Sie sind auf Seite 1von 6

12 X 8 – MEDICINA – HIPERTENSÃO ARTERIAL

Fábio de Oliveira

Quem tem essa medida de pressão, antes considerada normal,


deve abrir o olho e adotar atitudes preventivas: o valor agora
indica pré-hipertensão, dizem especialistas americanos. Entenda
por quê.

De tempos em tempos, os médicos se reúnem para, baseados em


evidências científicas, traçar diretrizes para tratamento e a prevenção
de males. Foi assim com os nefrologistas e os cardiologistas
americanos, a turma que se dedica à hipertensão. Em maio do ano
passado eles soltaram uma prévia de novas orientações dos Institutos
Nacionais de Saúde, nos Estados Unidos – mas o relatório completo
só foi publicado nos últimos dias de 2003. Armou-se o maior rebu.
Tudo porque os especialistas modificaram a maneira de classificar as
medidas da pressão sangüínea. O pessoal que antes se encontrava
nas categorias normal (de 12 por 8 a 12,9 por 8,4) e limítrofe (de 13
por 8,5 a 13,9 por 8,9) se tornou pré-hipertenso da noite para o dia.
Muita gente pensou já estar doente, o que não é o caso. “De início
houve alguma confusão”, disse à SAÚDE! Daniel W. Jones, professor
de Medicina da Universidade do Mississipi, nos EUA, que ajudou a
redigir o documento. Vários médicos brasileiros e europeus torceram o
nariz para essa história.

Ao adotarem a nomenclatura pré-hipertensão, os americanos, além de


tentar simplificar a forma como se classificam as medidas de pressão
arterial, visam principalomente fazer com que as pessoas adotem
atitudes preventivas para que não fiquem anos mais tarde à mercê do
mal – não há estatísticas brasileiras, mas somente nos Estados
Unidos acredita-se que existam mais de 50 milhões de hipertensos. E
ficar sob os caprichos da pressão alta é péssimo: ela está diretamente
associada a derrame, infarto e problemas renais.

“A pré-hipertensão é uma forma de alerta, como um sinal amarelo”, diz


o nefrologista Agostinho Tavares, da Universidade Federal de São
Paulo. “Ou seja, quando você passa no amarelo, não há propriamente
uma infração da lei”, ele completa. Só que, sem dúvida, há um risco.
“Os pré-hipertensos são os mais suscetíveis a ter pressão alta”, diz
Daniel W. Jones. “Dessa forma, devem mudar seu estílo de vida.” Em
outras palavras, esses indivíduos não são considerados doentes que
precisam incluir no seu dia-a-dia remédios para controlar o problema,
porém, devem ficar espertos.

O cardiologista Heno Ferreira Lopes, do Instituto do Coração, em São


Paulo, vai mais longe: “Com ou sem risco, todo mundo deveria se
prevenir”. O conselho deve ser reforçado para quem tem histórico de
hipertensão na família. Um estudo conduzido por Ferreira Lopes
comparou 42 filhos de portadores de um tipo severo de hipertensão
com 35 jovens cujos pais tinham um perfil normal. Resultado: a
pressão do primeiro grupo foi maior do que a do outro.

A síndrome do sofá

O desafio para os pré-hipertensos é evitar os fatores clássicos que


põem a pressão lá nas alturas, como aqueles quilos a mais, muito sal
na comida, pouca atividade física, a escassez de frutas, verduras e
legumes na alimentação cotidiana, sem falar nas doses exageradas de
bebidas alcoólicas e nas tragadas de cigarro.

Desses fatores, o excesso de peso chama a atenção por ser uma das
pragas do nosso século. “O obeso tem mais líquido circulando no
corpo”, explica o cardiologista e nefrologista Celso Amodeo, do
Hospital do Coração, em São Paulo, e presidente da Sociedade
Brasileira de Cardiologia. Esse volume extra força o organismo a
trabalhar redobrado, principalmente os rins, encarregado de filtrar os
líquidos e responsáveis pelo equilíbrio dos níveis de pressão arterial.

