UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

PAULA KAREN BERLOFA SOARES

HUMBERTO FREITAS DA SILVEIRA
MICHELI KLEMKE PINHO DUTRA
NARA SALES CORREA

A ALQUIMIA DO EROTISMO NA LITERATURA:

O VERBO SUBLIMADO NA PUBLICIDADE E PROPAGANDA

MOGI DAS CRUZES – SP

2008
 UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
PAULA KAREN BERLOFA SOARES 51.182
HUMBERTO FREITAS DA SILVEIRA 50.876
MICHELI KLEMKE PINHO DUTRA 46.584
NARA SALES CORREA 53.870

A ALQUIMIA DO EROTISMO NA LITERATURA:

O VERBO SUBLIMADO NA PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Relatório de pesquisa sobre Processos e

Produtos Midiáticos apresentado ao curso de
Publicidade e Propaganda da Universidade
de Mogi das Cruzes como parte dos
requisitos para o desenvolvimento do
projeto.
Professora orientadora: Luci Bonini

MOGI DAS CRUZES – SP

2008
 3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................4
2. LITERATURA E EROTISMO.........................................................................6
2.1 LITERATURA, CONTO E POESIA .............................................................6
2.2 O PAVIO ERÓTICO ....................................................................................7
2.2.1 AS ORIGENS DO CONCURSO...............................................................7
2.2.2 A PREMIAÇÃO ......................................................................................10
2.2.3 OS VENCEDORES DO CONCURSO ...................................................14
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................25
4. REFERÊNCIAS ..........................................................................................27
 4

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como tema “A alquimia do erotismo na literatura: o verbo

sublimado na Publicidade e Propaganda”, que foi abordado do 1º Concurso de
Literatura Erótica de Suzano, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de
Suzano, Secretaria Municipal de Saúde de Suzano e Prefeitura Municipal de Suzano
que foi originado através do Pavio Erótico - um sarau organizado pela Secretaria
Cultural de Suzano. Este, por sua vez, resultou num livro cujo objetivo é divulgar os
métodos de prevenção das DST/Aids.
Esta pesquisa se justifica, na medida em que há um cruzamento entre a
publicidade e a questão da conscientização dos jovens com relação ao sexo e suas
conseqüências.
Como alunos de Publicidade e Propaganda estamos fazendo uma análise dos
efeitos do erotismo e seus reflexos na mídia assim mencionados e, com isso,
analisando o impacto que o livro “Amor Lúbrico – Textos para serem lidos na cama”,
livro gerado pelo concurso, está causando na sociedade. Para especificar Erotismo,
utilizamos o conceito de Bonini.
Temos como objetivos, conceituar erotismo e pornografia na literatura,
analisar a campanha publicitária do 1º concurso de literatura erótica de Suzano e
analisar os resultados do concurso na mídia impressa, assim como temos feito.
Nosso aspecto de pesquisa é tanto qualitativo, avaliando contos e poesias de
acordo com os critérios designados no regulamento do concurso, quanto
quantitativos, utilizando números do resultado do concurso, suas pontuações e
colocações já divulgadas. Estamos utilizando também o método indutivo, pois é um
concurso onde cada vencedor divulgou o seu conto e/ou poesia para a sociedade
através de um livro e assim podemos compreender melhor como o erotismo se
espelha nos poemas e contos. Métodos exploratórios, onde estamos levantando
dados bibliográficos das matérias pesquisadas para o aprofundamento do tema.
Método descritivo, estamos descrevendo os acontecimentos do concurso, como
levantamento de dados e questionários. As técnicas de pesquisa de campo também
estão sendo utilizadas, sendo que entrevistamos os organizadores e pretendemos
entrevistar também os ganhadores do concurso. Técnica telematizada, pesquisamos
matérias e informações adicionais para o nosso aprofundamento no assunto. Por
 5

fim, utilizamos a técnica documental, onde fizemos um levantamento para

analisarmos como surgiu o concurso e seus regulamentos e quem foram os
criadores e colaboradores.
Essa pesquisa tem como fundamento teórico Paz (1993 – 1976), Drummond
de Andrade (1994), Estés (1994), Bonini (2008), Moisés (1979), Sant’Anna (2002),
de modo a esclarecer a literatura erótica e a publicidade, que tomamos como base
de estudo para aprofundamento do assunto.
A partir desses estudos pretende-se demonstrar como um concurso literário é
divulgado na mídia utilizando como recurso persuasivo o erotismo.
O erotismo, a sensualidade e até mesmo a pornografia são recursos
persuasivos utilizados em várias criações humanas como as artes, a literatura, o
cinema e até mesmo, nos bens simbólicos da indústria mediática.
 6

