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ISSN 0103-9334

Utilização Estratégica das Pastagens


Durante o Período Seco

65 Na Amazônia Ocidental, a exploração pecuária, seja de corte ou leite, tem nas


pastagens cultivadas a fonte mais econômica para a alimentação dos rebanhos, as
quais, na maioria são formadas por gramíneas. Na época chuvosa, geralmente, há
Circular
maior disponibilidade de forragem de boa qualidade, o que assegura a obtenção de
Técnica
índices zootécnicos satisfatórios. No entanto, na época seca ocorre o oposto e, como
conseqüência, a baixa disponibilidade de forragem afeta seriamente o desempenho
animal, implicando em perda de peso, declínio acentuado da produção de leite,
diminuição da fertilidade e enfraquecimento geral do rebanho.

A suplementação alimentar, durante o período de estiagem, torna-se indispensável,


visando amenizar o déficit nutricional do rebanho. Dentre as diversas alternativas
tecnicamente viáveis para assegurar um melhor padrão alimentar dos rebanhos
durante a época de escassez de forragem, a utilização de capineiras, dos bancos-de-
proteína, da cana-de-açúcar + uréia e do diferimento de pastagens são as que
apresentam maior praticidade e economicidade.

Capineiras
O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.), devido ao fácil cultivo, elevada
produção de matéria seca, bom valor nutritivo, resistência a pragas e doenças, além
PortoVelho, RO da boa palatabilidade, tem sido a forrageira mais utilizada para a formação de
Março, 2003 capineiras na Amazônia Ocidental.

A capineira deve ser localizada em terreno plano ou pouco inclinado, bem drenado e
próximo ao local de distribuição do capim aos animais. A área deve ser destocada,
Autores arada e gradeada para facilitar o desenvolvimento da planta e as atividades de
manutenção e utilização. Em geral, um hectare de capineira, bem manejada, pode
Newton de Lucena Costa fornecer forragem para alimentar 10 a 12 vacas durante o ano.
Eng. Agrôn., M.Sc.,
Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406,
CEP 78900-970, Porto Velho, RO Nos solos ácidos a calagem deve ser realizada pelo menos 60 dias antes do plantio,
E-mail: newton@cpafro.embrapa.br . aplicando 1,5 a 3,0 t/ha de calcário dolomítico (PRNT = 100%). No plantio recomenda-
se a aplicação de 80 kg de P2O5/ha. A adubação orgânica poderá ser feita utilizando-se
Claudio Ramalho Townsend 10 a 30 t/ha de esterco bovino, no sulco de plantio, o que equivale a cerca de 50 a 70
Zootecnista, M.Sc., Embrapa Rondônia.
E-mail: claudio@cpafro.embrapa.br. carroças de esterco/ha. Após cada corte deve-se aplicar 5 t/ha de esterco e,
anualmente, 50 kg de P2O5/ha. Caso a análise química do solo apresente valores
baixos de potássio (< 45 ppm), sugere-se aplicar 60 kg de K2O/ha, sendo metade no
plantio e metade após o segundo corte.

O plantio deve ser realizado no início do período chuvoso. As mudas devem ser retiradas
de plantas com idade entre 3 e 12 meses. Deve-se aparar as plantas e retirar as folhas para
que ocorra uma melhor brotação. A quantidade de mudas necessárias para o plantio varia
de acordo com o espaçamento. No sistema de duas estacas/cova, no espaçamento de 1,0
m entre sulcos e 0,8 m entre covas, necessita-se cerca de 25.000 estacas de 2 a 3 nós/ha.
As mudas devem ser colocadas horizontalmente em sulcos com 10 a 15 cm de
profundidade. Em média, um hectare fornece mudas para o plantio de 10 ha de capineira.
As cultivares recomendadas são Cameroon, Mineiro e Pioneiro.

