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O QUE HÁ DE SEMELHANTE ENTRE OS CONCEITOS DE ARQUÉTIPO E

CAMPOS MORFOGENÉTICOS? UMA APROXIMAÇÃO CONCEITUAL


ENTRE
CARL GUSTAV JUNG E RUPERT SHELDRAKE

Taynara Praisner (ICV/UNICENTRO)


Cesar Rey Xavier(Orientador), e-mail: reyxavier@gmail.com

Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Psicologia, Irati


PR.

GRANDE ÁREA E SUB-ÁREA: Ciências humanas - Epistemologia

Palavras-chave: arquétipo, campos morfogenéticos, epistemologia

Resumo:
O presente trabalho visa confrontar epistemologicamente conceitos elaborados pelo
psiquiatra suíço Carl Gustav Jung e pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, a saber,
os conceitos de “arquétipo” e “campos morfogenéticos”. Mediante estudo conceitual
de fontes primárias e secundárias, foi possível perceber forte afinidade entre estas
noções, ambas calcadas em uma epistemologia não-mecanicista, isto é, em ambos
os pensadores é possível notar uma tendência a se inferir fatores ordenadores
metafísicos que atuem por detrás da matéria bruta dos diversos fenômenos. A
forma como as células se organizam no organismo, de acordo com Sheldrake, não
está contida nos genes, mas além deles, em campos de informação morfogênicos.
Analogamente, a forma como as pessoas organizam suas existências, de acordo
com Jung, não depende tão-somente do determinismo biológico de seus genes ou
de seus cérebros, mas se estruturaria através de arquétipos enquanto fatores
ordenadores universais. Para estes dois pensadores, a ciência ocidental falhou em
negligenciar os aspectos mais abstratos ou metafísicos da fenomenologia natural e
humana, muito embora eles não tenham sido os primeiros a vislumbrarem estes
aspectos, o que pode ser confirmado com a leitura mais atenta de algumas obras
célebres da história do pensamento ocidental.

Introdução
O estudo a seguir tem por finalidade realizar uma aproximação
epistemológica entre o conceito de “arquétipo”, com base na obra de Carl
Gustav Jung (1875-1961), e o conceito de “campos morfogenéticos”, com
base na obra de Rupert Sheldrake (1942-). Há séculos filósofos e cientistas
buscam aproximar a matéria da psique, buscando estabelecer elos
epistêmicos que pudessem ajudar a compreender de que modo as
qualidades mentais se ligam às propriedades dos corpos materiais, inclusive
o cérebro.

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Estes dois autores e os conceitos por eles desenvolvidos permitem
inferir que esta possibilidade já possa ser plausível, ao menos
epistemológica e heuristicamente pensada. Arquétipo e campos
morfogenéticos encerram ideias muito interessantes quando vamos pensar
em algum tipo de ponte epistêmica que aproxime os continentes material e
mental, desvelando certas facetas da natureza que a ciência ortodoxa por
vezes deixou de contemplar.

Materiais e métodos
O problema da pesquisa é a relação entre dois conceitos, a saber, arquétipo
e campos morfogenéticos, com vistas a um estudo de caráter conceitual,
que se insere na modalidade de pesquisa qualitativa. Segundo Minayo,
a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela
se preocupa [...] com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis (2002, p. 21).

Desta forma, a pesquisa se limita a uma reflexão epistemológica sobre os


conceitos supracitados, no intuito de verificar a presença ou não de
similaridade entre suas significações. De acordo com Gamboa,
o discurso epistemológico encontra na filosofia seus princípios e
na ciência seu objeto. Tem como função não só resolver o
problema geral das relações entre a filosofia e as ciências, mas
também servir de ponto de encontro entre elas (2007, p. 26).

Revisão conceitual
Arquétipo designa um fator ordenador universal que rege as diversas formas
de expressão da existência dos seres vivos e da própria natureza. Exemplos
de arquétipos seriam “Deus”, “amor”, “pai”, “mãe”, “coragem”,
“renascimento”, “sexo”, “relacionamento”, “poder”, etc. A título de
esclarecimento, pode-se dizer que todos os dramas humanos ou existenciais
seriam permeados por estes temas, por estas ideias. Jung herda este
conceito dos alquimistas medievais, cuja herança intelectual, por sua vez,
adveio do neoplatonismo. Em sua obra, este conceito sofre algumas
transformações ao longo dos anos, sendo que o melhor momento de
maturação se deu nos anos 40 do século passado (XAVIER, 2003). Jung
chega a compara-los aos instintos, pois enquanto estes organizariam
algumas formas de comportamento inato do corpo e sua biologia, os
arquétipos organizariam as formas mais abstratas do comportamento
humano:

Da mesma maneira como os instintos impelem o homem a adotar


uma forma de existência especificamente humana, assim também
os arquétipos forçam a percepção e a intuição a assumirem
determinados padrões especificamente humanos. Os instintos e

