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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

ELABORAÇÃO DE PLANO DE REDUÇÃO DE RISCOS


NO MUNICÍPIO DE SUZANO (SP)

R E L AT Ó R I O F I N A L

1. INTRODUÇÃO

Em atendimento aos termos do contrato 1.251/2005, firmado entre a


Prefeitura do Município de Suzano- PMS e a Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino
e Extensão – FUNEP, uma equipe técnica constituída no Departamento de Geologia
Aplicada (DGA), Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE), Universidade
Estadual Paulista (Unesp) - Campus de Rio Claro (SP), realizou estudos referentes ao
Projeto intitulado “Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano
(SP)”.
O projeto citado foi executado por meio de estudos realizados no período de
dezembro de 2005 a março de 2006, atendendo ao convênio firmado entre a Prefeitura do
Município de Suzano e a Caixa Econômica Federal/Ministério das Cidades, por meio do
Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos Precários.
O Programa de Urbanização, Regularização e Integração de Assentamentos
Precários é gerido pelo Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, destinando
recursos financeiros aos estados, DF e municípios para que executem intervenções
necessárias à regularização fundiária, segurança, salubridade e habitabilidade de
população localizada em área inadequada à moradia, visando a sua permanência ou
relocação, por intermédio de um conjunto de ações, dentre elas a Ação de Apoio à
Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários.
A Ação Apoio à Prevenção e Erradicação de Riscos em Assentamentos Precários
tem por objetivo o apoio aos Estados, municípios e ao DF na prevenção e erradicação de
riscos sócio-ambientais que atingem famílias de baixa renda, moradoras de
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assentamentos precários em localidades urbanas, por meio da transferência de recursos


do Orçamento Geral da União para o treinamento e a capacitação de equipes municipais,
o planejamento das ações de redução de risco e a articulação das ações dos três níveis
de governo.
O Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) apresenta alguns referenciais
técnicos e gerenciais que permitem aos Poderes Públicos a implementação de ações
estruturais e não-estruturais, em prazos adequados aos recursos orçamentários do
município, do estado e da União, para reduzir e controlar as situações de riscos
associados a escorregamentos e solapamentos de margens de córregos que ameaçam a
segurança dos moradores e dificultam a inclusão dos assentamentos precários à cidade
formal.
Por solicitação da Prefeitura Municipal de Suzano, neste PMRR também foram
analisadas as condições de risco associadas a enchentes e inundações em áreas
indicadas pela contratante.
O presente relatório descreve detalhadamente os estudos realizados e apresenta
os resultados obtidos no âmbito do projeto “Elaboração de Plano de Redução de Riscos
no Município de Suzano (SP)”.

2. OBJETIVO DOS ESTUDOS


O desenvolvimento do projeto citado visou atingir os seguintes objetivos:
 Mapeamento das situações de risco, com delimitação dos setores de risco e
indicação das moradias ameaçadas;
 Indicação de alternativas de intervenções estruturais para controle e redução dos
riscos mapeados;
 Estimativa de custos das intervenções estruturais indicadas;
 Levantamento e análise da legislação urbanística;
 Estabelecimento de critérios para priorização das intervenções estruturais;
 Propostas para um programa de ações estruturais e não-estruturais para a
redução/erradicação dos riscos mapeados; e
 Capacitação da equipe técnica municipal em mapeamento e gestão de riscos.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL

3.1. Base Teórica Referente à Mapeamento de Risco e Processos Adversos

Acidente geológico ou geotécnico é definido como a ocorrência de um evento


adverso de natureza geológica (processo envolvendo o solo, a rocha e/ou a água) ou de
natureza geotécnica (comportamento do solo ou da rocha ante uma intervenção
antrópica), que tenha provocado conseqüências danosas ao homem ou a suas
propriedades.
A partir deste conceito, entende-se que risco geológico ou geotécnico corresponde
a uma condição potencial de ocorrência de um acidente, ou seja, uma situação na qual a
possibilidade de ocorrência de um processo geológico ou de um comportamento
geotécnico indica a possibilidade de registro de conseqüência social e/ou econômica caso
o evento adverso ocorra. Desse modo, conceitualmente, só há risco quando há alguma
possibilidade de perda ou dano.
A equação mais simples e didática utilizada para representar risco é:
R=PxC
sendo: R = risco
P = probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência de um determinado evento
adverso
C = conseqüências sociais e/ou econômicas potencias

A grande maioria das equações de risco propostas por diferentes autores é


representada pelo produto entre dois ou mais termos. Tal fato se deve ao conceito
matemático denominado “convolução”, que indica concomitância e mútuo
condicionamento desses termos (CARDONA, 2001 apud NOGUEIRA, 2002). Assim,
sendo nulo um dos termos da equação (probabilidade ou conseqüências), o risco também
é nulo.
Um evento adverso potencial identificado (perigo) sempre deve estar associado a
um processo geológico ou geotécnico atuante no assentamento precário estudado.
Este trabalho deverá enfocar as situações de risco associadas a processos
atuantes de instabilização de taludes (escorregamentos e solapamentos) em encostas e
margens de córregos, que possam afetar a segurança de moradias implantadas nos

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assentamentos precários do município. Por solicitação da Prefeitura de Suzano, também


será executado o zoneamento de riscos associados à enchente/inundação nestes
assentamentos.
Estes processos no ambiente urbano podem ser resultados de causas naturais ou
antrópicas, mas a geração dos riscos associados a eles é sempre um processo social ou
ambiental urbano (NOGUEIRA, 2002).
Os escorregamentos e solapamentos urbanos podem movimentar, além de rochas,
solo e vegetação, depósitos artificiais (lixo, aterros, entulhos) ou materiais mistos,
caracterizando processos geológicos, geomórficos ou geotécnicos.
Escorregamentos são movimentos gravitacionais de massa que mobilizam o solo,
a rocha ou ambos, sendo que em geral são deflagrados por chuvas. O termo
escorregamento congrega vários processos que apresentam características distintas,
embora todos eles sejam resultantes da ação da gravidade. Dentre estes processos têm-
se os escorregamentos (slides) propriamente ditos, os rastejos (creep), as quedas de
bloco (falls), os rolamentos de matacões, os tombamentos e as corridas (flows). Por este
motivo, é comum observar a utilização do termo “escorregamentos e processos
correlatos” para se referir ao conjunto de processos citados.
As situações de risco associadas a processos de solapamento estão relacionadas
à faixa marginal de cursos d’água, portando sujeitas aos processos da dinâmica fluvial.
(VARNES apud SUMMERFIELD, 1991) classifica o solapamento como um dos tipos de
quedas associado a movimentos de massa, denominando estes processos associados às
margens de rios e córregos de “earth fall” ou “topple”.
As enchentes e inundações são processos de natureza fluvial associados à
dinâmica de escoamento das águas superficiais. As águas de chuva, ao alcançar um
curso d’água, causam o aumento na vazão por certo período de tempo. Este acréscimo
temporal na descarga d’água tem o nome de cheia ou enchente. Por vezes, no período de
enchente, as vazões atingem tal magnitude que podem superar a capacidade de
descarga da calha do curso d’água e extravasar para áreas marginais habitualmente não
ocupadas pelas águas. Esse extravasamento caracteriza uma inundação e a área
marginal, que periodicamente recebe esses excessos de água, denomina-se leito maior,
planície de inundação de um rio, ou ainda, várzea (DAAE, 1984).

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Nas áreas de assentamento urbano precário, em função de sua alta vulnerabilidade


determinada, na maioria das vezes, pela forma ou localização inadequada da ocupação,
pela ausência de infra-estrutura urbana (drenagem, pavimentação, saneamento) e de
serviços básicos (coleta de lixo, redes elétrica e hidráulica, etc.) e pela degradação do
ambiente associada, diversos tipos de riscos ambientais podem ser registrados. Esta
situação conduz a acidentes de qualquer porte, resultando muitas vezes em perdas de
vidas e ferimentos e, quase sempre, em danos materiais que constituem grave impacto na
capacidade de desenvolvimento da população pobre que reside nessas áreas.
No que se refere aos riscos de natureza geológica, é comum que as atividades que
resultam na identificação e análise ou avaliação dos riscos sejam realizadas por meio de
investigações geológico-geotécnicas de campo. Tais investigações requerem que sejam
consideradas tanto a probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência do evento adverso
(no caso do presente estudo, os processos de instabilização associados a
escorregamentos em encostas, a solapamentos de margens de córregos, a
enchente/inundação e a ação direta das águas pluviais ou fluviais), quanto as
conseqüências sociais e/ou econômicas associadas.
Quanto às conseqüências, CARVALHO (2000) afirma que sua avaliação
“...envolve sempre um julgamento a respeito dos elementos em risco e de sua
vulnerabilidade. É comum que nas análises de risco em favelas apenas as moradias
sejam consideradas como elementos em risco (grifo nosso)”.
Certamente essa simplificação na consideração das conseqüências se deve à
dificuldade encontrada pelos profissionais que abordam os aspectos físicos dos riscos
geológicos em melhor caracterizar os elementos e fatores inerentes a essa componente
da análise de riscos.
NOGUEIRA (2002) descreve que a conseqüência decorrente de um acidente é
função da vulnerabilidade, esta dependente da suscetibilidade de pessoas e/ou bens
serem afetados, bem como da “resiliência” dos elementos expostos. O termo “resiliência”
empregado se apóia em um conceito da Física que, aplicado à área de risco, se traduz na
capacidade de resposta de uma determinada população supostamente afetada por um
acidente, ou seja, na habilidade das pessoas em reagir ao sinistro e em recuperar a
condição normal, anterior ao acidente.