A freqüência entre cortes afeta marcadamente a produção de forragem, valor nutritivo,


potencial de rebrota e persistência (vida útil da capineira). O primeiro corte após o plantio
deve ser realizado quando as plantas estiverem bem entouceiradas, o que ocorre cerca de
90 dias após o plantio. Os cortes devem ser realizados a intervalos de 45 a 60 dias ou
2 Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco

quando as plantas atingirem de 1,5 a 1,8 m de altura rebanho leiteiro de 25 vacas seria necessário 2,5 ha
(Gonçalves & Costa, 1986a,b). de capineira, a qual poderia ser dividida em oito
talhões principais mais dois de reserva para situações
A altura de corte em relação ao solo depende do nível críticas. Deste modo, utilizando-se um talhão a cada
de fertilidade e umidade do solo. Quando as condições sete dias, o período de descanso entre cortes, num
para as brotações basilares forem satisfatórias (solo bem mesmo talhão, seria de 49 dias. Neste caso, os
adubado ou de alta fertilidade natural), o corte pode ser talhões poderiam ter uma área de 2.500 m2 (50 x 50
feito rente ao solo; caso contrário, deve ser efetuado m).
entre 20 a 30 cm acima do solo (Gonçalves & Costa,
1986c). Os melhores resultados são obtidos com cortes Apesar da capineira fornecer altas produções de
feitos com terçado, foice ou enxada. Cortes mecanizados forragem durante o período seco, seu maior rendimento
podem prejudicar a longevidade da capineira. Nas ocorre durante o período chuvoso, quando
condições edafoclimáticas da Amazônia Ocidental, os normalmente as pastagens apresentam alta
rendimentos de forragem do capim-elefante variam entre disponibilidade de forragem. No entanto, se na época
6 e 10 t/ha/corte de matéria seca. chuvosa a capineira não for manejada, a gramínea ficará
passada e com baixo valor nutritivo (muita fibra e pouca
Para facilitar o manejo a capineira deve ser dividida proteína). Logo, quando for utilizado durante o período de
em talhões. Cada talhão deve ser totalmente utilizado estiagem não proporcionará efeitos positivos na
numa semana e deve descansar por um período entre produtividade animal. A utilização da capineira deve ser
45 e 60 dias até o próximo corte. Quanto menor o suspensa no final do período chuvoso (março-abril),
período de descanso maior será o valor nutritivo e visando o acúmulo de forragem de boa qualidade para
menor a produção de forragem. Se um talhão não for utilização durante o período seco. Em Rondônia, Costa
completamente utilizado em uma semana, o seu resto (1989), para capineiras de capim-elefante cv. Cameroon
deve ser colhido e o material fornecido a outros diferidas em abril e utilizadas em julho e agosto, obtiveram
animais ou distribuídos na área como cobertura morta, rendimentos de MS de 5,71 e 6,11 t/ha, teores de PB de
visando não comprometer o 8,32 e 7,84% e coeficientes de digestibilidade in vitro da
bom manejo da capineira. Por exemplo: para um MS de 58,24 e 53,76%, respectivamente (Tabelas 1,2 e
3).

Tabela 1. Rendimento de matéria seca verde (t/ha) de capim-elefante cv. Cameroon, em função das épocas de
diferimento e utilização. Vilhena, Rondônia.
Épocas de Épocas de utilização
diferimento Junho Julho Agosto Setembro
Fevereiro A 7,38 b A 8,47 a A 7,14 bc AB 6,15 bc
Março B 6,05 b A 7,98 a A 7,33 a A 6,77 ab
Abril C 3,95 c B 5,71 a A 6,11 a B 5,04 ab
- Médias seguidas de mesma letra, maiúsculas na coluna e minúsculas na linha, não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 2. Teores de proteína bruta (%) de capim-elefante cv. Cameroon, em função das épocas de diferimento e
utilização. Vilhena, Rondônia.
Épocas de Épocas de utilização
diferimento Junho Julho Agosto Setembro Média
Fevereiro 7,52 7,10 6,27 5,76 6,66 b
Março 8,21 7,63 7,20 6,30 7,34 a
Abril 8,88 8,32 7,84 6,97 7,88 a
Média 8,20 a 7,68 b 7,10 b 6,34 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey.