2. LITERATURA E EROTISMO
2.1 LITERATURA, CONTO E POESIA

Segundo Bonini, a palavra erotismo vem do Deus grego Eros, filho de Afrodite
deusa do amor e da beleza e amante de Psique. Eros, ou cupido, era representado
por um menino armado de arco e flechas, com as quais ele acertava o coração dos
homens fazendo nascer o Amor. Eros casou-se com Psique e no devido tempo
nasceu seu filho, chamado Voluptas (prazer).
Erótico e erotismo hoje têm a conotação de manifestações sensuais, o
erotismo está ligado ao sexo, ao corpo e suas formas ou funções sexuais. Segundo
informações de Fernanda Queiróz tiradas do site http://www.poemas-de-
amor.net/afinal_o_que_e_o_conto:
Conto é a designação que damos à forma
narrativa de menor extensão e que se
diferencia do romance e da novela não só
pelo seu tamanho, mas também por
possuir características estruturais
próprias.(...) O conto é uma narrativa
breve; desenrolando um só incidente
predominante e um só personagem
principal, contém um só assunto cujos
detalhes são tão comprimidos e o conjunto
do tratamento tão organizado, que
produzem uma só impressão.

Par conceituar poesia, utilizamos como pesquisa o site da Wikipédia

http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/O_que_e_Poesia_Artigos/o_que_e_p
A Poesia é uma das sete artes tradicionais,
através da qual a linguagem humana é
oesia_wikipedia.html
utilizada com fins estéticos. (...) A poesia, no
seu sentido mais restrito, parte da linguagem
verbal e, através de uma atitude criativa,
transfigura-a da sua forma mais corrente e
usual (a prosa), ao usar determinados
recursos formais. Em termos gerais, a poesia
é predominantemente oral - mesmo quando
aparece escrita, a oralidade aparece sempre
como referência quase obrigatória,
aproximando muitas vezes esta arte da
música.

2.2 O PAVIO ERÓTICO

 7

2.2 O PAVIO ERÓTICO

2.2.1 AS ORIGENS DO CONCURSO

No dia 29 de setembro de 2007, a Prefeitura Municipal de Suzano com o

apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Suzano e Secretaria Municipal de
Saúde de Suzano, lançaram o 1° Concurso de Literatura Erótica de Suzano, que
aconteceu durante o Pavio Erótico - que é um sarau literário que aborda entre outros
assuntos a conscientização e prevenção das DST/AIDS – que foi realizado no
Centro de Educação e Cultura “Francisco Carlos Moriconi”, e contou com a presença
de Walmir Pinto, secretário da cultura, e de Célia Cristina Pereira Bortoletto,
secretária da saúde. O concurso contou como meio de divulgação, a internet,
liberação de cartazes em postos de saúde, nas associações de literatura e nas
secretarias do município do Alto Tietê. Primeiramente o concurso foi aberto somente
para o município do Alto Tietê e, posteriormente aberto para a Grande São Paulo.
Como se pode ver, as imagens escolhidas para representar o Pavio erótico
são:

Fig 1 _ 1º cartaz de divulgação do Fig 2 _ 2º

cartaz de divulgação do
concurso concurso
 8

O cartaz, também de divulgação anexado abaixo tinha como expressão uma

temperatura quente quando abordada a imagem de dois corpos nus entrelaçados
um ao outro, e ao mesmo tempo despertando ao desejo. Conforme podemos ver.

Fig 3 _ Como podemos perceber, esse cartaz segue a mesma linha do Sarau que idealizou o
concurso.

