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A sacralização dos animais vem de época muito remota, onde a relação ser humano e animal se dava pela

convivência próxima e a necessidade de sobrevivência. Essa proximidade instigou no ser humano a


observação dos animais e a descoberta de similaridades no comportamento instintivo de ambos, estando,
então, não somente ligados pelo fator sobrevivência, mas também a poderes mágicos e divinos.Assim, ser
humano e animal, ocupando o mesmo espaço, estabeleceram vários tipos de relações, como a de caça e
caçador, domesticação, guardiões e representantes das forças divinas e naturais.

Na mitologia nativa, bem como na arte, encontramos o desenrolar místico da relação ser humano-animal. As
tradições ameríndias estão impregnadas de uma essência mítica trazendo até nós feitos de guerreiros,
caçadores, tribos, curandeiros e suas relações com seres encantados, deuses, espíritos ancestrais e animais
de poder.

Através das lendas podemos garimpar esses significados, trazendo à tona as jornadas criativas dos
habitantes nativos do norte ao sul do Brasil. Essas jornadas trazem em seu cerne elementos que podem
auxiliar-nos hoje na busca da compreensão do ser humano na sua totalidade, no nosso autoconhecimento,
através da sua relação com os animais de poder e sua visão mágica de mundo.

Associando aos animais de poder certas manifestações divinas, encontramos na tradição oral Guarani, o
Grande Espírito, Ñamandu, manifestando-se na forma de um colibri, capaz de ver a totalidade a partir do
sutil mundo do espírito. A coruja também foi outra forma de sua manifestação. Como Coruja, o Pai-Mãe
Criador na Noite Cósmica criou a Sabedoria.

Ainda, dentro do mito da criação Guarani, há uma nítida relação entre a serpente, eixo que rege a vida, e a
coluna vertebral humana, sustento do corpo material e espiritual, a que os hindus chamam kundalini.

Os antepassados da tribo dos Panará, chamados de "os de antes" (suankyara), são uma combinação de ser
humano e animal. São eles os responsáveis por darem nomes às coisas e aos homens.

Para os Yanomami da Amazônia e Venezuela, todo homem tem como seu duplo anímico um animal de poder,
chamado de "duplo animal". Os animais também podem ser espíritos de ancestrais, que vivem nas florestas
e que assumiram essa forma por terem comportamentos descontrolados ou fora de alguma regra social.

O folclore brasileiro ainda traz inúmeras descrições de animais com poderes peculiares, humanos com poder
de assumir formas animais, amuletos, danças que imitam seus movimentos e sons. Temos o boto, o
uirapuru, a sereia, o muiraquitã, a cobra grande, o boitatá, enfim, um grande universo místico e mágico a
ser explorado além das fronteiras históricas e antropológicas.

Conectar com um animal de poder através de sua sabedoria de sobrevivência, comportamento e maestria é
conectar com nossa própria essência e com as qualidades instintivas que tem o ser humano como parte da
Natureza. Compreender a essência dessas criaturas é ativar nossa própria cura e conectarmos com o
espiritual através de suas manifestações. A associação do ser humano com o poder totêmico de um animal o
faz conhecer seu lado inconsciente.

Para complementar essa breve abordagem, dispusemos aqui alguns animais de poder e suas características
segundo algumas culturas nativas brasileiras:

UIRAPURU - Pássaro raro, não se permite ver facilmente. Quando se mostra, sempre está disfarçado para
que não o notem. Seu canto é inédito, mas é considerado de beleza rara e única. Traz paz e ao cantar todas
as outras criaturas da floresta calam-se para ouvi-lo.

COLIBRI - Em geral, os seres alados são mensageiros entre os homens e os deuses por sua capacidade de
voar em direção aos céus. O colibri é mensageiro do Grande Espírito, Pai-Mãe Criador. É sinal de proteção,
expressão do sagrado e indício de caminho correto. Ágil, o colibri se manifesta trazendo sempre alguma
orientação espiritual importante.

SERPENTE - A serpente é aquela que ergue a vida e cria a realidade, é o poder criativo, transmutador e nos
faz conhecer valores profundos do ser. Para os Guarani, é o eixo por onde se ergue o ser humano, a coluna
vertebral. Na sua base está o poder gerador de vida da Grande Mãe.

CORUJA - É a sabedoria. Tem a capacidade de ver o oculto e inconsciente. Conhecedora dos mistérios, ela
permite-nos vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir em todos os níveis e do fluir.
Por ver na escuridão, sua qualidade também está no ultrapassar as limitações do perceptível, mostrando-nos
a totalidade e as várias realidades, da qual o mundo material é apenas uma parte.

RÃ - É símbolo da fertilidade, abundância, união, tanto que foi representada por tribos do norte do Brasil em
amuletos chamados "muiraquitãs".
ESCORPIÃO - Animal de poder muito importante encontrado na cerâmica de civilizações amazônicas,
representa a proteção e a preservação da natureza humana ou animal. Está associado à capacidade de
atacar quando ameaçado, sendo capaz de qualquer coisa para manter a sua integridade.

JABUTI - É um animal de grande longevidade. Suas qualidades estão associadas à esperteza, inteligência,
paciência, tranqüilidade, atenção, fé, força e coragem.

PAPAGAIO - Assim como a arara, o papagaio é multicolor, transmite alegria e a força do arco-íris. Desperta a
retórica, o saber falar e o quê falar. Pelo seu poder de comunicação, aproxima-se facilmente do homem.
Pode ser considerado uma ponte entre o mundo dos pássaros e dos humanos.

ONÇA - A onça é deliberadamente solitária. É astuciosa, observa os movimentos da presa antes de atacá-la.
Como qualidades desse animal, desperta o aprender a conviver consigo mesmo e a não depender dos outros
para atingirmos objetivos. Ensina a conquista do nosso espaço, a cautela, o saber agir, a habilidade e a
agilidade.

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