Tabela 3. Coeficientes de digestibilidade "in vitro" da matéria seca verde de capim- elefante cv. Cameroon, em
função das épocas de diferimento e utilização. Vilhena, Rondônia.
Épocas de Épocas de utilização
diferimento Junho Julho Agosto Setembro Média
Fevereiro 55,12 51,01 48,71 44,10 49,74 c
Março 58,64 54,95 50,08 48,37 53,01 b
Abril 63,19 58,24 53,76 51,85 56,76 a
Média 58,98 a 54,73 b 50,85 c 48,11 c
- Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si (P > 0,05) pelo teste de Tukey.
Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco 3

Capim-elefante sob Pastejo seja elevado após os três dias de utilização, os


animais podem permanecer mais tempo ou utilizar
O manejo do capim-elefante através de cortes nem outros animais, como vacas secas ou novilhas, para
sempre é acessível a todos os produtores, surgindo ajudar a consumir a forragem ainda disponível. Na
a utilização sob pastejo como uma alternativa Embrapa Gado de Leite, utilizando-se capim-elefante
bastante viável, tanto em cultivo puro como em
cv. Pioneiro sob pastejo rotativo foram obtidas
consorciação com leguminosas forrageiras. Devido
à alta produção de nutrientes, o capim-elefante produções de 10 e 12 litros de leite/vaca/dia, com
proporciona elevadas produções de leite ou carne lotação de 5 vacas por hectare e ganhos de peso
por animal e por área, desde que sejam adotadas entre 800 e 1.000g/animal/dia para gado de corte.
práticas de manejo adequadas. No pastejo, é
possível manter quatro a cinco vacas por hectare,
número de animais superior aos que as pastagens Bancos-de-proteína
formadas com outras gramíneas suportam.

A área da pastagem é definida em função do A utilização de leguminosas forrageiras surge como a


número de animais e da carga animal (UA/ha - 1 alternativa mais viável para assegurar um bom padrão
UA = 450 kg de peso vivo) a ser utilizada. A alimentar dos animais, notadamente durante o período
pastagem deve ser dividida em piquetes. A seco, já que estas, em relação às gramíneas,
Embrapa Gado de Leite recomenda dividir em 11 apresentam alto conteúdo protéico, melhor
piquetes de forma que os animais pastejam três digestibilidade e maior resistência ao período seco.
dias em cada piquete, com descanso de 30 dias. Além disso, face à capacidade de fixação do
As divisões internas devem ser com cerca elétrica,
nitrogênio da atmosfera, incorporam quantidades
que consiste de um só fio de arame liso na altura
de 1 m, com suportes distanciados de 10 a 15 m. consideráveis deste nutriente, contribuindo para a
Os esticadores são colocados a 50 m ou mais um melhoria da fertilidade do solo. As leguminosas podem
do outro. A cerca de contorno deve ser a comum ser utilizadas para a produção de feno, farinha para
com arame farpado. A fonte de energia pode ser aves e suínos, como cultura restauradora da
elétrica, bateria ou energia solar. fertilidade do solo, consorciadas com gramíneas ou
plantadas em piquetes exclusivos denominados de
Quando as plantas atingirem 160 cm a 180 cm de bancos-de-proteína.
altura, deve-se fazer um pastejo suave para
uniformização da pastagem, seguida de uma roçagem
realizada a 20 cm de altura. Os animais devem entrar
Espécies Recomendadas
no pasto quando o capim estiver com altura entre 1,50
Na escolha de uma leguminosa para a formação de
m-1,70 m. Nessa altura obtém-se maior equilíbrio
bancos-de-proteína deve-se considerar sua
entre produção e qualidade da forragem disponível.
produtividade de forragem, composição química,
Devido as altas taxas de crescimento do capim-
palatabilidade, competitividade com as plantas
elefante, recomenda-se a utilização de carga animal
invasoras, persistência, além da tolerância a pragas e
entre 4 e 5 UA/ha. Em Rondônia, para pastagens de
doenças. Para as condições edafoclimáticas de
capim-elefante cultivar Mineiro consorciado com
Rondônia, as espécies recomendadas são amendoim-
Pueraria phaseoloides, os maiores rendimentos de
forrageiro (Arachis pintoi), acacia (Acacia
matéria seca e proteína bruta, bem como altura de
angustissima), guandu (Cajanus cajan), leucena
plantas satisfatórias para o pastejo, foram obtidas com
(Leucaena leucocephala), pueraria (Pueraria
a utilização de 2 a 3 UA/ha com 42 dias de descanso
phaseoloides), desmódio (Desmodium ovalifolium),
no período chuvoso e, 1 a 2 UA/ha, com 28 a 42 dias
centrosema (Centrosema macrocarpum), stylosantes
de descanso, respectivamente, durante o período de
(Stylosanthes guianensis) e calopogônio
estiagem.
(Calopogonium mucunoides), cujas principais
Os animais devem ser retirados da pastagem quando características agronômicas estão apresentadas na
as plantas estiverem com 0,80 a 1,00 m de altura, Tabela 4.
levando-se em conta o desfolhamento da pastagem.
Deve-se deixar um resíduo de 15 a 20% de folha, para
permitir uma rebrota mais rápida, mas
sempre com permanência dos animais em torno de
três dias em cada piquete. Não há necessidade de
roçar o capim após a saída dos animais dos piquetes.
As poucas folhas que permanecem nos caules
favorecem a uma recuperação mais rápida da
pastagem. Caso o resíduo de forragem após o pastejo
4 Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco

