 229/252.

A Procuradoria Geral de Justiça manifestou-se pela não


intervenção no feito ante a inexistência de interesse público (fls. 262/264).

É o relatório.

DECIDO

Visa a presente ação de indenização promovida pelos Autores


contra a Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL, a reparação de danos
materiais e morais causados aos autores, pela morte por afogamento de Edivan Rodrigues
da Silva, em 03/jan/1999, no rio Iguaçu, próximo a barragem da represa de Salto Caxias,
ocorrida em decorrência da alegada negligência da empresa em não advertir os perigos do
local.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 9

Entendeu a magistrada singular, pela culpa concorrente da


vítima e da COPEL, condenando a Ré a pagar aos Autores, pais da vítima, indenização por
danos materiais e morais.

Irresignados com a r. sentença, Autores e Ré pugnam pela


reforma da decisão.

DO RECURSO DA RÉ (COPEL)

Os tópicos a serem analisados neste recurso são:

a) nulidade da sentença por cerceamento de defesa ;


b) culpa exclusiva da vítima, ou a percentagem de 25% de culpa para a concessionária e
75% de culpa para a vítima (a existência ou não de placas indicativas do natural risco
oferecido para a prática de natação naquele local, não impediriam o acidente) ;
c) Inexistência de prova quanto à dependência econômica dos pais com a vítima;
d) termo ad quem do pensionamento ;
e) pagamento de 13o salário ;
f) diminuição do quantum dos danos morais ;
g) juros de mora ;
h) constituição de capital ;
i) honorários advocatícios.

a) nulidade da sentença por cerceamento de defesa.

Razão não lhe assiste.

Constata-se que se trata de Ação Indenizatória, ajuizada pelos


Autores contra a concessionária Ré, onde pretendem o recebimento de indenização pela
morte, por afogamento, de seu filho.
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Denota-se que o Juiz singular, pelo despacho de fls. 118,


determinou a intimação das partes para indicarem quais as provas que pretendiam produzir,
nos seguintes termos:
1. Especifiquem as partes, em 05 (cinco) dias, as provas que ainda
pretendem produzir, justificando sua pertinência e adequação, sob pena de
indeferimento.

2. Outrossim, manifestem-se quanto ao conteúdo do art. 331, §3º, do CPC.


Optando ambas as partes pela não designação de audiência preliminar, por
considerarem de pronto inviável a obtenção de transação, o feito será
sanado por escrito. No silêncio, será designada audiência de conciliação.

Referido despacho foi devidamente publicado no Diário da


Justiça (fls. 119).

Observa-se que a parte Autora, em petição de fls. 120,


especificou as provas cuja produção julgou de suma importância.

Por outro lado, a Ré permaneceu silente e inerte, deixando


transcorrer in albis o prazo para manifestar-se (certidão de fls. 120/v), vindo agora, sem
razão, alegar cerceamento de defesa.

Dessa forma, afasto a preliminar argüida, por inexistir


cerceamento de defesa a ser reconhecido.

b) culpa exclusiva da vítima, ou a percentagem de 25%

de culpa para a concessionária e 75% de culpa para a vítima (a existência ou não

de placas indicativas do natural risco oferecido para a prática do nado naquele

local, não impediriam o acidente).

Também não há que se falar em culpa exclusiva da vítima,


nem mesmo na percentagem de 25% de culpa para a concessionária e 75% de culpa para
a vítima.

Segundo bem analisou a douta Juíza sentenciante, houve,


sim, concorrência de culpas, na medida em que a Ré não tomou as devidas cautelas em
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 11

proceder com sinalizações no local, alertando sobre os perigos existentes e dificultando o


acesso de pessoas, enquanto que a vítima igualmente colaborou com o acidente tendo
adentrado em águas visivelmente perigosas.
Conforme muito bem explanado e fundamentado no voto
proferido pelo eminente Juiz Substituto em segundo grau, Dr. Adalberto Xisto Pereira, no
Acórdão nº 27069, desta Câmara Cível, que acompanhei integralmente, aplica-se, ao ente
público, a responsabilidade subjetiva quando se tratar de omissão, de comportamento
ilícito. Supõe-se dolo ou culpa numa de suas modalidades (negligência, imperícia ou
imprudência):