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Já em termos da probabilidade (ou possibilidade) de ocorrência do processo


adverso, verifica-se o desenvolvimento de pesquisas visando uma determinação
quantitativa em muitos centros europeus, norte-americanos e brasileiros de atuação na
prevenção de acidentes geológicos.
Entretanto, é importante lembrar que NARDOCCI (1999) afirma que “mesmo que o
cálculo da probabilidade de ocorrência de um evento seja preciso, exato, será apenas
uma probabilidade. Medir com precisão a probabilidade de ocorrência de um evento não
trará a certeza de ocorrência ou não desse evento, tampouco permitirá conhecer-se o
momento em que ocorrerá”.
O IUGS Working Group - Committee on Risk Assessment (1997) reconhece dois
grandes tipos de abordagens para a realização da análise de risco de escorregamentos:
a) análise qualitativa e b) análise quantitativa. Considera ainda que os riscos resultantes
das análises qualitativas podem ser expressos por diferentes níveis ou graus,
escalonados. Nas análises de risco qualitativas mais sofisticadas, pode existir o
incremento de um componente quantitativo dos parâmetros técnicos analisados
(indicadores), mesmo que estes números resultem da experiência e do julgamento de
especialistas.
MORGENSTERN (1997) afirma que análises qualitativas, conduzidas por métodos
de hierarquização de riscos relativos variam em detalhamento e complexidade e, muitas
vezes, satisfazem as necessidades práticas de gestores, fornecendo elementos para a
mitigação dos riscos identificados.
CARVALHO (2000), considerando a prática atual, descreve que “... a maneira mais
simples de se tratar a probabilidade em análises de risco consiste em se atribuir, à
possibilidade de ocorrência do processo de instabilização, níveis definidos de forma literal
(possibilidade de ocorrência baixa, média ou alta, por exemplo). Esta é a base para as
análises de risco de caráter qualitativo, em que um profissional experiente avalia o
quadro de condicionantes e indícios da ocorrência do processo de instabilização, compara
as situações encontradas com modelos de comportamento e, baseado em sua
experiência, hierarquiza as situações de risco em função da possibilidade de ocorrência
do processo num determinado período de tempo (geralmente um ano)”.
CERRI (1993) discorre sobre as características dos mapeamentos de risco de
escorregamentos em encostas ocupadas. Resumidamente, o autor citado descreve que

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os trabalhos de mapeamento de risco de escorregamentos em encostas ocupadas podem


ser realizados em dois níveis de detalhe distintos: o zoneamento de risco e o
cadastramento de risco.
No zoneamento de risco são delimitados áreas – ou setores – nos quais
encontram-se instaladas várias moradias. Para cada área ou setor identificado é atribuído
um mesmo grau de risco, muito alto, por exemplo. Esse grau de risco é atribuído para
todo o setor, embora possa haver algumas moradias em meio a essa área que não
apresentem risco tão elevado e, eventualmente, ocorrem moradias até mesmo sem risco.
Já no cadastramento de risco de escorregamentos em encostas ocupadas, os
trabalhos de mapeamento são executados em grau de detalhe bem maior que nos casos
de zoneamentos, sendo que os riscos são identificados e analisados moradia por
moradia.
É bastante comum que, visando otimizar os trabalhos de identificação e análise de
risco, inicialmente sejam realizados zoneamentos de risco para, em seguida realizar os
cadastramentos nas áreas em qual tal nível de informação seja necessário para as ações
de gestão dos riscos identificados. Desse modo, pode-se afirmar que os resultados do
zoneamento de risco podem indicar as áreas prioritárias para a realização do
cadastramento, otimizando, deste modo, os trabalhos de campo a serem executados.
Em Geologia de Engenharia, a avaliação da probabilidade (ou possibilidade) de um
determinado fenômeno físico ocorrer em um local e período de tempo definidos, leva em
conta as características específicas do processo adverso em questão, especialmente a
sua tipologia, mecanismo, material envolvido, magnitude, velocidade, tempo de duração,
trajetória, severidade, etc.
Essa caracterização se faz, inicialmente, por meio de investigações geológico-
geotécnicas de campo, que ainda contemplam a identificação dos condicionantes naturais
e induzidos dos processos adversos, o reconhecimento de indícios de desenvolvimento
dos processos adversos, bem como de feições e evidências de instabilidades.
Mesmo reconhecendo-se as eventuais limitações, imprecisões e incertezas
inerentes à análise qualitativa de riscos, os resultados dessa atividade podem ser
decisivos para a eficácia de uma política de intervenções voltada à consolidação da
ocupação. Para tanto, é imprescindível a adoção de métodos, critérios e procedimentos
adequados, bem como a construção de detalhados modelos de comportamento dos

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processos adversos. Tais condicionantes, aliados à experiência da equipe executiva


envolvida nas atividades de identificação e análise de riscos, podem subsidiar a
elaboração de adequados programas de gerenciamento de riscos, que acabam por
reduzir substancialmente a ocorrência de acidentes geológicos, bem como tornam mínima
a dimensão de suas conseqüências.
A construção de modelos de comportamento dos processos adversos, ou seja, o
entendimento dos processos geológicos no nível e profundidade compatíveis com o
estudo que está sendo realizado assume papel determinante para o sucesso dos
resultados a serem obtidos nos mapeamentos de risco e, não menos importante, na
escolha da(s) alternativa(s) de intervenção mais adequada(s) a cada situação em
particular.
SANTOS (2002) propõe um roteiro de trabalho (Quadro 1) que visa organizar as
atividades do profissional frente a um determinado problema.

Quadro 1 - Roteiro e seqüência de atividades na Geologia de Engenharia (SANTOS,


2002).
Fases do trabalho Objetivo Principais cuidados
Identificação preliminar dos
problemas potenciais ou Recolhimento de todos os registros bibliográficos
ocorridos. e técnicos e de testemunhos de pessoal local.
Circunscrição do
Enquadramento geológico- Caracterização das feições e dos processos
problema
geomorfológico do local. geológico-geomorfológicos naturais locais e
Delimitação e caracterização da regionais presentes.
área de trabalho.
Caracterização dos parâmetros
geológicos e geotécnicos Pesquisa de situações semelhantes,
necessários ao entendimento especialmente na região.
Análise e diagnóstico dos fenômenos envolvidos. Identificação dos processos geológicos e
dos fenômenos Diagnóstico final e descrição geotécnicos originalmente presentes.
presentes qualitativa e quantitativa dos Adoção de hipóteses fenomenológicas
fenômenos implicados nas inter- progressivas e esforço investigativo e observativo
relações solicitações / meio para sua aferição.
físico.
Apoiar a engenharia na Zelo especial pela perfeita aderência solução /
Formulação de
formulação das soluções fenômeno.
soluções
adequadas Busca do barateamento da solução encontrada.

A partir das considerações anteriores, fica patente a necessidade de um perfeito


entendimento dos processos adversos – no presente texto, também denominados de
“modelos de comportamento” ou “modelos teóricos” – para assegurar a eficácia e a
eficiência das atividades de identificação e análise de risco, bem como a indicação das

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alternativas de intervenção destinadas a reduzir os riscos identificados (perfeita aderência


solução-fenômeno).

3.2. Aspectos da Geologia e Geomorfologia da Área de Estudos


Suzano localiza-se próximo à borda sudeste da Bacia Sedimentar de São Paulo,
zona do Planalto Paulistano, subzona da Morraria do Embu (IPT, 1981).
A geomorfologia do município caracteriza-se pela dominância de formas de relevo
suavizadas, com altitudes entre 715 e 900 metros, organizada em sistemas de morrotes
alongados paralelos, morros baixos e morros paralelos. Cruzando uma larga faixa a
centro-norte do município está a planície aluvionar do rio Tietê, cujo principal afluente
local, o rio Taiaçupeba-Açu, está represado na porção territorial centro-leste de Suzano. O
relevo em torno da represa Taiaçupeba é marcado por colinas suaves.
No presente estudo, foram adotadas as seguintes definições para as feições
geomorfológicas registradas nas áreas estudadas (Quadro 2):

Quadro 2. Características das feições geomorfológicas presente na área de estudo.

FEIÇÃO
CARACTERÍSTICAS
GEOMORFOLÓGICA
Predomínio de baixas declividades, inferiores a 5%; o nível freático é pouco
Planícies aluviais
profundo.
Topografia suavizada, com predomínio de amplitudes de 40 m e declividades de
Colinas
até 20%.
Predominam amplitudes de 50 m e declividades de 20%; ocorrências restritas de
Morrotes
áreas com declividades maiores que 30%.
Morros baixos Predominam amplitudes de 100 m e declividades de 30%.
Predominam amplitudes e declividades elevadas, de 150 m e maiores que 30%,
Morros altos
respectivamente.

A geologia do município (CPRM,1990, apud MELLO JÚNIOR, 1998) é


caracterizada pela presença de rochas cristalinas do embasamento pré-Cambriano,
sedimentos terciários da Formação São Paulo e sedimentos quaternários depositados nas
várzeas dos rios atuais.
De acordo com o mapeamento citado (vide ANEXO 1a), dois conjuntos litológicos
do complexo Embu ocorrem na região, em contato gradacional. No primeiro conjunto
estão descritos “... muscovita-biotita-quartzo xistos com abundantes porfiroblastos de
sillimanita e cianita, localmente feldspáticos e migmatizados. Associam-se pegmatitos.”

