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A GRUPAMENTO DE E SCOLAS DE S.

J ULIÃO DA B ARRA – O EIRAS

E SCOLA B ÁSICA 2,3 S. J ULIÃO DA B ARRA – E SCOLA S EDE

Pedido de esclarecimento
A Comissão de Acompanhamento da Avaliação do Desempenho
Docente nomeada no Agrupamento de Escolas de S. Julião da Barra,
Oeiras, ao assumir a competência de “garantir o rigor do sistema de
avaliação, designadamente através da emissão de directivas para a sua
aplicação”1, após análise dos normativos legais e demais documentação
aplicável2, deliberou tornar pública a sua preocupação e perplexidade,
nomeadamente no que se refere aos pontos abaixo expostos.

Considerando que “A avaliação do desempenho do pessoal docente


visa a melhoria dos resultados escolares dos alunos e da qualidade das
aprendizagens e proporcionar orientações para o desenvolvimento pessoal
e profissional no quadro de um sistema de reconhecimento do mérito e da
excelência”, interroga-se:

1 – Em relação aos dados disponíveis sobre os resultados escolares dos


alunos,
Como promover a aplicação rigorosa de um sistema que parte de um
conjunto de dados relativos aos resultados escolares dos alunos, cuja
credibilidade e fiabilidade se não encontram devidamente estabelecidas,
nem reconhecidas de acordo com padrões nacionais e internacionais?
A análise dos resultados escolares dos alunos, obtidos nos anos
lectivos anteriores e na avaliação diagnóstica que temos vindo a praticar
desde 2006, constantes no Projecto Educativo do Agrupamento, baseou-se
num conjunto de indicadores recolhidos pelas escolas, de acordo com
critérios então disponíveis,3 mas que não seguiam ainda, como é lógico, as
condições mínimas de utilização segura definidas pelo Conselho
Científico4, a saber:
Não poderá
◊ Ignorar-se que no sistema educativo coexistem disciplinas que são objecto
de processo de avaliação interna, relativamente às quais não se exerce qualquer
tipo de aferição ou controlo externo; outras que são objecto de provas de aferição
e de exames nacionais para certificar as aprendizagens; e ainda outras que,

1
Decreto-lei 15/2007, artigo 43º6-a
2
Nomeadamente: o DL 15/2007 e DR 2/2008, os despachos aplicáveis, a nota de
esclarecimento da DGRHE, as recomendações do Conselho Científico para a avaliação
dos professores, o PEA e os PAAs das escolas do Agrupamento.
3
Esta situação é comum a todas as escolas do país como é reconhecido pelo conselho
científico de acompanhamento da avaliação
4
Recomendação nº 2 CCAP (7 de Julho 08)
pela sua especificidade, não são facilmente objecto de avaliação interna ou externa
(como, por exemplo, as que compõem os cursos de educação/formação);
◊ A produção de instrumentos de aferição fiáveis e de reconhecida credibilidade
científica é uma tarefa complexa e morosa, a desenvolver por instâncias competentes e
alheias ao processo de avaliação de desempenho;
◊ Torna-se necessária a existência de normas internacionalmente aceites para a
produção de testes que atendam à multiplicidade e complexidade referidas, bem como a
produção de indicadores de valor acrescentado para a quantificação de progresso dos
resultados escolares, para promover a eficácia do sistema sem pôr em causa os
princípios e os valores que o enformam, nem permitir a insegurança gerada pela
ausência de monitorização isenta e rigorosa;
◊ A utilização dos resultados escolares e a análise da sua evolução, para efeito de
avaliação de desempenho, não deve desligar-se do contexto particular da turma e dos
seus alunos, nem limitar-se, de forma alguma, a uma mera leitura estatística dos
resultados;
◊ No contexto de complexidade do processo de aprendizagem, não é possível
determinar e aferir com rigor até que ponto a acção de um determinado docente foi
exclusivamente responsável pelos resultados obtidos, conforme a literatura científica
consensualmente refere (…)
(…) Em consequência, o Conselho recomenda que:
• A melhoria dos resultados escolares constitua, em primeira instância, uma
responsabilidade partilhada pela escola e pelo docente;
• Os conselhos de docentes, de departamento e de turma se constituam como
instâncias de participação fundamental neste domínio, em diferentes fases do
processo, desde a análise e diagnóstico do desempenho escolar da turma e seus
contextos à avaliação final dos resultados atingidos;
• Na apreciação da evolução dos resultados escolares para efeitos de avaliação
de desempenho, a direcção da escola se apoie nas análises e pareceres dos
conselhos de docentes, de departamento e de turma sobre o comportamento dos
resultados escolares das turmas que o avaliado leccionou;
• A tutela pondere a adopção de medidas pelos serviços centrais do Ministério da
Educação com responsabilidades na produção de instrumentos de aferição das
aprendizagens e de estatística, destinadas a criar condições para viabilizar, de
forma credível e segura, a utilização dos resultados escolares para efeitos da
avaliação do desempenho docente;
• Seja de igual modo ponderada a adopção de medidas que capacitem os docentes
em matéria de avaliação aferida das aprendizagens, de modo a garantir uma
utilização correcta dos resultados escolares na avaliação do desempenho
docente;
• No caso particular da aplicação do processo de avaliação de desempenho ao
ano escolar de 2008-2009, o progresso dos resultados escolares dos alunos não
seja objecto de aferição quantitativa;
• No ano escolar de 2008-2009, cada escola aprofunde os instrumentos de
monitorização das aprendizagens, de forma a consolidar uma cultura de
avaliação e a estar em condições de interpretar os indicadores de resultados
escolares, de acordo com critérios e instrumentos a construir.