TEORIA APLICÁVEL À RESPONSABILIDADE CIVIL DO PODER


PÚBLICO POR ATOS OMISSIVOS

Em se tratando de omissão, sobre ser objetiva ou subjetiva a


responsabilidade civil do poder público, a matéria é polêmica em
nível doutrinário e, pode-se dizer, até mesmo jurisprudencial.
O tema, no entanto, é constitucional.
Ao Supremo Tribunal Federal, intérprete magno da
Constituição da República, cabe a última palavra.
Ele já se pronunciou.
No julgamento do recurso extraordinário n.º 382.054-1-RJ.,
realizado em 03.08.04, de que foi relator o Ministro Carlos Velloso,
restou decidido que “Tratando-se de ato omissivo do poder
público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que
exige dolo ou culpa, em sentido estrito, esta numa de suas
vertentes – a negligência, a imperícia ou a imprudência – não
sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser
atribuída ao serviço público, de forma genérica, a falta do serviço”.
É do voto condutor, para assim decidir, no ponto que aqui nos
interessa, que “O § 6.º do art. 37 da CF dispõe:
´Art. 37. (...)
(...)
§ 6.º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros,
assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo ou culpa.´
Em princípio, pois, a responsabilidade objetiva do poder
público, assentada na teoria do risco administrativo, ocorre por ato
de seus agentes. Dir-se-á que o ato do agente público poderá ser
omissivo. Neste caso, entretanto, exige-se a prova da culpa. É que
a omissão é, em essência, culpa, numa de suas três vertentes:
negligência, que, de regra, traduz desídia, imprudência, que é
temeridade, e imperícia, que resulta de falta de habilidade (Álvaro
Lazarini, ´Responsabilidade civil do Estado por Atos Omissivos
dos seus Agentes´, em ´Rev. Jurídica´, 162/125).
Celso Antônio Bandeira de Mello, dissertando a respeito do
tema, deixa expresso que ´o Estado só responde por omissões
quando deveria atuar e não atuou – vale dizer: quando descumpre
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 12

o dever legal de agir. Em uma palavra: quando se comporta


ilicitamente ao abster-se.´ E continua: ´A responsabilidade por
omissão é responsabilidade por comportamento ilícito. E é
responsabilidade subjetiva, porquanto supõe dolo ou culpa em
suas modalidades de negligência, imperícia ou imprudência,
embora possa tratar-se de uma culpa não individualizável na
pessoa de tal ou qual funcionário, mas atribuída ao serviço estatal
genericamente. É a culpa anônima ou faute de service dos
franceses, entre nós traduzida ´falta de serviço´.
É que, em caso de ato omissivo do poder público, o dano não
foi causado pelo agente público. E o dispositivo constitucional
instituidor da responsabilidade objetiva do poder público, art. 107
da CF anterior, art. 37, § 6.º, da CF vigente, refere-se aos danos
causados pelos agentes públicos, e não aos danos não causados
por estes, ´como os provenientes de incêndio, de enchentes, de
danos multitudinários, de assaltos ou agressões que alguém sofra
em vias de logradouros públicos, etc.´ Nesses casos, certo é que o
poder público, se tivesse agido, poderia ter evitado a ação
causadora do dano. A sua não ação, vale dizer, a omissão estatal,
todavia, se pode ser considerada condição da ocorrência do dano,
causa, entretanto, não foi. A responsabilidade em tal caso,
portanto, do Estado, será subjetiva. (Celso Antônio Bandeira de
Mello, ´Responsabilidade Extracontratual do Estado por
Comportamentos Administrativos´, em ´Rev. dos Tribs.´, 552/11, 13
e 14; ´Curso de Direito Administrativo´, Malheiros Ed., 5.ª ed., p. 498
e segs.).
Não é outro o magistério de Hely Lopes Meirelles: ´o que a
Constituição distingue é o dano causado pelos agentes da
Administração (servidores) dos danos ocasionados por atos de
terceiros ou por fenômenos da natureza. Observe-se que o art. 37,
§ 6.º, só atribui responsabilidade pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causem a terceiros. Portanto, o legislador
constituinte só cobriu o risco administrativo da atuação ou inação
dos servidores públicos; não responsabilizou objetivamente a
Administração por atos predatórios de terceiros, nem por
fenômenos naturais que causem danos aos particulares´. A
responsabilidade civil por atos e fatos é subjetiva. (Hely Lopes
Meirelles, ´Direito Administrativo Brasileiro´, Malheiros Ed., 31.ª ed.,
1996, p. 566).
Esta é, também, a posição de Lúcia Valle Figueiredo, que,
apoiando-se nas lições de Osvaldo Aranha Bandeira de Mello e
Celso Antônio Bandeira de Mello, leciona que ´ainda que consagre
o texto constitucional a responsabilidade objetiva, não há como se
verificar a adequabilidade da imputação ao Estado na hipótese de
omissão, a não ser pela teoria subjetiva´. E justifica: é que, ´se o
Estado omitiu-se, há de se perquirir se havia o dever de agir. Ou,
então, se a ação estatal teria sido defeituosa a ponto de se
caracterizar insuficiência da prestação de serviço.´ (Lúcia Valle
Figueiredo, ´Curso de Direito Administrativo´, Malheiros Ed., 1994,
p. 172).
Desse entendimento não destoa a professora Maria Sylvia
Zanella Di Pietro (´Direito Administrativo´, Ed. Atlas, 5.ª ed., 1995, p.
415)”.
No caso em pauta, porém, diante da exuberância de provas
que constam dos autos, quer seja analisada a res in judicio
deducta pela teoria subjetiva, quer seja pela objetiva de acordo
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 13