Tabela 4. Características agronômicas das leguminosas forrageiras recomendadas para a formação de bancos-
de-proteína na Amazônia Ocidental.
Resistência à Tolerância ao Exigência em Hábito de
Leguminosas Palatabilidade
seca encharcamento solo crescimento
Leucena alta baixa média/alta alta arbustivo
Guandu alta baixa média/alta alta arbustivo
Stilosanthes alta baixa baixa alta ereto/semi-ereto
Centrosema média média baixa/média alta prostrado
Arachis baixa alta média/alta alta prostrado
Pueraria baixa/média média baixa média/alta prostrado
Calopogônio baixa média baixa baixa/média prostrado
Desmodio alta baixa/média baixa baixa/média decumbente
Acácia média/alta baixa/média baixa alta arbustivo

Estabelecimento

O preparo do solo através da aração e gradagem mecanicamente. A profundidade de semeadura


constitui o melhor recurso para o estabelecimento das deve ser de 2 a 5 cm, pois, em geral, as
leguminosas, além de facilitar as práticas de leguminosas forrageiras apresentam sementes
manutenção e manejo. No entanto, pode-se realizar o pequenas. A densidade de semeadura depende da
plantio em áreas não destocadas após a queima da qualidade das sementes (valor cultural), do método
vegetação. Os métodos de plantio podem ser à lanço, de plantio e do espaçamento utilizado (Tabela 5).
em linhas ou em covas, manual ou

Tabela 5. Número de sementes/kg, espaçamento entre linhas e densidade de semeadura de leguminosas


forrageiras recomendadas para a formação de bancos-de-proteína.
Espaçamento Densidade de semeadura (kg/ha)
Leguminosas Sementes/kg
entre linhas (m) Lanço Linhas
Arachis 8.300 0,5 - 1,0 ---- 8,0 - 12,0
Acácia 95.000 1,0 - 2,0 4,0 - 6,0 3,0 - 4,0
Calopogônio 66.000 0,5 - 1,0 3,0 - 4,0 2,0 - 3,0
Centrosema 41.800 0,5 - 1,0 4,0 - 6,0 3,0 - 4,0
Desmodio 500.000 0,5 - 1,0 2,0 - 3,0 1,5 - 2,0
Guandu 16.400 1,0 - 2,0 ---- 12,0 - 15,0
Leucena 26.400 1,0 - 2,0 ---- 10,0 - 20,0
Pueraria 88.000 0,5 - 1,0 3,0 - 4,0 2,0 - 3,0
Stylosanthes 338.800 0,5 - 1,0 2,0 - 4,0 1,5 - 2,0

Quebra de dormência das sementes sobrevivência da espécie, principalmente em regiões


onde ocorrem secas prolongadas (Seiffert & Thiago,
A maioria das leguminosas tropicais apresenta alta 1983; Seiffert, 1984).
percentagem de sementes duras, ou seja, que não
A escarificação causa o rompimento da película das
germinam logo após a semeadura. Em geral, essa sementes, o que irá aumentar a permeabilidade à
percentagem situa-se entre 60 e 90% e a dormência é água e, consequentemente, estimular a germinação.
devida a presença de uma cobertura impermeável à Esta ruptura poderá ser obtida por diversos métodos
penetração da água, o que impede a germinação. Em mecânicos, químicos ou físicos, que dependem das
condições naturais, a cobertura torna-se gradualmente características da leguminosa. Na Tabela 6 são
permeável e ocorre a germinação de uma certa apresentados os principais métodos de quebra de
proporção de sementes a cada período, o que dormência utilizados em leguminosas forrageiras
contribui para assegurar a tropicais.
Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco 5

Tabela 6. Métodos de quebra de dormência de sementes de leguminosas forrageiras tropicais.