Esta situação tornou-se ainda mais complexa pelo facto de ter havido,
precisamente este ano lectivo, alterações importantes no modo de
2
funcionamento da Escola como organização, por via da publicação de
numerosa legislação. A nova orgânica das escolas (turmas maiores, novas
regras instituídas pelo recente estatuto do aluno, integração obrigatória dos
alunos abrangidos pela educação especial em turmas grandes) conformará
uma realidade diferente que não será rigorosamente comparável com as dos
anos anteriores.

Salienta-se a incongruência do sistema de ADD, em relação ao ensino pré-


escolar que se baseia em normativos e orientações do ME que não
contemplam nem a quantificação dos resultados escolares dos alunos nem
“o abandono escolar”, pois trata-se de um nível de ensino não obrigatório.

2 – Sobre a incidência deste processo na Qualidade das Aprendizagens:

A prática docente é o centro de observação da avaliação do


desempenho docente. A qualidade desta observação requer um observador
credível sob o ponto de vista científico, pedagógico e didáctico. No
entanto, esta condição não se verifica neste processo de avaliação de
desempenho da prática docente, uma vez que, os avaliadores coordenadores
de departamento, sendo competentes do ponto de vista pedagógico e
didáctico, o não são do ponto de vista científico em todas as áreas para que
são mandatados na sua função avaliativa, apesar de as escolas terem
accionado todos os dispositivos legais possíveis para que tal acontecesse.

Esta condição é particularmente grave, pois que se considera como


traço fundamental, tanto no perfil do professor “muito bom”, como no do
“excelente”, a consistência da base científica da sua prática lectiva. Não
nos parece possível entender esta questão de outro modo, já que só assim se
assegurará a boa qualidade nas aprendizagens dos alunos.

3 – Sobre o rigor, a equidade e a harmonia do sistema:

Esta Comissão gostaria ainda de ver esclarecido o âmbito do


conceito de simplificação da avaliação, amiudadamente referida pelo ME e
pela Senhora Ministra, uma vez que, sendo nossa a função de estabelecer
directrizes para uma aplicação harmónica e rigorosa deste processo, não
quereremos nunca ter a responsabilidade de criar as condições para que os
professores avaliados no contexto local de um determinado Agrupamento
possam concorrer a nível nacional com outros colegas, avaliados de forma
tão diversa que o processo se torne injusto e não equitativo. Tanto mais

3
que, como é nosso dever por lei, tomámos devida nota na seguinte
passagem da recomendação nº3 do CCAP:
Compete ao Conselho Científico para a Avaliação de Professores formular
recomendações sobre os princípios que deverão orientar a definição, pelas escolas, de
padrões que lhes permitam atribuir as menções qualitativas previstas no quadro legal
da avaliação do desempenho docente (…) , o Conselho interpreta o mandato atribuído
à escola como uma nova responsabilidade e um elemento-chave de desenvolvimento
organizacional e de efectiva autonomia. Neste sentido, competirá a cada escola
formular e aplicar os padrões em que assentam as menções qualitativas, tendo em
conta os princípios e recomendações apresentados neste documento, que se baseiam:
1. No conjunto de princípios e elementos de referência sistematizados no documento do
CCAP sobre a organização do processo de avaliação3;
2. No quadro orientador sobre as competências exigidas para a função docente,
definido nos perfis geral e específico de desempenho profissional;
3. Nas finalidades e princípios da avaliação do desempenho docente;
4. Nos direitos e deveres profissionais constantes do Estatuto da Carreira Docente e
demais normativos sobre esta matéria.
No entanto, seria desejável que a médio prazo, para além dos princípios agora
formulados, se venham a estabelecer padrões nacionais, face aos quais as escolas
possam situar e aferir as suas decisões. Um processo para a construção de padrões de
desempenho num plano nacional deve ser amplamente discutido e aprofundado, como
sucedeu em países com muitos anos de prática de avaliação de desempenho de
docentes.
A este propósito, o Conselho entende que se poderia desenvolver um trabalho
sistemático de preparação, com recolha das práticas entretanto concretizadas,
beneficiando da experiência e dos resultados de trabalhos idênticos levados a efeito a
nível internacional.
Nesse caso, a partir do ano escolar de 2009-2010, seria de equacionar a
possibilidade de definir um conjunto de padrões nacionais, fundados na investigação,
no debate alargado e no resultado das práticas desenvolvidas nas escolas. De salientar
que a definição de padrões nacionais não dispensará, antes exigirá, o princípio da
autonomia das escolas, uma vez que a sua integração necessita de ter em conta os
contextos em que cada um