Segundo Octávio Paz:

A modernidade dessacralizou o corpo e a
publicidade o usou como um instrumento de
propaganda. Todos os dias a televisão nos
apresenta belos corpos seminus para
anunciar uma marca de cerveja, um móvel,
um novo modelo de carro ou meias
femininas. (...) O erotismo transformou-se
num departamento da indústria da
publicidade e num ramo do comércio. No
passado, a pornografia e a prostituição eram
atividades artesanais, por assim dizer, hoje
são parte essencial da economia do
consumo. Não me alarma a sua existência,
mas sim as proporções que assumiram e a
natureza que têm hoje, ao mesmo tempo
mecânica e institucional. Deixaram de ser
transgressões.
 9

Segundo Bonini(2008) a semiose é o processo que leva ao crescimento do

significado dos signos. O conceito de semiose conforme podemos observar neste
cartaz faz com que a sensualidade ai presente anuncie a proposta do concurso.
O material publicitário deixa transparecer não só o objetivo do concurso assim
como se utiliza de imagens sensuais para chamar a atenção do público alvo.
Depois da divulgação feita, deu-se a seqüência ao concurso que conforme se
sabe, ele é realizado todos os anos pela Secretaria Municipal de Cultura com tema
livre e a idéia do concurso de literatura erótica tem como objetivo, esclarecer a
diferença entre pornografia e erotismo, e com isso tirar o preconceito que muitos têm
em relação a essa literatura.
Conforme Ademiro Alves, o Sacolinha (2008), organizador do projeto, o
conceito de pornografia trata de um ato mais explícito e vulgar e o erotismo trata-se
de algo mais sensual, instigando suas vontades e atiçando seus desejos.
(...) Pornografia, eu costumo dizer muito que
é a mulher pelada, erotismo é sensualidade
é a mulher de calcinha e sutiã, com o seu
lingerie, aquele momento, aquela coisa que
você vê, aquela cena, ou o homem também,
de você ver aquela cena, aquilo ali é puro
erotismo, é pura sensualidade, agora, de
repente, quando já está sem roupa, quando
já está nos vamos ver, a partir daquele
momento acaba se tornando pornografia. (..)

Fig 4 _ Ademiro Alves, o Sacolinha.

 10

Já no conceito de Octavio Paz :

(...) o erotismo é exclusivamente humano: é
sexualidade socializada e transfigurada pela
imaginação e vontade dos homens. A
primeira coisa que diferencia o erotismo da
sexualidade, é a infinita variedade de formas
em que se manifesta, em todas as épocas,
em todas as terras.

2.2.2 A PREMIAÇÃO

No dia 29/03/08 ocorreu o Pavio Erótico no Centro de Educação e Cultura de

Suzano, onde foram divulgados os ganhadores do concurso, levando em
consideração os 20 melhores textos, entre contos e poesias, das 120 inscrições.

Fig 5 _ Alguns dos ganhadores do concurso entre contos e Poesias. (Evento realizado em
29/03/08).

No dia 28/06/08, foi realizado o 2º Pavio Erótico, que foi o dia do lançamento
do livro “Amor Lúbrico – Textos para serem lidos na cama”, que foi o resultado final
do concurso onde foram divulgados os poemas e contos vencedores e seus autores.
Cada ganhador recebeu cerca de 10 exemplares do livro.
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Fig 6 _ Divulgação do Pavio Fig 7 _ Convite

Foi um evento aberto ao público com direito a sorteio de brindes aos

convidados, declamação de alguns poemas e contos ganhadores, apresentação do
representante e organizador Sacolinha e autores, brinde para todos que continha um
pequeno sabonete de forma erótica e um preservativo e coquetel de encerramento
com sessão de autógrafos.
Semiose, nos conceitos de Bonini(2008) é um processo irreversível, onde o
tempo é o desvendar dos significados que construímos a partir das informações que
recebemos são as novas experiências, para a autora, que ampliam nosso
entendimento sobre o mundo, fazendo com que ampliamos nossos conhecimentos
do mundo ao nosso redor.
Quando se fala em campanhas de prevenção da DST/AIDS, pode se
entender que elas existem para deflagrar em processo de conscientização da
população, principalmente jovem, que se inicia na vida sexual.
Essas campanhas de signos que pretendem detonar em processo de semiose
junto ao público alvo servem justamente para ampliar a visão dos que só
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sexualmente ativos de modo que eles possam prevenir as doenças sexualmente

transmissíveis.
Para Bonini(2008) são as ações dos signos, são significados quem vem
sendo construídos na mente humana que leva os indivíduos a corrigir seus erros. O
homem tem uma tendência a auto correção ou auto-organização a fim de preservar-
se a si mesmo e a seus descendentes.