E mais: a gente não se cansa de ouvir que os rechonchudos têm


maior tendência a acumular gorduras nas artérias. É chato repetir a
ladainha, porém é a pura verdade, já que esse acúmulo atrapalha a
livre circulação do sangue. E esse problema de trânsito provoca a
subida você já sabe do quê, não é mesmo? O relatório americano
aponta que uma pequena perda de 4,5 quilos nas dobras do corpo
já reduz a pressão – claro, o ideal mesmo é manter a boa forma.
Para ficar esbelto, além de controle do que se come à mesa é preciso
se exercitar – uma caminhada de 30 minutos diários algumas vezes
por semana é uma boa, recomenda o relatório. Na contramão desse
hábito saudável, refestelar-se no sofá diante da tevê colabora para a
pressão disparar. “O sedentário tem de produzir mais insulina para que
o açúcar entre nas células”, explica Celso Amodeo. Quando esse
hormônio tem seus níveis elevados no organismo, há um estímulo
para que o sistema nervoso simpático entre em ação – e uma de suas
funções é liberar substâncias que deixam os vasos mais contraídos. O
final dessa novela já é conhecido por todos nós.

Caprichar além da conta nas pitadas de sal pode ser um excelente


combustível para explodir a pressão. Determinados indivíduos são
mais sensíveis ao ingrediente. Mesmo ingerindo pequenas
quantidades, a pressão deles salta. Infelizmente ainda não há um
exame para flagrar essa tendência. Dessa forma, a saída garantida é
moderação sempre.

“O indicado são de 4 a 6 gramas de sal por dia, o equivalente a 1


colher de chá”, aconselha Celso Amodeo – os americanos são ainda
mais radicais e recomendam somente cerca de 2,5 gramas por dia,
pouco mais do que 1 colher de café.

O problema é que, no Brasil, se ultrapassa qualquer um desses limites


fácil, fácil, chegando-se a consumir até 16 gramas por dia. Além disso,
o tempero pode estar escondido até em doces, como o chocolate. Ele
também é muito utilizado para conservar produtos industrializados,
como enlatados e embutidos. O olho no rótulo é indispensável,
portanto, já que o ingrediente sobrecarrega os rins.

Os cientistas ainda não sabem por quê, mas o álcool além da conta é
outro que dispara os níveis de pressão. “Ele intensifica a presença de
hormônios do estresse, que levam à vasoconstrição”, suspeita a
cardiologista Lucélia Cunha Magalhães, doutoranda do Instituto de
Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia. “Em pequenas
doses, no entanto, pode até fazer bem, pois deixa o sangue mais
fluido e eleva a proporção de HDL, o colesterol bom”, ela completa.
Assim, uma taça diária de vinho tinto é vem vinda – a garrafa inteira
pode ser outra história.
Na hora de se alimentar, o pré-hipertenso – como qualquer indivíduo
ligado em prevenção – precisa investir em verduras, frutas, cereais,
legumes e carnes magras. “Assim, há uma menor oxidação das
gorduras e de outras moléculas do organismo, o que diminui o risco da
hipertensão”, justifica a nutricionista Liliana Bricarello, da Unifesp.

As recomendações americanas são enfáticas: para afastar a ameaça


da pressão nas alturas o cigarro precisa ser apagado de vez. “Ele tem
várias substâncias tóxicas que são vasoconstritoras”, diz Celso
Amodeo. “E fumar aumenta a variabilidade da pressão ao longo do
dia.” Ou seja, a pressão do fumante vive numa perigosa brincadeira de
bangorra. Sem contar que os componentes do cigarro agridem o
endotélio, o revestimento interno das artérias.

O abandono do tabagismo, como qualquer outra atitude saudável, não


pode ser temporário. Quem apresenta níveis normais de pressão aos
55 ou 65 anos tem 90% de risco de se tornar hipertenso ao ultrapassar
a barreira dos 80. Domar a pressão é um compromisso para a vida
inteira. E que ela seja longa.

