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IMPASSE ALIMENTAR

20-09-2007

NUTRIÇÃO – ALIMENTOS – NUTRIÇÃO – ALIMENTAÇÃO


EQUILIBRADA – SAÚDE – CURAS NATURAIS – PREVENÇÃO –
CURA

Impasse alimentar

IARA BIDERMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Pesquisas com mensagens contraditórias sobre a relação entre


alimentos e a saúde deixam muita gente sem saber o que comer;
especialistas explicam o que fazer na hora da dúvida

Junte o apetite por novidades com as novas descobertas da


química, acrescente alguns estudos populacionais e a última notícia
sobre contaminação de alimentos. Misture bem e sirva
imediatamente.

A receita é infalível para engrossar o caldo de confusões


nutricionais. A cada dia, surge uma nova pesquisa sobre as
propriedades de algum alimento e, não raro, a notícia de hoje
parece contradizer a de ontem.

Sobra um cardápio completo de dúvidas: a comida que parecia ser


tão boa para a saúde também traz efeitos adversos, a bebida "do
mal" agora pode até fazer bem. Ou não (aguarde as próximas
novidades). E quem quer apenas comer razoavelmente direito para
viver mais e melhor -e, se possível, também ter algum prazer- faz o
quê?

Para o cardiologista Raul Dias dos Santos, diretor da unidade de


lípides do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de
São Paulo), "os benefícios de um alimento só são obtidos com um
ajuste de fatores: tipo de dieta, diversidade e quantidade de
alimentos, estilo de vida etc." O problema, diz ele, é apostar que
apenas um componente do cardápio garante a proteção. "Todo
mundo quer descobrir o alimento mágico, especialmente para não
ter problema de coração e evitar o câncer, que são as doenças que
mais matam."

Jocelem Mastrodi Salgado, presidente da SBAF (Sociedade


Brasileira de Alimentos Funcionais), afirma que é possível, sim,
melhorar a saúde por meio da alimentação e que os benefícios
descobertos nos alimentos superam os riscos apontados. A questão
não é só de ajustar a dose mas também a forma de preparo e como
e quando o alimento é ingerido.

Enfim, a melhor notícia: dá para resolver o impasse e aproveitar as


vantagens da boa comida (e bebida) sem correr grandes riscos. Os
especialistas ouvidos pela Folha explicam como fazer isso com sete
dos itens da alimentação mais pesquisados atualmente.

BEBIDAS ALCOÓLICAS

A boa notícia: o consumo regular aumenta o HDL (colesterol "bom")


do sangue e diminui o risco de eventos cardiovasculares.
As más notícias: bebidas alcoólicas são causas de doenças
hepáticas e gastrointestinais, que podem evoluir para alguns tipos
de câncer. Também aumentam o risco imediato de AVC (acidente
vascular cerebral) e podem causar dependência.

O que fazer: a fronteira que separa os malefícios dos benefícios da


bebida alcoólica é imprecisa e muda conforme características
individuais (por exemplo, propensão a disfunções hepáticas). Por
isso, para quem não tem o hábito de beber, não é recomendado
iniciar o consumo. Um adulto saudável acostumado a beber pode
ter benefícios tomando pequenas doses: uma por dia para mulheres
em geral e homens com menos de 60 kg e duas para homens
acima desse peso. Nessa proporção, a ação preventiva contra
eventos cardiovasculares foi observada independentemente do tipo
de bebida alcoólica. Mas acredita-se que o vinho tinto traz um
benefício a mais, pois seus compostos fenólicos diminuem a
oxidação do LDL ("mau" colesterol). Uma forma de diminuir a taxa
de absorção de álcool no sistema gastrointestinal e no fígado é
tomar a bebida junto com as refeições e ingerir água na mesma
proporção. Tomar muitas doses em pouco tempo, especialmente
com o estômago vazio, é o que mais aumenta o risco imediato de
AVC.

OVO
A boa notícia: o ovo é uma fonte de proteína de altíssima qualidade,
rico em nutrientes e com baixa proporção de gorduras saturadas.
A má notícia: a quantidade de colesterol da gema do ovo pode
chegar a 200 mg, que é o valor diário máximo recomendado para
quem tem dislipidemia (alteração do nível de gorduras no sangue).

O que fazer: entre comer um ovo ou outra fonte de proteína animal


rica em gordura saturada (como carne vermelha gorda), é melhor
ficar com o primeiro. Isso porque o organismo absorve menos o
colesterol dietético (presente no alimento) do que as gorduras
saturadas ou trans. Fazendo essa substituição, mesmo quem
precisa restringir as gorduras da dieta pode comer ovos uma ou
duas vezes por semana. Quem não precisa controlar o colesterol
pode comer um ovo por dia. O melhor é prepará-lo cozido em água,
e não frito em óleo ou com gorduras animais (manteiga, bacon etc.).

CHOCOLATE

A boa notícia: foram identificados compostos fenólicos importantes


no cacau, cuja ação antioxidante é protetora das artérias.
A má notícia: o chocolate é altamente calórico (9 cal/g) e fonte de
gorduras saturadas, fatores que podem levar à obesidade e à
síndrome metabólica.