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Distinguem-se nos afloramentos, em geral, rochas parcial ou totalmente alteradas,


com tonalidades arroxeadas e/ou avermelhadas. Em alguns afloramentos, pode-se
observar a sillimanita sericitizada, transformada em caulinita cinza azulada, semelhante a
feldspato.
No segundo conjunto, aparecem “... migmatitos resultantes da fusão parcial de
seqüências supra-crustais, com paleossoma de xistos com sillimanita, pegmatóides,
metabásicas e gnaisses graníticos, podendo achar-se cizalhados até gnaisses miloníticos
em zonas de movimentação tectônica intensificada.”
Na porção central do município, de sudoeste até próximo à represa de Taiaçupeba,
o mapa geológico indica a presença de uma intrusão granítica em contato com migmatitos
e, estes, com o mica-xisto. O Rio Taiaçupeba Mirim encontra-se encaixado ao longo
destes contatos.
Os sedimentos terciários ocorrem na paleovárzeas do rio Tietê, tendo sido
depositados em ambiente de sistema fluvial meandrante (RICCOMINI, 1989, apud
AMARANTE, 1997). As principais litologias encontradas são: arenitos finos, localmente
conglomeráticos; siltitos e argilitos maciços e siltitos finos, por vezes conglomeráticos.
Os sedimentos quaternários estão associados aos depósitos aluvionares de
várzeas e terraços baixos ao longo das várzeas atuais e aos colúvios depositados nos
sopés das vertentes.

4. ATIVIDADES EXECUTADAS E RESULTADOS OBTIDOS

4.1. Critérios, Método e Procedimentos Adotados no Mapeamento de Risco.


Entre dezembro de 2005 e início de fevereiro de 2006, foram mapeados os riscos
em todas as áreas de favelas e loteamentos precários do município de Suzano onde, na
cultura técnica dos agentes públicos, houvesse moradias sujeitas a acidentes ou, ainda,
registro de ocorrência de acidentes associados a escorregamentos de encostas,
solapamento de margens de córregos, enchente/inundação ou ação direta das águas
pluviais ou fluviais. Participaram da seleção das áreas a serem estudadas agentes
públicos da Guarda Municipal, da Comissão Municipal de Defesa Civil e das Diretorias de
Habitação, de Meio Ambiente e de Planejamento da Secretaria Municipal de Políticas
Urbanas.

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Todas as áreas indicadas pela Municipalidade foram visitadas preliminarmente para


uma avaliação expedita de suas características e a obtenção de coordenadas geográficas
por meio de GPS (Global Position System) que pudessem delimitá-las aproximadamente
e orientar posteriormente o plano de vôo para tomada de fotos oblíquas de baixa altitude.
Algumas áreas que apresentavam situações de perigos pontuais, localizados, foram
fotografadas e mapeadas já durante a vistoria realizada.
A listagem das áreas mapeadas, com sua localização e coordenadas obtidas por
meio de GPS, é apresentada no Quadro 3 e no ANEXO 1b.

Quadro 3. Relação e localização das áreas objeto do mapeamento de risco.

Coordenadas em UTM
Nº Nome da área Localização
(m)
1 Jardim Maitê Estrada do Areião 368.535/7.393.655
2 Chácara Ceres Rua Rafael Anunciação Fontes 368.054/7.393.216
a) Cidade Miguel Badra / Zona Rua Daniel dos Santos / Rua Emília
365.925/7.399.844
Planalto Barrada Simões
Ruas Morikichi Tokumo, 154, 149, 158
b) Cidade Miguel Badra / Gleba
3 (início da Rua Agnaldo Cursino) e 364.563/7.401.621
2
Avenida Admílson Rodrigues Marcelino.
c) Cidade Miguel Badra / Zona
Ribeirão Jaguari 366.221/7.401.409
Jaguari
4 Estância Tijuco Preto Rua 1 369.239/7.382.809
5 Jardim Ana Rosa Centro Maria Eliza Duarte 366.229/7.393.331
6 Jardim Belém Rua S 368.358/7.396.314
7 Jardim Brasil Rua Antônio Inácio 366.635/7.382.328
8 Jardim Carmem Rua Domingos Esquilace. 367.681/7.400.552
9 Jardim das Flores Rua Valdeci Ferreira dos Reis 365.453/7.392.723
10 Jardim Europa Rua F. 367.833/7.400.190
11 Jardim Fernandes Rua C. 367.048/7.401.027
12 Jardim Graziela Rua C. 369.592/7.401.025
13 Jardim Ikeda Rua das Acácias. 366.854/7.389.706
14 Jardim Leblon Rua Kami Yoshimoto. 367.499/7.391.395
15 Jardim Luela Rua 13. 368.461/7.394.313
16 Jardim Margareth Rua 4. 368.657/7.399.124
17 Jardim Planalto Estrada do Pau a Pique. 365.722/7.386.512
a) Jardim Revista I Rua Francisco Marengo. 367.738/7.400.221
b) Jardim Revista II Rua Cumbica. 367.277/7.399.198
18 c) Jardim Revista III Rua Planalto. 367.572/7.398.738
Estrada do Ronda com a Rua Francisco
d) Jardim Revista IV 367.602/7.398.438
Morengo.
19 Jardim São Bernardino Rua 32. 370.152/7.400.595
20 Jardim São José Rua T. 369.395/7.401.257
21 Jardim Buenos Aires Rua 21. 364.982/7.385.512
22 Cerejeiras Três Paus. 364.204/7.384.522
23 Parque Heroísmo Estrada do Koyama. 366.056/7.383.367
24 Parque Palmeiras Rua Sebastião Bastos da Silva. 364.546/7.384.761
25 Parque Umuarama Avenida Brasiliana. 366.860/7.389.712
26 Recanto Maria de Jesus Rua Avelino Mariano Pena. 364.289/7.384.380
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Coordenadas em UTM
Nº Nome da área Localização
(m)
27 Recreio Santa Maria Rua 1. 365.534/7.383.378
28 Sítio dos Moraes Estrada dos Moraes. 363.291/7.382.837
29 Vila Colorado Rua Stefano Derosa. 368.038/7.393.469
30 Vila do Sapo Estrada Fazenda Viaduto. 364.200/7.390.502
31 Vila Fátima Rua Renyasu Sujimura. 363.711/7.385.919
32 Vila Helena Rua Liberdade. 366.848/7.390.389
33 Vila Nova Ipelândia Rua 7. 368.989/7.384.861
34 Vila Real Rua 3. 366.075/7.384.462
35 Vila Rica Rua Mussi Jorge Antônio. 365.742/7.384.529
36 Vila São Pedro Rua Nhonho de Lima. 363.659/7.382.695
37 Vila Monte Sion Rua Dr. Prudente de Moraes. 368.573/7.395.721

Em 28 das 37 áreas selecionadas para mapeamento de risco, foram obtidas fotos


oblíquas ou subverticais, por meio de vôo de helicóptero a alturas médias entre 100 a 150
metros do solo. Cópias das fotos obtidas neste vôo foram utilizadas para a delimitação
dos setores de risco identificados durante os trabalhos de campo. Destaca-se que em 09
áreas não foi necessária a obtenção de fotos de helicóptero, dado que os riscos
observados durante as vistorias de campo se caracterizaram por serem localizados, o que
dispensa o uso das fotos citadas.
Os limites das áreas estudadas foram sempre indicados por técnicos da Prefeitura,
que acompanharam a equipe de campo da FUNEP em todas as vistorias.

Os trabalhos de campo seguiram dois procedimentos distintos: um para as áreas


sujeitas a enchentes e inundações, e outro para os assentamentos de encostas e
margens de córregos, conforme descrito a seguir.

a) nas áreas indicadas pela PMS como sujeitas a enchentes e inundações, foram
realizadas entrevistas expeditas com os moradores sobre a ocorrência de inundações,
sua freqüência, suas causas e como elas afetaram a sua residência e as dos vizinhos. As
respostas obtidas orientaram o encaminhamento posterior da pesquisa, à medida que
demonstravam coerência entre si (várias pessoas indicando freqüência de ocorrência e o
grau de impacto na vizinhança não contraditórios). Quando foram coletadas informações
de que a enchente/inundação penetrava em uma ou mais moradias, a equipe de campo
buscou, dentro e fora das edificações, evidências da ocorrência (manchas em parede,
disposição dos bens móveis dentro da casa, existência de hortas ou jardins na área
relatada como atingida pelas águas). Em algumas vistorias, foi possível observar
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diretamente a ocorrência de enchentes/inundações e suas conseqüências (como por


exemplo, no Jardim Europa - Área 10 e Jardim Margareth - Área 16). Em algumas
situações de ocupação de planícies aluvionares (caso das áreas Badra Gleba 2 – Área
3b; Badra Jaguari – Área 3c; e Jardim Fernandes – Área 11) pôde-se constatar a grande
contribuição da elevação do nível freático no alagamento das ruas e residências. Outros
casos indicaram inundações ocasionais, como por exemplo, na Vila São Pedro – Área 36,
com moradias afetadas pela enchente do córrego no final de dezembro de 2005,
resultante de um entupimento acidental da tubulação de drenagem. Segundo vários
moradores, a última enchente/inundação havia ocorrido há doze anos.
Nas áreas que não foram cobertas pelo sobrevôo de helicóptero, os setores foram
delimitados nas ortofotos aéreas da BASE, do ano 2000, ou se tratavam de situações de
perigo localizado em uma moradia, situação que foi atendida por fotografias de campo.
O Quadro 4 apresenta o critérios utilizados para definição do grau de probabilidade
de enchentes/inundações nas áreas de risco mapeadas.

