1- Consideramos a avaliação de desempenho um instrumento de promoção da qualidade do trabalho
docente e do desenvolvimento profissional. 2- O modelo de avaliação do desempenho definido no Decreto Regulamentar nº 2/2008 é criador de injustiças, é excessivamente burocrático, não favorece a qualidade educativa e é estrangulador de um ambiente de trabalho colaborativo, de partilha e socialmente favorável. 3- Este modelo de avaliação de desempenho foi criado de forma desorganizada, com as instruções e procedimentos publicados de forma intermitente. Foi aprovado e publicado depois de ter iniciado o primeiro biénio de avaliação (2007/2009). 4- A maioria dos docentes não teve qualquer formação específica sobre este modelo de avaliação, particularmente sobre a definição de objectivos mínimos, relatório de auto-avaliação e procedimentos gerais de avaliação. 5- A avaliação por pares assenta numa divisão artificial dos professores, após a realização de um concurso para professore titular criador de injustiças entre os docentes, ao basear-se apenas nos últimos sete anos de serviço. 6- Este modelo de avaliação de desempenho é excessivamente burocrático, obrigando ao preenchimento de um grande número de parâmetros e de fichas, à organização e disponibilização de documentos diversos e a uma grande complexidade de indicadores. É, em vários aspectos, um atentado à legalidade, colidindo com normativos consignados no Código do Procedimento Administrativo, no Desp. Normativos nº 1/2005 e 10/2004 (avaliação dos alunos do Ensino Básico e Ensino Secundário) e no próprio ECD. 7- Este modelo de avaliação de desempenho está a implicar uma grande mobilização de recursos económicos e humanos, não deixando o espaço de conforto necessário para o desenvolvimento e acompanhamento do trabalho docente com os alunos. 8- É particularmente desajustado um modelo de avaliação que prevê: periodicidade bienal; observação de aulas a todos os professores; responsabilização dos professores pelo abandono e pelo sucesso/insucesso; desenvolvimento de actividades e projectos não integradas em PEE, PCT ou PAA; Cumprimento do serviço sem ter em conta as faltas legalmente consignadas como equivalentes a trabalho efectivo; desenvolvimento de actividades diversas (actividades lectivas, apoio aos alunos, substituições e permutas, relação com a comunidade, projectos e actividades extracurriculares, projectos de inovação e desenvolvimento educativo, etc...) 9- É um modelo de avaliação que traz um trabalho acrescido à já extensa lista de actividades e funções atribuídas ao professor, consignadas no ECD, em que, algumas delas, são autênticas actividades lectivas, porque são trabalho com alunos e exigem planificação. 10- Este modelo de avaliação não constitui um instrumento de melhoria da escola pública, não discrimina positivamente, está submetido a uma lógica penalizadora, separa artificialmente professores com igual competência.
Os professores abaixo assinados solicitam ao Conselho Pedagógico a suspensão dos procedimentos
relacionados com a avaliação docente, na defesa dos professores e da qualidade de ensino desta escola, sob pena de sair prejudicado o trabalho com os alunos. Solicitam que os órgãos de gestão da escola exerçam pressão no ME, retratando a realidade criada por este modelo de avaliação docente. Matosinhos, 20 de Outubro de 2008.