com a legislação consumerista (CDC), a responsabilidade civil da


apelada é inafastável. (TJPR – Acórdão nº 27069 – 4ª Câmara Cível
– Revisor e Redator para o Acórdão Juiz Convocado Adalberto
Xisto Pereira – publ. 16/02/2007).

A omissão é uma conduta negativa. Surge porque alguém não


realizou determinada ação, quando deveria fazê-lo. A sua essência está propriamente em
não se ter agido de determinada forma.

No presente caso, vislumbra-se, como anteriormente dito, que


o evento danoso somente se concretizou em decorrência da negligência da Ré/Apelante,
na medida em que não procedeu com seu dever de sinalização, omitindo-se.

Pode-se até cogitar a hipótese sustentada pela Ré/Apelante,


de que a existência ou não de placas indicativas do natural risco oferecido para a prática do
nado naquele local, não impediriam o acidente.

Isso porque placas e sinalizações não têm o condão de


impedir pessoas da prática de atos. Ocorre que elas inibem, coagem, desencorajam,
alertam e, no caso, poderiam excluir a culpa da concessionária, o que não ocorreu.

c) inexistência de prova quanto à dependência econômica

dos pais com a vítima.

Em suas razões recursais a Ré/Apelante alega que não há


prova quanto à dependência econômica dos pais com a vítima, sendo indevida a
condenação quanto ao pagamento de danos materiais.

Tal alegação também não merece acolhimento.

O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido


de que, nas famílias de baixa renda, se presume a contribuição do filho menor para o
sustento do lar, sendo devido o pagamento de danos materiais, provenientes do ato ilícito,
independentemente do exercício efetivo de atividade remunerada pela vítima.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 14

Cito os seguintes precedentes do STJ, dentre outros tantos


que versam sobre tal assunto: REsp 309.659/RJ, Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa,
Quarta Turma, julgado em 03.05.2007, DJ 28.05.2007 p. 343 ; REsp 872.084/RJ, Rel.
Ministro Jorge Scartezzini, Quarta Turma, julgado em 21.11.2006, DJ 18.12.2006 p. 404 ;
RESP 514384/CE, Relator Ministro Aldir Passarinho Júnior, DJ de 10.05.2004 ; REsp
738.833/RJ, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 08.08.2006, DJ 28.08.2006
p. 227 ; EREsp 147.412/DF, Rel. Ministra Laurita Vaz, Corte Especial, julgado em
15.02.2006, DJ 27.03.2006 p. 134 ; REsp 646.482/DF, Rel. Ministro Carlos Alberto
Menezes Direito, Terceira Turma, julgado em 15.12.2005, DJ 08.05.2006 p. 200.

Portanto, descabida a pretensão.

d) termo ad quem do pensionamento.

Relativamente à impugnação do termo ad quem do


pensionamento, sob a fundamentação de que deve ser até a data em que a vítima viria a
completar 65 anos de idade, ou até a data em que os Autores/Apelados venham a falecer, o
que ocorrer primeiro, razão lhe assiste.