Fig 8 _ Foto tirada no dia do Pavio realizado em 28/06/08 (vencedores do concurso).

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Fig 9 _ Foto tirada no dia do Pavio realizado em 28/06/08 (Organizadores do concurso).

A obra contou com a tiragem de 5 mil exemplares, as quais foram distribuídas

gratuitamente em Postos de Saúde e doada a bibliotecas públicas e comunitárias da
Grande São Paulo.
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Fig 10 _ Livro autografado pelo Ademiro Alves (Sacolinha) ao grupo Voluptas

2.2.3 OS VENCEDORES DO CONCURSO

Os participantes que se inscreveram seguiram o seguinte regulamento, o qual
exigia que os trabalhos fossem eróticos com viés para conscientização e prevenção
das doenças sexualmente transmissíveis (DST/AIDS), deveriam ser inéditos e todos
os participantes deveriam ser maiores de 18 anos.
Conforme consta no regulamento:
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O julgamento dos trabalhos, será da inteira

competência de uma comissão julgadora,
formada por agentes de saúde, escritores e
professores, com conhecimentos literários que
os tornam amplamente aptos a julgar e
classificar os textos. A decisão dos jurados é
irrecorrível.
Critérios de avaliação:
a) Criatividade; b) Conteúdo; c)
Literariedade; d) Viés preventivo.

A comissão julgadora contou com José Maria Rodrigues Filho: professor

doutor em literatura portuguesa e africana pela Universidade de São Paulo – USP.
Participa de várias publicações e viaja para Portugal uma vez ao ano para ministrar
aulas de Literatura Brasileira e Literatura Portuguesa, e com Valéria de Oliveira:
fonoaudióloga formada pela USP atua no ambulatório de especialidades do
município de Suzano, SP. É poeta, com livros publicados: Crescente (1989), Luares
(1995), Pássaro Noturno (1995), Nudez (1997), Nascente (2001) e Femino (2006).
Também é compositora. Nasceu em Mogi das Cruzes, SP.
O organizador e coordenador literário da prefeitura de Suzano Ademiro Alves,
o Sacolinha, frizou que muitas pessoas estariam envolvidas nesse projeto, entre elas
profissionais da saúde, artistas, professores, escritores, poetas e movimentos como
o GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Transexuais e Transgêneros) e GLS (Gays,
Lésbicas e Simpatizantes.
E os vencedores foram:

POESIA

1º lugar – Antonio Fernando de Souza – O mergulho do pássaro.

2º lugar – Geraldo Trombin – Desmatada, porém virgem.
3º lugar – Ângelo Macedo – Hígido & sensível.
4º lugar – José Carlos Brito – Plenitude.
5º lugar – Elisabete da Silva Costa – Quem é você?
6º lugar – Denize Muller – Herança.
7º lugar – Cláudio Roberto da Silva, o Cákis – Quero gozar com você a vida.
8º lugar – Paulo Odair – A essa hora.
9º lugar – Raimundo Alves – Testemunha ocular.
10º lugar – Francis Gomes – Prazer total.
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CONTOS

1º lugar – Marco Aurélio Pinheiro Maida – Ébano luminoso.

2º lugar – Yoseph Yomshyshy – In mundus diferentes firmati sumus.
3º lugar – José Carlos da Silva – Sem tempo para pequenas coisas.
4º lugar – Celso Lopes – O perfume do homem.
5º lugar – Júlio César Seidenthal de Paiva – Oração urbana de um tempo que
profana
6º lugar – Gláucio Cabral – Flash Back – segundo capitulo
7º lugar – Waldecy Ferreira da Silva – Castigo ou perdão – você decide
8º lugar – Priscila Moraes dos Santos – Ato selvagem
9º lugar – Nina Capucci – A surpresa
10º lugar – Maria Cristina Aro – Sexo bom, gostoso e seguro.

CATEGORIA POESIA
GANHADOR 1º LUGAR
Antonio Fernando de Souza _ Natural de Mococa, SP, é ortodontista e
radicado em Mogi das Cruzes, SP, desde 1958. Participa do grupo Entremeios
Literários. É ativo participante de concursos poéticos regionais e interestaduais com
boa aceitação. É membro do Conselho de Cultura da Prefeitura Municipal de Mogi
das Cruzes.