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os arquétipos formam conjuntamente o inconsciente coletivo
(JUNG, 1998, p. 137).
Os arquétipos, de acordo com Jung, comporiam o que chamou de
Inconsciente Coletivo da humanidade, algo que chamou a atenção de
Sheldrake:
A abordagem que estou propondo é muito semelhante à ideia de
Jung do inconsciente coletivo. A principal diferença é que a ideia
de Jung foi aplicada principalmente à experiência humana e a
memória coletiva humana. O que estou sugerindo é que um
princípio muito semelhante atua em todo o universo, não apenas
em seres humanos (SHELDRAKE, 1987, p.12).
Foi na biologia do desenvolvimento que Rupert Sheldrake
desenvolveu sua teoria sobre os campos morfogenéticos, a qual tem por
objetivo compreender:

a maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as


células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos
organismos não estão programadas no código genético. Dados os
genes corretos, e, portanto as proteínas adequadas, supõe-se que
o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso
é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os
materiais corretos para um local de construção e esperar que a
casa se construa espontaneamente (SHELDRAKE apud
ARANTES, 2002).

Resultados e Discussão
O que se obtém das palavras supracitadas é uma noção dos fenômenos
biológicos que diferencia sua morfogênese da mera matéria que a compõe.
Isto demanda por uma concepção que se afasta do mecanicismo ainda
muito presente na ciência ocidental. O mesmo se aplica ao conceito de
arquétipos. Ao contrário do que se poderia imaginar, “arquétipo” e “campos
mórficos” não são tipos de energia, mas antes encerram alguma “ideia”, uma
“informação”, um padrão universal que direciona e organiza o design de
mobilização das energias naturais. Portanto, podemos assim destacar o
principal ponto de aproximação entre os dois conceitos para os fins deste
trabalho: arquétipo e campos morfogenéticos são informações e não
energia. Em outras palavras, eles vêm antes das energias. As energias
naturais, em suas variadas modalidades, produzem o movimento e a
transformação das coisas, gerando os diversos fenômenos. Mas é o modo
de organização destas energias que nos apontam para a forma final de suas
atuações no ambiente natural. Sendo assim, no âmbito dos organismos
Sheldrake infere a presença dos campos morfogenéticos. No âmbito dos
comportamentos humanos, Jung infere a presença dos arquétipos. Em
ambos os casos são propriedades metafísicas atuando nos bastidores da
natureza.

Conclusões
Não é de todo exótico o pensamento de Sheldrake ou de Jung no tocante a
conceberem a possibilidade de que algo invisível e metafísico atue como um

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campo informacional que organize o desenho das estruturas em jogo, seja
nos organismos, seja na esfera puramente humanista e existencial.
Aristóteles, por exemplo, já concebia que tudo na natureza possuísse uma
“anima” que atuaria como um pano de fundo da parte material da planta ou
do animal. Assim, não bastaria que o animal ou a planta possuíssem a
matéria prima necessária à constituição de seus corpos, mas que estes
fossem desenhados de acordo com aquele fator organizador. Análogo a este
conceito, esteve a noção de “mônadas”, concebida pelo matemático e
filósofo G. W. Leibnitz durante o século XVII. Finalmente, no século XX, o
físico David Bohm elabora um conceito que nomeia por “ordem implicada”,
através do qual os fenômenos físicos na verdade seriam organizados por um
conjunto de informações implícitas à matéria, mas não evidentes, ou seja,
não explícitas. Vê-se, portanto, que os conceitos de campos morfogenéticos
e de arquétipo, mais do que ideias inusitadas, já foram pensados sob outras
roupagens epistemológicas e outros termos no passado.

Agradecimentos
Neste momento venho agradecer a todos os amigos que me incentivaram e
apoiaram neste um ano de pesquisa, e, principalmente, ao meu orientador
Cesar Rey Xavier que sempre esteve disponível para supervisões e
discussões, assim como, foi também o maior incentivador.

Referências
ARISTÓTELES, 384-322 a. C. De Anima. São Paulo: editora 34, 2006.
ARANTES, J. T. Ressonância mórfica: a teoria do centésimo macaco
Edição 91. Rio de Janeiro: Editora Globo S/A, 2002. Disponível em
<http://galileu.globo.com/edic/91/conhecimento1.htm> acesso em:
14/10/2013.
BOHM, D. A totalidade e a ordem implicada: uma nova percepção da
realidade. Tradução de Mauro de Campos Silva. 3. ed. São Paulo: Cultrix,
2001.
GAMBOA, S. S. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias.
Chapecó SC: Argos, 2007.
JUNG, C. G.. A dinâmica do inconsciente. Petrópolis RJ: Vozes, 1998.
LEIBNIZ, G. W. Discourse on metaphysics and the monadology. Translated
by George R. Montgomery. New York: Prometheus Books, 1992.
MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
SHELDRAKE, R. Mind, Memory, and Archetype: Morphic Resonance and
the Collective Unconscious. In: Psychological Perspectives. 1987. Disponível
em <http://www.sheldrake.org/Articles&Papers/papers/morphic/index.html>
acesso em 25/03/2013.
XAVIER, C. R. A permuta dos sábios: um estudo sobre as correspondências
entre Carl Gustav Jung e Wolfgang Paulli. São Paulo: Annablume, 2003.

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