A pretensão é razoável e encontra amparo na jurisprudência,


conforme se vê no REsp 565.290/SP, julgado em 10.02.2004, DJ 21.06.2004 p. 227 e no
REsp 536.558/SP, julgado em 02.03.2004, DJ 06.09.2004 p. 265, ambos relatados pelo
Ministro Cesar Asfor Rocha, na Quarta Turma.

Portanto, deve-se limitar o pensionamento até quando a vítima


viria a completar 65 anos de idade, salvo se antes os pais falecerem, quando, então, a
pensão se extingue.

e) pagamento de 13o salário.

A insurgência da Ré/Apelante, relativa à condenação ao


pagamento de 13º salário, sob o argumento de ser ultra petita é descabida, tendo a MM.
Juíza sentenciante andado bem e em conformidade com a orientação do STJ.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 15

Seguindo a evolução jurisprudencial, há de ser incluída no


valor da pensão a parcela relativa ao 13º salário, por se tratar de direito inerente a toda
relação empregatícia, conforme dispõe o artigo 7º, VIII, da Constituição Federal.

Nesse sentido:
RESPONSABILIDADE CIVIL. ATROPELAMENTO. MORTE DE FILHO
MENOR. DANOS MATERIAIS. FAMÍLIA POBRE. PENSIONAMENTO DOS
PAIS. TERMO INICIAL.
DÉCIMO-TERCEIRO. INCLUSÃO.
I - A morte de filho menor em acidente, mesmo que à data do óbito ainda
não exercesse atividade laboral remunerada, autoriza os pais, quando de
baixa renda, a pedir ao responsável pelo sinistro a indenização por danos
materiais, resultantes do auxílio que futuramente o filho poderia prestar-
lhes.
II - O termo inicial para o pagamento da pensão, conforme decisão da
Corte Especial (EREsp 107.617/RS), é a data em que a vítima completaria
14 anos, por ser aquela a partir da qual a Constituição Federal admite o
contrato de trabalho, ainda que na condição de aprendiz.
III - Coerente com essa evolução jurisprudencial, há de ser incluída no
valor da pensão, e a partir dessa data, a parcela relativa ao décimo-
terceiro salário, por se tratar de direito inerente a toda relação
empregatícia, conforme dispõe o artigo 7º, VIII, também do texto
constitucional.
Recurso parcialmente provido.
(REsp 555.036/MT, Rel. Ministro CASTRO FILHO, 3ª Turma, julg. em
19.09.2006, DJ 23.10.2006 p. 296)

f) diminuição do quantum dos danos morais.

A insurgência referente ao quantum da condenação dos danos


morais fixado na r. sentença não merece acolhida.

O quantum indenizatório possui natureza compensatória.


Jamais trará o ente querido de volta, contudo, deverá trazer algum conforto capaz de
amenizar o sofrimento suportado. Possui, também, caráter educativo vez que afeta o
patrimônio do causador do evento danoso, de modo a evitar a prática e a ocorrência de
novos atos como tais.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 16

A quantificação da indenização, portanto, deverá ser pautada


na culpa do causador do dano, na sua situação econômica bem como na intensidade da
dor e na situação sócio-familiar e cultural dos que suportam a perda da vítima.

Portanto, sopesados todos estes requisitos bem como o


percentual de culpa da concessionária e da vítima, segundo estabelecido na r. sentença,
entendo que o valor estipulado pela MM.ª Juíza revela-se adequado, motivo pelo qual deve
ser mantido.

g) juros de mora

Os juros de mora devem ser contados a partir do evento


danoso, portanto, a partir de 03/01/1999 (Súmula 54 do STJ). Devem incidir à base de 0,5%
até 10/01/2003; a partir da data da entrada em vigor do Código Civil de 2002 (12/01/03), a
taxa mensal será de 1,0%.

Portanto, correta a sentença também neste tópico.

h) constituição de capital.

Igualmente, há de ser mantida a determinação quanto à


constituição de capital para assegurar o cumprimento da sentença, com fundamento no art.
475-Q do CPC.