O MERGULHO DO PÁSSARO
O pássaro encapuzado
posou no púbis
acarinhado,
mergulho ardente
em entrega de arribação.
Lançou sementes
num campos de intimas estocadas
de olhos revirados.
Uma passagem estreita
de pêlos eriçados
 17

balançou na rede
num vai e vem
de ondas navegadas!

GANHADOR 2º LUGAR
Geraldo Trombin _ É diretor de criação/redator em agência de publicidade e
membro do Espaço Literário Nelly Rocha Galassi, de Americana, SP. Lançou em
1981, o seu livro Transparecer a escuridão, de poesias e crônicas , produção
independente. Com mais de 40 classificações conquistadas em inúmeros concursos
realizados em várias partes do País, tem trabalhos publicados em mais de 20
antologias.

DESMATADA, PORÉM VIRGEM

E na mata
Desmatada, porém virgem,
Penetrei-me feito bandeirante,
Devastando, explorando
Tod’aquela terra de prazer.

Assim como a chuva,

Seu corpo molhado
No seco campo recosta
Após os céus ter cortado
Um infinito raio,
Relâmpago de prazer,
Acompanhado por excitantes vórtices
Do trovejar incessante,
Imenso vendaval de volúpia.

E, em desalinho,
Com suspeito desequilíbrio
Infiltrei-me degustando
Tod’aquela relva,
 18

Selva de prazer,
Sentindo levitar-me
Com aturdidos gestos sucessivos,
Inebriado
Pelo afrodisíaco perfume
Da selvagem terra molhada,
Debruçando constante meu corpo
Em quente colo.

E, na mata
Desmatada, porém virgem,
Penetrei-me feito bandeirante,
Devastando, explorando
Tod’aquela terra de prazer.

Amortecidos, enfim,
Após devastadas as matas
Desmatadas, porém virgens
Adormecemos
Amordaçados,
Colados,
Colo a colo,
No ais
D’uma canseira
Um tanto quanto sensual e excitante.
Dormimos como cordeiros
Pairando esticados
Em emplumadas nuvens
De uma libido animal.

E as matas
Desbravadas ainda mais
Entregaram-se a um leito
 19

Unidos por um sono profundo

Naquelas belas noites
De chuva,
De estelar céu reluzente
E lua cheia.
Amor tecidos enfim.

GANHADOR 3º LUGAR
Ângelo Macedo _ Militante do movimento literário de Guarulhos, SP,
participou da fundação Grupo Literário Letraviva e tem trabalhos publicados em
antologias, jornais e revistas, além de escrever textos teatrais e produzir peças, bem
como participar de atividades artísticas e culturais.

HÍGIDO E SENSÍVEL
Descobrindo emoções a dois, se amam!
Sensações e desejos se completam,
Tendo os amantes desejos sem limites!

Horas de paixões e o amor flui livremente

Investe com erotismo e vontades, selvagemente,
Valorizando os amantes e seus corpos em êxtase!

Amor sensual, prazer erótico, gostoso,

Invoca a fonte do êxtase, ávido e tinhoso!
Desejos nos corpos ardentes, numa infinita energia,
Sublimente partilham o prazer... plenamente!
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CATEGORIA CONTOS
TRECHOS DO 1º LUGAR
Marco Aurélio Pinheiro Maida _ É sócio-fundador APROFAT – Associação
dos Professores de Filosofia do Alto Tietê. Escritor, já publicou nas duas antologias
Trajetoria Literaria, da Secretaria de Cultura do Município de Suzano, SP. É
professor de filosofia nas redes públicas e privadas da região d Alto Tietê.