Leguminosas Métodos de escarificação Germinação (%)

Acácia a) imersão em água a 80ºC por cinco minutos 90


Arachis Não necessita de quebra de dormência ---
Calopogônio a) imersão em ácido sulfúrico concentrado por 20 minutos 90
b) imersão em solução de soda caústica a 20% por 20 minutos 90
c) imersão em água fervente por 10 minutos 40
Centrosema a) imersão em ácido sulfúrico concentrado por 7 minutos 95
b) imersão em solução de soda caústica a 20% por 10 minutos 90
c) imersão em água a 80ºC por 10 minutos 90
Leucena a) imersão em ácido sulfúrico concentrado por 20 minutos 95
b) imersão em solução de soda caústica a 20% por 1 hora 90
c) imersão em água a 80ºC por cinco minutos 80
Desmódio a) imersão em água a 80ºC por 5 minutos 85
Guandu Não necessita de quebra de dormência ---
Pueraria a) imersão em ácido sulfúrico concentrado por 25 minutos 90
b) imersão em solução de soda caústica a 20% por 30 minutos 90
c) imersão em água a 80ºC por 5 minutos
Stylosantes a) imersão em ácido sulfúrico concentrado por 10 minutos 95
b) imersão em solução de soda caústica a 20% por 5 minutos 90
c) imersão em água fervente por 10 segundos 90

Fonte: Seiffert, 1984.

Manejo Neste caso, o pastejo poderia ser realizado em dias


alternados ou três vezes/semana. Em Rondônia, a
A área a ser plantada depende da categoria e do número utilização de bancos de proteína com Desmodium
de animais a serem suplementados, de suas exigências ovalifolium, em complemento a pastagens de
nutritivas e da disponibilidade e qualidade da forragem das Brachiaria brizantha cv. Marandu, resultou em
pastagens. Normalmente, o banco de proteína deve produções de 7,25 e 7,43 kg de leite/vaca/dia,
representar de 10 a 15% da área da pastagem respectivamente para os períodos chuvoso e seco, as
cultivada com gramíneas. Recomenda-se sua quais superaram àquelas obtidas por vacas
utilização com vacas em lactação ou animais pastejando apenas a gramínea (7,03 e 6,50 kg
destinados à engorda. Em média, um hectare tem leite/vaca/dia).
condições de alimentar satisfatoriamente 15 a 20 e de
10 a 15 animais adultos, respectivamente durante os
períodos chuvoso e seco. Cana-de-açúcar + uréia
O período de pastejo deve ser de uma a duas horas/
A mistura cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.)
dia, durante a época chuvosa, preferencialmente após
mais a uréia é um suplemento alimentar para o gado
a ordenha matinal. Gradualmente, à medida que o
bovino, cujos ingredientes servem como fonte de
organismo dos animais se adapta ao elevado teor
energia e proteína. Para a obtenção de melhores
protéico da leguminosa, o período de pastejo pode ser
resultados do uso da cana mais uréia é fundamental
aumentado para duas a quatro horas/dia,
que existam pastagens com boa disponibilidade de
principalmente durante o período seco, quando as
forragem, ou seja, bastante pasto seco. A cana-de-
pastagens apresentam baixa disponibilidade e
açúcar é uma cultura perene, relativamente fácil de
qualidade de forragem. Períodos superiores a quatro
ser implantada e manejada, que apresenta baixo custo
horas/dia podem ocasionar distúrbios metabólicos
de produção. Pode atingir rendimentos de até 120 t de
(timpanismo ou empazinamento), notadamente
matéria verde por hectare (36 t de matéria seca e
durante a estação chuvosa, em função dos altos
cerca de 15 t de nutrientes digestíveis totais/ha),
teores de proteína da leguminosa. Dois a três meses
através de cortes realizados a cada 12 a 18 meses,
antes do final do período chuvoso, recomenda-se
coincidindo com o período seco (junho a setembro).
deixar a leguminosa em descanso para que acumule
Nesse período a disponibilidade e a qualidade de
forragem para utilização durante a época seca, a qual
forragem das pastagens cultivadas são limitantes ao
deve estar em torno de duas a três t/ha de matéria
bom desempenho animal, havendo a necessidade de
seca. Quando os animais têm livre acesso e
suplementação alimentar do rebanho para que sejam
o pastejo não é controlado, deve-se ajustar a carga
obtidos bons níveis de produtividade. Sendo a cana-
animal, de modo que a forragem produzida seja bem
de-açúcar mais uréia uma excelente alternativa, para
distribuída durante o período de suplementação. esse fim.
6 Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco

