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Resumo:
O presente trabalho visa confrontar epistemologicamente conceitos elaborados pelo
psiquiatra suíço Carl Gustav Jung e pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, a saber,
os conceitos de “arquétipo” e “campos morfogenéticos”. Mediante estudo conceitual
de fontes primárias e secundárias, foi possível perceber forte afinidade entre estas
noções, ambas calcadas em uma epistemologia não-mecanicista, isto é, em ambos
os pensadores é possível notar uma tendência a se inferir fatores ordenadores
metafísicos que atuem por detrás da matéria bruta dos diversos fenômenos. A
forma como as células se organizam no organismo, de acordo com Sheldrake, não
está contida nos genes, mas além deles, em campos de informação morfogênicos.
Analogamente, a forma como as pessoas organizam suas existências, de acordo
com Jung, não depende tão-somente do determinismo biológico de seus genes ou
de seus cérebros, mas se estruturaria através de arquétipos enquanto fatores
ordenadores universais. Para estes dois pensadores, a ciência ocidental falhou em
negligenciar os aspectos mais abstratos ou metafísicos da fenomenologia natural e
humana, muito embora eles não tenham sido os primeiros a vislumbrarem estes
aspectos, o que pode ser confirmado com a leitura mais atenta de algumas obras
célebres da história do pensamento ocidental.
Introdução
O estudo a seguir tem por finalidade realizar uma aproximação
epistemológica entre o conceito de “arquétipo”, com base na obra de Carl
Gustav Jung (1875-1961), e o conceito de “campos morfogenéticos”, com
base na obra de Rupert Sheldrake (1942-). Há séculos filósofos e cientistas
buscam aproximar a matéria da psique, buscando estabelecer elos
epistêmicos que pudessem ajudar a compreender de que modo as
qualidades mentais se ligam às propriedades dos corpos materiais, inclusive
o cérebro.
Materiais e métodos
O problema da pesquisa é a relação entre dois conceitos, a saber, arquétipo
e campos morfogenéticos, com vistas a um estudo de caráter conceitual,
que se insere na modalidade de pesquisa qualitativa. Segundo Minayo,
a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela
se preocupa [...] com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis (2002, p. 21).
Revisão conceitual
Arquétipo designa um fator ordenador universal que rege as diversas formas
de expressão da existência dos seres vivos e da própria natureza. Exemplos
de arquétipos seriam “Deus”, “amor”, “pai”, “mãe”, “coragem”,
“renascimento”, “sexo”, “relacionamento”, “poder”, etc. A título de
esclarecimento, pode-se dizer que todos os dramas humanos ou existenciais
seriam permeados por estes temas, por estas ideias. Jung herda este
conceito dos alquimistas medievais, cuja herança intelectual, por sua vez,
adveio do neoplatonismo. Em sua obra, este conceito sofre algumas
transformações ao longo dos anos, sendo que o melhor momento de
maturação se deu nos anos 40 do século passado (XAVIER, 2003). Jung
chega a compara-los aos instintos, pois enquanto estes organizariam
algumas formas de comportamento inato do corpo e sua biologia, os
arquétipos organizariam as formas mais abstratas do comportamento
humano:
Resultados e Discussão
O que se obtém das palavras supracitadas é uma noção dos fenômenos
biológicos que diferencia sua morfogênese da mera matéria que a compõe.
Isto demanda por uma concepção que se afasta do mecanicismo ainda
muito presente na ciência ocidental. O mesmo se aplica ao conceito de
arquétipos. Ao contrário do que se poderia imaginar, “arquétipo” e “campos
mórficos” não são tipos de energia, mas antes encerram alguma “ideia”, uma
“informação”, um padrão universal que direciona e organiza o design de
mobilização das energias naturais. Portanto, podemos assim destacar o
principal ponto de aproximação entre os dois conceitos para os fins deste
trabalho: arquétipo e campos morfogenéticos são informações e não
energia. Em outras palavras, eles vêm antes das energias. As energias
naturais, em suas variadas modalidades, produzem o movimento e a
transformação das coisas, gerando os diversos fenômenos. Mas é o modo
de organização destas energias que nos apontam para a forma final de suas
atuações no ambiente natural. Sendo assim, no âmbito dos organismos
Sheldrake infere a presença dos campos morfogenéticos. No âmbito dos
comportamentos humanos, Jung infere a presença dos arquétipos. Em
ambos os casos são propriedades metafísicas atuando nos bastidores da
natureza.
Conclusões
Não é de todo exótico o pensamento de Sheldrake ou de Jung no tocante a
conceberem a possibilidade de que algo invisível e metafísico atue como um
Agradecimentos
Neste momento venho agradecer a todos os amigos que me incentivaram e
apoiaram neste um ano de pesquisa, e, principalmente, ao meu orientador
Cesar Rey Xavier que sempre esteve disponível para supervisões e
discussões, assim como, foi também o maior incentivador.
Referências
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