Como ressalta do cotejo das nossas preocupações com as linhas


concretas da orientação assumida e transmitida pela CCAP, o cumprimento
cabal das tarefas que nos são atribuídas por lei não será exequível sem a
urgente clarificação das situações de ambiguidade e de contradição que
aqui levantamos. Nestas circunstâncias, a Comissão de Acompanhamento
da Avaliação do Desempenho Docente do Agrupamento de Escolas de S.
Julião da Barra aguarda resposta urgente, suspendendo até lá as funções
que lhe foram cometidas por manifesta impossibilidade da sua execução.

S. Julião da Barra, 29 de Outubro de 2008

4
Os Professores do Agrupamento de Escolas de S. Julião da Barra –
Oeiras, reunidos no dia 13 de Novembro de 2008, na sequência do pedido
de esclarecimento da Comissão de Coordenação de Avaliação do
Desempenho (CCAD) vêm afirmar o seguinte:
Considerando que as declarações públicas da Senhora Ministra da
Educação, nos dias 8, 9 e 10 de Novembro, anunciando persistentemente
que o modelo de ADD, produzido pelo Ministério, e consagrado nos
Decreto-Lei nº15 de 2007, Decreto - Regulamentar nº2 de 2008 e demais
normativos aplicáveis, é para cumprir, sem que se acautelem pontos
essenciais já referenciados pelo próprio Conselho Científico para a
Avaliação dos Professores (CCAP) tais como: a validade e fiabilidade dos
dados relativos aos resultados escolares dos alunos, a credibilidade da
avaliação que incide sobre o rigor e a consistência da preparação científica
dos docentes e a justiça de um processo que coloca docentes avaliados por
padrões locais a concorrerem a nível nacional com colegas avaliados em
outro contexto local diferente do seu.
Considerando que foi veiculado pelas declarações da Senhora
Ministra que o referido modelo se cinge a um acto burocrático
administrativo de preenchimento de uma simples ficha de duas páginas,
dando a entender, à opinião pública, ser essa a única tarefa a realizar pelos
docentes, ficando omissas as múltiplas etapas do trabalho de concepção dos
diversos materiais inerentes à operacionalização de todo o processo, que
comporta:
Três fichas de preenchimento obrigatório (Despacho n.º 16872/200 de 7
de Abril de 2008) que contêm:
• 20 Itens distribuídos por 5 parâmetros (ficha Coordenador).
• 35 Itens distribuídos por 19 parâmetros (ficha do PCE).
• 14 Parâmetros (ficha de auto - avaliação).
• 190 Indicadores de desempenho.

Considerando que uma avaliação criteriosa e justa, tendo por base


esta rede de itens, requer necessariamente que os professores orientem a
sua disponibilidade para uma tarefa complexa, cuja credibilidade científica
foi posta em causa pelo próprio Conselho Científico para Avaliação de
Professores cujos princípios orientadores têm de ser tidos em conta na
operacionalização de todo o sistema (Decreto Regulamentar 2/2008).

Considerando que a tentativa de implementação deste modelo tem


vindo a desviar os docentes da sua função primordial que é a de ENSINAR
sem que o sistema de avaliação de desempenho docente ofereça qualquer
virtualidade no sentido de melhorar a qualidade dessa actividade antes pelo
contrário inequívoco o prejuízo que resulta para a qualidade do ensino e
como tal da Escola Pública.
5
Tendo por base todo o conjunto de preocupações manifestadas pela
CCAD, os abaixo-assinados decidem suspender este processo no
Agrupamento por não oferecer garantias de rigor, de justiça e até de
exequibilidade

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