Ao contrário das demais gramíneas tropicais, a cana No início do fornecimento de cana mais uréia mais
mantém seu valor nutritivo por períodos relativamente fonte de enxofre, os animais devem passar por um
longos, pois a medida que vai atingindo sua período de adaptação (7 dias), quando se acrescenta
maturação (12 a 18 meses) aumenta a concentração 0,5% de uréia mais fonte de enxofre diluída em 4 litros
de sacarose (açúcar), que representa uma excelente de água, na cana picada, após este período passa-se
fonte de energia de alta degradabilidade no rúmen dos a fornecer 1%. Caso o fornecimento venha a ser
bovinos. No entanto, deve-se considerar que a cana é interrompido por mais de um dia os animais deverão
uma forrageira que apresenta baixos teores de ser novamente adaptados, animais em jejum ou
proteína (1,5 a 3% na MS) e minerais, principalmente debilitados não devem receber a mistura.
de cálcio, fósforo e enxofre. Também contém cerca de
50% de fibra de baixa digestibilidade, fatores que A mistura cana mais uréia deve ser fornecida a
interferem negativamente sobre o desempenho de vontade (vacas em lactação podem consumir até 20
animais alimentados exclusivamente com cana. kg/dia da mistura, quando fonte exclusiva de
volumoso). As sobras deixadas no cocho de um dia
A fim de minimizar estas deficiências, deve-se para outro devem ser jogadas fora. Durante o
adicionar à cana-de-açúcar alimentos que venham fornecimento da cana mais uréia manter sempre a
suprir estes nutrientes, desta forma a inclusão de uréia disposição dos animais água e mistura mineral de boa
à cana picada vem sendo bastante utilizada e qualidade, pois a cana-de-açúcar é deficiente em
difundida em outras regiões do país, apresentando alguns minerais, como fósforo, cálcio, zinco e
resultados bastante satisfatórios sobre o desempenho manganês. Os cochos devem ser bem dimensionados
de vacas em lactação e novilhas em crescimento. (espaçamento mínimo de 0,70 m/animal), com fundo
perfurado para permitir o escoamento da água.
A escolha da variedade a ser cultivada é de
fundamental importância, pois deve ser adaptada às
Esquema de fornecimento
condições edafoclimáticas da região e apresentar as
seguintes características: capacidade produtiva,
Do primeiro ao sétimo dia, misturar 100 kg de cana
elevada concentração de sacarose (açúcar), pouco ou
picada mais 0,5 kg de uréia, diluídas em quatro litros
nenhum florescimento (pendoamento) e resistência a
de água. A partir do oitavo dia, misturar 100 kg de
pragas e doenças.
cana picada mais 1,0 kg de uréia, diluídas em quatro
litros de água. A uréia mais a fonte de enxofre devem
Por ser de fácil aquisição a custo relativamente baixo ser bem diluídas em quatro litros de água e com o
e tomando-se as devidas precauções, a uréia tem sido auxílio de um regador, distribuir uniformemente sobre
bastante difundida como fonte de nitrogênio não a cana picada.
protéico (NNP) a ser adicionada à cana picada. A
uréia contém 45% deste elemento, portanto, a sua Cuidados no fornecimento
inclusão em 1% na cana picada aumenta os teores de
proteína bruta na MS de 3 para cerca de 11%. Se todas as recomendações forem seguidas,
dificilmente ocorrerão problemas de intoxicação por
As bactérias existentes no rúmen dos bovinos são uréia. Os bovinos toleram o consumo de até 40 g de
capazes de transformar o NNP da uréia em proteína uréia para cada 100 kg de peso vivo. Se este nível for
microbiana, para tanto utilizam a energia proveniente extrapolado serão observados os seguintes sintomas:
da cana e do enxofre. Como a cana-de-açúcar é desconforto, tremores musculares e de pele, salivação
deficiente deste mineral (0,03% na MS), há excessiva, dejeções (fezes e urina) freqüentes,
necessidade da inclusão de fontes de enxofre a uréia, respiração rápida, falta de coordenação motora,
mantendo-se a relação N:S em 14:1. Sugerem-se as paralisia das patas dianteiras, prostração, tetania
seguintes misturas: 50 kg de uréia (9 partes) mais seguida de morte. Em caso de intoxicação,
5,5 kg de sulfato de amônia imediatamente deve-se forçar o animal a ingerir de 3 a
(1 parte) ou 50 kg de uréia (8 partes) mais 12,5 kg 4 litros de vinagre e a beber água fresca.
sulfato de cálcio-gesso (2 partes). A mistura deve ficar
bem homogênea, ensacada e armazenada em local
seco, fora do alcance dos animais. Diferimento de pastagens
Fornecimento A conservação do excesso de forragem produzida
durante o período chuvoso, sob a forma de feno ou
Na colheita da cana as folhas secas devem ser silagem, embora constitua solução tecnicamente
retiradas, mantendo-se as ponteiras, colhendo-se viável, é uma prática ainda inexpressiva no Estado.
quantidade suficiente para o fornecimento de no Logo, a utilização do diferimento, feno-em-pé ou
máximo dois dias, armazenado-se em local ventilado e reserva de pastos durante a estação chuvosa surge
à sombra, pois pode fermentar, o que diminui a como alternativa para corrigir a defasagem da
palatabilidade e consumo. A cana só será triturada no produção de forragem durante o ano.
momento do fornecimento aos animais.
Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco 7