Quadro 4. Graus de risco de inundação adotados.


GRAU DE RISCO CRITÉRIO
R0 Risco baixo a inexistente (inundação não atinge a moradia).
R1 Risco de inundação ocasional, geralmente resultante de causas acidentais.
R2 Risco de inundação freqüente, atingindo as moradias em menos de 0,5 m.
R3 Risco de inundação freqüente, atingindo as moradias em mais de 0,5 m.

b) nos assentamentos de encostas e margens de córregos onde foram analisadas as


situações potenciais de escorregamentos e solapamentos, foram adotados os seguintes
procedimentos:
- vistorias em cada área, por meio de investigações geológico-geotécnicas de
superfície, visando identificar condicionantes dos processos de instabilização, evidências
de instabilidade e indícios do desenvolvimento de processos destrutivos (vide Quadro 5);
- registro em fichas de campo das características de cada assentamento estudado
e dos resultados das investigações geológico-geotécnicas (vide Quadro 6 e Figuras 1 e
2).
- delimitação dos setores de risco, representando-os nas cópias das fotografias de
helicóptero, ortofotos ou fotos de campo, conforme descrito anteriormente. Um setor de
risco indica um espaço definido dentro do assentamento, espaço este sujeito a sofrer um

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determinado processo destrutivo, cujas evidências ou indicadores predisponentes foram


identificados em campo. Nas fotos utilizadas, as áreas vistoriadas foram delimitadas por
traço azul, enquanto os setores de risco identificados foram delimitados por traço
vermelho. Para registrar indicadores de risco observado no campo e que não estão
visíveis nas fotos aéreas ou de helicóptero, foram feitas fotografias de detalhe, obtidas
durante os trabalhos de campo.

Quadro 5. Check-list com condicionantes dos processos de instabilização, evidências de


instabilidade e indícios do desenvolvimento de processos destrutivos a serem observados
no campo.
CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL EVIDÊNCIAS DE MOVIMENTAÇÃO
Trincas moradia/aterro
Talude natural/ corte Inclinação de árvores/postes/muros
Altura do talude Degraus de abatimento
Aterro compactado/lançado Cicatrizes de escorregamentos
Distância da moradia Feições erosivas
Declividade Muros/paredes “embarrigados”
Estruturas em solo/rocha desfavoráveis ÁGUA
Presença de blocos de rocha/matacões/ paredões Concentração de água de chuva em superfície
rochosos Lançamento de água servida em superfície
Presença de lixo/entulho Presença de fossas/rede de esgoto/rede de
Aterro em anfiteatro água
Ocupação de cabeceira de drenagem Surgências d’água
Vazamentos
VEGETAÇÃO NO TALUDE OU PROXIMIDADES MARGENS DE CÓRREGO
Presença de árvores Tipo de canal (natural/sinuoso/retificado)
Vegetação rasteira Distância da margem
Área desmatada Altura do talude marginal
Área de cultivo Altura de cheias
Trincas na superfície do terreno

Quadro 6. Tipologias de ocupação utilizadas como referência para o preenchimento das


fichas de campo.
CATEGORIA DE OCUPAÇÃO CARACTERÍSTICAS
Área consolidada Áreas densamente ocupadas, com infra-estrutura básica.
Áreas em processo de ocupação, adjacentes a áreas de ocupação
Área parcialmente consolidada consolidada. Densidade da ocupação variando de 30% a 90%.
Razoável infra-estrutura básica.
Áreas de expansão, periféricas e distantes de núcleo urbanizado.
Área parcelada Baixa densidade de ocupação (até 30%). Desprovidas de infra-
estrutura básica.
Nesses casos, caracterizar a área quanto à densidade de
Área mista
ocupação e quanto à implantação de infra-estrutura básica.

- atribuição, para cada setor, de um grau de probabilidade de ocorrência de


processo de instabilização (escorregamento de encostas e solapamento de margens de
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córregos), considerando o período de 1 ano, com base nos critérios descritos no Quadro
7.
- estimativa das conseqüências potenciais do processo de instabilização, por meio
da avaliação das possíveis formas de desenvolvimento do processo destrutivo atuante
(por ex., volumes mobilizados, trajetórias dos detritos, áreas de alcance, etc.), e do
número de moradias ameaçadas, em cada setor de risco;

FICHA GERAL DE CAMPO

Local: Área:
Equipe: Data:
Localização:
GPS:
Foto Aérea:
Fotos de Helicóptero:

Caracterização da Ocupação (padrão, tipologia das edificações, infra-estrutura):

Caracterização Geológica:

Caracterização Geomorfológica:

Grau de Nº de moradias
Setor nº Alternativa de intervenção
probabilidade ameaçadas

Figura 1. Ficha Geral de Campo.

FICHA DO SETOR
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 Encosta
 Margem de Córrego

Local: Área nº: Setor:


Equipe: Data:
Referência:
Fotos:

Diagnóstico do setor (condicionantes e indicadores do processo de instabilização):

Descrição do Processo de Instabilização: (escorregamento de solo / rocha / aterro; naturais /


induzidos; materiais mobilizados; solapamento; ação direta da água, etc):

Observações (incluindo descrição de fotos obtidas no local):

Grau de Probabilidade:

Indicação de intervenção:

Quantitativos para a intervenção sugerida:

Estimativa de n° de edificações no setor:

Figura 2. Ficha do Setor.

Quadro 7. Critérios para definição do grau de probabilidade de ocorrência de processos


de instabilização do tipo escorregamentos em encostas ocupadas e solapamento de
margens de córregos.

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Grau de
Descrição
probabilidade
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para
o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.
R1
Não há indícios de desenvolvimento de processos de instabilização de encostas
Baixo a
e de margens de drenagens.
Inexistente
É a condição menos crítica.
Mantidas as condições existentes, não se espera a ocorrência de eventos
destrutivos no período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de baixa potencialidade para
o desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.
R2 Observa-se a presença de alguma(s) evidência(s) de instabilidade (encostas e
Médio margens de drenagens), porém incipiente(s).
Mantidas as condições existentes, é reduzida a possibilidade de ocorrência de
eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no
período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o
desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.
R3 Observa-se a presença de significativa(s) evidência(s) de instabilidade (trincas
Alto no solo, degraus de abatimento em taludes, etc.).
Mantidas as condições existentes, é perfeitamente possível a ocorrência de
eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no
período de um ciclo chuvoso.
Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes (declividade, tipo de
terreno, etc.) e o nível de intervenção no setor são de alta potencialidade para o
desenvolvimento de processos de escorregamentos e solapamentos.
As evidências de instabilidade (trincas no solo, degraus de abatimento em taludes,
trincas em moradias ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados,
R4
cicatrizes de escorregamento, feições erosivas, proximidade da moradia em
Muito Alto
relação ao córrego, etc.) são expressivas e estão presentes em grande número
e/ou magnitude.
É a condição mais crítica. Mantidas as condições existentes, é muito provável a
ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e
prolongadas, no período de um ciclo chuvoso.

- indicação da(s) alternativa(s) de intervenção adequada(s) para cada setor de


risco, tendo por referência as tipologias apresentadas no Quadro 8.
- estimativa de quantitativos (extensões, áreas e/ou volumes), levantados
diretamente em campo ou graficamente, através da escala fotográfica, para posterior
estimativa de custos das intervenções sugeridas para cada setor de risco alto e muito alto.

Quadro 8. Tipologia de intervenções voltadas à redução de riscos associados a


escorregamentos em encostas ocupadas e a solapamentos de margens de córregos.

TIPO DE INTERVENÇÃO DESCRIÇÃO


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Serviços de limpeza de entulho, lixo, etc. Remoção de bananeiras.