ÉBANO LUMINOSO
“ [...] A luz que emana de você é a luz que, se pretender nada, se difundi no
espaço, diáfano, suscetível, permeável; sua luz não queria me alcançar e eu não
queria perecebê-la... perceber sua luz foi um evento fortuito, casual... minha
condenação!
Um quadro, corpo negro, rijo, sentado em banheira branca... corpo nu,
contraste de cores, uma luz... eu e a luz que veio a mim sem pretender, eu e você...
um encontro.[...]”
“[...] O corpo negro do quadro não se contém, é movimento; não se permite
ser captura da luz de um momento; sentado na banheira, de costas, passa a mão
sobre a pele acarinhando o tecido ébano luminoso com a ponta dos dedos... a sua
luz... você... sorriso de canto de boca como quem se sabe observado e convida a si
todos que querem observá-lo[...]”
“[...] Não posso tocá-lo, me é impossível tanger a luz, ele me toca, me tange,
mas eu... seu escravo... submisso, só me percebo pleno de sua luz intensa, pleno
de você.
Me toca, então...[...]”
“[...] Embaixo do quadro guardei o resultado do exame... dia fatídico... você:
soropositivo – aidético! Sua luz em mim, sua ausência iminente, sua ausência
presente, sua luz em mim...
A enfermeira traz os remédios... coquetel, pílulas da vida, delatoras da nossa
irresponsabilidade, mantenedoras da minha angústia, da minha dor...
... tomo uma por uma, olhando o seu quadro, sua luz, você... minha
condenação.”
 21

TRECHOS 2º LUGAR
Yoseph Yomshyshy _ É contabilista, teólogo, escritor, professor, poeta,
musicista, artista plástico, Diretor de Cultura do Debate do Forum de Debates de
Arujá, SP, membro da Associação Cultural da Literatura do Brasil.

IN MUNDUS DIFERENTES FIRMATI SUMUS...

[In mundus diferentes firmati sumus...
Ex-tunc, uma persona habea
Vita, alter persona incalcea morte...-
Veritas est...
Em mundos diferente somos firmados
E desde então, uma pessoa
Tem a vida e outra pessoa encontra a
Morte... – e verdade!]

“ [...] Toma-se o metro da eternidade na estação dezenove [19], da estância

setembro, [2007] no terminal de embarque e desembarque de Arujá para apear na
estação dezesseis [16], da estância marco, da era mil, novecentos e oitenta e quatro
[1984], uma sexta- feira, no terminal de embarque e desembarque de São Sebastião
do Rio de Janeiro para acompanhar a odisséia do Marcelo.
Descemos a Rua do Passeio, passamos pelos [Arcos da Lapa], tomamos a
[Avenida Mem de Sá], e, empurrando a porta envidraçada, adentramos a [Boate Los
Angeles] que, na verdade, nada mais é do que um inferninho [...]”
“[...] A mesa sete [07] está lá, no canto esquerdo do salão, bem no vértice
onde vamos nos assentar e o Marcelo, de saída solicita ao garçom um samba: -
[Coca-cola com cachaça].[...]”
“[...] Não mais do que quinze [15] minutos depois, Maria Lúcia, uma beleza
exótica, vestindo uma minissaia preta e uma blusinha da mesma cor, vem e se senta
no colo do Marcelo, mais precisamente na pena esquerda, deixando a mostra uma
calcinha da cor amarela, levemente sombreada de preto pelos espessos e negros
pêlos do púbis. [...]”
 22

“[...] Marcelo e Maria Lúcia conversam por mais ou menos vinte [20] minutos
e, entrementes, se entregam a dança na pista contígua a localização das mesas.
[...]”
“[...] Entrementes, são duas horas e quarenta e cinco minutos [02h45] da
manhã; o Del-Rey azul estacionado à porta esta decorado pelas grossas gotículas
do orvalho prateado da madrugada em uma noite de lua cheia. [...]”
“[...] Os meus dedos tocam a porta envidraçada, abrem-na, e, somente, aí
percebo que estou acompanhado... – somos eu, o Marcelo e a Maria Lúcia. [...]”
“[...] O Marcelo, como que adivinhando o meu pensamento, sugere:... – [Olhe,
não se preocupe conosco, você se vai. Quanto a nós, tomaremos um táxi para o
Hotel Canário]. É o que eu desejava ouvir... [...]”
“[...] E pensar que dessa única noite de amor se originam os dias e as noites
intermináveis, enfiado em tubos, à mercê dos aparelhos e da dedicação dos staffs
dos médicos e dos enfermeiros, ainda mais entregue à dependência das Unidades
de Terapias Intensivas [UTIs].
As moléstias oportunistas se aproveitam, intensificam as sãs visitas... [Um
edema pulmonar, um edema de glote, uma amidalite, uma cistite, uma rinite, uma
pancreatite, uma apendicite, uma otite; quase todas as ites, do grego ites, ou
inflamações; o corpo frágil perante a contumaz aplicação do soro, da injeção
intravenosa, da injeção intramuscular, faz do Marcelo uma alma que definha sem
amor, sem Deus, sem paz, pois em sua mais crassa opinião tornara-se um ateu,
achando que Deus se obriga a curá-lo e, como se sabe, não é assim. [...]”
“[...] A doença é o resultado da sua mais profunda inconseqüência e da total
irresponsabilidade, falta de decoro e lisura de uma cortesã chamada Maria Lúcia... –
[o demônio da luxúria, da libidinagem e da promiscuidade]. [...]”
“ [...] Pena que ela já não existe como pessoa física para ouvir, para ler, sabe
lá, as minhas considerações e o Marcelo... – bem; daqui a pouco, temo, o Marcelo
será amontoado de ossos inertes e sem vida; é isso ai...
Quanto a você; previna-se...”
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TRECHOS 3º LUGAR
José Carlos da Silva _ Nascido em São Bernardo do Campo, SP, cidade da
qual adotou parte do nome para compor seu pseudônimo mais conhecido, Zeca São
Bernardo, escreve há seis anos, tendo conquistado alguns prêmios literários no
Brasil e um no Exterior.