Segundo o que rege a Súmula 313, STJ, “Em ação de


indenização, procedente o pedido, é necessária a constituição de capital ou caução
fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação
financeira do demandado”, mesmo em se tratando de empresa permissionária ou
concessionária do serviço público (STJ, 3.ª Turma, REsp. n.º 594.024/RJ., Rel.ª Min.ª
Nancy Andrighi, j. em 06.09.05).

i) custas processuais e honorários advocatícios.


Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 17

A MM.ª Juíza sentenciante, julgou parcialmente procedente o


pedido inicial e pela parcial sucumbência condenou as partes nos seguintes termos: a
Ré/Apelante deverá pagar honorários advocatícios em favor do patrono dos
Autores/Apelados, em 15% sobre o valor do dano moral, das prestações vencidas e um ano
das vincendas; e os Autores/Apelados deverão pagar de honorários advocatícios em favor
do patrono da Ré/Apelante, em 10% sobre o valor do dano moral, das prestações vencidas
e um ano das vincendas, observando-se a compensação prevista no CPC, art. 21.

Ambas as partes recorrem de tal condenação. A Ré/Apelante


insurge-se quanto à fixação de percentual distinto para as partes. Por sua vez os
Autores/Apelados pedem a exclusão do pagamento dos honorários advocatícios, refutam a
determinação de compensação dos honorários e insurgem-se quanto à condenação ao
pagamento das custas processuais da forma fixada na decisão recorrida.

As insurgências das duas partes serão analisadas neste


tópico.

A sentença monocrática comporta modificação quanto a este


ponto.

Verifica-se que por ocasião da petição inicial os Autores


pediram a procedência do pedido e a condenação da Ré ao pagamento de danos materiais
(pensão e despesas de funeral) e morais.

Portanto, foram dois os pedidos: danos materiais e danos


morais.

Ganharam ambos, ainda que não no montante pedido.

O fato de a sentença ter acolhido ambos os pedidos (dano


moral e dano material), ainda que não no montante pedido, caracteriza a procedência total
da demanda, e não parcial (como constou no dispositivo da sentença).
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 18

Aliás, a sucumbência parcial ocorre quando o interesse da


parte não é inteiramente atendido, o que não é o caso, segundo anteriormente dito.

Dessa forma, uma vez acolhidos totalmente os dois pedidos,


inexiste sucumbência parcial, motivo pelo qual a parte Ré deve arcar integralmente com as
custas processuais e com os honorários advocatícios.

Isso porque o fundamento da condenação em honorários


advocatícios é o fato objetivo da derrota (RT 591/140) e, percebe-se nitidamente a
existência de derrota da parte Ré.

Dessa modo, a parte ré deverá pagar integralmente as custas


processuais e os honorários advocatícios do advogado da parte autora, arbitrados em 10%
sobre o valor atualizado dos danos morais, da soma das prestações vencidas e mais doze
das vincendas.

HONORÁRIOS DE ADVOGADO. Responsabilidade civil. Base de cálculo.


Art. 20, § 5º, do CPC.
- De acordo com a orientação predominante nesta Quarta Turma, o cálculo
da verba honorária, - em se tratando de indenização por dano decorrente
de atropelamento a que é condenada a empresa de transporte, - deve
incidir sobre as parcelas vencidas e doze das prestações mensais a vencer,
deferidas a título alimentar, excluído o valor referente ao capital de
garantia. Ressalva do relator. Na base de cálculo, porém, incluem-se os
valores correspondentes aos danos emergentes (despesas funerárias) e aos
danos morais.
- Recurso conhecido e provido em parte.
(REsp 254922/RJ, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, Quarta Turma,
julgado em 03.08.2000, DJ 11.09.2000 p. 259).

DO RECURSO DOS AUTORES (PAIS DA VÍTIMA)

As insurgências a serem analisadas neste recurso são:

a) responsabilidade objetiva e culpa exclusiva da Ré ou inversão a imputação da culpa


efetuada pela Juíza sentenciante, ou seja, 40% para a vítima e 60% para Ré;
b) pensão mensal de 2/3 do salário mínimo, ajustada de acordo com as variações ulteriores
do salário mínimo nacional, até a data em que a vítima completasse 65 anos;
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 19

c) pagamento de uma só vez das prestações vencidas e vincendas;


d) condenação ao pagamento das despesas de funeral;
e) majoração dos danos morais;
f) correção monetária pela média aritmética dos índices INPC/IBGE e IGP/FGV, desde o
evento danoso;
g) custas processuais e honorários advocatícios;
h) determinação explícita quanto à ressalva da Lei 1.060/50.

a) responsabilidade objetiva e culpa exclusiva da Ré ou

inversão a imputação da culpa efetuada pela Juíza sentenciante, ou seja, 40% para

a vítima e 60% para Ré.