SERVIÇOS DE LIMPEZA E Recuperação e/ou limpeza de sistemas de drenagem, esgotos e acessos.
RECUPERAÇÃO Também incluem obras de limpeza de canais de drenagem. Correspondem a
serviços manuais e/ou utilizando maquinário de pequeno porte.
Implantação de sistema de drenagem superficial (canaletas, rápidos, caixas de
transição, escadas d´água, etc.). Implantação de proteção superficial vegetal
(gramíneas) ou biomanta em taludes com solo exposto. Implantação de
OBRAS DE DRENAGEM E
proteção superficial por meio de “argamassa chapada”. Eventual execução de
PROTEÇÃO
acessos para pedestres, como por ex. calçadas, escadarias, lajes de concreto,
SUPERFICIAL
integrados ao sistema de drenagem. Proteção vegetal de margens de canais
de drenagem. Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário de
pequeno porte.
Alteração da geometria do terreno por meio da execução de cortes e/ou
aterros localizados, visando a obtenção de taludes com ângulos de inclinação
RETALUDAMENTO
menores. Predomínio de serviços manuais e/ou com maquinário de pequeno
porte.
DESMONTE DE BLOCOS Desmonte de blocos rochosos e matacões, por meio de serviços manuais,
E MATACÕES eventualmente com o uso de explosivo.
Execução de sistema de drenagem de subsuperfície (trincheiras drenantes,
OBRAS DE DRENAGEM
DHP, poços de rebaixamento, etc.). Correspondem a serviços parcial ou
DE SUBSUPERFÍCIE
totalmente mecanizados.
Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), como muros a
ESTRUTURAS DE
flexão (em concreto ou alvenaria estrutural), muros de gravidade, como
CONTENÇÃO DE
gabiões, “bolsacreto”, muro de solo cimento ensacado (“rip-rap”), muros sobre
PEQUENO PORTE
estacas escavadas. Correspondem a serviços manuais ou parcialmente
(hmax ≤ 3 m)
mecanizados.
ESTRUTURAS DE Implantação de estruturas de contenção (localizadas ou não), envolvendo
CONTENÇÃO DE MÉDIO muros em concreto a flexão, muros de gravidade (gabiões), chumbadores, solo
A GRANDE PORTE grampeado, microestacas e cortinas atirantadas. Poderão envolver serviços
(hmax > 3 m) complementares de terraplenagem. Predomínio de serviços mecanizados.
Obras lineares de proteção de margens de canais, por meio de obras de
OBRAS LINEARES DE
gravidade (gabiões, muros de concreto, massa, etc.) ou pré-moldados em
PROTEÇÃO DE
concreto armado. Correspondem a serviços parcial ou totalmente
MARGENS DE CANAIS
mecanizados.
REMOÇÃO DE As remoções podem ser definitivas ou preventivas e temporárias, por exemplo,
MORADIAS para implantação de uma obra.

4.2. Resultados do Mapeamento de Risco e Indicação de Alternativas de


Intervenções Estruturais
Nas 37 áreas selecionadas para o mapeamento de risco foram delimitados 90
setores de risco, sendo os seguintes os principais resultados:
 51 setores sujeitos a processos de escorregamentos, com 46 setores
apresentando somente processos de escorregamentos, 04 escorregamentos
combinados com erosão e 01 escorregamento e inundação;
 22 setores sujeitos a enchente/inundação, com 13 setores sujeitos somente a
enchente inundação, 06 com inundação associada a alagamentos e 02 com
solapamento;
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 09 setores sujeitos a erosão, com 05 setores sujeitos somente a erosão e outros 04


combinada com escorregamento;
 05 setores apresentam-se sujeitos somente a processos de solapamento; e
 em 04 setores não foram observadas feições indicativas de desenvolvimento de
processos adversos à época dos trabalhos de campo.

Conforme descrito, os setores de risco indicam uma determinada zona dentro do


assentamento, sujeita a sofrer um determinado processo destrutivo, cujas evidências ou
indicadores predisponentes foram identificados em campo.
Para as áreas de encosta estudadas, predominam quase absolutamente riscos
associados a processos de escorregamentos de solo em taludes de corte, demonstrando
a decisiva influência das características da ocupação na geração do risco.
A cada setor foi atribuído um grau de risco, relativo à probabilidade de ocorrência
do processo destrutivo identificado, de acordo com os critérios específicos, descritos
adiante.
Em relação à ocorrência de escorregamentos e solapamentos, do total de 90
setores delimitados, 27 apresentam probabilidade ALTA (18 setores) ou MUITO ALTA (09
setores), com 22 setores com grau de probabilidade MÉDIO, 16 grau Baixo ou
INEXISTENTE e 03 setores Sem Risco.
Quanto ao grau de probabilidade de ocorrência de enchentes/inundações, 04
setores apresentaram grau MUITO ALTO, 06 setores grau ALTO, 05 setores grau MÉDIO
e 08 setores graus Baixo ou Inexistente.
Foi estimado um total aproximado de 1045 moradias ameaçadas nos setores
estudados, sendo que 59 foram indicadas para remoção, 02 precisam ser removidas para
implantação de obras de engenharia e outras 81 moradias dependem de decisão do
Poder Público, já que foram propostas remoções ou implantação de medidas estruturais.
Os casos mais críticos de remoção foram comunicados diretamente, por meio de
ofício, à Prefeitura de Suzano para ação imediata. Entretanto, para as demais sugestões
de remoção, considera-se que não devam ocorrer pontualmente, mas devem ser
decididas quando forem executadas intervenções globais na área. Remoções isoladas
quase sempre resultam em reocupação, sem eliminação ou redução do risco.

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Quanto às intervenções indicadas para a prevenção de acidentes e controle do


risco é importante destacar que foi procurada a aderência entre a função da intervenção e
as características dos processos adversos observados. Assim, para cada setor foi
proposta uma tipologia de intervenção específica. Por outro lado, além da necessidade de
implantação da intervenção específica, pôde-se constatar que, em função das
características do risco tipicamente sócio-ambiental, também é recomendado, par todos
os setores, a implantação de obras de drenagem superficial, destinadas a coletar e
disciplinar o escoamento das águas pluviais e servidas.
Também foram propostas ações de monitoramento da situação para o Setor 1 –
Área 1 – Jd Maitê; Setor 1 - Área 11 - Jd Fernandes; Setor 1 - Área 15 Jd Luela; Setor 1 -
Área 18a - Jd Revista I; Setor 2 - Área 18b – Jd Revista II e Setor 3 – Área 21 – Jd
Buenos Aires.
No ANEXO 2 é apresentado um quadro-síntese reunindo os principais resultados
do mapeamento de risco em cada setor identificado.

4.3. Estimativa de Custo das Intervenções Estruturais para Redução de Riscos


Para cada setor de risco identificado com grau de probabilidade alto ou muito alto
foram sugeridas intervenções estruturais para redução de riscos e indicados quantitativos
para estas intervenções. Com base nessas informações, foi elaborada uma estimativa de
custos das intervenções estruturais recomendadas para todos os setores com grau de
probabilidade alto e muito alto. Trata-se de uma estimativa específica para as
intervenções estruturais voltadas à estabilidade de taludes e ao controle da erosão hídrica
do solo. Não foram feitas recomendações específicas para as áreas sujeitas a inundação.
Medidas estruturais e não-estruturais voltadas aos processos de enchentes/inundações
são descritas no ANEXO 3.
Foram adotadas como referências a tipologia de obras apresentada no Quadro 8 e
as tabelas de preços unitários da Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (URBEL),
do mês de maio de 2005, da Secretaria de Infra Estrutura Urbana da Prefeitura de São
Paulo, do mês de julho de 2005 e a Tabela de Custos Sintética - PINI - São Paulo, de
novembro de 2005.
A planilha apresentada no Quadro 9 engloba os principais itens que compõem as
estimativas de custos para as intervenções propostas.

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Quadro 9. Planilha de custos composta pelos principais itens que compõem as


estimativas de custos para as intervenções propostas.
PLANILHA DE CUSTOS - PMRR
ITEM DESCRIÇÃO UN QTE PR. UNIT (R$)

1 ESCAVAÇÃO MANUAL m3 1 19,00


2 CARGA E REMOÇÃO m3 1 5,00
3 REMOÇÃO (1Km a 17Km) m3 1 14,00
4 ESPALHAMENTO E REMOÇÃO - BOTA-FORA m3 1 2,00
5 ESCAVAÇÃO MECÂNICA m3 1 10,00
6 COMPACTAÇÃO m3 1 14,00
7 ESCAVAÇÃO MANUAL CÓRREGO m3 1 31,00
MURETA EM BLOCO DE CONCRETO CHEIO E = 15cm, H = 60cm –
8 m 1 91,25
FUNDAÇÃO ESTACA BROCA Ø 0,20m e CINTA 0,20 X 0,30m
9 ESCADA DE CONCRETO ARMADO 15 MPA APOIADA NO SOLO m2 1 82,69
10 ESCADA DE ACESSO EM BLOCO CONCRETO CHEIO E = 0,20m m2 1 61,23
11 PISO DE CONCRETO COM TELA SOLDADA m2 1 24,33
12 PASSEIO DE CONCRETO PADRÃO SUDECAP C-PIGMENTO m2 1 17,05
PROTEÇÃO DE ENCOSTA COM TELA GRAMEADA E
13 m2 1 40,00
ARGAMASSADA
MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE ESTACA BROCA H =
14 m 1 240,0
1,0m
15 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 1,4m m 1 355,00
16 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 1,6m m 1 410,00
17 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 1,8m m 1 480,00
18 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,0m m 1 525,00
19 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,2m m 1 595,00
20 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,4m m 1 650,00
21 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,6m m 1 770,00
22 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 2,8m m 1 860,00
23 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H = 3,0m m 1 970,00
24 MURO EM BLOCO DE CONCRETO SOBRE TUBULÕES H > 3,0m m 1 1.500,00
25 SOLO GRAMPEADO m2 1 1.100,00
26 ESGOTO LINEAR m 1 11,00
27 ESGOTO ÁREA m2 1 3,00
28 CANALETA PRÉ-MOLDADA (MEIA CANA) m 1 22,00
29 LAJE (Máx 5,0m X 10,0m) - 1 2.000,00
30 GRAMA EM PLACA m2 1 5,00
31 GABIÃO MANTA (0,23m) m3 1 202,00
32 GABIÃO CAIXA (1,0m X 1,0m) m2 1 150,00
33 CANAL H = 2,0m m 1 1.700,00
34 CANAL H = 3,0m m 1 3.100,00
35 MURO GABIÃO H = 2,0m (sem proteção superficial) m 1 800,00
36 MURO GABIÃO H = 2,0m (com proteção superficial) m 1 900,00
37 MURO GABIÃO H = 3,0m (sem proteção superficial) m 1 1.700,00
38 MURO GABIÃO H = 3,0m (com proteção superficial) m 1 1.800,00
39 MURO GABIÃO H = 4,0m (sem proteção superficial) m 1 2.700,00
40 MURO GABIÃO H = 4,0m (com proteção superficial) m 1 2.800,00
41 ESCADA D`AGUA (até 15,0m) - 1 2.000,00
42 SERVIÇÕS DE LIMPEZA m3 1 52,00
CONCRETO PROJETADO E = 0,06 + TELA (10,0m X 10,0m – Q138 – 2
43 m 1 90,00
PESO 2,2Kg/m2) + VERGALHÕES
3
44 Bolsacreto com concreto 7,5 Mpa com manta geotextil m 1 230,00
Obs1: em “canal” considera-se a composição de preços para: gabião caixa e colchão, areia, bidin, escavação e aterro.
Obs2: em “esgoto” considera-se a composição de preços para: PVC (4´´), escavação por metro linear e aterro.