SEM TEMPO PARA PEQUENAS COISAS

“ Ei-los aqui! - pensou Rodrigues. Afinal de contas, onde mais poderiam
estar? Senão alí, no velho sótão, amontoados com outras tantas lembranças... luva
de boxe, dos áureos tempos do clube, de quando papai o via entre os maiores
pugilistas do pís, bolas de todas as cores, infância passada nos parques, nos
bosques da cidade.
Sim, não poderiam estar num lugar melhor. Não que precisasse deles para se
lembrar dela, ali ficavam todas as coisas que remontavam a sua meninice e a sua
vida de solteiro.
Bianca, quis murmurar, mas o som que saiu de sua boca era muito mais que
um gemido, um fremido de seus lábios do que um nome reconhecível. Talvez a
vergonha, talvez o cuidado.
Já com a porta encostada, sentou-se num banco que para lá tinha carregado.
Passou as mãos nos cabelos, limpou o suor frio com o punho da camisa e tudo isso
não conteve sua memória.
Os olhos ali, fixos, ali tão fixos no par de sapatos brancos. Tremendo,
recolheu-os em suas mãos. Eram de saltos altos, brancos, nem de festa, nem de
noite, nem peca certa ou correta para uma mulher trabalhar. [...]”
“[...] Quem, quem não se perderia em seus encantos?! Ah... essas
lembranças hão de acompanhar-me até o fim, não te renego mas aos cantos de
minha memória Bianca. Deixo-a mais uma vez invadir minha vida e romper com
minha moral burguesa. [...]”
“[...] Toma-me a boca o gosto do seu beijo, sua saliva tão quente e outros
tantos sabores de seus humores colhidos todos com minha língua! [...]”
“[...] O ribombar da sua tranca m meu peito consome, ainda, minhas
fantasias, por quanto seus gemidos sussurram em meus ouvidos neste entardecer
de minha vida. Lágrimas percorrem minha face e quantas outras você não devorou?
 24

Quantos outros você não devorou no afã de sua fome de carne tenra e membros
grossos? Dos sais e sais do sabor e dos sabores desses amores assim vividos...
lamentações, sim, digo finalmente, lamentações. [...]”
“[...] Sim, Bianca, e pensar que foi sua falta de cuidado, de tempo para as
pequenas coisas, seu descaso que a levou embora! Sua tola certeza de que
preservativos só atrapalhavam, mudavam os sabores que apreciava em seu
paladar.
Vieram os primeiros sintomas, veio o exame e, com ele, o verídico: positivo,
HIV, positivo. [...]”
“[...] Você se foi, Bianca. Ficou aqui este par de sapatos. Das suas loucuras
restavam só lembranças. [...]”
 25