Inicialmente sustentam que os fatos devem ser analisados sob


o enfoque da responsabilidade objetiva e, conseqüentemente, deve-se imputar a culpa
única e exclusivamente à atitude omissiva da parte Ré; ou, alternativamente, que seja
invertida a imputação da culpa efetuada pela Juíza sentenciante, ou seja, 40% para a vítima
e 60% para a empresa Apelada.

A questão já foi tratada anteriormente, nada havendo que ser


modificado: nesse caso, onde há ato omissivo, a responsabilidade civil é subjetiva, e o grau
de culpa da vítima e da concessionária restou bem distribuído pela Juíza sentenciante,
devendo ser confirmado.

b) pensão mensal de 2/3 do salário mínimo, ajustada de

acordo com as variações ulteriores do salário mínimo nacional, até a data em que a

vítima completasse 65 anos.

Uma vez acatado o pedido de reforma da decisão, sustentam


que a pensão mensal deverá ser fixada na razão de 2/3 do salário mínimo, ajustada de
acordo com as variações ulteriores do salário mínimo nacional, até a data em que a vítima
completasse 65 anos.

O pedido é insustentável.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 20

Quando a remuneração percebida pela vítima não resta


demonstrada, é certo que deve ser considerada como sendo um salário mínimo,
descontado o valor que a vítima presumivelmente gastaria com suas próprias despesas, ou
seja, 1/3 desse valor. Nesse sentido está assentada a jurisprudência.

Tratando-se a vítima de pessoa solteira, presume-se que ela


ajudaria em casa na razão de 2/3, já que o restante utilizaria com gastos pessoais. Nesse
sentido, igualmente pacífica a jurisprudência.

Presume-se que aos 25 anos a vítima contrairia matrimônio,


contudo, por pertencer a família de baixa renda, o STJ tem entendido que a vítima não
encerraria as contribuições dado esse evento, apenas a diminuiria para metade do valor até
que viesse a falecer, presumidamente aos 65 anos de idade.

A posição acima adotada pode ser verificada no seguinte


julgado:

Assim como é dado presumir-se que a vítima do acidente de veículo


cogitado teria, não fosse o infausto evento, uma sobrevida até os sessenta
e cinco anos, e até lá auxiliaria a seus pais, prestando alimentos, também
pode-se supor, pela ordem natural dos fatos da vida, que ele se casaria
aos vinte cinco anos, momento a partir do qual já não mais teria a mesma
disponibilidade para ajudar materialmente a seus pais, pois que, a partir
do casamento, passaria a suportar novos encargos, que da constituição de
uma nova família são decorrentes.
Restabelecida a pensão fixada em 2/3 do salário mínimo até quando viria a
completar vinte e cinco anos, e na metade desse valor, até os sessenta e
cinco, salvo se antes a genitora falecer, quando, então, a pensão se
extingue. (REsp 536.558/SP, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, Quarta
Turma, julgado em 02.03.2004, DJ 06.09.2004 p. 265)

A Juíza sentenciante condenou a concessionária, a título de


danos materiais, ao pagamento de pensão fixada em 26,66% do salário mínimo até que a
vítima completasse 25 anos, reduzindo-se, então, para 13,33% até que completasse 65
anos. Tais percentuais foram encontrados pela Magistrada, segundo o cálculo de 40%
sobre o paradigma de 2/3 e 1/3, aceitos pela doutrina e jurisprudência.
Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 21

Verifica-se que a condenação imposta na decisão de primeiro


grau encontra-se de acordo com o entendimento jurisprudencial pacificado nas Cortes
superiores, motivo pelo qual deve ser mantida.
c) pagamento de uma só vez das prestações vencidas e

vincendas.

Relativamente ao pedido de que as prestações vencidas e


vincendas sejam pagas de uma só vez, não há de ser acolhido, por falta de embasamento
legal.

As parcelas vencidas deverão ser pagas de uma só vez,


acrescidas de correção monetária, pelo INPC, a contar de cada vencimento, e juros de
mora, conforme anteriormente mencionado.