Na totalização dos orçamentos individualizados foram incluídos serviços


complementares (10%), BDI (23%) e projeto (3%) básico ou executivo.
As remoções sugeridas foram estimadas em R$20.000,00 por moradia envolvida.

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É necessário ressalvar que estes valores referem-se a uma estimativa geral de


custos, com o intuito de nortear ações futuras nos setores de grau de probabilidade alto e
muito alto. Apenas após a execução de projetos será possível estabelecer o valor exato
das obras ou serviços.
O custo total estimado das intervenções sugeridas é de R$ 4.588.385,00, sendo
que cerca de R$ 1.748.385,00 referem-se às obras de engenharia indicadas (vide ANEXO
2) e R$ 2.840.000,00 constituem a estimativa de custos para a remoção de 142 moradias.
Note-se que, para 81 das 142 moradias indicadas para remoção, há como alternativa a
implantação de obras de engenharia que totalizam R$ 668.861,00. O custo estimado de
81 moradias é de R$ 1.620.000,00.
A opção por implantação da obra ou remoção das 81 moradias citadas deve ser
realizada caso a caso.

4.4. Levantamento e Análise da Legislação Urbanística


No contexto dos assentamentos precários com áreas de risco, o Plano Municipal
de Redução de Riscos deve ser considerado uma diretriz importante tanto para a
implementação das políticas públicas de desenvolvimento urbano, como para a política
habitacional do município.
O município de Suzano tem, como único instrumento de ordenamento e regulação
do território, a Lei Complementar nº 025/19961, que dispõe sobre o zoneamento
municipal.
Com relação à localização das áreas de risco no zoneamento municipal, estima-se
que a maioria das áreas (aproximadamente 85%), encontra-se localizada na Z.03 - Zona
de Média para Alta Densidade Demográfica e na Z.09 - Zona de Baixa Densidade
Demográfica, dentro da área de Proteção a Mananciais. O restante das áreas (cerca de
15% do total), distribui-se principalmente entre as Z.04 - Zona de Média Densidade
Demográfica, Z.05 - Zona de Média para Baixa Densidade Demográfica, Z.08 - Zona de
Expansão Urbana, de Baixíssima Densidade Demográfica, Z.10 - Zona Rural dentro da
área de Proteção a Mananciais, e ZDD - Zona de Uso Diversificado.

1
Lei Complementar nº 025/1996. Dispõe sobre a divisão do território do Município em Zonas de Uso; regula o parcelamento e a
ocupação do solo; dispõe sobre os imóveis e as edificações em geral, e dá outras providências. (Em vigor)
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As áreas situadas nas zonas Z.09 e Z.10 também estão submetidas à Lei Estadual
Nº 9866/972 e, portanto, às restrições especificas para a aplicação de dispositivos
normativos de proteção, recuperação e preservação dos mananciais e para a
implementação de políticas públicas, a partir das restrições especificas das Áreas de
Intervenção: I - Áreas de Restrição à Ocupação; II - Áreas de Ocupação Dirigida; e III -
Áreas de Recuperação Ambiental (vide mapas apresentados no ANEXO 4).
O município conta, ainda, com o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado - Lei
Complementar N° 145/20043, ainda não aplicado. Neste momento, o município inicia o
processo de revisão do Plano Diretor. Portanto, a espacialização das áreas de risco nas
zonas propostas pelo referido Plano Diretor poderá subsidiar tanto as reuniões do
processo de revisão do Plano como as decisões técnicas, no que diz especificamente às
áreas de risco4.
Com relação ao Macrozoneamento (vide ANEXO 4, página 1), as áreas de risco
estudadas encontram-se majoritariamente na Macrozona de Preservação Ambiental e
Ocupação Restrita5, na Macrozona Urbana em Consolidação, na Macrozona Urbana
Consolidada e na Macrozona Urbana de Ocupação Controlada.
Nas Zonas Especiais de Desenvolvimento Rural (vide ANEXO 4, página 2), Zonas
de Especial Interesse Ambiental (vide ANEXO 4, página 3) e Zonas de Especial Interesse
Industrial (vide ANEXO 4, página 4), a presença de áreas de risco é pouco expressiva.
As ZEIS - Zonas de Especial Interesse Social – ainda não foram regulamentadas
no município. No Plano Diretor, apenas as ZEIS 26 foram delimitadas (vide ANEXO 4,
página 5). Pode-se notar que esta delimitação não atenta especificamente para os limites
das áreas de risco estudadas; algumas não estão inseridas nas áreas delimitadas de
ZEIS 2, outras tangenciam seus limites ou mesmo encontram-se parcialmente inseridas.
Entretanto, é significativo o número de áreas de risco com características de ZEIS 3 7,

2
Lei Estadual Nº 9866/97. Dispõe sobre diretrizes e normas para a proteção e recuperação das bacias hidrográficas dos mananciais de
interesse regional do Estado de São Paulo e dá outras providências.
3
Lei Complementar N° 145/2004. Institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município de Suzano e dá outras
providências. (Este Plano Diretor não foi aplicado e encontra-se em revisão)
4
A espacialização das áreas de risco sobre o Plano Diretor foi feita por meio da sobreposição dos pontos de GPS sobre imagens
disponíveis do Plano Diretor, fornecidas pela prefeitura. Isto quer dizer, que as resultados desta analise não apresentam precisão
cartográfica, mas apresentam uma espacialização relativa do problema.
5
A Macrozona de Preservação Ambiental e Ocupação Restrita compreendem as áreas legalmente protegidas por legislação estadual -
Área de Proteção de Mananciais. Leis n° 898/75, 1172/76 e Lei Complementar N° 145/2004.
6
Zona de Especial Interesse Social 2 (ZEIS 2) - caracterizadas por áreas ocupadas irregularmente por habitações informais e
população de baixa renda, destinadas prioritariamente à urbanização e reurbanização e passíveis de regularização fundiária
7
Zona de Especial Interesse Social 3 (ZEIS 3)- caracterizadas por áreas ocupadas irregularmente, por habitações informais e de
população de baixa renda, localizadas em Área de Proteção de Mananciais, destinadas à urbanização, reurbanização e regularização
fundiária no que couber, obedecendo a legislação estadual especifica da Área de Proteção e Recuperação de Mananciais (APRM).
23
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predominantemente na porção sul do município, na Macrozona de Preservação Ambiental


e Ocupação Restrita, que devem ter um tratamento específico por situarem-se em Área
de Proteção de Mananciais (APM), conforme legislação estadual.

4.5. Critérios para priorização das intervenções


Visando o estabelecimento de uma ordem de prioridade entre as áreas e setores a
serem atendidas por intervenções estruturais de redução de risco, foram adotados os
critérios descritos a seguir. Destaca-se que as áreas sujeitas a inundações e alagamentos
não foram objeto da citada priorização, dado que o presente estudo não apresentou
sugestões de intervenção específicas para estas áreas.
1. O grau de risco (probabilidade de ocorrência de processos destrutivos);
Setores de risco muito alto (R4) > alto (R3) > médio (R2) > baixo (R1);
2. O porte do setor (número de moradias beneficiadas diretamente com a intervenção
proposta);
Setor de grande porte (>50 moradias em risco);
Setor de médio porte (entre 10 e 50 moradias);
Setor de pequeno porte (menos que 10 moradias em risco).
3. A relação custo/moradia da intervenção estrutural;
Com prioridade para as situações q apresentaram menor relação.
4. A inclusão da área ou setor em programas municipais de urbanização, regularização
fundiária ou saneamento.
Com prioridade para as situações envolvidas nos programas citados, desde que
não seja registrada inversão de prioridade definida pela aplicação dos demais critérios.

O Quadro 10 apresenta os indicadores utilizados para a priorização das áreas de


risco mapeadas no que se refere à implantação das intervenções sugeridas.

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Quadro 10. Indicadores para aplicação de critérios de prioridade.