Duas visões sobre o mesmo problema


Como americanos e brasileiros classificam a pressão

Brasil EUA Máxima Mínima


Ótima Normal <12 <8
Normal Pré-hipertensão de 12 a 12,9 de 8 a 8,4
Limitrofe Pré-hipertensão de 13 a 13,9 de 8,5 a 8,9
Hipertensão Hipertensão de 14 a 15,9 de 9 a 9,9

Contrai e relaxa, contrai e relaxa ...


A cada batida cardíaca, geram-se duas pressões contínuas nos vasos,
a máxima e a mínima.
1 – O coração se contrai e empurra com todo vitor o sangue para
irrigar o corpo. Tamanha força exerce uma pressão uma pressão
máxima sobre os vasos. É a sístole.
2 – Quando esta bomba se relaxa para, em seguida, ser enchida
novamente de sangue, ocorre a pressão mínima. É a diástole.
Estima-se que 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo soframd e
hipertensão

Orquestra afinada
Momento a momento, como o sistema nervoso regula a pressão
arterial.

1 – Quando o átrio e o ventrículo, câmaras do coração, ficam muito


distendidos, receptores ali localizados relatam o ocorrido ao sistema
nervoso – afinal, mais líquido é igual a maior pressão interna.
2 – Daí, a frequência cardíaca aumenta para que o coração esvazie
suas cavidades.
3 – Enquanto isso, nos rins, a produção de urina sobe. O motivo? O
sistema nervoso faz a glândula hipófise inibir a produção do hormônio
antidiurético. E os vazinhos renais se relaxam.
4 – Nas grandes artérias, há sensores conhecidos como
barorreceptores que percebem as subidas de pressão. Quando isso
ocorre, os vasos, elásticos, tentam se adaptar. Para restabelecer o
equilíbrio, caem a freqüência cardíaca e a contração dos vasos.
5 – Já os quimiorreceptores, que também ficam nas artérias, dão o
alerta para elevar a freqüencia respiratória se há queda de oxigênio na
circulação. Além disso, os vasos se contraem para que o oxigênio
chegue depressa ao corpo inteiro.

Os pré-hipertensos devem medir sua pressão pelo menos uma


vez por ano.
E o sal com tudo isso?
Como ele participa do mecanismo que regula a pressão.

1 – Um pequeno aporte de sódio já faz o rim produzir uma enzima


chamada renina.
2 – Quando cai na circulação sangüínea, ela interage com uma
substância chamada angiotensinogênio. Dessa união surge a
angiotensina I.
3 – Em seguida, nos pulmões, essa angiotensina I é transformada por
uma enzima em angiotensina II, o hormônio propriamente dito.
4 – A angiotensina II se liga a receptores ao longo do entotélio, a
camada interna que reveste os vasos. Daí eles se contraem.
5 – A angiotensina II também atua na glândula supra-renal,
estimulando a produção do hormônio aldosterona. Essa substância faz
os rins reterem ainda mais sal e água.

A funcionária pública paulistana Cristiane Gregório Bueno Camargo,


de 31 anos, é uma integrante do gigantesco bloco do 12 po 8. Filha de
mãe com colesterol alto e pai diabético e hipertenso, ela tem
procurado se cuidar. Cumpriu sua palavra e pôs em prática uma de
suas resoluções de ano novo: já emagreceu 2 quilos. Cristiane ainda
pretende voltar à ginástica e, na hora das refeições, tem dado
preferência a verduras e legumes, reduzindo a quantidade de
alimentos gordurosos no prato. “Como sei que tenho predisposição à
pressão alta, zelo pela minha saúde para evitar o problema”, diz ela.

Fonte:
Revista Saúde! N.º 245 – fevereiro 2004 –
Páginas 32-37.

Das könnte Ihnen auch gefallen