O que fazer: para que as substâncias antioxidantes do chocolate


tenham ação benéfica, é preciso escolher o tipo de chocolate e
consumi-lo moderadamente -no máximo, 30 gramas por dia. O
chocolate recomendado é o amargo, com, no mínimo, 60% de
cacau, que tem mais concentração de fenóis. Porém, a quantidade
de gorduras e calorias é a mesma que a do chocolate ao leite.

TOMATE

A boa notícia: é um dos alimentos mais ricos em licopeno,


substância que combate os radicais-livres e atua na prevenção do
câncer -estudos o associam, por exemplo, à diminuição do risco do
câncer de próstata.

A má notícia: o cultivo convencional do tomate usa uma quantidade


significativa de agrotóxicos, que podem causar danos à saúde.
O que fazer: como o licopeno é encontrado principalmente na polpa,
e não na casca, tirar a pele do tomate retira boa parte dos
agrotóxicos sem que o nutriente se perca. Na forma de molho,
preparo mais comum com o tomate pelado, a concentração da
substância antioxidante é ainda maior. E, se for acrescentado
azeite, aumenta a absorção de licopeno pelo organismo. Para quem
quer comer o tomate cru com a casca, lavar o vegetal com água e
sabão elimina parte dos resíduos químicos, deixando-os em um
nível seguro. Consumir tomate orgânico certificado também resolve
o problema.

CAFÉ

As boas notícias: contém substâncias antioxidantes que podem


reduzir a incidência de alguns tipos de câncer e o desenvolvimento
do diabetes. Estimula funções cognitivas e é possível que previna a
degeneração cerebral.

A más notícias: o café provoca secreção de ácidos estomacais


relacionados à ocorrência de problemas gastrointestinais como
gastrites. A bebida pode alterar o colesterol e aumenta a eliminação
de cálcio pelos rins, piorando o risco da osteoporose.

O que fazer: quem tem propensão a irritações gastrointestinais deve


tomar o café logo após as refeições -no estômago vazio, a ação dos
ácidos é maior. Quem tem gastrite deve suspender o consumo nas
crises agudas. Como o aumento do nível de colesterol no sangue é
explicado por duas substâncias presentes no pó, o cafestol e o
cafewol, basta preparar a bebida com filtro ou coador, que retém as
substâncias. Em relação à eliminação de cálcio, o tipo de preparo
que provoca menos perda do mineral é a do expresso. Nessa
forma, é possível beber até seis xícaras diárias sem aumentar o
risco de osteoporose; em outros preparos, a recomendação para
prevenir a doença são quatro xícaras por dia.

PEIXE

As boas notícias: são fontes de proteínas de alta qualidade com


poucas gorduras saturadas. Algumas espécies são mais ricas em
ômega 3, gordura tida como benéfica por ajudar a prevenir doenças
cardiovasculares -segundo alguns estudos, ela contribui ainda para
proteger as atividades cerebrais.

A má notícia: quase todos os peixes contêm, em maior ou menor


grau, mercúrio, substância que pode se acumular na corrente
sangüínea e que, em altos níveis, pode causar danos ao feto ou ao
desenvolvimento de crianças pequenas.

O que fazer: quando a quantidade de mercúrio é pequena, ela é


eliminada do corpo naturalmente. Escolher peixes menos expostos
à substância, como os de águas profundas, é uma forma de se
garantir. Espécies como salmão e sardinha, que contêm mais
ômega 3, não estão entre os peixes com alta concentração de
mercúrio, segundo a FDA (agência que controla alimentos e
medicamentos nos EUA). O peixe-espada e a cavala estão entre as
espécies em que foram detectadas mais mercúrio. Uma dica: incluir
na dieta fontes de selênio (como nozes e castanhas) ajuda a
diminuir a absorção orgânica de mercúrio.

CHÁ VERDE

A boa notícia: a alta concentração de compostos antioxidantes


ajuda a prevenir doenças como o câncer.

A má notícia: populações que consomem muito chá verde têm mais


câncer do trato digestivo (esôfago, estômago etc.).

O que fazer: a hipótese dos especialistas é que é provável que os


casos de câncer estejam relacionados mais ao hábito de ingerir o
chá muito quente do que à composição da bebida. Então, dá para
aproveitar os benefícios sem se expor aos riscos apenas esperando
a bebida ficar morna ou em uma temperatura que não cause
desconforto. Um conselho para quem tem o costume de tomar
bebidas muito quentes: o hábito pode diminuir a sensibilidade ao
calor.
Fontes: ANITA SACHS, professora da disciplina de nutrição da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo); JOCELEM MASTRODI SALGADO, presidente da SBAF
(Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais); LUIZ ANTONIO MACHADO CÉSAR,
coordenador da Unidade de Pesquisa Café-Coração do Incor-HCFMUSP (Instituto do
Coração do Hospital das Clínicas); RAUL DIAS DOS SANTOS, cardiologista, diretor
da unidade clínica de lípides do Incor; SOLANGE GUIDOLIN CANNIATTI BRAZACA,
professora do departamento de agroindústria, alimentos e nutrição da Esalq (Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz); TÂNIA RODRIGUES, especialista em
nutrição esportiva pela Associação Brasileira de Nutrição e diretora técnica da RG
Nutri; TATIANA FREITAS TOURINHO, coordenadora, da comissão de doenças
osteometabólicas da SBR (Sociedade Brasileira de Reumatologia)

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq2009200704.htm

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