ENCOSTA
Estimativa de

MARGEM
Nº de moradias
Grau de custo (R$)
NOME DA ÁREA Setor diretamente
risco Relação custo /
afetadas
moradia atendida

1. JARDIM MAITÊ X 1 R1 ~80 Não estimado


2. CHÁCARA CERES X 1 R3 08 Não estimado
2.200,00
X 1 R1 28
78,50
4.488,00
3a. Cidade X 2 R1 19
160,00
Miguel Badra
X 3 R3 01 14.121,60
/ Zona
3.380,00 +
Planalto
X 4 R2 03 40.000,00
14.460
X 5 R1 31 Não estimado
60.000,00
X 6 R4 03
20.000,00
3. CIDADE 7.100,00
X 7 R3 02
MIGUEL 3b. Cidade 3550,00
BADRA Miguel Badra X 8 R4 01 Não estimado
/ Gleba 2 11.505,00
X 9 R3 02
5.752,5
896,00
X 10 R2 ~50
18,00
11.040,00
X 11 R2 02
5.520,00
3c. Cidade
4.000,00
Miguel Badra X 12 R2 05
800,00
/ Zona
X 1 R2 11 Não estimado
Jaguari
X 2 R3 02 Não estimado
X 1 R0 0 Não estimado
4. ESTÂNCIA TIJUCO
X 1 R1 01 Não estimado
PRETO
1.000,00 +
X 1 R4 04 80.000,00
5. JD. ANA ROSA CENTRO 20.250,00
660,00
X 2 R2 02
330,00
X 1 R1 0 Não estimado
3.300,00
6. JD. BELÉM X 2 R2 26
127,00
X 3 R0 ~24 Não estimado
X 1 R2 01 2.412,00
7. JARDIM BRASIL 10.603,00 ou
X 2 R4 01
20.000,00
R0:
inundação
8. JARDIM CARMEM X 1 12 Não estimado
R1:
solapamento
41.920,00
X 1 R2 07
5.988,00
340.000,00
9. JARDIM DAS FLORES X 2 R4 17
20.000,00
4.800,00
X 3 R2 02
2.400,00
10. JARDIM EUROPA X 1 R3 06 Não estimado
X 1 R2 01 Não estimado
11. JARDIM FERNANDES
X 2 R2 ~25 Não estimado

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ENCOSTA
Estimativa de

MARGEM
Nº de moradias
Grau de custo (R$)
NOME DA ÁREA Setor diretamente
risco Relação custo /
afetadas
moradia atendida

186.582,00
X 1 R2 01
9951,04
12. JARDIM GRAZIELA 3.256,00 +
X 2 R2 11 220.000,00
20.296,00

3.100,00
X 1 R3 02
13. JARDIM IKEDA 1.600,00

X 2 R1 25 Não estimado
14. JARDIM LEBLON X 1 Sem risco 0 Não estimado
15. JARDIM LUELA X 1 R1 ~60 Não estimado
X 1 R1 ~32 Não estimado
16. JARDIM MARGARETH
X 2 R2 06 Não estimado
X 1 R0 13 Não estimado
17. JARDIM PLANALTO X 2 R1 04 Não estimado
X 3 R2 04 Não estimado
18a. 15.000,00
X 1 R3 01
Revista I

29.871,00
X 1 R4 04
18b. 9957,00
18.
Revista II
JARDIM
REVISTA 15.000,00
X 2 R3 07
2.143,00
18c. 24.554,00
X 1 R3 03
Revista III 8.185,00
18d. 1.430,00
X 1 R3 10
Revista IV 143,00
19. JARDIM SÃO
X 1 R1 11 Não estimado
BERNARDINO
62.530,00
20. JARDIM SÃO JOSÉ X 1 R1 13
4810,00
2.200,00
X 1 R2 08
275,00
21. PARQUE BUENOS
361.604,00
AIRES X 2 R3 ~15
24.107,00
X 3 R2 12 Não estimado
X 1 R1 ~25 Não estimado
22. PARQUE X 2 Sem risco 0 Não estimado
CEREJEIRAS 240.000,00
X 3 R4 ~12
20.000,00
23. PARQUE HEROÍSMO X 1 Sem risco 0 Não estimado
X 1 R1 10 Não estimado
24. PARQUE PALMEIRAS
X 2 R3 01 Não estimado

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25. PARQUE UMUARAMA X 1 R2 01 Não estimado


26. RECANTO MARIA DE
X 1 R0 13 Não estimado
JESUS

ENCOSTA Estimativa de

MARGEM
Nº de moradias
Grau de custo (R$)
NOME DA ÁREA Setor diretamente
risco Relação custo /
afetadas
moradia atendida

37.260,00 (para
X 1 R2 08 todos os setores)
828,00
27. RECREIO SANTA 28.000,00
X 2 R3 15
MARIA 1.867,00
X 3 R1 12 Não estimado
X 4 R2 10 Não estimado
X 5 R1 ~30 Não estimado
24.000,00
X 1 R4 10
28. SÍTIO DOS MORAES 2.400,00
X 2 R3 01 20.260,00
R1:
solapamento
29. VILA COLORADO X 1 ~42 Não estimado
R0:
inundação
30. VILA DO SAPO X 1 R2 03 6.000,00
47.200,00
X 1 R3 07
6.743,00
76.780,00
X 2 R3 11
6.980,00
4.000,00
31. VILA FÁTIMA X 3 R2 04
1.000,00
2.200,00
X 4 R1 ~10
220,00
X 5 R2 02 Não estimado
X 6 R0 11 Não estimado
X 1 R0 01 Não estimado
32. VILA HELENA
X 2 R2 01 Não estimado
33. VILA NOVA
X X 1 R1 01 Não estimado
IPELÂNDIA
76.000,00
X 1 R3 11
6.909,00
X 2 R2 13 Não estimado
X 3 R4 01 20.000,00
34. VILA REAL
1.040,00
X 4 R2 04
260,00
X 5 R3 01 10.012,00
X 6 R3 01 9.000,00
5.500,00
X 1 R2 05
1.100,00
35. VILA RICA
31.400,00
X 2 R3 15
2.093,00
36. VILA SÃO PEDRO X 1 R1 12 Não estimado
880.000,00
X 1 R3 44
37. VILA MONTE SION 20.000,00
X 2 R1 ~62 Não estimado

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Apresenta-se no Quadro 11 uma escala de prioridades entre os setores de riscos


alto e muito alto (R3 e R4) mapeados, adotando os três primeiros critérios e que deve
servir como referência para as ações de redução de riscos.

5. O PLANO MUNICIPAL DE REDUÇÃO DE RISCOS DE SUZANO

Para a elaboração de um plano estratégico de redução de riscos é indispensável a


análise do ambiente urbano , mas também a compreensão de como se dá a gestão do
ambiente urbano e, mais particularmente, das políticas públicas voltadas para as áreas de
assentamento precário, a porção informal, vulnerável e, freqüentemente, degradada da
cidade.

Quadro 11. Proposta de ordem de prioridade para a execução de intervenções estruturais


para redução de riscos.

Ordem de
Número e nome da área Setor
prioridade
9. Jardim das Flores 2
22. PARQUE CEREJEIRAS 3
28. SÍTIO DOS MORAES A1 1
5. ANA ROSA CENTRO 1
1 3A.BADRA PLANALTO 6
3A. BADRA PLANALTO 8
18B. JARDIM REVISTA 1
7. JARDIM BRASIL 2
34. VILA REAL 3
2 37. VILA MONTE SION 1
18D. JARDIM REVISTA 1
35. VILA RICA 2
27. RECREIO SANTA MARIA 2
3
34. VILA REAL 1
31. VILA FÁTIMA 2
21. PARQUE BUENOS AIRES 2
3A. BADRA PLANALTO 9
13. JARDIM IKEDA 1
18B.JARDIM REVISTA 2
3A.BADRA PLANALTO 7
31. VILA FÁTIMA 1
4
34. VILA REAL 6
34. VILA REAL 5
3A. BADRA PLANALTO 3
18A. JARDIM REVISTA 1
28. SÍTIO DOS MORAES 2

A gestão dos riscos urbanos compreende o conjunto de medidas de organização e


operação institucional para o tratamento das situações de risco existentes, mas sua
28
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eficiência é diferenciadamente maior quando estas ações são parte da gestão do


ambiente urbano e compreendem, além do gerenciamento dos riscos, políticas públicas
de desenvolvimento urbano, de provisão habitacional, de proteção e recuperação
ambiental e de inclusão social e mecanismos de regulação e aplicação dessas políticas.
Com esta perspectiva presente, é indispensável estabelecer também estratégias
específicas para o gerenciamento dos riscos identificados. Adotam-se aqui as quatro
estratégias de ação a seguir descritas, adaptadas da metodologia proposta pela agência
das Nações Unidas voltada para a redução de desastres (UNITED NATIONS DISASTERS
RELIEF OFFICE – UNDRO, 1991):

 Identificação e análise dos riscos (conhecimento dos problemas);


 Planejamento e implementação de intervenções estruturais para a redução ou
erradicação dos riscos;
 Monitoramento permanente das áreas de risco, atendimento de emergências e
implantação de planos preventivos de defesa civil;
 Informação pública, capacitação e mobilização social para ações preventivas e de
autodefesa.