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que o concurso atingiu a objetividade de fazer com que a

população enfrente a questão de HIV/Aids e outras DSTs, fortalecendo a concepção
de que a saúde possa ser discutida em espaços alternativos e saudáveis.
Conforme o conceito de semiose, podemos notar que a mídia utiliza esse
processo a fim de chegar ao público na intenção de ampliar o entendimento sobre a
importância da prevenção, pois vem de processos de informações que recebemos
que acabam ampliando o nosso entendimento e conhecimento da prevenção das
DST/AIDS.
Pois por meio destas campanhas de prevenção pode-se entender que elas
existem para deflagrar um processo de conscientização da população,
principalmente jovem que se inicia na vida sexual.
Essas campanhas são signos que pretendem detonar um processo de
semiose, junto ao público alvo. A semiose dessas campanhas é justamente ampliar
a visão do público de modo que eles possam prevenir as doenças sexualmente
transmissíveis, e a ação dos signos, são significados que vão sendo construídos na
mente humana que levam os indivíduos a corrigirem seus erros. O homem tem a
tendência a auto-correção ou auto-organização a fim de preservar-se a si mesmo e
a seus descendentes.
Na publicidade ultimamente vemos muitas dessas campanhas que tendem ou
puxam ao erotismo, utilizando desses meios como artifício para de certa forma
estimular seu público alvo a “desejar”, despertando o desejo muitas vezes pela ação
dos signos representados por formas sensuais, provocantes que estimulem essa
necessidade de consumo.
Em campanhas de bebidas alcoólicas, principalmente as de cerveja, o
erotismo é fortemente ressaltado, notamos várias vezes que sempre aparecem
lugares paradisíacos, cores fortes e quentes, mulheres bonitas e sensuais entre
outros de certa forma apelando o objetivo de sedução e consumação do produto.
Podemos também acompanhar no decorrer dos tempos essas duas vertentes
de erotismo e pornografia que desde a antiguidade até chegar neste nosso tempo
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atual, vemos que muitos autores foram caçados e perseguidos pagando muitas
vezes com a vida ou trancafiados em calabouços a mercê da sorte.
Bocage foi um deles que se utilizava da escrita a sua forma de pensar, um
sujeito escrachado e irreverente de criticar a sua sociedade atacando tudo e todos
nem poupava o governo muito menos a igreja, foi preso e perseguido por falar mal
da miséria que assolava aquela época, onde o que se falasse ou escrevesse sobre
erotismo era uma heresia naquela época.
E não muito distante da nossa atualidade temos um grande escritor que se
destacou com seus escritos literários que até hoje é respeitado e admirado pelas
suas obras.
Carlos Drummont de Andrade vivia em uma época que o sexo era
considerado um tabu e também teve situações de perseguição que despertava e
aflorava seu desejo íntimo em cada conto que escrevia.
Como vimos ao longo do trabalho os conceitos de autores, estudiosos e
organizadores do concurso, vemos que até hoje esse assunto continua a ter um
olhar cheio de preconceitos diante de um tabu que foi criado ao se falar ou escrever
sobre sexo, pois é um assunto que incomoda ou não é bem aceito. Mas o concurso
de literatura que veio para quebrar essas barreiras de um modo inteligente, inovador
e clássico incentivando a população à leitura e a prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis desde a sua propaganda.
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4. REFERÊNCIAS

BONINI, Luci. http://www.lucibonini.blogspot.com/

DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. O amor natural. editora Records e serviços de

imprensa S.A., 1994.

ESTÉS, Clarissa P. – Mulheres que correm com lobos, Ed. Rocco, 5ª ed., RJ,
1994

FARINA, Modesto. Aspectos do marketing e da publicidade na américa Latina.

São Paulo: E.Blucher, 1981

FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4.ed. São Paulo:

E. Blucher, 2002

MOISES, Massaud. A Criação literária. 9 ª edição. Editora Melhoramentos, 1979

MONAQUEU, Ângelo. Poemas: sob a égide de Eros. 2.ed, 2001.

PAZ, Octávio – A dupla chama: amor e erotismo, Ed. Siciliano, 2ª ed., 1993

PAZ, Octavio. Signos em rotação. 2ª edição. Editora Perspectivas, 1976

ROSA, José Antônio et. al. Redigir e convencer. ed. rev. e ampl. São Paulo:
Editora STS, 2000.

SANT´ ANNA, Armando. Propaganda: teoria, técnica e prática. 4 reimpr. 7. ed.

rev. e atual., São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

STENGEL, Márcia. Obsceno é falar de amor?: As relações afetivas dos

adolescentes. Belo Horizonte, 2003

VEYNE, Paul. Elegia erótica romana (o amor, a poesia e o ocidente). São

Paulo:Brasiliense, 1983.