As parcelas vincendas deverão ser pagas mês a mês.

d) condenação ao pagamento das despesas de funeral.

Os Autores/Apelantes requerem a condenação ao pagamento


das despesas de funeral, contudo não comprovaram o valor despendido a tal título, motivo
pelo qual não há como atender tal reclame.

As despesas com funeral dependem, para seu ressarcimento,


da efetiva comprovação. Não basta serem de gasto implícito, há que se demonstrar quais e
quanto foram as importâncias despendidas, por tratarem-se de despesas de valor certo e
determinado.

Portanto, correta a sentença, também quanto a este tópico,


vez que os Autores/Apelantes não se desincumbiram do ônus imposto no art. 333, I do
CPC.

e) majoração dos danos morais.


Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 22

O pedido quanto a majoração do valor fixado a título de danos


morais já foi anteriormente analisado. Razoável e adequado o quantum fixado, motivo pelo
qual restou confirmado nessa instância superior.
f) correção monetária pela média aritmética dos índices

INPC/IBGE e IGP/FGV, desde o evento danoso.

A parte apelante pede que a correção monetária seja feita


pela média aritmética dos índices INPC/IBGE e IGP/FGV, desde o evento danoso.

O pedido não merece acolhimento.

O entendimento dominante, tanto nesse tribunal como no STJ,


é no sentido de que o INPC é o índice mais adequado para a correção de débitos oriundos
de decisão judicial, como no caso dos autos.

É válida a transcrição de parte do Acórdão nº 25236, desta


Câmara Cível, relatado pelo eminente Desembargador Idevan Lopes:

Denota-se que o propósito da atualização monetária dos débitos judiciais é


recompor o poder aquisitivo da parte lesada, não a empobrecendo e nem a
enriquecendo ilicitamente e, utilizando por analogia o Decreto Federal n.
1.544 de 30.06.95, que recomendou a média aritmética do INPC/IBGE e
do IGP-DI/FGV para a substituição do Índice de Preços ao Consumidor
(Real) - IPC-r, passou-se a adotar o INPC como a melhor alternativa.
Primeiro, porque é um índice oficial, instituído por Lei Federal. Segundo,
porque o INPC é calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE, fundação mantida pelo Poder Público e,
portanto, integrante da Administração Pública Federal (art. 37, 'caput' da
CF). Terceiro, porque sua metodologia de apuração é idêntica à do Índice
de Preços ao Consumidor (Real) - IPC-r e à do antigo IPC/IBGE (extinto
em fevereiro/91).

Portanto, a correção monetária deve ser mantida conforme os


termos da r. sentença, ou seja, pelo INPC.

f) custas processuais e honorários advocatícios.


Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 23

Ambas as insurgências já foram analisadas anteriormente


quando da análise do recurso da parte Ré.

h) determinação explícita quanto à ressalva da Lei nº

1.060/50.

Os Autores/Apelantes pugnam pela determinação explícita


quanto à ressalva do disposto na Lei 1.060/50.

Tal insurgência resta prejudicada ante a modificação da


sucumbência, conforme item “i” da apelação da parte Ré.

Ante o exposto, conheço de ambos os recursos de apelação.

Dou parcial provimento ao recurso interposto pela Ré/Apelante


para o único fim de limitar o pensionamento até quando a vítima viria a completar 65 anos
de idade, salvo se antes os pais falecerem, quando, então, a pensão se extingue.

Dou parcial provimento ao recurso interposto pelos


Autores/Apelantes para o fim prescípuo de modificar a condenação referente ao pagamento
das custas processuais e dos honorários advocatícios, conforme relatado.

Diante do exposto, ACORDAM os Desembargadores


integrantes da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por
unanimidade de votos, em dar provimento parcial a ambos os recursos de apelação,
nos termos relatados.

Participaram do julgamento presidido pela Excelentíssima


Desembargadora REGINA AFONSO PORTES (Relatora), os Excelentíssimos Senhores,
Desembargador ABRAHAM LINCOLN CALIXTO e Juiz Convocado LUIS ESPÍNDOLA.

Curitiba, 31 de março de 2008


Apelações Cíveis nº 421085 -1 – fls. 24

DESª REGINA AFONSO PORTES


Presidente e Relatora

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