As duas primeiras estratégias estão sistematizadas por este relatório. Sugere-se


que o mapeamento de riscos aqui apresentado seja utilizado para ações preventivas e
monitoramento de campo durante os períodos críticos de pluviosidade. A implantação de
Planos Preventivos de Defesa Civil nos períodos chuvosos é indispensável para a
garantia da segurança dos moradores das áreas mais críticas até que se execute a
intervenção estrutural planejada. Um plano preventivo de defesa civil envolve ações
públicas que antecedem a ocorrência de acidentes, por meio do estabelecimento de
indicadores de situações críticas e da observação, em campo, de evidências de
instabilidade, no sentido de evitar suas conseqüências.
Os resultados do mapeamento e as intenções do PMRR devem ter ampla
divulgação pública, tanto no sentido de informar e comprometer a sociedade civil com as
propostas de redução de riscos, quanto para capacitar os moradores das áreas de risco a
desenvolver parceria com a Prefeitura de Suzano em ações preventivas e de autodefesa.

29
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5.1. Considerações Gerais


Foram identificados, no município de Suzano, 27 setores de risco em que a
probabilidade de ocorrência de escorregamentos é alta ou muito alta, envolvendo um total
de 202 moradias ameaçadas (vide ANEXO 2). Em outros 10 setores de rico, foram
identificadas as probabilidades Alta e Muito Alta de ocorrência de enchentes/inundações,
envolvendo 66 moradias ameaçadas (vide ANEXO 2).
As intervenções estruturais sugeridas e apresentadas neste PMRR estão
subordinadas, quase que exclusivamente, à avaliação das condições de risco (ao
processo adverso identificado, ao seu estágio de desenvolvimento e à tipologia de obra
adequada à erradicação ou redução do processo destrutivo). À municipalidade de Suzano
caberá optar por solução diversa daquela indicada se, porventura, às alternativas de
intervenção para redução de risco se sobrepuserem projetos de interesse coletivo, de
proteção ambiental ou de desenvolvimento urbano que requisitem a remoção de
assentamentos ou de moradias.
Para algumas das áreas estudadas, particularmente naquelas em que as moradias
estão assentadas sobre a planície de inundação, onde o nível freático está muito próximo
da superfície e aflora rapidamente nas situações de cheias; ou naquelas edificadas sobre
terraços fluviais baixos ou ainda nas muito próximas à margem dos córregos, poucas são
as alternativas estruturais viáveis que resultem na eliminação dos problemas que as
afetam. Sugere-se à municipalidade, dentro de seus recursos e capacidade, estabelecer
formas de convivência com o risco que reduza os danos, ainda que temporariamente, ou
optar pela remoção destas comunidades.
Esta demanda poderá ser atendida com as unidades habitacionais de interesse
social previstas pelo convênio entre a PMS e o CDHU.
Durante as vistorias de campo pôde-se observar a existência de infra-estrutura
urbana (rede de esgotos e de drenagem, guias e pavimentação viária) implantada ou em
fase de implantação na maioria dos assentamentos estudados e, em alguns casos, ações
de manutenção (limpeza e aprofundamento de canais, por exemplo) que tiveram reflexo
direto na situação de risco encontrada. Por outro lado, constata-se que a maioria das
situações de risco identificadas está associada à ausência ou deficiência de infra-
estrutura urbana, especialmente de drenagem.

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Considera-se, por isso, que o eixo das ações para redução dos riscos identificados
neste estudo esteja associado diretamente às melhorias urbanas em infra-estrutura e à
sua permanente manutenção.
Para este período em que a população de Suzano discutirá e decidirá a revisão do
Plano Diretor, fica a sugestão de que a temática dos riscos ambientais aqui tratada esteja
permeando o debate e que o resultado do mapeamento sirva como uma das referências
para a gestão das áreas estudadas.

5.2. Propostas de Ações Não Estruturais


 Fortalecer e aprimorar as ações de controle da ocupação urbana e do
adensamento, especialmente nas áreas de risco;
 Atualizar permanentemente o conhecimento dos riscos no município,
sistematizando e registrando informações coletadas durante vistorias periódicas de
fiscalização e monitoramento dos assentamentos precários;
 Implantar anualmente, durante o verão, um plano preventivo de defesa civil que
implique: a) na avaliação prévia de todas as áreas sujeitas a risco e na adoção de
ações emergenciais e preventivas que antecedam o período chuvoso; b) na
realização de reuniões com moradores para informar sobre os riscos existentes e
orientar sobre as medidas preventivas ou emergenciais a serem adotadas; c) na
organização de estrutura institucional para o monitoramento das áreas de risco
durante os períodos chuvosos, para a ação preventiva em situações críticas
identificadas e para o atendimento de emergências, quando necessário;
 Constituir, junto aos moradores das áreas de risco e voluntários, núcleos de defesa
civil (NUDECs) e capacitá-los para o compartilhamento com a gestão municipal das
atividades de prevenção, autodefesa e atendimento emergencial.

5.3. Proposições Gerais

 Que a política municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano para as áreas de


assentamento precário realize intervenções estruturantes fundiárias,
socioeconômicas e urbanísticas, nas quais estejam incluídas e associadas, as
intervenções indicadas para a erradicação das situações de risco;

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 Que a Prefeitura do Município de Suzano discuta e defina com a população,


durante o processo de revisão do Plano Diretor, um prazo para a erradicação das
situações de risco alto e muito alto mapeadas; considera-se aqui que seja possível
esta meta apontar como prazo máximo o final desta década;
 Que recursos e dotações específicos para a execução de intervenções estruturais
nas áreas de risco sejam incluídos já no próximo Plano Orçamentário Anual do
Município e que tenham como referência a ordem de prioridades apresentada no
PMRR;
 Que o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades e da Secretaria
Nacional de Defesa Civil/ Ministério da Integração Nacional, e o Governo Estadual,
por meio da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, da CDHU e de outros órgãos,
estabeleçam meios de cooperação com a Prefeitura do Município de Suzano para
a captação de recursos e no estabelecimento de parcerias para as intervenções
estruturais nas áreas de risco para o cumprimento de sua meta a erradicação de
todas as situações de risco alto e muito alto até o final desta década;
 Que sejam realizadas gestões junto ao Conselho Gestor da APA da Várzea do
Tietê para inclusão do risco nos programas e projetos, especialmente no Plano de
Manejo da APA;
 Que sejam realizadas gestões junto a CATI, no Programa de Micro Bacias Balainho
e Guaió, para inclusão do risco nos programas e projetos;
 Que sejam realizadas gestões junto à CEF para a viabilização e destinação de
linhas de crédito de programas habitacionais específicos para melhorias das
condições de habitabilidade, onde essa condição configura o risco - assistência
técnica e cesta de materiais de construção.

6. REFERÊNCIAS

AMARANTE, A. Comportamento geoquímico de matais pesados em sedimentos


argilosos da Bacia de São Paulo, Suzano, SP. Dissertação (Mestrado em Geologia,
Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo), 1997.

CARVALHO, C.S. Análise quantitativa de riscos e seleção de alternativa de


intervenção: exemplo de um programa municipal de controle de riscos geotécnicos
em favelas. In: Workshop sobre Seguros na Engenharia, 1. São Paulo: ABGE, 2000,
P.49-56.

32
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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

CERRI, L.E.S. Riscos geológicos associados a escorregamentos: uma proposta para


a prevenção de acidentes. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas,
Universidade Estadual Paulista – Unesp, Rio Claro, 1993. 197p.
DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA – DAEE. Inundações em Áreas
Urbanas: conceituação, medidas de controle, planejamento. São Paulo: DAEE, 1984.
26p.
EMPRESA METROPOLITANA DE PLANEJAMENTO DA GRANDE SÃO PAULO –
EMPLASA. Carta Geológica da região metropolitana da Grande São Paulo – escala
1:100.000. São Paulo. 1980.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT


Mapa Geomorfológico do Estado de São Paulo - escala 1:1.000.000. São Paulo:
Divisão de Minas e Geologia Aplicada. 2v. (IPT, Série Monografias, 6). 1981b.

IUGS WORKING GROUP – Committee on Risk Assessment. Quantitative risk assessment


for slopes and landslides. The state of the art. In: CRUDEN, D.; FELL, R. (ed.), Landslide
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MELLO JÚNIOR, R. F. Geoquímica da contaminação industrial do solo e do subsolo


por metais pesados na região de Suzano, SP. Dissertação (Mestrado em Geologia,
Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo), 1998.

MORGENSTERN, N.R. Toward landslide risk assessment in pratice. In: CRUDEN, D.;
FELL, R. (Ed.), Landslide risk assessment. Proceedings of the International Workshop
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NARDOCCI, A.C. Risco como instrumento de Gestão Ambiental. Tese (Doutorado) -


Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São
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NOGUEIRA, F.R. Gerenciamento de riscos ambientais associados a


escorregamentos: contribuição às políticas públicas para áreas de ocupação
subnormal. Tese (Doutorado) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, Universidade
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SANTOS, A.R. dos. Geologia de Engenharia: conceitos, método e prática. São Paulo:
ABGE (Publicação IPT 2797), 2002. 222p.

SUMMERFIELD, M.A. Global geomorphology: an introduction to the study of


landforms. New York: Longman Scientific & Technical. 1991. 537P.

UNDRO – United Nations Disaster Relief Office. Undro’s Approach to Disaster


Mitigation. Undro News. Geneva: Office of The United Nations Disasters Relief Co-
Ordinator. Jan-Feb, 1991. 20p.

Rio Claro, 15 de março de 2006.

33
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Elaboração de Plano de Redução de Riscos no Município de Suzano (SP)

____________________________________________
Leandro Eugenio da Silva Cerri
Geólogo - Professor Adjunto
Depto Geologia Aplicada – IGCE / Unesp-Rio Claro (SP)
CREA N° 0601471874

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