O diferimento consiste em suspender a utilização da fevereiro e utilizações em agosto e setembro. Os maiores


pastagem durante parte de seu período vegetativo, de coeficientes de digestibilidade “in vitro” da matéria seca
modo a favorecer o acúmulo de forragem para foram obtidos com o diferimento em março ou abril e
utilização durante a época seca. A sua utilização deve utilização em junho. A partir dos resultados obtidos,
ser bem planejada para que a área diferida não se recomenda-se o seguinte esquema: diferimento em
constitua em um foco de incêndio. O uso de aceiros e fevereiro para utilização em junho e julho e, diferimento
a localização de áreas distanciadas das divisas da em abril para utilização em agosto e setembro. Já, para A.
propriedade são imprescindíveis. Ademais, o uso do gayanus cv. Planaltina, quando o diferimento for realizado
diferimento facilita a adoção de outras tecnologias, tais em março, as pastagens devem ser utilizadas em junho
como o banco de proteína, a mistura múltipla e a ou julho, enquanto que para o diferimento em abril, as
suplementação à campo com uréia pecuária, épocas de utilização mais adequadas são agosto e
associada ou não com a cana-de-açúcar. setembro. Em pastagens de P. maximum cv. Tobiatã, com
utilizações em junho e julho, o diferimento em fevereiro
O período de diferimento está diretamente relacionado proporcionou os maiores rendimentos de matéria seca
com a fertilidade do solo. Em solos de baixa fertilidade verde (MSV). Já, com utilizações em agosto e setembro, o
pode ser necessário o diferimento da pastagem por diferimento em março foi o mais produtivo.
períodos de tempo mais longos, porém, com a Independentemente das épocas de diferimento,
utilização de adubações, o período pode ser reduzido, observaram-se reduções significativas dos teores de
em função das taxas de crescimento da planta proteína bruta e coeficientes de digestibilidade “in vitro” da
forrageira. O diferimento requer a associação da área MSV.
vedada com uma outra exploração de forma mais
intensiva e com uma espécie forrageira de alto Outra alternativa para a subutilização da pastagem
potencial produtivo onde a maioria dos animais consiste no ajuste da carga animal de forma que, no
estarão concentrados. Isso permitirá que a pastagem início do período seco, haja um excedente compatível
diferida acumule matéria seca, na ausência dos com as necessidades dos animais, naquele período.
animais. A extensão da área a ser diferida e da Isto pode ser realizado quando as pastagens estão
explorada intensivamente devem ser calculadas em submetidas a pastejo contínuo, no entanto, quando se
função das necessidades nutricionais dos animais, nos utiliza o pastejo rotativo torna-se mais fácil o
períodos chuvoso e seco, e do potencial de ajustamento da carga animal ou da pressão de pastejo.
crescimento das plantas forrageiras utilizadas. Como o Recomenda-se diferir parte da pastagem em época
feno-em-pé é planejado para utilização durante o apropriada, no período de crescimento, para se obter, no
período seco, seu consumo elimina a necessidade do início do período seco, cerca de 4 toneladas/hectare de
uso das queimadas. matéria seca. Um bom critério é deixar as folhas da
pastagem a uma altura de 60 a 80 cm, pois alturas
Um dos requisitos para a utilização do feno-em-pé é a superiores podem implicar em desperdício, face à
existência de grande volume de matéria seca maior proporção de talos, os quais apresentam altos
acumulada na pastagem, embora com menor valor teores de fibras indigestíveis.
nutritivo, em função do período de crescimento que as
plantas forrageiras foram submetidas. Para as condições
edafoclimáticas da Amazônia Ocidental, utilizando-se o Referências Bibliográficas
diferimento em abril, as gramíneas mais promissoras, em
termos de produção de matéria seca, foram Brachiaria COSTA, N. de L. Efeito da época de diferimento
humidicola, Andropogon gayanus cv. Planaltina, Panicum sobre a produção de forragem e composição química
maximum cv. Tobiatã, Paspalum guenoarum FCAP-43 e do capim-elefante cv. Cameroon. Porto Velho:
Brachiaria brizantha cv. Marandu. A utilização das Embrapa-UEPAE Porto Velho, 1989. 4p. (Embrapa-
pastagens em junho, mesmo fornecendo os maiores UEPAE Porto Velho. Comunicado Técnico, 83).
teores de proteína bruta, mostrou-se inviável devido aos
baixos rendimentos de forragem. Visando conciliar os GONÇALVES, C. A.; COSTA, N. de L. Altura e
rendimentos de matéria seca com a obtenção de forragem frequência de corte de capim-elefante (Pennisetum
com razoável teor de proteína bruta, as épocas de purpureum Schum. cv. Cameroon em Rondônia.
utilização mais propícias foram julho, agosto e setembro. Porto Velho: Embrapa-UEPAE Porto Velho, 1986a. 8p.
(Embrapa-UEPAE Porto Velho. Comunicado Técnico,
A forma mais recomendada para a prática do diferimento 40).
é o seu escalonamento, um terço em fevereiro, para
utilização nos primeiros meses de seca, e dois terços em
março, para uso no período restante de seca. Com este
procedimento, a qualidade do material acumulado pode
ser sensivelmente melhorada. Para B. brizantha cv.
Marandu, cultivada num Latossolo Amarelo, textura
argilosa, o diferimento em abril com utilizações em junho e
julho proporcionou forragem com maiores teores de
proteína bruta, contudo os maiores rendimentos de
proteína bruta foram obtidos com o diferimento em
8 Utilização Estratégica das Pastagens Durante o Período Seco

GONÇALVES, C. A.; COSTA, N. de L. Frequência de


corte de capim-elefante cv. Cameroon em Rondônia.
Porto Velho: Embrapa-UEPAE Porto Velho, 1986b. 7p.
(Embrapa-UEPAE Porto Velho. Comunicado Técnico, 43).

GONÇALVES, C. A.; COSTA, N. de L. Altura de


corte de capim-elefante cv. Cameroon. Porto Velho:
Embrapa-UEPAE Porto Velho, 1986c. 7 p. (Embrapa-
UEPAE Porto Velho. Comunicado Técnico, 42).

SEIFFERT, N. F. Leguminosas para pastagens no


Brasil central. Brasília: Embrapa-DDT, 1984. 131 p.
(Embrapa-CNPGC. Documentos, 7).

SEIFFERT, N. F.; THIAGO, L. R. L. S. Legumineira:


cultura forrageira para a produção de proteína. Campo
Grande: Embrapa-CNPGC, 1983. 52 p. (Embrapa-
CNPGC. Circular Técnica, 13).

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Samuel José de Magalhães Oliveira
1ª edição Vanda Gorete Souza Rodrigues
1ª impressão: 2003, tiragem: 200 exemplares
Expedient Supervisor editorial: Newton de Lucena Costa
e Normalização: Alexandre César Silva Marinho
Revisão de texto: Wilma Inês de França Araújo
Editoração eletrônica: Marly de Souza Medeiros

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